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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO A DISLEXIA COMO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA DO PROFESSOR – UM ESTUDO DE CASO NEUZA APARECIDA GIBIM PONÇANO Presidente Prudente – SP 2007

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO

A DISLEXIA COMO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA DO PROFESSOR – UM ESTUDO DE CASO

NEUZA APARECIDA GIBIM PONÇANO

Presidente Prudente – SP 2007

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO

A DISLEXIA COMO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA DO PROFESSOR – UM ESTUDO DE CASO

NEUZA APARECIDA GIBIM PONÇANO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação - Área de Concentração: Instituição Educacional e Formação do Educador.

Orientadora: Profª. Drª. Lúcia Helena Tiosso Moretti

Presidente Prudente – SP

2007

HA C 371.914 4 Ponçano,Neuza Aparecida Gibim P792d A dislexia como dificuldade de aprendizagem

sob a ótica do professor – um estudo de caso / Neuza Aparecida Gibim Ponçano. – Presidente Prudente: [s.n.], 2007. 95 f. : il.

Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE: Presidente Prudente – SP, 2007.

Bibliografia 1. Aprendizagem. 2. Professor. 3. Dislexia. 4.

Professor e alunos. 5. Psicologia educacional. I. Título.

NEUZA APARECIDA GIBIM PONÇANO

A DISLEXIA COMO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA DO PROFESSOR – UM ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação.

Presidente Prudente, 5 de dezembro 2007.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________ Profª. Drª. Lucia Helena Tiosso Moretti Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE

__________________________________ Profª. Drª. Tereza de Jesus Ferreira Scheide Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE

__________________________________ Profª. Drª Arilda Inês Miranda Ribeiro Universidade Estadual Paulista – UNESP

AGRADECIMENTO

Como deixar de expressar a minha gratidão a Deus e a Nossa Senhora que, em todos os momentos de minha vida e, em especial, durante o Curso de Mestrado me presentearam: . com uma linda família, oferecendo-me ajuda financeira e apoio para meus estudos, sem nada cobrar... só a oferecer... . com a oportunidade de ter não só uma sábia e competente orientadora, mas uma amiga querida... . com a maravilhosa experiência de aprender dia a dia no Centro Educacional Pluri, ao lado de profissionais que sabem fazer a diferença... . permitindo-me entrar na instituição, local da pesquisa, por intermédio da Irani, que hoje está na glória do Céu, e da Vera, que gentilmente me acolheram e permitiram a realização do trabalho. . com o contato com os professores doutores e mestres, com as secretárias e com os meus amigos, fonte de aprendizagem e amizade. A todos, meu eterno reconhecimento e o meu muito obrigado.

“A beleza não está nem na partida nem na chegada, mas na viagem.”

Guimarães Rosa

RESUMO

A dislexia como dificuldade de aprendizagem sob a ótica do professor - um estudo de caso

O estudo apresentado nesta dissertação teve como objetivo investigar como as dificuldades de aprendizagem são percebidas pelos professores e se eles demonstram ter os conhecimentos imprescindíveis para atender às necessidades de seus alunos, especificamente sobre a dislexia, nosso foco principal. A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória qualitativa, delineada como Estudo de Caso, que teve como objeto de investigação a equipe docente de uma escola da rede particular de ensino da cidade de Presidente Prudente. Dos 28 questionários entregues, 17 retornaram, tendo sido 15 respondidos por professoras e 2, por professores. A análise dos dados revelou a existência de uma lacuna nos cursos de formação de professores no que concerne ao estudo das dificuldades de aprendizagem. Embora os docentes sejam capazes de perceber os problemas apresentados pelos alunos, faltam-lhes conhecimentos que lhes permitam identificá-los e compreendê-los para que possam, enfim, proporem o encaminhamento adequado a cada caso. No entanto, a pesquisa apontou também existirem alguns professores, conscientes dessa falha em sua formação, que procuram buscar informações visando superar os obstáculos que impedem o desenvolvimento pleno de seus alunos. O simples fato de instituições escolares estarem abertas à pesquisa já demonstra haver um interesse por novos conhecimentos e, conseqüentemente, a possibilidade de um novo olhar para as dificuldades de aprendizagem, entre elas, a dislexia.

Palavras-chave: Dislexia; Aprendizagem; Psicologia Educacional; Professor e Alunos.

ABSTRACT

Dyslexia: a learning impairment from teachers’ point of view – a case study

The aim of this essay is to determine how learning impairments, especially dyslexia, are perceived by teachers and whether they possess knowledge to serve students’ special needings, mainly those who present that disorder. A case study, as a qualitative exploratory research was developed and took place at a private school in Presidente Prudente. From the 28 questionnaires that were sent to the group of teachers, 17 returned, having been answered by 15 women and 2 men. Data analyses have pointed out that during their college years teachers are not prepared to cope with learning impairments. Although teachers are able to detect when a student has a problem, they do not have theory bases which allow them to identify and understand it, in order to make an appropriate timely intervention. Nonetheless, the research has also revealed some teachers, aware of that gap in their professional studies, who try to search for information which could be useful to help students overcome their learning impairments. Having accepted the researcher’s presence in their school is a clue that teachers are eager for information and, as a result, they might start considering learning impairments from a new point of view.

Key-words: D; Learning; Educational psychol; Teacher and student

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Pontos do Cérebro 35

FIGURA 2 - Diferenças na organização do cérebro de homens e mulheres no que diz respeito à linguagem

36

FIGURA 3 - Sistemas cerebrais para leitura 37

FIGURA 4 - Região da leitura mais experimentada: a área da forma da palavra

38

FIGURA 5 - Respostas de ativação do cérebro a palavras visíveis e mascaradas (subliminares)

38

FIGURA 6 - Mudanças nos padrões de ativação cerebral de acordo com a idade

39

FIGURA 7 - A marca neural da dislexia 39

FIGURA 8 - Falha universal em alunos universitários com histórico de dislexia na infância

40

FIGURA 9 - Os leitores disléxicos usam sistemas compensatórios para ler

41

FIGURA 10 - Intervenções eficazes de leitura fazem com que o cérebro se recupere

41

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Domínios de Competência 17 QUADRO 2 - Denominações e definições dos problemas de

aprendizagem segundo alguns autores 24

QUADRO 3 - Conceitos de Dislexia 44 QUADRO 4 - Classificações de Dislexia 48 QUADRO 5 - Identificação da amostra 51 QUADRO 6 - Formação profissional do corpo docente 52 QUADRO 7 - Respostas dos professores em relação às questões 58 QUADRO 8 - Falso ou verdadeiro 67 QUADRO 9 - Atualização Profissional 75

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Formação Docente 53

GRÁFICO 2 - Atuação dos professores 54 GRÁFICO 3 - Disciplinas ministradas 55 GRÁFICO 4 - Tempo de atuação dos professores 55 GRÁFICO 5 - Rede de atuação 56 GRÁFICO 6 - Professores que cursaram Pós-Graduação 57 GRÁFICO 7 - O que pensam os professores sobre problemas de

aprendizagem 63

GRÁFICO 8 - Freqüência de respostas sobre dislexia 64 GRÁFICO 9 - Freqüência de alunos disléxicos 65 GRÁFICO 10 - Encaminhamentos de alunos disléxicos 66 GRÁFICO 11 - Dislexia X Ensino inadequado 68 GRÁFICO 12 - A dislexia pode ser curada? 68 GRÁFICO 13 - Remédios para dislexia existem? 69 GRÁFICO 14 - Ajuda diferenciada ao disléxico inclusive na avaliação? 70 GRÁFICO 15 - Existem leis a serem seguidas em defesa do disléxico? 71 GRÁFICO 16 - Dificuldade de ler, soletrar e escrever é dislexia? 72 GRÁFICO 17 - Uma dieta especial pode ajudar nos casos de dislexia? 72 GRÁFICO 18 - As crianças disléxicas não aprendem Matemática? 73 GRÁFICO 19 - Na ocasião da alfabetização, a dislexia se torna mais

aparente? 74

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................... 15 3 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................. 50 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................. 51 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 80 BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS .................................................................. 84 APÊNDICE A - SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO À DIREÇÃO ESCOLAR ..85 APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO – PROFESSORES ...............86 APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO AOS PROFESSORES ................................. 87 APÊNDICE D - LEI 12.524/07 ...........................................................................93

12

1 INTRODUÇÃO

Durante esses vinte anos dedicados ao exercício do Magistério, como

professora de Educação Infantil, tendo atuado em todas as séries, do maternal à

alfabetização, sendo coordenadora de Educação Infantil e, atualmente, como

psicopedagoga institucional de Educação Infantil e Ensino Fundamental na rede

particular de ensino, verificamos que faltam aos professores informações que lhes

permitam fazer a distinção entre transtornos, distúrbios, problemas e dificuldades de

aprendizagem.

Diante dessa constatação, questões importantes devem ser

formuladas:

1- A formação inicial do professor é suficiente para o exercício da profissão

docente?

2- Em suas atividades cotidianas, reproduz algum modelo ou referência a

algum outro profissional?

3- O professor tem buscado atualizar-se no seu campo de atuação,

principalmente no que diz respeito ao processo ensino-aprendizagem?

4- Como concebe seu trabalho na escola?

5- O que conhece sobre a aprendizagem e seus distúrbios?

6- Existem projetos próprios que sinalizam o trabalho com as crianças que

apresentam potencialidades ou dificuldades escolares?

7- Que técnicas de ensino/metodologia tem utilizado em suas aulas?

Repensando esse tema, demos ênfase, na pesquisa, às dificuldades

de aprendizagem e à formação docente, pois acreditamos que, confirmado um

diagnóstico de problema ou distúrbio, já não compete somente à escola atuar.

Assim, como pontua Hashimoto (1997).

A dificuldade de aprendizagem é uma situação momentânea na vida do aluno, que não consegue caminhar em seus processos escolares, dentro do currículo esperado pela escola, acarretando comprometimento em termos de aproveitamento/avaliação. (apud ALMEIDA; PLACCO, 2002).

13

Mediante as reflexões enunciadas acima, o presente estudo tem por

objetivo geral investigar o conhecimento dos professores sobre as dificuldades de

aprendizagem.

Nos objetivos específicos procuramos:

* investigar se o professor percebe o aluno que mostra algum tipo de

dificuldade escolar;

* verificar se a formação do professor contemplou conceitos relacionados aos

problemas de aprendizagem referentes à dislexia;

* identificar as causas de dificuldades de aprendizagem e o modo como

afetam os alunos.

Cada vez mais a escola encaminha alunos com dificuldades de

aprendizagem para especialistas e/ou médicos, depositando neles a possível

solução do problema, o que reflete a concepção de aprendizagem que permeia a

prática de professores e orientadores. Consideramos importante esclarecer, para a

escola, que é também de sua competência o trabalho com as dificuldades de

aprendizagem dos alunos.

Não se trata de desmerecer o trabalho dos profissionais especialistas

que prestam assessoria ou investigam as causas dos possíveis problemas, mas, ao

contrário, considerar o que cabe a cada um, dentro da pertinência das questões:

dificuldades, problemas, doenças.

Para alcançar os objetivos propostos, selecionamos o seguinte

problema a ser investigado:

- Existiria uma lacuna na formação do professor que dificulta a sua

compreensão no que se refere à identificação dos problemas de aprendizagem?

Apresentada a questão, levantamos algumas hipóteses:

- o professor habilitado tem mais possibilidade de identificar que tipo de

dificuldade de aprendizagem a criança apresenta;

- existe uma preocupação maior com a criança que não aprende do que com

a que aprende.

Delineados esses aspectos do trabalho, apresentamos, a seguir, como

o estudo foi organizado.

A fundamentação teórica contempla pesquisadores em Educação que

investigam a formação do professor e o processo ensino-aprendizagem, sobretudo

os estudos sobre os problemas de aprendizagem analisados sob diversas óticas.

14

A metodologia da pesquisa envolveu estudos teóricos e uma pesquisa

de campo desenvolvida em uma escola da rede particular de ensino de uma cidade

do Oeste Paulista.

Apresentamos os procedimentos de coleta e os resultados obtidos, que

foram analisados qualitativamente e quantitativamente, segundo a literatura vigente,

destacada nas referências bibliográficas que nortearam nosso trabalho à luz da

teoria e dos estudos de conceituados pesquisadores.

Completamos o trabalho incluindo nos apêndices os instrumentos que

foram utilizados durante a pesquisa, destacando o processo de investigação e a

suas validades.

15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

- Sobre a Formação do Professor

Os professores, como grupo profissional, têm uma história específica,

conforme mostra Nóvoa (apud LÜDKE; BOING, 2004). Afirma o autor que a

implantação de nosso sistema educacional seguiu a matriz da metrópole portuguesa

e que, antes, o modelo do professor era o religioso, conferindo-se à docência uma

aura de vocação e sacerdócio, mesmo no caso de professores leigos.

Nóvoa (1993) relata o processo histórico de profissionalização do

professorado do qual destacaremos os pontos principais.

A segunda metade do século XVIII é um período importante na história

da educação e da profissão docente, devido ao fato de, na época, se discutir, por

toda a Europa, qual seria o perfil ideal do professor. Deveria ser leigo ou religioso?

Deveria integrar-se a um corpo docente ou agir individualmente? Como deveria ser

escolhido e nomeado? Quem deveria pagar o seu trabalho?

Inicialmente, a função docente desenvolveu-se de forma subsidiária e

não especialista. O início da profissão de professor teve lugar no seio de algumas

ordens religiosas que se transformaram em verdadeiras congregações docentes. Ao

longo dos séculos XVII e XVIII, os jesuítas e os oratorianos, por exemplo,

configuraram um corpo de saberes e técnicas e um conjunto de normas e valores

específicos da profissão.

Simultaneamente, os professores tiveram uma presença cada vez mais

ativa e intensa no terreno educacional: o aperfeiçoamento dos instrumentos e das

técnicas pedagógicas, a introdução de novos métodos de ensino e a ampliação dos

currículos escolares dificultavam o exercício do ensino como atividade secundária ou

acessória. O trabalho docente diferencia-se, então, como “conjunto de práticas”,

tornando-se assunto de especialistas que são chamados a dedicar-lhe mais tempo e

energia.

Essas transformações extrapolaram o campo religioso, abrangendo o

conjunto de indivíduos que se dedicavam ao magistério.

A intervenção do Estado, por sua vez, vai provocar, em escala

nacional, uma homogeneização, bem como uma unificação e uma hierarquização

16

desse conjunto: é o enquadramento estatal que institui os professores como corpo

profissional em oposição a uma concepção corporativa do ofício.

A partir do século XVIII, não é permitido ensinar sem uma licença ou

autorização do Estado, a qual é concedida mediante um exame que pode ser

requerido pelos indivíduos que preencham um certo número de condições

(habilitações, idade, comportamento moral etc).

Nóvoa (1993) pontua, ainda, que o estabelecimento dessa exigência é

um momento decisivo no processo de profissionalização da atividade docente, uma

vez que possibilita a definição de um rol de competências técnicas que servirá de

base ao recrutamento dos professores e, assim, se iniciar a caracterização de uma

carreira docente.

A criação de instituições de formação de professores é um projeto

antigo, mas que só se realizaria em pleno século XIX, graças à conjugação de

interesses vários, nomeadamente do Estado e dos professores.

É importante refazer o caminho que percorreu a profissão e a formação

docentes para entendermos melhor como são formados, no presente, esses

profissionais.

Ainda hoje, século XXI, acompanhamos o interesse e a manifestação

de muitos estudiosos acerca do tema.

Nunes (2001) mostra que as pesquisas sobre formação e profissão

docentes apontam para uma revisão da forma como se compreende a prática

pedagógica do professor, que é tomado como mobilizador de saberes profissionais.

Considera-se, assim, que o docente, em sua trajetória, constrói e

reconstrói seus conhecimentos conforme a necessidade de utilização deles, com

base nas suas experiências e nos seus percursos formativos e profissionais.

Concordamos com Ávila (2005), quando cita Kuenzer (1999) afirmando

que, “a maior lição a ser desenvolvida será a necessidade de rever a função e o

papel do professor, pois são outros os saberes que o professor precisa construir”.

É urgente que novos conhecimentos sejam incorporados no ofício do

professor.

Para Sacristan, O conceito de profissionalidade docente está em permanente elaboração, devendo ser analisado em função do momento histórico concreto e da

17

realidade social que o conhecimento escolar pretende legitimar; em suma, tem de ser contextualizado. (apud ÁVILA, 2005, p.13)

Pelo que observamos, é essa a formação que o educador do nosso

tempo necessita para realizar um bom trabalho, tendo em vista o desenvolvimento

integral dos alunos. Para isso, é preciso que sua atuação se paute por competências

e pela capacidade de enfrentar desafios.

A obra de Perrenoud, “Dez Novas Competências para Ensinar” (2000),

vem ao encontro da temática, pois abre novos caminhos de identificação,

modernização e estratégias de inovação, por ser inspirada num referencial que

acentua o novo papel do professor.

O autor aborda o trabalho docente de modo mais concreto, propondo

um inventário das competências que contribuem para delinear a atividade docente

(ALTET apud PERRENOUD, 2000).

Destacamos, a seguir, no Quadro 1, o referencial completo dos dez

domínios de competências reconhecidas como prioritárias na formação contínua das

professoras e dos professores do Ensino Fundamental.

QUADRO 1 – Domínios de competência Competências de referência Competências mais específicas a trabalhar em formação contínua

(exemplos) 1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem.

Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem.

Trabalhar a partir das representações dos alunos. Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem. Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas. Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de

conhecimento. 2. Administrar a progressão das aprendizagens.

Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos.

Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino. Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de

aprendizagem. Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de

acordo com uma abordagem formativa. Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de

progressão. 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação.

Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma. Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto. Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de

grandes dificuldades. Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples

de ensino mútuo.

4. Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho.

Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e desenvolver na criança a capacidade de auto-avaliação.

Instituir e fazer funcionar um conselho de alunos (conselho de classe ou de escola) e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos.

18

Oferecer atividades opcionais de formação, à la carte. Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno.

5. Trabalhar em equipe.

Elaborar um projeto de equipe, representações comuns. Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões. Formar e renovar uma equipe pedagógica. Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e

problemas profissionais. Administrar crises ou conflitos interpessoais.

6. Participar da administração da escola.

Elaborar, negociar um projeto da instituição. Administrar os recursos da escola. Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros (serviços

para escolares, bairro, associações de pais, professores de língua e cultura de origem).

Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos.

7. Informar e envolver os pais.

Dirigir reuniões de informação e de debate. Fazer entrevistas. Envolver os pais na construção dos saberes.

8. Utilizar novas tecnologias.

Utilizar editores de textos. Explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos

objetivos do ensino. Comunicar-se à distância por meio da telemática. Utilizar as ferramentas multimídia no ensino.

9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.

Prevenir a violência na escola e fora dela. Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e

sociais. Participar da criação de regras de vida comum referente à disciplina

na escola, às sanções e à apreciação da conduta. Analisar a relação pedagógica, a autoridade, a comunicação em

aula. Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o

sentimento de justiça. 10. Administrar sua própria formação contínua.

Saber explicitar as próprias práticas. Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa

pessoal de formação contínua. Negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe,

escola, rede). Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do

sistema educativo. Acolher a formação dos colegas e participar dela..

Competências de referência. Competências mais específicas a trabalhar em formação contínua (exemplos).

Fonte: Arquivo Formação Contínua. Programa dos cursos 1996-1997, Genebra, Ensino Fundamental, Serviço de Aperfeiçoamento, 1996.

Os domínios de competências nos mostram ações importantes que o

professor precisa incorporar em sua formação. Percebemos, nesse contexto, que o

profissional é o gestor de sua própria formação. É ele que deve buscar novas

propostas de trabalho, de aperfeiçoamento e liderança. Importa, em seu trabalho,

diversificar os caminhos de sua formação, desenvolver ciclos de aprendizagem,

promover avaliações formativas, possibilitar atividade em equipe, bem como se

responsabilizar pelos alunos, e, essencialmente, educar para a cidadania

(PERRENOUD, 2000, p.14).

O referencial tenta apreender o movimento da profissão, insistindo em

dez grandes famílias de competências, porém trata-se,na verdade, de uma tentativa

de repensar as práticas pedagógicas.

19

Segundo Zabala (1998), por trás de qualquer prática educativa estão

implícitas sempre as respostas às questões: “por que ensinamos” e “como se

aprende”. As aprendizagens dependem das características singulares de cada um dos aprendizes; correspondem, em grande parte, às experiências que cada um viveu desde o nascimento; a forma como se aprende e o ritmo da aprendizagem varia segundo as capacidades, motivações e interesses de cada um dos meninos e meninas; enfim, a maneira e a forma como se produzem as aprendizagens são os resultados de processos que sempre são singulares e pessoais (ZABALA, 1998, p. 34).

Para que a aprendizagem ocorra, segundo o autor, não basta que os

alunos se encontrem frente a conteúdos para aprender; é necessário que diante

deles possam atualizar seus esquemas de conhecimento, compará-los com o que é

novo, identificar semelhanças e diferenças e integrá-los aos seus esquemas,

comprovar que o resultado tem certa coerência etc. Dessa forma estará

acontecendo uma aprendizagem significativa dos conteúdos apresentados, ou seja,

relações não-arbitrárias estarão sendo estabelecidas entre o que já fazia parte da

estrutura cognitiva do aluno e o que lhe foi ensinado.

Frota & Alves (2000, p. 70) contribuem para o tema, conceituando a

aprendizagem como um processo solitário que quase sempre e, em certos

momentos, prescinde do próprio professor, pois aprender é um ato do sujeito que o

realiza segundo seu ritmo e sua vontade.

Aprender é:

*modificar-se;

*internalizar;

*absorver;

*apreender.

Sob esse prisma, o professor pode até querer ensinar, mas o aluno

pode não querer aprender. E então? Verificamos, na literatura, obras preciosas

sobre motivação em sala de aula, como despertar no aluno a vontade e o desejo de

aprender.

Destacamos alguns professores mais comprometidos que têm se

dedicado a estudos referentes ao tema e, daí, o conceito de profissionalidade

docente estar permanentemente em elaboração. E os que se acomodam, que

mantêm a mesma prática de sempre, precisam urgentemente rever seus conceitos,

20

para dar lugar ao novo, tendo em vista o momento histórico atual e o contexto em

que estão inseridos.

Para Moran (1999),

Ensinaremos melhor se mantivermos uma atitude inquieta, humilde e confiante com a vida, com os outros e conosco, tentando sempre aprender, comunicar e praticar o que percebemos até onde nos for possível em cada momento (apud ÁVILA, 2005, p. 18).

É preciso não se encolher diante do desconhecido. O professor, hoje,

precisa enfrentar novos desafios buscando um outro olhar para o seu fazer

profissional. A formação docente está intimamente ligada à aprendizagem dos

alunos. À medida que o educador se apropria de novos conhecimentos, melhores

meios encontra para realizar um trabalho efetivo que promova a aprendizagem

significativa.

No que concerne aos alunos com dificuldades de aprendizagem, não é

diferente. O querer, o aceitar são pontos de partida para novos encontros de

aprendizagem.

Preocupados em melhorar sua atuação em sala de aula, alguns

profissionais procuram cursos especializados, enquanto outros recorrem à

coordenação pedagógica da escola, e outros ainda trocam informações com colegas

que tiveram sucesso trabalhando com crianças que necessitavam de maior atenção.

O que percebemos, de fato, é que todos ficam, de uma certa forma, angustiados,

querendo encontrar a melhor metodologia para que o aluno consiga aprender.

Destacamos aqui a importância de reuniões envolvendo os diferentes

professores, pois são nelas que ocorrem trocas de experiências que auxiliam

aqueles mais resistentes a mudarem suas práticas, melhorando, assim o

atendimento aos alunos com dificuldades.

Os exemplos bem sucedidos, a aprendizagem significativa dos alunos,

a mudança da postura do professor comprometido e a gratidão dos pais têm levado

os professores, por meio da formação continuada, a buscar alternativas para um

trabalho diferenciado que contemple todos os seus alunos.

Acreditamos que somente quando formadores e professores puderem

pensar juntos é que encontrarão estratégias para os problemas a serem

enfrentados.

21

Se juntos buscarem o conhecimento radical da realidade onde operam, para lá das aparências ideologizadas, evitando o vazio de propostas ingênuas e irrealistas. Se juntos se prepararem para enfrentar uma prática desafiadora, numa constante avaliação e reformulação, em busca do significado do seu ser de seu fazer (PIMENTEL, 1993, p. 15).

Ressaltamos a identidade da cada instituição escolar como única e, sendo

assim, somente uma equipe coesa conseguirá encontrar soluções para os

problemas que lhe são próprios. É na escola que a reflexão ocorre, onde diferentes

professores reunidos buscam respostas que levem a aprendizagem para todos os

alunos.

Nos termos da Lei nº. 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional - art. 13, compete aos docentes:

. I- participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de

ensino;

II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do

estabelecimento de ensino;

III – zelar pela aprendizagem do aluno;

IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor

rendimento;

V – ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar

integralmente de períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao

desenvolvimento profissional.

Analisando cada uma das funções, observa-se que, apesar de serem

específicas do professor, muito mais fácil será seu cumprimento se buscarem

respostas no coletivo, em equipe. (...), mesmo considerando a individualidade de cada um, o grupo interfere na atividade do professor, que se norteia de acordo com as relações estabelecidas nesse espaço de interação (SOUZA apud ALMEIDA; PLACO, 2002, p.27).

Para que haja a formação contínua, o formador, que poderá ser o

coordenador pedagógico da escola, precisa conhecer o grupo de professores com

que vai trabalhar e isso exigirá um planejamento. O professor, de igual maneira,

precisa conhecer seus alunos, o grau de suas dificuldades, as formas de

aprendizagem e a avaliação.

22

Precisa existir um ponto inicial. Por onde começar? O formador precisa

saber o que de imediato mais preocupa o educador e assim elaborar seu plano de

atuação.Em se tratando das dificuldades de aprendizagem, inicialmente precisa

saber o que o professor já conhece sobre o assunto para poder iniciar o trabalho.

E preciso considerar ainda que sempre haverá a dúvida se um aluno

apresenta ou não dificuldades reais e, principalmente, como atuar.

Entre as várias funções inerentes à docência, destaca-se a de “criar

condições de aprendizagem para todos”, princípio esse ligado ao direito à educação

também para todos. Mas de onde vem esse direito? O que diz a Constituição

Federal?

O documento do Ministério Público que trata de “O acesso de Alunos

com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Particular”, de 2004, p. 6

determina: A nossa Constituição Federal elegeu como fundamento da República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inc. II e III), e como um dos seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º inc. IV). Garante ainda expressamente o direito à igualdade (art. 5º) e trata, nos artigos 205 e seguintes, do direito de TODOS à educação. Esse direito deve visar o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205).

Quanto às mudanças na organização pedagógica das escolas, destaca

o documento: Uma das mais importantes mudanças visa estimular as escolas para que elaborem com autonomia e de forma participativa seu Projeto Político Pedagógico, diagnosticando a demanda. Ou seja, verificando quem são, quantos são os alunos, onde estão e porque alguns evadiram, se têm dificuldades de aprendizagem, de freqüentar as aulas, assim como os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis (Ibid. p. 33).

A formação docente contínua hoje é mais que necessária, pois a

autonomia dada à escola e conseqüentemente ao professor é uma realidade para a

qual não estamos preparados. Daí a exigência de formação em equipe, com

identidade própria, e que tenha como objetivo as necessidades individuais dos

23

alunos, e promover a aprendizagem de todos, não somente daqueles mais

privilegiados.

Cabe ao professor permitir que o aluno avance de acordo com suas

possibilidades e interesses, pois nem todos aprendem da mesma maneira. É tarefa

do educador instigar a criança a pensar, a encontrar soluções para os seus

problemas, a prosseguir e não devolver exatamente aquilo que supostamente deve

aprender.

As dificuldades de aprendizagem, segundo pesquisas, afetam hoje em

dia pelo menos 5% da população, portanto, em cada sala de aula temos

provavelmente um número significativo de alunos com necessidades especiais.

Segundo Smith e Strick (2001), as informações sobre o tema têm tido

uma penetração tão lenta que os enganos relacionados à identificação de distúrbios

são abundantes até mesmo entre professores e profissionais da educação. Na

realidade, as dificuldades de aprendizagem são normalmente tão sutis que as

crianças que as apresentam parecem não ter problema algum.

Acreditamos, porém que, se a formação dos professores contemplar

conhecimentos que lhes permitam compreender e identificar dificuldades, problemas

ou distúrbios, ficará mais fácil para eles perceber o que está comprometendo o

processo de ensino-aprendizagem de seus alunos.

Geralmente, as crianças que apresentam dificuldades de

aprendizagem têm inteligência na faixa média e superior, o que as torna capazes de

aprender, apesar de demonstrarem inabilidade específica em algumas áreas.

Várias teorias acerca do funcionamento psíquico afirmam que os seres

humanos nascem com uma tendência inata para a aprendizagem. É assim que deve

ser a aprendizagem escolar: um processo natural e espontâneo, mais até, um

processo prazeroso; descobrir e aprender devem ser um grande prazer. Se não é,

algo está errado (BOSSA, 2000, p. 11).

É necessário, portanto, responder também a algumas preocupações e

desfazer inúmeras confusões relacionadas ao tema, dada a atenção que hoje a

sociedade dedica à problemática da aprendizagem escolar.

Abordando as dificuldades de aprendizagem, citamos um trecho de

Fonseca (1995): Historicamente as perspectivas nos oferecem outros tantos fatores de análise e reflexão. O que de fato aconteceu é que as escolas foram impondo exigências, ao mesmo tempo em que se foi abrindo a um maior

24

número de crianças, aumentando as taxas de escolarização, o que como conseqüência, implicou obviamente inúmeros processos de inadaptação. Quando os métodos que eram eficazes para a maioria não serviam, rapidamente se criavam (e criam ainda hoje) processos de seleção e de segregação para outras crianças (p. 9).

Visando à definição dos termos envolvidos na discussão, optamos por

apresentar um quadro que pode auxiliar a compreensão do assunto. Este resumo foi

elaborado por nós, especialmente para este trabalho, como síntese do referencial

bibliográfico, e traz a definição que alguns autores apresentam sobre dificuldades,

transtornos, problemas e distúrbios de aprendizagem.

Posteriormente, abordaremos o cerne de nosso estudo – a dislexia –

também considerada por alguns estudiosos uma dificuldade de aprendizagem.

QUADRO 2 – Denominações e definições dos problemas de aprendizagem segundo

alguns autores

DENOMINAÇÃO AUTORES DEFINIÇÃO

O DSM-IV – Manual de Diagnóstico

e Estatística das Perturbações

Mentais - publicação da American

Psychiatric Association, Washington

D.C.

Transtornos da aprendizagem são diagnosticados quando os

resultados do indivíduo em testes padronizados e

individualmente administrados de leitura, matemática ou

expressão estão substancialmente abaixo do esperado para sua

idade, escolarização e nível de inteligência.

Transtornos

CID-10 Classificação Estatística

Internacional de Doenças e

Problemas Relacionados à Saúde –

elaborado pela Organização

Mundial de Saúde

Transtornos mentais e de comportamento - não é um termo

exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto

de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível

associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência

com funções pessoais.

Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades

escolares - nos quais as modalidades habituais de aprendizado

estão alteradas desde as primeiras etapas do desenvolvimento.

O comprometimento não é somente da falta de oportunidades de

aprendizagem ou de um retardo mental, e ele não é devido a um

traumatismo ou doenças cerebrais.

25

Collares e Moyses (1992, apud

NUTTI, 2006, p. 1)

Analisaram o conceito de distúrbio de aprendizagem do ponto de

vista etimológico e a partir do conceito proposto pelo National

Joint Comittee for Learning Disabilities (Comitê Nacional de

Dificuldade de Aprendizagem), Estados Unidos da América.

Etimologicamente, a palavra distúrbio compõe-se do radical

turbare e do prefixo dis. O radical turbare significa “alteração

violenta na ordem natural” e pode ser identificado também nas

palavras turvo, turbilhão, perturbar e conturbar. O prefixo dis é

muito utilizado na terminologia médica (por exemplo: distensão,

distrofia). Em síntese, do ponto de vista etimológico, a palavra

distúrbio pode ser traduzida como anormalidade patológica por

alteração violenta na ordem natural. Portanto, um distúrbio de

aprendizagem remete a um problema ou a uma doença que

acomete o aluno em nível individual e orgânico.

Segundo as autoras, a mesma perspectiva etimológica, a

expressão distúrbio de aprendizagem teria o significado de

“anormalidade patológica por alteração violenta na ordem natural

da aprendizagem”.

Hammill, 1981

(Ratificada em 1988 e 1991 pelo

“National Join Committee of

Learning Disabilities” - apud

CIASCA, 2003, p.24)

Distúrbio de Aprendizagem (DA) como um grupo heterogêneo de

transtornos que se manifesta por dificuldades significativas na

aquisição e uso da escrita, fala, leitura, raciocínio ou habilidade

matemática. Estes transtornos são intrínsecos ao indivíduo,

supondo-se ocorrerem devido à disfunção do sistema nervoso

central, e, que podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem

existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas

nas condutas da auto regulação, percepção e interação social,

mas não constituem, por si só um distúrbio na aprendizagem.

Podem ocorrer concomitantemente com outras condições

incapacitantes ou com influências extrínsecas, porém não são os

resultados dessa condição.

Distúrbios da

Aprendizagem

Ciasca (1995, p.113, In:

Damasceno; Coudry, 1995)

Distúrbio da aprendizagem, que se refere a uma problemática

mais específica, onde o problema de aprendizagem está

associado à presença de uma disfunção neurológica, e cuja

população é bem menor que no primeiro grupo, perfazendo o

total de 5% da população escolar, tanto aqui como em outros

países.

26

Leitura e Escrita - Em nossa realidade educacional, é crescente

o número de crianças que apresentam dificuldades no

aprendizado da leitura e escrita e que permanecem em situação

de sala de aula sem acompanhar as atividades de leitura e

escrita ou cálculo matemático. Neste contexto, encontram-se as

dificuldades de aprendizagem geralmente de origem cognitiva,

social e afetiva, os denominados problemas de aprendizagem

por ordem emocional e os transtornos de aprendizagem de

ordem neurológica e/ou genética como os distúrbios de

aprendizagem generalizados ou específicos da leitura.

Todas as definições referem-se aos distúrbios de aprendizagem

como um déficit que envolve algumas habilidades

Déficit

Habilidades Envolvidas

Linguagem Oral

Fonologia, morfologia, semântica, sintaxe,

pragmática.

Leitura Habilidade no uso da palavra, reconhecimento

de letras, compreensão.

Escrita Soletrar, ditado, cópia.

Matemática e

nas

combinações

e/ou relações

entre elas

Habilidades de cálculo básico, raciocínio

matemático.

Ciasca (2003, p. 25-27)

Apesar de todas as definições, adotamos em nosso serviço a

distinção simples entre o que definimos como Distúrbio de

Aprendizagem – DA- sendo uma disfunção do SNC, relacionada

a uma “falha” no processo de aquisição ou do desenvolvimento,

tendo, portanto, caráter funcional; diferentemente, de Dificuldade

Escolar – DE - que está relacionada especificamente a um

problema de ordem e origem pedagógica.

Polity (2002)

A dificuldade de aprendizagem não se restringe apenas ao

aluno, mas tem implicações nos outros sistemas envolvidos:

família, professor, escola, meio social. Neste cenário, ao se

enfocar o trabalho do professor, percebe-se a existência de um

correspondente da dificuldade de aprendizagem do aluno no

trabalho do professor, enunciada pelo mesmo, que aqui chamo

de dificuldade de ensinagem – termo designado para abarcar as

questões da história de vida do professor que se presentificam

na sua prática.

27

Ciasca, (1995, p.113, In:

Damasceno; Coudry, 1995)

Dificuldades escolares, que são encontradas em maior número,

sendo consideradas como algo mais abrangente, cuja origem é

eminentemente acadêmica, elas atingem cerca de 40% da

população que freqüenta as primeiras séries escolares, caindo

esta porcentagem para 20% em países mais desenvolvidos.

Nicasio; Sánchez (2004, p.31)

As várias dificuldades de aprendizagem dos alunos os levaram a

postular uma diferenciação dos que sofriam um baixo rendimento

– ou fracasso escolar- devido a causas extrínsecas, como ensino

inadequado ou insuficiente, baixa motivação e fatores

econômicos, dos que sofriam dificuldades de aprendizagem

originadas por fatores intrínsecos (underlying processes), manifestados pelas discrepâncias significativas no

desenvolvimento dos processos psicológicos, como a percepção,

a atenção ou a memória. COMPETÊNCIA

PROFISSIONAL

ATUAÇÃO MEDIDAS

Médico Distúrbio

(Doença) Consultório

Exames Clínicos,

Medicação

Especialista Problema

(Diagnóstico

Específico)

Consultório Terapias Específicas

Hashimoto ( apud ALMEIDA;

PLACO, 2002)

Professor e

Orientador

Dificuldade

Escolar

(Aprendizagem)

Escola Metodologias, Estratégias,

Recuperação do Aluno

Dificuldade de

Aprendizagem

Fernández (1991, apud NUTTI,

2006, p. 5)

Considera as dificuldades de aprendizagem como sintomas ou

“fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente

estão em jogo quatro níveis: o organismo, o corpo, a inteligência

e o desejo. A dificuldade para aprender, segundo a autora, seria

o resultado da anulação das capacidades e do bloqueamento

das possibilidades de aprendizagem de um indivíduo e, a fim de

ilustrar essa condição usa o termo inteligência aprisionada

(atrapada, no idioma original).

28

Zacharias (2006)

Só é procedente falar em dificuldades de aprendizagem quando

fazemos referência a alunos que:

* têm um quociente intelectual normal ou muito próximo da

normalidade, ou ainda, superior;

* seu ambiente sócio-familiar é normal;

* não apresentam deficiências sensoriais nem afecções

neurológicas significativas;

* seu rendimento escolar é manifesto e reiteradamente

insatisfatório.

O que podemos observar, de modo geral, em alunos com

dificuldades de aprendizagem inclue problemas mais localizados

nos campos da conduta e da aprendizagem, dos seguintes tipos:

* atividade motora: hiperatividade ou hipoatividade, dificuldade

de coordenação;

* atenção: baixo nível de concentração;

* área verbal: problemas na codificação/ decodificação

simbólica, disgrafia etc;

* memória: dificuldade na fixação;

* percepção: reprodução inadequada de formas geométricas,

confusão entre figura fundo, inversão de letras;

* sociabilidade: inibição participativa, pouca habilidade social,

agressividade;

Smith; Strick (2001, p.14)

(...) dificuldades de aprendizagem, problemas neurológicos que

afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou

comunicar informações. Consideradas raras no passado, as

dificuldades de aprendizagem supostamente afetam, hoje em

dia, 5% da população.

Ano após ano, muitos desses jovens são erroneamente

classificados como tendo baixa inteligência, insolência ou

preguiça. Eles são constantemente isolados, por adultos

ansiosos e preocupados com seu desempenho acadêmico, a

corrigirem-se ou a esforçarem-se.

29

Smith; Strick (2001, p.15)

(...) o termo dificuldade da aprendizagem refere-se não a um

único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que

podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico

“Dificuldade de aprendizagem (DA) é um termo geral que se

refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se

manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da

escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades

matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo,

supondo-se devido à disfunção do sistema nervoso central e,

podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com

as dificuldades de aprendizagem, problemas de auto-regulação,

percepção social e interação social, mas não constituem por si

próprias, uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que as

dificuldades de aprendizagem possam ocorrer

concomitantemente com outras condições incapacitantes (por

exemplo, deficiência sensorial, retardamento mental, transtornos

emocionais graves) ou com influências extrínsecas (tais como

diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente) não

são os resultados dessas condições ou influências.” (NJCLD,

1988, p.1, apud. GARCÍA 1988, p.32).

Garcia( 1999, apud NICASIO;

SÁNCHEZ, 2004, p.15)

Utiliza-se o termo dificuldade de aprendizagem no sentido

internacional do DSM-IV-TR e consensual do Comitê Conjunto

para as Dificuldades de Aprendizagem.

O DSM-IV-TR classifica os transtornos de aprendizagem dentro

dos transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na

infância ou na adolescência, considerando o transtorno da

leitura, o da matemática, o da expressão escrita e o transtorno

da aprendizagem sem outra especificação. A classificação da

American Psychological Association (APA, 1995ª,b) é compatível

com a inclusão das dificuldades de aprendizagem como um tipo

de transtorno de desenvolvimento, e em relação a outros

transtornos que aparecem ao longo do desenvolvimento e que

necessitam de intervenção psicopedagógica.

Ajuriaguerra; Marcelli (1991) Leitura – Escrita – Cálculo. Não acarretando dificuldades em

outros domínios.

Problemas

Específicos de

Aprendizagem

Nicasio; Sánchez( 2004, p. 31)

Trabalhando com crianças com retardo mental, Samuel A. KirK,

observou que havia crianças que não apresentavam uma

inteligência baixa, mas sim problemas específicos de aprendizagem. Essa constatação o levou a formular o termo

que deu nome à área, “dificuldades de aprendizagem”, em 6 de

abril de 1963. Mas Samuel Kirk já havia usado o termo em 1962,

para se referir a um grupo heterogêneo de problemas

específicos – de linguagem e/ou de fala, de leitura, de escrita, de

matemática ou de outras áreas escolares – e que era diferente

de retardo mental.

30

Johnson; Myklebust (1983, p.5)

Até recentemente, as crianças que apresentavam problemas de

aprendizagem e de ajustamento eram classificadas como sendo

mentalmente retardadas, sensorialmente deficientes,

emocionalmente perturbadas ou como tendo distúrbios motores.

Os especialistas dessa área conscientizaram-se gradativamente

de que havia crianças que eram incapazes de aprender e

compreender, falar, ler, escrever, dizer as horas, brincar,

calcular, distinguir entre direita e esquerda ou relacionar-se bem

com os outros, e ainda assim não eram retardadas mentais, não

apresentavam deficiências sensoriais, não apresentavam

distúrbios principalmente emocionais e não possuíam problemas

de dificuldade motora. Devido à necessidade de se encontrar

uma denominação nova, mais apropriada e significativa para

essas crianças, surgiu o conceito de disfunção cerebral mínima e

o de distúrbios de aprendizagem.

Martín; Marchesi (apud, COLL,

PALÁCIOS; MARCHESI, 1995)

O conceito de problemas ou atrasos de aprendizagem é muito

amplo. Seu significado abrangeria, aqui, qualquer dificuldade

observável enfrentada pelo aluno para acompanhar o ritmo de

aprendizagem de seus colegas da mesma faixa etária, seja qual

for o fator determinante deste atraso. Certamente, a população

assim definida é de uma grande heterogeneidade, não sendo

simples encontrar critérios que a limitem com maior precisão. Os

alunos deficientes mentais, os que apresentam deficiências

sensoriais e os que apresentam atrasos em um campo concreto,

como a leitura ou a matemática, fariam parte deste conjunto,

ainda que não o esgotassem.

Fonseca (1995, p.71)

Utiliza a definição do National Joint Committee of Learning

Disabilities – NJCLD, 1988 -, como a que reúne

internacionalmente maior consenso.

Acrescenta que o enfoque das DA está no indivíduo que não

rende ao nível do que se poderia supor e esperar a partir do seu

potencial intelectual, e por motivo dessa especificidade cognitiva

na aprendizagem, ele tende a revelar fracassos inesperados.

Polity (2002, p.29)

(...)aprender está para a aprendizagem assim como ensinar está

para a ensinagem, referindo-se à forma processual destes

fazeres, o que permite considerar que a dificuldade de

aprendizagem está intimamente relacionada à dificuldade de

ensinagem, e que ambas podem gerar o fracasso escolar.

Para a autora a definição da dificuldade de aprendizagem está

ligada num processo que implica também o professor e sua

dificuldade de ensinagem.

Necessidades

Educacionais

Especiais

Coll, Palácios; Marchesi (1995)

São problemas de aprendizagem ao longo do processo de

escolarização que exigem atenção específica e recursos

educacionais, do tipo: problemas de linguagem – leitura –

emocionais – de conduta – evasão escolar, etc.

Martins (2005) destaca em seu artigo, “O enfoque psicopedagógico das

crianças com necessidades educacionais especiais”, uma importante contribuição: a

31

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) trouxe avanços significativos

para a educação especial, como por exemplo a gratuidade do atendimento

especializado para portadores de necessidades especiais e o reconhecimento de

que a escola é um lócus de atuação psicopedagógica. Por isso insistimos na

importância de haver um psicopedagogo na instituição escolar para planejar, orientar

e conduzir um trabalho eficaz de aprendizagem.

A LDB, ao propor a inclusão de pessoas com necessidades especiais

na escola regular, sugere que elas podem aprender, é claro, no seu próprio ritmo e

de acordo com suas possibilidades. Como educadores, não podemos utilizar os

mesmos parâmetros de rigor para avaliar, por exemplo, uma criança especial e outra

que consegue aprender num ritmo normal, o que não significa certamente

negligenciá-la ou atingir um nível de indigência de ensino. É o princípio da

compreensão que deve prevalecer no momento da avaliação daqueles que

apresentam uma evolução diferente.

A comunidade escolar e os disléxicos obtiveram uma conquista no final

do ano de 2006, com a promulgação da Lei nº. 12.524/07, resultante de um projeto

da deputada estadual Maria Lúcia Prandi, do PT. O Estado de São Paulo foi pioneiro

na decisão de implantar o Programa Estadual para Identificação e Tratamento da

Dislexia na Rede Oficial de Educação, do qual destacamos o artigo 2º:

Artigo 2º - O Programa Estadual para Identificação e Tratamento da

Dislexia na Rede Oficial de Educação deverá abranger a capacitação permanente

dos educadores para que tenham condições de identificar os sinais da dislexia e de

outros distúrbios nos educandos.

Como se observa, é clara a preocupação em detectar precocemente o

distúrbio e facilitar o tratamento para os disléxicos. O programa prevê que todos os

alunos matriculados na 1ª série realizarão um exame, assim como os transferidos de

escolas municipais ou particulares para as estaduais.

A legisladora salientou também a necessidade de habilitar os

professores para que sejam capazes de identificar os sinais da dislexia e de outros

distúrbios do aprendizado que, após diagnosticados, devem receber tratamento

adequado garantido pelo Programa, o que consideramos uma grande vitória para

toda a comunidade e em especial para os disléxicos e seus familiares.

32

Para melhor entendimento, conceituaremos a dislexia de acordo com

as primeiras definições.

A primeira definição da dislexia é do neurologista americano, Dr.

Samuel T. Orton, a quem foi dedicado o nome da primeira instituição criada para

pesquisas e estudos sobre a dislexia, a Orton Dyslexia Society, atual International

Dyslexia Association (IDA): (1925) ( apud IANHEZ; NICO, 2002).

Myklebust, um autor bastante importante para o estudo da dislexia em

crianças americanas, assim a define:

A dislexia é uma desordem de linguagem que impede a aquisição de sentido por intermédio das palavras escritas, por causa de uma deficiência na habilidade de simbolização. Pode ser endógena ou exógena, congênita ou adquirida. As limitações na linguagem escrita são demonstradas por uma discrepância entre a aquisição real e esperada. Essas limitações derivam de disfunções cerebrais manifestadas por perturbações na cognição; não são, portanto atribuídas a impedimentos motores, sensoriais, intelectuais ou emocionais, tampouco a ensino inadequado ou falta de oportunidade. (In BERGAMO, 2005).

Outra definição, geralmente usada nas pesquisas de neuroanatomia e

neuropsicologia e adotada pela ABD (Associação Brasileira de Dislexia), é a da

International Dyslexia Association, elaborada no Comitê de Abril de 1994, com base

nas anteriores:

A dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade em decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Essas dificuldades na decodificação de palavras simples não são esperadas em relação à idade. Apesar de instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios cognitivos e sensoriais, a criança falha no processo da aquisição da linguagem com freqüência, incluídos aí os problemas de leitura, aquisição e capacidade de escrever e soletrar. (IANHEZ; NICO, 2002).

A análise dos elementos que compõem a palavra já apresenta seu

significado:

DIS = distúrbio, dificuldade.

LEXIA = leitura (do latim) e/ou linguagem (do grego)

DISLEXIA = distúrbio de linguagem

Embora etimologicamente DISLEXIA seja traduzida do latim e do grego

como distúrbio de linguagem, o termo foi adotado para denominar um distúrbio

33

específico da leitura e da escrita. Isso não implica, ao menor sinal de dificuldade

nessa área, identificar um indivíduo como disléxico. Sendo várias as causas que

podem intervir no processo de aquisição da linguagem, um diagnóstico preciso,

multidisciplinar e de exclusão assume grande importância

O diagnóstico da dislexia é de exclusão e deve ser o resultado do

trabalho de uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogo, neuropsicólogo,

fonoaudiólogo e psicopedagogo. Quando necessário faz-se um encaminhamento a

um neurologista e/ou um otorrinolaringologista, pediatra etc, para a investigação de

outros fatores que possam estar comprometendo o processo de aprendizagem, ou

mesmo coexistindo com a dislexia. Todos os profissionais envolvidos devem trocar

informações para confirmar o diagnóstico.

Os sintomas mais comuns da dislexia são:

desempenho inconstante;

demora na aquisição da leitura e escrita;

lentidão nas tarefas de leitura e escrita, mas não nas orais;

dificuldade com os sons das palavras e, conseqüentemente, com a

soletração;

escrita incorreta, com trocas, omissões, junções e aglutinações de

fonemas;

dificuldade em associar o som ao símbolo;

dificuldade com a rima (sons iguais no final das palavras) e

aliteração (sons iguais no início das palavras);

discrepância entre as realizações acadêmicas, as habilidades

lingüísticas e o potencial cognitivo;

dificuldade com associações, como, por exemplo, dos rótulos aos

seus produtos;

dificuldade com organização seqüencial, por exemplo, as letras do

alfabeto, os meses do ano, tabuada, etc.

dificuldade em nomear objetos, tarefas etc.

dificuldade em organizar-se temporal (hora) e espacialmente (antes

e depois) e com direção (esquerda e direita);

34

dificuldade em memorizar números de telefones, mensagens, fazer

anotações, ou efetuar alguma tarefa que sobrecarregue a memória

imediata;

dificuldade em organizar tarefas;

dificuldade com cálculos mentais;

desconforto ao tomar notas e/ ou relutância para escrever;

persistência no mesmo erro, embora conte com ajuda profissional.

Bergamo (2005), em seu artigo “Neurônios à Deriva”, revela-nos a mais

recente pesquisa sobre a dislexia na área da medicina.

Um estudo de pesquisadores finlandeses (a ser publicado na edição

especial da Revista Científica Córtex) comprovou a eficácia de um exame

diagnóstico precoce na identificação da tendência à dislexia. Trata-se do potencial

evocado, que surgiu para medir a capacidade auditiva da pessoa.

O teste consiste no acompanhamento da atividade elétrica do cérebro

mediante estímulos sonoros. No caso do trabalho finlandês, os sons eram sílabas.

Os pesquisadores acompanharam, por cinco anos, 49 crianças – metade delas com

histórico familiar de dislexia e as outras não. Todas foram examinadas quatro vezes:

a primeira, logo depois do nascimento, e a última, aos cinco anos. Com base nessas

análises, os estudiosos conseguiram determinar padrões de resposta cerebral que

indicavam o risco de as crianças desenvolverem dislexia ou não. Os autores do

trabalho propõem que o exame do potencial evocado seja utilizado para identificar

precocemente a possibilidade de existência da dislexia e, assim, propiciar condições

para que se inicie logo um tratamento que poupe o portadores do distúrbio de

constrangimentos na idade escolar.

A ciência tem muito ainda a descobrir sobre a dislexia. Sabe-se que se

trata de um problema de ordem genética, mais comum entre meninos. A hipótese

mais aceita para a sua origem é a de que começa a se estabelecer ainda durante o

processo da formação cerebral. Entre a vigésima e a vigésima quinta semanas de

gestação, neurônios migram do núcleo para a periferia do cérebro do feto. Nos

disléxicos, alguns neurônios se perderiam no caminho, comprometendo áreas

cerebrais responsáveis pela linguagem. Por isso, o cérebro dos disléxicos seria

menos especializado para decifrar e ordenar letras e números, para a orientação

35

espacial e para capacidades motoras finas e grossas, como desenhar e chutar uma

bola. Não se inventou nada capaz de recuperar essas funções. “Mas um disléxico,

quando bem orientado, encontra alternativas para driblar os sintomas do distúrbio”,

segundo o neurologista infantil Mauro Muszkat (apud, BERGAMO, 2005).

Pesquisa recente, realizada por Sally Shaywitz, doutora em medicina,

professora e pediatra e co-diretora do Centro de Estudos da Aprendizagem e da

Atenção na Universidade de Yale, EUA, e divulgada no Brasil em 2006 pela obra

Entendendo a Dislexia mostra que hoje é possível visualizar o funcionamento interno

do cérebro, o que se faz por meio da nova tecnologia de imagem cerebral e, assim,

determinar exatamente em que área cerebral e como a dislexia se manifesta.

O cérebro é dividido em dois lados idênticos: o direito e o esquerdo.

Como se mostra na Figura 1, a parte frontal, próxima à testa, é chamada anterior, e

a parte de trás, posterior. Cada hemisfério é dividido em quatro lobos ou seções:

frontal, temporal, parietal e occipital. Os lobos frontais são anteriores, os occipitais

são posteriores e os parietais e temporais são intermediários situando-se o parietal

acima do temporal. Os lobos também são simétricos nos dois lados do cérebro e o

lobo esquerdo é tradicionalmente associado à linguagem.

FIGURA 1 - Pontos do cérebro. Aqui se mostra o lado esquerdo do cérebro. A figura

menor é uma MRI (ressonância magnética) das estruturas do centro do cérebro;

observe o corpo caloso. Fonte: SHAYWITZ (2006, p. 69).

36

Os estudos feitos a partir das imagens funcionais tiveram como

objetivo o mapeamento dos circuitos necessários à leitura.

Foram recrutados 19 homens e 19 mulheres que eram bons leitores. A

fim de ativar circuitos para a análise fonológica, foi solicitado aos sujeitos que

julgassem se duas palavras sem sentido rimavam. Depois de coletar as imagens de

todos os participantes, foram examinados os dados e verificou-se que os padrões

ativados nos homens eram surpreendentemente diferentes dos apresentados pelas

mulheres (figura 2. Enquanto todos os homens ativavam apenas o lado esquerdo do

cérebro, a maioria das mulheres, 11 das 19, ativou ambos os lados (8, apenas o lado

esquerdo). Isso representou a primeira demonstração de uma diferença visível entre

os sexos no que diz respeito à organização cerebral da linguagem.

FIGURA 2 - Diferenças na organização do cérebro de homens e de mulheres no

que diz respeito à linguagem. As áreas em preto indicam locais de ativação em

homens e mulheres quando rimavam palavras sem sentido, demonstrando que os

homens ativam o lado esquerdo do cérebro e que as mulheres ativam tanto o

esquerdo como o direito. As figuras menores são as imagens de FMRI

demonstrando as ativações cerebrais. Fonte: SHAYWITZ (2006, p. 70)

Os estudos feitos a partir das imagens cerebrais identificaram pelo menos

dois caminhos neurais da leitura: um para quem está começando a ler e para a

37

verbalização lenta e outro, mais rápido, para quem já lê bem. O exame cuidadoso

dos padrões de ativação cerebral revelou uma falha nesse circuito para os leitores

disléxicos. Estudos realizados no mundo inteiro não deixam dúvida de que os

leitores disléxicos usam caminhos cerebrais diferentes.

Quando lêem, os bons leitores ativam sistemas neurais altamente

interconectados que incluem regiões das partes posterior e anterior do lado

esquerdo do cérebro (ver figura 3).

FIGURA 3 – Sistemas cerebrais para leitura Fonte: SHAYWITZ (2006, p. 71)

Os leitores iniciantes devem primeiro analisar uma palavra; leitores

experientes identificam as palavras instantaneamente. O sistema parietotemporal

funciona para o leitor iniciante. Lenta e analítica, sua função parece estar nos

primeiros estágios da leitura, isto é, quando se começa a analisar uma palavra,

subdividindo-a e relacionando suas letras aos sons.

Quanto mais experimentado o leitor, mais essa região é ativada (ver figura 4).

38

FIGURA 4 – Região da leitura mais experimentada: a área da forma da palavra. Fonte: SHAYWITZ (2006, p. 72)

Quando os leitores experientes lêem com grande velocidade, o sistema

de forma da palavra funciona em potência máxima reconhecendo instantaneamente

uma palavra atrás da outra.

Há, portanto, três caminhos neurais para a leitura: dois mais lentos e

analíticos, o parietotemporal e o frontal, que são utilizados principalmente por

leitores iniciantes, e uma via rápida, a occipitotemporal, utilizada por leitores

experientes.

FIGURA 5 - Respostas de ativação do cérebro a palavras visíveis e mascaradas

(subliminares). Fonte: SHAYWITZ (2006, p. 73)

As respostas por meio FMRI ativadas pelo cérebro a palavras visíveis são demonstradas à esquerda; regiões múltiplas, incluindo a área da forma da palavra são ativadas. Ao contrário, quando as palavras são apresentadas por períodos muito breves (subliminarmente) e não são percebidas em nível consciente, a área da forma da palavra continua a ser ativada, indicando que essa região cerebral responde automaticamente às palavras.

39

FIGURA 6 - Mudanças nos padrões de ativação cerebral de acordo com a idade: as

crianças disléxicas mais velhas usam regiões frontais do cérebro. Fonte: SHAYWITZ (2006, p. 74)

Esses mapas (Figura 6) fazem correlações. As áreas em preto têm uma forte correlação com a idade. À medida que as crianças crescem, essas áreas se formam mais ativas. Na imagem da esquerda, os leitores normais demonstram pouca mudança na ativação do cérebro de acordo com a idade, por isso há poucas áreas pretas. Ao contrário, na direita, as crianças disléxicas demonstram uma ativação crescente das regiões frontais do cérebro à medida que envelhecem, como indicam as áreas proeminentemente pretas.

FIGURA 7 - A marca neural da dislexia. Subativação dos sistemas neurais na parte

posterior do cérebro. À esquerda, leitores normais ativam sistemas neurais que estão em sua maioria na

parte posterior do cérebro (áreas sombreadas); à direita, leitores disléxicos subativam esses sistemas de leitura

da parte posterior do cérebro e tendem a superativar as áreas frontais.

Fonte: SHAYWITZ (2006, p. 75)

40

FIGURA 8 - Falha universal em alunos universitários com histórico de dislexia na

infância. Ativações cerebrais exibidas na FMRI (área sombreada) mostram regiões cerebrais posteriores esquerdas ativadas por universitários falantes de francês, de inglês e de italiano que são bons leitores, mas não ativadas por alunos com histórico infantil de dislexia e que agora lêem com precisão, mas lentamente. Fonte: SHAYWITZ (2006, p. 75).

A pesquisa mostra que as crianças e os adultos disléxicos utilizam

sistemas de leitura compensatórios. As imagens cerebrais de leituras realizadas por

disléxicos que tentam pronunciar palavras demonstram que o sistema posterior do

lado esquerdo do cérebro não está funcionando; em vez disso, esses leitores lentos,

mas precisos, dependem de caminhos alternativos secundários, que não são como

um conserto, mas uma rota de leitura diferente. Além de depender mais da área de

Broca, os disléxicos também usam outros sistemas auxiliares de leitura, localizados

no lado direito e na parte anterior do cérebro – um sistema funcional, mas

infelizmente, não automático. (ver figura 9)

De acordo com os estudos com meninos e meninas que tinham

dificuldades em aprender a ler e que passaram por um programa experimental por

um ano, observou-se um reparo cerebral, e as crianças melhoraram sua leitura. Isso

pode explicar por que aquelas que passam mais cedo por intervenções eficazes

tornam-se leitores precisos e fluentes. Embora os sistemas do lado direito do

cérebro possam sustentar a leitura precisa, mas lenta, os circuitos do lado posterior

esquerdo são essenciais para a leitura rápida automática.

41

FIGURA 9 - Os leitores disléxicos usam sistemas compensatórios para ler. O leitor normal, à esquerda ativa

sistemas neurais que estão em sua maioria na parte posterior esquerda do cérebro; o leitor disléxico, à direita,

ativa sistemas do lado direito e na parte frontal esquerda do cérebro.

Fonte: SHAYWITZ (2006, p. 75).

FIGURA 10 - Intervenções eficazes de leitura fazem com que o cérebro se recupere.

Um ano depois de uma intervenção eficaz de leitura, crianças disléxicas

desenvolveram sistemas de leitura do lado esquerdo (em preto) tanto na parte

anterior como na posterior do cérebro. Fonte: SHAYWITZ (2006, p. 76).

Nico (apud BERGAMO, 2005), fonoaudióloga e psicopedagoga da

Associação Brasileira de Dislexia, apresenta um exemplo prático de como os

disléxicos invertem e omitem letras e trocam os sons das sílabas ao ler e escrever:

42

FRASE NORMAL

“O cachorro fugiu. A dona foi procurar, mas não encontrou.”

FRASE LIDA PELO DISLÉXICO

“O cajoro vugiu. A doma foi pocurar, mas não encontou.”

FRASE ESCRITA PELO DISLÉXICO

“O cachoco fugio. A pouca voi porcurar mas não encontoul.”

A redação de uma frase sobre o Dia das Crianças é outro exemplo que

ilustra a escrita de um aluno de 8 anos e 6 meses com dislexia, :

Percebe-se que, apesar de compreender o código lingüístico,

apresenta trocas : o por a; f por v, j por g, tanto na escrita como na leitura de

palavras.

Sérgio Eduardo de Moura, professor licenciado em Educação Física,

trouxe-nos um depoimento, que não poderíamos deixar de registrar, sobre seu

aluno, G.D. (10 anos), da rede particular de ensino, que tem a dislexia.

“Participamos de um campeonato na cidade de São Paulo, onde o meu

aluno teve importante papel em um dos jogos quando, ao defender três pênaltis,

acabou classificando o time. O pai do aluno comentou que o filho perguntou se ele já

43

tinha sido importante alguma vez na vida, pois foi assim que ele sentiu quando todos

do time o saudavam e o parabenizavam pela proeza. O pai me agradeceu e disse

que aquele momento ficará marcado para sempre na memória de seu filho.”

Esse professor mostra conhecer o problema e sabe valorizar os

talentos que as pessoas com dislexia desenvolvem ou podem desenvolver

dependendo da forma como são orientados por profissionais e familiares.

A exemplo do quadro que apresenta as definições dos problemas de

aprendizagem, consideramos importante também explicitar como os estudiosos

definem a dislexia. (Quadro 3)

44

QUADRO 3 – Conceitos de dislexia AUTORES DEFINIÇÕES

DSM-IV – F81. O Manual de

Diagnóstico e Estatística das

Perturbações Mentais

Critério A - Consiste em um rendimento da leitura (isto é, correção, velocidade

ou compreensão da leitura, medidas por testes padronizados administrados

individualmente) substancialmente inferior ao esperado para a idade

cronológica, a inteligência medida e a escolaridade do indivíduo.

Critério B - A perturbação da leitura interfere significativamente no rendimento

escolar ou em atividades da vida cotidiana que exigem habilidades de leitura.

Na presença de um déficit sensorial, este deve ser codificados no Eixo III. Em

indivíduos com transtornos de leitura (também chamado “dislexia”), a leitura oral

caracteriza-se por distorções, substituições ou omissões, tanto na leitura em voz

alta quanto na silenciosa; caracterizam-se por lentidão e erros na compreensão.

Critério C – Em presença de um déficit sensorial, as dificuldades de leitura

excedem aquelas geralmente a este associadas.

CID-10

F81. 0 – Transtorno específico da leitura. A característica essencial é um

comprometimento específico e significativo do desenvolvimento das habilidades

da leitura, não atribuível exclusivamente à idade mental, a transtornos de

acuidade visual ou escolarização inadequada. A capacidade de compreensão

da leitura, o reconhecimento das palavras, a leitura oral e o desempenho das

tarefas que necessitam da leitura podem estar todas comprometidas. O

transtorno específico da leitura se acompanha freqüentemente de dificuldades

de soletração, persistindo comumente na adolescência, mesmo quando a

criança haja feito alguns progressos na leitura. As crianças que apresentam um

transtorno específico da leitura têm freqüentemente antecedentes de transtorno

emocional e de transtorno do comportamento durante a escolarização.

- Dislexia do desenvolvimento

- Leitura especular

- Retardo específico da leitura

Exclui:

- Alexia (R48.0)

- Dificuldades de leitura secundárias a transtornos emocionais (F93.)

- Dislexia SOE (R48.0)

Orton (apud IANHEZ; NICO, 2002, p.21)

É uma dificuldade que ocorre no processo de leitura, escrita, soletração e

ortografia. Não é uma doença, mas um distúrbio com uma série de

características. Torna-se evidente na época da alfabetização, embora os

sintomas já estejam presentes em fases anteriores. Apesar de instrução

convencional, adequada inteligência e oportunidade sociocultural e ausência

dos distúrbios cognitivos fundamentais, a criança falha no processo da

aquisição da linguagem. A dislexia independe de causas intelectuais,

emocionais e culturais. É hereditária e a maior incidência é em meninos na

proporção de três para um (ou seja, as cada três meninos que nascem com

dislexia, apenas uma menina nasce disléxica.)”

Myklebust (In: BERGAMO, 2005).

A dislexia é uma desordem de linguagem que impede a aquisição de sentido

por intermédio das palavras escritas, por causa de uma deficiência na

habilidade de simbolização. Pode ser endógena ou exógena, congênita ou

adquirida. As limitações na linguagem escrita são demonstradas por uma

45

discrepância entre a aquisição real e esperada. Essas limitações derivam de

disfunções cerebrais manifestadas por perturbações na cognição; não são

portanto atribuídas a impedimentos motores, sensoriais, intelectuais ou

emocionais, tampouco a ensino inadequado ou falta de oportunidade.

Ianhez e Nico (2002, p. 22)

A dislexia em si, ou dislexia de evolução, o objeto de nossos estudos e matéria,

é diferente da chamada da dislexia adquirida, ou afasia, como é conhecida.

Embora os sintomas sejam bastante semelhantes, a primeira é congênita e

hereditária, e a segunda, conseqüência de um traumatismo craniano, acidente

vascular, derrame etc.

Ianhez e Nico (2002, p. 23)

A terceira definição, utilizada usualmente nas pesquisas de neuroanatomia e

neuropsicologia e adotada pela ABD (Associação Brasileira de Dislexia), é a da

International Dyslexia Association, elaborada no Comitê de Abril de 1994, com

base nas anteriores.

A dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio

específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela

dificuldade em decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no

processo fonológico. Essas dificuldades na decodificação de palavras simples

não são esperadas em relação à idade. Apesar de instrução convencional,

adequada inteligência, oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios

cognitivos e sensoriais, a criança falha no processo da aquisição da linguagem,

com freqüência, incluídos aí os problemas de leitura, aquisição e capacidade de

escrever e soletrar. (IANHEZ & NICO, 2002, P. 23).

Davis (2004, p. 35-36)

Ao desmembrarmos a palavra, de imediato temos a primeira noção básica do

que vem a ser dislexia.

"DIS" = distúrbio, dificuldade

"LEXIA" = leitura (do latim) e/ou linguagem (do grego)

"DISLEXIA" = distúrbio de linguagem

Embora etimologicamente DISLEXIA seja traduzida do latim e do grego como

distúrbio de linguagem, esse termo foi adotado para denominar um distúrbio

específico da leitura e escrita. Isso não implica que, ao menor sinal de

dificuldade nessa área, possamos identificar um indivíduo como disléxico. São

várias as causas que podem intervir no processo de aquisição da linguagem,

por isso se torna tão importante um diagnóstico preciso, multidisciplinar e de

exclusão.

A palavra dislexia foi o primeiro termo genérico utilizado para designar vários

problemas de aprendizagem. Por essa razão podemos chamar a dislexia de “A

mãe dos transtornos de Aprendizagem”. Segundo o autor a dislexia não é resultado de uma lesão cerebral ou nervosa,

Também não é causada por uma má-formação do cérebro, do ouvido interno ou

do globo ocular. A dislexia é produto do pensamento e uma forma especial de

reagir ao sentimento de confusão.

Shaywitz, (2006, p.43)

(...) pelo fato de os cientistas hoje entenderem a natureza da dislexia poderiam

elaborar estratégias eficazes para ajudar as pessoas que sofrem com esse

distúrbio. A dislexia reflete um problema relacionado ao sistema de

processamento lingüístico no cérebro.

A dislexia é apenas um problema localizado.

Eames (1960); Gates (1974); Monroe

(1932), Apud: Johnson e Myklebust,

(1983).

Há muitas razões para a existência dos distúrbios da leitura entre as crianças,

incluindo retardo mental, deficiência sensorial, problemas emocionais, distúrbios

neurológicos e ensino inadequado. Nossa preocupação é com o grupo das

46

crianças que não conseguem ler devido a disfunções cerebrais.

Essa desordem tem sido designada pelos termos cegueira de palavras (Orton,

1937), dislexia do desenvolvimento (Critcley, 1964) e dislexia (Myklebust &

Johnson, 1962). Em todos os casos, essas denominações dizem respeito a

crianças com inteligência normal e sem nenhum distúrbio emocional

significativo, mas que não conseguem ler. (Ibid. 174).

Fonseca (1995, p. 329)

Dislexia evolutiva específica: Trata-se de uma desordem (dificuldade)

manifestada na aprendizagem da leitura, independentemente de instrução

convencional, adequada inteligência e oportunidade sócio-cultural. É, portanto,

dependente de funções cognitivas, que são de origem orgânica na maioria dos

casos.

Vallet (1990, p.1) (...) A dislexia é definida como um distúrbio grave de leitura devido a

imaturidade e a disfunção neuropsicológica.

Garcia (1998, p.173)

Define-se pela presença de um déficit no desenvolvimento e compreensão dos

textos escritos. Este transtorno não é devido nem à deficiência, nem a uma

inadequada ou escassa escolarização, nem a um déficit visual ou auditivo, nem

a um problema neurológico. Somente se classifica como tal se é produzida uma

alteração relevante do rendimento acadêmico ou da vida cotidiana.

Este transtorno é denominado como “dislexia” ou como transtorno do

desenvolvimento da leitura (STANOVICH, 1992, apud GARCÍA, 1998).

Manifesta-se uma leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de

palavras, com interrupções, correções, bloqueios. Produz-se uma afetação,

também, da compreensão leitora.

Estill (2006, p.1)

Dislexia é uma dificuldade específica no processamento da linguagem para

reconhecer, reproduzir, identificar, associar e ordenar os sons e as formas das

letras, organizando-os corretamente.

As pessoas com dislexia têm dificuldades de aprendizagem, porque tem

dificuldades específicas de linguagem, não por dificuldades emocionais, lógico-

operatórias ou sócio-culturais.

Dislexia Genética

dificuldades em discriminação auditiva,

seqüenciação auditiva e associação fonema-

grafema Bannantyne (1966, apud IANHEZ; NICO,

2002, p.37-40) Dislexia por disfunção

cerebral mínima

dificuldades visuespaciais, cinestésico-motoras,

táteis e de conceitos

Boder e Myklebust , 1971 (apud

IANHEZ; NICO, 2002)

1 - Dislexia disfonética – dificuldades de percepção auditiva na análise e

síntese de fonemas, dificuldades temporais, e nas percepções de sucessão

e da duração.

Exemplos:

.Trocas de fonemas (sons) e grafemas (letras diferentes):

Moto - modo.

. Dificuldades no reconhecimento e na leitura de logatomas (palavras que não

têm significado)

duepo, pebade

. Alterações na ordem das letras e sílabas:

azedo – adezo

. omissões e acréscimos:

escola – ecola

nem – neim . substituições de palavras por sinônimos ou trocas de palavras por outras

47

visualmente semelhantes (reconhece-as globalmente)

infâmia – infância

2 – Dislexia diseidética – dificuldade na percepção visual, na percepção

gestáltica, na análise e síntese de fonemas. Exemplos:

. leitura silábica, sem conseguir a síntese das palavras:

comigo – com-migo

. aglutinações e fragmentações de palavras: fazer isso – fazerisso

enquanto – em quanto . troca por equivalentes fonéticos:

vaca – faca pato - bato

. maior dificuldade para a leitura do que para a escrita

3 – Dislexia visual – deficiência na percepção visual; na coordenação

visuomotora (não visualiza cognitivamente o fonema):

m – n

a – e

q – b

4- Dislexia auditiva – deficiência na percepção auditiva, na memória auditiva

(não audiabiliza cognitivamente o fonema)

pato – bato

gato – cata

Myklebust, baseado nessa mesma classificação, ainda sugere:

5- Dislexia mista – que seria a combinação de mais de um tipo de dislexia.

Completando, organizamos, no Quadro 4, as classificações da dislexia,

segundo diferentes autores abaixo mencionados.

48

QUADRO 4 – Classificações de dislexia

AUTORES CLASSIFICAÇÃO

1. Dislexia por alterações no processo auditivo

central Quiros (1964) In: Capellini, (2005)

2. Dislexia visuoespacial

1. Dificuldade no processamento visual: dislexia

Visuoespacial Johnson e Myklebust, (1967) In:

Capellini, (2005) 2. Dificuldade no processamento auditivo: dislexia

Audiofônica

1. Dislexia Disfonética: dificuldade para relacionar

as letras com seus respectivos sons. Boder, (1973) In: Capellini, (2005)

2. Dislexia Diseidética: dificuldade para perceber

a palavra como um todo.

1. Dislexia tipo P: percentual. Bakker, (1979) In: Capellini, (2005)

2. Dislexia tipo L: lingüístico.

1. Dislexia subtipo auditivo-lingüístico Pirozollo, (1979) In: Capellini, (2005)

2. Dislexia subtipo visuoespacial

1. Dislexia Fonológica de Desenvolvimento Ellis, (1993) In: Capellini, (2005)

2. Dislexia Superficial de Desenvolvimento

Segundo Bossa (2000), por muito tempo responsabilizaram-se a

criança e a família pelos problemas escolares. Hoje culpa-se o professor. Vários

teóricos da Educação, ao defenderem a idéia de desmistificação das causas

externas do fracasso escolar, acabam por negar a complexidade do processo de

aprendizagem, o que desencoraja o professor a aprofundar seus conhecimentos

sobre a criança e as dificuldades escolares.

O que se deve propor é exatamente o contrário: fazer parceria com o

professor comprometido na busca de soluções dos problemas para que seu aluno

possa se desenvolver integralmente. Não é dar-lhe mais uma atribuição, mas ajudá-

lo a encontrar caminhos. A partir do momento em que ele conhecer os estágios por

que passam os alunos, aplicará diferentes metodologias de ensino e terá

consciência que a aprendizagem resulta de uma complexa atividade mental, na qual

49

estão envolvidos processos de pensamento, percepção, emoções, memórias,

motricidade, mediação etc... e o ato de ensinar ficará muito mais prazeroso.

O professor tem que saber que não está só, que há profissionais

especialistas para auxiliá-lo. Precisa somente fazer uma investigação rigorosa para

que possa mudar as rotas em seu percurso de educador e, paralelamente,

encaminhar seu aluno a um tratamento quando for necessário

O ideal é contar com psicopedagogos e psicólogos educacionais na

escola para auxiliar o docente na prevenção, na identificação e no acompanhamento

das dificuldades de aprendizagem apresentadas por algumas crianças. Além desses

especialistas, seria interessante contar ainda com a colaboração de um estudioso de

lingüística para que as dificuldades de leitura e escrita sejam corretamente

avaliadas, distinguindo-as entre problemas reais e as etapas de aquisição das

habilidades de ler e escrever.

Bossa (p. 70 2000) afirma que o psicopedagogo institucional trabalha

para que a escola não seja um problema, mas a solução.

É importante também destacar a importância da equipe escolar:

professores e especialistas, juntos, na procura de respostas para os problemas que

surgem no âmbito da instituição.

Como pudemos observar nos Quadros 2 e 3, são inúmeras as

denominações e definições das dificuldades de aprendizagem. Cabe aos

profissionais das áreas afins, que atuam com as questões relacionadas ao processo

ensino-aprendizagem, optar pela definição que seja mais adequada à sua formação

e atuação.

Passaremos, agora, a descrever a metodologia da pesquisa, com

objetivos mais restritos e de forma mais explicativa e menos abstrata.

50

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente estudo fundamentou-se em uma pesquisa exploratória qualitativa,

delineada como Estudo de Caso, com o objetivo de descrever a situação do

contexto em que está sendo feita determinada investigação.

1) Amostra:

Participaram do estudo 17 professores de Educação Infantil e Ensino

Fundamental de uma escola da Rede Particular de Ensino de uma cidade do Oeste

Paulista, sendo 15 (quinze) mulheres e 2 (dois) homens, todos na faixa etária de 24

a 59 anos.

2) Local da realização:

O estudo foi realizado em uma escola da rede particular de ensino do Oeste

Paulista.

3) Procedimentos de Coleta e Análise de Dados:

Foram obedecidas as seguintes etapas:

1- Solicitação de autorização da Direção Escolar para realizar a pesquisa

(Apêndice A).

2- Elaboração do Termo de Livre Consentimento para os professores

(Apêndice B).

3- Realização do levantamento bibliográfico sobre o tema em pauta.

4- Elaboração de um questionário contendo questões semi-estruturadas,

posteriormente aplicado aos professores (Apêndice C).

5- Análise dos dados coletados de forma qualitativa e quantitativa segundo a

literatura que norteou esta pesquisa.

Mediante a apresentação acima, descreveremos, a seguir, os resultados e

discussões acerca do tema.

51

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Seguem-se a apresentação dos dados relativos à amostra,

inicialmente, e, em seguida, as respostas do questionário aplicado aos professores.

QUADRO 5 – Identificação da amostra

Questões Idade Sexo Formação Local Ano de

Form

Escola

(atua) Tempo Série Tempo Disciplinas

Trab. em

out. esc.

Cursa –

Pós Motivo

Cursos

de

Atualiz

Quais?

1 ___ F Pedag Unesp 1973 Col

Part

16

anos 3ª e 4ª

16

anos Mat Não Não ____ ___ ___

2 46 F Pedag Unoeste 2000 Col

Part

16

anos 2ª/3ª/4ª

16

anos Port Não Não ____ Sim

Oferecidos pelo

colégio

3 24 F Pedag Unesp 2003 Col

Part 2 anos 2ª/3ª/4ª 2 anos Inglês

Sim -

Rede

particular

Não Falta de

tempo Sim

Oferecidos pela

Unesp e colégio

onde trabalha

4 44 F Química São Paulo 1986 Col

Part 4 anos 8ª

16

anos Química Não Não

Trabalha

muito Sim

Novas

metodologias

5 34 F Letras Unoeste 1997 Col

Part 6 anos 5ª à 8ª 6 anos

Língua

Inglesa

Sim -

Rede

particular

Concluiu

mestrado ___ Sim

Jornadas

Congressos

Palestras

6 44 F Enferm

Letras Unoeste 1982/1990

Col

Part

20

anos 8ª

20

anos

Língua

Inglesa

Sim

Curso de

pós

Sim Ampliar

conhecimento Sim

Literatura

Psicopd e áreas

afins

7 46 F Pedag

Artes

N. S.

Medianeira

Unoeste

1983 Col

Part 9 anos Inf à 5ª 7 anos

Artes e

Música Não Não ___ Sim

Congressos

Palestras

8 48 F Pedag Unoeste 2000 Col

Part

19

anos Inf à 4ª

18

anos Polivalente Não Não ___ Sim Faz todos

9 54 F Pedag Unoeste 1996 Col

Part

15

anos 1ª

15

anos Polivalente Não Não

Falta de

tempo Sim

SIEEESP e

colégio

10 28 M Filosof USC

Bauru 2000

Col

Part 5 anos 5ª a 8ª 5 anos

Filosof

Hist Sim

Estadual Sim ___ Sim

Palestras

Congressos

11 41 M Ed. Física Unoeste 1987 Col

Part

18

anos 1ª/8ª

18

anos Ed. Física Não Não

Total

dedicação ao

trabalho

Não ___

12 46 F

Farmácia

Ciências

Mat /

Química

Unoeste 1985 Col

Part

18

anos 1ª/8ª

18

anos

Ciência /

Mat/

Química

Sim

Estadual Sim

Enriquecer o

trabalho Sim

Voltados para

área de atuação

13 ___ F Pedag Unoeste 1984 Col

Part

14

anos 1ª a 8ª 5 anos

Filosof

Hist

Geog

Não Não ___ Sim SIEEESP e

colégio

14 30 F Magist

Letras Unoeste 1997

Col

Part

12

anos Inf à 2ª 4 anos Polivalente Não Não Tempo Sim

Sindicato e

colégio

15 39 F Magist

Pedag

IE

Unoeste 1986

Col

Part

12

anos

Inf à

3ª 5 anos Polivalente Não Não Já concluiu Sim

Sindicato e

colégio

16 48 F Magist IE 1980 Col

Part

12

anos Inf I

12

anos Polivalente Não Não ___ Sim

Sindicato e

colégio

17 59 F Superior

Pedag P. Pte 1976

Estadual

e Part

22

anos

Ed. Inf

e Ens.

Fund

12

anos Inglês

Sim

Est Não

Problema de

saúde Sim

Oferecidos pelo

Colégio Objetivo

52

Questionários

Foram entregues 28 questionários dos quais 17 foram respondidos, 15

(88,24%) por professoras, e 2 (11,76%), por professores.

O Quadro 6, abaixo, apresenta a formação dos professores que

participaram da pesquisa.

QUADRO 6 – Formação Profissional do Corpo Docente

Ensino Médio Magistério.......................................... 3

Graduação

Pedagogia ......................................... 9

Química ............................................. 1

Letras................................................. 3

Artes .................................................. 1

Enfermagem...................................... 1

Filosofia ............................................. 1

Ed. Física........................................... 1

Farmácia............................................ 1

Ciências............................................. 1

Matemática ........................................ 1

Pós - Graduação Psicopedagogia ................................. 1

História e Filosofia da Ciência ........... 1

“Stricto Sensu” Mestrado............................................ 1

De todos os profissionais, somente uma professora não tem formação

superior, correspondendo a 5,88% dos entrevistados.

A maioria é graduada em Pedagogia (52,94%), vindo em segundo lugar os

formados em Letras (17,65%) e os restantes apresentam graduação em cursos

diversos.

O índice de profissionais especialistas é de somente 17,65% e apenas

um deles (5,88%) tem pós-graduação “Stricto Sensu”.

53

Pedagogia52,94%

Profissionais especialistas

17,65%

Stricto Sensu5,88%

Outros cursos5,88%

Português 5,88%

GRÁFICO 1 – Formação Docente

Obtiveram formação na cidade de Presidente Prudente 82,35% dos

professores, e 17,65% graduaram-se em São Paulo, capital, e na cidade de Bauru

(SP), todos, portanto, no Estado de São Paulo.

Em relação ao ano de formação o período variou entre 1973 e 2000, o

que faz com que o grupo seja composto tanto por professores com 34 anos de

formação bem como por outros com apenas 7 anos de atuação profissional.

Quanto aos níveis em que atuam, 6 (35,29%) estão na Educação

Infantil; 9 (52,94%) trabalham com classes da primeira à quarta série e o mesmo

número (52,94%), com as de quinta a oitava. Nota-se que há professores que atuam

tanto na Educação Infantil como no Ensino Fundamental.

Esses dados estão demonstrados no Gráfico 2 abaixo.

54

Ed. Infantil23,53%

Ens. Fund.58,82%

Ed. Inf./Ens.

Fund.17,65%

GRÁFICO 2 – Atuação dos Docentes

Temos, portanto, 58,82% dos entrevistados atuando apenas no Ensino

Fundamental enquanto 23,53% dedicam-se à Educação Infantil e o restante,

17,65%, trabalham nos dois níveis de ensino.

As disciplinas ministradas pelos entrevistados apresentam-se na

proporção conforme se observa no Gráfico 3 abaixo.

55

Matemática 11,76%

Inglês 11,76%

Química 11,76%

Artes e Música 5,88%

Polivalente 29,41%

Filosofia e História 11,76%

Ed. Física 5,88%

Ciências 5,88%

Geografia5,88%

Português 5,88%

GRÁFICO 3 – Disciplinas ministradas

16 anos11,76%

2 anos5,88%

4 anos5,88%

6 anos5,88%

20 anos5,88%

9 anos5,88%

19 anos5,88%15 anos

5,88%

5 anos5,88%

18 anos11,76%

14 anos5,88%

12 anos17,65%

22 anos5,88%

GRÁFICO 4 – Tempo de atuação dos professores

56

Em relação ao tempo de atuação na instituição onde se realizou a

pesquisa, temos profissionais com, no máximo, 22 anos de trabalho e, no mínimo, 2.

Verifica-se, portanto, que é uma escola que acredita na experiência

construída, em trabalho de equipe, mas que, ao mesmo tempo, está aberta para dar

oportunidade a novos profissionais.

O Gráfico 5 representa os locais em que os professores desenvolvem

seu trabalho profissional.

Rede particular11,76%

Pós graduação

5,88%

Estadual17,65%

somente na instituição64,71%

GRÁFICO 5 – Rede de atuação profissional

De acordo com os dados, 11 professores (64,71%) trabalham apenas

no colégio em que foi realizada a pesquisa e, dos demais (35,29%), dois prestam

serviço em outras escolas particulares, um, em curso de pós-graduação e três na

rede estadual de educação.

No que se refere aos estudos de Pós-Graduação, a porcentagem é a

seguinte:

57

Não cursam76,47%

Cursam17,65%

Já concluiram

5,88%

GRÁFICO 6 – Professores que cursam Pós-Graduação.

Como se pode observar, a maioria (76,47%) dos professores não

cursam Pós-Graduação, ou seja, 13 dos 17 entrevistados.

Entre os motivos que justificam a pouca procura pela continuação de

estudos foram 5 apontaram falta de tempo e 1, problemas de saúde; 7 não

responderam essa questão.

Quanto a cursos de atualização, 15 dos entrevistados afirmaram sua

participação totalizando 88,24%; dos restantes, um (5,88%) não respondeu e o outro

(5,88%) declara que não se mantém atualizado.

É competência do professor, segundo Perrenoud (2000), administrar

sua própria formação contínua (Quadro sobre os Domínios de Competência). Os

cursos oferecidos pela escola, portanto, são importantes, porém não são suficientes

para melhorar a competência do profissional.

Os cursos que freqüentaram foram oferecidos pelo Colégio e pelo

Sindicato (SIEEESP), totalizando 47,06%. Dos entrevistados, 41,18% procuram se

atualizar participando de congressos e palestras, e 11,76% não responderam esse

item.

58

4.2 Questões Descritivas

QUADRO 7– Respostas dos Professores em relação às questões

Questões

Estudos sobre as

dificuldades

de aprendizagem

Dificuldade, Problema e Distúrbio (Profissionais

para cada área)

Dificuldades dos alunos

(sala de aula)

Conceito Dislexia

Tipos de Dislexia

Sintomas da Dislexia

Disléxicos em sala de

aula

Currículo e um método

de ensino

É importante projeto

pedagógico

para atender disléxicos?

Diagnóstico da Dislexia

1 Sim. Debates

pesquisa e

palestras

Dific. manusear memória,

decorar organização.

Problema – conduta

timidez

Dist – afetivos depressão

Drogas

Falta de

concentração,

lentidão na

leitura

raciocínio

lento

Dificuldade de

aprendizagem

da Linguagem:

em leitura,

soletração,

escrita

Evolução

congênita e

hereditária.

Dislexia

Adquirida

Dificuldades

com a

ortografia e

linguagem

escrita

Não

confirmados

Sem resposta

(não sei)

É fundamental

o

conhecimento

sobre a

dislexia e

procurar

orientação de

profissionais

Encaminhar

para equipe

multidisciplinar

2 Sim. Através de

cursos e

palestras

Difc- depende mais do Prof. e necessidade mais tempo para

executar tarefas.

Prob- causas do meio em

que vive.

Dist – não consegue se

concentrar por motivo de

saúde, como

hiperativismo

Falta de

concentração

e lentidão

Distúrbio de

aprendizagem

na área da

leitura, escrita

e soletração

Dislexia de

evolução e

adquirida

Dificuldades

com a

linguagem

escrita, com a

ortografia e

lentidão

Não Sem resposta

(não há)

Sim, se

houvesse

disléxico na

sala

Identificar os

sintomas.

Procurar ajuda

especializada

3 Muito pouco

(auto-estudo)

Difc – algo passageiro

Probl – possui causas

externas.

Dist causas internas

Dif - com professor e os

outros com especialistas

Desatenção

lentidão

relacionadas

à leitura e

escrita

Um distúrbio

de

aprendizagem

na área da

leitura, escrita,

soletração

Dislexia de

desenvolvi-

mento

Dislexia

adquirida

Desatenção,

dispersão

dificuldade na

leitura, troca

de letras

dificuldade na

2ª língua

Não Buscaria

orientações

Sim.

Procuraria

orientação

profissional

Encaminhar

para equipe

multidisciplinar

4 Não

Dif – não consegue

assimilar conteúdo.

Probl – questões do

cotidiano envolvendo a

aprendiz.

Distúrbio – doença

Interpretação

e assimilação

Doença

neurológica

com déficit de

atenção

Falha de leitura

/ devido

conexões

cerebrais

Assimilar

conteúdo /

dificuldades

na leitura

Depende da

série sim Não

Sim. Cursos

de atualização

Quando o

aluno passa a

não se

concentrar

5 Não

Dif – objeção

Probl – aquilo que é

difícil de resolver

Distúrbio – desajuste

(não sei)

Déficit de

atenção

hiperatividade

Dificuldade

para ler e

escrever

Não conheço

Atraso em

relação aos

demais

desinteresse

falta de

atenção

Não sei Não há

Sim,

principalmente

nas séries

iniciais.

Por um

psicólogo

pedagogo

equipe

multidisciplinar

59

Questões

Estudos sobre as

dificuldades

de aprendizagem

Dificuldade, Problema e

Distúrbio (Profissionais

para cada área)

Dificuldades

dos alunos

(sala de aula)

Conceito Dislexia

Tipos de Dislexia

Sintomas da Dislexia

Disléxicos

em sala de

aula

Currículo e

um método

de ensino

É importante projeto

pedagógico

para atender disléxicos?

Diagnóstico da Dislexia

6 Sim. Faço

psicopedagogia

Usa-se transtorno,

quando há implicação de

desordem orgânica e

dificuldade ou problema

quando envolvem outras

ordens: momento

emocional

Troca de

letras /

explanação

de idéias

cálculos

errados

inadequação

de idéias.

Distúrbio

específicos de

linguagem

Disgrafia

Discalculia

Déficit de

atenção

Hiperatividade

Hipoatividade

Dificuldades

em leitura e

escrita

disgrafia,

discalculia

dificuldade na

2ª língua.

Sim

Não há

atendimento

fora da escola

Sim. Promover

a inclusão no

ambiente

educativo

Encaminhar

para médicos

fonoaudiológos

7 Sim

Dific – passageira

Distúrbio causa externa

Problema – pode não ter

solução

Orientação

espacial,

coordenação

motora fina,

organização e

déficit de

concentração

Dificuldade na

aprendizagem

da leitura e

escrita

Não sei (dislalia

disfonia)

Troca de

letras na

escrita e na

fala

Trabalho

com muitas

salas

Não trabalho

com

alfabetização

sou

compreensiva

na correção

Tem que ser

acompanhada

por um

psicopedagogo

Deve ser feito

apenas por um

profissional

8 Sim

Difícul – não consegue

entender (neurologia)

Dist – perturbação de

origem orgânica ou social

(psicóloga)

Problema (algo de

solução difícil

(psicopedagoga)

Déficit de

concentração

Distúrbio de

aprendiz –

dificuldade na

leitura e

escrita

Não sei

Dificuldade

em escrever

dificuldade na

matemática

Não Não

Com certeza

através de

cursos, leituras

Não sei. Para

um profissional

especializado

9 Sim, de uma

forma

superficial

Difc – algo passageiro

(ajuda professor)

Probl – (algo mais sério

(psicóloga)

Distúrbio (algo mais

grave (psicólogo e

neurologista

Falta de

concentração

/ lentidão,

troca de letras

/

hiperatividade

Distúrbio de

aprendizagem

relacionado à

aquisição da

leitura e

escrita

Dislexia

disfonética

Troca de

letras /

demora na

aquisição da

leitura e da

escrita

Não

diagnostiquei

nenhum

Procura

recursos

variados

Sim. Necessita

conhecer mais

o assunto

Avaliação com

um psicólogo

(encaminha

para os pais)

10 Sim. Através de

cursos

Dificul – todos podem ter.

Distúrbio – patológico

Capacidade

de

concentração

e de ouvir o

outro

Problema de

aprendizagem

que manifesta

mais na área

da escrita

____

Troca de

letras /

memorização

falta de

estímulo para

leitura

Não

Há uma

psicopedagoga

na escola

Sim, mas não

há ; o prof. dá

todas as dicas

Centro

Brasileiro de

Dislexia

11 Não

Dificul – um obstáculo

Problema – algo a ser

solucionado

Dist – uma perturbação

Atraso motor

(Ed. Física)

Distúrbio que

provoca uma

série de

dificuldade de

aprendizagem

Não conheço ____

1 aluno

numa turma

de 35

Não

Sim. Através

de cursos e

palestras

Não faço idéia

60

Questões

Estudos sobre as

dificuldades

de aprendizagem

Dificuldade, Problema e

Distúrbio (Profissionais

para cada área)

Dificuldades

dos alunos

(sala de aula)

Conceito Dislexia

Tipos de Dislexia

Sintomas da Dislexia

Disléxicos

em sala de

aula

Currículo e

um método

de ensino

É importante projeto

pedagógico

para atender disléxicos?

Diagnóstico da Dislexia

12 Sim

Dif – são crianças que

tem condições para um

bom aprendizado

(psicopedagogo)

Dist – processo que

impede a evolução

adequada da criança

(psicólogo/neuro/fono/psi

copedagogo

___

Dificuldade à

aquisição e ao

desenvolvi-

mento da

leitura

área da

discriminação

auditiva; falha

na

discriminação

visual

associação das

duas

Leitura lenta

trabalhosa,

palavra por

palavra falha

na

compreensão.

Não Não

Sim. Ser mais

tolerante

diante de suas

dificuldades;

dar mais

oportunidade

(citou 21

sugestões de

trabalhos)

Equipe

multidisciplinar

13 Sim. Vários

cursos

Dif – obstáculo

Probl – qualquer questão

que dá margem a

hesitação/confusão

afetiva.

Dist – perturbação

Prof. Psicólogo /

psicopedagogos

psicomotricistas

Problemas

familiares e

problema na

aprendizagem

Dislexia é um

dos distúrbios

da

aprendizagem

/ distúrbio esp.

da linguagem

Dislexia de

evolução

congênita e

hereditária e

adquirida

Ok – todos os

sintomas da

Literatura

Não Não há

Sim,

trabalhando

junto com

profissionais

especializados

Com

profissionais

especializados

14 Não

Dif – obstáculos

Probl – qualquer situação

dá origem a hesitação

Dist – perturbação

Professores . psicólogos

psicopedagogos

Imaturidade,

problema

familiares e

emocionais.

Dislexia é um

dos muitos

distúrbios da

aprendizagem

Dislexia de

evolução

congênita e

hereditária e

adquirida

Ok sintomas

da Literatura Não Não

Sim, mas seria

importante

com a parceria

de

profissionais

especializados

Com

profissionais

especializados

15 Sim

Dif – quando a criança

não consegue realizar

algo

Probl – motivo mais sério

Dist – uma dificuldade

que a criança tem em

resolver/ congênito.

não sabe os

profissionais.

Falta de

atenção /

distração /

ansiedade /

falta de

paciência

Dificuldade

que a criança

tem em

reproduzir

para o papel o

que ela pensa

ou lê

Não sabe Não sabe Não tem

disléxico

Não. A

conduta é com

os

orientadores

da escola. Em

21 anos nunca

teve um

disléxico

Sim

Não tenho

formação para

diagnosticar

16 Não

Dif – tropeço obst – Probl –

situação mais séria

Distúrbio – intercorrências que

porventura apareçam

Prof. psicop / psico /

juntamente com a família

Imaturidade

problemas

familiares

É um distúrbio

de

aprendizado

que impede a

capacitação

da escrita e

leitura

Hereditária e

conseqüencial Ok (sabe)

Não (2 e 3

anos) Não

Sim, com a

orientação de

profissionais

especializados

Com avaliação

psicopedágica

e psicológica

61

Questões

Estudos sobre as

dificuldades

de aprendizagem

Dificuldade, Problema e

Distúrbio (Profissionais

para cada área)

Dificuldades

dos alunos

(sala de aula)

Conceito Dislexia

Tipos de Dislexia

Sintomas da Dislexia

Disléxicos

em sala de

aula

Currículo e

um método

de ensino

É importante projeto

pedagógico

para atender disléxicos?

Diagnóstico da Dislexia

17 Não apresenta (confuso, mas responde)

Não tem

nenhuma

criança com

dificuldade de

aprendizagem

É uma das

mais comuns

deficiências de

aprendizado

Só o que

apresenta

problemas em

aprender ler,

escrever e

soletrar

Não sabe

responder Nenhum

Não tem

conhecimento

Sim, com

palestras e

seminários

Não tem

conhecimento

do assunto

Analisando as questões descritivas verificamos que o interesse em

aprofundar os conhecimentos sobre as dificuldades de aprendizagem e em especial

a dislexia (questão 1), foi confirmado com 64,71% de respostas afirmativas, contra

35,29% dos entrevistados que afirmaram não realizar estudos sobre o tema.

Considerando que entre 5 e 10% da população apresentam esse

distúrbio (dislexia), a porcentagem dos profissionais que não buscam o

conhecimento é muito alta.

No quadro apresentado sobre Domínios de Competência (Perrenoud,

2000) o autor destaca que uma delas é organizar e dirigir situações de

aprendizagem. Para que isso ocorra, é necessário trabalhar a partir das

representações dos alunos e, principalmente, considerar os obstáculos que

impedem a aprendizagem. Neste caso, os professores pesquisados, em sua maioria,

parecem carecer dessa competência.

Ainda, segundo o autor, é também competência do professor envolver

os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho. Assim sendo, o docente precisa

utilizar uma metodologia que favoreça o aprendizado da criança, ou seja, atuar como

um mediador do conhecimento.

No que concerne ao entendimento das diferenças entre dificuldades,

problemas e distúrbios e sobre os profissionais que devem atuar em cada um dos

problemas, questão 2, as repostas revelaram os conceitos de diferentes autores,

apresentados anteriormente no quadro “Denominações e definições dos problemas

de aprendizagem”. Com base nos conceitos elaborados pelos estudiosos,

consideramos que existe uma dificuldade quando, pensando na sala de aula, é

possível a recuperação com o emprego de métodos e estratégias apropriados,. O

distúrbio, bem próximo do conceito de dificuldade, é uma alteração da ordem

62

natural do processo de aprendizagem, ou seja, uma anormalidade patológica. O

problema, por sua vez, é o aspecto mais específico na diversidade das dificuldades,

enquanto que, para o transtorno, usamos o conceito do DSM – “IV: Transtornos de

aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do indivíduo em testes

padronizados não são esperados para sua faixa etária, escolaridade e nível de

inteligência. Quanto aos transtornos mentais e de comportamentos, seguimos a

descrição do CID 10 o qual sugere a existência de um conjunto de sintomas ou

comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a

sofrimento e interferência com funções pessoais.

Podemos concluir, assim, que as respostas dos entrevistados

referentes a conceitos aproximam-se da teoria, porém não fica claro, para eles,

quais profissionais (psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos) devem atuar em

cada um dos casos. Suas respostas a esse item denotam falta de clareza e de

esclarecimentos.

O ideal seria que todos os professores se sentissem responsáveis e

indispensáveis no processo de recuperação da criança que apresenta um problema

de aprendizagem

Quanto ao conceito de dislexia, questão 4, a maioria dos professores a

define de acordo com seus conhecimentos, mas sem muito embasamento teórico.

Percebemos que 82,35% consideram a dislexia um distúrbio da leitura

e da escrita, totalizando 14 dos entrevistados. Dois professores (11,76%)

apresentaram uma resposta muito abrangente afirmando ser uma das mais comuns

deficiências da aprendizagem. Um entrevistado (5,88%) não respondeu a questão.

Em relação às dificuldades dos alunos em sala de aula, questão 3,

podemos observar as respostas no Gráfico 7 abaixo:

63

Hiperatividade 11,76%

Troca de letras11,76%

Lentidão no raciocínio 29,41%

Falta de concentração 47,05%

Problemas na aprendizagem

5,88%

Problemas familiares 17,64%

Falta de orientação espacial e coordenação

motora fina11,76%

Falta de interpretação 5,88%

Lentidão na leitura 11,76%

Problemas emocionais17,64%

Não respondeu à questão 5,88%

Nenhuma criança com dificuldade de aprendizagem

5,88%

GRÁFICO 7 – O que pensam os professores sobre problemas de aprendizagem

Tendo em vista que os entrevistados apresentaram mais de uma

característica das dificuldades de aprendizagem, as porcentagens indicam quantas

vezes elas foram citadas. Como se vê, a falta de concentração aparece como

problema predominante, mas não há a compreensão de que é preciso investigar as

causas desse comportamento, em busca de um diagnóstico efetivo para as crianças

que o apresentam.

Sobre a classificação da dislexia, questão 5, apenas 35,29% das

respostas estão corretas, para 35,29% delas que citam apenas uma das

classificações e outros 29,41% que não souberam responder.

Destacamos aqui que a maioria dos entrevistados tem algum

conhecimento sobre os tipos de dislexia, mas de forma muito fragmentada, não

conseguindo perceber o todo, para melhor atuar.

A lei nº 12.524/07, citado neste trabalho, não somente prevê a

identificação e o tratamento da Dislexia como também a capacitação permanente

64

dos educadores para que tenham condições de identificar os sinais de dislexia e de

outros distúrbios.

Percebe-se, desta forma, que há um movimento para que os

profissionais possam, de fato, olhar seus alunos não mais de forma fragmentada,

quando estes apresentam alguma dificuldade.

Quanto aos sintomas da dislexia, questão 6, as respostas estão no

Gráfico 8.

Não souberam responder23,53%

Praticamente todos os sintomas são

conhecidos11,76%

Citação de apenas alguns dos sintomas64,71%

GRÁFICO 8 - Freqüência de respostas sobre os sintomas da Dislexia

Como mostra o gráfico, apenas 11,76% dos professores entrevistados

apresentam conhecimento sobre os sintomas mais recorrentes da dislexia, como

dificuldades ortográficas e de leitura, trocas e omissões de letras, falta de

concentração etc. A grande maioria deles (64,71%) cita apenas alguns dos

sintomas.

Acreditamos que através da formação contínua, com o

aprofundamento dos conhecimentos teóricos sobre a dislexia e suas comorbidades,

ficará mais fácil para o professor perceber, de uma forma global e não fragmentada,

o que está comprometendo a aprendizagem dos alunos.

A A.B.D (Associação Brasileira de Dislexia) tem realizado um trabalho

junto aos profissionais de todo o Brasil para que os sintomas da dislexia sejam

divulgados e interpretados através de seminários, cursos e pela internet.

65

A questão 7 indagava sobre a existência de alunos disléxicos nas salas

de aulas dos professores. O gráfico abaixo registra as repostas:

Não76,47%

Sim17,65%

Não sabe se tem

5,88%

GRÁFICO 9 – Freqüência de alunos disléxicos

Os entrevistados mostraram-se inseguros para responder essa

questão e somente 3 deles (17,65%) afirmaram ter alunos disléxicos em suas

classes.

Tendo em vista os resultados de pesquisas científicas que apontam

15% da população como portadores de dislexia, observa-se que os professores

ainda não estão preparados para um trabalho que considere e inclua o diferente.

Enquanto analisamos uma obra tão completa como a de Shaywitz

(2006), mostrando-nos o funcionamento interno do cérebro, sabendo-se exatamente

onde e como a dislexia se manifesta , deparamos-nos com um índice tão alto de

porcentagem de professores que afirmam nunca terem trabalhado com alunos com

este distúrbio.

Quanto à Questão 8, entre os entrevistados, 1 (5.88%) desconhece se

há um currículo ou método de ensino para trabalhar com alunos disléxicos; 82,35%

afirmam que não e 11,76% procuram orientações dos profissionais e recursos

variados.

66

Na resposta à Questão 9, os professores foram unânimes (100%) em

afirmar a importância de um projeto pedagógico para atender os disléxicos.

O Gráfico 10 representa o conhecimento que os profissionais possuem

sobre como é feito o diagnóstico da dislexia, questão 10:

Deve ser feita por apenas 1 profissional

5,88%

Encaminhamento para equipe

multidisciplinar 35,29%

Não sabe 17,64%

Centro Brasileiro de

Dislexia5,88%

Ficou na dúvida 5,88%

Ajuda especializada

29,41%

GRÁFICO 10 – Encaminhamento dos alunos disléxicos

Somando os que acreditam que os alunos disléxicos devem ser

encaminhados para uma equipe multidisciplinar e para a Associação Brasileira de

Dislexia (ABD) e ter ajuda especializada, chega-se a 70,59% dos entrevistados.

Essa porcentagem representa um número significativo de profissionais que vêem

com clareza a importância de o diagnóstico ser realizado por especialistas sem,

contudo, poder afirmar exatamente por quem.

O diagnóstico de dislexia é de exclusão, conforme já se afirmou

anteriormente, e deve ser realizado por uma equipe de profissionais cujos membros

devem trocar informações entre si para confirmar o resultado.

67

4.3 Falso ou Verdadeiro

QUADRO 8 - Falso ou Verdadeiro

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Ensino inadequado

causa dislexia. --- F F F F F F F F F F F V V F V F

A dislexia pode ser

curada. V V V V V F F F F F F F V V V V V

Existem remédios

para dislexia. F --- V V V --- F V F V V F F F F F F

O disléxico pode

receber ajuda

diferenciada do

professor inclusive

na avaliação

V V V V V V V V V V F V V V V V F

Cabe aos pais

fazer o

intercâmbio entre

os acontecimentos

em casa, escola e

profissional.

V V V V V V V V V V V V V V V V V

Existem leis a

serem seguidas

em defesa aos

disléxicos.

V --- F V V V V V F V F V V V F V V

Dificuldade de ler

soletrar e escrever

é dislexia.

F --- F F V F F F F F F F F F F F V

Uma dieta especial

pode ajudar nos

casos de dislexia.

--- --- F F F F F F F --- F F F F F F F

As crianças

disléxicas não

aprendem

matemática.

F F F F F F F F F F V F F F F F F

Na alfabetização

as características

se tornam mais

evidentes.

V V V V V V V V V V F --- V V V V V

68

Para essas questões, obtivemos as seguintes porcentagens:

- Ensino inadequado causa dislexia

Não sabe (1)5,88%

Falsa (13)76,47%

Verdadeira (3)17,65%

GRÁFICO 11- Dislexia x ensino inadequado

Os entrevistados demonstram conhecer que a dislexia é de fato

congênita e hereditária.

A dislexia pode ser curada

Falsa (7)41,18%

Verdadeira (10)58,82%

GRÁFICO 12 - A dislexia pode ser curada

69

Diferentemente da questão anterior, aqui os professores não

apresentam conhecimento suficiente. Embora não se considere a possibilidade de

cura para a dislexia, muito pode ser feito para auxiliar seu portador. Com apoio e

ensino adequados, muitas das dificuldades podem ser contornadas e outras se

tornarem menores, embora não desapareçam totalmente.

- Existem remédios para Dislexia

Não sabe (2)11,76%

Falsa (9)52,94%

Verdadeira (6)35,29%

GRÁFICO 13 – Remédios par dislexia existem?

Um pouco mais da metade dos entrevistados sabe que para o

tratamento da dislexia não existe remédio. Os demais professores, porém, podem

não saber é que, às vezes, o disléxico apresenta também um TDAH (Transtorno do

Déficit de Atenção e Hiperatividade) e aí, sim, ele é medicado.

70

Pode receber ajuda diferenciada do professor inclusive na avaliação

Falsa (2)11,76%

Verdadeira (15)88,24%

GRÁFICO 14 - Pode receber ajuda diferenciada do professor inclusive na avaliação?

A resposta é verdadeira. Os disléxicos podem e devem receber ajuda de seus

professores, inclusive nas avaliações:

concedendo um tempo maior para as avaliações;

lendo a avaliação para o aluno;

aceitando avaliação oral;

permitindo que tire suas dúvidas sobre a grafia das palavras.

- Cabe aos pais fazer o intercâmbio entre os acontecimentos em casa,

escola e profissional

Nesta questão os professores foram unânimes. Todos concordam que aos pais cabe

estabelecer uma relação de troca, intercambiando informações com a escola e com

os profissionais indicados.

71

- Existem leis a serem seguidas em defesa aos disléxicos

Não sabe (1)5,88% Falsa (4)

23,53%

Verdadeira (12)70,59%

GRÁFICO 15 – Existem leis a serem seguidas em defesa dos disléxicos?

Mais uma vez a maioria dos entrevistados acerta. Existe até uma lei

específica para a dislexia, aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado de São

Paulo, sob o nº. 12.524/07, em 02 de janeiro de 2007, que dispõe sobre a criação

do Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial

de Educação.

- Dificuldade de ler, soletrar e escrever é dislexia

72

Não sabe (1)5,88%

Falsa (14)82,35%

Verdadeira (2)11,76%

GRÁFICO 16 – Dificuldade de ler, soletrar e escrever é dislexia?

Realmente é impossível diagnosticar a dislexia tendo como base

apenas esses sintomas. É preciso avaliar cada caso globalmente com uma equipe

multidisciplinar. As dificuldades citadas são apenas algumas das características.

- Uma dieta especial pode ajudar nos casos de dislexia

Falsa (14)82,35%

Verdadeira (3)17,65%

Gráfico 17 - Uma dieta especial pode ajudar nos casos de dislexia

73

Grande maioria dos entrevistados acertadamente não estabelece

relação entre o distúrbio e a alimentação. O que pode ocorrer é o disléxico

apresentar alguns sinais de sensibilidade a certos alimentos, como os derivados do

leite. Nesses casos, uma dieta especial pode aliviar esses sintomas.

As crianças disléxicas não aprendem a Matemática

Falsa (16)94,12%

Verdadeira (1)5,88%

GRÁFICO 18 - As crianças disléxicas não aprendem a Matemática?

Quase a totalidade dos professores entrevistados sabe que os

indivíduos disléxicos possuem, no mínimo, inteligência média e, portanto, são

totalmente capazes de aprender os conceitos matemáticos e aritméticos.

Na ocasião da alfabetização, a dislexia torna-se mais aparente

74

Não sabe (1)5,88%

Falsa (1)5,88%

Verdadeira (15)88,24%

GRÁFICO 19 - Na ocasião da alfabetização, a dislexia torna-se mais aparente?

Nesta questão o conhecimento dos professores sobre a dislexia está

correto. Em geral, na ocasião da alfabetização, ficam mais evidentes as

características das crianças que têm dificuldades em aprender a ler, escrever e

soletrar.

É na alfabetização cujo conteúdo principal é o aprender a ler e a

escrever que os professores percebem as crianças que não conseguem discriminar

as letras, fazem trocas fonológicas e omitem letras. Nas séries mais avançadas, em

que os conteúdos aumentam o foco de atenção, o problema nem sempre se atém

aos aspectos lingüísticos e sim nos saberes escolares das diferentes áreas do

conhecimento.

A análise das respostas dos professores entrevistados e os

comentários subseqüentes a cada gráfico foram fundamentados nos estudos de

Ianhez e Nico, citados anteriormente, e revelaram o conhecimento que os docentes

têm sobre a dislexia.

75

4.4 Atualização Profissional

QUADRO 9 – Atualização Profissional

Você se considera

atualizado(a)

Você tem

acesso à

Internet?

Dificuldades e facilidades para

manter-se atualizado Sugestões

1

Não. Falta

conhecimento. Estudos

e palestas

Não

Dific = tempo e necessidade

momentânea (não tem alunos

disléxicos)

2

Sim. Participa de cursos

/ troca de idéias com

outros profissionais

Sim

Dific = falta de tempo

Facil = cursos ministrados pelo

sindicato

3 Sim. Participa de cursos

e realiza leituras Sim

Dific = tempo

Facil = cursos oferecidos pelo

sindicato e leitura

4 Sim. Lendo revistas,

jornais e pesquisas Sim

Dific = tempo

Facil = meios de comunicação

5 Sim. Atulização

constante Sim

Dific = falta de tempo

Facil = número de cursos oferecidos

6 Sim através de estudos

científicos Sim

Dific = tempo / procura preencher

com leitura

Seria interessante

que houvesse

maior divulgação e

publicação de

cartilhas práticas

7 Sim. Através de cursos,

leitura Sim

Dific = Preço dos cursos/livros e

congressos

8 Sim. Através de cursos,

leitura Sim

Dific = tempo

Facil = debates/ cursos internet

9 Sim. Precisa estudar

mais Sim

Dific = tempo

Facil = oferta de cursos pelo

sindicato

10 Sim. Através de leitura

cursos Sim

Dific = preço

Facil = internet

Socializar o

trabalho

11 Não e sim (procura

atualizar) Sim

Dific = tempo

Aprofundar o tema

nas reuniões de

planejamento

12 Sim. Faz pós-

graduação Sim

Dific = tempo

Facil = é que a escola proporciona

76

Você se considera

atualizado(a)

Você tem

acesso à

Internet?

Dificuldades e facilidades para

manter-se atualizado Sugestões

13 Sim Sim Dific = tempo

Facil = internet

14 Sim Sim Dific = tempo e dinheiro

Facil = internet

15 Não (psicologia e

fonoaudiologia Sim

Dific = tempo

Facil = cursos, projetos

16 Sim (troca de

experiência) Sim

Dific = tempo

Facil = internet e livros

17 Sim (cursos) Sim Falta de tempo

Diante da questão sobre que habilidades e competências são exigidas

hoje para que professor possa responder às necessidades dos novos rumos da

educação sob o princípio da inclusão, precisamos saber se está se atualizando e de

que forma está buscando o seu aperfeiçoamento

Ao serem questionados se consideram atualizados, verificamos que

82,35% do grupo responderam afirmativamente e apenas 17,65% consideraram que

precisam melhorar nesse quesito tão importante.

Somente um (5,88%) dos professores não tem acesso à Internet.

94,12% utilizam a tecnologia para pesquisar e descobrir os dados de que precisam,

demonstrando, assim, uma das habilidades deste século que é saber buscar

informação.

Chamou-nos a atenção o fato de 15 profissionais (88,24%) relatarem a

falta de tempo como fator determinante da dificuldade para manterem-se

atualizados, enquanto só 2 (11,76%) afirmaram não dispor de recursos financeiros.

Na obra “Inteligente e sem fronteira” Barros (2005) traz uma importante

reflexão sobre o assunto. Segundo a autora,, o maior erro que um profissional

comete na busca por uma carreira inteligente está em não priorizar o próprio

desenvolvimento por se encontrar excessivamente envolvido em suas atividades

profissionais. Todo profissional que visa a uma carreira inteligente não pode perder

77

de vista a importância de se manter atualizado em relação às habilidades e

competências necessárias a suas atividades profissionais.

Poucos foram os entrevistados (17,65%) que deixaram sugestões no

final do questionário, mas delas infere-se o interesse em conhecer o resultado do

trabalho e que seja o assunto aprofundado em reuniões de planejamento.

78

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluída a pesquisa e analisados os dados, voltamos ao objetivo de

nosso estudo que investiga o conhecimento dos professores sobre as dificuldades

de aprendizagem, em especial a dislexia. Observa-se que é preciso que eles

desenvolvam muito mais estudos e aperfeiçoamento sobre o tema. As crianças

estão em sala de aula e ainda há professores que acreditam não ter ou que nunca

tiveram um aluno disléxico em sua turma.

Estamos vivendo um momento na história da profissionalização do

professor que precisa ser analisada, compreendida e divulgada. É necessário rever

o papel e a função do professor. Esta afirmação, mesmo citada por Kuenzer em

1999, é atual e merece nossa atenção. São os saberes para se trabalhar com a

criança que aprende de forma diferente é que precisam ser construídos. A pesquisa

aponta estes dados claramente.

Em relação aos objetivos específicos, observamos que o professor

consegue perceber as dificuldades dos alunos, mas não há um aprofundamento,

uma investigação mais profunda para descobrir as causas destes obstáculos que os

impedem de avançar. Assim sendo, nem sempre proporcionam o acompanhamento

necessário, quer seja por não haver na escola um projeto pedagógico que

contemple esses estudantes, quer seja por falta de formação teórica adequada, ou a

falta de um profissional capacitado, na escola, que faça a formação contínua, ou

todas as hipóteses juntas.

As crianças vão para a escola para aprender, mas constatamos que a

instituição ainda falha quando adota métodos e estratégias que não contemplam

todos os alunos. Sentindo-se à parte, a criança portadora de um distúrbio perde sua

espontaneidade e curiosidade, submetendo-se, muitas vezes, a normas de

rendimentos e métodos inadequados para a sua situação.

É possível concluir que o curso de graduação dos profissionais

entrevistados não ofereceu formação suficiente para capacitá-los a desenvolver um

trabalho com o aluno que aprende de forma diferente porque apresenta uma

dificuldade, um transtorno ou um distúrbio.

79

Ainda encontram-se profissionais que computam somente às questões

familiares a causa dos problemas de aprendizagem ao invés de procurarem saídas

que de fato auxiliem as crianças a prosseguirem no seu desenvolvimento.

Após a investigação realizada com o corpo docente de uma escola da

rede particular de ensino, podemos confirmar a existência de uma lacuna na

formação do professor que dificulta a compreensão e, conseqüentemente, a

identificação e o acompanhamento das crianças que apresentam dificuldades de

aprendizagem.

Percebemos que o professor, quando interessado pelo tema, procura

cursos de pós-graduação visando habilitar-se para perceber o aluno em suas reais

dificuldades e para utilizar diferentes estratégias que favoreçam uma aprendizagem

real.

Sobre o objeto central da pesquisa “Estudos realizados sobre a

dislexia”, 64,70% dos entrevistados afirmam realizarem cursos de atuação e em

oposição aparece um índice de 76,47% que afirmam não terem alunos disléxicos em

suas aulas. Importante lembrar que são os mesmos profissionais que se atualizam

que não estão identificando os portadores do distúrbio. Temos que questionar a

validade e a origem dos cursos oferecidos.

Outro dado apontado pela pesquisa é que ainda são poucos os

docentes que percebem a lacuna existente em sua formação e vêm procurando ser

um profissional atualizado diante das novas exigências colocadas pelo princípio da

inclusão, não somente em relação à dislexia, mas em relação às diferentes

necessidades, preocupando-se, assim, em atender igualmente a todos os alunos.

Por ser esse nosso objeto de estudo e de interesse, organizamos um

curso de extensão – “Dificuldades de Aprendizagem: Intervenções Pedagógicas em

Sala de Aula” - na Universidade do Oeste Paulista- Unoeste, o qual despertou o

interesse dos mantenedores de outras escolas, visando à formação continuada de

seus professores.

Ao término deste trabalho, concluímos haver uma grande demanda no

que concerne à formação do professor. Talvez mais até que sua formação, é preciso

trabalhar a sensibilizacão do profissional para a problemática, fazendo-o perceber

que o seu ofício está passando por um momento de transição e que precisa

desenvolver novas práticas em seu trabalho, de forma que atenda aos alunos em

80

suas dificuldades individuais e que se conscientize que todos, sem exceção, podem

aprender!

Utilizando uma colocação de um grande líder e amigo, Astromar

Miranda, que em suas pregações utiliza a frase “DESCULPEM-NOS O

TRANSTORNO, ESTAMOS EM OBRA PARA MELHOR ATENDÊ-LO”, tomamos a

liberdade de inseri-la em nosso contexto: um portador de dislexia precisa passar por

um ajuste, um plano de intervenção, para que suas dificuldades sejam contornadas,

assim como nos deparamos com um ambiente em reforma. O caminho precisa ser

modificado, alterado para que possamos chegar ao nosso destino. Desta forma, o

disléxico passa a ser visto não como um transtorno, mas sim, como um portador de

um transtorno que com ajuda específica e com apoio adequado pode superar seus

obstáculos.

Diante do já exposto, sugerimos à equipe do colégio onde realizamos a

pesquisa:

. apresentar a todos os envolvidos os resultados do estudo;

. realizar um curso de capacitação para os profissionais da escola visando

habilitá-los para a compreensão das dificuldades de aprendizagem.

Finalizamos o estudo com trechos da canção dos autores Almir Sater e

Renato Teixeira, “Tocando em frente”:

.”..Só levo a certeza de que pouco eu sei...

...É preciso amor para poder pulsar...

E, com a certeza de que é “preciso compreender a marcha e seguir em

frente”, esperamos que este trabalho não seja um ponto final e desejamos que ele

possa inspirar novos projetos, novas descobertas, novas conquistas... e que mais

profissionais da educação aceitem o desafio de “compor a sua história” como

educador, não se esquecendo das histórias de muitas vidas que precisam de um

olhar sensível e diferenciado, efetivando, assim, a verdade de que somos únicos em

nossas complexidades.

81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Laurinda Ramalho; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (Coords.). Coordenador pedagógico e o espaço de mudança. 2.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2002. ÁVILA, Selma Cristina Moissa. Fatores que condicionam professores de sucesso. 2005. 63 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente. BARROS, Isabela. Inteligente e sem Fronteiras. Você S/A, São Paulo, v.105, n.237, p.38-41, mar. 2005. BERGAMO, Giuliana. Neurônios à Deriva. Veja, São Paulo, v.38, n.22, p.104-104, jun./dez. 2005. BOSSA, Nadia A. Dificuldades de aprendizagem. O que são? Como tratá-las? Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. BRASIL. Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Lei nº 12.524 de 02 de janeiro de 2007. Dispõe sobre criação de Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação. Diário Oficial de do Estado de São Paulo, São Paulo, 02 jan. 2007. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br/staticFile/integra_ddilei/lei/2007/lei/>. Acesso em: 28 out. 2007. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as leis de diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 28 out. 2007. BRASIL. Ministério Público Federal. O acesso de alunos com deficiências às classes comuns da Rede Regular. 2. ed. rev. atual. Brasília, 2004 CAPELLINI, S. A. Problemas de aprendizagem relacionados às alterações de linguagem. In: SIMPÓSIO DE PSICOLOGIA E FORMAÇÃO – FACES E INTEFACES. 1., 2003, Bauru, SP. Anais... Bauru: Universidade do Sagrado Coração de Bauru, 2003. p. 33-35.

82

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83

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84

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85

BIBLIOGRAFIA

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86

APÊNDICE A – Solicitação de Autorização à Direção Escolar

Ilustríssima Diretora do Colégio Objetivo

Neuza Aparecida Gibim Ponçano, RG 18.977.981, aluna do Curso de

Mestrado em Educação da Unoeste, de Presidente Prudente, vem respeitosamente

requerer de Vossa Senhoria a autorização para realizar trabalho de pesquisa junto

ao quadro docente dessa escola, referente ao processo ensino-aprendizagem e

seus distúrbios.

Informamos, também, que V. Sª receberá uma cópia do trabalho.

Termo em que

Pede deferimento.

Presidente Prudente, 02 de outubro de 2006.

___________________________________

Neuza Aparecida Gibim Ponçano

Concordo com o exposto acima e autorizo os professores da Educação

Infantil e Ensino Fundamental I e II a participarem da pesquisa.

Pres. Prudente, _____ de ________________ de 2006.

Assinatura: ________________________________

Diretora

87

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO - PROFESSORES

Este Termo de Consentimento tem por finalidade esclarecer aspectos sobre

a pesquisa. Caso você concorde com o que será exposto, ficaremos imensamente

gratos pelo seu consentimento.

A pesquisa terá como objetivo avaliar os conhecimentos docentes sobre a

aprendizagem e seus distúrbios.. O procedimento envolverá a aplicação de um

questionário com o objetivo de coletar o maior número de dados sobre o tema. O

preenchimento deverá ser realizado no interior da escola, sem consulta prévia.

A garantia do sigilo será absoluta, assegurando a sua privacidade quanto aos

dados envolvidos na pesquisa.

Os dados obtidos a partir da pesquisa não serão usados para outros fins que

os não previstos neste consentimento.

Os resultados da pesquisa serão analisados sem a identificação nominal,

somente com as abreviaturas, preservando, assim, a privacidade dos participantes.

Além disso, um relatório com os resultados da pesquisa será apresentado à direção

da escola no final da mesma.

Desde já agradecemos a sua colaboração e participação.

Neuza Aparecida Gibim Ponçano

Aluna do Programa de Mestrado

em Educação da Unoeste

88

APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO AOS PROFESSORES

Professor (a),

Este questionário é um instrumento de pesquisa a ser realizado no Mestrado

em Educação da Unoeste.

Sua participação contribuirá para as transformações que são urgentes no que

diz respeito às necessidades dos alunos, no que tange às Dificuldades de

Aprendizagem, em especial à dislexia.

I – IDENTIFICAÇÃO

Nome (abreviatura): ________________________________________

Idade: ___________________________________________________

Sexo: ___________________________________________________

Curso de Formação: _______________________________________

Local: ___________________________________________________

Ano: ____________________________________________________

Escola em que atua: ________________________________________

Há quanto tempo: __________________________________________

Série que atua: ____________________________________________

Há quanto tempo? __________________________________________

Disciplinas ministradas: ________________________________________________

Trabalha em outra escola? __________________________________

Rede Particular ( ) Rede Municipal ( ) Rede Estadual ( )

89

Cursa Pós-Graduação? ( ) SIM ( ) NÃO

Explicitar o motivo ____________________________________________________

___________________________________________________________________

Freqüenta cursos de atualização em sua área de atuação? ( ) SIM ( ) NÃO

Citar quais __________________________________________________________

___________________________________________________________________

II- QUESTÕES GERAIS

1- Em sua formação (graduação), você realizou estudos sobre as Dificuldades de

Aprendizagem? Comente:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2- Qual sua compreensão do que seja dificuldade, problema e distúrbio? Após a

diferenciação, quais profissionais devem atuar em cada competência?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3- Que tipos de dificuldades de aprendizagem você observa em seus alunos?

Descreva.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

90

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

4- O que você entende por dislexia?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5- Quais os tipos de dislexia que você conhece? Classifique-os:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6-Cite alguns dos sintomas mais comuns da dislexia:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7- Em sua sala de aula há quantos alunos? Você tem algum disléxico?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

91

8-Há um currículo em sua escola e um método de ensino que facilita a

aprendizagem dos alunos disléxicos? Descreva-os, caso haja. Se não houver, qual a

sua conduta?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

9-Você considera importante aperfeiçoar sua prática, visando desenvolver um

projeto pedagógico para atender as crianças com dislexia? Em caso afirmativo, de

qual forma?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10-De que maneira é realizado o diagnóstico da dislexia?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

92

III – ASSINALAR FALSO OU VERDADEIRO

1- Um ensino inadequado pode causar a dislexia.

( ) verdadeiro ( ) falso

2- A dislexia pode ser curada

( ) verdadeiro ( ) falso

3- Existem remédios que podem ajudar os alunos disléxicos.

( ) verdadeiro ( ) falso

4- O aluno disléxico pode receber ajuda diferenciada do professor, em sala de aula,

inclusive em dia de avaliação.

( ) verdadeiro ( ) falso

5- Cabe aos pais ter relação de troca, fazendo um intercâmbio entre os

acontecimentos em casa, na escola e com o profissional indicado.

( ) verdadeiro ( ) falso

6- Embora não haja, ainda, no Brasil, uma legislação específica para a dislexia, em

termos educacionais, as leis prevêem várias ações a serem seguidas em defesa

aos disléxicos.

( ) verdadeiro ( ) falso

7- Todas as crianças e adultos que têm dificuldade em ler, soletrar e escrever são

disléxicos.

( ) verdadeiro ( ) falso

8- Uma dieta especial pode ajudar nos casos de dislexia.

( ) verdadeiro ( ) falso

9- As crianças disléxicas não são rápidas nem têm fluência num cálculo aritmético

simples, por isso não têm condições de aprender a matemática.

( ) verdadeiro ( ) falso

10- Em geral, na ocasião da alfabetização, ficam mais evidentes as características

das crianças que têm dificuldade em aprender, escrever e soletrar, tornando-se

aparente a dislexia.

( ) verdadeiro ( ) falso

93

IV- SOBRE A ATUALIZAÇÃO PROFISSIONAL

1- Você se considera um professor atualizado? Comente.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2- Você tem acesso à Internet para pesquisas no campo da educação

(aprendizagem e problemas de aprendizagem)?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3- Explicar quais as facilidades e dificuldades em manter-se atualizado.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4- Sugestões:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

94

Apêndice D – Lei n.º 12.524, DE 2 DE JANEIRO DE 2007 Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo

LEI Nº 12.524, DE 02 DE JANEIRO DE 2007 (Projeto de lei nº 321, de 2004 da Deputada Maria Lúcia Prandi - PT) Dispõe sobre a criação do Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação

O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA: Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo, nos termos do artigo 28, § 8º, da Constituição do Estado, a seguinte lei: Artigo 1º - Fica o Poder Executivo obrigado a implantar o Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação, objetivando a detecção precoce e acompanhamento dos estudantes com o distúrbio. Parágrafo único - A obrigatoriedade de que trata o “caput” refere-se à aplicação de exame nos educandos matriculados na 1ª (primeira) série do Ensino Fundamental, em alunos já matriculados na rede quando da publicação desta lei, e em alunos de qualquer série admitidos por transferência de outras escolas que não da rede pública estadual. Artigo 2º - O Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação deverá abranger a capacitação permanente dos educadores para que tenham condições de identificar os sinais da dislexia e de outros distúrbios nos educandos. Artigo 3º - Caberá às Secretarias da Saúde e da Educação a formulação de diretrizes para viabilizar a plena execução do Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação. Artigo 4º - O Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação terá caráter preventivo e também proverá o tratamento do educando. Artigo 5º - As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta das dotações orçamentárias próprias. Artigo 6º - O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data de sua publicação. Artigo 7º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de janeiro de 2007. a) RODRIGO GARCIA - Presidente Publicada na Secretaria da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de janeiro de 2007. a) MARCO ANTONIO HATEM BENETON - Secretário Geral Parlamentar

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