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POEMAS INCONSTANTESPOESIA
MAGDA L. CARVALHO
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MAGDA LOGUERCIO CARVALHO
POEMAS INCONSTANTESCOLETÂNEA 2009-2014
Porto Alegre, 2015
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Para Daniel
Ela e eu
A minha loucura está escondida de medo[embaixo da minha cama
Ou dançando em cima do meu telhadoE eu estou sentado serenamente na minha
[poltronaEscrevendo este poema sobre ela.
Mário Quintana
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Prefáciopor Otton Bellucco
Por que “Poemas Inconstantes”? Seria a pergunta que o leitor poderia se fazer. E eu, neste prefácio, gostaria de dizer a vocês, mas seguindo um limiar em que esta prosa convencional de prefácio não entregue ou quebre as surpresas da trajetória poética de Magda Carvalho nas páginas que se seguem. Em diálogo com esta poeta, eu já havia lhe falado do tom deliciosamente confessional de seus poemas, da delicadeza ácida e da forma estrutural de revelar intimidade que me lembra Clarice Lispector. Por que estrutural?
Por mais que os poemas partam de percepções e situações localizadas, todos vão para além da superfície do fenômeno, revelando algo mais comum e compartilhado, que conecta Magda particularmente com as leitoras de sua geração e urbanidade. Daí, penso ser inevitável o paralelo com Clarice Lispector não tanto em estilo, mas na
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forma de sentir e compartilhar as suas percepções sem transformar o poema em crônicas rimadas, ou em figuras e tropos óbvios e ocos que se extinguem feito crônicas depois de lidas. Não, algo fica! Os poemas inconstantes de Magda reverberam em nós num tempo singular, num tempo várias vezes dito, que exige um leitor mais atento, profundo, profuso e disposto a escapar do tempo da reprodutibilidade tecnológica.
Então, se você tem pressa, não leia, pois isso desmerece o que você vai encontrar aqui. Os poemas inconstantes exigem que você se liberte desses esquemas da pressa cotidiana; que você encontre beleza e encanto na desaceleração das imagens provocadas nos poemas, ou coragem na evisceração da tristeza; enfim, que você seja pessoa solidária e saia do isolamento afetivo tão sensivelmente perfilado por Magda. A poeta revela as múltiplas prisões, sofrimentos, angustias, dúvidas, dilemas, fins e recomeços; as refundações de si, os tropeços na esperança, a oscilação entre “nós” e “eu” e os múltiplos desafios de simplesmente estar viva. Há nisso tudo uma espécie de (auto)educação sentimental que Magda generosamente compartilha, mostrando a
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complexidade formativa de suas (nossas) mente e coração, os labirintos de solidões da alma e os parâmetros de individuação próprios de nossa época supostamente “conectada” – e particularmente cruel com a mulher que entardece.
No entanto, não há aqui um sujeito feminino que se vitimiza, mas um olhar perspicaz sobre a vida que, nos poemas, se torna uma encarnação verbal da autópsia – e nós sabemos o quanto o corte delicado e preciso de um bisturi revela o que há de mais visceral e brutal em nós. À medida que os poemas inconstantes desabrocham em páginas, lembramos que os botões das flores no vaso se abrem sob o jugo do que é artificial, mas que naturalizamos pelo hábito. Os poemas de Magda reagem a tal jugo e revelam nossos horrores por meio de sintomas recorrentes – e a sua paradoxal recorrência na inconstância dos poemas é a prova do horror que nos impomos sem perceber. A forma sintomática como os poemas (re)agem (a)o horror cotidiano tem uma singularidade que exige de você a predisposição de encontrar o tempo que nos é suprimido pelo hábito da reprodutibilidade tecnológica.
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Aceite o desafio poético de Magda, é o que recomendo. Encare o espelho sem as máscaras da civilização – este espelho que se revela no modo como Magda percebe e diz as suas paisagens d’alma, enquanto se sente entardecer doendo com o mundo.
Rio de Janeiro, 21-01-2015
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Sumário
Desenlace/12Cúmplices/13Bálsamo/14Hábito/15O vento azul escuro/16Pandorga/17Fúria/18Riacho/19O cálice e o vinho/20No silêncio/21Narrativa cansativa/22Um quê/23Outono/24Noite no campo/25No quadrante sul/26Histórias/27Brincando/28Decisões/29De repente/30Dia escuro/31Sobreviventes/32Rua da Praia/33Lágrimas na janela/34Anoiteço/35Eco sem sentido/36Cenário/37Quem sabe um poema depois/38Babuana/39Copa das árvores/40Sonho rem/41Momento único/42Entardeço/43Dias torturantes/44O tempo/45Ninho/46
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Palavras cruzadas/47Mais uma tarde/48Delírios/49Saturno/50Tréplica/51Infinito amor/52Colo/53Nublada/54Quadrado perfeito/55Há algo/56Ocaso/57Segredo/58Transeuntes/59Perfil/60Canção do vento/61A quiet word/62Introdução/63Palavras ácidas/64Chronos/65Terceiro olho/66Guria/67Silêncio das horas/68Face oculta/69Pergunta/70Palavra certa/71Lira do meu canto/72Coisas que relembro/73Bruma/74Rastro de estrelas/75
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DESENLACE
Se me viresVirada do avessoEntão entenderásPorque me desconheço
Já fui outraVivi no descompassoReencontrando com a palavraO que significou meu laço
Mas não serei constanteNo dia a dia o fracassoDe ser quem souE não conhecer qualquer silêncio
Mudei, mas continuo escravaDo absoluto infinito de mim mesmaEm que até meio sem graçaAbsorvo com espanto meu definitivo desenlace
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CÚMPLICES
Ela nunca foi românticaNunca sonhou em ganhar floresMesmo porquê, nunca as ganhou
Seus beijos vorazes, nunca os deuDe seu desejo restou o silêncioMas, naturalmente amouUm amor que acabou
Sobraram as flores nos jardins, os animaisA natureza intacta e livreE as palavras bem ditas
Ela tinha uma históriaQue não podia contarQue tentava esquecerQuando escreviaSem rimas ou cúmplices.
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BÁLSAMO
A inquietude da menteLeva-me a processos catárticosEm busca de uma saciedade impossível
Imagens caem das árvoresPalavras acumulam-se ao seu pé e morremO húmus que nem sempre reconheço
Minha especialidadeEstá na simplicidadeDe um discurso desconexo
Pontos no escuro onde refaço trajetosSem fim ou início e onde não encontroA paz no silêncio – o bálsamo.
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HÁBITO
Quebro neste instanteA promessa que fizSob o olhar da dor
Ela me questionaPerscrutando um sentirQue é tão antigo...
Insiste em mostrar-meA face mais crua de fatoDe meus pensamentos
E então, finalmente perceboQue só existiu lembrançaPor que em mim a dor é um hábito.
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O VENTO AZUL ESCURO
Eu vi o vento da noitePassar devagar pela salaO gato estremeceuSeu pelo arrepiou
Eu senti na pele e no cabeloUm ar diferenteCor de noite, mas brandoQue lambeu meu rosto
Pensei se não era hora de deitarMas era cedo, e a música ainda tocavaAs cortinas estáticasO sino-de-vento mudo
Mas lá estava o ventoSobre os móveisAzul escuro e doceComo eu me sentia.
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PANDORGA
Como uma pandorga ao ventoViver flanandoTão alto, tão solitariamenteViver chorandoPorque era papel, no entanto
Nas manhãs de primaveraEncontrar a sementeE feliz, quem deraAnunciar seu mantoDe flores, de plumas e hera
Devagar descer como brinquedoPousar sem medoNo jardim do encantoE renascer no vooQue era só sonho.
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FÚRIA
Penso palavras durasQuando estou bravaOu tenho medo
Até grito e vociferoMesmo sozinhaContra o inimigo imaginário
Depois me acalmoE sempre perdoo e esqueçoOs motivos da fúriaEm que eu até me desconheço.
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RIACHO
O cinza da cidadeConcreto puroExplode na janela
Procuro um ponto verdeUma árvore, um arbustoOu uma flor amarela
Não há nada além de pedra e cimentoAntenas de aço, roupas nos varaisCortinas fechadas
A natureza me faz faltaQuem dera um riacho de águas límpidasQuem dera Deus fizesse tudo de novo...
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O CÁLICE E O VINHO
Um sólidoO outro líquidoOcupando o espaçoHarmonicamente
Um contémO outro é contidoParecem um sóMas são dois corposUnidos pela embriaguez
AmantesOnde um se derramaE o outro entorna.
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NO SILÊNCIO
Há no silêncioUma recusaOu um consentimento
No silêncioO olhar pode ser duroMas também acariciar
No silêncioHá palavras ocultasNegadas e sentidas
O silêncio pode acalmarEnvolver nos braçosUm querer profundo
Mas há um silêncioQue fere e machucaQue exige calar.
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NARRATIVA CANSATIVA
Tô inconformadaA palavra me limitaForça meu pensamentoE se grito?
Também não caloE isso é chatoQuero viajar nas estrelasBanhar-me nos sentidos
Mas ela, a cansativa narrativaNão me dá sossegoE só resta iludi-laNum verso oco.
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UM QUÊ
Se a poesia tem sempreUm quê de tristezaÉ porque ri e chora
Enquanto a batuta elaboraRege na palavra soltaUm verso manso
De calor ou frio, ou ambosNo paradoxo entre escreverE se estar contente.
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OUTONO
Uma imagemGuardada nos confinsDa memória
Quase emolduradaNum portarretratoCoberta com a lâminaTransparente do tempo
Uma árvore, um outonoFolhas mortas que caemOu qualquer outraOu qualquer outroOu ainda quem quer que seja
O poema transfigura-seNum livro sem palavrasUm poema mudoMas que falaE diz da cor de sua moldura.
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NOITE NO CAMPO
Cresci solta nos pagosVendo ao longe as luzesPequenas dos vizinhosAs noites, principalmente no invernoEram negras, sem lua ou estrelas
Sozinha de minha janelaImaginava que lá, bem distanteHavia alguém também a espiarA luz do lampião de minha sala
Meu pai mandava-me deitar- Menina, chega de olhar por esta janelaJá se faz tardeOs sonhos te chamam
Eu, obediente , ía para o quartoApagava as velasE debruçada ao peitorilNamorava aquela luzAlguém me dizia: Boa noite!
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NO QUADRANTE SUL
O sol não bate nas janelasA luz, indireta sempreÉ clara e forteO branco reflete
As cores tornam-se a sombra da palhetaE o azul do céu é límpido e transparenteO verde das plantas, em seus diferentes matizes,É lusco-fuscoE a água do rio, ora é azul, ora é turva
No quadrante SulO sol não apareceNunca há lua cheiaE quando há tempestadeA chuva intermitente lava as vidraçasE o vento até assusta.
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HISTÓRIAS
Eu vivo inventando históriasRecriando trajetóriasPara acalmar meus pensamentosE refazer, na fantasia, dias de glória
De real, o cotidianoNa rotina crua de um dia após o outroAs imagens fugidiasQue insistem em adentrar minhas lembranças
Conto contos para mim mesmaE se fosse assim?E se não tivesse sido desse jeito?E se a vida tivesse me dado uma colher?
De doce só o caféAcordando a realidade nuaQue me diz:Ah! Mas foi assim, no entanto.
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BRINCANDO
Lúdico Lúbrico Lúcido
As palavras se desenrolamNo som, no ritmo, no sentido
Vento Movimento Instante
Algo se desgovernaNa mente do poeta
Brincar Prazer Viver
Constrói-se já a imagemDe algo que é só fazer
Ar Cor Azul
Um céu primaverilEnfeita a tarde daquele e daquela.
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DECISÕES
Tomo decisõesTenho meus motivosMas depois os esqueçoE torno aos velhos sentimentos
Eles não têm curaMinha mágoaMeu ressentimentoMinha carência
Volto a tomar decisões definitivasBaseada em motivos inesquecíveisMas mesmo assim eu esqueço
Não vejo saídaPor que minhas decisõesSe esboroamE dos meus motivos eu esqueço.
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DE REPENTE
De repente uma tristezaNão sei se é o diaOu se foi a noite
Algum sonho esquecidoMal sonhadoEntorpecido
Ou um acordar abruptoQue me trouxeA saudade de outras primaveras
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DIA ESCURO
Dia escuroOs pássaros dormemSob as marquisesO céu nubladoCinza das pedrasE o silêncio plúmbeo das nuvens
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SOBREVIVENTESlembro de nósaos 20 anoso frescor nos olhosa vida pela frente
sonhos não faltavamtudo parecia mais fácilaos poucos outras coresna palheta dos dias
momentos dísparestrajetórias de dor e angústiaa vida mostrava-se durade pranto as tardes vazias
morte e sofrimentoloucura e tristezae se passarammais 20 anos
o tempo trouxe a forçaendurecendo os temperamentosfazendo do sensível o imbatívelcalando as lágrimasque se tornaram palavras-sobreviver era imperiososem medo, deixando o passado
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e trilhando os caminhos do hojeRUA DA PRAIA
sob os altos edifíciosdo centro da cidadea rua, lá embaixoé sombria e fria
o sol ainda altonão mais penetraas calçadas úmidas e geladas
o inverno faz sentir-senas pernas e nos pésas botas ressoam nas pedrasos casacos caminhamno ondular das pessoas
o interior das lojas é escuroocupadas com aquelesque ali circulam
as janelas acima trazema vontade de lá permanecer-seiluminadas com o que restado sol na Rua da Praia
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LÁGRIMAS NA JANELA
com a visão baçaolhos marejados de lágrimasno suor frio da vidraçachove e a chuva é calma
num trailer fugazpassam as imagensque marcaram seu passadosua dor no velho coração
por tantos anosa mesma paisagem na janelatantas mudançastantas lembranças
no olhar triste e molhadofaz-se curar do tempoe talvez este trague o esquecimentoe a página seja virada
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ANOITEÇO
anoiteçojunto às sombrascrescentes da janelao céu aos poucos escurece
longe, distantespequenas luzesinfinita distânciaparecem estrelas
nas folhasjá o orvalho da noitena terra a umidadeda transpiração
aqui, do meu cantovejo a sala e a penumbraentoo palavras noturnase no criquilar dos grilosnoite alta, madrugada
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ECO SEM SENTIDO
num eco sem sentidoteu nome entorpecidogrita em meus ouvidosa palavra única que espero
escuto na tua músicao tom daquilo que incitoe que tu nunca entenderásporque eu escondo e nem mesmo seio que por ti sinto
nos sonhos escurossempre viras-me o rostoe de fato eu fujo de tua negativaconstruindo um querer tão puroque nem a noite arrebata
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CENÁRIO
o cenário mudamas não as palavrasde minha solitudena música que escutominha percepção mais cara
em minha mentecada um de meus poemas pululae com o respeito pela poesiainvento e reinvento o inéditonão há um único verso idêntico
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QUEM SABE UM POEMA DEPOIS
quem sabe um poema depoisque a cerveja acabarque o calor passarque o telefone tocarque o gato comerque o cigarro acenderque a casa limparque o livro lerque a música tocarque a mãe melhorarque a irmã se acomodarque a TV desligarque a vizinha esquecerque o inverno chegarque o poema nascere que a palavra soartão simples como o artão grande como o martão forte como a ventaniamais fácil que a liturgiade querer reinventaro silêncio, o murmúrio, o balbucioe tudo não for somente o óbvioe de poesia se viva, se coma, se bebae o verso seja tão lindoque ninguém jamais esqueça
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de esquecer ou de lembrar
BABUANA
babuana, traga-me o ventoa tarde é quenteprimavera que findaensina-me o valor das palavrassopre-me o significado vão do que digo
cansada de perscrutar o nadainvento uma história(que não a minha)de minha história estou cansadaas imagens amontoam-see delas já não quero precisar
babuana, todo mundo inventauma história na qual acreditarum espelho onde se mirare um nome para o outro lhe chamar
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COPA DAS ÁRVORES
sob a copa das árvoreso líquen dos cauleso musgo das pedraso balouçar das folhas
sobre a copa das árvoreso céu de fevereirocalor, modorradias abafados
entre seus ramosos ninhos dos pássarosespreitados por gatos matreirosno silêncio da tarde
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SONHO REM
na aridez de uma paisagemgalhos secos retorcidosa terra preta e tórridavejo-me correndodentro do quadroque corre com meus olhos
busco a vidanum córregoque se escoa em seu leitoquero ver-me e tenho medosei estar ferida e ensanguentadamorro à margem e do outro ladotudo continua o mesmo
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MOMENTO ÚNICO
momento únicopalavra soltacorrendo livresem peiassem preconceitos
fiz-me poetano afã do sofrimentoe se agora ainda digoé porque sempre apertaram o peitoo desamor, o descompassoe a solitária busca
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ENTARDEÇO
entardeçomeio embriagadade vinho e cigarros
o silêncio de minha alma(quebrado pelos ruídos lá fora)dá-me uma paz incomensurável
um bem-estar quase físicono corpo despejadonuma imobilidade sólida e exata
penso cada um dos versosno fundo de minha mentecalo para não quebrar o encanto deste momentoe descubro que estava nas palavras.
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DIAS TORTURANTES
dias torturantessilêncio e óciomorre um céu de veludo
tardes tépidasamarelastrinam os pássaros
flores de plásticovelas apagadaspedras mudas
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O TEMPO
que passe o tempojá não tenho medoaos poucos tudo no seu lugaras coisas desaparecemtambém desaparecerei
que venha o tempocom suas tralhas de longecolocando versos no silêncioinventando a prosae calando alfarrabes sem lustro
que traga o tempoa verdade ocultasemeada ao ventonas palavras sopradasao ouvido de poucos
que seja apenas o tempoo causador das dores inevitáveisdos lutos futurosdos finais sempre precocesdo escuro absoluto
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NINHO
não sei o quanto sou ridículamas ainda acreditona resistência do pensamentomovendo as ondas insistentesde uma vida sensíveldescortinando-se no escuro da madrugada
faço planos, aparentemente sem sentidonem mesmo sabendo para onde me encaminhonão se trata de futuromas de ser feliz no presente
nunca tive muita paciênciaquerendo obter o prazer imediatode atitudes impulsivas, às vezes temeráriaspara provar não ter medo
agora vejo que o silêncio é caroe nem sempre ouvidomas que traz, carregandoem seus braços, um pequeno ramopara confeccionar meu ninho.
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PALAVRAS CRUZADAS
na vertical a coluna vertebralna horizontal o descansoda esquerda para a direita o sentidona direção contrária o espelhode cima para baixo o entendimentode baixo para cima somente signos
nos interstícios as leis e significadosnas entrelinhas apenas o silênciosublinhadas as ênfasesem caixa alta a suma importânciaentre parênteses a dúvidapontuadas as reticências...
o texto-jogo nasce entrecruzandolinhas paralelasintercalando versosnum conjuntode intenções e gestos.
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MAIS UMA NOITE
calada e friaa noitetodas as noitesfrias e silenciosasnem um murmúrionem um gemidoescura e quietaa noite de meus dias
encolhidaem meu próprio corponavego todas as noitesem direção a algo sem nomee do qual me ocupopergunto enrolada ao cobertor novoquando esta noite acaba?
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DELÍRIOS
eram só delíriosah! quanta tolicedelírios apaixonados
tantas corespara entrever o amor...
delírios acordadossonhos sonhadosna hora do acalanto.
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SATURNO
ou Saturno ou soturnao tempo me envelhece
vejo-me já um pouco rabugentaa reclamar do choro das criançasdas risadas soltas, dos gritos
a alegria cai-me um pouco vazianem o prazer do sexo tem tanto encantoe solitária e muda, espero
o final da vida é intransponívelirreversível e certomas no entanto, cada novo diaé celebrado com furor e espanto
soturna e tristeporém, ainda vivea esperança no que resta.
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TRÉPLICA
nem que cedaou venhaminha sedatrama tece
ou se concedae digasou magasei da sua alegria
intercedae provedos beijosque gostou um dia
mas a réplicada tréplicada súplicaesqueça.
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INFINITO AMOR
infinito amor de meus finitos diascontigo seguirei vivendopara além do nada
de teus olhos mansosinfinito mar de algas corais e dramascálice em que deposito minhas lágrimas
verto em teu colo infinito mantominhas palavras surdas de quem ama
infinita espera voltas semprequando menos queroe quando esqueço quase teu nome
em tua boca infinito encontroo beijo traz e eu me entregoinfinita trama que se desgoverna.
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COLO
um colo apertadocolo de quem ama de verdadepeito no peito, coração batendoo beijo nos cabelos perfumados
não é fome dos sentidosmas de sentido aguçadode amor, de carinho, de afetoquerer o outro tão bemquerer estar perto e isto ser tudoo amor escancarado
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NUBLADA
estou nubladasujeita a pancadas de chuvameu céu cinzentofala de um dia únicoe chove muitas vezes ao anomas meu teto escuromostra minha tristezaestou combinando com o temporefugio-me em algum lugar na memóriaonde haja sol, sem as nuvensque encobrem minha coragem.
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QUADRADO PERFEITO
este é meu mundo-quadrado perfeitode arestas limitadasdentro de sua área movo-me quase quietade um lado a outro
encontro por aí um que outro cantoem que digo algose feliz ou triste, se contente ou insatisfeitafaço do conjunto um quadro
de vez em quando uma lágrimaum pesar que acho que não mereço mas que faz parteuma casa, um gato livros que devoro em buscade palavras que desconheço
nos quatro vértices deste pequeno mundoalgumas teses que defendo quase teimosae que se concatenam num todo
que o quadrado encerra.
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HÁ ALGO
há algo que se escondepor entre olhares e gestoshá algo que se desmenteem intenções e palavras ternashá algo que existemesmo com todas as negativashá algo que perturbaquando se descontrolahá algo que é feiomas que faz partehá algo que tem nomemas que nunca é ditohá algo que machucae todos o sentimoshá algo proibidoe todos transgredimoshá algo sem perdãomesmo involuntário.
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OCASO
aproxima-se a idade aquelaem que se perde a vaidadeser torna-se apenas força de vontadee um final, que não o derradeiromas onde também se morreum pouco velho, um pouco altaneirocomo um cipreste, longo e caprichosoque verga ao sabor das tempestadesbate enfim à porta da infinitude
no horizonte, a solidão sem nomeno chão, a cova que esperapassam-se os dias, passam-se as horasa pele murcha, sem dor, aos poucosmas como dói a lembrançadas antigas quimerasde juventude eterna na visão baçade quem já foi jovem um dia
o espelho, agora inimigo maiordenuncia o tempo, algoz do esquecimentosempre, sempre lá no fundoa imagem que fica no entantoé a da felicidade e da alegriamorre neste agora qualquer ilusãomesmo que seja do reconhecimentopalavras também podem ter jaça.
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SEGREDO
quero contar um segredoum pouco ansiedadeum pouco medo
jogo uma mensagemnuma garrafa ao maronde o escrevo letra por letra
tão longe da verdade estoutão longe do temor de confessa-lode sua natureza apenas sei o nomede seu corpo intuo a consistência
mas é de sua inconsciênciaque alimento a frágil paz de meus diasnão sei se o escancaro em palavrasnem sei se de fato existe
não tenho clareza se apenas o ocultoou se em gestos desmedidoseu o desmascaro
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TRANSEUNTES
escreva sobre restos mortaisde ideias infelizessobre estilhaços de conceitosfugazes e errantes
escreva sobre amores imperfeitose máscaras indissolúveisde afetos itinerantes
escreva sobre pessoas vulgaresde nomes impolutosdaqueles e daquelasque mentem sem tranquilizante
não esqueça os transeuntesque nem sequer conhecesmas para quem dedicasideias palpitantesamores sem enfeitese palavras inconstantes.
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PERFIL
quem prefere os adágios aos allegrosos solos à improvisaçãoos quaternários aos atonaisa voz suave à imprecaçãoo silêncio aos noticiáriosa penumbra, as luzes indiretascores mais escurasroupas sóbriassapatos baixosa praia no invernolongas caminhadasà velocidade dos carrosa fumaça dos cigarros evolando-seo cochilo constante dos gatosa delicadeza, a vergonha na carae por que não dizer, a tristezae os solilóquios?
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CANÇÃO DO VENTO
ouço a canção do ventode longe soprada até aquientorna pelas ladeirasretorna pelas vielase chega a minha janela
voejam as cortinastocam os sinos-de-ventoe eu parada na salapenso na tarde que finda
o vento para, volta e revoltarespirando as horas que passamsem que eu diga simvoo no vento e canto tambéma canção que inventei só pra mim
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A QUIET WORD
uma palavra quietasoprada no vento mornode teu hálitoapenas insinua
qualquer palavra encerrao silêncio do toquede um lábio sobre o outrocomo um beijo
que roça a peledaquilo que é ditoe quase gritaouvidos moucosmas se jogada forao coração se agita
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INTRODUÇÃO
“noite chegou outra vez”um marciano espreita-me atrás da portaas rosas no vaso falam de amoros quadros na parede estáticos em suas coresa luz já foi acesa: “boa noite”a sala está fria, eu porém não sinto frioa mão gelada correo sino toca: devem ser 18:15 horasà mesa amarela e prateadaesboço um sorriso, meio triste, meio encabuladoacordo mais uma vez de minha teimosiaos erros se repetem em minha vidae eu custo a aprender a lição que grita em minha cara:“você não sabe nada da verdade”defendo-me pálida: mas qual das infinitas verdades?não tergiverse dizem meus olhosvocê sabe que sempre volta ao mesmo pontocaminhos inversos de culpa e imaturidadecala-te agora! sabes que isso é mentiraou será que vives apenas por vaidade?passo os olhos pela salavejo a sacola verde atrás da portapercebo meus fantasmas nos cantosacocoradose não tenho medo.
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PALAVRAS ÁCIDAS
não entendo ironiasdevo ser muito paranoicaacho covarde subentender os sentidosdas palavras e das ideias
mas às vezes sou sarcásticaprefiro provocar um desconfortoa deixar a pulga atrás da orelhaquente e desconfiada
mas na maior parte do temposou simplóriaadoro humor escrachadobobo alegre e divertido
porém, na verdade mesmosou subjetivagosto do sentido oculto do versomisterioso obscuro e ensimesmado.
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CHRONOS
neste rascar constante do tempocomo um manto de um rei rotundofaz calor, faz frionorte e sul giram no espaço
neste rugir tão fundo, que até é só um momentomas que de tão rápido, perde-se o sonoà espreita um lobo na tempestadeo tempo mata
exato, matemático, porém incertona extensão de uma vida devastafeliz ou infeliz certeza de quem parteo tempo é redondo, como a esfera do planeta
o tempo faz-se branco e velhoisso é inevitávelmas sempre se renovano sorriso das crianças.
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TERCEIRO OLHO
meu terceiro olho, entre os olhosàs vezes abre-seuma nova e desconhecida visãode fatos acontece
vejo sombras que se movemvejo vultos que passam no canto dos olhosouço explosões em minha cabeçapressinto mudanças do tempo que passa
quando deito, luzes violeta me banham do espaçopessoas andam por minha casaos móveis estalame eu então perco o sono
espero que o momento se acabefumo um cigarro e me acalmodeito de lado e então adormeçouma noite sem sonhos.
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GURIA
guria, tu te contas historinhashistórias da carochinhade um único olhar, crês a súplicae de um enlace, tua renúncia absolutamenina, tu és tolinhauma mentira e te fazes minhada mão em transe, que nem sequer vinhalevantas um arranha-céu de cor brutaque precisas implodir quando o sonha acabapensas ser justa, contigo própria e o outromas apenas queres te esconder da lutacriança grande, de largos gestostua tez engana, és já taludapara acreditares em construir casinhase cinderela de calça curtaseguirás sozinhaenquanto não aprenderes a ser esperta
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SILÊNCIO DAS HORAS
tudo quieto -nenhuma esperaum silencioso hiatonas tramas do tempo
não há quimerasnem lassidão ou torpora esperançaé sem demoras
tudo quieto-solitariamente belonão deseja nada maisdo que o silêncio das horas.
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FACE OCULTA
será de carne ou de espíritoo dito último do amorque devolve a eternidade?
será de tom ou de cora nota última da músicaque devora o silêncio?
será de que matériaa palavra que blasfemaaquela que machuca
será agora ou nuncao nada absolutode leis inenarráveis
será aquela ou outraa face ocultado escuro no desconhecido.
será o dito por não ditoserá o infinitoou apenas a memória?
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PERGUNTA
de que matériaserá feita minha imagemnos teus olhos?
que gosto terei em tua bocae como sentirás minha pelee minhas entranhas?
de que corserá o prazer que te extraiode que jeito te entregas a mim?
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PALAVRA CERTA
No descompassoentre intenção e gestoa palavra certanum relanceum flashno espelho da almae constrangidaora geme, ora cala.
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LIRA DO MEU CANTO
lira dos anosanjos e arcanjossobre a minha cabeceira
Saturno que não esqueçopassado que se acumulana lira dos enganos
paisagens que se mudamlugares que não reconheçolira dos encantos
faça de mimapenas a vozda lira do meu canto.
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COISAS QUE RELEMBRO
algumas coisasme acompanhamhá tanto tempoque delas às vezesaté esqueço
como uma músicaimprópria para a maioriadaqueles intentosmas que num relancetoca a todo volume
ou ainda aquele livroguardado entre tantosna estante da salaou perdido entreaqueles escritos deletadosem que tentei ser gênio
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BRUMA
parecia um amor perfeitode sonho e brumaparecia um amor de sonhode bruma e encontroparecia um amor humanocabível em sonhosde bruma num mar perfeitoparecia um amor de brumaum sonho mais que perfeitoparecia um amor cabívelnos meus sonhosde bruma num mar perfeitohumano no sonho dos homensbruma num mar noturnoparecia um amor de noiteno sonho lindo dos humanosamor mais que sonhoamar mais que o humanonoite de sonho de amorparecia amormas era só brumamas era só sonho.
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RASTRO DE ESTRELAS
de rastros de estrelas faço-me a noiteonde colidem raios de luz e poeira, minha casavermelho de um sol porviracorda-me dos sonhos da fantasiae então calo-me frente ao alvorecer do diaenquanto minhas mãos tremem ao sabor dos ventoslabuto palavras para acalmar meu desencantoe de todas as possibilidadesescolho a de estar só no firmamento.
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SOBRE A AUTORA:
Natural de Lavras do Sul, RS, 1961Engenheira Metalúrgica, formada pela UFRGS em 1986Publicou Noite Alta (poesia), 2009, pela Ed. MovimentoMantém o blog POESIA COTIDIANA:
http://magdalcarvalho.blogspot.com
Reside em Porto Alegre, RS