a economia política da vale uma leitura para 2012
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Este trabalho busca promover uma leitura geográfica da economia política da Vale uma vez que considera necessária a compreensão determinados agentes particulares que interferem no campo econômico e político. De acordo com a dialética marxista, propõe-se uma análise multiescalar porque os processos econômicos (produção, distribuição, circulação e consumo) atravessam várias escalas. Dessa forma, ancorando -se na teoria do desenvolvimento geográfico desigual, sustentada pelo geógrafo marxista David Harvey, selecionou-se como objeto de estudo o Orçamento de Investimentos para 2012 da Vale S.ATRANSCRIPT
A ECONOMIA POLÍTICA DA VALE: UMA LEITURA PARA 2012
VALE’S POLITICAL ECONOMY: A READING FOR 2012
José Arnaldo dos Santos Ribeiro Junior, Universidade de São Paulo
Resumo: Este trabalho busca promover uma leitura geográfica da economia política da Vale
uma vez que considera necessária a compreensão determinados agentes particulares que
interferem no campo econômico e político. De acordo com a dialética marxista, propõe-se
uma análise multiescalar porque os processos econômicos (produção, distribuição, circulação
e consumo) atravessam várias escalas. Dessa forma, ancorando-se na teoria do
desenvolvimento geográfico desigual, sustentada pelo geógrafo marxista David Harvey,
selecionou-se como objeto de estudo o Orçamento de Investimentos para 2012 da Vale S.A.
Abstract: This work seeks to promote a geographical reading of Vale’s political economy
since it considers necessary to understand certain private agents that interfere in the economic
and political fields. According to the Marxist dialectic, it proposes a multiscale analysis
because economic processes (production, distribution, circulation and consumption) cross
several scales. Thus, basing on uneven geographical development theory, underpinned by
Marxist geographer David Harvey, was selected as the study object Vale’s Investment Budget
for 2012.
Palavras-chave: Vale; Economia Política; Conflitos ambientais; Desenvolvimento
Geográfico Desigual.
Keywords: Vale; Political Economy; Environmental Conflicts; Uneven Geographical
Development.
1 INTRODUÇÃO: PARA ONDE VAI A PIOR EMPRESA DO MUNDO?
No último dia 26 de janeiro de 2012, pela votação de mais de 25 mil pessoas, a Vale
venceu o Public Eye Awards de pior empresa do mundo. O prêmio em questão é preparado,
desde 2000, pela Organização Não-Governamental Declaração de Berna e Amigos da Terra,
esta última sendo substituída, em 2009, pelo Greenpeace. O Public Eye promove um
contraponto crítico à reunião anual do Fórum Econômico Mundial com o objetivo de mostrar
como as consequências socioambientais prejudicam as populações e os territórios, mas
também o autor de tais infrações1.
A indicação da Vale partiu da iniciativa da Articulação Internacional dos Atingidos
pela Vale2, representada pela Rede Justiça Nos Trilhos
3, e as Organizações Não-
1 http://www.publiceye.ch/en/about/
2 Nascida em 2010, é uma rede composta por movimentos sociais, organizações e centrais sindicais de diversos
países incluindo trabalhadores, populações e comunidades atingidas. Para maiores informações visitar o sítio da
Articulação: http://atingidospelavale.wordpress.com/
Governamentais Amazon Watch e International Rivers, estas últimas parceiras do Movimento
Xingu Vivo Para Sempre4 que luta contra a usina de Belo Monte. Cabe destacar que este fato,
a adesão da Vale ao Consórcio Norte Energia S.A, que empreende o Aproveitamento
Hidrelétrico de Belo Monte, foi um fator fundamental para que a empresa fosse incluída na
lista das finalistas em 20125.
Nesse sentido, a Vale recebeu o prêmio em questão após uma disputa com outras
grandes corporações, a saber: Barclays, Freeport, Samsung, Syngenta e Tepco6. Assim como
tais empresas, as atividades desenvolvidas pela Vale tem causado uma gama de impactos
socioambientais, nas mais diversas escalas geográficas: Doenças respiratórias e de pele em
Açailândia - MA, impactos em comunidades ao longo da Estrada de Ferro Carajás (Pará-
Maranhão), impactos sobre a água em Minas Gerais e poluição atmosférica no Rio de Janeiro,
conflitos com populações tradicionais no Pará, no Maranhão e no Espírito Santo, jornadas de
trabalho exaustivas, processos trabalhistas em Parauapebas (PA), associação comercial com
guseiras envolvidas com trabalho escravo e infantil, sonegação de royalties e evasão de
divisas, bem como greves trabalhistas no Canadá e expulsão de comunidades em
Moçambique7.
Dessa forma, tendo em vista esse cenário, o objetivo do presente texto é buscar
desvendar as estratégias de crescimento da Vale para o ano de 2012. Para tanto, ao longo
deste trabalho, será promovida uma análise do Press Release8 no qual a Vale informa o
orçamento de investimentos para o corrente ano.
O documento divide-se em sete partes: 1) apresenta-se com uma pequena
“introdução9”, 2) Desenvolvimento de projetos, 3) P&D, 4) Investimento para sustentação das
operações, 5) Ênfase na sustentabilidade, 6) Principais projetos aprovados em construção10
e
7) Desafios na execução de projetos.
3 Nascida em 2007, é uma coalizão de organizações, movimentos sociais, pastorais, sindicatos, núcleos
universitários, que atuam em defesa dos direitos das comunidades que vivem nas áreas atravessadas pela Estrada
de Ferro Carajás (FIDH; JUSTIÇA GLOBAL; JUSTIÇA NOS TRILHOS, 2011). 4 O Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) é um coletivo de organizações e movimentos sociais e
ambientalistas da região de Altamira e das áreas de influência do projeto da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará,
que historicamente se opuseram à sua instalação no rio Xingu (http://www.xinguvivo.org.br/quem-somos/). 5 http://www.xinguvivo.org.br/2012/01/26/vale-vence-o-public-eye-awards-premio-de-pior-empresa-do-mundo/ 6 Os motivos das indicações das companhias, bem como os responsáveis por sua indicação podem ser acessados em http://www.publiceye.ch/en/ranking/. 7 Conforme publicado em http://www.justicanostrilhos.org/nota/877. Acerca dos conflitos ambientais
recomenda-se a leitura de Ribeiro Junior (2011); Ribeiro Junior; Sant’Ana Júnior (2011a; 2011b); Silva; Ribeiro
Junior; Sant’Ana Júnior (2011). 8 O comunicado de imprensa em questão está disponível em www.vale.com 9 As aspas explicam-se porque não se trata formalmente de uma introdução, mas sim uma classificação do autor
deste trabalho. 10 Atendendo a critérios estéticos/metodológicos de organização do trabalho farei a discussão do tópico
principais projetos aprovados em construção junto ao tópico desenvolvimento de projetos.
2 O DESENVOLVIMENTO GEOGRÁFICO DESIGUAL EM QUESTÃO:
ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS PARA 2012
2.1 Introdução
Com números financeiros e produtivos tão expressivos podemos agora partir para
tentar desvendar o modus operandi da Vale tentando visualizar quais critérios são levantados
para manter o ritmo da acumulação e o aumento da produção de seu portfólio de ativos.
Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2011 – A Vale S.A. (Vale) informa que o
Conselho de Administração aprovou o orçamento de investimentos de 2012,
compreendendo dispêndios de US$ 12,9 bilhões destinados à execução de projetos,
US$ 2,4 bilhões com pesquisa e desenvolvimento (P&D) e US$ 6,1 bilhões dedicados à sustentação das operações existentes.
Com base em uma visão de longo prazo dos fundamentos do mercado global de
minerais e metais, o orçamento de investimento está alinhado com nossa visão de
nos tornarmos a melhor companhia global de recursos naturais em geração de valor
no longo prazo, com excelência e paixão por pessoas e pelo planeta. (VALE, 2012a,
p.1).
O primeiro aspecto a se notar é que o orçamento de investimentos obedece uma lógica
desigual de alocação de recursos, ou seja, o dispêndio de capital é hierarquizado em virtude
dos gastos necessários. Assim, compreende-se que a execução de projetos e a sustentação das
operações já existentes requerem um volume maior de recursos se compararmos com o setor
de pesquisa e desenvolvimento. No entanto, o setor de P&D é importante para a
diversificação das atividades (exploração mineral e desenvolvimento de novos projetos).
Ademais, o dispêndio de capital é investido desigualmente conforme a área de negócio
(FIGURA 01).
Figura 01. Alocação de investimentos por área de negócio. Fonte: Vale, 2012a
Por conseguinte, a forma como a Vale vem procedendo é buscando alocar o capital da
forma mais rentável possível indicando a expansão da produção de seus principais produtos.
O que espera a Vale com isso? Dois aspectos podem ser apontados cabalmente: geração de
caixa (FIGURA 02) e retorno ao acionista (FIGURA 03).
Figura 02. Evolução histórica da geração de caixa do 1T08 ao 2T11. Fonte: Vale, 2012b.
Como se vê, a geração de caixa da Vale atingiu altos recordes chegando a dobrar em 3
anos. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA ajustado) nos
últimos doze meses, findo em 30 de junho de 2011 foi um recorde na história da Vale (VALE,
2011b). Outro aspecto importante é o retorno ao acionista:
Figura 03. Retorno total ao acionista nos últimos 10 e 5 anos. Fonte: Vale, 2012c.
Constata-se que a Vale lidera o retorno total ao acionista (Total Shareholder Return -
TSR, na sigla em inglês) entre as maiores mineradoras do mundo, que são suas concorrentes.
Mas, o retorno ao acionista só é possível se a empresa diversifica seu portfólio de ativos,
investe em crescimento orgânico (que excetua fusões, aquisições, etc.) e globaliza suas
atividades (FIGURA 04).
Figura 04. Alocação de investimentos para 2012 por geografia. Fonte: Vale, 2012a.
Há, portanto, um desenvolvimento geográfico desigual das atividades da Vale. De
acordo com Harvey (2006), o espaço geográfico, nos últimos anos, tem sido fortemente
influenciado pela acumulação do capital, pela ação do homem na natureza, pela busca de
redução do tempo de giro do capital (compressão espaço-tempo) e pelos conflitos territoriais
em diferentes escalas geográficas (municipal, estatal, regional, nacional, internacional)
(HARVEY, 2006, p. 75). No entanto, em sua concepção, há a necessidade de se trabalhar a
abordagem a partir de dois elementos, levando em conta a abordagem espacial e temporal.
Assim, o espaço é um elemento ativamente produzido e modificado a partir das práticas
materiais. Por isso, o espaço e o tempo não podem ser compreendidos independentemente
da ação social, e nem ser interpretados isoladamente. Em virtude da intensidade e das
formas como o espaço é ativamente produzido, o desenvolvimento das forças produtivas se
dão de forma desigual. O desenvolvimento geográfico desigual:
É causado pela forma com que o desenvolvimento político-econômico dos países
centrais penetra nos territórios, na economia, na política e na cultura dos países
periféricos [....] são decorrentes das práticas exploratórias (tais como, imperialismo,
colonialismo e neocolonialismo) dos países mais poderosos sobre os países
subdesenvolvidos [...] resultado das adaptações humanas para as diferenciações
ambientais dos países [...] como consequência dos conflitos políticos e sociais entre
forças territorialmente organizadas em diversas escalas geográficas (local, regional, nacional, internacional e global) (HARVEY, 2006, p. 72-73).
Central também em Harvey (2004) é a questão da escala. Para este autor o
desenvolvimento geográfico desigual compõe-se fundamentalmente de dois componentes
vinculados: 1) a produção de escalas espaciais e 2) a produção da diferença geográfica.
Para Harvey (2004) a produção das escalas espaciais está para além das influências
“naturais”. Isso não significa dizer que a natureza, ou os processos biofísicos, estejam
excetuados. Os processos ecológicos e físicos que regulam as condições da terra, da água e do
ar, por exemplo, atuam em várias escalas. Portanto, é a interação dinâmica com os planos
escalares de processos naturais que os seres humanos produzem suas próprias escalas.
De acordo com Harvey (2004) as escalas espaciais são mutáveis e resultam igualmente
de luta de classes ao mesmo tempo em que definem a escala onde se trava a luta de classe.
Portanto, a produção da escala está assentada em geometrias assimétricas de poder que
acabam por definir de maneira multiescalar aquilo pelo qual se luta, sendo assim parte vital do
desenvolvimento geográfico desigual.
O segundo componente fundamental da teoria do desenvolvimento geográfico
desigual é a produção da diferenciação geográfica. Em tal tessitura, Harvey (2004) mostra que
existem uma gama de efeitos e processos que geraram modos e padrões de vida, bem como
relações socioecológicas e formas político-culturais, conformando diferentes geografias. Os
mosaicos das diferenças são, na visão de Harvey, mais que um legado histórico-geográfico,
posto que na arquitetônica das formas socioecológicas são (re)produzidas perpetuamente e
sofrem a influencia de processos político-econômicos ao longo do tempo.
2.2 Principais projetos aprovados em construção
Carajás Adicional 40 Mtpa. Construção de usina de processamento localizada na
província mineral de Carajás, Pará. Tem capacidade nominal estimada de 40 Mtpa. O start-up
está estimado para o segundo semestre de 2013. O investimento esperado para 2012 é da
ordem de US$ 622 milhões. A Licença de Instalação já foi emitida e a Vale está executando
serviços de terraplenagem e de engenharia civil (VALE, 2012a).
CLN 150 Mtpa cujo objetivo é aumentar capacidade na ferrovia e no porto do Sistema
Norte, incluindo a construção do quarto píer do Terminal Portuário de Ponta da Madeira,
localizado em São Luís (MA). Tem como finalidade ainda aumentar a capacidade logística
nominal da EFC para aproximadamente 150 Mtpa. O start-up está previsto para o primeiro
semestre de 2014 e conta com um investimento para 2012 da ordem de US$ 890 milhões. As
licenças de instalação são esperadas para o segundo semestre de 2012 (VALE, 2012a).
Carajás Serra Sul S11D. Desenvolvimento da mina e a usina de processamento
localizado na serra sul de Carajás, Pará. Tem capacidade nominal estimada de 90 Mtpa. O
start-up está planejado para o segundo semestre de 2016 e conta com um investimento para
2012 da ordem de US$ 794 milhões. A licença prévia é esperada para o primeiro semestre do
corrente ano, enquanto a licença de instalação é esperada para o primeiro semestre de 2013
(VALE, 2012a).
Serra Leste. Construção de nova usina de processamento, localizada em Carajás, Pará.
Capacidade nominal estimada de 6 Mtpa. O start-up está estimado para o primeiro semestre
de 2013 e conta com um investimento de US$ 239 milhões para o ano de 2012. Está em
andamento a construção da estrada de acesso e os serviços de terraplenagem e de engenharia
civil já foram iniciados. As Licenças de instalação (LI) são esperadas para os próximos meses
(VALE, 2012a).
Conceição Itabiritos. Construção de usina de concentração, localizada no Sistema
Sudeste, Minas Gerais. Capacidade nominal estimada de 12 Mtpa. O start-up está estimado
para o segundo semestre de 2013 e conta com um investimento de US$ 184 milhões para o
ano de 2012. Emissão das ainda pendentes licenças de instalação (LI), esperadas para o
primeiro semestre do corrente ano (VALE, 2012a).
Vargem Grande Itabiritos. Construção de nova usina de beneficiamento de minério de
ferro, localizada no Sistema Sul, Minas Gerais. Capacidade nominal estimada de 10 Mtpa.
Start-up estimado para o primeiro semestre de 2014. Investimento para 2012: US$ 429
milhões. Emissão da licença de instalação (LI) esperada para o primeiro semestre de 2013
(VALE, 2012a).
Conceição Itabiritos II. Adaptação da usina para processamento de itabiritos de baixo
teor, localizada no Sistema Sudeste, Minas Gerais. Capacidade nominal estimada de 19 Mtpa.
Start-up estimado para o segundo semestre de 2014. Investimento para 2012: US$ 297
milhões. O projeto está em estágio inicial de desenvolvimento. Licença de instalação (LI).
Simandou I - Zogota. Desenvolvimento da mina de Zogota e de usina de
processamento no sul de Simandou, Guiné. Capacidade nominal estimada de 15 Mtpa. Start-
up estimado para o primeiro semestre de 2012. Investimento para 2012: US$ 380 milhões.
Projeto em estágio inicial de desenvolvimento. Produção inicial esperada para 2012 (VALE,
2012a).
Teluk Rubiah. Construção de terminal marítimo com profundidade suficiente para
receber navios de 400.000 dwt e um pátio de estocagem. Localiza-se em Teluk Rubiah,
Malásia. Start-up estimado para o primeiro semestre de 2014. Investimento para 2012: US$
367milhões. Licença ambiental prévia, de construção e de instalação emitidas. Licença de
operação esperada para o primeiro semestre de 2014 (VALE, 2012a).
Tubarão VIII. Oitava usina de pelotização do complexo de Tubarão, Espírito Santo.
Capacidade nominal estimada de 7,5 Mtpa. Start-up estimado para o segundo semestre de
2012. Investimento para 2012: US$ 239 milhões. Licença de operação (LO) esperada para o
segundo semestre de 2012 (VALE, 2012a).
Samarco IV. Construção da quarta usina de pelotização, expansão da mina,
mineroduto e infraestrutura no terminal marítimo. A Vale possui uma participação de 50% na
Samarco. Capacidade nominal estimada de 8,3 Mtpa, aumentando a capacidade da Samarco
para 30,5 Mtpa. Start-up estimado para o primeiro semestre de 2014. Investimento total
esperado: US$ 1.693 milhões11
. O orçamento de 2012 será financiado internamente pela
Samarco (VALE, 2012a).
Moatize II. Nova mina e duplicação da CHPP (Coal Handling and Preparation
Plant12
) de Moatize, assim como da infraestrutura relacionada. Localiza-se em Tete,
Moçambique. Capacidade nominal estimada de 11 Mtpa (70% carvão metalúrgico e 30%
térmico). Start-up estimado para o segundo semestre de 2014. Investimento para 2012: US$
499 milhões. Os estudos geológicos já se encontram em andamento (VALE, 2012a).
Corredor Nacala. Infraestrutura de porto e ferrovia conectando o sítio de Moatize ao
terminal marítimo de Nacala-à-Velha, localizado em Nacala, Moçambique. Capacidade
nominal estimada de 18 Mtpa. Start-up estimado para o segundo semestre de 2014.
Investimento para 2012: US$ 691 milhões. Licenças ambientais emitidas para a ferrovia e
terminal marítimo. Desenvolvimento do estudo de engenharia detalhado em andamento.
Projeto em estágio inicial de desenvolvimento (VALE, 2012a).
Salobo. Desenvolvimento de mina, usina e infraestrutura relacionada em Marabá,
Pará. Capacidade nominal estimada de 100.000 tpa de cobre em concentrado. Start-up
estimado para o segundo semestre de 2012. Investimento para 2012: US$ 296 milhões.
Licença de operação esperada para o primeiro semestre de 2012 (VALE, 2012a).
Salobo II. Expansão de Salobo, alteamento de barragem e aumento da capacidade da
mina. Start-up estimado para o segundo semestre de 2013. Investimento para 2012: US$ 581
milhões. Serviços de engenharia civil no circuito de flotação em andamento. Construção do
moinho de bolas foi iniciada. Licença de operação (LO) da planta esperada para o primeiro
semestre de 2013 (VALE, 2012a).
Long Harbour. Operação hidrometalúrgica. Localizada em Long Harbour,
Newfoundland e Labrador, Canadá. Capacidade nominal de refino estimada de 50.000 tpa de
níquel refinado, e cobre e cobalto associados. Start-up estimado para o segundo semestre de
11 Investimento esperado é relativo à participação da Vale no projeto. 12 Em uma tradução aproximada: manuseio de carvão e preparação da fábrica.
2013. Investimento para 2012: US$ 1.208 milhões. Planta em construção. Montagem
eletromecânica em andamento (VALE, 2012a).
Totten. Mina de níquel em Sudbury, Ontário, Canadá. Capacidade nominal estimada
de 8.200 tpa. Start-up estimado para o segundo semestre de 2013. Investimento para 2012:
US$ 157 milhões (VALE, 2012a).
Rio Colorado. Investimentos em um sistema de extração por solução, localizado em
Mendoza, Argentina, renovação de ferrovia existente (440 km), construção de ramal
ferroviário (350 km) e um terminal marítimo em Bahia Blanca, Argentina. Capacidade
nominal estimada de 4,3 Mtpa de potássio (KCl). Start-up estimado para o segundo semestre
de 2014. Finalizado acordo com as cinco províncias argentinas envolvidas no projeto.
Escavações já iniciadas. Serviços de engenharia civil em andamento (VALE, 2012a).
Biodiesel. Projeto para produzir biodiesel a partir de óleo de palma. Plantação de
80.000 há, localizado no Pará, Brasil. Capacidade nominal estimada de 360.000 tpa de
biodiesel. Start-up estimado para 2015. Investimento para 2012: US$ 227 milhões. Plantação
em andamento. Estudo de FEL III13
da usina de biodiesel esperado para Julho de 2013.
Licença Prévia (LP) e licença de instalação (LI) esperadas para o segundo semestre de 2013
(VALE, 2012a).
CSP. Desenvolvimento de uma planta de placas de aço em parceria com a Dongkuk e
Posco, localizada no Ceará. A Vale possui 50% da joint venture. Capacidade nominal
estimada de 3,0 Mtpa. Start-up estimado para o primeiro semestre de 2015. Investimento para
2012: US$ 563 milhões. Estágio inicial de desenvolvimento. A joint venture está
desenvolvendo o estudo de viabilidade FEL III (VALE, 2012a).
Por isso tudo, é importante notar que tais investimentos da Vale em minerais, metais e
no setor de fertilizantes está em total sintonia com o objetivo fundamental da Companhia que
é gerar valor para os seus mais de 500 mil acionistas espalhados ao redor do globo. Para
atingir tal fito a estratégia de crescimento da Vale, como é perceptível até agora, baseia-se
fundamentalmente em um portfólio de ativos de uso industrial altamente rentável e lucrativo
que abrange setores desde a indústria siderúrgica até a agricultura.
13 A Metodologia Front End Loading (FEL) é normalmente desenvolvida em três fases, entre as quais há etapas
formais de análise e aprovação dos conceitos gerados (gates), de forma similar a apresentada nos modelos
referenciais de desenvolvimento de produtos. Resumidamente, a etapa inicial (FEL1) implica na definição dos
objetivos do negócio / projeto, alinhando esses objetivos com as estratégias empresariais. A etapa intermediária
(FEL2) implica na seleção da melhor alternativa conceitual apresentada na etapa anterior, chegando-se a uma
melhor definição do escopo e dos critérios e restrições para o desenvolvimento do projeto (design). A fase final
da etapa de pré-planejamento (FEL3) refina os parâmetros de design e alternativas de engenharia definidas nas
etapas anteriores, preparando o projeto para sua aprovação com relação ao escopo, custos, prazos e parâmetros
associados à rentabilidade (ROMERO; ANDERY, 2012).
Nesse sentido, os principais projetos de desenvolvimento da Vale para 2012 podem ser
agrupados nos setores de mineração (ferro, carvão, cobre, níquel, potássio), logística,
pelotização, refino, energia e siderurgia. A compreensão das atividades da Companhia reflete
a importância da teoria do desenvolvimento geográfico desigual que articule a base material,
o ambiente produtivo e a multiescalaridade.
Entende-se que a diversificação da pesquisa e prospecção mineral, aumento da
produção e vendas em uma escala global requer um investimento em ativos fixos, ambientes
construídos para a produção e o consumo que inclui parques industriais, portos e redes de
transporte como ferrovia, ou seja, infraestrutura necessária à acumulação no futuro
(HARVEY, 2010).
Os projetos supracitados revelam o movimento econômico da Vale. Este movimento
não pode ser compreendido sem considerar a relação existente entre o capital fixo (portos,
ferrovias, máquinas, equipamentos, plantas industriais) e a escala de operação da Vale.
Notadamente, é a busca de acumulação que engendra a expansão geográfica da Vale,
conduzida pelo capital produtivo. Por isso ela investe maciçamente em ativos fixos
fundamentais para o progresso da acumulação, como é o caso da logística.
Nesse caso de logística é importante notar que a Vale encomendou junto a estaleiros
asiáticos (na Coréia do Sul e China) uma série de navios de grande porte para transportar
minérios de ferro (conhecidos como Valemax). Os Valemax (FIGURA 05) são uma série de
supergraneleiros (ou mineraleiros) que começaram a aportar no Brasil a partir de março de
2011. O primeiro dos 19 navios encomendados, o Vale Brasil, tem 362 metros de
comprimento e 65 metros de largura e chegou ao Brasil no dia 5 de maio. O objetivo da
operação nada mais é que o corte permanente nos custos do transporte de minério de ferro do
Brasil para Ásia.
Figura 05. Comparação dos navios antigos com o Valemax. Fonte: www.vale.com
A compreensão do “por que a Vale encomendou tais supergraneleiros,” só pode ser
elucidada a partir do entendimento do modus operandi da Vale. O modus operandi da Vale
baseia-se num complexo mina-ferrovia-porto. Isso implica um entendimento de uma forma de
atuar da empresa condizente com uma lógica rentista que articula ambientes construídos
(ferrovia - terminais marítimos) para a progressão da acumulação.
Em contrapartida, o progresso da acumulação não se explica de per si. É preciso
identificar o porquê de tanta produção. Como a produção está ligada diretamente ao consumo
é necessário entender para quais economias o capitalismo (como um todo) está se
direcionando. Nesse cenário, são as economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China) que
estão fazendo girar o motor da acumulação em escala mundial (FIGURA 06) cujo
crescimento econômico, industrialização da agricultura e desenvolvimento dependem
diretamente de minerais, metais e fertilizantes.
Figura 06. Comparativo: Crescimento do PIB das economias emergentes e desenvolvidas. Fonte: Vale, 2012c.
Por isso, a Vale, que é a maior produtora mundial de minério de ferro e a segunda
maior produtora de níquel, desempenha um papel importante como peça integrante da
mecânica da acumulação global na medida em que se situa como produtora de matérias-
primas que movem a industrialização e consequente urbanização mundial. Isso se reflete no
aumento do consumo de minério de ferro, fertilizantes, níquel, cobre e aço nas economias
emergentes (FIGURA 07).
Figura 07. Intensidade de consumo de matérias-primas nas economias emergentes. Fonte: Vale, 2012c.
As importações de minério de ferro da segunda maior economia global cresceram
10,8% em 2011, totalizando 687 milhões de toneladas, ou seja, 64,8% do comércio
transoceânico mundial. A China foi responsável em 2011 por 31,7% das receitas da Vale,
seguida pelo Brasil com 17,1%, Japão com 11,7%, Alemanha com 6,3%, Coréia do Sul com
4,3% e Estados Unidos com 3,8%. Além do mais, a participação da China nas vendas de
minério de ferro de pelotas continuou a subir, alcançando 47,0% no 4T11, comparado a
45,0% no 3T11 (VALE, 2012d).
Existe uma série de fatores que explicam esta relação comercial entre Vale e China.
Um deles é o crescimento do PIB chinês que, após atingir no segundo semestre de 2009 o
pico de 14, 7%, recuou no terceiro trimestre de 2010 para 8,5% (FIGURA 08).
Figura 08. Crescimento do PIB chinês. Fonte: Vale, 2012c.
A China é uma dessas economias emergentes, ao lado do Brasil, Rússia e Índia, que
funcionam como motor do crescimento capitalista mundial em virtude da alta demanda por
minerais como ferro, pelotas e níquel14
. A urbanização crescente da China (FIGURA 09) é um
dos aspectos a serem considerados na economia política da Vale.
Figura 09. Taxa de Urbanização da China. Fonte: Vale, 2012c.
Podemos constatar assim que a urbanização da China é fundamental para o
desenvolvimento da Vale e para o crescimento do capitalismo (HARVEY, 2011). Para
Harvey, a China tem tido uma capacidade enorme de absorver o capital excedente. Ademais, a
China tem se tornado uma consumidora voraz de matérias-primas, como o minério de ferro da
Vale. Contudo, apesar da expansão substancial, ainda há espaço pra grandes fluxos de gastos
em infraestrutura na China (FIGURA 10).
Figura 10. Gastos em infraestrutura na China. Fonte: Vale, 2012c.
14 Em 2010, a China representou 59% da demanda global de minério de ferro transoceânico, 37% da demanda
mundial de níquel, 38% de alumínio e 41% da demanda global de alumínio (VALE, 2011a).
Compreende-se então que a Vale está em plena sintonia com o crescimento econômico
da China uma vez demanda produtos minerais básicos que alimentam a industrialização e
consequente urbanização. O plano quinquenal da China (2011-2015) tem como prioridades a
criação de 45 milhões de empregos urbanos (VALE, 2012c) e 36 milhões de unidades de
habitação social (FIGURA 11). Tais fatos provam que o mercado da construção civil absorve
o capital excedente a ser investido na indústria e na criação de proletários urbanos.
Figura 11. Potencial de criação de unidades habitacionais na China. Fonte: Vale, 2012b.
Todos esses dados citados evidenciam que o crescimento chinês está atrelado
diretamente ao consumo de matérias-primas para sua industrialização e urbanização como
reprodução material do desenvolvimento capitalista. No plano da economia política, a Vale
tem desempenhado o papel de uma legítima mineradora interessada diretamente em fornecer
os minérios para o crescimento econômico de países emergentes que se industrializam e
urbanizam crescentemente.
2.3 P&D
Claro está o caráter marcadamente geográfico e desigual do capitalismo. Pela simples
análise dos projetos da Vale podemos visualizar como um projeto econômico de escala
nacional (p.ex. projeto Moatize, em Moçambique) é integrado à dinâmica econômica mundial
(a estratégia global de crescimento da Vale). A questão que se põe é: qual o papel da Pesquisa
e Desenvolvimento (P&D)?
Os investimentos da Vale em P&D são a base das opções futuras de crescimento. O
orçamento para 2012 envolve US$ 918 milhões para financiar o programa global de
exploração mineral, US$ 848 milhões para estudos conceituais, de pré-viabilidade e
de viabilidade, e US$ 591 milhões a serem investidos em novos processos, e
inovações e adaptações tecnológicas
O programa de exploração mineral compreende iniciativas nas Américas, África,
Ásia e Australásia. Os dispêndios serão dedicados para seguirmos desenvolvendo
nossas reservas de minério de ferro (US$ 282 milhões) e níquel (US$ 202 milhões),
e para explorar oportunidades em cobre (US$ 156 milhões), carvão (US$ 75
milhões), e potássio e rocha fosfática (US$ 50 milhões). (VALE, 2012a, p.2).
Pela leitura acima podemos compreender que os investimentos em P&D implicam em
atividades em longo prazo. Para tanto o caráter científico e tecnológico (estudos conceituais,
viabilidade, inovações, etc.) emerge como método disciplinador da alocação de recursos em
um nível global. Como diz Neil Smith (1988, p. 171): “Como o capital fixo no processo de
produção, a tecnologia é tanto o veículo para a expansão do capital quanto o fator
impulsionador de tal desenvolvimento. A competição é o fluxo social que generaliza a
necessidade de inovação por toda economia”.
2.4 Investimento para sustentação das operações
O investimento em ciência e tecnologia, mais precisamente P&D, é fundamental para
que haja um menor risco ou incerteza quanto à viabilidade do projeto. Mas também é
importante para Vale o investimento destinado a sustentar suas operações:
O investimento orçado para sustentar as operações existentes em 2012 é de US$
6,106 bilhões, e será dedicado não somente a manter nossos níveis de produção, mas
também para investir em iniciativas de aumento da eficiência operacional,
excelência em saúde e segurança, e proteção ambiental (VALE, 2012a, p.2).
Como se vê as iniciativas de excelência em saúde e segurança, bem como proteção
ambiental, irão dividir o investimento com a sustentação das operações da Companhia. Talvez
seja por isso que ainda ocorram mortes ao longo da Estrada de Ferro Carajás15
; O Relatório de
Insustentabilidade16
produzido pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale traz
alguns números interessantes, a saber: 11 mortes de trabalhadores em acidentes, 124 acidentes
graves nas ferrovias e 175 mortes/lesões graves por acidentes nas ferrovias (EFC, EFVM,
MRS e FCA).
Mas a Vale continua a insistir em melhoria da gestão (dos negócios?), em eficiência
operacional (de suas atividades lucrativas?) ou ainda em eficiência gerencial (dividendos
distribuídos para seus acionistas?):
15 Como o caso de Dona Antonia que teve seu marido morto pelo trem da Vale. Conforme:
http://www.justicanostrilhos.org/nota/886. 16
Trata-se de um documento que contrapõe o Relatório de Sustentabilidade da Vale a partir do acúmulo de
experiências, relatos, denúncias e estudos que, através de alguns casos emblemáticos, mostram impactos
socioambientais e as irregularidades cometidas nas suas operações. Encontra-se disponível em
http://atingidospelavale.wordpress.com/
Estamos desenvolvendo o projeto AER (redução de emissão atmosférica), que irá
reduzir significativamente a poluição do ar no Canadá, ampliando o legado positivo
para a comunidade na região de Sudbury. O projeto plurianual inclui reflorestamento
e preservação ambiental.
Em linha com nosso foco na busca de excelência em saúde e segurança, a Vale está
investindo para melhorar os padrões de nossas operações (VALE, 2012a, p.2).
Já vimos que os investimentos em saúde e segurança não são os objetivos primordiais
da Companhia, por isso a sustentabilidade socioambiental de suas atividades é questionável.
O Canadá é um exemplo disto. Em Sudbury dois trabalhadores morreram. Os operários
foram soterrados após um deslizamento na parte subterrânea da mina de níquel onde
trabalhavam. O acidente ocorreu a 1 mil metros de profundidade17
. As mortes foram causadas
pelo soterramento dos mineiros por uma torrente de lama e material úmido que inundou o
túnel no qual trabalhavam. O sindicato United Steelworkers (USW), do Canadá, realizou uma
investigação que concluiu que a Vale vinha ignorando problemas de inundação nas minas18
.
2.5 Ênfase na sustentabilidade
Temos percebido que as violações sociais (mortes, acidentes, etc.) colocam em xeque
a sustentabilidade das operações da Vale. Tais violações decorrem necessariamente de um
modo de operar que se preocupa primordialmente com seus resultados financeiros (receita,
lucro, geração de caixa, etc.). Porém, apesar de tudo isso, de todas as denúncias promovidas
pela Articulação internacional dos Atingidos pela Vale, ela insiste em dar “ênfase na
sustentabilidade”:
A sustentabilidade contribui para um mundo melhor e ao mesmo tempo aumenta a
nossa competitividade no longo prazo. O desenvolvimento sustentável é alcançado
quando nossos negócios geram valor para os acionistas, enquanto criam um legado
social, econômico e ambiental positivo nas regiões nas quais operamos.
Investimentos em responsabilidade social corporativa em 2012 alcançarão US$
1,648 bilhão, dos quais US$ 1,354 bilhão será investido na proteção e conservação
ambiental, e US$ 293 milhões em programas sociais.
A Vale está comprometida em desenvolver uma matriz energética mais limpa,
investindo em fontes de energia renováveis, como por exemplo, geração eólica e
biocombustíveis. O programa de biodiesel envolve o plantio de 80.000 hectares para
produzir 360,000 tpa de biodiesel a partir de óleo de palma, contribuindo para minimizar emissões de gases de efeito estufa, como também promovendo o
desenvolvimento para as comunidades locais no estado do Pará. O parque de energia
eólica da Vale, no estado do Rio Grande do Norte, terá uma capacidade total
estimada em 65,7 MW (VALE, 2012a, p.2-3).
Logo no início da argumentação pela sustentabilidade verificamos o “por que” de sua
presença: competitividade em longo prazo. Evidencia, portanto o quanto a sustentabilidade da
Vale é passível de dúvida e de forte apelo mercadológico. A contradição se põe quando a Vale
17 http://www.radioagencianp.com.br/10550-Trabalhadores-morrem-em-mina-da-Vale-no-Canada 18 Conforme Relatório de Insustentabilidade, 2012, p.10.
tenta, simultaneamente, gerar valor para os acionistas e deixar um legado positivo nas regiões
onde opera. No entanto a sustentabilidade fica apenas no discurso e somente neste plano a
Vale pode se julgar sustentável ao mesmo tempo em que desrespeita comunidades e
trabalhadores onde atua, seja no Brasil ou no Canadá.
Elucida-se, portanto, porque a Vale investirá US$1,354 bilhão em proteção e
conservação ambiental: a promoção de um discurso de sustentabilidade torna-se mais um
fator competitivo e mercadológico em longo prazo, mesmo que esse “gigantesco valor”
represente apenas 6% do total de capital despendido para todas as unidades da Vale.
Não obstante, a empresa que se julga “comprometida em desenvolver uma matriz
energética mais limpa, investindo em fontes de energia renováveis” é a mesma que participa
da construção da hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará. Segundo a Articulação
Internacional dos Atingidos pela Vale:
Dona de 9% das ações de Belo Monte, a Vale é a maior acionista privada do
Consórcio Norte Energia, responsável pela construção da usina no rio Xingu, Pará.
Obra mais cara do Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo
Federal, Belo Monte custará cerca de R$ 30 bilhões e vem acumulando um dos
maiores passivos sociais, ambientais e jurídicos das obras de infraestrutura em curso
no país. Belo Monte vai resultar em enormes danos ao frágil ecossistema do Xingu, um dos
principais rios da Amazônia. No trecho da Volta Grande do Xingu, a água será
desviada para o reservatório, praticamente secando 100 km de rio. Cerca de 40 mil
pessoas da macroregião de Altamira serão diretamente atingidas, dentre as quais três
comunidades indígenas de várias etnias, moradores da cidade e ribeirinhos que
vivem às margens do Xingu. A população indígena atingida não foi previamente
consultada sobre o projeto, conforme exige a Constituição Federal e a Convenção
169 da OIT, da qual o Brasil é signatário.
Vetor de sérios impactos ambientais e sociais, Belo Monte também não se justifica
nem energética, nem economicamente. Devido ao longo período de seca do Xingu, a
usina vai produzir apenas 39% da sua capacidade de geração de energia, um
aproveitamento extremamente baixo. Já economicamente, a energia de Belo Monte será muito cara devido aos custos de produção e distribuição. Bancos já calcularam
que o empreendimento teria um Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 7 bilhões de
prejuízo para os sócios do empreendimento19
.
Ressalte-se que a participação da Vale no consórcio de Belo Monte foi fundamental
para que a Vale fosse escolhida para o Public Eye. Como se vê um projeto como Belo Monte
que 1) desagrega socialmente indígenas e ribeirinhos (camponeses), 2) inunda uma área de
516 km2 de Floresta Amazônica, 3) não realiza oitivas indígenas
20, 4) subdimensiona a
população atingida e área afetada, 5) ameaça de extinção as espécies endêmicas, 5) causará
perda irreversível de biodiversidade (ZAGALLO, 2011a) ganha contornos “racionais” porque
19
Conforme Relatório de Insustentabilidade, 2012, p.8. 20 Obrigatórias pela legislação brasileira e pela Convenção 169 da OIT, ratificada pelo Brasil em 2002, que
garante aos indígenas o direito de serem informados de maneira objetiva sobre os impactos da obra e de terem
sua opinião ouvida e respeitada.
1) adiciona uma média de 400 MW de geração de energia à própria Vale, 2) restringe o
crescente desequilíbrio esperado entre a capacidade de consumo da Vale e a capacidade de
geração no Brasil, 3) reduz o custo de energia abaixo dos preços de mercado, 4) reduz a
exposição ao risco de preço e de fornecimento e 5) a taxa esperada de retorno é maior que o
custo de capital (FIGURA 12).
Figura 12. Motivos da aquisição da vale para o aproveitamento hidrelétrico Belo Monte. Fonte: Vale, 2012e.
Por isso tudo, compreendemos entendemos que a Vale tem buscado contornar todos os
entraves (sociais, ambientais) que se põe no caminho do seu processo de acumulação. A
seguir veremos como os entraves são re-significados pela Companhia como “Desafios”.
2.6 Desafios na execução de projetos
Tal como a Petrobrás, para quem o “desafio é a nossa energia”, a Vale também
enfrenta “desafios” na execução de projetos; Apesar de já ter as licenças necessárias em boa
parte dos projetos aqui levantados, ela diz que:
A execução de projetos de capital é um dos maiores desafios para a indústria de
mineração. A Vale enfrenta alguns obstáculos para implantar o seu portfólio de
ativos de classe mundial: licenciamento ambiental, maior escassez relativa de capital
humano, pressões de custo e prazos de entrega mais longos (VALE, 2012a, p.6).
Da mesma forma que um conquistador colonial, a Vale conquista territórios para
executar seus projetos de mineração. De fato, ela tem conseguido, com habilidade, implantar
seus ativos de classe mundial apesar de todos os obstáculos, ou seja, camponeses
desrespeitados, indígenas olvidados, trabalhadores explorados e o licenciamento ambiental.
O licenciamento ambiental tem sido o principal risco para o desenvolvimento de
projetos. Para lidar com este desafio, estamos tomando medidas para melhorar a
eficiência nos processos de licenciamento, como a maior integração entre as equipes
de meio ambiente e desenvolvimento de projetos, o desenvolvimento de um Guia de
Melhores Práticas para Licenciamento Ambiental e o Meio Ambiente, a montagem
de equipes de especialistas altamente qualificados, maior interação com as agências
ambientais, e a criação de um Comitê Executivo para agilizar decisões internas (VALE, 2012a, p.6).
Segundo a Resolução CONAMA 237/97 (art. 1.º, I), a licença ambiental é o
“procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização,
instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras (sic) de
recursos ambientais, consideradas efetiva e potencialmente poluidoras ou daqueles que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e
regulamentares e as normas aplicáveis ao caso”. Nesse sentido, o que podemos esperar
quando uma empresa qualifica como risco, ou seja, como algo provavelmente perigoso (aos
negócios?), um instrumento político que busca (em tese) harmonizar desenvolvimento
capitalista e meio ambiente? Não seria uma contradição da própria Vale, que julga
desenvolver suas atividades de maneira sustentável, qualificar o licenciamento ambiental
como risco? Seriam as pessoas para a Vale um risco? Talvez as que atrapalhem seus
negócios21
sejam, porque na visão da Vale as pessoas:
... são uma verdadeira fonte de vantagem competitiva, e o capital humano é um
recurso fundamental para os projetos e operações futuras. A Vale trabalha para
integrar ainda mais o planejamento estratégico, visando antecipar a demanda por
mão de obra qualificada, assim como investindo em iniciativas para capacitar
técnicos especializados, engenheiros e profissionais de implantação de projetos
(VALE, 2012a, p.6).
Como em um passe de mágica, um “enigma”, as pessoas são convertidas em uma
vantagem competitiva e em capital humano. O homem, um ser que se objetiva historicamente
em sua totalidade, é socializado agora pelo capital, redundando em um capital humano cujo
único destino é ser um recurso para a geração de lucro.
21
Vale usou a recente crise mundial (2008) como justificativa para reduzir salários, aumentar jornadas de
trabalho, realizar demissões maciças e cortar benefícios e outros direitos adquiridos, o que provocou a maior
greve da história do Canadá entre os anos de 2009 e 2010. Foram 11 meses de greve em Sudbury e Port
Colborne, e 18 meses em Voisey’s Bay. De acordo com Relatório de Insustentabilidade, 2012, p.10.
A Vale trabalha para minimizar os impactos do atual ciclo de commodities, que
podem afetar a execução dos projetos devido à escassez de empreiteiras com
homens-hora disponível, a pressões no preço dos serviços e equipamentos, e prazos
mais longos para entrega de equipamentos. As principais ações de mitigação
incluem inteligência no processo de suprimentos, fortalecimento das relações de
longo prazo com fornecedores, antecipação de compras e diversificação da base de
fornecedores. Até o momento, essas ações foram bem sucedidas em lidar com as
pressões, e prazos de entrega não impactaram a execução do nosso pipeline de projetos (VALE, 2012a, p.6).
Mas esta prática, de transformar os homens em horas e depois lhes roubar o tempo
extraindo a famosa mais-valia absoluta, não está impune: Em março de 2010, a Vara do
Trabalho de Parauapebas, no Pará, condenou a Vale a pagar R$ 100 milhões por danos morais
coletivos e mais R$ 200 milhões por dumping social (a prática de desrespeito à legislação
trabalhista local para reduzir os custos de produção). A sentença da Justiça obrigou a Vale a
pagar as horas em que os trabalhadores se deslocam de suas moradias até as minas (horas “in
itinere”). O tempo que um trabalhador levava para chegar ao trabalho o obrigava a ficar cerca
de 13 horas à disposição da empresa, ainda que esta só lhe remunerasse por 6 horas de
trabalho. Posteriormente a empresa fez um acordo na Justiça para pagar parte desse passivo22
.
Contudo, parece que a Vale está mais focada em seu desempenho administrativo,
econômico e financeiro que com questões trabalhistas ou ambientais. Assim, o tratamento
metodológico diz respeito à análise dos negócios mais rentáveis, das alternativas
conceitualmente viáveis e do planejamento estratégico de suas operações. E isso requer
mudanças gerenciais:
No contexto da reorganização de nossa estrutura gerencial, foi criada uma divisão
liderada por um Diretor Executivo totalmente dedicado à implementação de projetos. Estamos adotando uma abordagem mais disciplinada para o
desenvolvimento de projetos, usando a difundida metodologia FEL (Front-End-
Loanding), com portais claros de aprovação entre os estágios anteriores à aprovação
do Conselho de Administração (VALE, 2012a, p.6).
Antes da posse de Murilo Ferreira, em maio de 2011, a estrutura gerencial da Vale era
composta da seguinte forma: Roger Agnelli (Diretor-presidente), Eduardo de Salles
Bartolomeo (Diretor Executivo de Logística, Gestão de Projetos e Sustentabilidade), José
Carlos Martins (Diretor Executivo de Ferrosos), Carla Grasso (Diretora Executiva de
Recursos Humanos e Serviços Corporativos), Fabio de Oliveira Barbosa (Diretor Executivo
de Finanças e Relações com Investidores) e Tito Botelho Martins (Diretor Executivo de Não
Ferrosos).
Com a posse do atual diretor-presidente Murilo Ferreira a estrutura gerencial mudou e,
além do cargo de diretor-presidente conta com os seguintes: Vania Somavilla (Diretora
22 Conforme Relatório de Insustentabilidade, 2012, p.10, grifos meus.
executiva de recursos humanos e Serviços Corporativos), Tito Martins (Diretor executivo de
Operações de metais básicos), Mário Barbosa (Diretor executivo de fertilizantes), José Carlos
Martins (Diretor executivo de marketing, vendas e estratégia), Guilherme Cavalcanti (Diretor
executivo de finanças e relações com investidores), Eduardo Ledsham (Diretor executivo de
exploração, energia e projetos) e Eduardo Bartolomeo (Diretor executivo de Operações
integradas).
Ainda na gestão Agnelli havia 6 cargos na estrutura gerencial; já na gestão Ferreira o
número de cargos aumentou para 8 no total (foi acrescida a Diretoria executiva de
fertilizantes e a Diretoria executivo de exploração, energia e projetos). Houve a substituição
no cargo de diretor-presidente (saiu Roger Agnelli e entrou Murilo Ferreira); Eduardo de
Salles Bartolomeo deixou o cargo de Diretor Executivo de Logística, Gestão de Projetos e
Sustentabilidade para assumir o de Diretor executivo de Operações Integradas; José Carlos
Martins assumiu o cargo de Diretor executivo de marketing, vendas e estratégia depois de ter
ocupado o cargo de Diretor Executivo de Ferrosos; No cargo de Diretora executiva de
recursos humanos e Serviços Corporativos, saiu Carla Grasso e entrou Vania Somavilla;
Fabio de Oliveira Barbosa, antigo Diretor Executivo de Finanças e Relações com
Investidores, foi substituído por Guilherme Cavalcanti; Tito Botelho Martins deixou o cargo
de Diretor Executivo de Não Ferrosos para assumir o de Diretor executivo de Operações de
metais básicos; mas as mais significativas mudanças na estrutura gerencial foram 1) a criação
da Diretoria executiva de fertilizantes, chefiada por Mário Barbosa e 2) a criação da Diretoria
executivo de exploração, energia e projetos, cargo assumido por Eduardo Ledsham.
Isso sinaliza para dois aspectos. O primeiro é a ênfase no desenvolvimento
metodológico de projetos, atrelado diretamente à questão energética, que agora conta com um
Diretor-Executivo; O segundo aspecto é a criação de uma Diretoria executiva de fertilizantes
que demonstra justamente a importância que este setor vem ganhando dentro da Companhia.
Os números não deixam dúvida: os negócios de fertilizantes respondem por 9,6% dos
investimentos para 201223
. Por exemplo, a produção de potássio esperada para 2012 é de 650
mil toneladas métricas; e a produção de rocha fosfática é de 8.000 milhões de toneladas
métricas; Desse modo, demonstra-se como o setor de fertilizantes é uma área estratégica pra
Vale. Por isso ela conta com vários projetos espalhados ao redor do mundo (FIGURA 13).
23 Atrás apenas dos Bulk Materials - minério de ferro, produção de pelotas, exploração de manganês, produção
de ferro ligas e produção de carvão - (55,6%) e Metais Base (21,6%).
Figura 13. Projetos de fertilizantes da Vale. Fonte: Zagallo, 2011b.
Isso prova que “nem só de minério de ferro e metais vive a economia da Vale”. Mas
porque investir em fertilizantes? O que o torna um negócio atrativo? O preço de cereais como
milho e soja têm aumentado (FIGURA 14), o que torna o investimento lucrativo, caso a
demanda por fertilizantes aumente também.
Figura 14. Aumento do preço de cereais: soja e milho. Fonte: Vale, 2012c.
E no caso de fertilizantes um país merece destaque: o Brasil. A Vale aponta que é um
país com grande potencial para o crescimento do consumo de fertilizantes o que o qualifica
como potência agrícola mundial. E os indicadores dão razão à Vale: o consumo de
fertilizantes cresceu 6% ao ano de 1990 a 2008; é o segundo maior importador de potássio e
fosfato; dispõe de água e terras aráveis; por apresentar o solo pobre, necessita de nutrientes
para torná-los agricultáveis; além do mais, prevê-se para a produção agrícola brasileira um
crescimento de 40% nesta década (VALE, 2012c).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS: NECESSIDADE DE MUDANÇA
A motivação interna para iniciar esta discussão adveio de uma necessidade de buscar
iluminações que facilitassem a compreensão da Economia Política da Vale para que, a partir
do entendimento, fossem postos problemas e as possibilidades de resposta que pudessem
subsidiar econômica e politicamente as experiências de resistência da Rede Justiça nos
Trilhos frente ao modelo de desenvolvimento proposto e executado pela Companhia em
questão.
O entendimento, portanto, baseava-se numa perspectiva dialética que buscasse
totalizar e explicar, por conseguinte, o modus operandi, os projetos desenvolvidos e/ou
planejados e a sustentabilidade de tais projetos em operação e/ou construção. Sendo assim,
escolhemos um documento atual (Orçamento de Investimentos para 2012) como objeto
analítico. Dessa forma, buscamos no geógrafo marxista David Harvey fundamentações e
direcionamentos metodológicos/analíticos no bojo da teoria do desenvolvimento geográfico
desigual. A articulação entre base material, multiescalaridade e construções de ambientes
produtivos para acumulações futuras dão o caráter marcadamente geográfico e desigual do
desenvolvimento das atividades da Vale.
Pontuou-se que o dispêndio de capital em crescimento orgânico e em pesquisa e
desenvolvimento tem como alvo as economias emergentes (especialmente China e Brasil).
Destarte, com a devida disciplina de alocação de recursos, a Vale tem construído ambientes
que propiciam a acumulação em um nível global: ferrovias, terminais marítimos,
minerodutos, acessos rodoviários, plantas industriais e fábricas.
Todavia, a construção de tais ambientes que permitam a acumulação não se faz sem
conflitos o que torna passível de dúvida a sustentabilidade da Vale que não seja aquela posta
do ponto de vista econômico ou financeiro.
Seguindo essa lógica produtiva, mecanismos políticos (como o licenciamento
ambiental) que poderiam servir para disciplinar o desenvolvimento das atividades da Vale são
re-significados enquanto riscos ao empreendimento.
Mas, se a globalidade das ações econômicas da Vale são indubitavelmente a raiz de
seu sucesso econômico, ela propicia (a própria globalidade) também o germe de sua
contrarracionalidade, superação e transformação social: A Articulação Internacional dos
Atingidos Pela Vale.
Neste amplo movimento social, é de fundamental importância a mobilização política,
nos quais os agentes envolvidos, ao transcenderem as escalas de seus municípios, criam novas
formas de luta pelo poder promovendo a defesa de um ambiente sadio, denunciando violações
de direitos humanos, exigindo transparência nos desenvolvimento de projetos, fiscalizando os
agentes envolvidos, responsabilizando os governos, enfim, buscando a todo instante
estratégias de enfrentamento que possam satisfazer as necessidades por aquilo que se luta.
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