a eleição do amadurecimento? a internet como suporte para a memória

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29/10/2014 iBahia Artigo: A eleição do amadurecimento? A Internet como suporte para a memória Versão para Impressão http://www.ibahia.com/impressao/noticia/aeleicaodoamadurecimentoainternetcomosuporteparaamemoria/?cHash=b3afcc758b51e47be225e03cac03… 1/3 O que tem de específico as eleições presidenciais de 2014? Como ela será lembrada? Qual foi o papel da Internet? Agora mesmo, durante o segundo turno, enquanto Dilma e Aécio ainda trocam acusações de corrupção da coisa pública e promessas de uma vida melhor, quem gosta de política diz que o pleito deste ano é um dos mais emocionantes desde que voltamos à democracia. A julgar pelos números das pesquisas eleitorais e pelas timelines da vida, o segundo turno foi a demonstração, em termos brasileiros, do conceito de polarização. Na reta final, chegaram um homem e uma mulher, com perfis biográficos e de performance acentuadamente diferentes. Mas não é só isso. Enfrentamse neste segundo turno dois partidos que disputam a presidência desde as eleições de 1994. ELEIÇÕES 2014 Publicada em 23/10/2014 às 11h12. Atualizada em 23/10/2014 às 11h29 Artigo: A eleição do amadurecimento? A Internet como suporte para a memória Especialista analisa o papel das redes sociais nas Eleições de 2014 Por Samuel Barros*

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O que tem de específico as eleições presidenciais de 2014? Como ela será lembrada? Qual foi o papel da Internet? Agora mesmo, durante o segundo turno, enquanto Dilma e Aécio ainda trocam acusações de corrupção da coisa pública e promessas de uma vida melhor, quem gosta de política diz que o pleito deste ano é um dos mais emocionantes desde que voltamos à democracia.

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Page 1: A eleição do amadurecimento? A Internet como suporte para a memória

29/10/2014 iBahia ­ Artigo: A eleição do amadurecimento? A Internet como suporte para a memória­ Versão para Impressão

http://www.ibahia.com/impressao/noticia/a­eleicao­do­amadurecimento­a­internet­como­suporte­para­a­memoria/?cHash=b3afcc758b51e47be225e03cac03… 1/3

O que tem de específico as eleições presidenciais de 2014? Como ela será lembrada? Qual foi o papel daInternet? Agora mesmo, durante o segundo turno, enquanto Dilma e Aécio ainda trocam acusações de corrupçãoda coisa pública e promessas de uma vida melhor, quem gosta de política diz que o pleito deste ano é um dosmais emocionantes desde que voltamos à democracia. 

A julgar pelos números das pesquisas eleitorais e pelas timelines da vida, o segundo turno foi a demonstração,em termos brasileiros, do conceito de polarização. Na reta final, chegaram um homem e uma mulher, com perfisbiográficos e de performance acentuadamente diferentes. Mas não é só isso. Enfrentam­se neste segundo turnodois partidos que disputam a presidência desde as eleições de 1994. 

ELEIÇÕES 2014Publicada em 23/10/2014 às 11h12. Atualizada em 23/10/2014 às 11h29

Artigo: A eleição doamadurecimento? A Internetcomo suporte para a memóriaEspecialista analisa o papel das redes sociais nasEleições de 2014

Por Samuel Barros*

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29/10/2014 iBahia ­ Artigo: A eleição do amadurecimento? A Internet como suporte para a memória­ Versão para Impressão

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Alguns veem na polarização entre PT e PSDB um fenômeno político que fortalece o sistema político brasileiro(com partidos demais para o gosto de alguns). Enquanto outros acham essa polarização é a causa de muitos dosmales que nos assolam. E que uma ruptura dessa lógica pode ser abrupta e, quem sabe, nem mesmodemocrática.Mas para além do julgamento deste bipartidarismo presidencial, meu argumento é que as repetidas experiênciasde embates eleitorais e de governo dos dois partidos (PSDB duas e PT três gestões) acumularam um volumeenorme de argumentos e conteúdos midiáticos que são recuperados e estrategicamente usados no embateeleitoral.

Neste processo de recuperação e gestão das memórias, a Internet serve como instrumento e ambiente. Tanto ascampanhas oficiais têm seu trabalho facilitado por encontrar online muito dos materiais que precisa para aconstrução de seus conteúdos, quanto os apoiadores de cada lado fazem farto uso de arquivos de jornais,vídeos, publicações em blogs e sites de redes sociais que foram coletados e armazenados.

 Veja também: Artigo: Os perfis de liderança de Aécio Neves e Dilma Rousseff

Na minha opinião, algumas variáveis potencializaram o uso da Internet como arquivo vivo, memória fresca, demodo especial nestas eleições:

1. Ambos os candidatos têm vida pública pregressa bem documentada em vídeos, matérias jornalísticas edocumentos administrativos. Dilma, apesar de não ter uma carreira política com muita visibilidade até que Lula aescolheu para sucedê­lo, é a atual presidente. Aécio, foi governador de Minas Gerais, é atualmente Senador pelomesmo estado e, além do jornalismo político, é de longa data coberto pelo jornalismo de celebridade.

2. PSDB e PT, os partidos que se enfrentam, já governaram o país. Portanto, há farto material sobre as ações eomissões dos governos de ambos. O PT apresenta seus feitos de transformação da sociedade brasileira emgráficos, documentos oficiais e declarações. O PSDB, apesar de receoso, corre atrás de provas de que resolveuo problema da inflação e implantou o Real. Petistas apresentam notícias sobre as denúncias de compra de votospara emenda da reeleição que possibilitou o segundo governo de FHC, o inesquecível apagão, entre outros, pararefrescar a memória dos tucanos. Estes respondem com links para matérias que nos lembram da compra deapoio no Congresso Nacional e denúncias sobre desvios na Petrobras, para citar só os dois casos emblemáticos.No meio disso tudo, o vazamento de uma delação premiada leva para os jornais a memória dos escândalos decorrupção. Primeiro, apenas sobre o PT, mas na sequência acabou por atingir também o PSDB.

3. As estratégias das campanhas de Dilma e Aécio também contribuíram para o emprego da Internet comorecurso para a memória. Dilma, desde o primeiro momento, adotou como estratégia comparar os governospetistas e tucanos (A morte trágica de Eduardo Campos e a inesperada Marina suspendeu essa abordagem porum tempo).  Aécio, por sua vez, começou a campanha falando do seu governo em Minas. 

4. O esforço de digitalização de conteúdos analógicos tem aumentado constantemente o acervo digital de jornais

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e TV’s disponível online. Pessoas interessadas em saber quais foram as capas dos principais jornais brasileirosdurante o ano de 1995, por exemplo, conseguem com relativa facilidade e a preços acessíveis, quando nãogratuitos. O mesmo pode ser dito para reportagens de telejornais. Ao mesmo tempo, boa parte do que seproduziu, ao longo das últimas duas décadas, já em formatos digitais para a distribuição online permanecedisponível. Claro, que é preciso paciência e disposição para achar conteúdos soterrados pelos algoritmos dosbuscadores, mas tá quase tudo lá e eventualmente volta como arma discursiva na disputa política. Vide o post deJuca Kfouri, publicado em 2009, acusando Aécio de dar um tapa em uma “acompanhante”, que ressurgiu para avisibilidade pública durante as eleições.

5. A organização da comunicação em rede permite a formação de comunidades especializadas em determinadostemas e questões. Por exemplo, nesta última eleição, comunidades de jornalistas estiveram especialmenteinteressados em saber mais sobre as denúncias contra Aécio de que ele tenta silenciar jornalistas através deprocessos jurídicos e pressão econômica. E com esse propósito muito entulho foi revirado até que se achounotas e um documentário. Enquanto comunidades de médicos, embora não a totalidade da categoria,demonstraram disposição para criticar as políticas de Dilma para a saúde, especialmente o programa MaisMédicos. Enfim, cada comunidade fez uma busca ativa por notícias e conteúdos atuais e históricos queatendessem aos interesses comuns. Na minha opinião, justamente pela capacidade de formar comunidades edisseminar conteúdos, o Whatsapp parece ter tido um papel de destaque nestas eleições.

A boa notícia, na minha opinião, é que as características sócio­técnicas da Internet trazem um incremento para anossa memória sobre os acontecimentos e atores que são importantes para tomarmos decisões políticas. Porhora, assumo a hipótese de que os conteúdos estocados na Internet e usados pelas campanhas servem deinsumo para que os eleitores tomem suas decisões.

Possivelmente, está dando muito mais trabalho para quem se aventura a considerar os argumentos de um lado eoutro, mas há aqui, aposto, um potencial ganho de reflexão na decisão do voto. Essa é uma leitura generosa epossivelmente ingênua, mas é o que tem enquanto ainda não apuramos o que vivemos nos últimos meses.

*Samuel Barros é doutorando em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federalda Bahia (PósCom­UFBA) com bolsa do CNPq. Atualmente, faz estágio doutoral no MIT Center for CivicMedia. Membro do Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital (CEADD) e do grupo depesquisa Comunicação, Internet e Democracia (CID). E­mail: [email protected] Lattes:http://lattes.cnpq.br/1685038857613373

Tags: Eleições 2014, Artigo, Análise, Redes Sociais