a experiência sonora com um mobiliário urbano

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SANTA CATARINA - CAMPUS FLORIANÓPOLIS DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano Thiago Eller Verzola Prof.ª Ms.ª Sandra Albuquerque Reis Fachinello Florianópolis, Dezembro de 2016.

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Page 1: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

SANTA CATARINA - CAMPUS FLORIANÓPOLIS

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO

A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

Thiago Eller Verzola

Prof.ª Ms.ª Sandra Albuquerque Reis Fachinello

Florianópolis, Dezembro de 2016.

Page 2: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SANTA CATARINA - CAMPUS FLORIANÓPOLIS

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO

THIAGO ELLER VERZOLA

A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina como parte dos requisitos para obtenção do título de Tecnólogo em Design de Produto. Professora Orientadora: Prof.ª Ms.ª Sandra Albuquerque Reis Fachinello

Florianópolis, Dezembro de 2016.

Page 3: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor.

Verzola, Thiago

A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano / Thiago

Verzola ; orientação de Sandra Albuquerque Reis Fachinello.

- Florianópolis, SC, 2017.

96 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) - Instituto Federal

de Santa Catarina, Câmpus Florianópolis. CST

em Design do Produto. Departamento Acadêmico de

Metal Mecânica.

Inclui Referências.

1. Experiência. 2. Mobiliário Urbano Sonoro. 3.

Experiência Sonora. 4. Crianças. 5. Instrumentos de Corda.

I. Albuquerque Reis Fachinello, Sandra. II. Instituto

Federal de Santa Catarina. Departamento Acadêmico

de Metal Mecânica. III. Título.

Page 4: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano
Page 5: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

RESUMO

O Mobiliário Urbano Sonoro Praias é fruto do presente Trabalho de Conclusão

de Curso submetido ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de

Santa Catarina (IFSC) como parte dos requisitos para obtenção do título de

Tecnólogo em Design de Produto.

O objetivo deste TCC foi desenvolver um mobiliário urbano que propicie a

experiência sonora dentro de um parque infantil através do experimento com corda,

estimulando a experiência musical e a interação social de crianças em ambiente

público livre. Para estruturar o processo de desenvolvimento do produto foi utilizada

a metodologia de projeto de Bonsiepe (1986).

De forma a valorizar a paisagem e servindo também como agente social de

Florianópolis, deu-se a escolha da Praça Governador Celso Ramos para inserção do

mobiliário urbano sonoro.

As pesquisas realizadas durante o projeto apresentaram uma escassez em

relação a mobiliários urbanos sonoros em espaços públicos livres na cidade de

Florianópolis, e também não se obteve nenhum conhecimento sobre qualquer

mobiliário urbano sonoro com utilização de cordas como geradoras de sons.

O mobiliário urbano sonoro foi adaptado ao padrão estético formal da Praça

Governador Celso Ramos após etapas de criatividade, que procuraram trazer

soluções que remetessem a paisagem e a cultura de Florianópolis. Além disso,

foram consideradas outras categorias norteantes do projeto, como a experiência

sonora e a interação social.

A solução final teve grande influência de instrumentos como a harpa e o

berimbau, dentre outros semelhantes. Possui oito cordas de aço esticadas em

comprimentos diferentes que produzem sonoridades distintas, ampliadas através de

materiais alternativos que compõem o corpo e a caixa acústica do mobiliário.

É de extrema importância para o Designer de Produto compreender que as

pessoas são únicas e precisam compartilhar suas/novas experiências com a

sociedade; e saber também que propiciar novas experiências/produtos, pensando no

público ao qual se esta destinando o projeto é essencial, neste caso, acreditar que

esse produto possa de alguma forma, transformar o usuário pela experiência sonora.

Page 6: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

Esse projeto é uma alternativa de fazer com que crianças se aproximem da

música e sintam prazer em explorá-la, assim também como aproxima o Design da

Música.

Palavras-chave: Experiência, Mobiliário Urbano Sonoro, Experiência Sonora,

Crianças, Instrumentos de Corda.

ABSTRACT

The Mobiliário Urbano Sonoro Praias is the result of the present Work of

Completion of Course submitted to the Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) as part of the requirements to obtain the title of

Technologist in Product Design.

The objective of this work was to develop an urban furniture that provides the

sound experience inside a playground through the experiment with strings,

stimulating the musical experience and the social interaction of children in a free

public environment. The Bonsiepe project methodology (1986) was used in order to

structure the product development process.

In order to enhance the landscape and also serve as social agent of

Florianópolis, the Governador Celso Ramos Square was chosen for insertion of the

urban sound furniture.

The surveys carried out during the project presented a shortage in relation to

urban furniture in public spaces in the city of Florianópolis, and no knowledge of any

street furniture with the use of strings as sound generators was obtained.

The sound urban furniture was adapted to the formal aesthetic standard of the

Governador Celso Ramos Square after stages of creativity, which sought to bring

solutions that relegated the landscape and culture of Florianópolis. In addition, other

main categories of the project were considered, such as sound experience and social

interaction.

The final solution had great influence of instruments like the harp and the

berimbau, among others similar. It has eight strings of steel stretched in different

lengths that produce distinct sonorities, amplified through alternative materials that

make up the body and the speaker of the furniture.

Page 7: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

It is of utmost importance for the Product Designer to understand that people are

unique and need to share their / new experiences with society; And to know also that

to provide new experiences / products, thinking about the audience to which the

project is destined, it is essential, in this case, to believe that this product can

somehow transform the user through the sound experience.

This project is an alternative to get kids to get close to music and enjoy

exploring it, as well as approaching Music and Design.

Keywords: Experiment, Sound Urban Furniture, Sound Experience, Children, String

Instruments.

Page 8: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa Conceitual ....................................................................................... 13

Figura 2 - Praça Governador Celso Ramos .............................................................. 25

Figura 3 - Mobiliário Urbano - Cordofone – Violino ................................................... 28

Figura 4 - Mobiliário Urbano - Cordofone – Harpa .................................................... 29

Figura 5 - Mobiliário Urbano - Idiofone - Xilofone Peixe ............................................ 30

Figura 6 - Mobiliário Urbano - Idiofone - Xilofone Painel ........................................... 31

Figura 7 - Mobiliário Urbano - Aerofone - Árvore Cantora ......................................... 32

Figura 8 - Mobiliário Urbano - Aerofone - Aeolus ...................................................... 33

Figura 9 - Classificação do Instrumentos Musicais ................................................... 40

Figura 10 - Instrumentos de Corda (Acústicos) ou Cordofones (exemplos) .............. 41

Figura 11 - Instrumentos de Corda (Acústicos) ou Cordofones (ex.: violão). ............ 42

Figura 12 - Instrumentos de Corda (Acústicos) ou Cordofones (ex.: harpa) ............. 43

Figura 13 - Brainstorm ............................................................................................... 49

Figura 14 - Desenhos Alternativa 1 ........................................................................... 50

Figura 15 - Desenhos Alternativa 2 ........................................................................... 51

Figura 16 - Desenhos Alternativa 3 ........................................................................... 52

Figura 17 - Medidas Gerais ....................................................................................... 55

Figura 18 - Ambientação 1 ........................................................................................ 56

Figura 19 - Ambientação 2 ........................................................................................ 57

Figura 20 - Ergonomia ............................................................................................... 58

Figura 21 - Vista Explodida ....................................................................................... 59

Figura 22 - Peças - Eucalipto Auto-clavado .............................................................. 62

Figura 23 - Peças - Colunas ...................................................................................... 63

Figura 24 - Peças - Base ........................................................................................... 64

Figura 25 - Peças - Compensado Naval ................................................................... 65

Figura 26 - Peças - Aço Inoxidável ............................................................................ 66

Figura 27 - Peças - Cordas ....................................................................................... 67

Figura 28 - Peças - Tarraxas ..................................................................................... 68

Figura 29 - Peças - Cores do Parque Infantil ............................................................ 69

Page 9: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Metodologia Alternativa (adaptação da metodologia de Bonsiepe para

este projeto) ........................................................................................................ 12

Tabela 2 - Diretrizes e Requisitos ............................................................................. 47

Tabela 3 - Definição da Alternativa Final ................................................................... 53

Page 10: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 7

2. PROBLEMATIZAÇÃO .......................................................................................... 8

3. OBJETIVOS .......................................................................................................... 9

3.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 9

3.2. Objetivos Específicos ........................................................................................ 9

4. JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 10

5. METODOLOGIA ................................................................................................. 11

5.1. Metodologia de Projeto .................................................................................... 11

6. EXPERIÊNCIA TEÓRICA ................................................................................... 13

6.1. Experiência ...................................................................................................... 14

6.2. Experiência Estética ........................................................................................ 17

6.3. Estímulo Social ................................................................................................ 19

6.3.1 IPUF, COMAP, FLORAM e DEPAP .......................................................... 19

6.3.2 Espaços Públicos Livres ........................................................................... 20

6.3.3 Praça Governador Celso Ramos .............................................................. 24

6.3.4 Mobiliário Urbano ...................................................................................... 26

6.3.5 Análise de Similares – Mobiliários Urbanos Sonoros ................................ 27

6.4. Estímulo Musical ............................................................................................. 34

6.4.1 Experiências Sonora e Musical ................................................................. 34

6.4.1.1. Experiência Sonora ............................................................................... 35

6.4.1.2. Experiência Musical ............................................................................... 36

6.4.2 Instrumentos de Corda (Acústicos) ou Cordofones .................................. 39

6.4.2.1. Características dos Cordofones............................................................. 42

6.5. Diretrizes e Requisitos ..................................................................................... 45

7. EXPERIÊNCIA PRÁTICA ................................................................................... 48

7.1. Geração de alternativas .................................................................................. 48

7.2. Mobiliário Urbano Sonoro - Praias ................................................................... 54

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 73

9. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 74

Page 11: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

7

1. INTRODUÇÃO

A infância é uma fase de experimentar, e muito. Compreender que as

experiências vivenciadas durante a vida forma parte do que é uma pessoa é o ponto

de partida desse projeto.

No parque infantil, acompanhadas de seus responsáveis, as crianças são

livres para compartilhar experiências com outras crianças. A música, por exemplo,

também faz parte da vida, desde antes de nascer, dentro da barriga de sua mãe ou

já quando adultos. Com maior ou menor intensidade a música está presente de

diversas formas, às vezes em momentos corriqueiros, outras em momentos

marcantes.

Experiências, sejam sociais e/ou musicais, dão prazer; estimular esses

prazeres é o objetivo desse projeto. A proposta de uma experiência sonora, em

ambiente público, permite a criação de um estímulo à experiência musical. Nada

mais interessante do que iniciar essa interação social quando se é criança,

enaltecendo as possibilidades que a Arte na vida das mesmas (pela experiência

sonora), e num ambiente onde crianças costumam visitar, livre de processos formais

como as escolas, o parque infantil.

Esses espaços, públicos e livres fazem parte da vida da cidade e permitem a

criação e a vivência experimental e social de diversas maneiras, que também é a

proposta deste projeto... Sem restrição à circulação, é papel do Designer aproveitar

o direito de liberdade que nos foi concebido e dar liberdade experimental para o

design de produtos, nesse caso um mobiliário urbano. O objetivo aqui é Instigar a

experiência estética sonora do público/usuário, ou seja, estimular as crianças

(futuros adultos) a compartilharem socialmente novas vivências.

A ideia do presente Trabalho de Conclusão de Curso do Curso Superior de

Tecnologia em Design de Produto (IFSC) foi, portanto, desenvolver um mobiliário

urbano que propicie a experiência sonora dentro de um parque infantil através do

experimento com cordas, visando estimular a experiência musical e a interação

social de crianças em ambiente público livre.

Page 12: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

8

A música vem cumprindo seu papel cultural há tempos, acompanhando as

culturas das diferentes épocas. Atuais pesquisas da área da neurociência valorizam

ainda mais a importância do contato com a música, que segundo o CNE/MEC (2011,

p.6), ela influencia no desenvolvimento humano, no funcionamento cerebral e na

formação de comportamentos sociais. Alia-se a ideia de que o acesso a experiências

ricas na formação não deve ser delegado apenas aos ambientes formais, como as

escolas, mas sim pela vivência no espaço urbano, como bem defende Marina

Simone Dias (2015). Para tanto, o papel do Designer nesse projeto foi possibilitar a

crianças, o acesso a uma nova experiência sonora.

O desenvolvimento do projeto foi vinculado ao Instituto de Planejamento

Urbano de Florianópolis (IPUF), mais especificamente com a Comissão de Arte

Pública (COMAP) de Florianópolis, que tem, por natureza, a função de analisar e

julgar os projetos de Arte Pública nas edificações e espaços públicos.

A seguir está apresentada a oportunidade, os objetivos, a justificativa e a

metodologia de projeto, e em seguida a “experiência teórica” e “experiência prática”,

terminologias criadas para se tratar da fundamentação teórica/prática adquirida em

busca de sanar a problemática do projeto.

2. PROBLEMATIZAÇÃO

Existe uma escassez de pesquisas e produções em relação a mobiliários

urbanos sonoros em espaços públicos livres na cidade de Florianópolis, e não há

conhecimento de mobiliário urbano sonoro com utilização de cordas como geradoras

de sons.

Entende-se que a Música é uma forma de Arte capaz de estimular o

desenvolvimento cognitivo, social e afetivo das pessoas, e é na infância a fase da

vida que se tem importantes experiências. Estimular experiências em espaço público

livre, com acesso de todos e a qualquer momento é uma oportunidade do Designer

de Produto em despertar o interesse pela educação musical.

Page 13: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

9

Essa é uma chance que as crianças têm de se aproximar da música e sentir

prazer em explorá-la.

3. OBJETIVOS

A seguir estão destacados os objetivos que guiaram o desenvolvimento do

projeto.

3.1. OBJETIVO GERAL

Desenvolver um mobiliário urbano que propicie a experiência sonora dentro

de um parque infantil através do experimento com cordas, visando estimular a

experiência musical e a interação social de crianças em ambiente público livre.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Enfatizar a influência da experiência sonora na vida das pessoas;

b) Enfatizar o papel do mobiliário urbano na sociedade;

c) Especificar as características relativas à formalização de instrumentos de

corda e mobiliário urbano;

d) Definir materiais, processo produtivo, instalação e manutenção de uma

alternativa que vise proporcionar a experiência sonora em parque infantil

público, através de um mobiliário urbano sonoro.

Page 14: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

10

4. JUSTIFICATIVA

Aproveitando a liberdade de escolha da proposta do presente projeto, o

interesse do autor pelo tema se põe como justificativa inicial. Apaixonado pela

música e crente que a melhor fase para se experienciar coisas e absorver conteúdos

é quando se é criança, se deu a escolha do tema deste Trabalho de Conclusão de

Curso do Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto (IFSC).

Durante os seis anos que participou do movimento escoteiro o autor teve um

constante contato com crianças de todas as idades e recentemente alguns de seus

amigos tiveram filhos, esta convivência com crianças o fez ter mais interesse pelo

tema. Agora é seu desejo estimular “algo” de bom nelas.

Sua experiência com instrumento de corda também acrescenta o interesse

pelo e tema. O instrumento de corda se põe como fator inovador para um ambiente

de mobiliário urbano sonoro e viabiliza-se como justificativa de projeto, tendo e vista

a oportunidade (problemática) do mesmo.

O entendimento do autor, como futuro Designer de Produto, é que as pessoas

são únicas e precisam compartilhar suas/novas experiências com a sociedade. Essa

visão não é apenas o papel de uma futura profissão (na qual são desenvolvidos

produtos), e sim uma ideologia de vida a qual entende que todos devem poder

experimentar as coisas da vida; neste caso o contato com um mobiliário urbano

sonoro de livre acesso.

A justificativa desse projeto é, portanto, oportunizar às crianças uma

aproximação com a música e sentirem prazer em explorá-la através de uma

experiência sonora num convívio em ambiente público e de interação social, como

os parques infantis.

Propiciar novas experiências/produtos, pensando no público ao qual se está

destinando o projeto foi a forma de associar o que gosta de fazer, acreditando que

esse produto possa, de alguma maneira, transformar o usuário pela experiência

sonora e aproximar o Design e a Música.

Page 15: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

11

5. METODOLOGIA

Abaixo está a Metodologia de Projeto utilizada no presente Trabalho de

Conclusão de Curso do Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto (IFSC).

As etapas foram divididas e adaptadas de acordo com o cronograma definido

pela Coordenação do TCC e com os objetivos do projeto, levando em consideração

as Normas para o Módulo TCC - Trabalho de Conclusão de Curso (TCC - Design) do

atual Projeto Pedagógico - PCC - do Curso Superior de Tecnologia em Design de

Produto. Para melhor organização, o projeto foi dividido em duas fases, que foram

denominadas como experiências: A experiência teórica; E a experiência prática.

5.1. METODOLOGIA DE PROJETO

A metodologia de Gui Bonsiepe (1986) serviu de guia para o desenvolvimento

do projeto e foi escolhida pela simplicidade de como o método sugere e permite a

escolha das ferramentas, sem que haja deficiência na solução projetual final,

evidenciando uma grande valorização do processo e da experienciação. A

metodologia de projeto de Gui Bonsiepe (1986) se divide nas seguintes etapas:

Problematização > Análise > Definição do problema > Conceito do projeto >

Anteprojeto/Geração de Alternativas > Projeto.

A ideologia de metodologia alternativa proposta por Gui Bonsiepe (2012)

permite ainda que o projetista possa adaptar seu método de projeto em nome de seu

objetivo, proporcionando uma maior autonomia do projetista (Designer) em vista de

um melhor aproveitamento do projeto. Para o autor o “adjetivo <alternativo> assinala

uma opção por algo diverso do status quo dominante, uma ruptura”. (BONSIEPE,

2012, p.96)

Page 16: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

12

Tabela 1 - Metodologia Alternativa (adaptação da metodologia de Bonsiepe para este projeto)

Experiência Etapa Ferramenta

Teórica

Problematização

- Experiência Pessoal - Mapa Conceitual

- Pesquisa Bibliográfica (impresso e digital)

Análise - Análise de Similares

Definição do problema - Diretrizes

(durante cada etapa)

Conceito do projeto - Requisitos

06/10: Entrega do relatório parcial 21/10: Pré-defesa

Prática Geração de Alternativas - Brainstorm

(Café e Música)

Prática

Projeto

- Detalhamento (Solidworks) - Rendering Digital (Keyshot) - Modelo Final (Proporcional)

06/12: Entrega do relatório final 12/12: Defesa

Fonte - Autoria Própria (2016)

Page 17: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

13

6. EXPERIÊNCIA TEÓRICA

A “experiência teórica” diz respeito a toda pesquisa teórica feita durante a

evolução do projeto, terminologia criada em busca de sanar a problemática de

projeto. De início foi realizado um mapa conceitual1 (Figura 1) que serviu de guia e

esclarecimento do que se pretendia com o projeto para em seguida prosseguir com

a pesquisa mais aprofundada.

Figura 1 - Mapa Conceitual

Fonte - Autoria própria (2016)

1 “De um modo geral, mapas conceituais, ou mapas de conceitos, são apenas diagramas indicando relações entre conceitos, ou entre palavras que usamos para representar conceitos”. (MOREIRA, s/d)

Page 18: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

14

Os sub-tópicos que virão a seguir estão respectivamente organizados para a

melhor compreensão do leitor. Os mesmo estão postos de modo linear, da maneira

que ocorreu a pesquisa de projeto, na seguinte ordem: Experiência; Experiência

Estética; Estímulo Social; Estímulo Musical; Diretrizes e Requisitos.

6.1. EXPERIÊNCIA

Destaca-se aqui o conceito de experiência proposto por Bondía (2002), sendo

ele um dos principais teóricos do presente projeto. É a partir desse conceito que se

iniciou a proposta do presente mobiliário urbano sonoro, para trabalhar os estímulos

presentes no objetivo do trabalho, o estímulo social e musical.

A definição de experiência na essência da palavra pode ser entendida como

“A palavra experiência vem do latim experiri, provar (experimentar).” (BONDÍA, 2002,

p.25)

Abaixo foram destacados alguns conceitos e reflexões de Bondía (2002) junto

a considerações por parte do autor em relação às coisas que destroem a

possibilidade de existir a experiência, aos aspectos que rodeiam a vida de uma

pessoa. Em seu texto “Notas sobre a experiência e o saber de experiência” faz

relação a três tipos: A experiência e informação, a experiência e opinião, a

experiência e tempo.

Experiência e Informação.

Para Bondía (2002), em meio à atual “sociedade de informação” existe um

“(...) excesso de informação. A informação não é experiência. E mais, a informação

não deixa lugar para a experiência, ela é quase o contrário da experiência, quase

uma antiexperiência.” (BONDÍA, 2002, p.21)

A proposta para o mobiliário urbano sonoro aqui desenvolvido é que as

crianças desconheçam a procedimento de funcionamento do mesmo, que se

Page 19: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

15

distanciem de toda e qualquer informação antes adquirida e que experimente a

sensação momentânea, de forma única e exclusiva.

A intenção é que essa sensação seja também vivenciada pelas pessoas que

estejam ao seu redor, ao se tratar de um mobiliário urbano sonoro, localizado em

espaço público.

Experiência e Opinião.

Desde a infância é ensinado o que é certo e o que é errado. Embora essas

definições tenham extrema relatividade, de forma geral são formuladas opiniões a

partir daquilo que foi informado. O objetivo dessa proposta é justamente fazer com

que essas opiniões sejam construídas através de sua própria experiência. Livre de

regras, de certo, de errado, formando assim um arcabouço que possibilita, se assim

for o caso, opinar, escolher, entre outras relações no espaço social.

Estimular a construção de sua própria opinião a partir de quando se é criança

é essencial.

(...) a experiência é cada vez mais rara por excesso de opinião. O sujeito moderno é um sujeito informado que, além disso, opina. É alguém que tem uma opinião supostamente pessoal e supostamente própria e, às vezes, supostamente crítica sobre tudo o que se passa, sobre tudo aquilo de que tem informação. (BONDÍA, 2002, p.22)

Experiência e Tempo.

A falta de tempo pode ser o maior vilão ao se tratar de experiência, muitas

vezes não se percebe a infinidade de coisas que existem à sua volta, a velocidade

que tudo acontece e os estímulos para fazer as coisas de forma rápida, desde a

infância, fazem, por vezes (e às vezes, muitas vezes), esquecer de aproveitar o

momento. A intenção de criação desse mobiliário urbano sonoro é justamente trazer

a tona essa excitação, esse prazer de valorizar o tempo por se tratar de algo, quem

sabe por muitos, nunca vivenciado.

Page 20: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

16

(...) a experiência é cada vez mais rara, por falta de tempo. Tudo o que se passa demasiadamente depressa, cada vez mais depressa. E com isso se reduz o estímulo fugaz e instantâneo, imediatamente substituído por outro estímulo ou por outra excitação igualmente fugaz e efêmera. (BONDÍA, 2002, p.23)

Por fim foram adicionados dois sub-tópicos que finalizam o pensamento sobre

o conceito de experiência: A experiência; O sujeito da experiência.

A Experiência

A citação abaixo evidencia a relevância no desenvolver desse mobiliário

urbano sonoro traduzindo a essência do conceito de experiência posto no início do

tópico 6.1.

A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço. (BONDÍA, 2002, p.24)

A seguir a definição de experiência, por Heidegger (1987).

[...] fazer uma experiência com algo significa que algo nos acontece, nos alcança; que se apodera de nós, que nos tomba e nos transforma. Quando falamos em “fazer” uma experiência, isso não significa precisamente que nós a façamos acontecer, “fazer” significa aqui: sofrer, padecer, tomar o que nos alcança receptivamente, aceitar, à medida que nos submetemos a algo. Fazer uma experiência quer dizer, portanto, deixar-nos abordar em nós próprios pelo que nos interpela, entrando e submetendo-nos a isso. Podemos ser assim transformados por tais experiências, de um dia para o outro ou no transcurso do tempo.)(Heidegger 1987, p. 143; apud BONDÍA, 2002, p.25)

As duas definições apresentadas anteriormente salientam sobre experiência,

sendo algo que acontece, algo que transforma e que se deixa por submeter ao

prazer e liberta daquilo que chamamos de tempo.

Page 21: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

17

O Sujeito da Experiência.

Não é concebível falar de experiência sem pensar no sujeito da experiência, o

homem, que é entendido não por sua atividade frente a experiência, e sim de como

essa relação acontece.

Em qualquer caso, seja como território de passagem, seja como lugar de chegada ou como espaço do acontecer, o sujeito da experiência se define não por sua atividade, mas por sua passividade, por sua receptividade, por sua disponibilidade, por sua abertura. (BONDÍA, 2002, p.24)

6.2. EXPERIÊNCIA ESTÉTICA

A estética, por ser um fator intrínseco dentro do desenvolvimento de um

projeto de produto em um curso de graduação de Design de Produto, é termo de

importante estudo para este projeto. Faz-se necessário, considerando o

entendimento de experiência (acima discutido), compreender o conceito de

experiência estética.

Tomando, como parte básica do conceito, experiência estética é o encontro

do sujeito da experiência com o objeto estético, seguem dois pontos que colaboram

para esta leitura sobre o tema. Primeiro acreditando que “Tratamos da experiência

estética no encontro do homem com a obra (compreendida em seu modo de ser

objeto estético)” (HERMANN, 2010, p. 34, apud LAGO, 2011, p.3). Em segundo que

a “‘[...] a experiência que se dá no relacionamento entre o sujeito e objeto estético,

[...] o sujeito se transforma nessa experiência’ (HERMANN, 2010, p. 34, apud LAGO,

2011, p.3)

Lago (2011) afirma também que experiência estética transforma os sujeitos

participantes, quando a obra (objeto) significa algo pra ele, o tirando de cotidiano

habitual/monótono e o trazendo para uma nova experiência, num processo que pode

ser entendido como estranhamento.

Page 22: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

18

Tematizamos que a experiência estética gera transformação em configuração. Transforma quem participa. Também julgamos que a formação se efetiva como autoformação no encontro com a obra, com o outro, na medida em que nesse encontro, a experiência estética libera a lógica das relações, tirando-nos do habitual e nos colocando no caminho do ser como acontecer. (LAGO, 2011, p.2)

Ainda se referindo à transformação do sujeito da experiência, Lago (2011)

destaca a frase de Gadamer (2005):

[...] todo aquele que faz a experiência da obra de arte acolhe em si a plenitude dessa experiência, e isto significa, acolhe-a no todo de sua autocompreensão, onde a obra significa algo para ele. Penso até que a realização efetiva da compreensão que abarca, desse modo, também a experiência da obra de arte ultrapassa todo historicismo no âmbito da experiência estética. (GADAMER, 2005, p. 16-17, apud LAGO, 2011, p.3)

Com base nas duas citações acima os autores transparecem em suas falas

que a experiência estética, de relação entre sujeito e obra (objeto) gera uma

transformação no sujeito, com a qual o mesmo acolhe/efetiva sua relação com a

experiência estética de forma auto-formativa/auto-compreensiva.

Quando se fala de experiência estética, se fala de sensibilidade e

sentimentos, para acolher ou efetivar essa relação dela com o sujeito se faz

necessário por parte do sujeito “deixar-se levar” pela experiência estética ou ainda

“ter mente aberta”, compreender e saber associar (no sentido de auto-

formação/auto-compreensão) aquilo que é sentido e aquilo que é pensado. Um

teórico da educação que bem apresenta esta reflexão é Duarte Jr. (1991), para ele

“Todo processo de conhecimento e aprendizagem humanos se dá sobre dois

fatores: as vivências (o que é sentido) e as simbolizações (o que é pensado)”

(DUARTE Jr, 1991, p.26). Ele ainda ressalta o papel do sujeito da experiência

estética.

(…) a experiência estética solicita uma mudança na maneira pragmática de se perceber o mundo. Esta experiência (e também o trabalho científico ou filosófico) constitui-se, segundo o termo empregado por alguns autores, um “enclave” dentro da realidade cotidiana. A experiência do belo é uma espécie de parêntese aberto na linearidade do dia-a-dia. (DUARTE Jr.,1991, p.33).

Page 23: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

19

Em qualquer idade as pessoas são livres e sujeitas a experiências estéticas e

a auto-formação através dela. A criança está sujeita a mais experiências estéticas do

que um adulto, pois nessa fase elas são submetidas a menos informações, e por

conta disso diminui as opiniões que criam a partir delas e ainda não foram

vivenciadas (tempo de vida) tantas coisas como os adultos, e por conta desses

fatores tem mais tempo para experimentar. É na infância onde acontecem muitas

experimentações, e se traduzem a uma fase de grandes transformações do

sujeito/criança e que contemplam a auto-formação do mesmo.

Com essa proposta de projeto, após vivenciar o contato com o novo mobiliário

urbano à criança, pretende-se que ela veja mundo de uma forma diferente, através

da experiência estética sonora que acabara de passar.

6.3. ESTÍMULO SOCIAL

Um dos grandes objetivos do projeto é a interação social, neste item é

apresentado o levantamento teórico por parte do que se tem como referência no que

diz respeito ao estímulo social para auxiliar no desenvolvimento da proposta de

projeto.

A estrutura primeiramente destaca a escolha da empresa parceira e algumas

instituições responsáveis pelos mobiliários urbanos da cidade de Florianópolis que

auxiliaram o desenvolvimento desse projeto. Em seguida foram trazidas algumas de

referências para melhor compreender os espaços públicos e a praça escolhida para

inserção do novo mobiliário. Por fim é adicionado um sub-tópico que e enfatiza o

papel do mobiliário urbano na sociedade e outro sub-tópico para análise de

mobiliários urbanos sonoros similares existentes.

6.3.1 IPUF, COMAP, FLORAM e DEPAP

Page 24: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

20

De acordo com o atual Projeto Pedagógico (PPC) do Curso Superior de

Tecnologia em Design de Produto referente às Características do Módulo TCC –

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC/DESIGN), item 1.4, o presente projeto deve

ser realizado junto a uma empresa, indústria e/ou organização. Esse vínculo serve

como referencial mercadológico e tecnológico do TCC/Design. A escolha da mesma

fica a critério do aluno, juntamente com a Coordenação do TCC/Design, desde que

compatível com a proposta do TCC/Design.

O presente Trabalho de Conclusão de Curso está vinculado ao IPUF2, mais

especificamente com a COMAP3 de Florianópolis. Dentro do Regimento Interno da

COMAP foram destacadas alguma competências que se fazem pertinentes:

I - Analisar e emitir parecer do julgamento dos projetos dearte pública [...];

II - Analisar e emitir parecer sobre projetos de intervenção artístico-cultural e paisagístico em espaços públicos municipais;

IV – Colaborar com outras instituições culturais ou artísticas que visem a melhoria da imagem urbana de Florianópolis. (COMISSÃO DE ARTE PÚBLICA – REGIMENTO INTERNO)

Para um maior aprofundamento do tema buscou-se auxílio na FLORAM4 e no

DEPAP5.

6.3.2 Espaços Públicos Livres

Antes de iniciar este item de espaço público livre é necessário novamente

destacar aqui que o projeto tem como o eixo principal o estímulo social voltado para

as crianças envolvendo-os a um estímulo musical. A intenção é, desta forma, induzir

à livre experiência estética sonora dos mesmos, compreendendo a “utilidade” do

2 Planejamento Urbano de Florianópolis - IPUF 3 Comissão de Arte Pública - COMAP 4 Fundação Municipal de Meio Ambiente - FLORAM 5 Departamento de Praças e Arborização Pública – DEPAP

Page 25: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

21

mobiliário urbano em espaços públicos. Atender essas demandas em um local de

grande fluxo de crianças, em ambiente de bem comum e de posse de todos, foi o

meio utilizado para atingir um grande número de usuários.

A partir das reflexões que serão apresentadas abaixo e para não gerar

confusão em relação aos conceitos de espaço apresento a seguir, de maneira

resumida, o que compreendo sobre as diferenças entre espaço público, espaço

privado e espaço acessível ao público, é possível separarmos isso dessa forma:

Espaço Público: Uso comum e posse de todos.

Espaço Público Livre: Sem restrição à circulação, em que é pleno o direito de

ir e vir.

Espaço Público Restrito: Com restrição à circulação, como edifícios

públicos… onde responsabilidade pelo espaço é do Município, Estado ou

União.

Espaço Privado: Propriedades de pessoas ou empresas privadas, onde a

responsabilidade pelo espaço é dos proprietários.

Espaços Acessível ao Público (privado): Aqui difere o aberto ao público

(público) e acessível ao público (privado), que permite o acesso com certas

condições estabelecidas pelo proprietário.

Tratando-se de um projeto que pensa o espaço público, necessário tornou-se

pensar o que entende-se aqui como espaço. Um olhar interessante é o do geógrafo

Prof. Dr. Milton Santos (SAQUET; SILVA, 2008) para ele a definição da palavra

“espaço” pode ter várias interpretações e irá depender do contexto que for inserida,

não é uma definição imutável, fixa ou eterna. Considera que o conceito de espaço

tem diferentes significados, de acordo com o contexto histórico que está inserido.

De acordo com Saquet e Silva (2008) o conceito de “espaço” apontado por

Santos (1978) se entende como um “conjunto de formas representativas de relações

sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações

que estão acontecendo e manifestam-se através de processos e funções.”

(SAQUET; SILVA, 2008)

Page 26: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

22

Abaixo se encontra outra citação de Santos, presente no texto de Saquet e

Silva (2008), que apresenta as características e funcionamentos de um espaço como

uma prática coletiva das relações sociais, resultado da comportamento da

sociedade.

(...) O espaço por suas características e por seu funcionamento, pelo que ele oferece a alguns e recusa a outros, pela seleção de localização feita entre as atividades e entre os homens, é o resultado de uma práxis coletiva que reproduz as relações sociais, (...) o espaço evolui pelo movimento da sociedade total. (SANTOS, 1978, p. 171, apud SAQUET; SILVA, 2008)

Milton Santos (SAQUET; SILVA, 2008) considera o espaço não apenas como

um reflexo social, mas também um agente social. Segundo ele

(...) o espaço organizado pelo homem é como as demais estruturas sociais, uma estrutura subordinada-subordinante. É como as outras instâncias, o espaço, embora submetido à lei da totalidade, dispõe de uma certa autonomia. (SANTOS, 1978, p. 145, apud SAQUET; SILVA, 2008)

Partindo do princípio de Milton Santos (SAQUET; SILVA, 2008) que o espaço

é um reflexo social e também um fator ou agente social, é importante destacar que o

espaço é um processo social de construção humana conduzida pela história. Dessa

forma o espaço conduzido pela história da humanidade dispõe de certa autonomia, o

que faz com que o espaço, de acordo com suas leis, seja “livre” e se manifesta de

formas diferentes nos diferentes espaços e nos diferentes grupos sociais. Tendo em

vista que espaço geográfico social corresponde ao espaço humano, segundo Milton,

não deve existir definições fixas.

A intenção desse projeto é tratar o novo mobiliário urbano sonoro como um

agente social, compreendendo e respeitando como o espaço público se põe frente à

sociedade. A autonomia do mobiliário urbano atuando como um fator social se dá

por pertencer a um ambiente social, e por se localizar num espaço coletivo trará a

um maior número de pessoas a possibilidade de uma nova experiência.

Partindo da concepção de Vaz (2005, p.155), e citado por (MAGNOLI, 1982,

apud BARRETA, s/d, p.2), sobre a distinção de público x privado, a seguir será

apresentada a escolha por trabalhar com espaço público e não privado. Enquanto o

Page 27: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

23

privado tem como princípios a “propriedade” e a “função/utilidade”, o público parte

para o ideal “aberto” e “livre” ao se tratar de espaço público.

O “público” parece produzir-se em oposição ao “privado” (...). A concepção do espaço privado deriva, portanto, por sua própria natureza material e concreta, de limites estabelecidos por princípios de propriedade e de função, enquanto o espaço público é um espaço concreto “aberto” e “livre”, sujeito, portanto a indeterminações. (MAGNOLI, 1982, apud BARRETA, s/d, p.2),

Já os espaços livres podem ser público ou privados e abrangem tanto as ruas

e avenidas como os quintais de edificações, mas como a essência do projeto está

em abranger os espaço público livre, então foquemos nele. Embora “focado”, aqui

englobamos um maior fluxo de pessoas/crianças, possibilitando um fluxo aberto a

todos e livre dentro das leis sociais.

Basicamente, pode-se definir os espaços livres urbanos como os espaços não ocupados por edificações e ao ar livre. Ruas, avenidas, parques, praças, calçadas, rios, matas, praias urbanas, por exemplo, configuram o sistema complexo de espaços livres na cidade que corresponde, quase sempre, ao maior percentual do solo das cidades brasileiras, mesmo entre as mais populosas (MAGNOLI, 1982, apud BARRETA, s/d, p.2)

Magnoli (1982) acredita que os espaços livres urbanos/públicos ocupam um

grande percentual geográfico dentro de uma cidade, essa citação contribui para o

presente projeto como mais um estímulo em trabalhar nesses espaços, para que as

propostas experimentais deste projeto sejam potencializadas em ambientes que

preenchem o “maior percentual do solo das cidades brasileiras” (MAGNOLI,

1982apud BARRETA, s/d, p.2), ou seja, ambientes sociais que contribuem qualidade

de vida da sociedade.

A contribuição dos espaços livres para a cidade e seus habitantes é incalculável. Atuam como agentes sociais, como constituintes determinantes na forma urbana e como poderosos artifícios no sentido de um planejamento urbano eficiente quanto à sua sustentabilidade. Além do que, a ideia de continuidade inerente a estes espaços expõe a necessidade de considerarmos, estes, partes de um sistema em oposição às costumeiras intervenções pontuais nos espaços livres. Acredita-se na potencialidade destes espaços a favor da qualidade de vida daqueles que moram no meio urbano, principalmente quando retratam um sistema contínuo, qualificado e acolhedor das atividades humanas. (MAGNOLI, 1982, apud BARRETA, s/d, p.3).

Page 28: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

24

Portanto, esses espaços públicos livres fazem parte da vida da cidade e

permitem a criação e a vivência experimental e social de diversas maneiras. Sem

restrição à circulação, é papel do Designer aproveitar o direito de liberdade de que

nos foi concebido e dar liberdade experimental para o design de produtos, nesse

caso um mobiliário urbano. O objetivo aqui é Instigar a experiência estética sonora

do usuário, ou seja, estimular as crianças (futuros adultos) a compartilharem

socialmente novas vivências.

6.3.3 Praça Governador Celso Ramos

Como destaca Floriano (s/d) a Ilha de Santa Catarina, Florianópolis, é rica por

suas paisagens, e desta forma deve-se, de alguma forma, revelar essa potência

social em forma de arte pública, ou, porque não, como aqui pensa-se, com um

mobiliário urbano sonoro.

Das aproximadas noventa e cinco praças existentes no município, de forma a

valorizar as paisagens de Florianópolis, deu-se a escolha da Praça Governador

Celso Ramos (Figura 2) para inserção do novo mobiliário urbano sonoro. A praça é

localizada às margens da avenida Beira-Mar Norte, no bairro Agronômica (próximo

ao bairro Centro), e ela foi adotada pela empresa WOA Empreendimentos

Imobiliários em parcerias com a ONG FloripAmanhã, a FLORAM, o IPUF e a

Associação dos Moradores e Amigos da Praça Governador Celso Ramos e

revitalizada oficialmente em 06 de novembro de 2010. (FLORIPAMANHA)

Page 29: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

25

Figura 2 - Praça Governador Celso Ramos

Fonte - Autoria Própria (2016)

Com a revitalização foram mantidas as árvores antigas e a feira de

hortifrutigranjeiros foi transferida para o estacionamento ao lado. Na Praça

Governador Celso Ramos encontra-se uma estátua do ex-governador Celso Ramos

e uma das quatro Estações Elevatórias de Esgoto, que foram construídas no início

do século XX que faziam parte da primeira rede de saneamento da Capital.

Distribuído em seus 12.473 metros quadrados a praça Celso Ramos, possui

aparelhos de ginástica, bicicletário, arborização, iluminação, mesa de jogos,

calçamento e o mais importante para este projeto: o parque infantil.

Além de um forte ponto turístico, por conta de sua paisagem e localização é

também um fácil ponto de acesso a comunidade existente em sua redondeza

(Bairros Agronômica e Centro). Além do bicicletário, possui ponto de ônibus urbano

que liga ao terminal central (TICEN) e estacionamentos em seu contorno, o que

facilita ainda mais o acesso a moradores de outros bairros.

O parque infantil integrado a praça é dividido em dois ambientes, possuindo

cercados utilizados como proteção para evitar que as crianças cheguem até o fluxo

de carros que cerca a praça. Junto à parte do cercado existem bancos, que

Page 30: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

26

permitem visibilidade de todo o parque quando utilizados pelos responsáveis das

crianças, que também se mantém próximo aos brinquedos, facilitando a integração

social entre os usuários do parque e também à interação aos mobiliários urbanos,

não só por parte da criança, mas também por parte de seu responsável.

6.3.4 Mobiliário Urbano

O mobiliário urbano pode ser um importante representante na construção

histórica de um lugar e tem como marco expressivo a sua forma. O mobiliário urbano

pode representar a identidade visual do contexto onde está inserido e também do

momento de sua criação, aí o papel do Designer como contribuinte para a

construção da história.

De acordo com Basso (2010) as cidades do século XXI exploram o mobiliário

urbano para cumprir a função de espaço de convivência social. Basso (2010)

também destaca que o mobiliário urbano pode também ofertar o serviço aos seus

usuários, contribuindo para a o dicionário de urbanismo:

Mobiliário urbano (urbanfurniture, mobilierurbain, mobilaje urbana). Conjunto de elementos materiais localizados em logradouros públicos ou em locais visíveis desses logradouros e que complementam as funções urbanas de habitar, trabalhar, recrear e circular: cabinas telefônicas, anúncios, idealizações horizontal, vertical e aérea; postes, torres, hidrantes, abrigos e pontos de parada de ônibus, bebedouros, sanitários públicos, monumentos, chafarizes, fontes luminosas etc. (FERRARI, 2004)

Segundo o mesmo dicionário de urbanismo, os mobiliários urbanos são

definidos a partir de suas funções, que dão ênfase às funções de habitar, trabalhar,

recrear e circular.

John e Reis (2010) comenta em seu texto “Percepção, Estética e Uso do

Mobiliário Urbano” a visão da legislação brasileira e da ABNT em relação ao

conceito de mobiliário urbano. A legislação brasileira vê o mobiliário urbano de

uma maneira mais ampla, por meio da Lei 10.098/2000, define o termo como

Page 31: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

27

“conjunto de objetos presentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou

adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação” (BRASIL, 2000).

Já a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) foge um pouco da

relação mobiliário urbano e função e parte com o princípio de mobiliário urbano

como “todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da

paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização

do poder público em espaços públicos e privados” (ABNT, 1986, p.1).

Mais do que estes atributos ressaltados anteriormente, o mobiliário urbano

deve transpassar suas características funcionais/utilitárias, acrescentando o caráter

experimental aos novos mobiliários. Evidenciado isso, é papel do Designer, nesse

momento projetual, contribuir para a construção desses novos elementos. Desta

forma o “designer através da prática projetual pode contribuir com o

desenvolvimento de novos elementos urbanos e assim proporcionar a requalificação

espacial de uma cidade.” (PASSOS; EMÍDIO, 2009, apud BASSO; VAN DER

LINDEN, 2010)

Milton Santos (SAQUET; SILVA, 2008) compreende que o espaço público é

tanto um reflexo social quanto pode se tornar um fator social. Neste espaço de

relações a arte pública está como um representante dessa política social. Como

capaz de possibilitar vivências com o inusitado, de ampla abrangência e sem as

instruções/regras, além das estabelecidas pela sociedade, ou “às vezes

questionando-as”.

6.3.5 Análise de Similares – Mobiliários Urbanos Sonoros

Para um maior conhecimento dos Mobiliários Urbanos Sonoros existentes

foram feitas pesquisas na internet e uma análise de alguns mobiliários similares

encontrados.

Os mobiliários urbanos sonoros mais encontrados se classificam entre

aerofones e idiofones. Os cordofones são raros e, de acordo com a pesquisa, não

há presença desse tipo de instrumentos em espaço público livre.

Page 32: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

28

Figura 3 - Mobiliário Urbano - Cordofone – Violino

Fonte – http://www.paisefilhos.com.br/mais/orquestra-magica-sesc-itaquera/

Nome: Violino

Localização: São Paulo - Sesc Itaquera – Orchestra Mágica

Espaço: Acessível ao Público (privado)

Público: Crianças

Classificação: Cordofones

Tipo de Instrumento: Violino

Forma de Tocar: Dedilhado ou Friccionado

Componentes: Arco

Formato: Violino

Materiais: Madeira e Aço

Descrição: São 15 brinquedos em forma de instrumentos musicais gigantes, a Orquestra é um

grande palco onde dá para brincar e tocar ao mesmo tempo. O parquinho foi pensado para permitir

uma maior interação e socialização entre as crianças e estimular a criatividade infantil. Os

brinquedos-instrumentos (das famílias de sopro, cordas e percussão) podem ser tocados

isoladamente ou em conjunto. Para mais informações existe um vídeo6 que relata um pouco sobre o

funcionamento do parque.

6 Link do vídeo no youtube: <https://www.youtube.com/watch?v=YosLlr3wbLs&t=2s>

Page 33: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

29

Figura 4 - Mobiliário Urbano - Cordofone – Harpa

Fonte – http://www.paisefilhos.com.br/mais/orquestra-magica-sesc-itaquera/

Nome: Harpa

Localização: São Paulo - Sesc Itaquera – Orchestra Mágica

Espaço: Acessível ao Público (privado)

Público: Crianças

Classificação: Cordofones

Tipo de Instrumento: Harpa

Forma de Tocar: Dedilhado

Componentes: Palheta

Formato: Harpa

Materiais: Madeira e Aço

Descrição: São 15 brinquedos em forma de instrumentos musicais gigantes, a Orquestra é um

grande palco onde dá para brincar e tocar ao mesmo tempo. O parquinho foi pensado para permitir

uma maior interação e socialização entre as crianças e estimular a criatividade infantil. Os

brinquedos-instrumentos (das famílias de sopro, cordas e percussão) podem ser tocados

isoladamente ou em conjunto.

Page 34: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

30

Figura 5 - Mobiliário Urbano - Idiofone - Xilofone Peixe

Fonte – https://maquinadeletrasblog.wordpress.com/

Nome: Xilofone - Peixe

Localização: Santa Catarina - Horto Florestal do Córrego Grande

Espaço: Público Restrito

Público: Crianças

Classificação: Idiofones

Tipo de Instrumento: Xilofone

Forma de Tocar: Percutido

Componentes: Sem componentes

Formato: Peixe

Materiais: Aço

Page 35: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

31

Figura 6 - Mobiliário Urbano - Idiofone - Xilofone Painel

Fonte – http://www.laoengenharia.com.br/produtos/listagem-produtos/recreacao-e-

esporte/produto/478

Nome: Painel Xilofone

Público: Crianças

Classificação: Idiofone

Tipo de Instrumento: Xilofone

Forma de Tocar: Percutido

Componentes: Baqueta de alumínio presa no painel por uma corda.

Formato: Retangular

Materiais: Colunas: Tronco de Eucalipto; Painel: Tubos de Alumínio; Calotas Protetoras: Plástico de

Alta Densidade (PEAD), com aditivo proteção UV.

Descrição: O objetivo é proporcionar à criança o desenvolvimento sensorial, cognitivo através do

ritmo e estímulo auditivo, motor e social ao promover o experimentar sonoro e socializar.

Page 36: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

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Figura 7 - Mobiliário Urbano - Aerofone - Árvore Cantora

Fonte – http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=36897

Nome: Árvore Cantora

Localização: Inglaterra

Espaço: Público Livre

Público: Todos

Classificação: Aerofones

Tipo de Instrumento: Escultura

Forma de Tocar: Através do vento

Componentes: Sem componentes

Formato: Árvore

Materiais: Tubos de Aço Galvanizado

Descrição: Esta escultura de arte sonora está instalada em Burnley, Lancashire, Inglaterra. Tem 3

metros de altura e é composta por tubos de aço galvanizado de comprimentos diferentes e com

buracos perfurados na parte inferior. Quando o vento sopra, a escultura produz um som assustador

em várias oitavas.

Page 37: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

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Figura 8 - Mobiliário Urbano - Aerofone - Aeolus

Fonte – http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=36897

Nome: Aeolus

Localização: Inglaterra

Espaço: Público Livre

Público: Todos

Classificação: Aerofones

Tipo de Instrumento: Escultura

Forma de Tocar: Através do vento

Componentes: Sem componentes

Formato: Arco

Materiais: Tubos de Aço Inoxidável

Descrição: O Aéolus é composto de 310 tubos de aço inoxidável, que terminam em um arco de dupla

curvatura que os visitantes podem entrar para uma experiência auditiva única. Muitos dos tubos estão

ligados a cordas ligadas a uma membrana em sua extremidade externa que transmite o som gerado

pelo vento no arco e postos de escuta situados nas proximidades.

Page 38: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

34

Diante da pesquisa realizada, de maneira a diversificar e inovar os mobiliários

urbanos sonoros já existentes foi escolhido trabalhar com os cordofones ou

instrumentos de corda (acústico) como referencial para o novo mobiliário urbano

sonoro.

6.4. ESTÍMULO MUSICAL

Abaixo está apresentado o levantamento teórico por parte do que se tem

como referência no que diz respeito ao estímulo musical para auxiliar no

desenvolvimento da proposta de projeto.

6.4.1 Experiências Sonora e Musical

O objetivo do projeto é estimular a experiência musical através de uma

experiência sonora vivenciada a partir de um novo mobiliário urbano sonoro. Desta

forma, antes de se pensar em experiência musical se faz necessária a compreensão

de experiência sonora, elemento que faz parte do que se entende por música.

O mobiliário urbano sonoro foi desenvolvido a partir da compreensão de som

de Schafer (1986), o qual diz que a experiência das mais excitantes deve ser o

poder de transformação do silêncio em som, a partir de um gesto livre.

Como a proposta do novo mobiliário urbano é a experiência direta com os

sons e por se tratar de um projeto que tem como público alvo as crianças, não será

aprofundado o tema sobre o que se entende por música e seus elementos, e sim o

que a experiência com a música pode proporcionar a uma criança.

Sendo assim a discussão foi separada em dois grupos: Experiência Sonora e

Experiência Musical.

Page 39: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

35

6.4.1.1. Experiência Sonora

A proposta de Schafer (1986) ao tratar da experiência da música com

crianças está em trabalhar com formas, sejam verbais, gráficas ou sonoras.

Exploram sons da natureza e do cotidiano, resgatando sons incomuns a nossos

ouvidos, aqueles que não ouvimos mais devido aos sons que hoje fazem parte do

nosso universo sonoro.

A proposta de Schafer (1986) segundo o próprio artista, pode ser utilizada em

qualquer lugar, para qualquer grupo ou idade. De forma prazerosa e a partir de

brincadeiras construir e desconstruir sons, buscando uma nova forma de

compreender a vida, através da comunicação sonora.

Limpeza de Ouvidos é um dos termos utilizado por Schafer (1986) ao se tratar

do entendimento de música, mas se antepõe fazendo comentários sobre a prática e

experiência com a música. Segundo ele como “músico prático, considero que uma

pessoa só consiga aprender a respeito de som produzindo som, a respeito de

música, fazendo música.” (SCHAFER, 1986, p.68)

A respeito dos sons produzidos, independente do “instrumento musical” que

utilizado, Schafer (1986) destaca que os “sons produzidos podem ser sem

refinamento, forma ou graça, mas eles são nossos.” (SHAFER, 1986, p.68)

O contato com a música é vital para nossos “Ouvidos Pensantes” e também

para os outros sentidos sensoriais, habilidades de improvisação e criatividade sendo

exercidas e experimentadas, sem regras ou pressão para a perfeição.

A Limpeza de Ouvidos de Schafer (1986) se refere a alguns novos

significados atribuídos ao entendimento que se tem de música pela sociedade

contemporânea.

O primeiro passo para a Limpeza de Ouvidos está em compreender a

definição de ruído. Schafer (1986) entende o ruído como o som indesejado, o que

interfere, considerando-o como a parte negativa do som musical.

Schopenhauer disse que a sensibilidade do homem para a música varia inversamente de acordo com a quantidade de ruído com a qual é capaz de conviver. Ele quis dizer que, quanto mais selecionarmos os sons para ouvir, mais somos progressivamente perturbados pelos sinais sonoros que interferem. (SCHAFER, 1986, p.68)

Page 40: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

36

Com essa frase pode-se compreender que o entendimento de ruído varia de

pessoa para pessoa, sendo assim, o desconforto atribuído a determinado som

também irá variar (voltando para o mobiliário em desenvolvimento) de acordo com

protagonista da experienciação. Gostando ou não do som produzido, a criança terá

experimentado também essa sensação “negativa” da música.

John Cage em um dos seus experimentos musicais afirma que o silêncio não

existe, não importa o quão isolado do som você está, sempre haverá som. Para

Schafer o silêncio serve para proteger o evento musical do ruído.

Em contraponto ao silêncio está o som, aquele que corta o silêncio. Schafer

(1986) diz que a experiência das mais excitantes deve ser o poder de transformação

do silêncio em som, a partir de um gesto livre.

Levando em consideração que a conceito atribuído ao ruído varia de acordo

com a pessoa, e o som é aquilo que quebra o silêncio, a proposta desse projeto é

utilizar esses conceitos a favor uma experiência sonora. Estabelecido isso, é

importante salientar mais uma vez a visão de Schafer (1986) sobre os sons que

produzimos, e de acordo com esse pensamento, propondo-a como uma diretriz de

projeto: “Os sons produzidos podem ser sem refinamento, forma ou graça, mas eles

são nossos”.

6.4.1.2. Experiência Musical

De forma a entender o que experiência com a música pode proporcionar a

uma criança, abaixo estão apresentadas a relação da música com o

desenvolvimento Infantil.

Ouvindo ou Criando, a música faz parte da vida das pessoas, desde antes de

nascer, dentro da barriga de suas mães ou já quando adulto. Com maior ou menor

intensidade a música está presente na vida das pessoas. Em casa, na escola ou na

rua, em momentos corriqueiros ou momentos marcantes.

Page 41: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

37

Segundo Nogueira, baseado no dicionário Houaiss a palavra

“desenvolvimento” significa “[...] aumento de qualidades morais, psicológicas,

intelectuais etc., [...] crescimento, progresso, adiantamento” (HOUAISS, 2002, p.

989). Há uma tendência social que se falar em desenvolvimento infantil leva-se ao

entendimento de desenvolvimento cognitivo, no que diz respeito a aspectos

intelectuais. “É uma tendência natural em uma civilização tão competitiva e

tecnicista” (NOGUEIRA, 2011, p.110). Por essas razões muito se trata disso em

ambientes escolares, onde o foco em questão é o rendimento acadêmico de

estudantes.

Nogueira (2011) entende que esta concepção de desenvolvimento cognitivo é

apenas um pedaço do assunto ao se tratar de desenvolvimento infantil, ou ainda,

desenvolvimento musical. Nogueira (2011) afirma que o desenvolvimento está acima

de aspectos físicos ou intelectuais, e voltam seu trabalho onde o desenvolvimento

tem um significado mais amplo, tratando do amadurecimento afetivo e social, mas

ainda assim não descartando os aspectos cognitivos.

Muitos autores afirmam que dentro do desenvolvimento musical também

deve-se levar em conta o estímulo cultural que contribui para a formação do

indivíduo e o ambiente no qual o ele está inserido, seja por sua classe social, criação

familiar, escolar… o que influenciará cada um a ter experiências e formações

culturais distintas. Embora não haja um modelo de criança universal o presente

trabalho terá uma visão mais ampla, baseado nas pesquisas de referenciais aqui

apresentadas.

Baseando-se em pesquisas feitas em todo o mundo, e em diferentes épocas,

“a influência da música no desenvolvimento da criança é incontestável” (NOGUEIRA,

2011).

Para melhor compreensão, a nível nacional, sobre influência da música no

aprendizado infantil, atualmente a música vem tomando espaço no meio

pedagógico. Após o decreto da lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, que torna

obrigatório o conteúdo de música no currículo escolar, a área das artes começou a

ser mais valorizada diante dos olhos da sociedade. Práticas político-pedagógicas

foram tomadas para que o processo formativo dos estudantes fosse “sanado de

forma integral”, correlacionando a música a outras áreas, sistematizando a

Page 42: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

38

interdisciplinaridade. (CNE/MEC 2011, p.5). ”Nas últimas décadas, pesquisas, em

especial da neurociência, têm demonstrado a importância da música para o

desenvolvimento humano, o funcionamento cerebral e a formação de

comportamentos sociais.” (CNE/MEC 2011, p.6).

Após estudos, se verificou que a música movimenta distintas áreas do

cérebro, inclusive a habilidade de manipulação da memória (de forma geral). Desta

forma a música implica na aprendizagem em diferentes áreas do conhecimento.

A prática musical também contribui para a interação social e formação de identidade cultural, fortalecendo os vínculos entre os membros de uma comunidade. Sendo assim, a presença da Música no currículo escolar favorece o funcionamento das capacidades cognitivas, uma vez que ela: · Educa a atenção; · Promove a interação social; · Forma circuitos no cérebro que são base para outras atividades humanas; · Forma conexões que são relacionadas à sintaxe da escrita e da matemática; · Cria representações mentais no cérebro e, eventualmente, cria memórias destas representações mentais que podem ser acionadas em aprendizagens várias, inclusive da leitura; · Desenvolve o pensamento geométrico e a aprendizagem de sequências lógicas. (CNE/MEC 2011, p.7).

O estudo da música, agora obrigatória e compreendida como direito de todos

(CNE/MEC 2011, p.5), se destaca como um componente da cidadania: um marco de

identidade pessoal e expressão cultural.

Das diversas maneiras que a música pode trazer benefícios para a criação de

uma criança pode-se destacar o desenvolvimento do raciocínio lógico, da memória,

do espaço e do raciocínio abstrato.

Ainda no útero o bebê tem reações quando expostos a músicas. Nogueira

destaca que “Muitas vezes, mesmo já adultos, nossas melhores lembranças de

situação de acolhimento e carinho dizem respeito às nossas memórias musicais”.

Outro aspecto apontado por Nogueira (2011), baseado nas pesquisas de Zatorre, da

Universidade de McGill (Canadá), e Blood, do Massachusetts General Hospital

(EUA), relacionando o desenvolvimento afetivo pessoal à música, está na euforia

que se dá numa pessoa ao ouvir músicas que causam grandes emoções, euforia

que está diretamente ligada ao prazer. Existem também trabalhos feitos em

Page 43: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

39

hospitais, através da musicoterapia* que utilizam a música para o controle da

ansiedade de pacientes.

A influência da música no sentimento humano está cada vez mais perto do

reconhecimento científico e papel do Designer, no momento, está em fortalecer esta

influência.

O gosto musical de uma criança está diretamente ligado ao grupo social que

ela se insere, e paralelamente ligado em outras coisas no que dizem respeito a

nossa cultura social, o que varia de acordo com a cultura que cada um vivencia.

Deve ser posto em consideração o aprendizado em relação às regras sociais

por parte da criança, o que contribuirá para sua formação social. Sobre as

brincadeiras e letras feitas para crianças são formas de preparar uma criança para

sua vida adulta, “falam de amor, de disputa de trabalho, de tristezas e de tudo que a

criança enfrentará no futuro, queiram seus pais ou não”.

6.4.2 Instrumentos de Corda (Acústicos) ou Cordofones

Segundo o Manual Ilustrado dos Instrumentos Musicais de Berkley et al (2009

apud SOUZA, 2013) os instrumentos musicais são divididos nos seguintes grupos:

(1) percussão, (2) instrumentos de sopro de metal, (3) instrumentos de sopro de

madeira, (4) instrumentos de cordas, (5) teclados, (6) elétrico e eletrônico.

Em 1914, Erich Von Hornbostel (1877-1935) e Curt Sachs (1881-1959)

(ANDRÉS, A.; BORÉM, F., 2011), propõe um novo sistema de classificação para os

instrumentos musicais (Figura 9), onde utilizam as característica físicas de produção

do som como princípio básico para a divisão, e assim separam os instrumentos da

seguinte forma: os idiofones, que são instrumentos cujo próprio corpo em vibração

gera o som; os membranofones, onde o som é produzido pela vibração de uma

membrana; os cordofones, onde o som é produzido pela vibração de cordas e os

aerofones, onde o som é produzido pela vibração do ar; e os eletrofones,

instrumentos que produzem vibrações que passam por um alto-falante e se

transformam em sons.

Page 44: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

40

Figura 9 - Classificação do Instrumentos Musicais

Fonte – Autoria Própria (2016)

Os instrumentos de corda acústicos ou cordofones (Figura 10) fazem parte do

grupo de instrumentos musicais que produzem som a partir da vibração de uma

corda tensionada. Desde que gerada a vibração, essas cordas tensionadas podem

ser friccionadas, tangidas (dedilhadas) ou percutidas. As cordas necessitam ainda

que seu som seja amplificado para que haja um melhor desempenho (volume) do

mesmo, para isso necessitam do corpo dos instrumentos (caixa de ar). (BERKLEY et

al., 2009, apud SOUZA, 2013)

Os instrumentos de cordas, ou cordofones, são aqueles cujo som é gerado pela vibração de uma corda sob tensão. Eles são a espinha dorsal de praticamente todas as culturas musicais importantes, provavelmente pela facilidade com que são afinados, a clareza das notas e sua grande adaptabilidade. Existem três tipos de instrumentos de cordas definidos pelo método de produção sonora: friccionados, tangidos (dedilhados) e percutidos. (BERKLEY ET AL., 2009, p.188, apud SOUZA, 2013)

Page 45: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

41

Figura 10 - Instrumentos de Corda (Acústicos) ou Cordofones (exemplos)

Fonte – Autoria Própria (2016)

Os Instrumentos de corda (acústicos) ou cordofones não necessitam de

eletricidade para funcionar, o som produzido por eles vem das características

naturais da acústica de seus próprios materiais. Diferente dos instrumentos de corda

elétricos os instrumentos de corda (acústico) necessitam no lugar da eletricidade

uma caixa de ar responsável pela ampliação das ondas sonoras produzidas através

da vibração das cordas que produzem o som.

Dessa forma, com o intuito de fazer com que o mobiliário urbano proposto não

tenha gastos com energia elétrica, optou-se pela opção de desenvolver o mobiliário

urbano sonoro que funcionará a partir de sua própria acústica. Assim, de “uma forma

geral, todos os instrumentos de cordas acústicos são constituídos por cordas (que

provocam as ondas sonoras através da sua vibração) e caixa de ar (responsável

pela ampliação dessas ondas).” (FEUP, 2013)

Page 46: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

42

6.4.2.1. Características dos Cordofones

Dentro da família dos cordofones existe uma infinidade de instrumentos

distintos. De maneira geral, além das cordas possuem outras características em

comum na estrutura e que ao mesmo tempo podem ser utilizados para diferenciar

um instrumento do outro. Dentre essas características, de acordo com o Manual

Ilustrado dos Instrumentos Musicais de Berkley et al (2009, apud SOUZA, 2013), as

que se sobressaem são: As cordas; Tensão da corda; Corpo; Tampo harmônico; e

Aberturas (Figura 11 e Figura 12).

Figura 11 - Instrumentos de Corda (Acústicos) ou Cordofones (ex.: violão).

Fonte – Autoria Própria (2016)

Outro exemplo seria a utilização dessas características em uma harpa (Figura 12).

Page 47: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

43

Figura 12 - Instrumentos de Corda (Acústicos) ou Cordofones (ex.: harpa)

Fonte – Autoria Própria (2016)

“Cordas de tripas são usadas na música há milhares de anos” (BERKLEY et

al., 2009, p.188, apud SOUZA, 2013), depois de lavados, esfregados e fatiados em

tiras, elas eram torcidos em fios antes de serem alvejados e refinados.

Com a evolução da humanidade hoje não é muito comum a utilização das

cordas de tripas. Os instrumentos de corda utilizam de dois tipos em seus

instrumentos, a corda é um fator influenciador no desempenho sonoro do

instrumento, sendo elas de nylon ou de aço.

A altura do som produzido pela vibração de corda varia de acordo com seu

comprimento, tensão, diâmetro e densidade. Uma corda comprida e fina sob alta

tensão soará mais aguda do que uma corda curta e espessa sob baixa tensão.

(BERKLEY et al., 2009, apud SOUZA, 2013).

(...) a altura do som de uma corda não está somente relacionada com seu comprimento. Ela também depende da tensão, do diâmetro e da densidade. (...) ao enrolar um arame em torno da corda, aumenta-se sua massa por unidade de comprimento. Isso permite produzir sons mais graves (...) (BERKLEY et al., 2009, apud SOUZA, 2013).

Page 48: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

44

O corpo (pode conter tampo harmônico e abertura) do instrumento é mais um

fator influenciador na qualidade do som produzido. De maneira similar os

instrumentos de cordas friccionadas e tangidas se baseiam em cordas tensionadas

que acompanham a superfície do corpo. Essas cordas entram em contato com o

corpo a partir de uma ponte, responsável por transferir as vibrações das cordas para

o tampo harmônico. (BERKLEY et al., 2009, apud SOUZA, 2013).

Por si só, a corda não é uma fonte sonora adequada; ela requer amplificação. O corpo de todos os instrumentos de corda, nada mais é que um sistema de amplificação projetado para aceitar as vibrações da corda, aumentar sua potência e projetá-la na direção do ouvinte. (BERKLEY et al., 2009, apud SOUZA, 2013).

Ao se falar de um instrumento acústico a vibração da corda em si não é

suficiente para produzir um som forte (com mais volume), desta forma se faz

necessário a existência de uma caixa de ar para amplificar o som. Ela será

responsável pela ampliação (ressonância acústica) das ondas sonoras produzidas

através da vibração das cordas que produzem o som em sua mesma frequência.

A qualidade sonora dos instrumentos de corda é diretamente influenciada

pela combinação entre cordas e caixa de ar. Na maioria das vezes a caixa de ar é

produzida em madeira.

O tampo harmônico é uma lâmina responsável por acompanhar a vibração

(vibrar junto) produzida pelas cordas e auxiliar a amplificar o som. (BERKLEY et al.,

2009, apud SOUZA, 2013).

Aberturas no tampo harmônico podem, ou não, ser utilizadas em instrumentos

de corda, variando suas formas de acordo com a função desejada. Dentre elas

auxiliar na vibração ou dar flexibilidade ao tampo harmônico. A função de direcionar

o som é exercida pelo fundo do corpo. (BERKLEY et al., 2009, apud SOUZA, 2013).

Page 49: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

45

6.5. DIRETRIZES E REQUISITOS

A partir das pesquisas e o que se entende por Mobiliário Urbano Sonoro,

Instrumentos de corda (acústico) ou cordofones e das análises feitas também dos

Apendice A, foram geradas as diretrizes e requisitos de projeto (Tabela 2) e

características que poderão ser apropriadas pelo novo mobiliário urbano sonoro:

Público: É na infância a fase da vida que se tem importantes experiências,

portanto, é para as crianças que será direcionado o produto. Como não há

indicação de uso por faixa etária na praça escolhida, optou-se por utilizar a

classificação de agrupamento etário do Estatuto da Criança e do Adolescente

que define criança como pessoa de até 12 anos de idade incompletos (11

anos). (BRASIL, 1990);

Estímulo Social: Com o intúito de que o produto seja de livre acesso a todos

a escolha foi de implementa-lo em espaço público livre (Praça Governador

Celso ramos);

Estímulo Musical: De maneira a diversificar e inovar os mobiliários urbanos

sonoros já existentes foi escolhido trabalhar com os cordofones ou

instrumentos de corda (acústico) como referencial para o nome mobiliário

urbano sonoro;

Número de Usuários: Um (ou mais). O mobiliário será de livre acesso a

todos, e a forma utilizá-lo será com gesto livre. Não sendo acompanhado o

uso, não se terá a certeza de quantos serão e nem o fluxo;

Altura máxima: Segundo o IBGE (2009) crianças de 11 anos de idade tem

uma media de 1,43 metros de altura. Segundo Iida (2005) o alcance máximo

para cima deve ser de 1,2 vezes a estatura da pessoa. De acordo com essas

informações o produto deverá ter altura máxima de 1,71 metros;

Produção do som: Princípios dos Instrumentos de Corda Acústico ou

Cordofones (onde o som é produzido pela vibração de cordas);

Forma de tocar: Desde que gerada a vibração, as cordas tensionadas

podem ser friccionadas, tangidas (dedilhadas) ou percutida. Acreditando que

Page 50: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

46

a busca de uso pelas crianças (mas não somente elas) é com menos

informação e mais experiência livre para construção de conhecimento, o uso

é livre (poderá haver pequena descrição do mobiliário);

Componentes: Como o gesto é livre não haverá a presença de

componentes;

Materiais (princípio dos cordofones):

Serão utilizadas cordas de aço por conta de sua melhor resistência, (sendo

possível diversificar as espessuras, variando os sons produzidos);

A madeira é um material necessário para uma boa qualidade na ressonância

dos sons;

Materiais resistentes a intempéries:

Corpo do mobiliário sonoro: Madeira;

Corda: Aço Inoxidável ou Galvanizado;

Número de Cordas: De forma a valorizar a experiência com o som, colocou-

se como diretriz opção pela alternativa com maior diversidade sonora. Foi

estabelecido como requisito a utilização de oito cordas (referenciado nas

oitavas7, termo utilizado na música) onde poderá ser produzida uma nota

diferente em cada corda;

;Presença de Trastes: O uso de trastes será descartado com o intuito de

diminuir o excesso de informações presentes no mobiliário - Uso simples e

intuitivo;

Presença de Tarraxas: A preocupação do produto não está na “afinação” do

mesmo e sim na valorização da experiência com o som, portanto haverá a

presença de tarraxas para fixar e tencionar as cordas.

7 Oitavas - Chamamos de oitava uma sequencia de notas na qual a oitava nota será igual à primeira, porém mais aguda ou mais grave.

Page 51: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

47

Tabela 2 - Diretrizes e Requisitos

Diretrizes Requisitos

Projeto

Púbico Experiência Crianças (Até 11 anos)

Estímulo Social Livre Acesso a Todos Praça Gov. Celso Ramos

Estímulo Musical Experiência Sonora Inovadora Referência nos Cordofones

Produto (Mobiliário Urbano Sonoro)

Número de Usuários Livre Acesso a Todos - Gesto

Livre. Um (ou mais)

Altura Máxima do Mob. IBGE Crianças (Até 11 anos) 1,71 metros

Produção do Som Princípios dos Cordofones Corda e Caixa Acústica

Forma de Tocar Som é produzido pela vibração

de corda (Uso Livre) Gesto Livre

Materiais Resistente a Intempéries Corda de Aço Inox ou

Galvanizado; Caixa de Madeira (tratada)

Número de Cordas Maior possibilidade sons Oito

Presença de Trastes Simples e Intuitivo Não

Presença de Tarraxas Experiência Sonora (sem

“afinação”) Sim (Fixação e Tensão das

Cordas)

Componentes Gesto Livre Sem componentes

Fonte – Autoria própria (2016)

Page 52: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

48

7. EXPERIÊNCIA PRÁTICA

A “experiência prática” diz respeito a toda pesquisa prática feita durante a

evolução do projeto, terminologia criada em busca de sanar a problemática de

projeto.

Está etapa foi separada respectivamente nos seguintes tópicos: Geração de

Alternativas; Mobiliário Urbano Sonoro.

7.1. GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS

No decorrer de todo o projeto e principalmente no momento da geração de

alternativas foi importante a conexão de todos os fatores direcionadores do projeto

que por fim foram gerados os requisitos para o novo mobiliário urbano sonoro. As

alternativas apresentadas a seguir foram, de maneira geral, desenvolvidos com o

objetivo de se tornarem um reflexo e ao mesmo tempo um agente social.

Num primeiro momento as alternativas não seguiram nenhum padrão

estético/formal, este momento foi trabalhado de forma mais livre para não limitar a

criatividade e destacar diferentes formas de produção de sons. Desta forma foi feito

um brainstorm (acompanhado de muita música e café), para em seguida escolhidas

algumas alternativas intermediárias para serem trabalhadas e por fim definir a

alternativa final.

Brainstorm

Acrescentando a idéia de Floriano, de que se deve revelar a potência

paisagística de Florianópolis em forma de arte pública, neste momento foi utilizado

como material de apoio o estudo de Klöppel, Souza e Spudeit (2013) “Música como

fonte de informação: a representação da cultura de Florianópolis”.

Através da análise das letras das músicas do grupo local Dazaranha, o estudo

relata a importância da música como fonte de informação e destaca alguns pontos

Page 53: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

49

importantes que se sobressaem aos outros em relação à cultura de Florianópolis: As

praias, a pesca e a capoeira.

Figura 13 - Brainstorm

Fonte – Autoria própria (2016)

Com o brainstorm foram geradas, selecionadas e trabalhadas algumas

alternativas que julgaram-se com potencial para prosseguir na definição da

alternativas final. No brainstorm foram destacadas alternativas inspiradas na praia,

pesca, capoeira, dentre outros aspectos que pudessem representar a cidade de

Florianópolis. Foram destacadas também algumas palavras de inspiração e

apontadas algumas observações que poderiam ser usadas no produto final.

Page 54: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

50

Alternativa 1 – Praias

Figura 14 - Desenhos Alternativa 1

Fonte – Autoria própria (2016)

Florianópolis é uma cidade rica em suas paisagens, parte dessa riqueza está

pela presença de diversas praias em seu território. Para tentar retratar a “cara” de

Florianópolis a “alternativa 1” foi inspirada nas ondas das praias. A alternativa

buscou resgatar as tradições e a cultura presente nas praias, onde também se

destacam a pesca e o surf.

O produto lembra a posição vertical das cordas das harpas, que permitem por

suas características estético-formais uma grande variação sonora durante o uso

(pela quantidade de cordas que tomam conta do produto) e pela de diferentes

espessuras e tamanhos. Observando a extensa linha formada pela posição das

cordas, existe também a possibilidade de utilização por mais de uma criança ao

mesmo tempo.

Page 55: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

51

Alternativa 2 – Pesca

Figura 15 - Desenhos Alternativa 2

Fonte – Autoria própria (2016)

A pesca é uma atividade de extrema importância na cultura e economia de

Florianópolis, são as colônias de pescadores presentes na ilha grandes

responsáveis por parte da fonte de renda e turística de Florianópolis. Outro fator

interessante é que a pesca também é um fator influente na paisagem de

Florianópolis, na presença de infinidade barcos de pescador espalhados pela ilha e

principalmente na época de pesca, os arrastões.

A “alternativa 2” foi inspirada na forma padrão de um peixe. As cordas

representam as espinhas do peixe e permite o uso por mais de uma criança.

Page 56: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

52

Alternativa 3 – Capoeira

Figura 16 - Desenhos Alternativa 3

Fonte – Autoria própria (2016)

A cultura musical de Florianópolis tem significativo reconhecimento por conta

da diversidade de grupos praticantes da capoeira na ilha, que também é e foi um

marco na história da cidade.

A “alternativa 3” foi inspirada no berimbau, instrumento utilizado na capoeira.

Simples e Intuitivo, essa alternativa se destaca por sua semelhança com o

instrumento, enaltecendo a conexão entre a música e a cultura de Florianópolis.

Em seguida foi feito a análise das alternativas selecionadas e criada uma

tabela com pontuações para destacar algumas características importantes que

deverão ser adaptadas ao produto final.

Page 57: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

53

Tabela 3 - Definição da Alternativa Final

Alternativa 1 Alternativa 2 Alternativa 3

Usuários: Um 1 1 1

Altura Máx.: 1,71m 1 1 1

Presença de Corda e Caixa Acústica

1 0 1

Permite o Toque por Gesto Livre

1 1 1

Corda de Aço Inox ou Galvanizado; Caixa de Madeira (tratada)

1 1 1

Presença de Oito Cordas

1 1 -1

Ausência de Trastes 1 1 1

Presença de Tarraxas -1 -1 -1

Ausência de Componentes

1 1 1

SOMATÓRIO 7 6 5

Legenda: Foi utilizada a tabela de pontuação (-1, 0 e 1) para definição da alternativa final em relação aos requisitos de projeto, sendo:

-1 – Não atende;

0 – Atende pouco;

1 – Atende completamente. A alternativa com maior pontuação em sua soma foi escolhida para seguir com refinamento.

Fonte – Autoria própria (2016)

Page 58: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

54

Ao comparar as três alternativas selecionadas com os requisitos de projeto,

observou-se que a “alternativa 1” teve maior pontuação. De maneira a valorizar as

características levantadas se prosseguiu com o refinamento da “alternativa 1 -

Praias”.

7.2. MOBILIÁRIO URBANO SONORO - PRAIAS

Assim delimitado o problema de projeto e construída a composição estético-

formal do produto, o projeto parte para um processo de construção do modelo final e

detalhamento através do softwear Solidworks e os renderings digitais utilizando o

softwear Keyshot.

Rendering Digital

A figura abaixo (Figura 17) apresenta a imagem do mobiliário urbano sonoro

final e suas medidas gerais.

Page 59: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

55

Figura 17 - Medidas Gerais

Fonte – Autoria própria (2016)

Devido a diversas especificações técnicas referentes à viabilização do

produto (materiais, processo produtivo, instalação e manutenção) e adaptação aos

padrões da praça, o produto passou por refinamentos e teve de sofrer algumas

alterações em sua estrutura.

Definido o produto a ser produzido, a próximo passo foi adequá-lo

satisfatoriamente às normas da ABNT NBR16071 de 06/2012. Embora as normas

não estejam disponibilizadas gratuitamente, foram feitas pesquisas em meio digital

onde se encontraram alguns padrões em relação aos playgrounds existentes.

No momento da pesquisas foram encontrados os seguintes padrões:

- Madeira em eucalipto maciço auto-clavado;

Page 60: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

56

- Metais em aço inoxidável ou galvanizado;

- Todos os brinquedos são lixados, sem farpas e com seus cantos

arredondados;

- União das peças feitas com parafusos do tipo francês (embutido);

- O uso das cores vibrantes.

Ambientação

A partir do softwear Keyshot foram feitas a ambientações do produto (Figura

18 e Figura 19) em escala real (a partir de marcações no chão) para representar a

instalação do Mobiliário Urbano Sonoro Praias no parque infantil da Praça

Governador Celso Ramos.

Figura 18 - Ambientação 1

Fonte – Autoria própria (2016)

Page 61: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

57

Figura 19 - Ambientação 2

Fonte – Autoria própria (2016)

Ergonomia

Foram feitas adaptações ergonômicas no Mobiliário Urbano com intuito de

adequá-lo ao público escolhido. Na Figura 20 são apresentadas as dimensões do

degrau e a representação da interação humana com o produto, de acordo com os

padrões antropométricos da idade máxima e idade mínima do público alvo.

Page 62: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

58

Figura 20 - Ergonomia

Fonte – Autoria própria (2016)

- O IBGE (2009) aponta que crianças de 11 anos de idade tem em média

1430mm de altura e de acordo com Iida (2005) o alcance máximo (em pé) para cima

(frente e baixo) deve ser de 1,2 vezes a estatura da pessoa. De acordo com essas

informações a criança terá um alcance de 1710mm, por sua vez, 280mm para frente

(1430mm) e para baixo (1150mm);

- O IBGE (2009) aponta que crianças com menos de 1 ano de idade tem em

média 670mm de altura e de acordo com Iida (2005) o alcance máximo (em pé) para

cima (frente e baixo) deve ser de 1,2 vezes a estatura da pessoa. De acordo com

essas informações a criança terá um alcance de 804mm, por sua vez, 134mm para

frente (670mm) e para baixo (536mm);

- A menor corda encontra-se com altura mínima de aproximadamente 300mm e

altura máxima de 650mm e a maior corda com altura mínima de aproximadamente

160mm e altura máxima de 1300mm;

- Levando em consideração as questões anteriores qualquer criança de até 11

anos tem acesso ao toque das cordas a partir do chão;

Page 63: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

59

- Segundo Iida (2005) um degrau ou um desnível deve conter pelo menos

150mm de altura. De acordo com a ABNT (1999), referente as dimensões de

degraus permitidas para acesso direto em brinquedos de playground, de 45º (a 55º)

deve conter: altura de no mínimo 150mm e máximo de 200mm; degraus com

comprimento de no mínimo de 100mm; largura mínima de 280mm e máxima de

450mm (NBR 14350- 1:1999, Tabela 4, p. 6). Todos as dimensões do padrão foram

adaptadas ao produto;

- Levando em consideração a questão anterior qualquer criança de até 11 anos

pode subir na base para o toque das cordas.

Vista Explodida

Figura 21 - Vista Explodida

Fonte – Autoria própria (2016)

O mobiliário urbano sonoro (apresentado em sua vista explodida – Figura 21)

é composto por oito peças produzidas em chapas de eucalipto auto-clavado (em

Page 64: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

60

azul e vermelho), duas chapas de compensado naval (em verde e amarelo). Sua

estrutura ainda conta com quatorze diferentes tipos de parafusos, quatro

chumbadores, oito tarraxas para tensionar as cordas e oito fios de aço inoxidável.

Visão Geral

Materiais

- Madeira: Eucalipto Maciço Auto-clavado e Compensado Naval;

- Cordas e Parafusos: Aço Inoxidável (Arame);

- Tinta: Tinta Óleo – Esmalte Sintético (Amarelo, Azul, Verde e Vermelho).

Materiais (Detalhado)

- 4 chapas de eucalipto maciço auto-clavado (14000 x 500 x 30 mm);

- 2 chapas de eucalipto maciço auto-clavado (500 x 300 x 30 mm);

- 2 chapas de compensado naval laminado (1400 x 500 x 10 mm)8;

- 1 fio (corda) de aço harmônico (arame) inoxidável (2000 x 0,7mm - 2 cordas);

- 1 fio (corda) de aço harmônico (arame) inoxidável (1500 x 0,8mm - 1 corda);

- 1 fio (corda) de aço harmônico (arame) inoxidável (1500 x 0,9mm - 1 corda);

- 1 fio (corda) de aço harmônico (arame) inoxidável (1500 x 1,0mm - 1 corda);

- 1 fio (corda) de aço harmônico (arame) inoxidável (1500 x 1,1mm - 1 corda);

- 1 fio (corda) de aço harmônico (arame) inoxidável (2500 x 1,2mm - 2 cordas);

- 4 Chumbadores 20/120 (277mm x 20mm x 20mm);

- 1 Parafuso Frances com Porca Sextavada 18” (457,2mm)9;

- 1 Parafuso Frances com Porca Sextavada 15” (381mm);

- 2 Parafuso Frances com Porca Sextavada 13” (330,2mm);

- 1 Parafuso Frances com Porca Sextavada 12” (304,8mm);

8 As dimensões das chapas foram baseados nos padrões de venda no mercado. 9 Obs.: Sabe-se da existência de parafusos franceses acima de 6” (152,4mm x 12,7mm x 12,7mm), porém não foram encontrados os diâmetros corretos de acordo com sistema imperial de parafusos. Nos desenhos técnicos eles estarão baseados no mesmo diâmetro do parafuso de 6”.

Page 65: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

61

- 3 Parafusos Franceses com Porcas Sextavadas 6” (152,4mm x 12,7mm x

12,7mm);

- 4 Parafusos para Madeira de Latão (100mm x 4,8mm x 4,8mm).

Processo Produtivo, Instalação e Manutenção

- Corte e arredondamento de cantos em Máquina CNC – Router;

- Furação com Furadeira (utilizando morsa);

- Pintura Manual – Pistola de Tinta;

- Instalação Manual (parafusos);

- Fixação em Sapata de Fundação (chumbadores);

- Manutenção Manual (parafusos).

Visão Detalhada

Abaixo está destacada a visão detalhada de tudo que foi apresentado

anteriormente referente aos materiais, estrutura, processo produtivo, instalação e manutenção do mobiliário urbano sonoro.

Page 66: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

62

Eucalipto Maciço Auto-clavado10

Figura 22 - Peças - Eucalipto Auto-clavado

Fonte – Autoria própria (2016)

- Independente do tratamento a madeira pode estar sujeita a tensões internas que podem

causar empenamentos, fissuras e rachaduras;

- A madeira tratada é atóxica. Torna-se tóxica se consumida;

- A madeira tratada fica com a cor esverdeada, mas não apresenta nenhum odor ou

alteração;

- As soluções Químicas CCB e CCA empregada no tratamento garante a não corrosão dos

materiais (metais) fixados na madeira;

- Preenche quase que a totalidade dos materiais utilizados no presente mobiliário urbano

sonoro, justamente por seu caráter de resistência a intempéries;

- O eucalipto não tem boa capacidade de ressonância, por essa razão se optou por fazer

uma caixa acústica ampla, e assim suprir essa deficiência.

10 Eucalipto Maciço Auto-clavado (mais informações): <http://www.duronmadeiras.com.br/?link=informacoes>

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63

Colunas

Figura 23 - Peças - Colunas

Fonte – Autoria própria (2016)

- Eucalipto Maciço Auto-clavado;

- As colunas auxiliam na estrutura do mobiliário e na conexão de suas peças;

- A “coluna vertebral” posta na vertical também é reponsável pela fixação das tarraxas.

Page 68: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

64

Base

Figura 24 - Peças - Base

Fonte – Autoria própria (2016)

- Eucalipto Maciço Auto-clavado;

- É inclinada para evitar o acúmulo de água e/ou resíduos dentro do mobiliário;

- A abertura foi calculada para evitar a entrada de crianças;

- É responsável pela fixação em sapada de fundação e ao restante da estrutura do mobiliário;

- O compensado naval utilizado na base é resistente o suficiente para sustentar o peso dos

usuários, lenvando em consideração que o material é utilizado para construção de barcos e pranchas

de wakeskate...

Page 69: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

65

Compensado Naval

Figura 25 - Peças - Compensado Naval

Fonte – Autoria própria (2016)

- O compensado naval é comumente utilizado nas estruturas dos cascos de barco e também

utilizado na área moveleira e revestimento;

- É composto por lâminas de madeira e uma resina de fonol-formaldeído;

- É impermeável;

- É flexível;

- Por conta de suas características físicas e resistência a intempéries, quando comparado a

outros materiais foi o que melhor opção que supriu as expectativas do projeto;

- Por ser um material não comumente utilizado para fabricação de instrumentos musicais não

se tem entendimento sobre a capacidade de ressonância do mesmo, mas no caso desse projeto, está

sendo utilizado como tampo harmônico.

Page 70: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

66

Aço Inoxidável11

Figura 26 - Peças - Aço Inoxidável

Fonte – Autoria própria (2016)

- Dentre os possíveis materiais a ser utilizados, o aço inox se mostrou mais adequado devido a

sua resistência a intempéries. Mesmo sendo um material com riscos de corrosão e oxidação, ainda

assim foi visto como a melhor opção;

- A película de proteção superficial de óxido de cromo presente no aço inoxidável é o elemento

químico mais importante que garante resistência contra oxidação e corrosão do mesmo;

- Outros elementos como molibdênio, silício, cobre e níquel, também podem ter efeitos

favoráveis na resistência à corrosão;

- O efeito desse elemento de liga varia em diversas atmosferas corrosivas. Por conta disso, a

atmosfera deve ser sempre considerada no momento de escolha do tipo mais adequado de aço;

- No mobiliário são utilizados parafusos, tarraxas e fios de aço inoxidável. Observando a figura

de cima para baixo estão ilustradas as imagens de: parafuso para madeira de latão; parafuso francês;

e chumbador. A direita está representada uma tarraxa e um fio de aço enrolado na mesma.

11 Aço Inoxidável (mais informações): <http://www.aczinox.com.br/produtos/ler/1/arames-inoxidaveis.html>

Page 71: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

67

Cordas

Figura 27 - Peças - Cordas

Fonte – Autoria própria (2016)

- Aço Inoxidável;

- As cordas de aço utilizadas nos instrumentos de corda são compostas por materiais

diferentes que tem maior tendência a oxidar, por essa razão serão utilizadas cordas aço harmônico

(arame - a mesma utilizada em berimbaus);

- Serão utilizadas seis espessuras de arames para uma maior variação sonora.

Respectivamente da esquerda para a direita (Figura 27) a espessuras utilizadas são: 0,7mm, 0,7mm,

0,8mm, 0,9mm, 1,0mm, 1,1mm, 1,2mm, 1,2mm;

- A ponta do fio posicionada na parte inferior do mobiliário é presa a partir de uma técnica

usada pelos harpistas, onde é feito um nó em volta de outro pequeno pedaço de fio. O nó impede que

o fio ultrapasse a abertura feita no compensado quando exercida pressão e na corda;

- A ponta superior da corda é presa em tarraxas (a mesma utilizadas em harpas) que são

responsáveis per tensionar as cordas.

Page 72: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

68

Tarraxas (Harpa)

Figura 28 - Peças - Tarraxas

Fonte – Autoria própria (2016)

- O conjunto de tarraxas escolhido para o mobiliário foi baseado no mesmo utilizado por alguns

tipos de harpa;

- Ele será utilizado apenas no momento de montagem do mobiliário urbano sonoro, servirá

apenas para esticar as cordas para que se consiga produzir sons;

- A localização delas na parte superior do mobiliário auxilia na proteção contra o mal uso,

despropiciando o risco de estragar o tampo harmônico caso tensionada a corda de forma exagerada;

- As tarraxas podem ser reduzidas apenas para utilização dos pinos, porém a os fios irão

distensionar com mais facilidade;

- Existe uma marcação com profundidade de 1mm e furos que permitem a instalação das

tarraxas.

Page 73: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

69

Cores

Figura 29 - Peças - Cores do Parque Infantil

Fonte – Site WOA

- Tinta a óleo - esmalte sintético;

- A escolha das cores foi inspirada nas cores utilizadas pelos brinquedos já existentes no

parque (Figura 29). O playground é preenchido por tonalidades vibrantes, sendo elas as cores:

amarela, azul, laranja, marrom, verde e vermelha.

Page 74: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

70

Processo Produtivo

1º passo – Corte, Arredondamento e Furação

- A partir do modelamento digital no softwear SolidWorks são feitos os cortes,

arredondamento de cantos e marcações de furações;

- O segundo paço é fazer as furações com furadeiras, (é necessária a

utilização da morsa para cortes angulares).

2º passo - Pintura Manual – Pistola de Tinta

- A pintura deverá ser feita individualmente em cada peça com pistola de tinta.

3º passo - Fixação em Sapata de Fundação (chumbadores)

A base de madeira será fixada por três chumbadores (parte inclinada da

base) que unirão a base a sapata de fundação, e mais outro chumbador que será

adicionado na fase posterior.

- Base e Sapata de Fundação (3 chumbadores);

4º passo - Instalação Manual (parafusos)

A base servirá de sustentação inicial para todas as peças adicionadas a

seguir, que serão fixadas com 6 parafusos franceses que unirão as peças laterais à

base e às colunas com a utilização de uma parafusadeira, na respectiva ordem:

- Lateral Esquerda 1, Base e Lateral Direita 1 (2 parafusos franceses);

- Lateral Esquerda 1, Coluna 1 e Lateral Direita 1 (1 parafuso francês);

- Lateral Esquerda 1, Coluna 2 e Lateral Direita 1 (1 parafuso francês);

- Lateral Esquerda 2, Base e Lateral Direita 2 (2 parafusos franceses);

Page 75: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

71

As marcações e furos feitas com Router na Coluna Vertebral facilitam a

instalação das tarraxas de forma simples;

- Tarraxas e Coluna Vertebral (8 tarraxas);

Na sequencia deve ser feita a união da Coluna Vertebral (com as tarraxas já

instaladas) à estrutura, este processo necessitara de 4 parafusos para madeira de

latão e uma chave de fenda, montados na respectiva ordem:

- Coluna 1 e Coluna Vertebral (2 parafusos para madeira de latão);

- Coluna 2 e Coluna Vertebral (2 parafusos para madeira de latão);

Assim que montada a estrutura é fixado o último chumbador (com proteção

emborrachada) e mais um parafuso francês que irá prender o Compensado Naval

Interior à estrutura, neste momento o Compensado Naval Interior necessitará ser

flexionado:

- Compensado Naval Interior, Base e Sapata de Fundação (1 chumbador);

- Compensado Naval Interior e Coluna Vertebral (1 parafuso francês);

As cordas deverão ser acrescentadas da esquerda para a direita (Figura 27)

respectivamente com as cordas das seguintes espessuras: 0,7mm, 0,7mm, 0,8mm,

0,9mm, 1,0mm, 1,1mm, 1,2mm, 1,2mm.

A ponta de cada fio posicionada na parte inferior do mobiliário é presa a partir

de um nó em volta de outro pequeno pedaço de fio. A ponta superior de cada

corda é presa em uma tarraxa, que será tensionada com a chave de afinação de

harpa.

- Cordas e Compensado Naval;

- Cordas e Tarraxas;

Page 76: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

72

Por fim é adicionado o Compensado Naval Exterior, ele também deverá ser

flexionado:

- Compensado Naval Exterior e Coluna Vertebral (2 parafusos franceses).

5º passo - Manutenção Manual (parafusos)

A escolha dos materiais do produto foi baseada em mobiliários urbanos já

existentes, que são utilizados nestes ambientes por sua grande resistência a

intempéries e capacidade de longa duração em ambiente público livre.

Caso o produto seja de alguma maneira danificado e necessite manutenção,

ele deverá ser desparafusado (a mesma alternativa encontrada em playgrounds)

para que haja a troca da peça danificada. Existem dois tipos de parafusos inseridos

no mobiliário, os parafusos para madeira de latão (pode ser removido com chave de

fenda) e os parafusos franceses (pode ser removido com parafusadeira).

A troca das cordas pode ser feita com a retirada do compensado naval

exterior que permite acesso a todo o interior do mobiliário urbano sonoro, onde

poderá acessar todos os furos por onde passam as cordas. A tensão da corda

deverá ser feita com a ferramenta chave de afinação de harpa.

Page 77: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

73

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente projeto teve o objetivo de desenvolver um mobiliário urbano

sonoro em um parque infantil e utilizou o experimento com cordas para estimular tal

experiência, assim tentou-se criar um estímulo a experiência musical e a interação

social de crianças em ambiente público livre.

Desde início do projeto já havia ciência de que o acadêmico teria uma boa

oportunidade para se aprofundar em assuntos das distintas áreas de estudo para

conseguir conectar design de produto, instrumentos musicais e mobiliário urbano. Na

pesquisa ficou claro que há uma carência em estudos relacionados a união dessas

grandes áreas.

A experiência tanto destacada no projeto também foi destinada ao Designer

de Produto, que por sua vez experienciou um novo trabalho e buscou trazer um

conjunto de informações e experiências que podem estimular o início de outras

pesquisas e a maior valorização desses temas por parte da sociedade.

A pesquisa mostrou que trabalhar com instrumentos de corda como referência

para mobiliários urbanos pode ainda não ser a solução mais pratica para reverter a

escassez de mobiliários urbanos sonoros existentes, mas por outro lado essa

situação abre um leque para novas pesquisas de grande potencial inovador.

O mobiliário urbano sonoro final teve grande influência de instrumentos como

a harpa e o berimbau, dentre outros semelhantes... Sua estrutura inspirada em um

conceito estético-formal de Florianópolis é composta por cordas de aço e materiais

alternativos que por sua vez permitiram uma nova experiência de pesquisa e criação

para o autor, e por sua vez, indiretamente ao público destinado.

O objetivo geral e objetivos específicos foram atingidos de acordo com a

metodologia proposta, embora mudanças e imprevistos ocorreram durante o trajeto

metodológico, não deixou de finalizar com uma proposta inovadora.

Espera-se que esta pesquisa seja utilizada de forma a aproximar o design à

música, assim também como o estímulo a interação social através do mobiliário

urbano.

Page 78: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

74

9. REFERÊNCIAS

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Porto Alegre: Artfolio e Editora da Cidade, 2008. Disponível em:

<http://www.public.art.br/wordpress/wp-

content/uploads/Experiencias_ARTEPUBLICA_download.pdf> Acesso em: 03 de

Outubro de 2016.

ANDRÉS, A.; BORÉM, F. O grupo UAKTI: três décadas de música instrumental e

de novos instrumentos musicais acústicos. Per Musi, Belo Horizonte, n.23, 2011,

p.170-184

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14350-1: Segurança

de brinquedos de playground Parte 1: Requisitos e métodos de ensaio. Rio de

Janeiro, 1999. 26 p. Disponível em: <http://gsea.com.br/normasabnt/NBR 14350

PLAYGROUND.pdf>. Acesso em: 7 out. 2016.

BASSO, Liliane; VAN DER LINDER, Júlio Carlos de Souza. Mobiliário Urbano:

Origem, Forma e Função. In: Anais 9o Congresso Brasileiro de Pesquisa e

Desenvolvimento em Design, 2010.

BONDÌA. Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência.

Barcelona, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n19/n19a02.pdf>

Acesso em: 28 de Setembro de 2016.

BONSIEPE, Gui. Design: Como Prática de Projeto. São Paulo: Blucher, 2012.

BONSIEPE, Gui e outros. Metodologia Experimental: Desenho Industrial.

Brasília: CNPq/Coordenação Editorial, 1986.

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Nacionais para a operacionalização do ensino de Música na Educação Básica. –

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<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=14

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de Out. de 2016.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Na

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BRASIL. Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do

Adolescente. Brasília, DF. Disponível em: <http://teen.ibge.gov.br/estatuto-da-

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DEPARTAMENTO DE PRAÇAS E ARBORIZAÇÃO PÚBLICA. Florianópolis, 2011.

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DUARTE JUNIOR, João Francisco. O que é beleza. 3. ed. São Paulo: Brasiliense,

1991. (Coleção primeiros passos, v. 167).

FACULDADE DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE DO PORTO - MESTRADO

INTEGRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA.. A Engenharia e a Música:

Instrumentos de Cordas. 2013. Disponível em:

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IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção / Itiro Iida – 2ª edição ver. e ampl. – São

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INSTITUTO DE PLANEJAMENTO URBANO DE FLORIANÓPOLIS.

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INSTITUTO DE PLANEJAMENTO URBANO DE FLORIANÓPOLIS. Regulamento Interno do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis. Florianópolis.Disponível em: ˂http://www.pmf.sc.gov.br/entidades/ipuf/index.php?cms=regulamento+interno&menu=1 ˃. Acesso em: 01 de Out. 2016.

Page 81: A Experiência Sonora Com Um Mobiliário Urbano

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INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA. PROJETO PEDAGÓGICO –

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO: NORMAS

PARA O MÓDULO TCC TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC/DESIGN).

Santa Catarina: Campus Florianópolis, 2014.

JOHN, Naiana; REIS, Antônio T. Percepção, Estética e Uso do Mobiliário Urbano.

In: Gestão e Tecnologia de Projetos, no 2, vol. 5, nov.2010.

KLÖPPEL, Jéssica Vilvert; SOUZA, Renata Stein de; SPUDEIT, Daniela. Música

como fonte de informação: a representação da cultura de Florianópolis. In: XXV

CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTO E CIÊNCIA

DA INFORMAÇÃO, 15., 2013, Florianópolis. Trabalho Apresentado em

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LAGO, Clenio. Experiencia Estética como Experiência Formativa a Partir da

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2016

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APÊNDICE A – INSTRUMENTOS DE CORDA ACÚSTICOS OU CORDOFONES

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APÊNDICE B – DESENHOS TÉCNICOS

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