a exploração do petróleo e a questão do meio ambiente no brasil
TRANSCRIPT
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
Capitão-de-Mar-e-Guerra LUIZ ROBERTO CAVALCANTI VALICENTE
A EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO E A QUESTÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL:
A necessidade de um Plano Nacional de Contingência
Rio de Janeiro 2012
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
LUIZ ROBERTO CAVALCANTI VALICENTE
A EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO E A QUESTÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL:
A necessidade de um Plano Nacional de Contingência
Rio de Janeiro 2012
LUIZ ROBERTO CAVALCANTI VALICENTE
A EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO E A QUESTÃO DO MEIO
AMBIENTE NO BRASIL:
A necessidade de um Plano Nacional de Contingência
Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.
ORIENTADOR: Advogado Marcelo Tadeu D. de
Oliveira.
Rio de Janeiro
2012
C2012 ESG
Este trabalho, nos termos da legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG.
___________________________________
Assinatura do Autor
Biblioteca General Cordeiro de Farias
Valicente, Luiz Roberto Cavalcanti.
A Exploração do Petróleo e a Questão do Meio Ambiente no Brasil: A necessidade de um Plano Nacional de Contingência. / CMG Luiz Roberto Cavalcanti Valicente. – Rio de Janeiro: RJ, 2012.
68 f.: il.
Orientador: Advogado Marcelo Tadeu D. de Oliveira Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao
Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2012.
1. A Exploração de Petróleo no Brasil. 2. As Questões Ambientais. I.
A Exploração do Petróleo e a Questão do Meio Ambiente no Brasil: A necessidade de um Plano Nacional de Contingência.
À minha família, Ana Paula, André e
Pedro, pelo apoio, paciência e incentivo
que possibilitaram a conclusão deste
importante trabalho.
AGRADECIMENTOS
À Escola Superior de Guerra – sua Direção, Corpo Permanente e
Administração – pela oportunidade de um ano inesquecível, de inesquecíveis
momentos e experiências, tão importantes para meu desempenho profissional
e minha vida.
Ao meu Orientador, Advogado Marcelo Tadeu, pelas orientações objetivas e
seguras e, sobretudo, pela paciência e compreensão que viabilizaram a
elaboração deste trabalho.
E, finalmente, aos amigos da Turma Programa Antártico Brasileiro – TURMA
PROANTAR – CAEPE 2012 – pelos melhores desses momentos inesquecíveis,
pelo convívio diário, pelas demonstrações de apoio e companheirismo.
RESUMO
Esta monografia estuda a relevância, para a sociedade e para o Desenvolvimento
Nacionais, das duas questões fundamentais relacionadas ao tema: a exploração de
petróleo no mar e as questões ambientais advindas dessa atividade, mormente após
a descoberta das reservas do pré-sal. Comprova a influência direta dessas questões
nas expressões psicossocial e econômica do Poder Nacional, haja vista a
importância que a indústria petroleira tem para a economia do País. A partir dessas
premissas, a pesquisa encontra seu objetivo principal: provar a necessidade de o
País dispor de um Plano Nacional de Contingência (PNC), uma estrutura apta a
acompanhar e coordenar as ações que permitam minimizar os efeitos da poluição
hídrica, a fim de realizar essa atividade econômica com “segurança ambiental”. A
metodologia adotada foi a pesquisa documental, visando buscar referências teóricas
para o assunto, e a verificação do ordenamento jurídico nacional e internacional
sobre o tema. Após essa “prospecção”, o trabalho utiliza a metodologia do “estudo
de caso” do incidente de poluição hídrica na Bacia de Campos, em novembro de
2010, onde o autor se posiciona como observador participante. Fruto das lições
aprendidas, conclui-se pela necessidade de um PNC Nacional e identifica-se uma
estrutura adequada para o plano, que trará “segurança ambiental” para atividade de
exploração de petróleo. Sugere-se, ainda, a criação de uma estrutura complementar
ao PNC: um Grupo de Acompanhamento formado preliminarmente, para incrementar
a participação do Estado no controle e coordenação dos incidentes de poluição
hídrica.
Palavras-chave: Exploração de Petróleo em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB).
Meio Ambiente. Poluição Hídrica. Plano Nacional de Contingência (PNC).
ABSTRACT
This monograph examines the relevance to society and National Development of the
two key issues related to the theme: the exploration of offshore oil and the
environmental issues arising from this activity, especially after the discovery of pre-
salt reserves. It proves also the direct influence of these issues in the psychosocial
and economic expressions of National Power, given the importance that the oil
industry has on the economy of the country. From these assumptions, the research
finds its main goal: to prove the need for the country to have a National Oil Spill
Response Plan (NOSRP), a structure able to monitor and coordinate actions that
minimize the effects of water pollution in order to accomplish this economic activity
with "environmental safety". The methodology included desk research, aiming to
seek theoretical references for the subject, in addition to checking the national and
international legal system about the topic. After this survey, the paper uses the
methodology of the "case study" of water pollution incident in the Campos Basin, in
November 2010, where the author stands as a participant observer. Fruit of the
lessons learned, we arrive at a proposed structure for the NCP. It concludes the need
for a NOSRP, which will bring "environmental security" for oil exploration activity in
Brazilian Jurisdictional Waters, and suggest the creation of a complementary
structure to NCP: a Monitoring Group preliminarily formed to increase State
participation in the coordination and control of water pollution incidents.
Keywords: Oil Exploration in Brazilian Jurisdictional Waters. Environment. Water
Pollution. National Oil Spill Response Plan.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Evolução das reservas provadas de petróleo 2010/2011 14
Figura 2 – Oferta de energia primária no Mundo em 2007 15
Figura 3 – Evolução da produção de petróleo – 2002/2011 16
Figura 4 – Gráfico do incidente de vazamento de óleo na Bacia de Campos 24
Foto 1 – Sonda SEDCO 706 dias após o incidente 26
Foto 2 – Imagem da exsudação, no dia 11 de novembro, captada por ROV 27
Foto 3 – Embarcação de apoio realizando contenção mecânica 29
Foto 4 – Embarcação de apoio realizando dispersão mecânica com água 30
Foto 5 – Imagem Radarsat obtida pela Petrobrás com mancha de óleo 30
Foto 6 – Imagens de ROV comparativas 31
Foto 7 – Barcos de apoio no incêndio da Plataforma Deepwater Horizon 34
Foto 8 – O Presidente Barack Obama discursa sobre o incidente com a
plataforma Deepwater Horizon 35
Figura 5 – Estrutura do PNC na atual minuta em tramitação no GTI 41
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
AJB - Águas Jurisdicionais Brasileiras
BOE - Barris de óleo equivalente, medida de produção de petróleo
BP - Empresa de petróleo britânica British Petroleum
CHM - Centro de Hidrografia da Marinha
CLC-69 - Convenção Internacional sobre a Responsabilidade Civil em Danos
Causados por Poluição por Óleo
CLPC - Comissão de Limites da Plataforma Continental
CNUDM - Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, também
conhecida como Convenção da Jamaica, de 1982
CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (RIO 92)
CO - Coordenador Operacional, do PNC
ComOpNav - Comando de Operações Navais, órgão de direção setorial da MB
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DPC - Diretoria de Portos e Costas (MB)
EIA - Energy Administration Information
GA - Grupo de Acompanhamento, do PNC
GAA - Grupo de Acompanhamento e Avaliação, do PNC
GTI - Grupo de Trabalho Interministerial
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IEO - International Energy Outlook
IMCO - Organização Consultiva Marítima Intergovernamental
IMO - Organização Marítima Internacional
INEA - Instituto Estadual do Ambiente, do estado do Rio de Janeiro
MARPOL - Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios
MB - Marinha do Brasil
MD - Ministério da Defesa
MMA - Ministério do Meio Ambiente
MME - Ministério das Minas e Energia
MN - Milha náutica = 1.852 metros
MT - Mar Territorial
NORMAM - Normas da Autoridade Marítima
ONU - Organização das Nações Unidas
OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo
OPRC-90 - Convenção Internacional Sobre Preparo, Resposta e Cooperação em
Caso de Poluição por Óleo
PC - Plataforma Continental
PEI - Planos de Emergência Individuais
PNC - Plano Nacional de Contingência
PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente
PR - Presidente de República
ROV - Veículo submarino operado remotamente
SEMA/RJ - Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Rio de Janeiro
SIMMAP - Sistema de Monitoramento Marítimo e Apoio às Atividades do
Petróleo
SISAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
SISNÓLEO - Sistema de Informações Sobre Incidentes de Poluição por Óleo em
Águas Sob Jurisdição Nacional
SOLAS - Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar
TIDM - Tribunal Internacional do Direito do Mar
UOB-Rio - Unidade de Operações da Bacia do Rio (Petrobrás)
ZC - Zona Contígua
ZEE - Zona Econômica Exclusiva
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 11 2 A IMPORTÂNCIA DO TEMA 15 3 MARCO TEÓRICO – O ORDENAMENTO JURÍDICO 19 3.1 CONVENÇÕES E TRATADOS INTERNACIONAIS 19 3.2 O ORDENAMENTO JURÍDICO NO BRASIL 22 4 ESTUDO DE CASO 25 4.1 CRONOLOGIA E PRINCIPAIS ASPECTOS 25 4.2 AVALIAÇÃO E DESDOBRAMENTOS 32 4.3 O CASO ESTADUNIDENSE – COMPARAÇÕES 33 4.4 LIÇÕES APRENDIDAS 36 5 UM PLANO NACIONAL DE CONTINGÊNCIA 38 5.1 BREVE HISTÓRICO 38 5.2 ANÁLISE DA MINUTA ATUAL DE PNC 40 5.3 UMA NOVA PROPOSTA 42 6 CONCLUSÃO 46
REFERÊNCIAS 47 ANEXO – MINUTA DE DECRETO PARA O PNC 49
11
1 INTRODUÇÃO
A produção de petróleo no Brasil é eminentemente marítima: cerca de 85 % do
óleo cru extraído vem de poços prospectados no mar, mais especificamente na
Plataforma Continental (PC) brasileira1 (mais de 2 milhões boe/d (barris de óleo
equivalente/dia) de 2,3 milhões boe/d produzidos). Além disso, a descoberta de
grandes reservatórios de petróleo na camada do pré-sal2, em Águas Jurisdicionais
Brasileiras (AJB), elevou as reservas provadas do País para a 15ª posição mundial,
cerca de 15,28 bilhões boe (barris de óleo equivalente), de acordo com o Anuário
Estatístico/2011 da ANP3. Dessas reservas, cerca de 90% encontram-se no mar
(mais de 13,9 bilhões boe). Esse crescimento da exploração, também incrementa a
quantidade de meios marítimos empregados para o transporte dessa commoditie e
para o apoio às plataformas, o que igualmente aumenta a possibilidade de
ocorrência de vazamentos de óleo. Atualmente, cerca de 250 embarcações
contratadas prestam apoio a 65 plataformas de perfuração e 135 de produção. Em
2013, esse número deverá ser maior que 460. A Transpetro4 opera uma frota de 50
navios e deverá chegar a 110 em 3 anos5.
Nesse diapasão, o País deve estar preparado para conter e mitigar os efeitos
de poluição hídrica em AJB, demonstrando, para a sociedade e para a comunidade
internacional, sua capacidade de controlar tais incidentes.
O incidente de vazamento de óleo na sonda SEDCO 706 (a serviço da
empresa estadunidense CHEVRON), no Campo Frade (Bacia de Campos-RJ),
ocorrido em novembro 2011, e na Bacia de Santos, na área do pré-sal, em JAN2012,
alertaram a sociedade e a mídia para as vulnerabilidades inerentes à atividade de
1 A plataforma continental (PC) de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas
submarinas que se estendem além do seu mar territorial (12 milhas náuticas), em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre. A PC pode ser de 200 milhas náuticas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância; ou de até 350 milhas náuticas, quando o bordo exterior da margem continental ultrapassar essa extensão (adaptado da CNUDM, Art. 76). 2 Pré-sal: A “área do pré-sal” e suas reservas petrolíferas ficaram assim conhecidas por estarem por
baixo de uma extensa camada de sal que, em certas áreas da plataforma continental, atinge espessuras de até 2.000m. A profundidade total, ou seja, a distância entre a superfície do mar e os reservatórios de petróleo abaixo da camada de sal, pode chegar a mais de sete mil metros. 3 Disponível em http://www.anp.gov.br/?pg=57890.
4 Transpetro - A “Petrobras Transporte S/A” é uma empresa brasileira, subsidiária integral da
Petrobras. Tem como finalidade realizar o transporte de petróleo, gás natural e seus derivados, utilizando-se de oleodutos, gasodutos e navios. Sua sede está localizada na cidade do Rio de Janeiro. 5
Fonte: Coordenadoria de Segurança Operacional da Agência Nacional do Petróleo ANP, em 14 de Julho de 2011.
12
exploração de petróleo, mormente no mar. Esses incidentes rementem,
naturalmente, à lembrança de outro, de grandes proporções, ocorrido na plataforma
Deepwater Horizon, no Golfo do México, em 2010, com dramáticos efeitos para o
meio ambiente e para a opinião pública.
Cabe ressaltar, ainda, que o ordenamento jurídico brasileiro prevê a
necessidade de uma estrutura específica para o assunto (parágrafo único do Artigo
8º da Lei nº 9.966/2000, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização
da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou
perigosas em águas sob jurisdição nacional, conhecida como a “Lei do Óleo”, além
de resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA – entre outros).
Contudo, essa estrutura, denominada pela lei como Plano Nacional de
Contingência (PNC), não foi regulamentada, ou seja, não existe oficialmente.
A necessidade de discutir esses aspectos e relacioná-los, diretamente, ao
Desenvolvimento e à Segurança da Nação, fomentou no autor a inquietação pela
solução do problema, que pode ser definido no seguinte questionamento: Qual a
melhor estrutura, em âmbito nacional, para resposta a um incidente de
vazamento de óleo em águas jurisdicionais brasileiras (AJB)?
Nesse enfoque, considerando o tempo e os recursos disponíveis, a pesquisa
concentrará a busca de dados nos estudos dos casos já citados: da sonda SEDCO
706, no Campo Frade, em 2011; e da plataforma Deepwater Horizon, em 2010, no
Golfo do México. A pesquisa também limitará sua abordagem ao estudo da estrutura
nacional a ser criada, nucleada em três atores principais: ANP, IBAMA e MB. Ou
seja, não serão avaliados planos de emergência individuais e regionais.
Dessa forma, o autor irá, neste trabalho, buscar uma estrutura adequada ao
acompanhamento, coordenação e combate aos incidentes relevantes de poluição
hídrica, em AJB, envolvendo as Instituições diretamente relacionadas com o
problema (ANP, IBAMA e MB).
A escolha do tema, de “interesse próprio”, remonta à experiência e qualificação
profissional do autor, que, como Oficial da MB, foi encarregado da divisão de
assuntos marítimos e ambientais do Comando de Operações Navais. No exercício
dessa função, assumiu a coordenação do “Gabinete de Crise” criado, por iniciativa
da MB, para acompanhar os desdobramentos do incidente de vazamento de óleo no
Campo Frade, em 2011. Vale ressaltar que essa foi a primeira experiência concreta
de atuação de um grupo de acompanhamento, composto pela ANP, IBAMA e MB.
13
Esse grupo passou a informar à Presidência da República das ações em
andamento, desenvolvendo diversas atividades, como o relacionamento com a
mídia, por meio de uma assessoria conjunta, com a distribuição de notas para os
principais órgãos de imprensa.
Em razão da experiência adquirida, a pesquisa será predominantemente
baseada na análise de campo, sendo o autor um observador participante,
privilegiando a avaliação qualitativa dos dados obtidos.
Além do estudo de caso do incidente do Campo Frade, de 2011, será realizada
a análise comparativa com o caso da plataforma Deepwater Horizon, em 2010, no
Golfo do México, no que concerne a atuação do Estado, uma vez que, naquele país,
já existe um plano de contingência para incidentes dessa natureza.
Este trabalho está organizado em capítulos, iniciando, neste capítulo
introdutório, com a apresentação do problema.
No segundo capítulo, será apresentada a justificativa do estudo e a relevância
do tema, o objeto de investigação estabelecido, limitações e a metodologia.
No terceiro capítulo, será contextualizado o “marco teórico” para a pesquisa,
mormente focado no ordenamento jurídico brasileiro e nos acordos e tratados
internacionais firmados ou ratificados pelo País sobre o tema. Serão estudadas,
dentre outras, a “Lei do Óleo”, as resoluções CONAMA pertinentes, assim como as
Normas da Autoridade Marítima (NORMAM) sobre o assunto.
No quarto capítulo, será apresentado o estudo de caso do incidente
envolvendo a sonda SEDCO 706, em novembro de 2011, no Campo Frade. Será
destacada, principalmente, a formação e desempenho do “Gabinete de Crise”,
estabelecido para acompanhamento do evento, com a participação da ANP, IBAMA,
MB e órgãos estaduais do meio ambiente (Secretaria Estadual e INEA). O incidente
será, também, comparado com o ocorrido, em 2010, no Golfo do México.
No capítulo cinco, a partir dos dados obtidos e consolidados, fruto do estudo
de caso realizado, será identificada uma estrutura adequada e eficiente para o
acompanhamento, coordenação e combate aos incidentes relevantes de poluição
hídrica, em AJB, nucleada nas Instituições diretamente envolvidas com o problema,
definindo áreas de atuação e responsabilidades.
No último capítulo, serão apresentadas as conclusões de todo o estudo, com a
apresentação de uma estrutura de PNC e seu respectivo arcabouço jurídico.
14
O objetivo geral desta análise será identificar, à luz do Pensamento da Escola
Superior de Guerra (ESG), a relevância do problema e suas implicações com as
diversas expressões do Poder Nacional, mormente as expressões econômica e
psicossocial. E, ainda, a melhor estratégia para mitigar os efeitos de incidentes desta
natureza, propondo um plano que responda adequadamente a qualquer ocorrência
de vazamento de óleo em AJB de proporções relevantes.
O autor espera, com o presente trabalho, semear a conscientização da
sociedade brasileira para os riscos inerentes à exploração do petróleo no mar, e o
proporcional incremento desses riscos com o aumento da produção. Além disso,
fruto de sua experiência profissional e a partir do método utilizado, propor soluções
que possam, na prática, ser implementadas, contribuindo para o Desenvolvimento
sustentável do Brasil.
Figura 1: Evolução das reservas provadas de petróleo 2010/2011 – o Brasil aparece com o maior aumento percentual de reservas no mundo.
(Fonte: ANP – Anuário Estatístico 2011).
15
2 A IMPORTÂNCIA DO TEMA
É inquestionável a crescente importância da atividade petrolífera. O “ouro
negro” é, nos dias atuais, a principal fonte da matriz energética do mundo e, junto
com seus derivados e fontes não convencionais (biocombustíveis), assim continuará,
conforme projeção do International Energy Outlook (IEO 2011), elevando-se de
quase 86 milhões de barris/dia, em 2008, para cerca de 112 milhões de barris/dia,
em 2035. Segundo Michael ECONOMIDES (p. 06), o petróleo ainda responde por
40% do consumo energético mundial. Portanto, apesar da constante busca por
energias alternativas, a economia planetária continuará sendo dependente da
produção de petróleo e gás natural pelas próximas décadas. Em termos de
consumo, estima-se uma taxa de crescimento de 1,8 % a.a. até 2020. Essa taxa foi
de 2,0 % a.a. nos anos 1990, mesmo com a crise asiática de 1997.
Figura 2: Oferta de energia primária no Mundo em 2007: Petróleo e Gás natural respondem por 55 % naquele ano. (Disponível em: www.blog.mcientifica.com.br).
O Brasil está, junto com Rússia, Estados Unidos e Canadá, entre os países,
não pertencentes à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que
mais contribuirão para o crescimento da produção, de acordo com a Energy
Administration information (EIA)6.
6 Disponível em http://www.eia.gov/forecasts/ieo/index.cfm.
16
Figura 3: Evolução da produção de petróleo – 2002/2011. (Fonte: ANP – Anuário Estatístico 2011).
Portanto, é evidente a importância, cada dia crescente, da atividade petrolífera
para o País. Essa commoditie é fator preponderante para a balança comercial
brasileira, representando cerca de 8 % do PIB nacional, além de contribuir
decisivamente com o Desenvolvimento Nacional, gerando renda e emprego por meio
da indústria do petróleo e seus derivados. Somente as atividades de apoio
impulsionaram de forma definitiva a indústria naval do país. Identificada a
importância do petróleo, cabe agora delinear outro característica, específica, que
completará nosso arcabouço teórico, a fim de justificar a relevância do estudo
proposto: no Brasil, a maior parte desse petróleo vem do mar.
GUIMARÃES CARVALHO7 (2006) destaca que:
“[...] a consciência do dever constitucional obriga a MB a reflexões [...], considerando que um percentual bastante significativo da produção de petróleo – cerca de 85% – é realizado nas águas da nossa "Amazônia Azul
8", e que visões prospectivas anunciam a descoberta de novas jazidas
no mar.
Claramente se verifica, portanto, a necessidade de o Estado brasileiro cuidar
de sua produção petrolífera, passando para a sociedade a sensação de que a
7 O Almirante-de-Esquadra Roberto de GUIMARÃES CARVALHO foi Comandante da Marinha do
Brasil no período de 2003 a 2007. 8 O conceito de “Amazônia Azul” foi divulgado pela MB com o propósito de chamar a atenção da
sociedade brasileira para a importância estratégica e para as riquezas das águas sob jurisdição do País: o Mar Territorial (MT), de 12 milhas náuticas (MN), a partir das linhas de base da costa, mais a Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que se estende por mais 188 MN, perfazendo 200 MN a partir das linhas de base. Esse limite ainda pode ser estendido até um máximo de 350 MN, de acordo com o prolongamento da Plataforma Continental (PC) e a definição da Comissão de Limites da ONU.
17
atividade é realizada de forma segura ou, em última análise, que um possível
incidente será combatido de forma adequada. Após os recentes incidentes, já
citados, e amplamente divulgados pelos órgãos de imprensa, a opinião pública
voltou seus olhos para o problema, e não sem razão: a atividade de exploração de
petróleo no mar trás consigo riscos e grandes desafios.
De acordo com FINGAS (2000, p. 19), derramamentos de óleo, em áreas
sujeitas a esse tipo de contaminante, podem ocorrer a qualquer instante, em virtude
do alto potencial de erro humano e de falhas em equipamentos, inerentes à
produção, transporte e armazenagem do petróleo e seus derivados. Apesar de o
petróleo (e seus derivados) ser lançado no meio ambiente de várias maneiras, a
experiência mostra que as ocorrências de maior relevância, considerando,
sobretudo, a quantidade e o tempo de vazamento, podem acarretar danos
ambientais incalculáveis, com repercussão imediata na opinião pública.
Este trabalho de pesquisa pretende demonstrar que os “efeitos colaterais” são
ainda mais nocivos do que os prejuízos à fauna e a flora: a “sensação de
insegurança”, na atividade de exploração do petróleo, afeta a credibilidade das
empresas do setor e dos órgãos estatais responsáveis pelo controle da atividade.
Isso afeta, direta e fortemente, as expressões econômica e psicossocial do
Poder Nacional, com óbices ao Desenvolvimento e Segurança do País.
Dessa forma, a análise do ambiente ratifica a pertinência em estudar o
problema e converge para a necessidade de adotar uma estratégia de Estado, e
gerar um plano (o PNC) que estabeleça uma estrutura apta a acompanhar e
coordenar as ações que permitam minimizar os efeitos da poluição hídrica.
Um plano de emergência, segundo FINGAS (2000, p. 19), tem como objetivo
coordenar todos os aspectos da resposta a um derramamento de óleo. Dependendo
da magnitude do incidente, a capacidade inicial de resposta – normalmente do
poluidor – pode ser insuficiente, o que conduzirá à mobilização de estruturas com
recursos superiores, em nível regional, nacional ou, mesmo, internacional.
Outro aspecto que corrobora a pertinência e a atualidade do tema proposto é
o espaço e a prioridade que a questão ambiental vem, a cada dia, ganhando nas
discussões que envolvem a sociedade em todo o planeta. Nesse sentido, cientistas
políticos passaram a considerar o meio ambiente como um dos fatores da
Segurança Nacional. Essa visão, pós-Guerra Fria, advém dos impactos globais que
se abateram sobre o planeta, chamando a atenção para questões como a
18
degradação da camada de ozônio, o desmatamento e o aquecimento global, o que
suscitaram alguns países a incluir a “segurança ambiental” como parte da
Segurança Nacional. Além disso, no que tange ao psicossocial, a segurança do ser
humano é afetada por cinco grandes setores: militar, político, econômico, social e
ambiental, sendo, este último, responsável pela manutenção da sustentabilidade
para a população (BUZAN, 1991).
Incidentes de grandes proporções podem ocasionar verdadeiras catástrofes,
como o da plataforma Deepwater Horizon, em 2010, no Golfo do México,
considerado o maior derramamento de óleo já ocorrido no mar, com impactos que
ainda estão sendo mensurados. Incidentes desse tipo requerem uma organização
exemplar na sua resposta, de forma a evitar o desperdício de recursos alocados. Na
ocasião, o acionamento do plano de contingência estadunidense estabeleceu uma
estrutura organizacional de resposta que, certamente, evitou que os danos fossem
ainda maiores.
No Brasil, a exploração do petróleo no mar necessita da aquiescência de três
Instituições Federais: ANP, IBAMA e MB, cabendo atribuições específicas a cada
uma. Entretanto, ainda se discute um PNC brasileiro. No ano 2000, quando foi
observado um grande derramamento de óleo na Baía de Guanabara, a discussão
sobre o assunto surgiu. Na ocasião, foi aprovada a “Lei do Óleo”. O País é, ainda,
signatário da convenção OPRC-90, que estabelece medidas para lidar com
episódios de poluição por óleo. Ao ratificar essa convenção, foi assumido o
compromisso de estabelecer um plano, com o intuito de centralizar e coordenar
ações em caso de incidentes de grandes proporções. Desde então, o PNC vem
sendo discutido por diversos órgãos governamentais, sob a coordenação inicial do
Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Estudar a melhor conformação para esse plano será o foco deste trabalho.
O método, como já visto, será o estudo de caso: o vazamento de óleo no Campo
Frade, em novembro de 2011, e, comparativamente, o incidente ocorrido na
plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México, em 2010. A partir das lições
aprendidas e do ordenamento jurídico disponível, será proposto um arranjo
exequível para um PNC brasileiro, que responda adequadamente a incidentes de
vazamento de óleo em AJB.
19
3 MARCO TEÓRICO – O ORDENAMENTO JURÍDICO
Como o assunto é novo e eminentemente prático, o marco teórico foi centrado
no ordenamento jurídico existente. Assim, serão relacionados e estudados os atos
internacionais, as resoluções, convenções e a legislação brasileira que versam sobre
o problema da segurança ambiental, mormente sobre o derramamento de óleo no
mar.
Após diversos episódios de poluição por óleo ocorridos no mundo, foram
estabelecidos diversos tratados e mecanismos, visando prevenir a poluição por óleo
e outras substâncias nocivas. Para as ocasiões em que a prevenção for incapaz de
evitar acidentes, foram criados mecanismos para minimizar os danos causados por
tais episódios.
3.1 CONVENÇÕES E TRATADOS INTERNACIONAIS
No campo das relações internacionais, a preocupação com a poluição por óleo
no mar não é muito antiga. A OILPOL 54 é conhecida como a primeira convenção
internacional visando prevenir a contaminação por óleo transportado pelos navios e
data de 1954, por iniciativa do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. Na
época, os assuntos marítimos tinham como fórum principal a Organização
Consultiva Marítima Intergovernamental (IMCO), criada em 1948, especializada na
segurança da navegação. Seguiu-se a SOLAS 1960 (International Convention for
the Safety of Life at Sea), que passou a vigorar em 1965, abordando a segurança da
navegação e o transporte de cargas.
Atualmente, a legislação internacional acerca do tráfego marítimo é
regulamentada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo LOBÃO
(2007, p. 14), as agências subordinadas à ONU regulamentam, por meio de
convenções e resoluções, regras para o relacionamento entre as nações. Essas,
contudo, devem ser ratificadas por um número mínimo de países para entrarem em
vigor, e passam a ter status de legislação internacional, obrigando os países
signatários a assumirem, compulsoriamente, em suas leis e regulamentos internos, o
seu cumprimento.
20
Ainda segundo LOBÃO (2007, p. 14), no caso específico do tráfego marítimo, os
países não signatários desses acordos estão sujeitos a sanções, como o banimento
de suas embarcações do tráfego internacional, motivo pelo qual os principais
dispositivos da legislação são ratificados por quase toda a comunidade marítima.
Nesse contexto está o peso político da Organização Marítima Internacional
(IMO), agência da ONU responsável pela elaboração da legislação internacional no
que tange à segurança da navegação e às medidas destinadas a prevenir a poluição
do meio ambiente por navios (IMO 2011).
Destaca-se, a seguir, as principais convenções estabelecidas pela IMO e
ratificadas pelo Brasil:
- MARPOL 73/78 – “International Convention for the Prevention of Pollution from
Ships”, 1973/1978, ou “Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por
Navios”, a “MARPOL” é o principal diploma, estabelecida pelo IMO, no que concerne
ao combate à poluição hídrica. Estabelece normas para evitar a poluição dos mares
e costas por meio da eliminação completa da poluição intencional do ambiente
marinho por óleo, e outras substâncias nocivas, e pelo estabelecimento de normas
para minimizar os despejos acidentais dessas substâncias;
- CLC-69 – “International Convention on Civil Liability for Oil Pollution Damage”,
1969/1992. Foi adotada para assegurar a compensação adequada às vítimas de
um incidente de poluição por óleo. Estabelece que a responsabilidade civil por
danos causados ao meio ambiente é do poluidor, o que implica na
responsabilidade tanto nos custos advindos das ações de resposta a um sinistro,
quanto na eventual necessidade de indenização ao Estado e às populações
prejudicadas em decorrência de derramamento de óleo;
- OPRC-90 – “International Convention on Oil Pollution Preparedness, Response and
Co-operation”, ou “Convenção Internacional Sobre Preparo, Resposta e Cooperação
em Caso de Poluição por Óleo”, 1990/2000. Trata de medidas para combater
incidentes de poluição por meio da cooperação internacional, visando à resposta a
episódios de poluição por óleo. De acordo com a OPRC-90, por exemplo, todas as
embarcações são obrigadas a informar incidentes de poluição às respectivas
autoridades costeiras. Conforme exposto por SOUZA FILHO (2006, p. 35), esta
convenção pretende:
21
“[...] promover a cooperação internacional e aperfeiçoar a capacidade nacional, regional e global de preparo e resposta à poluição por óleo, levando em consideração as necessidades particulares dos países em desenvolvimento, particularmente as dos pequenos Estados insulares [...]”.
Dessa forma, essa convenção estimula que os países signatários estabeleçam
sistemas nacionais e regionais de preparo e resposta a incidentes de poluição por
óleo, elaborando um PNC e designando uma Autoridade Nacional, além de planos
de emergência individuais (por navios, plataformas, instalações off-shore, portos e
demais instalações manipuladoras de óleo).
- Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) – conhecida
como a “Convenção da Jamaica” ou o “Direito do Mar”, concluída em Montego Bay,
Jamaica, em 10 de dezembro de 1982, definiu o regime jurídico e a delimitação do
Mar Territorial (MT), da Zona Contígua (ZC), da Zona Econômica Exclusiva (ZEE),
da Plataforma Continental (PC) e do Alto Mar, esta conhecida com Área. O propósito
principal da CNUDM foi definir as porções de mar devidas a cada Estado costeiro,
promovendo, em última análise, a utilização equitativa dos recursos marinhos, como
forma de assegurar o desenvolvimento sustentável de todos os povos. Para tanto,
foram constituídos diversos organismos internacionais, dentre os quais se destacam:
- a Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), responsável pela
delimitação definitiva da PC dos Estados costeiros; e
- o Tribunal Internacional do Direito do Mar (TIDM), responsável pela solução
de disputas relacionadas à interpretação da CNUDM.
Além das citadas convenções, pode-se também destacar iniciativas da ONU
para incrementar o debate das questões ambientais, relacionando-as ao que ficou
convencionado denominar “desenvolvimento sustentável”. Dessas iniciativas,
ressalta-se:
- RIO 92 – em janeiro de 1992, a ONU realizou, no Rio de Janeiro, a Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD),
alcunhada, no Brasil, de Rio 92, que contou com a participação de 179 países, que
ratificaram a “Agenda 21 Global”, um programa de ação baseado num documento de
40 capítulos, constituindo a mais abrangente tentativa já realizada de promover, em
22
escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, denominado
“desenvolvimento sustentável”.
3.2 O ORDENAMENTO JURÍDICO NO BRASIL
SOUZA FILHO (2006, p. 138) destaca que, no Brasil, ainda no século XIX, o
Decreto nº 3.334/1899 aprovou o regulamento para as capitanias dos portos,
tornando-as responsáveis por exercer as tarefas de polícia marítima, administração
e conservação dos portos e rios navegáveis. Este decreto já proibia o lançamento de
lixo, cinzas, varreduras de porão ou outros detritos ao mar ou em rios, de bordo de
quaisquer embarcações, sob pena de aplicação de multas aos infratores. Verifica-se,
assim, a vocação ambientalista do legislador brasileiro desde a primeira República.
Com o tempo, foram surgindo outros mecanismos, buscando respostas
adequadas aos incidentes de poluição observados e para compensar os prejuízos
causados em decorrência de um sinistro envolvendo poluição por óleo, na tentativa
de acompanhar a evolução tecnológica da indústria do petróleo e do transporte
marítimo. Ainda segundo SOUZA FILHO (2006, p. 14), navios transportando grandes
quantidades de óleo e realizando viagens mais frequentes determinaram a elevação
do risco de acidentes ambientais, motivando ações de prevenção e combate a
sinistros envolvendo este tipo de produto.
Destacam-se, a seguir, os principais diplomas legais que conformam, na
atualidade, as políticas públicas brasileiras voltadas para a proteção ambiental:
- Em 31 de agosto de 1981, a Lei Federal nº 6.938 cria a Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA) e estrutura o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISAMA).
O principal objetivo da Lei é estabelecer padrões que tornem possível o
desenvolvimento sustentável, incrementando a proteção ao meio ambiente. As
diretrizes da PNMA são elaboradas por meio de normas e planos destinados a
orientar os entes públicos da Federação, em conformidade com os princípios
definidos no seu Art. 2º. Já o SISAMA congrega os órgãos e instituições ambientais
da União, dos estados e dos municípios, buscando orientar o cumprimento das
normas ambientais instituídas. O principal elemento do sistema é o CONSELHO
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA), órgão consultivo e deliberativo que
assessora o Governo Federal e delibera sobre normas e padrões federais que
23
deverão ser observados pelos estados e municípios. As resoluções do CONAMA
são, na atualidade, importantes diplomas legais para a condução da PNMA.
- A Lei do Óleo – em 28 de abril de 2000 foi promulgada a Lei Federal nº 9.966,
nacionalmente conhecida como a Lei do Óleo, que “dispõe sobre a prevenção, o
controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras
substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional”. A lei
representou um enorme avanço para a preservação do meio ambiente marinho, pois
amplia os instrumentos legais de proteção das AJB, enquanto internaliza, de fato, as
diversas convenções internacionais das quais o País é signatário, como a MARPOL,
a CLC-69 e a OPRC-90. Basicamente, a lei estabelece os princípios a serem
obedecidos na movimentação de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em
portos organizados, instalações portuárias, plataformas e navios em AJB.
É a Lei do Óleo que, em seu Artigo 2º, define os planos de contingência como
o “conjunto de procedimentos e ações que visam à integração dos diversos planos
de emergência setoriais, bem como a definição dos recursos humanos, materiais e
equipamentos complementares para a prevenção, controle e combate da poluição
das águas”. No caput do Artigo 7º determina que “os portos organizados, instalações
portuárias e plataformas, bem como suas instalações de apoio deverão dispor de
planos de emergência individuais para o combate à poluição por óleo e substâncias
nocivas ou perigosas, os quais serão submetidos à aprovação do órgão ambiental
competente”. Já o caput do Artigo 8º, determina que os planos de emergência
mencionados no Artigo 7º sejam consolidados pelo órgão ambiental competente, na
forma de planos de contingência locais ou regionais. Em seu parágrafo único, o
Artigo 8º estabelece ainda que “o órgão federal de meio ambiente (no caso, o
Ministério do Meio Ambiente – MMA), em consonância com o disposto na
Convenção OPRC-90, consolidará os planos de contingência locais e regionais na
forma do Plano Nacional de Contingência, em articulação com os órgãos de
defesa civil”.
- RESOLUÇÕES DO CONAMA:
- Resolução nº 265/2000 – determina o estabelecimento de providências preventivas
para o controle da poluição decorrente das atividades petrolíferas em todo o território
nacional. Em seu Artigo 4º, determina que as autoridades competentes
24
elaborem, no prazo de 12 meses, o plano de contingência nacional
(posteriormente definido como o PNC) e os planos de emergência regionais,
estaduais e locais para acidentes ambientais causados pela indústria do petróleo e
derivados. Curiosamente, a resolução apresenta, no sítio eletrônico do MMA (MMA,
2011), o status “cumpriu seu objeto”, apesar de o Brasil ainda não possuir um PNC
aprovado.
- Resolução nº 293/2001 – estabelece o conteúdo mínimo dos planos de emergência
individuais (PEI), a serem adotados nos portos organizados, instalações portuárias
ou terminais, dutos, plataformas e suas respectivas instalações de apoio, a fim de
possibilitar o combate rápido e efetivo a incidentes de poluição por óleo.
- Resolução nº 398/2008 – revoga a anterior e, além do conteúdo mínimo dos PEI,
revisa diretrizes e procedimentos para ações de resposta a incidentes de poluição
por óleo em AJB, incluindo outras instalações, além daquelas previstas na Lei do
Óleo, passíveis de oferecerem risco de poluição por óleo.
Figura 4: Gráfico “Infoglobo” com a explicação do incidente de vazamento de óleo na Bacia de Campos (Fonte: www.globo.com/G1).
25
4 ESTUDO DE CASO
O incidente de vazamento de óleo na Bacia de Campos, Campo Frade,
envolvendo a sonda SEDCO 706, de propriedade da empresa Transocean e a
serviço da estadunidense CHEVRON, será apresentado aqui como um estudo de
caso. O autor, por sua atividade profissional na ocasião, está posicionado como
observador participante, de acordo com a metodologia empregada.
A importância em avaliar esse incidente decorre do ineditismo do mesmo: foi o
primeiro vazamento de grandes proporções, amplamente noticiado e comentado
pela mídia, suscitando o envolvimento das autoridades competentes e da sociedade
em geral. O estudo do caso comprovará, como já citada, a importância que a
sociedade dá, atualmente, para um evento que agrida ao meio ambiente, além de
todas as implicações advindas, de caráter econômico e psicossocial.
Posteriormente, serão avaliadas as ações adotadas, a fim de identificar a
estrutura adequada para resposta a incidentes dessa natureza.
4.1 CRONOLOGIA E PRINCIPAIS ASPECTOS
A Delegacia da Capitania dos Portos em Macaé (DelMacaé) recebeu, na
manhã de 10 de novembro de 2011, relatório da empresa CHEVRON,
comunicando incidente de poluição por óleo, caracterizado por vazamento de
petróleo cru no fundo do oceano, na área de operação da sonda SEDCO 706, a
118 MN9 a Nordeste da cidade de Macaé e a cerca de 70 MN do Cabo de São Tomé
(ponto de terra mais próximo). A profundidade no local é de cerca de 830m. O local
do vazamento situa-se na Bacia de Campos, entre os campos de Roncador e Frade.
Naquela ocasião e, até o momento, a sonda SEDCO 706 possui bandeira da Libéria,
seu armador é a TRANSOCEAN UK LIMITED, a operadora é a TRANSOCEAN
BRASIL LTDA, e a concessionária da embarcação é a CHEVRON BRASIL, ou seja,
a plataforma está a serviço da empresa CHEVRON.
Cabe, neste momento, identificar perfeitamente o objeto de estudo: A sonda em
questão é uma embarcação com características de uma plataforma, usada para a
9 Milha Náutica (MN) – equivale a 1.852 metros. Portanto, 118 MN = 218,5 km.
26
perfuração inicial de um novo poço. Portanto, o incidente ocorreu durante a
perfuração de um novo poço.
Foto 1: Sonda SEDCO 706 dias após o incidente (Fonte: sobrevoo realizado por helicóptero da MB).
Na verdade, a Petrobrás enviou um primeiro comunicado no dia 8 de
novembro, via e-mail, para a DelMacaé, informando que foi observada, no mesmo
dia, uma mancha de óleo, a 100 km da costa, de origem indeterminada. No dia
seguinte (9 de novembro), a ANP fez contato telefônico com a Gerência de Vistorias,
Inspeção e Perícias da Diretoria de Portos e Costas da MB (GEVI da DPC),
informando o incidente. No dia 10, a DelMacaé recebeu fax da CHEVRON,
comunicando o incidente no Campo de Frade, informando que o produto derramado
era petróleo cru e que a operação no campo não foi paralisada. Em 10 de novembro,
a Petrobrás enviou o segundo comunicado para a DelMacaé, informando que suas
embarcações de apoio na Bacia de Campos haviam identificado a de mancha de
óleo a cerca de 100 km da costa. No dia 11, a CHEVRON enviou o seu primeiro
relatório do incidente, informando que o vazamento ocorreu durante a perfuração
pela sonda, que operava em conjunto com a plataforma FPSO FRADE, próxima ao
poço MUP1, quando a pressão do reservatório de petróleo (poço) causou uma
ruptura no solo submarino, provocando o vazamento através de fissuras, no
27
processo conhecido pela geologia como EXSUDAÇÃO, ou seja, o vazamento não
era contínuo. O fato foi comprovado pelas imagens do “veículo submarino operado
remotamente”, conhecido pela sigla ROV (remotely operated vehicle), contratado
pela empresa poluidora para operar no local.
Foto 2 – Imagem da exsudação no dia 11 de novembro, captada por ROV. (Fonte: MB).
Ao tomar conhecimento do problema, o Comando de Operações Navais
(ComOpNav), Órgão de Direção Setorial da MB, passou a acompanhar as ações em
andamento, concentrando todas as informações obtidas. Imediatamente, foi
estabelecido contato com o Gerente de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS)
da Petrobrás, solicitando que aquela gerência repassasse, tempestivamente, aos
demais órgãos envolvidos, todas as informações disponíveis, mormente às relativas
à deriva estimada para a mancha de óleo. A partir daquele momento, todas as
informações passaram a convergir para o ComOpNav, advindas da Petrobrás,
Chevron e da DelMacaé. Rapidamente verificou-se a necessidade de concentrar
todas essas informações num só local e flui-las por um único canal para as
autoridades competentes. Em virtude da necessidade identificada, o ComOpNav
estabeleceu, ainda no dia 11 de novembro, um grupo de acompanhamento,
inicialmente denominado “Gabinete de Crise”, que passou a acompanhar os
28
desdobramentos do incidente 24 horas por dia, concentrando as informações e
orientando as ações de resposta. A partir de então, foram estabelecidos:
- um link Institucional (MB-Petrobrás) da gerência de SMS com o ComOpNav; e
- um link Operacional entre a gerência de SMS da Petrobrás, o ComOpNav e o
Gerente de coordenação de ações da Chevron Brasil, a fim de viabilizar a troca
tempestiva de informações.
Por iniciativa da MB, foram convidados para compor esse Grupo de
Acompanhamento a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), além de outros órgãos da MB. O Grupo passou a se reunir diariamente nas
dependências do ComOpNav (no Centro de cidade do Rio de Janeiro). O incidente
passou a ser acompanhado utilizando, principalmente, os seguintes elementos:
- imagens satelitais obtidas pela Petrobrás;
- imagens submarinas captadas pelo ROV e recolhidas pela ANP; e
- fotos obtidas pelo helicóptero da MB, que passou a realizar sobrevoos da área do
incidente com técnicos da ANP, do Ibama e da DPC, a Diretoria especializada, na
MB, para questões do meio ambiente.
Nessas reuniões o Grupo avaliava e fiscalizava as medidas que estavam
sendo tomadas pela poluidora Chevron Brasil Petróleo Ltda. para conter o
vazamento de óleo. A preocupação maior era, sem dúvida, avaliar, por meio de todos
os elementos disponíveis e pelas condições meteorológicas previstas para o local, a
deriva da mancha de óleo, a fim de acompanhar a possibilidade de sua aproximação
do litoral, o que provocaria um desastre ambiental de boa proporção. Felizmente, a
análise da deriva da mancha indicava seu afastamento do litoral, o que manteve o
incidente, todo o tempo, sob controle.
A Chevron informou, em seguida, a adoção das seguintes medidas:
- acionamento de seu plano de emergência;
- deslocamento de embarcações de apoio para a coleta de amostras e recolhimento
do óleo no mar. No dia 11 de novembro, já estavam na área: um navio-tanque, dois
barcos de recolhimento e uma embarcação de apoio; e
- monitoramento do fundo do mar, empregando três ROV.
29
A Chevron passou a adotar medidas para mitigar o vazamento ocorrido e,
simultaneamente, estancá-lo. Para atacar os efeitos do óleo, a empresa passou a
usar embarcações de apoio, realizando a dispersão e a contenção mecânica da
mancha. E, a fim de solucionar o vazamento, iniciou o processo de abandono do
poço, realizando o tamponamento com cimento, uma técnica reconhecida como
eficaz pela indústria petroleira. O processo foi iniciado no dia 15 de novembro. No
dia seguinte, já se podia identificar a redução na quantidade de óleo vazada.
Contudo, como o processo de exsudação não pode se totalmente controlado, o
vazamento continuou. Ainda no dia 11, a gerência da Chevron realizou apresentação
técnica para a ANP, que ratificou as ações empreendidas pela empresa para,
inicialmente, mitigar e, posteriormente, cessar o vazamento de óleo.
A Gerência de SMS/Petrobrás informou que faria o imageamento por satélite
da área, a fim de comparar com os dados da modelagem computacional realizada
por software específico (OILMAP). Na Petrobrás, o incidente passou a ser
acompanhado pela gerência de SMS da Unidade de Operações da Bacia do Rio
(UOB-Rio).
Foto 3 – Embarcação de apoio realizando contenção mecânica. (Fonte: MB).
30
Foto 4 – Embarcação de apoio realizando dispersão mecânica com jatos d’água (Fonte: MB).
Foto 5 – Imagem Radarsat obtida pela Petrobrás no dia 11 de novembro, apresentando a mancha de óleo. (Fonte: MB).
31
Foto 6 – Imagens de ROV comparativas (dias 28 e 29 de novembro), mostrando a redução do processo de exsudação (Fonte: MB).
No Grupo de Acompanhamento, cada órgão realizava sua tarefa específica,
de acordo com suas atribuições: a ANP avaliava as causas do incidente ocorrido
durante a perfuração do poço 9-FR-50DP-RJS, responsável que é pela fiscalização
das operações de contenção do vazamento; o Ibama, as ações desenvolvidas pela
empresa poluidora para minimizar os danos ao meio ambiente; e a MB, as condições
de segurança marítima da plataforma SEDCO 706, além de disponibilizar meios
(helicóptero e navios) para acompanhar o andamento das atividades no local. As
informações meteorológicas eram fornecidas pelo Centro de Hidrografia da Marinha
(CHM), que passou a realizar uma previsão especial para a área do ocorrido.
Pela observação de fotos, imagens satelitais e técnica específica, foi possível
efetuar o dimensionamento do vazamento: inicialmente, foi constatado que a
mancha, de tonalidade prateada, não indicava um vazamento de grandes
proporções.
32
4.2 AVALIAÇÃO E DESDOBRAMENTOS
O Grupo de Acompanhamento (GA) demonstrou ser fundamental para o
gerenciamento do problema. Logo todas as informações convergiam para o Grupo,
que passou a acompanhar o incidente diuturnamente. A MB deslocou um Navio
Patrulha para a área do evento, passando a recolher amostras da água, a fotografar
a cena de ação e a enviar informações constantemente. Também passaram a ser
programados voos quase diários, saindo do Aeroporto de Macaé, que sobrevoavam
a mancha de óleo, possibilitando acompanhar, in loco, a deriva e crescimento da
mesma. A eficiência dessa estrutura, criada Ad Hoc para acompanhamento desse
incidente especificamente, pode ser comprovada pelos seguintes desdobramentos:
- outros órgãos passaram a solicitar a participação nas reuniões diárias do GA, como
a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Rio de Janeiro e o Instituto Estadual do
Ambiente (INEA), pois aquele fórum demonstrava ser o melhor local para obter
informações precisas sobre o incidente;
- os Assessorias de Imprensa dos três principais órgãos envolvidos (ANP, Ibama e
MB) passaram a se reunir no mesmo local e, de lá, passaram a redigir as “notas
conjuntas de esclarecimento a imprensa”;
- algumas reuniões contaram com a participação das autoridades representativas de
seus órgãos, como o Presidente do Ibama e Diretores da ANP; e
- AA Presidente da República passou a receber os relatórios compilados pelo GA,
como única fonte oficial para acompanhamento do incidente.
Cabe, ainda, analisar o grande apelo midiático que teve o incidente. Apesar de,
em momento algum, o vazamento ter se aproximado de um desastre ambiental, pelo
contrário, a mancha nunca se aproximou do litoral, o fato de ser o primeiro
vazamento de grandes proporções na exploração de petróleo no mar e as recentes
descobertas das reservas do pré-sal, fizeram a imprensa e a sociedade se
interessarem de forma agressiva pelo caso. Ressalva se dê aos primeiros dias do
incidente, que coincidiram com a retomada de uma comunidade no Rio de Janeiro e
com o “feriadão” de 15 de novembro. Contudo, passado o feriado e com o sucesso
da ocupação pelas tropas do governo, as atenções se voltaram para a mancha de
óleo. Com a inesperada preocupação da mídia e da população, as autoridades em
todos os níveis, a começar pela PR, demandaram informações precisas e em “tempo
real”. Isso demonstra que, nem sempre, a necessidade de acompanhamento é
33
diretamente proporcional ao dano ambiental ou ao volume de óleo vazado: outros
fatores da conjuntura, políticos, econômicos e psicossociais, influenciam diretamente
no desdobramento do caso.
4.3 O CASO ESTADUNIDENSE – COMPARAÇÕES
Um dos mais emblemáticos acidentes na exploração de petróleo no mar foi o
ocorrido com a plataforma Deepwater Horizon, da empresa Transocean (por
coincidência, a proprietária da plataforma SEDCO, envolvida no incidente da Bacia
de Campos), a serviço da britânica British Petroleum (BP). O evento, por sua
extensão e impacto ambiental, foi intensamente coberto pela mídia de todo o mundo,
inclusive no Brasil.
No escopo dessa pesquisa, os dois eventos são incomparáveis, não somente
pela quantidade de óleo derramada, mas pelas consequências ambientais. No caso
brasileiro, os impactos ambientais foram, grosso modo, inexistentes, enquanto no
Golfo do México foram incalculáveis, pois o vazamento alcançou a costa dos EUA,
provocando grandes danos ao ecossistema.
Nesse sentido, o caso estadunidense será aqui avaliado pela possibilidade de
compará-lo com o evento brasileiro apenas no concernente à reação do Estado ao
problema, ou seja, como reagiu, na ocasião, o governo estadunidense. Essa
comparação é valiosa às futuras conclusões do estudo, uma vez que se trata de um
país que possui um PNC aprovado e em vigor e, em grande medida, uma estrutura
de Estado semelhante à brasileira.
No dia 20 de abril de 2010, no Golfo do México, em águas estadunidenses,
uma explosão na torre da plataforma Deepwater Horizon, rompeu tubulações no
fundo do oceano, provocando forte e incontrolável incêndio. Barcos de apoio
lançaram água à torre numa tentativa de mitigar o fogo. Após dois dias em chamas,
o artefato afundou no dia 22, provocando uma enorme mancha de óleo ao seu redor.
Essa mancha espalhou-se rapidamente, chegando à costa estadunidense, em
princípio à Louisiana. O acidente provocou a morte de 11 trabalhadores e 17 ficaram
feridos.
34
Foto 7 – Barcos de apoio tentam, em vão, controlar o incêndio na plataforma Deepwater Horizon –
21ABR2010. (Fonte: Deepwater Horizon ISPR Final Report, p. 7).
O vazamento continuou, pois a fratura na tubulação, que era conectada à
plataforma, passou a lançar cerca de cinco mil barris, ou 800 mil litros, de petróleo
por dia no mar, causando um dos maiores desastres ambientais da história da
indústria petroleira. Em 15 de julho de 2010, cerca de 3 meses depois, a BP
finalmente anunciou que o vazamento havia sido controlado. Uma quantidade
estimada entre 3 e 4 milhões de barris de petróleo vazou, fazendo desse um dos
maiores acidente ambientais da história dos Estados Unidos. O derramamento do
óleo cru poluiu a biota local, agredindo centenas de espécies animais e vegetais.
No campo político, o acidente teve enormes consequências. Aspectos da
segurança ambiental fizeram o presidente Obama recuar da decisão de permitir
perfurações no mar. O presidente adotou ações para endurecer a legislação sobre
compensações por danos em caso de vazamentos de petróleo, anteriormente
limitadas a US$ 75 milhões (setenta e cinco milhões de dólares norte-americanos).
Na economia, houve dramática queda no valor das ações da BP. Essa perda,
atrelada à desconfiança provocada em relação à empresa, quase fizeram falir a
gigante mundial do petróleo.
35
Foto 8 – O Presidente dos EUA, Barack Obama, faz pronunciamento público no centro de acompanhamento do incidente com a plataforma Deepwater Horizon.
(Fonte: Deepwater Horizon ISPR Final Report, p. 75).
O acidente reabriu a discussão sobre os perigos e impactos da extração de
petróleo, deixando em alerta governos e pesquisadores de todo o mundo. No Brasil,
como já citado neste trabalho, o evento reacendeu a discussão em torno do PNC,
dando força ao GT que estuda o assunto, por ordem da PR.
Em termos globais, os dois eventos não podem ser comparados, em razão dos
seguintes aspectos principais:
- a quantidade de óleo derramada;
- a distância da costa (em frente à costa do estado americano da Louisiana, a cerca
de 75 km da cidade de Venice); e
- o dano ambiental.
Portanto, o que podemos extrair do grave acidente é a resposta dada pelo
governo norte-americano. Apesar de possuir um PNC em vigor e amplamente
avaliado em exercícios, a resposta não foi considerada satisfatória pelo governo
daquele país, segundo o relatório final da investigação10, expedido pela Guarda
Costeira dos EUA (US Coast Guard). O núcleo da questão parece estar,
surpreendentemente, num dos pilares do combate à poluição hídrica, amplamente
10
O Relatório a que se refere o texto é o “BP Deepwater Horizon Oil Spill Incident Specific Preparedness Review (ISPR) – Final Report”, janeiro de 2011.
36
aceito na comunidade marítima internacional: a responsabilidade pelo combate à
poluição hídrica sempre será do poluidor, que deverá, imediatamente, colocar em
prática seu PEI. Contudo, quando seus recursos se acabam, os planos
subsequentes (de área, regionais e o PNC) devem ser acionados. Quando iniciar
essa mobilização e como fazer essa transição? A declaração de incapacidade em
fazer frente ao vazamento será unilateral, do poluidor? Esses questionamentos, na
avaliação do autor, influenciaram negativamente a resposta ao incidente no Golfo do
México e, certamente, podem ser úteis para o aprimoramento de nossa estrutura,
ainda em seu nascedouro.
4.4 LIÇÕES APRENDIDAS
O Estado Brasileiro necessita de um plano específico, que estabeleça
responsabilidades para as Instituições envolvidas, no caso de um incidente de
derramamento de óleo em AJB: ANP, Ibama e MB. A premência de um PNC está
mais do que comprovada.
A pesquisa, portanto, deve se concentrar na melhor estrutura para esse plano.
A estrutura organizacional Ad Hoc, para acompanhamento, deveria ser ativada
somente no caso do incidente ser considerado “fora de controle”, ou seja, o poluidor
não possuir os meios eficazes para combatê-lo, havendo a necessidade de o Estado
brasileiro assumir o controle da situação? Se assim o for, estaremos incorrendo no
erro fundamental observado no caso estadunidense, citado acima.
Em contraposição, a experiência de formar um GA no caso brasileiro, da Bacia
de Campos, bem mais simples, mostrou-se ser eficiente. Ressalte-se que, no estudo
de caso, o incidente jamais saiu do controle, e o poluidor, a empresa Chevron,
assumiu com propriedade o combate ao ocorrido, tanto na minimização dos efeitos
da poluição no meio ambiente, como nas medidas para extinguir o vazamento.
Nesse caso, numa estrutura tradicional de PNC, nenhum grupo teria sido formado,
mas a MB viu a necessidade de estabelecer um GA que concentrasse, sobretudo, as
informações advindas da área do ocorrido. Em seguida, o Ibama e a ANP se fizeram
representar nesse grupo, que coordenou as informações que fluíram para a Alta
Administração e para os órgãos de imprensa. Durante o incidente ficaram claros os
reflexos diretos no nível político, extrapolando as características técnicas da
37
dimensão do acidente. A atual minuta do PNC prevê a ativação do Plano somente
quando os Planos de Emergência Individual e de Área não forem capazes de fazer
frente ao incidente. Ora, isto dificilmente acontecerá.
Baseado nessas experiências, este trabalho sugere uma nova estrutura de
PNC, que preveja a criação de um GA Ad Hoc, que será ativado em qualquer caso
relevante de vazamento de óleo em AJB, mesmo que o poluidor ainda coordene as
ações de combate ao vazamento e aos efeitos da poluição, por iniciativa de qualquer
dos três principais órgãos envolvidos (ANP, Ibama e MB), ou ainda por iniciativa do
PR.
Na verdade, julga-se importante criar uma estrutura preliminar ao PNC (o GA,
composto pela ANP, Ibama, MB e Órgão Estadual do meio ambiente). Apesar de
anterior ao PNC propriamente dito, a ideia é que esse grupo seja previsto no próprio
decreto de criação do plano.
O GA facilitaria, como no estudo do caso da Bacia de Campos, a coordenação
das ações, atendendo às demandas políticas e à mídia. Na prática, esse GA
atenderia a demanda da maioria dos incidentes, sem a necessidade de mobilizar o
PNC.
Em resumo, podemos extrair dos eventos estudados, a necessidade da criação
de um Grupo de Acompanhamento para Incidente de Poluição por Óleo (GA),
formado pelo ANP, Ibama e MB, órgãos que praticamente respondem por todas as
atividades decorrentes de incidentes em meio hídrico, atuando, num primeiro
momento, no acompanhamento e análise da dimensão do incidente. Caberá a este
Grupo assessorar o MMA quanto à necessidade do acionamento e mobilização do
PNC e, posteriormente, assumir o papel de Coordenador Setorial, conforme o caso.
A minuta atual do PNC prevê que a análise inicial seja realizada pelo
Coordenador Setorial (MB e/ou Ibama), que, na prática, não estará mobilizado.
38
5 UM PLANO NACIONAL DE CONTINGÊNCIA
A Lei do Óleo determinou que, além dos Planos de Emergência Individual e dos
Planos de Área, o Órgão Federal do Meio Ambiente consolidasse os Planos de
Contingência Locais e Regionais, na forma de um Plano Nacional de Contingência,
em articulação com os órgãos da defesa civil. Em outubro de 2001, sob a
coordenação do MMA, foi criado um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), com a
participação de representantes da MB, Ministérios e Instituições Governamentais,
com o objetivo de propor uma minuta de PNC.
O PNC deve ser, portanto, o instrumento legal que fixa responsabilidades,
estabelece uma estrutura organizacional e define diretrizes que permitam aos órgãos
do Poder Público e entidades privadas atuarem de maneira coordenada em
incidentes de poluição por óleo, que possam afetar as AJB ou, ainda, as dos países
vizinhos, com o objetivo de minimizar os danos ao meio ambiente.
5.1 BREVE HISTÓRICO
Fruto da necessidade de conhecer um pouco das tratativas, até o momento,
para a criação de um “Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição
por Óleo nas Águas Jurisdicionais Brasileiras” – PNC – o autor entrevistou o CMG
(RM1) TARCÍSIO D. ALBUQUERQUE, Assessor de Politicas Ambientais da Diretoria
de Portos e Costas (DPC), diretoria técnica da MB para o Meio Ambiente. O CMG
Tarcísio integrou o GTI formado, no final dos anos de 1990, para a elaboração do
PNC e, até hoje, compõe este mesmo grupo. O relato a seguir é parte das
observações do entrevistado.
Em 1998, por iniciativa do Ministério das Minas e Energia (MME), foi criado um
GTI para elaboração de um PNC para o País. Tal iniciativa teve fulcro no que previa
a Lei do Óleo, e encontrou apoio e fundamento na Convenção OPRC-9011, à qual o
Brasil aderiu e, à época, encontrava-se em apreciação no Congresso Nacional.
11
OPCR-90 – “Convenção Internacional Sobre Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo”, comentada no item 3.1 deste trabalho (Convenções e Tratados Internacionais, p. 20).
39
Assim, desde 1999, uma minuta de PNC passou a ser discutida e elaborada
pelo GTI formado por diversos órgãos da Administração Pública Federal - MMA, MT,
MME, Defesa Civil, Ibama, Petrobrás e CONAMA, sob a coordenação da MB.
Posteriormente, houve a inclusão do Ministério da Defesa (MD) e da ANP, ambos
criados no período. Em 2000, em virtude das disposições contidas na Lei nº 9.966
(Lei do Óleo), aprovada em 28 de abril do mesmo ano, o MMA assumiu a
coordenação do GTI, como Autoridade Nacional para o Meio Ambiente.
Por duas vezes, em 2004 e 2007, o MMA deixou de encaminhar a minuta de
Decreto do PNC à Casa Civil, já aprovada por todas as Instituições envolvidas,
alegando problemas administrativos internos. Do início de 2007 ao final de 2008,
somente a MB e o MMA discutiram o assunto, debruçando-se nas atribuições e na
área de abrangência do PNC. Em resumo, os estudos focaram na definição de
responsabilidades: quem seria a Autoridade Nacional (definida como o MMA), e as
áreas de responsabilidade, entre MB e Ibama, para resposta nas AJB. Em vista de o
assunto ficar paralisado entre NOV2008 a MAR2010, a MB solicitou formalmente ao
MMA a retomada das atividades para conclusão do PNC.
Contudo, em 22 de abril de 2010, ocorreu o incidente de poluição por óleo no
Golfo do México. Em maio, o então órgão ambiental do estado do Rio de Janeiro, a
Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA/RJ) promoveu reunião sobre
“emergência por derramamento de óleo”, em vista do incidente do Golfo do México,
com a presença da então Ministra do MMA. Nessa reunião, foram acordadas
algumas demandas, dentre elas que o MMA e a MB realizariam reunião para avaliar
o então estágio de tramitação do PNC, bem como para nortear decisões e promover
a articulação com as demais Instituições envolvidas. Nesse sentido, em maio de
2010, foram retomadas as atividades para a conclusão do PNC, partindo-se da
versão aprovada pela MB em 2007. O MMA, como Autoridade Nacional do PNC, e a
MB, como Coordenador Setorial nos incidentes de poluição por óleo ocorridos em
águas marítimas12. O Ibama foi definido como Coordenador Setorial nos incidentes
12
“Águas Marítimas” – nas discussões sobre áreas de responsabilidade, no âmbito do PNC, definiu-se, inicialmente, que a MB seria responsável pelo “mar aberto”, além da linha de costa, e o Ibama seria responsável pelas “águas interiores”. Posteriormente, em razão das características do litoral brasileiro, em que a “linha de costa” pode passar a uma distância considerável do litoral (da praia), o Ibama solicitou que a MB também se encarregasse das águas anteriores a essa linha, em virtude de não possuir meios disponíveis para a área. Dessa forma, ficou definido que a MB seria responsável, no PNC, pelas águas marítimas, aqui também consideradas as águas interiores compreendidas entre a costa e a “linha de base reta” que a define.
40
de poluição por óleo ocorridos em águas interiores, exceto as águas interiores
compreendidas entre a costa e a linha de base reta.
Em novembro de 2010, o MME foi convidado para última reunião entre a MB e
o MMA, sugerindo diversas alterações no teor do PNC que foram, em sua maioria,
rejeitadas pela MB e pelo MMA. Enfim, em 29 de dezembro do mesmo ano, o MMA
encaminhou à Casa Civil a minuta de Decreto do PNC para apreciação e assinatura
do PRESREP.
Nesse momento, entretanto, as pressões da mídia e da opinião pública,
motivadas pelo incidente no Golfo do México, já haviam arrefecido. Além disso,
houve a substituição do titular do MMA e a paralisação política comum a um ano
eleitoral. Talvez por conta desses e de outros fatores, a minuta foi devolvida, sendo
solicitada ao MMA a anuência (assinatura) de todas as Instituições envolvidas no
Plano.
Em 2011, até novembro, a minuta do decreto do PNC encontrava-se parada
no MMA, quando ocorreu o incidente com a plataforma da empresa Chevron, na
Bacia de Campos, inflamando, mais uma vez, a opinião pública e, com ela, a mídia,
as autoridades e a classe política. Por ordem da Presidente de República (PR) Dilma
Rousseff, os trabalhos do GTI foram retomados, agora sob a coordenação do
MME/ANP. Uma nova rodada de reuniões foi realizada, mas a minuta de decreto, até
agosto de 2012, não foi encaminhada para a Casa Civil, para assinatura da PR. Mais
uma vez, quando sumiram as manchetes nos jornais e revistas, a urgência política
de aprovar um PNC se perdeu.
5.2 ANÁLISE DA MINUTA ATUAL DE PNC
O Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), já citado, elaborou uma minuta de
Decreto para o PNC, atualmente ainda em discussão.
Apesar de reconhecer a urgência e a necessidade de criação imediata do
plano, o presente trabalho sugere alterações à estrutura atualmente em análise.
Em sua forma atual, a minuta de Decreto prevê um plano com a seguinte
atuação:
- acionado o PNC, e havendo evidências de que os procedimentos adotados pelo
poluidor não são adequados ou que os equipamentos e materiais não são
41
suficientes, ou se o incidente de poluição por óleo for de origem desconhecida e de
grandes proporções, fundamentado no parecer e dados recebidos do Coordenador
Operacional (CO) e ouvido o Órgão Central de Controle e Acompanhamento, o
Coordenador Setorial (CS) mobilizará a estrutura do PNC. Neste momento, o
Coordenador Setorial (CS) determinará que o CO assuma a coordenação e o
comando das ações de resposta ao incidente e participa a mobilização do PNC à
Autoridade Nacional (MMA), à ANP, ao Ibama e à MB. Portanto, o acompanhamento,
controle e avaliação dependem de grupos ou elementos, componentes da estrutura,
que somente existem após o acionamento do PNC;
- não existe a previsão de um acompanhamento anterior ao acionamento do PNC, o
que leva a crer que, um incidente de proporções não significantes não estará sendo
acompanhado até que tome proporções maiores ou fuja do controle do poluidor.
Nesse momento, a mobilização das Instituições partícipes do processo será,
evidentemente, retardada;
- ressalta-se, ainda, que a versão atual de minuta de Decreto do PNC não
estabelece parâmetros objetivos para definir pelo seu acionamento, o que passa a
ter uma grande dose de subjetividade na decisão a ser tomada.
O organograma abaixo apresenta, de forma esquemática, a atual estrutura.
Explicitá-lo, nesse momento da análise, será importante para o próximo passo deste
estudo, que irá propor uma nova conformação para o plano. Cabe destacar que os
elementos apresentados, previstos na atual minuta e presentes na figura abaixo,
também farão parte da nova estrutura que será proposta neste trabalho monográfico.
Figura 5: Estrutura proposta para o PNC na atual minuta em tramitação no GTI que estuda o assunto (Fonte: MB).
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
42
5.3 UMA NOVA PROPOSTA
Diante das lições aprendidas no estudo de caso apresentado, pode-se propor
uma revisão da minuta de PNC atual, que seja adequada à melhor resposta a um
incidente de vazamento de óleo no mar.
A proposta que aqui será apresentada terá como pontos fundamentais:
- a previsão de que seja formado um Grupo de Acompanhamento (GA), anterior ao
acionamento do PNC, de forma a acompanhar e coordenar as ações de combate a
todo incidente que seja considerado relevante por qualquer das Instituições
diretamente envolvidas com o problema: ANP, Ibama, MB, PR e, em situação
especial, a própria empresa poluidora; e
- o estabelecimento de um processo de mobilização, acionamento e ativação do
PNC e, antes dele, do GA.
Além desses aspectos centrais, outras características desejadas para o GA e
para o plano, fruto das experiências vivenciadas e da pesquisa realizada, serão
neste capítulo explicitadas. Por exemplo, com relação ao elemento poluidor. A Lei do
Óleo é mais abrangente, sendo aplicável ao lançamento de óleo e “outras
substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional”. Nesse sentido,
o PNC deve contemplar os demais elementos poluidores. Pode-se citar, como caso
real ocorrido no País, o alijamento de ácido sulfúrico em incidente ocorrido em 1998
com o Navio-tanque BAHAMAS13 em Rio Grande/RS. Portanto, sugere-se aumentar
a abrangência do PNC, incluindo outras substâncias poluentes.
Considerando que o estabelecimento desse plano passa por um marco jurídico
regulador e formatador, o autor concorda com a proposta, já existente, de que seja
elaborado, pelo GTI que estuda o assunto, uma minuta de Decreto, a ser submetido
e ratificado pela PR. Nesse sentido, cabe traduzir as ideias e sugestões em artigos
para essa minuta de Decreto, dos quais destacamos, a seguir:
a. propor um artigo que crie um Comitê Executivo do PNC, coordenado pela
Autoridade Nacional do Meio Ambiente (como já visto, pela Lei, o MMA), que será,
no escopo desse plano, “Autoridade Nacional”. Esse comitê deverá ser composto,
13 . De acordo com o relatório de investigação disponível no site da DPC na Intranet (DPC, 2011), em agosto de
1998 o Navio-tanque BAHAMAS, por problemas diversos que incluíram erro humano, apresentou vazamento de
ácido sulfúrico, alagamento da Praça de Máquinas e posterior adernamento. Durante as ações de salvamento,
parte do produto altamente corrosivo, que foi contaminado com água do mar e passou a comprometer a
integridade da embarcação, foi descartado nas águas da Lagoa dos Patos e, posteriormente, em mar aberto.
43
no mínimo, por representantes da ANP, Ibama e MB, além de outros órgãos do
Executivo Federal envolvidos com o problema (de acordo com o local, a situação, o
elemento poluidor, etc.);
b. da mesma forma, propor a criação de um Grupo de Acompanhamento e Avaliação
(GAA) composto pela ANP, Ibama e MB, a ser convocado e ativado por um dos
integrantes, por iniciativa e a critério deles, mesmo que o incidente seja considerado
de pequena intensidade ou significância. O termo “avaliação” surge aqui para
explicitar que caberá a este grupo, além de acompanhar os desdobramentos do
evento, avaliar, sobretudo, a necessidade de acionar o PNC, quando constatada a
significância do incidente, comunicando à Autoridade Nacional, que designará o
Coordenador Operacional (CO), em função da tipologia e das características do
incidente;
c. com relação ao CO, este trabalho vai ao encontro da ideia, já de consenso, de
distribuição de responsabilidades:
- o Ibama será o CO no caso de incidentes de poluição por óleo ocorrido em
águas interiores dos portos, das baías, dos lagos, das lagoas, dos canais, dos rios e
de suas desembocaduras;
- a ANP passa a exercer a função de CO no caso de incidentes de poluição
por óleo com origem nas estruturas submarinas de perfuração e exploração de
petróleo; e
- a MB assume a coordenação, no caso de incidentes de poluição por óleo
ocorridos em águas marítimas, bem como em águas interiores compreendidas entre
a costa e a linha de base reta, a partir da qual se mede o mar territorial,
preferencialmente quando a poluição for originada de embarcações e de plataformas
de exploração;
d. os três órgãos citados também deverão integrar o Comitê Executivo e o Comitê de
Suporte do PNC;
e. artigos específicos deverão definir a formação, características e responsabilidades
dos comitês executivo e de suporte, com a indispensável participação dos três
elementos principais do processo (ANP, Ibama e MB);
44
f. deve restar claro, em artigo específico, que as ações de resposta a qualquer
incidente de poluição por óleo são sempre de responsabilidade do poluidor. O
acionamento do PNC só deverá ocorrer quando um dado incidente de poluição por
óleo for julgado de significância nacional, normalmente por iniciativa do GAA,
seguindo etapas e procedimentos específicos. Recebida comunicação inicial de
incidente de poluição por óleo, nos moldes do Apêndice 1 do Anexo I da Resolução
CONAMA nº 398/2008, deverá ser formado o GAA, por iniciativa de um dos três
participantes, que deverá realizar constante análise, durante o evento, a fim de
avaliar sua significância. Nessa análise, alguns critérios deverão ser,
obrigatoriamente, considerados:
- acidente, explosão ou incêndio de grandes proporções, que possam
provocar poluição por óleo;
- volume descarregado e que ainda pode vir a ser descarregado;
- poluição ou ameaça significante a corpos d'água e outros recursos naturais
importantes quanto aos seus usos identificados ou à saúde pública, economia e
propriedades;
- sensibilidade ambiental da área afetada ou em risco;
- eficácia das respostas dos Planos de Emergência Individuais, de Área,
Locais e Regionais;
- solicitação de ajuda do próprio operador da instalação, do comandante do
navio ou do poluidor;
- possibilidade de a descarga atingir águas jurisdicionais de países vizinhos; e
- poluidor não identificado, em áreas não cobertas por Planos de Área.
g. constatada a significância nacional do incidente, o GAA acionará o PNC,
informando a Autoridade Nacional, que designará um CO para avaliação e
acompanhamento das ações de resposta adotadas no incidente por parte do
poluidor.
h. caso o incidente não receba o status de significância nacional, deverá ser tratado
pelos planos de resposta existentes, seja ele o PEI da instalação ou facilidade onde
se deu o derramamento ou o Plano de Área, já que as ações de resposta deverão
ser locais;
45
i. acionado o PNC, a mobilização da sua estrutura se dará por solicitação do CO ao
Comitê de Suporte, caso haja evidências de que os procedimentos adotados pelo
poluidor para a resposta ao incidente não são adequados ou que os equipamentos e
materiais não são suficientes para a resposta. A mobilização dessa estrutura tem por
objetivo facilitar, adequar e ampliar a capacidade das ações de resposta adotadas,
j. o Decreto deverá, ainda, prever os diversos instrumentos de apoio ao plano, como
cartas de sensibilidade ambiental ao óleo, informações sobre os diversos PEI,
planos de Área, Locais e Regionais, entre outros, que irão compor o Sistema de
Informações Sobre Incidentes de Poluição por Óleo em AJB (SISNÓLEO). O
SISNÓLEO visa consolidar e disseminar, em tempo real, informações sobre
prevenção, preparação e resposta aos incidentes de poluição por óleo; e
l. o Decreto deverá, também, determinar que as instituições componentes do Comitê
Executivo do PNC implementem programas internos de capacitação para o pessoal
envolvido no cumprimento das atribuições previstas.
No anexo a este trabalho, é sugerida uma Minuta de Decreto que institui o PNC
(Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas
sob Jurisdição Nacional) e cria o Sistema de Informações Sobre Incidentes de
Poluição por Óleo em Águas Sob Jurisdição Nacional (SISNÓLEO). Esta minuta foi
elaborada pela Divisão de Assuntos Marítimos e Ambientais do ComOpNav, em
conjunto com a Assessoria de Meio Ambiente da DPC, no início de 2012, em razão
da experiência inédita vivenciada, do incidente da Bacia de Campos, e no intuito de
aproveitar a prioridade destinada ao assunto pela PR no mesmo período. Também
no anexo, os procedimentos para o acionamento do PNC estão sintetizados nos
Anexos I (FLUXOGRAMA DE TOMADA DE DECISÕES) e II (SÍNTESE DE TOMADA
DE DECISÕES DO PNC).
46
6 CONCLUSÃO
Ao término deste trabalho monográfico, espera-se que os objetivos
previamente estabelecidos tenham sido perfeitamente alcançados.
A importância da atividade petrolífera, hoje e no futuro próximo, fica claramente
comprovada com os dados apresentados. Apesar da constante busca por energias
alternativas, o consumo do petróleo e seus derivados aumenta progressivamente no
mundo. Não há dúvida de que a indústria do petróleo e do gás natural continuará a
ser o principal fator da matriz energética mundial no século XXI.
No Brasil, essa commoditie tem peso fundamental na economia. Considerando
que mais de 85 % da produção é oriunda de nossas águas jurisdicionais, os riscos
da atividade são multiplicados. Durante a pesquisa analítica, casos reais ocorridos
em todo o planeta e a literatura especializada sobre o assunto comprovam a elevada
probabilidade de ocorrência de poluição hídrica na produção de petróleo no mar. Em
razão dessa latente realidade conjuntural, é inequívoco o dever do Estado em adotar
as medidas que previnam ou mitiguem eventos dessa natureza, promovendo o
Desenvolvimento Nacional e garantindo a sociedade a tão valiosa “sensação de
segurança ambiental”, mais do que nunca em voga.
Nesse sentido, estabelecer um Plano Nacional de Contingência (PNC) para
incidentes de poluição hídrica é fundamental e urgente!
Complementarmente, os desdobramentos da pesquisa apontaram para a
criação de uma estrutura preliminar, um Grupo de Acompanhamento (GA), que
atuará nas diversas situações em que, mesmo o PNC não sendo ativado, há a
necessidade do acompanhamento e coordenação pelos órgãos e Instituições do
Estado. Esse Grupo de Acompanhamento incrementará a participação do Estado no
controle e coordenação dos incidentes de poluição hídrica e, consequentemente,
aumentará a segurança da importante atividade econômica, com reflexos positivos
para as expressões econômica e psicossocial do Poder Nacional.
E, finalmente, o estudo sugere aumentar a abrangência do plano, quanto às
substâncias poluentes a serem consideradas.
Espera-se que o presente trabalho monográfico, muito além de trazer a tona
conclusões teóricas e material acadêmico, efetivamente inspire os representantes do
Grupo de Trabalho Interministerial que, nos dias que correm, tem a missão de propor
uma minuta de Decreto para criação do PNC do Brasil.
47
REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). Anuário Estatístico 2011. Disponível em: http://www.anp.gov.br/?pg=57890. Acesso em 31 mar. 2012. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
______. Lei nº. 9.966, de 28 de abril de 2000. Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. Brasília, 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9966.htm. Acesso em: 21 abr. 2012. ______. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 265/2000. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano1.cfm?codlegitipo=3&ano=2000. Acesso em: 31 mar. 2012. BUZAN, BARRY. People, States and Fear: an agenda for international security studies in post-cold war era. 2. ed. Colorado-EUA: Lynne Rienner Publishers, Inc, 1991. 393 p. CARVALHO, Roberto de Guimarães. Autossuficiência em petróleo e a Marinha. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 maio 2006. ECONOMIDES, M. OLIGNEY, R.. The Color of Oil. Katy, Texas: Round Oak Publishing Company, 2000. ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual Básico: Elementos Fundamentais. Rio de Janeiro, 2009. v.1. ______. Manual Básico: Assuntos Específicos. Rio de Janeiro, 2009. v.2. ______. Manual Básico: Método para o Planejamento Estratégico. Rio de Janeiro, 2009. v.3.
48
FINGAS, M. The Basics on Oil Spill Cleanup. 2ª ed. Boca Raton, Flórida, EUA: Lewis Publishers, 2000. PAIM, Maria Augusta. O Petróleo no Mar: o regime das plataformas marítimas petrolíferas no Direito Internacional. 1. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2011. 449p. SOUZA FILHO, A. M. de. Planos Nacionais de Contingência para atendimento a derramamento de óleo: Análise da experiência de países representativos das Américas para implantação no caso do Brasil. Dissertação (Mestrado em 2006) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. UNITED STATES COAST GUARD (USCG). BP Deepwater Horizon Oil Spill Incident Specific Preparedness Review (ISPR), Washington, 2011. UNITED STATES Environmental Protection Agency. Understanding Oil Spills and Oil Spill Response. Office of Emergency and Remedial Response, Washington, 1999.
49
ANEXO
PROPOSTA DE MINUTA DE DECRETO DE CRIAÇÃO DO
PLANO NACIONAL DE CONTINGÊNCIA (PNC)
DECRETO No , DE DE DE 2013
Institui o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional-PNC, cria o Sistema de Informações Sobre Incidentes de Poluição por Óleo em Águas Sob Jurisdição Nacional - Sisnóleo, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 9.966, de 28 de abril de 2000, ,
D E C R E T A : Art. 1o Fica instituído o Plano Nacional de Contingência para
Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional-PNC. § 1o O PNC é o instrumento que fixa responsabilidades,
estabelece uma estrutura organizacional e define diretrizes, procedimentos e ações que permitem aos órgãos do Poder Público e entidades privadas atuar de maneira coordenada e ampliar a capacidade de resposta em incidentes de poluição por óleo, que possam afetar as águas sob jurisdição nacional, de forma a minimizar os danos ambientais.
§ 2o A estrutura organizacional do PNC compreende uma Comissão Coordenadora e um Comitê de Suporte.
Art. 2o Fica criado o Sistema de Informações Sobre Incidentes de Poluição por Óleo em Águas Sob Jurisdição Nacional - Sisnóleo.
Parágrafo único. O Sisnóleo visa consolidar e disseminar, em tempo real, informações sobre prevenção, preparação e resposta aos incidentes de poluição por óleo, tais como inventários de equipamentos e materiais, diretório de especialistas, lista dos Planos de Emergência Individuais, de Área, Locais e Regionais, entre outras informações julgadas relevantes.
CAPÍTULO I DAS DEFINIÇÕES
Art. 3o Para fins do presente Decreto, adotam-se as seguintes definições:
I - ação de resposta: qualquer ação coordenada destinada a avaliar, conter, reduzir, combater ou controlar um incidente de poluição por óleo;
II - áreas ecologicamente sensíveis: regiões das águas marítimas ou interiores, definidas por ato do Poder Público, onde a prevenção, o controle da poluição e a manutenção do equilíbrio ecológico exigem medidas especiais para a proteção e a preservação do meio ambiente;
50
III - autoridade marítima: autoridade exercida diretamente pelo Comandante da Marinha, responsável pela salvaguarda da vida humana e segurança da navegação no mar aberto e hidrovias interiores, bem como pela prevenção da poluição ambiental causada por navios, plataformas e suas instalações de apoio, além de outros cometimentos a ela conferidos por este Decreto;
IV - autoridade nacional: representante do Poder Público para atuar como órgão central do PNC;
V - autoridade portuária: autoridade responsável pela administração do porto organizado, competindo-lhe fiscalizar as operações portuárias e zelar para que os serviços se realizem com regularidade, eficiência, segurança e respeito ao meio ambiente;
VI - cartas de sensibilidade ambiental ao óleo: cartas destinadas à caracterização das áreas adjacentes às águas sob jurisdição nacional, por meio de documentos cartográficos para planejamento e condução das ações de resposta a incidentes de poluição por óleo;
VII - centros de resgate e salvamento da fauna: centros de pesquisa de apoio ao resgate e ao salvamento da fauna atingida por incidente de poluição por óleo;
VIII - coordenação setorial: instituição pública responsável pelas ações de facilitação e ampliação da capacidade de resposta do poluidor a um incidente de poluição por óleo de significância nacional;
IX - coordenador operacional: representante designado pela Coordenação Setorial correspondente à localização geográfica do incidente de poluição por óleo, para acompanhamento e avaliação da resposta a um incidente de poluição por óleo no nível do Plano de Emergência Individual e de Área, bem como, para exercer a coordenação e o comando das operações, quando designado pela Coordenação Setorial;
X - comando unificado de operações: forma de atuação que reúne os representantes das organizações com responsabilidade sobre as ações de respostas, mesmo de diferentes jurisdições, sob a coordenação do coordenador operacional, de forma a compartilhar a gestão da emergência, a partir do estabelecimento de objetivo e prioridades comuns, mantendo suas responsabilidades jurisdicionais;
XI - descarga: qualquer despejo, escape, derrame, vazamento, esvaziamento, lançamento para fora ou bombeamento de substâncias nocivas ou perigosas, em qualquer quantidade, a partir de um navio, porto organizado, instalação portuária e petrolífera, duto, plataforma ou suas instalações de apoio;
XII - incidente de poluição por óleo: significa uma ocorrência ou uma série de ocorrências de mesma origem que resulte ou possa resultar em derramamento de óleo e que represente ou possa vir a representar uma ameaça para o meio ambiente, para as águas sob jurisdição nacional ou para interesses correlatos de um ou mais Estados e que exija ação de emergência ou outra resposta imediata;
XIII - instalações de apoio: quaisquer instalações ou equipamentos de apoio à execução das atividades das plataformas ou instalações portuárias de movimentação de cargas a granel, tais como dutos, monobóias, quadro de bóias para amarração de navios e outras;
XV - instalação portuária ou terminal: instalação explorada por pessoa jurídica de direito público ou privado, dentro ou fora da área do porto
51
organizado, utilizada na movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ou provenientes de transporte aquaviário;
XV - navio: embarcação de qualquer tipo que opere no ambiente aquático, inclusive hidrofólios, veículos a colchão de ar, submersíveis e outros engenhos flutuantes;
XVI - óleo: qualquer forma de hidrocarboneto (petróleo e seus derivados), incluindo óleo cru, óleo combustível, borra, resíduos de petróleo e produtos refinados;
XVII - órgão ambiental competente: órgão de proteção e controle ambiental do poder executivo federal, estadual ou municipal, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, responsável pelo licenciamento ambiental das atividades de um porto organizado, instalação portuária e plataforma e de suas correspondentes instalações de apoio, bem como pela fiscalização dessas unidades quanto às exigências previstas no referido licenciamento, no âmbito de suas competências;
XVIII - plano de área: documento ou conjunto de documentos que contenha as informações, medidas e ações referentes a uma área de concentração de portos organizados, instalações portuárias, terminais, dutos ou plataformas e suas respectivas instalações de apoio, com o propósito de integrar os diversos Planos de Emergência Individuais, de Área, Locais e Regionais da área para o combate e controle de incidentes de poluição por óleo, bem como facilitar e ampliar a capacidade de resposta destes Planos e orientar as ações de resposta necessárias na ocorrência de incidentes de poluição por óleo de origem desconhecida;
XIX - plano de emergência: conjunto de medidas que determinam e estabelecem as responsabilidades setoriais e as ações a serem desencadeadas imediatamente após um incidente, bem como definem os recursos humanos, materiais e equipamentos adequados à prevenção, controle e combate à poluição das águas;
XX - plano de emergência individual: documento ou conjunto de documentos, que contenha as informações e descreva os procedimentos de resposta da instalação a um incidente de poluição por óleo, em águas sob jurisdição nacional, decorrente de suas atividades;
XXI - plano nacional de contingência: documento que estabelece a consolidação de Planos de Emergência Individuais, de Área, Locais e Regionais, e contém a estrutura organizacional nacional que permite a coordenação das ações para facilitar e ampliar a capacidade de resposta nacional a incidentes de poluição por óleo, atender aos incidentes de responsabilidade desconhecida e aos que possam atingir as águas jurisdicionais de outros países;
XXII - plataforma: instalação ou estrutura fixa ou móvel, localizada em águas sob jurisdição nacional, destinada à atividade direta ou indiretamente relacionada com a pesquisa e a lavra de recursos minerais oriundos do leito das águas interiores ou de seu subsolo e do mar, da plataforma continental ou de seu subsolo;
XXIII - poluidor: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por incidente de poluição por óleo;
XXIV - porto organizado: porto construído e aparelhado para atender às necessidades da navegação e da movimentação de passageiros ou da armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de uma autoridade portuária;
52
XXV - programas de exercícios simulados: programas de exercícios destinados ao aperfeiçoamento, revisão e atualização do PNC;
XXVI - Serviço de Previsão Meteorológica Nacional: serviço operado pelo Instituto Nacional de Meteorologia-INMET, que elabora previsões meteorológicas para todo o território nacional;
XXVII - Serviço Meteorológico Marinho: serviço operado pelo Centro de Hidrografia da Marinha-CHM, que elabora previsões meteorológicas e fornece informações hidroceanográficas para a área marítima de responsabilidade do Brasil; e
XXVIII - Termos de cooperação: documentos formais firmados com o propósito de estabelecer cooperação ampla, visando a troca de informações e atualização tecnológica e ao apoio nas ações de resposta a incidentes de poluição por óleo, inclusive a modelagem de dispersão e difusão de óleo e a detecção de manchas e suas trajetórias por sensoriamento remoto.
Art. 4o Para fins do presente decreto, são consideradas águas sob jurisdição nacional:
I - águas interiores: a) as compreendidas entre a costa e a linha de base reta, a partir
da qual se mede o mar territorial; b) as dos portos; c) as das baías; d) as dos rios e de suas desembocaduras; e e) as dos lagos, das lagoas e dos canais. II - águas marítimas, todas aquelas sob jurisdição nacional que
não sejam interiores, a saber: a) as águas abrangidas por uma faixa de doze milhas marítimas
de largura, medidas a partir da linha de base reta e da linha de baixa-mar, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil (mar territorial);
b) as águas abrangidas por uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir o mar territorial, que constituem a zona econômica exclusiva; e
c) as águas sobrejacentes à Plataforma Continental, quando esta ultrapassar os limites da Zona Econômica Exclusiva.
CAPÍTULO II DA ESTRUTURA NACIONAL DE PREPARO E RESPOSTA A INCIDENTES DE
POLUIÇÃO POR ÓLEO Art. 5o Fica criada a Comissão Coordenadora do PNC, formada
por uma Autoridade Nacional, por duas Coordenações Setoriais e por um Comitê-Executivo.
§ 1o Caberá à Comissão Coordenadora do PNC: I - coordenar e determinar a adoção das medidas
complementares necessárias ao acompanhamento das diretrizes e procedimentos estabelecidos neste Decreto; e
II - aprovar seu regimento interno, bem como as propostas, estudos e documentos submetidos pelo Comitê-Executivo.
§ 2o A Autoridade Nacional será exercida pelo Ministério do Meio Ambiente.
53
§ 3o O Comitê-Executivo será coordenado pela Autoridade Nacional e composto por representantes das Coordenações Setoriais e dos seguintes órgãos e instituições:
I - Ministério da Integração Nacional; II - Ministério de Minas e Energia; III - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis-ANP; e IV - Ministério dos Transportes. § 4o As Coordenações Setoriais serão exercidas: I - pela Autoridade Marítima, no caso de incidentes de poluição
por óleo ocorridos em águas marítimas, bem como em águas interiores compreendidas entre a costa e a linha de base reta, a partir da qual se mede o mar territorial; e
II - pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, no caso de incidentes de poluição por óleo ocorridos em águas interiores, excetuando as águas compreendidas entre a costa e a linha de base reta, a partir da qual se mede o mar territorial.
Art. 6o Fica criado um Comitê de Suporte ao PNC composto por representantes das seguintes órgãos e instituições:
I - Casa Civil da Presidência da República; II - Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República; III - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: a) Instituto Nacional de Meteorologia;
IV - Ministério da Defesa: a) Comando da Marinha; b) Comando do Exército; e c) Comando da Aeronáutica; V - Ministério da Fazenda: a) Secretaria do Tesouro Nacional; e b) Secretaria da Receita Federal; VI - Ministério da Integração Nacional: a) Secretaria Nacional de Defesa Civil; VII - Ministério da Justiça: a) Departamento de Polícia Federal; VIII - Ministério do Meio Ambiente; a) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis-IBAMA; e b) Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade -
Instituto Chico Mendes; c) Agência Nacional de Águas-ANA; IX - Ministério de Minas e Energia: a) Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis-
ANP; X - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; XI - Ministério das Relações Exteriores; XII - Ministério da Saúde; XIII - Ministério do Trabalho e Emprego; XIV - Ministério dos Transportes; XV - Ministério da Pesca e Aquicultura;
54
XVI - Secretaria Especial de Portos da Presidência da República-SEP/PR; e
XVII - órgãos federais, estaduais, municipais e outras entidades públicas e privadas especialmente convidados pela Autoridade Nacional, quando julgar necessário.
§ 1o Os representantes dos órgãos e das instituições que compõem o Comitê de Suporte e seus suplentes deverão ser indicados, por meio de suas autoridades máximas e atos específicos, no prazo de 60 (sessenta) dias contados a partir da publicação deste Decreto, para fins de designação pela Autoridade Nacional.
§ 2o Constatado o risco de toque de óleo na costa brasileira, referente a um incidente de poluição por óleo de significância nacional, um representante de cada um dos estados a serem afetados deverá ser incorporado ao Comitê de Suporte.
§ 3o Quando um incidente de poluição por óleo de significância nacional envolver uma instalação portuária ou terminal, dentro ou fora do porto organizado, o seu representante legal ou o representante da Autoridade Portuária deve ser incorporado ao Comitê de Suporte
55
CAPÍTULO III DAS ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DOS COMPONENTES DA
COMISSÃO COORDENADORA DO PNC E DO SEU COMITÊ DE SUPORTE Art. 7o São atribuições e responsabilidades da Autoridade
Nacional: I - coordenar e articular ações para facilitar e ampliar a
prevenção, preparação e a capacidade de resposta nacional a incidentes de poluição por óleo;
II - articular os órgãos do SISNAMA para apoiar as ações de resposta definidas pelas Coordenações Setoriais;
III - decidir pela necessidade de solicitar ou prestar assistência internacional no caso de incidente de poluição por óleo, em conjunto com as Coordenações Setoriais;
IV - convocar e coordenar as reuniões da Comissão Coordenadora do PNC;
V - convocar e coordenar as reuniões do Comitê-Executivo; e VI - convocar e coordenar as reuniões do Comitê de Suporte,
nas ocasiões em que o PNC não estiver acionado. Art. 8o São atribuições e responsabilidades do Comitê-Executivo: I - propor diretrizes para a implementação do PNC; II - estabelecer programa de exercícios simulados do PNC; III - coordenar a elaboração do Regimento Interno da Comissão
Coordenadora do PNC; IV - supervisionar o desenvolvimento do Sistema de Informações
sobre Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional - Sisnóleo, estabelecendo os procedimentos necessários para o acesso ao sistema e a sua permanente atualização; e
V - organizar, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, prorrogável por igual período, a partir da publicação deste Decreto, o Manual do PNC, contendo procedimentos operacionais, recursos humanos e materiais, atos normativos de que trata o art. 24 deste Decreto, assim como atos normativos complementares expedidos pela Comissão Coordenadora e legislação pertinente.
Art. 9o São atribuições e responsabilidades das Coordenações Setoriais:
I - julgar se o incidente de poluição por óleo é de significância nacional;
II - acionar o PNC; III - comunicar, aos órgãos e instituições integrantes do Comitê
de Suporte e seus representantes, sobre o acionamento do PNC; IV - designar coordenador operacional para acompanhamento e
avaliação da resposta ao incidente de poluição por óleo; V - convocar e coordenar o Comitê de Suporte quando o PNC
estiver acionado e forem necessárias ações de facilitação e ampliação da capacidade de resposta do poluidor;
VI - manter em sua estrutura organizacional setor técnico-operacional capaz de coordenar resposta a incidentes de poluição por óleo;
VII - viabilizar os recursos humanos e materiais necessários para facilitar e ampliar a capacidade de resposta;
VIII - celebrar termos de cooperação que possibilitem cumprir suas atribuições e responsabilidades no contexto do PNC;
56
IX - realizar as articulações necessárias para que os órgãos e entidades do Comitê de Suporte estabeleçam previamente mecanismos que atendam às situações excepcionais e específicas relacionadas às suas atribuições e responsabilidades individuais na resposta aos incidentes de poluição por óleo, quando acionado o PNC;
X - conduzir exercícios simulados destinados ao aperfeiçoamento, revisão e atualização do PNC;
XI - avaliar as ações relativas ao PNC, após o seu acionamento, informando as suas conclusões à Autoridade Nacional;
XII - acompanhar e avaliar as ações de resposta dos Planos de Áreas em caso de incidentes de responsabilidade desconhecida; e
XIII - acompanhar e avaliar as ações adotadas pelo poluidor na remediação do incidente de poluição por óleo.
Art. 10. São atribuições e responsabilidades do Comitê de Suporte:
I - atender às convocações da Autoridade Nacional e das Coordenações Setoriais;
II - assegurar recursos humanos e materiais solicitados pelas Coordenações Setoriais para emprego nas ações de resposta a um incidente de poluição por óleo;
III - sugerir ao Comitê-Executivo procedimentos para avaliação e atualização do PNC;
IV - propor diretrizes para inventário e manutenção dos recursos adequados para o controle e combate a incidentes de poluição por óleo, para uma resposta oportuna e adequada quando do acionamento do PNC;
V - fomentar a capacidade nacional de resposta por meio de programas de capacitação, treinamento e aperfeiçoamento dos segmentos envolvidos;
VI - participar da elaboração do conteúdo dos programas de capacitação, treinamento e aperfeiçoamento dos segmentos envolvidos com as atividades da Comissão Coordenadora do PNC;
VII - participar de exercícios simulados do PNC; VIII - propor a celebração de acordos de cooperação
internacional; IX - divulgar, no âmbito de suas instituições, novas tecnologias,
equipamentos e materiais, procedimentos em matéria de prevenção, controle e combate a incidentes de poluição por óleo; e
X - adotar, previamente, mecanismos que atendam as situações excepcionais e específicas relacionadas às suas atribuições e responsabilidades individuais na resposta aos incidentes de poluição por óleo, quando acionado o PNC.
Art. 11. São atribuições e responsabilidades dos órgãos e entidades que compõem o Comitê de Suporte do PNC:
I - Casa Civil da Presidência da República: a) acompanhar os procedimentos adotados nas ações de
resposta do PNC e mobilizar, a pedido da Autoridade Nacional ou das Coordenações Setoriais, ações legais, remanejamento de recursos e acionamento eventual de recursos humanos e materiais adicionais de outros órgãos; e
b) prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado;
57
II - Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República:
a) participar da articulação, com Ministérios e outros órgãos envolvidos, dos assuntos referentes à prevenção, controle e combate a incidentes de poluição por óleo;
b) participar da proposição de normas necessárias à efetiva implementação do PNC;
c) acompanhar, em âmbito nacional e internacional, a evolução doutrinária e tecnológica das atividades inerentes à prevenção, controle e combate a incidentes de poluição por óleo;
d) participar na cooperação com os órgãos públicos federais, estaduais e municipais, das ações necessárias à implementação e manutenção do PNC;
III - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: a) Instituto Nacional de Meteorologia: 1. fornecer informações e previsões meteorológicas gerais e
específicas para as áreas afetadas por incidentes de poluição por óleo; e 2. prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado. IV - Ministério da Defesa: a) Comando da Marinha: 1. fornecer informações hidroceanográficas e previsões
meteorológicas nas áreas de sua responsabilidade e de interesse para as ações de resposta aos incidentes de poluição por óleo;
2. prestar apoio de pessoal, material e de meios marítimos, quando solicitado;
3. realizar, no caso do acionamento do PNC, o controle do tráfego marítimo na área do incidente de poluição por óleo, disseminando as informações de interesse para segurança da navegação;
4. interligar-se e atualizar o Sisnóleo; e 5. Fornecer, por meio do Sistema de Informações sobre Tráfego
Marítimo-SISTRAM, informações sobre navios e embarcações que possam ter causado incidentes de poluição por óleo;
b) Comando do Exército: 1. prestar apoio de pessoal, material e de meios terrestres, em
casos de desastres ambientais de grandes proporções, de acordo com as disposições legais para o emprego da Força Terrestre, quando solicitado;
c) Comando da Aeronáutica: 1. estabelecer, após receber da Coordenação Setorial as
informações e dados pertinentes, os mecanismos necessários que permitam a entrada de aeronaves estrangeiras no espaço aéreo brasileiro, para apoiar as ações de resposta aos incidentes de poluição por óleo, nos termos da Constituição Federal;
2. prestar apoio de pessoal, material e de meios aéreos às ações de resposta aos incidentes de poluição por óleo, no caso do acionamento do PNC, de acordo com as disposições legais para o emprego da Força Aérea Brasileira, quando solicitado; e
3. realizar, no caso do acionamento do PNC, o controle do tráfego aéreo na área do incidente de poluição por óleo, disseminando as informações de interesse para a segurança do tráfego aéreo, de acordo com as disposições legais que regem a matéria;
V - Ministério da Fazenda:
58
1. promover junto ao Conselho Nacional de Política Fazendária-CONFAZ a elaboração e implantação de regime especial para facilitar a entrada, o trânsito, a saída e, eventualmente, a permanência definitiva nos estados, de qualquer material, equipamento, para serem utilizados nas ações de resposta;
a) Secretaria do Tesouro Nacional: 1. promover a liberação de recursos financeiros para atender às
necessidades do PNC para incidentes de poluição por óleo nas águas jurisdicionais brasileiras, quando solicitado, e observadas as dotações orçamentárias aprovadas; e
2. prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado; b) Secretaria da Receita Federal:
1. facilitar a entrada, trânsito interno, saída e, eventualmente, permanência definitiva de qualquer material e/ou equipamento de origem estrangeira para serem utilizados nas ações de resposta a incidentes de poluição por óleo; e
2. prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado; VI - Ministério da Integração Nacional: a) Secretaria Nacional de Defesa Civil: 1. mobilizar o Sistema Nacional de Defesa Civil-SINDEC para
atuar em apoio às ações de resposta a incidentes de poluição por óleo; 2. promover articulações junto às entidades privadas para prover
os recursos humanos e materiais que se fizerem necessários para apoio às ações de resposta aos incidentes de poluição por óleo;
3. apoiar as Coordenações Setoriais nas ações necessárias para a proteção de populações afetadas por incidentes de poluição por óleo;
4. prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado; e 5. interligar-se e atualizar o Sisnóleo. VII - Ministério da Justiça: a) Departamento de Polícia Federal: 1. permitir a entrada no país de mão-de-obra estrangeira
especializada, em caráter extraordinário, para apoio às ações de resposta a incidentes de poluição por óleo, nos diversos estágios do PNC; e
2. prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado. VIII - Ministério do Meio Ambiente: 1. prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado; 2. interligar-se e atualizar o Sisnóleo; 3. fomentar a padronização e promover a divulgação de cartas
de sensibilidade ambiental ao óleo; e 4. divulgar tecnologias, equipamentos, materiais e
procedimentos para prevenção, controle e combate a incidentes de poluição por óleo.
a) IBAMA: 1. orientar e apoiar as suas unidades na estruturação de ações
relacionadas à prevenção e à resposta a incidentes de poluição por óleo; 2. desenvolver, implantar e operar o Sisnóleo, mantendo-o
permanentemente atualizado; e 3. prestar apoio de pessoal e de material, quando solicitado. b) Instituto Chico Mendes: 1. fornecer informações de interesse para proteção das unidades
de conservação e da biodiversidade que possam ser afetadas por incidentes de poluição por óleo;
59
2. orientar e apoiar as suas unidades na estruturação de ações relacionadas à prevenção e à resposta a incidentes de poluição por óleo; e
3. prestar apoio de pessoal e de material, quando solicitado. c) ANA:
1. fornecer informações de interesse para proteção de recursos hídricos que possam ser afetados por incidentes de poluição por óleo; e
2. prestar apoio de pessoal e de material, quando solicitado. IX - Ministério de Minas e Energia: a) ANP: 1. dar suporte ao desenvolvimento e operação do Sisnóleo; 2. manter permanentemente atualizado Sisnóleo, em especial no
que se refere às instalações que possam causar incidentes de poluição por óleo; 3. dar suporte, no âmbito de suas competências, ao que se
refere à segurança operacional das instalações que desenvolvam atividades envolvendo óleo, especialmente as sondas de perfuração e plataformas produção de petróleo;
4. verificar a conformidade do operador de instalações de perfuração e de produção de petróleo, bem como os contratados deste, quanto à implementação e à operação de Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional-SGSO, por meio de práticas de gestão estabelecidas em regulamento técnico específico;
5. desenvolver critérios para a condução da investigação de incidentes por poluição por óleo com conseqüências adversas para a segurança operacional de instalações de perfuração e de produção de petróleo; e
6. prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado. X - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: a) Secretaria de Orçamento: 1. viabilizar recursos orçamentários e, quando necessário,
crédito suplementar para atendimento das atividades inerentes ao PNC, entre elas a implantação do Sisnóleo, bem como estruturação do IBAMA e da Marinha do Brasil para atendimento deste Decreto; e
2. prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado. XI - Ministério das Relações Exteriores: a) solicitar ou prestar assistência governamental internacional
em caso de incidentes de poluição por óleo; b) promover a articulação em âmbito internacional de modo a facilitar a
ajuda externa nos casos de incidentes de poluição por óleo; c) coordenar a articulação bilateral na eventualidade de incidentes de
poluição por óleo que atinjam águas jurisdicionais de outros países; d) estabelecer procedimentos, dentro de sua esfera de competências,
para a concessão de vistos de entrada para mão-de-obra estrangeira especializada a ser empregada nas ações de resposta aos incidentes de poluição por óleo;
e) coordenar a defesa dos interesses nacionais no caso de demandas internacionais decorrentes de incidentes de poluição por óleo;
f) coordenar a negociação dos acordos internacionais necessários à implementação e/ou execução do PNC; e
g) prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado.
60
XII - Ministério da Saúde: a) manter as Coordenações Setoriais e as autoridades locais
informadas sobre as condições sanitárias na área de um incidente de poluição por óleo;
b) adotar as medidas necessárias para redução dos efeitos de um incidente de poluição por óleo sobre a saúde da população; e
c) prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado. XIII - Ministério do Trabalho e Emprego: a) estabelecer atos normativos sobre segurança do trabalho do pessoal
empregado nas ações de resposta aos incidentes de poluição por óleo; b) estabelecer atos normativos para permitir o trabalho temporário, bem
como a concessão de visto correspondente, em caráter extraordinário, de mão-de-obra estrangeira especializada a ser empregada nas ações de resposta aos incidentes de poluição por óleo, nos termos da Lei no 8.745, de 1993; e
c) prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado. XIV - Ministério da Pesca e Aquicultura: a) fornecer informações de interesse sobre sanidade pesqueira e
aquícola; b) normatizar, em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente, as
atividades de aquicultura e pesca em cenários de incidentes de poluição por óleo; e c) prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado. XV - Ministério dos Transportes: a) facilitar o trânsito de materiais e equipamentos por via terrestre ou
aquaviária no território nacional; e b) prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado. XVI - Secretaria Especial de Portos da Presidência da
República-SEP/PR: a) divulgar e manter atualizadas as informações sobre a malha viária
de acesso aos portos e terminais privativos; b) definir os procedimentos que devem ser adotados pelos portos
públicos e terminais privados marítimos, para recebimento, movimentação e armazenamento de materiais e equipamentos a serem utilizados nas ações de resposta aos incidentes de poluição por óleo;
c) divulgar e manter atualizadas as informações a respeito das facilidades dos portos públicos e terminais privados marítimos para, eventualmente, serem utilizadas nas ações de resposta aos incidentes de poluição por óleo, quando do recebimento, movimentação e armazenamento de materiais e equipamentos; e
d) prestar apoio de pessoal e material, quando solicitado. XVII - órgãos federais, estaduais, municipais e outras entidades
públicas e privadas especialmente convidados: a) adotar mecanismos que atendam as situações relacionadas às suas
atribuições e responsabilidades individuais na resposta aos incidentes de poluição por óleo;
b) colaborar na articulação das empresas de petróleo para a mobilização de recursos humanos e materiais dos Planos de Emergência Individuais, de Área, Locais e Regionais e Planos de área, quando do acionamento do PNC; e
c) prestar apoio técnico, quando solicitado.
61
CAPÍTULO IV DAS AÇÕES DE RESPOSTA A UM INCIDENTE DE POLUIÇÃO POR ÓLEO
Art. 12. As ações de resposta a qualquer incidente de poluição por óleo são sempre de responsabilidade do poluidor.
Parágrafo único. No caso de navios, deverão ser seguidas as diretrizes da Convenção Internacional sobre o Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo - OPRC/90, que determina que todos os navios de bandeira de países signatários da referida Convenção possuam a bordo um Plano de Emergência Individual e lista de contatos relevantes em terra, conforme as disposições adotadas pela Organização Marítima Internacional para esse fim.
Art. 13. O PNC só deverá ser acionado no caso de incidentes de poluição por óleo, julgados de significância nacional pela Coordenação Setorial, segundo os critérios estabelecidos no art. 18 deste Decreto.
Art. 14. O acionamento do PNC deverá acontecer de acordo com as etapas e procedimentos descritos nos arts. 15 a 19 e segundo a árvore de tomada de decisões e a respectiva síntese constantes dos Anexos I e II deste Decreto.
Seção I Da comunicação do incidente
Art. 15. O comandante do navio, seu representante legal ou o responsável pela operação de uma instalação deverão comunicar, imediatamente, qualquer incidente de poluição por óleo ocorrido em águas sob jurisdição nacional, ao IBAMA e ao órgão ambiental estadual da jurisdição do incidente, à Capitania dos Portos ou à Capitania Fluvial da jurisdição do incidente e à ANP, independentemente das medidas tomadas para controle do incidente.
Parágrafo único. A comunicação inicial do incidente deverá ser efetuada na forma do Anexo III deste Decreto.
Art. 16. As instituições recebedoras da comunicação inicial do incidente de poluição por óleo, após verificação do ocorrido e definida a abrangência geográfica do incidente, deverão repassar as informações apresentadas à Coordenação Setorial correspondente e à ANP.
Art. 17. A partir da comunicação inicial, o poluidor deverá, no mínimo a cada doze horas ou sempre que se fizer necessário, fornecer informes de situação às autoridades indicadas no art. 15 deste Decreto.
Parágrafo único. O informe de situação deverá conter, no mínimo, as seguintes informações:
I - descrição da situação atual do incidente, informando se controlado ou não;
II - confirmação do volume da descarga; III - volume que ainda possa vir a ser descarregado; IV - características do produto; V - áreas afetadas; VI - as medidas adotadas e planejadas; VII - data e hora da observação; VIII - a localização atual, a extensão e a trajetória prevista da mancha
de óleo; IX - os recursos humanos e materiais mobilizados; X - a necessidade de recursos adicionais; e XI - outras informações julgadas úteis.
62
Seção II Do acionamento do PNC
Art. 18. Após o recebimento da comunicação inicial do incidente de poluição por óleo e de informe de situação, a Coordenação Setorial correspondente à localização geográfica do incidente, deverá realizar a análise da significância do incidente, classificando-a como nacional ou não, tendo por base, de forma isolada ou em conjunto, os seguintes critérios:
I - acidente, explosão ou incêndio de grandes proporções, que possam provocar poluição por óleo;
II - volume descarregado e que ainda pode vir a ser descarregado;
III - poluição ou ameaça significante a corpos d'água e outros recursos naturais importantes quanto aos seus usos identificados ou à saúde pública, economia e propriedades;
IV - sensibilidade ambiental da área afetada ou em risco; V - eficácia das respostas dos Planos de Emergência Individuais,
de Área, Locais e Regionais; VI - solicitação de ajuda do próprio operador da instalação, do
comandante do navio ou do poluidor; VII - possibilidade de o derramamento atingir águas jurisdicionais
de países vizinhos; VIII - poluidor não-identificado, em áreas não cobertas por
Planos de Área, Locais e Regionais; e IX - outros critérios julgados relevantes. Art. 19. A Coordenação Setorial correspondente à localização
geográfica do incidente de poluição por óleo, constatada a significância nacional do incidente, designará, por meio de sua autoridade máxima e ato específico, para avaliação e acompanhamento das ações de resposta adotadas no incidente, informando a Autoridade Nacional e comunicando o fato aos órgãos e instituições integrantes do Comitê de Suporte e seus representantes.
Parágrafo único. O procedimento descrito no caput deste artigo caracteriza o acionamento do PNC.
Seção III Da mobilização da estrutura do PNC
Art. 20. Acionado o PNC e havendo evidências de que os procedimentos adotados pelo poluidor não são adequados ou que os equipamentos e materiais não são suficientes, a estrutura do PNC será mobilizada, de imediato, pela Coordenação Setorial, por solicitação do Coordenador Operacional, para facilitar, adequar e ampliar a capacidade das ações de resposta adotadas.
§ 1o O Coordenador Operacional, no exercício de suas atribuições e responsabilidades, atuando sob o sistema de comando unificado de operações, solicitará ao Coordenador Setorial, quando achar oportuno, o apoio de pessoal especializado do Comitê de Suporte para compor a estrutura básica de sua coordenação.
§ 2o O Coordenador Operacional avaliará a capacidade de controle do poluidor sobre o incidente, propondo à Coordenação Setorial que o poluidor continue coordenando ações de resposta, utilizando-se apenas dos recursos humanos e materiais disponibilizados pelos órgãos e entidades que compõem o Comitê de Suporte do PNC, bem como dos mecanismos que atendam
63
as situações excepcionais e específicas relacionadas aos incidentes de poluição por óleo.
§ 3o O Coordenador Operacional manterá a Coordenação Setorial correspondente permanentemente informada, para o devido acompanhamento e avaliação das ações de resposta adotadas.
§ 4o A Autoridade Nacional será permanentemente informada pela Coordenação Setorial correspondente sobre as ações em andamento.
Seção IV Das ações do coordenador operacional na coordenação e comando das ações
de resposta Art. 21. O Coordenador Operacional, com apoio dos
coordenadores operacionais dos Planos de Emergência Individuais, de Área, Locais e Regionais, deverá buscar:
I - exigir, em ordem de prioridade, a segurança da vida humana, a proteção do meio ambiente e a integridade das propriedades e instalações ameaçadas ou atingidas pela descarga de óleo;
II - estabelecer um centro de operações; III - exigir e verificar as ações de resposta do poluidor; IV - exigir o apoio logístico e as condições de trabalho
adequadas para todo o pessoal envolvido nas ações de limpeza ambiental; V - exigir que os equipamentos previstos no Plano de
Emergência Individual, de Área, Locais e Regionais estejam disponíveis no local do evento e facilitar a mobilização de equipamentos adicionais;
VI - exigir que as áreas ecologicamente sensíveis sejam protegidas;
VII - exigir que a fauna seja resgatada por pessoal treinado e transportada para centros de recuperação especializados;
VIII - exigir a realização de monitoramento ambiental da área atingida;
IX - exigir e assegurar que as comunicações sejam realizadas adequadamente;
X - assegurar que sejam documentados e contabilizados todas as ações e recursos materiais e humanos empregados pelos órgãos governamentais;
XI - exigir e assegurar que os serviços de primeiros socorros e instalações médicas de emergência estejam disponíveis;
XII - exigir a adequada coleta, o correto armazenamento e disposição de resíduos gerados no incidente de poluição por óleo;
XIII - exigir que as tecnologias e as metodologias de resposta adotadas estejam em conformidade com legislação pertinente, e suas alterações;
XIV - manter a imprensa, as autoridades e o público informados da situação, estabelecendo, para tanto, quando couber, um centro de informações; e
XV - realizar reuniões diárias com os participantes do Plano para acompanhamento e controle das ações planejadas.
Art. 22. O Coordenador Operacional deverá efetuar os registros do incidente, a serem entregues à Coordenação Setorial correspondente, incluindo, no mínimo:
I - relatório técnico contendo a caracterização do incidente, os métodos e os procedimentos utilizados nas ações de resposta;
64
II - relatório das ações de comunicação social e institucional realizadas, incluindo os registros de comunicação ao poluidor, às autoridades, às comunidades envolvidas e ao público em geral, sobre o desenrolar das operações e desdobramentos do incidente; e
III - relatório financeiro-administrativo consolidado, tratando dos recursos humanos e materiais aplicados no exercício de sua Coordenação e dos custos envolvidos na operação, visando o registro e o posterior ressarcimento pelo agente poluidor.
65
CAPÍTULO V DOS INSTRUMENTOS DO PNC
Art. 23. A fim de atingir seus objetivos, o PNC contará com os seguintes instrumentos:
I - cartas de sensibilidade ambiental ao Óleo; II - centros ou instalações estruturadas para atendimento da
fauna; III - planos de ação dos órgãos ambientais federais, estaduais e
municipais para o caso de incidentes de poluição por óleo; IV - Planos de Emergência Individuais, de Área, Locais e
Regionais para combate a incidentes de poluição por óleo; V - programas de exercícios simulados; VI - redes e serviços de previsão hidro-meteorológica; VII - serviço de previsão meteorológica nacional; VIII - serviço meteorológico marinho; IX - Sisnóleo; X - termos de cooperação.
CAPITULO VI DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 24. As instituições componentes da Comissão Coordenadora do PNC e do seu Comitê de Suporte, dentro da área de suas competências, expedirão, isoladamente ou em conjunto, quando necessário, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, prorrogável por igual período, a partir da data de publicação deste Decreto, atos normativos visando disciplinar os procedimentos necessários ao cumprimento de suas atribuições e responsabilidades estabelecidas no PNC.
Art. 25. O IBAMA será responsável pelo desenvolvimento, implantação, operação do Sisnóleo, no prazo de 18 (dezoito) meses a partir da data de publicação deste Decreto, mantendo-o permanentemente atualizado.
Art. 26. Constitui fonte de recursos para implementação das ações de preparo do PNC, além das dotações orçamentárias de cada órgão envolvido, os recursos provenientes da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico-CIDE, nos termos do art. 1o da Lei no 10.336, de 19 de dezembro de 2001.
Art. 27. As instituições componentes da Comissão Coordenadora do PNC incluirão no Plano Plurianual do Governo Federal, na previsão de seus orçamentos, recursos financeiros específicos para implantação e manutenção das suas respectivas estruturas para cumprimento das atribuições previstas no PNC.
Art. 28. Os órgãos e instituições componentes do Comitê de Suporte do PNC informarão à Autoridade Nacional, para divulgação às Coordenações Setoriais, qual o setor, dentro de suas estruturas organizacionais, que será responsável pelo cumprimento das atribuições previstas no PNC, alocando os respectivos recursos humanos e materiais necessários.
Art. 29. As instituições componentes da Comissão Coordenadora do PNC implementarão no prazo de 12 (doze) meses a partir da data de publicação deste Decreto, programas internos de capacitação e treinamento para o seu pessoal envolvido no cumprimento das respectivas atribuições previstas no PNC, a partir da divulgação dos atos normativos previstos no art. 24 deste Decreto.
Art. 30. Caberá à Secretaria Nacional de Defesa Civil, em apoio direto ao Coordenador Operacional, efetuar a mobilização do Sistema Nacional de Defesa Civil-SINDEC e promover as articulações junto às entidades privadas para
66
obtenção dos recursos humanos e materiais necessários para facilitar e ampliar as ações de resposta.
Art. 31. As propostas de alterações do PNC serão encaminhadas ao Comitê-Executivo, a qualquer tempo, por qualquer órgão ou instituição do Comitê de Suporte, de forma fundamentada.
§ 1o Após apreciação pelo Comitê-Executivo, as propostas a que se refere o caput deste artigo serão submetidas à Comissão Coordenadora do PNC e, caso aprovadas, encaminhadas aos órgãos e instituições competentes para as providências necessárias.
§ 2o Independentemente das propostas individuais de alterações previstas no caput deste artigo, o PNC será revisado pelo Comitê-Executivo sempre que considerado necessário.
Art. 32. A Coordenação Setorial, quando julgar necessário, poderá requisitar de qualquer instalação os recursos humanos e materiais específicos para ações de resposta listados nos respectivos Planos de Emergência Individuais, de Área, Locais e Regionais, bem como outros que estejam disponíveis.
Parágrafo único. Os recursos a que se refere o caput deste artigo serão ressarcidos integralmente pelo poluidor.
Art. 33. O IBAMA deverá encaminhar à Procuradoria-Geral da República relatório circunstanciado sobre os incidentes de poluição por óleo, quando acionado o PNC, para permitir a propositura das medidas judiciais cabíveis, contendo no mínimo:
I - laudo técnico ambiental elaborado pelo órgão ambiental competente, instituição ou entidade credenciada, apresentando o dimensionamento do dano ambiental;
II - despesas com recursos humanos e materiais empregados por instituições e órgãos públicos nas ações de resposta;
III - laudo técnico elaborado por instituições e órgãos públicos competentes sobre levantamentos de danos socioeconômicos causados pelo incidente de poluição por óleo, bem como a identificação das ações de remediação, acompanhadas das respectivas estimativas financeiras; e
IV - os registros do incidente efetuados pelo Coordenador Operacional. Art. 35. O Ministério do Meio Ambiente – MMA estabelecerá, no prazo
de 180 dias contados a partir da data de publicação deste Decreto, procedimentos para o licenciamento emergencial de atividades imprescindíveis e solicitadas pela Coordenação Setorial, além de critérios objetivos e matriz de apoio à decisão para a utilização de métodos e técnicas de combate a poluição por óleo, para o uso de dispersantes e outros agentes químicos e para a queima controlada no local.
Art. 34. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, de de 20XX; XXXo da Independência e
XXXo da República.
67
ANEXO I
FLUXOGRAMA DE TOMADA DE DECISÕES DO PNC
1. Comunicação doIncidente
4. CoordenadorSetorial
CorrespondenteInformado
5. O Incidenteé de Significância
Nacional?
6. AçõesRestritas aos
Planos Existentes
7. Acionamentodo PNC,Designação do
Coordenador Operacionale Convocação do Comitê
de Suporte
12.O IBAMA Encaminha àPGR Relatório
Circunstanciado e a Coordenação Setorial
Acompanhaa Remediação
3. Verificação e Transmissão
daInformação
2. InstituiçãoRecebedora
8. Ações de Facilitação
e Ampliação da Capacidade
de Respostado Poluidor
Sim
Sim
Sim
Não
9. Os Planos ExistentesAtingiram a Suficiência?
11. A Condução dasAções de Resposta
é Adequada?
10. Mobilização da Estrutura do PNC
Não
Não
Sim
68
ANEXO II
SÍNTESE DE TOMADA DE DECISÕES DO PNC
1. Comunicação do incidente: o Comandante do navio ou seu representante legal, ou o responsável pela operação de uma instalação deverá comunicar o incidente ao IBAMA e ao órgão ambiental estadual da jurisdição do incidente, à Capitania dos Portos da jurisdição do incidente e à ANP.
2. Instituição recebedora: a instituição designa pessoa qualificada ou equipe técnica para verificação do incidente.
3. Verificação e transmissão da informação: o incidente é verificado e confirmada a sua localização geográfica. A informação é repassada à Coordenação Setorial correspondente.
4. Coordenador Setorial Correspondente: o Coordenador Setorial analisa a significância do incidente.
5. O incidente é de significância nacional: aplicação dos critérios de significância do incidente.
6. Ações restritas ao Plano de Emergência Individual ou ao Plano de Área: ações locais - o incidente foi considerado como não tendo significância nacional para fins de acionamento do PNC.
7. Acionamento do PNC e designação do Coordenador Operacional: o incidente foi considerado de significância nacional. O Coordenador Operacional é designado pela coordenação Setorial, deslocando-se para o local do incidente e o Comitê de Suporte é convocado.
8. Ações de facilitação e ampliação da capacidade das ações de resposta adotadas pelo poluidor: A Coordenação Setorial, por solicitação do Coordenador Operacional, viabiliza os recursos humanos e materiais necessários para facilitar e ampliar a capacidade de resposta do poluidor.
9. Os Planos atingiram a Suficiência: o Coordenador Operacional avalia se as ações de resposta adotadas pelo poluidor, após as medidas de ampliação da capacidade de resposta do poluidor adotadas pela Coordenação Setorial, tornaram os Planos suficientes.
10. Mobilização da Estrutura do PNC: o Coordenador Operacional avaliou que os Planos existentes não são suficientes e que a estrutura do PNC deve ser mobilizada, de imediato, pelo Coordenador Setorial, para facilitar e ampliar a capacidade das ações de resposta adotadas com recursos humanos e materiais disponibilizados pelos órgãos e entidades que compõem o Comitê de Suporte do PNC, bem como dos mecanismos que atendam as situações excepcionais e específicas. O Coordenador Operacional adota as medidas necessárias para que haja uma resposta suficiente para controle da situação por parte do poluidor.
11. Condução das Ações de Resposta é Adequada: o Coordenador Operacional avaliou que apesar dos Planos serem suficientes para controle da situação, a resposta não é adequada, devendo a estrutura do PNC ser mobilizada, de imediato, pelo Coordenador Setorial, para facilitar, adequar e ampliar a capacidade das ações
69
de resposta. O Coordenador Operacional adota as medidas necessárias para que haja uma resposta suficiente e adequada ao incidente de poluição por óleo por parte do poluidor.
12. O IBAMA encaminha à PGR Relatório Circunstanciado e Acompanha a Remediação. O Coordenador Operacional avalia a condução das ações de resposta do poluidor, como suficiente ou adequada, encaminhado os registros do incidente à Coordenação Setorial. O IBAMA encaminha à PGR Relatório Circunstanciado para permitir a propositura das medidas judiciais cabíveis, e a Coordenação Setorial acompanha a remediação.
70
ANEXO III
FORMULÁRIO PADRÂO DE COMUNICAÇÃO INICIAL DO INCIDENTE
1 - Identificação do navio ou instalação que originou o incidente:
Nome do Navio:
Nome da Instalação:
Sem condições de informar.
2 - Data e hora da observação:
Hora: ____:____ Data: ____/____/____
3 - data e hora estimada do incidente
Hora: ____:____
Data: ____/____/____
4 - Localização Geográfica da origem do incidente:
Longitude: ____º ____’ ____”
Latitude: ____º ____’ ____”
5 - Tipo de Óleo Derramado:
Tipo de Óleo:
Volume estimado de: ____ m3
Sem condições de informar
6 - Causa provável do incidente:
Sem condições de informar
7 - Situação atual da descarga:
paralisada não foi paralisada sem condições de informar
8 - Ações iniciais que foram tomadas:
acionado Plano de Emergência Individual
foram tomadas outras providências, a saber: __________________________________
não foi tomada nenhuma ação até o momento que seja do meu conhecimento.
9 - data e hora da comunicação
Hora: ____:____ Data: ____/____/____
10 - Identificação do comunicante:
Nome completo:
Função no navio ou instalação:
Telefone de contato:
11 - Outras informações julgadas úteis: