a formaÇÃo continuada a distÂncia: metodologias … · informação, de lazer, de relações...
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A FORMAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA: METODOLOGIAS DE ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Silene Godoy Takashe1
Diene Eire de Mello Bortotti de Oliveira2
RESUMO
O artigo em questão busca descrever e analisar a experiência realizada por meio do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná). Trata-se de uma intervenção junto a professores dos Cursos Profissionalizantes que atuam no Centro Estadual de Educação Profissional Professora Maria do Rosário Castaldi, no município de Londrina. A proposta surgiu a partir da constatação de que os docentes que atuam em tais cursos são profissionais liberais que atuam em muitos casos em empresas na iniciativa provada. Tal constatação levou-nos a uma problemática: Como prover a formação continuada de professores em seus espaços de trabalho? De que maneira a escola pode ser local de formação quando alguns docentes atuam em várias instituições e no ensino noturno impossibilitando sua participação mais intensa nos cursos de formação e reuniões pedagógicas? testar as possibilidades da educação a distância como possibilidade de formação e interação dos professores e outros profissionais que atuam no ensino profissionalizante. . Palavras-chave: Metodologia, educação a distância e Formação Continuada.
INTRODUÇÃO
A profissão docente foi ao longo do tempo tornando-se mais complexa,
dado o contexto social, econômico, político transformados vertiginosamente pelo
desenvolvimento científico e tecnológico. A sociedade atual atravessa um
1Docente da Secretaria Estadual de Educação do Paraná na Disciplina de Psicologia na área de Educação
Profissional. Docente da Secretaria Municipal de Educação de Londrina. 2Docente do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina. Mestre em Tecnologia pelo
CEFET-PR e Doutora em Educação pela UEM-PR.
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processo de transformação suscitado pela contemporaneidade e todas as
revoluções pelas quais tem passado, na qual se destaca a revolução tecnológica,
que afeta o modo como nos organizamos, como nos relacionamos e como
aprendemos. Uma das características desse processo é conceber o
conhecimento como um dos principais valores do cidadão, assim como a
capacidade de inovação e empreendimento que este possui. Mas, os
conhecimentos têm um caráter de caducidade, ou seja, o que aprendemos num
determinado momento da nossa vida tem uma utilidade relativa em função dos
avanços do conhecimento produzido pela investigação, o que nos obriga, mais do
que nunca, a uma atualização constante (GARCIA, 1999). Como consequência, a
ideia que se tinha há algumas décadas, onde acreditava-se que terminada a
graduação e, de que a formação inicial proporcionaria uma bagagem de
conhecimentos para toda a vida profissional, não é verdadeira.
Essas recomendações a respeito da formação ao longo da vida ganham
mais sentido principalmente para os professores, que têm de responder às
diferentes exigências que a escola de massa criou, e, entre os grandes desafios
que o profissional docente enfrenta o principal é o de manter-se atualizado e
desenvolver práticas pedagógicas eficientes.
A formação do professor não pode ser concebida somente no período de
formação inicial. Nesse sentido, Fiorentini (2003) e Castro (2003) apontam que o
saber docente é constituído de forma contínua, “no próprio processo de trabalho”.
Além disso, os autores acrescentam que não podemos conceber “o movimento de
formação do professor [...] isolado do restante da vida. Ao contrário está imerso
nas práticas sociais e culturais” (p.124).
A atividade educacional está sempre atrelada á função social da escola. Os
valores sociais estão se transformando, seguindo as exigências da sociedade.
Segundo Wittmann (apud Moreira, 2002, p.14) “As competências docentes, hoje,
demandam um processo continuado/qualificação ou contínua re (construção).”
Somente através da constante busca de aperfeiçoamento, de atualização e
principalmente, de uma identidade de educador em uma sociedade tão
conturbada em que o docente necessita ter mais de um trabalho para sobreviver é
que a educação se tornará, efetivamente, de qualidade.
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Os avanços científicos e tecnológicos são, em grande parte, responsáveis por mudanças que afetam a nossa vida como um todo: no campo do trabalho, da saúde, da engenharia, da genética, das ciências, da economia e da educação. No entanto, é no campo das tecnologias de comunicação e informação que grandes saltos são percebidos cotidianamente. A evolução dessas tecnologias tem influenciado novas formas de trabalho, de informação, de lazer, de relações humanas. Elas estão também modificando a forma de se fazer educação.(OLIVEIRA, 2010, p.1).
Neste sentido observa-se que é por meio da formação continuada que os
professores podem se aprimorar, pois, o momento histórico não é o mesmo, a
sociedade não é a mesma, não podendo a escola ficar estagnada.
Para autores como, Nóvoa (1991), Freire (1991) e Mello (1994) acredita-se
que a formação contínua do professor, a saída possível para a melhoria da
qualidade do ensino. Diante deste contexto, a formação continuada constitui-se
em uma tentativa de resgatar a figura do professor, que está carente de respeito,
devido a sua profissão, tão desgastada atualmente.
Desta forma, “Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A
gente se faz educador, a gente se forma como educador, permanentemente, na
prática e na reflexão da prática” (FREIRE, 1991, p. 589). Para o autor, a formação
permanente é uma conquista da maturidade, diz respeito à consciência do ser.
Quando a reflexão permear a prática docente e a prática da vida, a formação
continuada será exigência sine qua non para que o homem se mantenha vivo,
energizado, atuante no seu espaço histórico, crescendo no saber e na
responsabilidade profissional e pessoal de cidadão.
Para Freire (1996), reflexão é o movimento realizado entre o fazer e o
pensar, entre o pensar e o fazer, ou seja, no “pensar para o fazer” e no “pensar
sobre o fazer”. Nesta direção, a reflexão surge da curiosidade sobre a prática
docente, onde alerta que a curiosidade inicialmente é ingênua, no entanto, com o
exercício constante, a curiosidade vai se transformando em crítica. Dessa forma,
a reflexão crítica permanente deve constituir-se como orientação prioritária para a
formação continuada dos professores que buscam a transformação através de
sua prática educativa prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve
o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer.
Em face das demandas em relação ao fazer docente e às necessidades de
se pensar o processo de formação contínua de formação, emerge a seguinte
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questão: Como prover a formação continuada de professores em seus espaços
de trabalho? De que maneira a escola pode ser local de formação quando alguns
docentes atuam em várias instituições e no ensino noturno impossibilitando sua
participação mais intensa nos cursos de formação e reuniões pedagógicas?
Com base nas indagações acima, a presente estudo buscou testar as
possibilidades da educação a distância como possibilidade de formação e
interação dos professores e outros profissionais que atuam no ensino
profissionalizante.
Segundo, Moran (2002), a educação a distância é o processo ensino-
aprendizagem em que o professor e aluno interagem com a tecnologia, podendo
ser totalmente a distância ou semi-presencial.
Hoje temos a educação presencial, semi-presencial (parte presencial/parte
virtual ou a distância) e educação a distância (ou virtual). A presencial é a dos
cursos regulares, em qualquer nível, onde professores e alunos se encontram
sempre num local físico, chamado sala de aula. É o ensino convencional. A semi-
presencial acontece em parte na sala de aula e outra parte a distância, através de
tecnologias. A educação a distância pode ter ou não momentos presenciais, mas
acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no
espaço e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de
comunicação (Moran,2002).
Vários autores estudam EaD na sociedade contemporânea com objetivo de
favorecer a transformação de métodos tradicionais de ensino em uma nova
proposta pedagógica. Para Preti (1996) afirma que a EaD não deve ser
simplesmente confundida com o instrumental ou com as tecnologias a que
recorre, mas deve ser compreendida como uma prática de se fazer educação.
Belloni (1999) aponta que a EaD aparece na sociedade contemporânea
como uma modalidade de educação adequada e desejável para atender às
demandas educacionais oriundas da nova ordem econômica mundial
Para Lobo Neto (2001) discorre que a EaD deve ser entendida no contexto
mais amplo da educação e constituir-se em um objeto de reflexão crítica, capaz
de fundamentá-la.
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Pretto (2003) acredita que o desafio da EaD é o mesmo desafio da
educação como um todo e sua discussão precisa estar inserida nas discussões
teóricas da educação, bem como das políticas públicas.
Alonso (2005) afirma que a EaD não é algo isolado da educação em geral,
pois liga-se à ideia de democratização e facilitação do acesso à escola e não à
ideia de suplência ao ensino regular, nem tampouco à implantação de sistemas
provisórios. (Bortolozzo, 2010).
Segundo Machado (2010), a educação a distância sempre esteve na busca
da democratização da educação. Enfatiza que a EaD está em sintonia com o
mundo contemporâneo, com objetivo de atender as necessidades educacionais
da atualidade, através de redes de comunicação, via internet e ambientes virtuais
de aprendizagem – AVA.
A EaD oportuniza o desenvolvimento da autonomia do educando nos
processos de ensino e de aprendizagem. É entendida como modalidade
educacional que permite a busca por novos caminhos e no aprimoramento da
pratica educacional e profissional contribuindo para uma educação de qualidade.
Segundo a perspectiva de Bechara e Haguenauer (2010) dentre as
inúmeras ferramentas que a EaD oferece, a plataforma moodle, é a mais utilizada
no mundo para construção de ambientes virtuais de aprendizagem, um software
aberto, podendo ser baixado, utilizado e modificado gratuitamente. Garante
atividades que são particularmente importantes, são recursos para aplicação do
principal alicerce teórico da plataforma Moodle: o social construcionismo, que
pressupõe a construção do conhecimento através de um processo social e assim
incorporar estratégias de aprendizagem.
Para Franco, (2010), a palavra moodle tem dois significados: o primeiro se
refere a modular Object – Oriented Dynamic Learning Environment- Ambiente de
Aprendizagem Dinâmico Modular Orientado a Objeto e moodle em inglês é um
verbo que define como algo que se realiza agradavelmente com tranquilidade e
criatividade.
Como já mencionado, observa-se a grande dificuldade enfrentada pelos
profissionais/ docentes do período noturno em participar dos vários momentos de
formação continuada ofertados pela Instituição de Ensino, uma vez que atuam em
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outras empresas no período matutino e vespertino. Pela visível determinação dos
docentes, especialmente do CEEP Professora Maria do Rosário Castaldi que
enfrentam dificuldades em conciliar suas diversas atividades profissionais este
Projeto se propôs a testar as possibilidades da formação continuada na
modalidade a distância utilizando-se na plataforma moodle.
No Brasil, a temática da formação continuada de professores é
contemplada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96
em seu artigo 63, bem como o “aperfeiçoamento profissional continuado” em seu
artigo 67. Assim, as recomendações da nova lei tornam necessária a
implementação de investimentos, objetivando a melhoria da ação pedagógica.
Observa-se a necessidade de se formar professores que reflitam sobre a
sua própria prática, pois a reflexão será um instrumento de desenvolvimento do
pensamento, da ação e de desenvolvimento profissional.
Dessa maneira, o professor passa a ser visto como sujeito que constrói
seus conhecimentos profissionais a partir de sua experiência e saberes e por
meio de sua compreensão e (re) organização alcançados pela interlocução entre
teoria e prática.
A formação continuada é um processo que exige do professor a busca de
novos conhecimentos, sendo esta responsabilidade tanto do profissional quanto
das instituições de ensino. A formação se articula com os demais aspectos da
atuação dos docentes no seu contexto social de atuação, ética, condições de
trabalho, carreira, salário, jornada, avaliação profissional – que permitem
considerar a docência como uma profissão dinâmica, em constante
desenvolvimento, propiciando o desenvolvimento de uma nova cultura
profissional. Porém, se essa articulação não ocorre, as novas possibilidades
formativas, pensadas para responder ao dinâmico processo de mudanças sociais
e educacionais, acabarão apenas por adicionar mais atribuições à sobrecarga que
lhes são impostas na atualidade.
A formação profissional, em sentido amplo, está relacionada com o
desenvolvimento humano e a aprendizagem ao longo da vida. Neste sentido a
formação continuada de professores está relacionada, também, ao estudo
permanente e à troca de experiências profissionais em diferentes espaços.
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Segundo, Nóvoa (1991), os três aspectos: pessoais, profissionais e
organizacionais, são fundamentais no processo de viabilização de uma formação
contínua de qualidade. O desenvolvimento pessoal do professor mediante
formação crítico-reflexivo; o desenvolvimento profissional, ou seja, produzir a
profissão docente (identidade) a partir de questionamentos sobre a autonomia e
profissionalismo do professor face ao controle administrativo e às regulações
burocráticas do Estado; e o desenvolvimento organizacional, onde as inovações
não ocorrem sem que ocorram transformações na organização escola.
Procedimentos Metodológicos:
O estudo e implementação fora realizado no Centro Estadual de Educação
Profissional Professora Maria do Rosário Castaldi, localizada na avenida Arthur
Thomas,1181, Londrina, Paraná. A instituição oferta Ensino Médio e Educação
Profissional nas modalidades integrada ao ensino médio e subsequente,
funcionando nos três períodos: manhã, tarde e noite. No período matutino
funciona o Ensino Médio e os seguintes cursos profissionalizantes: Técnico de
Eletrotécnica, Eletrônica, Mecatrônica e Administração na modalidade integrada
ao Ensino Médio. No período vespertino atende ao Ensino Médio e Curso Técnico
em Administração na modalidade integrada ao Ensino Médio e no período noturno
oferece os Cursos técnicos em: Eletrotécnica, Eletrônica, Eletromecânica,
Mecatrônica, Química e Administração na modalidade subsequente.
Os docentes que atuam nos cursos técnicos citados acima são
provenientes de várias áreas, tais como: Tecnólogo em Eletrotécnica, Tecnólogo
em Mecânica, Engenheiro Elétrico, Engenheiro Civil, Engenheiro Mecânico,
Bacharel em Administração, Bacharel em Ciências Contábeis e Bacharel em
Química.
No primeiro momento elaborou-se o curso a ser desenvolvido na
plataforma moodle/UEL, totalizando quatro módulos. No segundo momento
iniciou-se o convite, a divulgação do curso e a inscrição junto aos docentes do
CEEP Professora Maria do Rosário Castaldi. No terceiro momento tratou-se da
execução do curso que fora realizado por meio plataforma Moodle/UEL, como
segue abaixo:
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MÓDULO/PERÍODO OBJETIVO CONTEÚDOS
Módulo I
06 a 12/11/2011
• Refletir os conceitos de
Didática e Metodologia no
processo de ensino.
Conceito de Didática e
Metodologia
Módulo II
13 a 20/11/2011
• Definir prática docente e
refletir acerca da escolha
das técnicas de ensino.
Método e Técnicas de Ensino
Módulo III
21 a 27/11/2011
• Identificar as
características, vantagens
e desvantagens das
técnicas de ensino.
Técnicas de Ensino
• Exposição oral
• Perguntas e respostas
• Discussão ou debate
• Philips 66
Módulo IV
27/11 a 03/12/2011
Ensino e aprendizagem na
Educação Profissional
• Compreender os critérios
para escolha das técnicas
de ensino na educação
profissional.
Técnicas de Ensino
• Trabalho em dupla
• Técnica da entrevista
• Aulas Expositivas
• Aulas Teóricas
Diretrizes da Educação
Profissional
A elaboração dos textos fora realizada pelas autoras, tarefa esta que exigiu
pesquisa, leituras e sistematização dos conteúdos a serem abordados. Um dos
desafios dos profissionais que atuam na EaD é capacidade de criar materiais ou
objetos e ambientes atrativos que estimulem os participantes à leitura.
Partindo desta premissa buscamos elaborar textos que levassem ao
exercício da reflexão e estimulasse o professor a buscar outras leituras a partir de
nossas sugestões. Os textos sempre iniciavam com questões do cotidiano do
professor, como: “Você sabe o que é didática? Você já deve ter ouvido a seguinte
frase: aquele professor tem domínio de conteúdo, mas não possui Didática. O que
significa isso?” A partir de tais indagações o texto era tecido, buscando tratar dos
conceitos científicos acerca do tema, mas ao mesmo tempo tendo a realidade
como ponto de partida.
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Em todos os módulos tínhamos a preocupação de criar um espaço
denominado “saiba mais”. O intuito era despertar a curiosidade pela leitura de
outros materiais e objetos.
Objetos de Aprendizagem são matérias educacionais com objetivos
pedagógicos que servem para apoiar o processo de ensino e de aprendizagem.
Podem ser: textos, slides, vídeos, simulações, materiais interativos, páginas Web,
sites, etc.
De acordo "são autores como Andino e Nascimento com objetos de
aprendizagem, objetos de aprendizagem são recursos digitais dinâmicos,
interativos e reutilizáveis em diferentes ambientes de aprendizagem elaborados a
partir de uma base tecnológica. Desenvolvidos com fins educacionais, eles
cobrem diversas modalidades de ensino: presencial, híbrida ou a distância;
diversos campos de atuação: educação formal, corporativa ou informal; e, devem
reunir várias características, como durabilidade, facilidade para atualização,
flexibilidade, interoperabilidade, modularidade, portabilidade, entre outras
(AUDINO E NASCIMENTO, 2010).
De acordo com os autores acima, os objetos educacionais ou denominados
objetos de aprendizagem podem ser utilizados em conjunto com qualquer outra
mídia digital (vídeos, imagens, áudios, textos, gráficos, tabelas, tutoriais,
aplicações, mapas, jogos educacionais, animações, infográficos, páginas web)
por meio da hiperligação.
No decorrer da elaboração tivemos a preocupação de munir o docente com
certa variedade de objetos. Em todos os módulos utilizamos vídeos relativos ao
conteúdos. Estes vídeos não foram produzidos pelas autoras, mas pela UNIFESP
(Universidade Federal do Estado de São Paulo), que democratiza suas produções
na web, por meio de portais como Youtube. Os vídeos foram extremamente úteis
para a compreensão do conteúdo, pois utilizavam uma linguagem clara e cenas
do cotidiano relativas ao tema tratado.
No primeiro módulo procurou-se conhecer os professores e socializar
fazendo questionamentos: Quem somos? Quais são os maiores entraves
encontradas para que o aluno realmente se aproprie do conhecimento? Em que
medida a metodologia utilizada pelo professor interfere no processo de
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aprendizagem do aluno? Neste espaço denominado fórum, buscamos conhecer
os professores, tempo de serviço, área de atuação, e suas concepções.
No segundo módulo apresentou-se um link com um vídeo de ensino
aprendizagem e um texto com métodos e técnicas de aprendizagem. Com base
nas discussões deste módulo, sugerimos que os docentes utilizassem em uma
das suas aulas, uma das estratégias apresentadas no texto, e que após sua
execução, elencassem as vantagens e desvantagens e como percebeu o
desenvolvimento da mesma.
No mesmo módulo, solicitamos ainda que elencassem as necessidades e
limitações em ordem de prioridade na execução do trabalho em grupo na
disciplina em que o docente ministra. Este espaço foi muito rico, pois possibilitou-
nos perceber que apesar de sua formação não ter se dado em cursos de
licenciatura (muitos dos docentes fizeram a formação pedagógica emergencial
ofertada pela SEED), possuíam uma clareza acerca de seu papel enquanto
profissional que forma outros profissionais para o trabalho na sociedade e que
apesar do empenho e motivação de ambos os lados (professor-aluno), o processo
de ensinar e aprender é permeado por inúmeras variáveis que dificultam tal
processo.
No quarto modulo buscou-se aliar os conteúdos da didática da Educação
Profissional, por sentirmos que se tratava de uma modalidade de ensino muito
específica que merecia uma discussão mais ampla.
Ao final do trabalho levamos os docentes a se auto avaliarem e também a
avaliar o curso e as possibilidades da EaD, mais especificamente do moodle
como ferramenta para formação e discussão entre os pares.
Algumas considerações
Buscamos por meio da formação continuada, proporcionar aos docentes do
envolvidos uma visão das metodologias e técnicas de ensino que podem ser
utilizadas no contexto da sala de aula, despertando interesse no aprofundamento
teórico acerca de seu trabalho.
Não é possível avaliar em que medida tal objetivo tenha sido alcançado,
pois necessitaríamos de mais tempo para tal análise. Em contrapartida, o fato de
estarmos na mesma instituição com estes professores no dia a dia, em horários
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de intervalos por meio conversas informais e também rem reuniões, possibilitou-
nos perceber o quanto o espaço da escola carece de discussões que sejam
realmente de cunho pedagógico. A rotina da escola e do professor tem de certa
forma, minimizado estes espaços e tempos, o que repercute na organização do
trabalho docente. Muitas vezes, em detrimento das condições materiais e
históricas este trabalho tem se restringindo um trabalho meramente técnico e
extremamente tradicional.
Como a sociedade passa por inúmeras transformações e inovações, assim
também deve ser o trabalho do educador que se propõe a lidar com o
conhecimento sistematizado pela humanidade preciso ser repensado. Desta
forma, é preciso criar alternativas e outros tempos e espaços para a formação
continuada do professor.
Como forma de testar tal experiência via moodle, observamos que houve
grande envolvimento e participação dos docentes. Dos 27 inscritos, 23
concluíram. O índice de desistência foi de 14%.
Entendemos que a formação continuada é fundamental para minimizar
lacunas e superar reducionismos acerca do trabalho docente.
É necessário criar ações que possibilitem a atualização do professor, frente
às dificuldades relacionadas ao ensino de novos conceitos, recursos, tecnologias,
que possam provocar mudanças qualitativas no trabalho no seu trabalho.
Entretanto, a realidade das instituições e as relações de trabalho e tempo dos
professores são complexas e não podem servir de simples justificativas para o
não envolvimento destes nas reflexões acerca do seu fazer.
Partimos da ideia que o tempo do professor na instituição é o momento da
aula propriamente dito. O tempo destinado à denominada “hora-atividade” é
insuficiente para promover a formação continuada. Portanto, as tecnologias de
informação e comunicação possuem potencial para contribuir na formação
continuada em tempo e espaço definidos pelos professores.
A experiência demonstrou que a EaD pode ser um mecanismo importante
e eficiente para a integração e formação de professores. A EaD tem potencial
para promover inúmeras formas de atualização, integração, aperfeiçoamento e
discussão entre os professores, visando uma reflexão sobre a prática pedagógica.
O desenvolvimento e formação continuada dos profissionais da educação é
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condição básica para o desempenho do trabalho profissional e melhoria do
trabalho docente em todos os seus aspectos: técnico, pedagógico, humano e
político.
Não podemos nos esquivar da necessidade a que esse processo nos
remete. A demanda por cursos técnicos cresce rapidamente, só na região de
Londrina existem 13 Colégios Estaduais ofertando diversos cursos como: Meio
Ambiente, Química, Enfermagem, Cuidador de Idosos, Edificações, Eletrotécnica,
Eletromecânica, Mecatrônica, Administração, Segurança no Trabalho com
professores sem licenciatura somente com graduação na área. A EaD poderia
servir de alternativa viável à formação continuada por meio da EaD.
Por meio dos relatos e comentários dos docentes percebemos uma grande
aceitação, comprometimento e responsabilidade em postar as atividades.
Concluímos que a plataforma moodle pode ser utilizada em vários cursos
de curta e longa duração na formação continuada de professor e outros
profissionais de educação.
Os dados colhidos ao longo do trabalho possibilitam inferir que o curso foi
bem aceito pelos docentes possibilitando aos mesmos refletir e questionar sua
prática como docente e seu papel na formação de profissionais para o mundo do
trabalho.
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