a formação de educadores do campo para uso das tecnologias digitais na educação
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1/4/2014 A FORMAO DE EDUCADORES DO CAMPO PARA USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA EDUCAO
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A FORMAO DE
EDUCADORES DO CAMPO
PARA USO DAS
TECNOLOGIAS DIGITAIS
NA EDUCAOPublicado em Educao por Pedagogia ao P da Letra no dia 23
de abril de 2012
Home Educao A FORMAO DE EDUCADORES DO
CAMPO PARA USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA EDUCAO
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1/4/2014 A FORMAO DE EDUCADORES DO CAMPO PARA USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA EDUCAO
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Resumo:
A Licenciatura em
Educao do Campo da UnB, LEdoC-UnB, busca construir um caminho
que signifique uma nova perspectiva de formao de educadores
vinculada s causas, desafios, cultura e histria de resistncia dos
povos do campo. Esse artigo tem como objetivo apresentar os
principais elementos desta formao, dando nfase s estratgias de
produo de conhecimento ligadas aos processos de comunicao e
s tecnologias da informao e da comunicao, utilizadas a partir da
criao da rea de conhecimento denominada Comunicao e
Tecnologias da Informao. Neste componente curricular os
educandos constroem conhecimentos acerca da educao mediada
por computador e a partir da produo de objetos de aprendizagem
vinculados sua realidade no campo.
Palavras-chave: Educao do Campo; Tecnologias de Informao e
Comunicao; Formao de educadores.
Introduo
notvel a necessidade de se construir novos rumos para a educao
do Sculo XXI. O modelo educacional utilizado, ainda hoje, em nosso
pas remonta quele construdo para atender s necessidades de
sculos passados. Muito se evoluiu de l para c em todas as reas
do conhecimento e os meios de comunicao sofreram grandes
transformaes influenciando, de maneira mais significativa, nas
relaes sociais e comerciais. Enfim, podemos dizer que o mundo
mudou rapidamente nos ltimos tempos e a educao tem se
transformado a passos muito lentos.
Por outro lado, apesar da importncia que o campo tem para a
sobrevivncia de todas as pessoas, muito se tem feito para o bem-
estar dos sujeitos que ali vivem, trabalham, estudam. A maior parte
das polticas pblicas se tem estabelecido voltada para o meio
urbano, bem como aquelas voltadas educao escolarizada. Assim,
ano aps ano, as pessoas so obrigadas a sarem do campo, local
onde construram suas razes, para estudar na cidade ou em outras
comunidades distantes, por falta de opes em suas prprias
comunidades.
Apesar disso, temos presenciado uma quebra do silenciamento1 sobre
o campo brasileiro nas pesquisas sociais e educacionais que acontece
a partir da mobilizao de educadores do campo organizados,
pesquisadores, universidades e educadores inseridos em movimentos
sociais espalhados por todo o pas, sujeitos esses que se colocam a
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servio da construo de uma verdadeira Educao do Campo, que
esteja vinculada a um novo projeto de nao para o Brasil.
Nesta perspectiva,
Este movimento de Educao do Campo est ajudando a produzir um
novo olhar para o campo. E faz isso em sintonia com toda uma nova
dinmica social de valorizao deste territrio e de busca de
alternativas para melhorar a situao de quem vive e trabalha nele.
Uma dinmica que vem sendo construda por sujeitos que j no
aceitam que o campo seja lugar de atraso e de discriminao, mas sim
consideram e lutam pra fazer dele uma possibilidade de vida e de
trabalho para muitas pessoas, assim como a cidade tambm deve s-
lo; nem melhor nem pior, apenas diferente; uma escolha. (UnB-FUP,
2009a, p. 5)
Uma destas iniciativas em prol de uma educao do campo
contextualizada, voltada para a construo e reconhecimento de
saberes plurais, tambm denominados por Boaventura de Sousa
Santos (MORAES, 2008, p. 20) como ecologia de saberes, a
Licenciatura em Educao do Campo, que j acontece em algumas
universidades pblicas brasileiras, dentre elas, a Universidade de
Braslia.
O texto que se segue o relato ainda preliminar do trabalho que
fruto de um projeto de pesquisa de doutoramento na rea de
Educao e Ecologia Humana da Universidade de Braslia. Como o
projeto est em andamento, ainda no possvel apresentar
resultados finais, porm vrios conhecimentos tm sido
desencadeados a partir do processo j iniciado e tencionamos
apresent-los neste paper. O artigo foi dividido em cinco partes em
que trato, em primeiro lugar, de fazer uma apresentao da
Licenciatura em Educao do Campo.
1 Termo utilizado por Arroyo, Caldart e Molina na apresentao do
livro Por uma educao bsica do campo, p.08, Petrpolis, RJ:
Vozes, 2004.
2-contextualizao.
Logo em seguida, ainda dando continuidade contextualizao,
trabalho o componente curricular denominado Comunicao e
Tecnologias da Informao no contexto da educao do campo e
justifico a necessidade da realizao da pesquisa ora apresentada.
Dando sequncia, trago o tema Formao docente para atuar com
educao mediada por computador, em que delimito a concepo de
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educao e de uso das tecnologias com as quais trabalhamos.
Mais frente, o leitor ter contato com uma explicao sucinta sobre
os procedimentos metodolgicos que esto sendo adotados nesta
investigao ainda em construo.
Por fim, so delineados limites e perspectivas das novas estratgias
formativas a partir do quadro retratado e das expectativas dos sujeitos
envolvidos na pesquisa e na formao como um todo.
A Licenciatura em Educao do Campo na UnB
Esta Licenciatura em Educao do Campo da Universidade de Braslia
LEdoC habilita educadores para atuarem nos anos finais do
Ensino Fundamental e tambm no Ensino Mdio, atravs de nova
estratgia de formao docente, cuja principal caracterstica
formao multidisciplinar, capacitando estes futuros educadores para
o desenvolvimento de prticas docentes em grandes reas de
conhecimento. Estes cursos tm como perspectiva a preparao de
educadores para uma atuao profissional que vai alm da docncia,
incluindo tambm a formao para a gesto dos processos educativos
que acontecem na escola e no seu entorno, bem como para produo
de materiais especficos para o trabalho em escolas do campo (UnB-
FUP, 2009a).
Uma das principais caractersticas diferenciadoras em relao a outras
licenciaturas que a metodologia, por ter como foco grupos sociais do
campo, utiliza-se da Pedagogia da Alternncia2, tendo diferentes
tempos e espaos formativos em sua execuo.
2- A Pedagogia da Alternncia atribui grande importncia articulao
entre momentos de atividade no meio socioprofissional do jovem e
momentos de atividade escolar propriamente dita, nos quais se
focaliza o conhecimento acumulado, considerando sempre as
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experincias concretas dos educandos (TEIXEIRA, BERNARTT
3-Existem os perodos de formao que acontecem na universidade
proponente, denominados Tempo Escola, e existem os perodos de
formao nas comunidades rurais das quais se originam estes
sujeitos, chamados de Tempo Comunidade, nos quais so
desenvolvidas prticas educativas em diferentes reas de
conhecimento, com a presena e o acompanhamento dos docentes da
universidade que responsvel por sua oferta. A intencionalidade
pedaggica desta metodologia oportunizar, durante a prpria
formao destes estudantes, a possibilidade de sua prtica como
agente de desenvolvimento rural nas diferentes reas de atuao para
as quais esto sendo preparados a atuar como futuros profissionais
(UnB-FUP, 2009b).
de suma importncia fazer esta contextualizao tendo em vista que
a Licenciatura em Educao do Campo, pelas especificidades que a
compem, carece de uma ateno especial s questes relativas aos
recursos utilizados nos processos educativos, que quase sempre no
so produzidos para e pelos sujeitos do campo e, normalmente, trazem
subjacentes ideologias que no casam com a identidade cultural e
social dos sujeitos envolvidos. Sobre este tema Arroyo traz uma
reflexo bastante pertinente, quando diz que:
urgente rever essa cultura e estrutura seletiva e perguntar: que
estrutura de escola dar conta de um projeto de educao bsica do
campo? A estrutura que tenha a mesma lgica do movimento social,
que seja inclusiva, democrtica, igualitria, que trate com respeito e
dignidade as crianas, jovens e adultos do campo, que no aumente a
excluso dos que j so to excludos. Tarefa urgentssima para a
construo da educao bsica do campo: criar estruturas escolares
inclusivas3 (ARROYO, 2004, p.86).
Enxergo, aqui, que quando Arroyo cita a necessidade de rever as
estruturas, fala no somente dos prdios fsicos, mas tambm de tudo
aquilo que circunda a escola do campo: prdio, distncia da escola em
relao aos discentes, professores da comunidade atendida, materiais
didtico-pedaggicos, enfim, tudo que inerente aos processos
educativos vivenciados na instituio escolar. Ele deixa isto bem claro,
quando diz que a questo que teremos de nos colocar : que escola,
que concepo e prtica pedaggica dar conta do direito educao
bsica (idem, p.73) desses sujeitos do & TRINDADE, 2008, p.229). 3
Grifo do autor.
4-campo? Tem havido, segundo o autor, um descompasso marcante
entre o avano da conscincia dos direitos, promovido pela
mobilizao dos movimentos sociais organizados, e a educao
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escolar propriamente dita. Ou seja, os sujeitos do campo sabem de
seus direitos, mas esses lhes so negados por uma srie de fatores,
dentre eles, a falta de formao para atuao nestas escolas do
campo.
O currculo da escola do campo precisa privilegiar os saberes
construdos por cada comunidade, mas precisa tambm ter como foco
os saberes necessrios a uma cidadania planetria, os saberes que
preparam para a produo e o trabalho, que preparam para a
emancipao, para a justia, os saberes que preparam para a
realizao plena do ser humano como humano (idem, p. 82-83 ) e que
lhe d o direito de se constituir cidado que deseja continuar no
campo e ter possibilidade de sobreviver e viver com dignidade a partir
do seu prprio trabalho e da sua prpria produo. Tambm sobre a
questo dos saberes nos falam Santos, Meneses & Nunes (2005)
quando arrazoam que:
Ao longo dos sculos, as constelaes de saberes foram
desenvolvendo formas de articulao entre si e hoje, mais do que
nunca, importa construir um modo verdadeiramente dialgico de
engajamento permanente, articulando as estruturas do saber
moderno/cientfico/ocidental s formaes nativas/locais/tradicionais
de conhecimento. O desafio , pois, de luta contra uma monocultura
do saber, no apenas na teoria, mas como uma prtica constante do
processo de estudo, de pesquisa-ao. Como Nandy (1999) refere, o
futuro no est no retorno a velhas tradies, pois nenhuma
tecnologia a neutra: cada tecnologia carrega consigo o peso do
modo de ver e estar com a natureza e com os outros. O futuro
encontra-se, assim, na encruzilhada dos saberes e das tecnologias.
(p. 54)
A escola do campo, na maioria dos casos, ainda prescinde do uso do
computador e da Internet por diversos fatores: falta de equipamentos e
conectividade, ausncia de formao dos docentes para utilizao
desta tecnologia, descaso dos governos em relao s escolas do
campo por acharem que no campo no seja necessria a utilizao de
redes digitais, caindo no debate simplista de que as escolinhas rurais
no precisam disto, enfim, preciso fazer um casamento dos saberes
locais com os saberes globais. preciso dotar de oportunidades de
conhecimento de mundo e de desenvolvimento as comunidades
campesinas, pois o ciberespao pode ser este interlocutor, trazendo
aos sujeitos do campo informaes que auxiliem na melhoria da
produo agrcola familiar.
5-os sujeitos do campo tenham que abandonar seu lcus de vivncia,
estudo e produo para ir em busca destes conhecimentos. O acesso
s informaes pela Internet pode melhorar a vida no campo, seu
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modo de trabalho, tcnicas de plantio e cultivo autossustentveis e
ecologicamente corretas, alm de trazer s prticas pedaggicas
inovaes que melhorem os processos educativos. Continuar a
escola a negar esta realidade?
Comunicao e Tecnologias da Informao no contexto da educao
do campo
Um grande passo para o avano das escolas do campo em direo ao
atendimento destas necessidades foi dado a partir da instalao de
Casas Digitais nas comunidades assentadas da reforma agrria, das
quais fazem parte os educandos da LEdoC, turma 2. A Casa Digital4
um telecentro equipado com dez computadores, mobilirio, impressora,
webcam e servidor, alm de tecnologia de transmisso de voz pela
Internet e o planejamento do Ministrio das Comunicaes que at o
final de 2010, cada comunidade que tenha um educando da LEdoC
Turma 2 receba uma Casa Digital.
Diante deste contexto, surgiram indagaes que nos fizeram refletir
sobre uma maneira de promover a incluso, na escola do campo, de
materiais didtico-pedaggicos digitais, tambm denominados objetos
de aprendizagem, que sejam voltados para a realidade citada e
produzidos pelos sujeitos que constituem esta realidade. Ainda dentro
desta perspectiva, inquieta-nos o fato de que escola do campo ainda
negado o direito a fazer parte de uma cibercultura, utilizando as
ferramentas computacionais para auxiliar na promoo da fixao dos
sujeitos no campo pelo desenvolvimento rural de suas comunidades.
Ao realizarmos uma aglutinao destes dois fatores cruciais, nos
apareceram os seguintes questionamentos que ora denominamos
questes de pesquisa: de que forma seria possvel a
construo/elaborao de materiais didtico-pedaggicos digitais e
objetos de aprendizagem pelos graduandos da educao do campo,
como elementos de sua formao, mas tambm como forma de
disseminao de informaes e
4 O projeto Territrios Digitais faz parte do Programa Territrios da
Cidadania. Os Territrios Digitais consiste na implantao de Casas
Digitais espaos pblicos e gratuitos com acesso a computadores e
Internet em assentamentos, escolas agrcolas, comunidades
tradicionais, sindicatos e Casas Familiares Rurais. Em 2008, sero
alcanados os primeiros Territrios da Cidadania. A partir de 2009 e
at 2010, a meta do projeto ter Casas Digitais nos 120 territrios do
Programa. Fonte: http://w.nead.org.br/index.php?
acao=princ&id_prin=67
6-conhecimentos s demais comunidades campesinas? Poderiam
estes materiais serem produzidos nas Casas Digitais de suas prprias
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comunidades, nos chamados Tempo Comunidade?
Pensamos nesta construo baseada na concepo trazida por
Santos, Meneses & Nunes (2005)
O conceito de construo aqui um recurso central para a
caracterizao do processo de produo tanto do conhecimento como
dos objetos tecnolgicos. Construir, nessa perspectiva, significa pr
em relao e em interao, no quadro das prticas socialmente
organizadas, materiais, instrumentos, maneiras de fazer,
competncias, de modo a criar algo que no existia antes, com
propriedades novas e que no pode ser reduzido soma dos
elementos heterogneos mobilizados para a sua criao. No faz
sentido, assim, a oposio entre o real e o construdo, tantas vezes
invocada para atacar os estudos sociais e culturais da cincia e da
tecnologia. O que existe conhecimento, objetos tecnolgicos,
edifcios, estradas, obras culturais existe porque construdo (2005,
p.42).
Desta forma, alm de dotarmos os sujeitos de informaes que
subsidiariam suas prticas pedaggicas, traramos a possibilidade de
atender a vrios desafios e propostas de ao elaborados a partir das
Conferncias por uma Educao Bsica do Campo (ARROYO,
CALDART & MOLINA, 2004, p. 165-174) . Quais sejam:
Debater o papel da educao no processo de construo do novo
projeto de desenvolvimento;
Multiplicar este debate em todas as escolas do meio rural e urbano e
nas demais instncia educativas;
Compreender as razes dos povos do campo (valores, moral, tradio,
etnias, festas, religiosidade popular, histrias da luta do povo,
smbolos, gestos, mstica) e incentivar produes culturais prprias,
sensibilizando a sociedade para valoriz-las;
Construir trabalho pedaggico, especfico e articulado, com tcnicos,
pesquisadores e educadores para que busquem conhecer e respeitar
os valores culturais dos povos do campo, de acordo com as suas
regies, tendo como eixo a Universidade Federal de Pernambuco
Ncleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educao-
7-construo do conhecimento e o processo participativo; Garantir
acesso cultura tecnolgica contempornea, desde que apropriada;
Fazer uma conscientizao dos povos do campo sobre seu direito
educao;
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Buscar apoio produo e divulgao de materiais didticos e
pedaggicos que tratem de questes de interesse direto das pessoas
que vivem no campo;
Propor aos pesquisadores que os resultados de seus trabalhos sobre
o campo sejam entregues s comunidades pesquisadas;
Constituir uma rede de educadores e educadoras do campo,
organizando um banco de dados com registros de experincias,
pesquisas, publicaes para facilitar o intercmbio das mesmas;
Reorganizar as formas, os currculos e os mtodos dos cursos de
formao de educadores/educadoras, para que atendam Educao
Bsica e Educao Especial, tendo como referncia a realidade do
campo;
Criar centros de educao permanente para educadores/educadoras
do campo;
Produzir e publicar materiais de apoio pedaggico s escolas do
campo;
Utilizar os espaos da mdia para divulgar o Projeto Popular Nacional.
Talvez, estes desafios sejam as melhores justificativas para se
construir um projeto de pesquisa desta envergadura. Da surge o
objetivo geral da investigao que : investigar de que forma seria
possvel a construo/elaborao de materiais didtico-pedaggicos
digitais e objetos de aprendizagem pelos graduandos da educao do
campo, como elementos de sua formao, mas tambm como forma de
disseminao de informaes e conhecimentos s demais
comunidades campesinas.
Para operacionalizar e tornar este objetivo geral factvel, traamos os
seguintes objetivos especficos:
Realizar levantamento de experincias, no Brasil e no exterior, de
uso do computador na educao do campo;
Construir uma proposta de estratgias e metodologias
transdisciplinares de produo de material didtico-pedaggico digital
baseado nos conhecimentos do campo e para os sujeitos do campo;
Produzir, juntamente com os sujeitos do campo, materiais
pedaggicos digitais nos Tempos Comunidade;
Promover a catalogao e divulgao destes materiais na Rede
Mundial de
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Computadores com a finalidade de subsidiar o trabalho pedaggico de
outras comunidades campesinas gerando, assim, a multiplicao de
experincias bem sucedidas e como forma de fortalecer a Educao
do Campo.
Pesquisar a atuao dos sujeitos em formao a partir da produo
e utilizao dos materiais produzidos.
Discutir todas estas questes e construir bases tericas que
respondam e subsidiem esta proposta de pesquisa requer trazer
estudiosos que tm escrito sobre temas de extrema relevncia para a
investigao que se intenta realizar. Deste modo, tentamos promover
dilogos entre os autores que mostram a importncia de se construir
alternativas de formao de educadores do campo subsidiadas por
prticas pedaggicas inovadoras, que tm como base uma educao
emancipadora, voltada para a realidade do campo e que seja pautada
nos paradigmas da complexidade e da transdisciplinaridade, visando a
formao integral dos sujeitos. Sobre esta formao, em sua proposta
de formao integral, Saturnino de la Torre e O. Barrios (2002)
concebem a formao como mudana e tm como referentes ou
pressupostos tericos da mudana como organizadora conceitual da
realidade e princpio de construo do conhecimento; a conscincia
como construto que faz presente o que estava ausente, visvel o
invisvel, possvel o imaginrio, a conformao ou tenso inferencial
que est na origem de toda mudana; a complexidade como qualidade
inerente ao, ao pensamento e sentimento humanos; a
comunicao como veculo de expresso e realizao. () a
comunicao, em seu sentido mais amplo, que nos humaniza (2002, p.
78 apud MORAES, 2008, p.215).
Formao docente para atuar com educao mediada por computador
preciso que os docentes se mostrem sensveis e atentos s
mudanas da sociedade, com uma viso transdisciplinar e com
capacidade de constante aprimoramento e depurao de ideias e
aes, isto , ao contrrio do que realiza a formao tradicional
(CASTRO, 2008, p. 59).
Oliveira (2006) tambm afirma posicionamento semelhante quando diz
que a compreenso das mltiplas relaes em que o indivduo est
inserido dever ter como proposta de educao um modelo
completamente diferente daquele que se tem caracterizado em nossa
sociedade, em que se compreende o fenmeno educativo como pura
transmisso do saber, colocando o aprendiz como mero receptor de
informaes, incapaz de desenvolver a criticidade sobre informaes e
saberes trabalhados, por isso mesmo, alheio necessidade de
transformao da realidade social vigente. Tambm Freire (1996)
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afirma que:
A Educao que se impe aos que verdadeiramente se comprometem
com a libertao no pode fundar-se numa compreenso dos homens
como seres vazios a quem o mundo encha de contedos; no pode
basear-se numa conscincia espacializada, mecanicistamente
compartimentada, mas nos homens como corpos conscientes e na
conscincia como conscincia intencionada ao mundo. No pode ser a
do depsito de contedos, mas a da problematizao dos homens em
suas relaes com o mundo (p.67).
No meu ponto de vista, a formao docente precisa restituir ao
educador a possibilidade de controlar seu trabalho, de construir seu
saber, de buscar a funo social da escola onde ele atua, de definir
com que concepo de educao ele trabalha, o que exige, segundo
Arroyo (2000), a redefinio da funo do especialista (docente),
supostamente responsvel pelo controle do produto e da funo social
da escola e que na sociedade atual necessita se situar em um novo
paradigma, com novos sujeitos envolvidos, que pensam diferente, se
relacionam diferente e aprendem diferente daqueles aprendidos na
maior parte dos cursos de formao docente.
As tecnologias de informao e comunicao, e em especial o
computador e o acesso Internet, tm proporcionado aos
indivduos novas formas de aprender e de pensar. A expanso de
possibilidades nessas formas de aprendizagem no prescinde da
relao educativa e do importante papel do mediador/facilitador como
articulador dos saberes a serem construdos pelos sujeitos (CASTRO,
2007, p. 92). O papel do educador precisa se transformar assim como
e com tanta velocidade quanto se transformam as formas de
aprendizagem.
O professor , em sua essncia, um pesquisador e deve ser um
constante aprendiz, deve ser um formulador de problemas e dvidas
que incitem os educandos, deve ser um parceiro. Segundo Fagundes
(2006), as novas funes do educador so exigentes: ele precisa
tornar-se um orientador confivel, um negociador nas buscas de
problematizao e testagens das informaes disponveis nas fontes
da rede mundial e, sobretudo, nas buscas de novas respostas. Para
Moraes (1997) a qualidade educativa possvel, pois, as
instrumentaes eletrnicas, se adequadamente utilizadas em
educao, podero se constituir em ferramentas importantes capazes
de colaborar para a melhoria da qualidade do processo de
aprendizagem, estimulando a criao de novos ambientes
educacionais e de novas dinmicas sociais de aprendizagem,
colaborando, assim, para o surgimento de certos tipos de reflexes
mentais que favorecem a imaginao, a intuio, a capacidade
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decisria, a criatividade, aspectos estes fundamentais para a
sobrevivncia individual e coletiva (MORAES, 1997, p. 09).
Moran (2004) traz o relato de que durante muito tempo o computador
foi utilizado apenas como ferramenta de apoio ao professor e ao
aluno. As atividades principais continuavam tendo como centro a fala
do professor e a relao com os textos escritos. Era como se a
situao tradicional, conservadora e conteudista fosse transportada
para o computador. Os casos em que professores continuam usando o
computador nesta perspectiva ainda so muitos, e diversos tambm
so os que ainda resistem entrada do computador, da Internet e de
diversas mdias digitais nos processos educativos. O trabalho com
tecnologias digitais de comunicao e expresso implica mudanas
que no passam apenas pelo querer dos docentes, passam por todo o
sistema e dependem, para terem sucesso, de transformao na
organizao da escola e dos espaos educativos, na dinmica de sala
de aula (o que tambm tem a ver com o nmero de alunos por turma),
no papel do educador e dos educandos e na relao de todos eles
com o conhecimento.
Um ponto crucial que Valente questiona sobre a formao dos
professores nesta rea, ele lana a pergunta:
Sem o conhecimento tcnico ser possvel implantar solues
pedaggicas inovadoras e vice-versa; sem o conhecimento
pedaggico os recursos tcnicos disponveis sero adequadamente
usados? (2005, p.23)
A estes questionamentos ele mesmo responde que necessrio se
observar dois aspectos importantes na implantao dessas
tecnologias na educao:
Em primeiro lugar, o domnio do tcnico e/ou do pedaggico no deve
acontecer de modo estanque, um separado do outro. O melhor, de
acordo com Valente (op. cit.), quando os conhecimentos tcnicos e
pedaggicos crescem juntos, simultaneamente, um demandando
novas ideias do outro.
O segundo aspecto diz respeito especificidade da cada tecnologia
com relao s aplicaes pedaggicas. O educador deve conhecer o
potencial que as tecnologias e mdias tm a oferecer e como pode ser
explorado nas situaes educativas.
Ainda para Valente (2005), a experincia pedaggica do educador
que vai fazer com que ele indague se o uso do computador est ou
no contribuindo para a construo de novos conhecimentos. o
docente que vai compatibilizar as necessidades dos educandos e os
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objetivos pedaggicos traados pelo coletivo envolvido.
Procedimentos metodolgicos
A compreenso da cincia como uma atividade que parte da cultura
e que tem uma histria central para dar sentido s aes
desenvolvidas pelos investigadores. De fato, por muito objetiva que
se pretenda que seja qualquer investigao, esta nunca neutra, pois
a formulao das hipteses, a seleo das abordagens, as linguagens
e imagens utilizadas para a realizao e interpretao dos resultados
da investigao so inseparveis das influncias culturais que os
cientistas incorporam e que as instituies e polticas cientficas
contribuem para reproduzir ou transformar. (SANTOS, MENESES, &
NUNES, 2005, p. 57)
Por acreditar que em uma pesquisa no h neutralidade, como bem
arrazoam Santos, Meneses & Nunes (idem), esta pesquisa se pretende
transdisciplinar e participante, com envolvimento direto dos sujeitos
pesquisados e pesquisadores. Transformando o movimento de ao-
reflexo-ao um constante ciclo de mudana e desenvolvimento do
sujeito coletivo envolvido.
O prprio ato de conhecer, como no se cansaram de nos lembrar os
filsofos ligados ao pragmatismo, uma interveno sobre o mundo,
que nos coloca neste e aumenta a sua heterogeneidade. Diferentes
modos de conhecer, sendo necessariamente parciais e situados, tero
conseqncias diferentes e efeitos distintos sobre o mundo. (SANTOS,
MENESES, & NUNES, 2005, p.42)
A inteno primeira nesta investigao a de desenvolver uma
pesquisa de base terico-epistemolgico-metodolgica transdisciplinar
(MORAES & VALENTE, 2008). Assim sendo, convm explicitar que a
presente pesquisa se prope: construtivista, interacionista fundada na
intersubjetividade dialgica, dinmica, no-linear, interativa,
sociocultural, afetiva, transdisciplinar e aberta.
Desse modo e para trazer a discusso ao campo da prxis, estamos
realizando, inicialmente, uma pesquisa bibliogrfica que servir de
base para a construo da prtica pedaggica e auxiliar no
levantamento de estratgias que possam auxiliar na produo dos
materiais digitais.
Tambm est sendo realizado um levantamento de experincias, no
Brasil e no exterior, de uso do computador na educao do campo que
nos auxilie na construo das estratgias metodolgicas que
permearo esta investigao.
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Neste mesmo perodo, concomitante pesquisa bibliogrfica e
pesquisa por experincias nesta rea, est sendo realizada uma
investigao acerca das comunidades e educandos que fazem parte
da pesquisa, de modo a realizar um levantamento das especificidades
destes para que o trabalho seja contextualizado.
Em concomitncia a estes levantamentos, vem se constituindo o
sujeito/pesquisador coletivo junto s comunidades em que se
concretizar a pesquisa propriamente dita. A partir dessa constituio
a pesquisa passar a ser do pesquisador coletivo, inserido em uma
investigao-ao em que pesquisador e sujeitos se entrecruzem
numa relao dialgica de investigao e produo de conhecimento.
E onde o objetivo maior passa pela mudana da situao atual, a
transformao de forma libertadora e crtica (BARBIER, 2004).
Limites e perspectivas das novas estratgias formativas
At o presente momento, a pesquisa tem se desenvolvido nos
chamados Tempo Escola, em que os estudantes esto presentes
fisicamente na Universidade, e que os componentes curriculares so
trabalhados a partir da matriz curricular delineada. A turma escolhida
em que est acontecendo a pesquisa a denominada Turma 2 e que
encontra-se neste momento, em seu quinto Tempo Comunidade. Esta
ocorrncia se deve ao fato de que as Casas Digitais das comunidades
envolvidas esto em fase de implantao e implementao, o que
ainda dificulta a pesquisa in locu.
A perspectiva que at o prximo Tempo Escola da turma investigada
as Casas Digitais tenham sido completamente implementadas, quando
passaremos prxima etapa da pesquisa. Alm disso, com a
implementao das Casa Digitais um novo espao de interao e
construo de conhecimentos poder concretizar, ou seja, o
ciberespao e a utilizao das redes sociais e dos ambientes virtuais
de aprendizagem podero se tornar: novos espaos de interao,
espaos de autoria, de divulgao de suas produes, de pesquisas,
enfim, os educadores em formao podero usufruir da Internet e seus
recursos tambm como espaos de formao. J est instalado e
sendo preparado para uso do ciberespao como mais um espao
formativo o Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle, que servir de
aporte para os dilogos diversos necessrios ao trabalho no Tempo
Comunidade, seja espao para relaes internas da Licenciatura ou
mesmo para divulgao de suas aes na rede Web, o que
possibilitar contatos com pares em localidades as mais diversas.
Torna-se necessrio destacar, ao pensarmos em trazer os resultados
obtidos at o momento, que os sujeitos envolvidos na pesquisa, em
sua quase totalidade, nunca haviam utilizado um computador antes
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das experincias desta formao. Os processos desencadeados at o
momento e a partir do componente curricular Comunicao e
Tecnologias da Informao so: aulas nos quatro semestres letivos
que desencadearam a capacidade de: criao de apresentaes em
editores para este fim; produo de vdeos a partir de filmagens
amadoras ou de programas com utilizao de imagens; utilizao das
novas tecnologias de informao e expresso nas aulas e
apresentaes de seminrios; registro das realidades vivenciadas no
campo e a partir de sua cultura com apoio do computador;
armazenamento de arquivos diversos na Web. Vale lembrar ao leitor
que antes das referidas aulas a capacidade de expresso relacionada
a elementos de sua cultura como dana, msticas, msica era apenas
fsica e agora, com apenas quatro semestres de trabalho em uma rea
que traz uma carga horria nfima, em comparao aos demais
componentes curriculares, os educandos desenvolveram a capacidade
de expresso pelos meios digitais, o que potencializa e promove a
divulgao s expresses de sua cultura.
O caminho at a concluso desta pesquisa ainda longo e tortuoso
devido a inmeros fatores que esto bem mais relacionados
excluso histrica pela qual passam os sujeitos envolvidos do que pela
resistncia ou pela falta de habilidade inicialmente apresentada.
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Comunicao; Formao de educadores
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Autor: Wanessa de CASTRO
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FICHA DE
ANAMNESE
HENRI WALLON:
UMA CONCEPO
DIALTICA DO
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