a geração de 30 (verso) - prof. kelly mendes - literatura
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Modernismo
2ª Geração (1930 – 1945) - POESIA
CONTEXTO HISTÓRICO
•Era Vargas•Bolsa de Nova Iorque•II Grande Guerra Mundial•Comunismo
CARACTERÍSTICAS GERAIS
•Reconciliação•Amadurecimento das conquistas de 1922•Pesquisa estética e culto ao verso livre•Construção e politização poética, não se afastando das transformações sociais•Questionamento da realidade, o artista enquanto indivíduo
Sua obra atravessa todas as possibilidades da poesia. Os
problemas do mundo, a saudade de Minas Gerais, a existência,
repetições propositais, cotidiano, questionamento crítico, o
apelo social.
Alguma poesia; José; A Rosa do Povo; Claro Enigma;
Poesia Completa; Confissões de Minas; Autorretrato e
outras crônicas;
“Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
Não direi os suspiros ao anoitecer,
a paisagem vista da janela.
Não distribuirei entorpecentes ou
cartas de suicida,
Não fugirei para as ilhas nem serei
raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria,
o tempo presente, os
Homens presentes, a vida presente.”
(Mãos Dadas)
Title
Poema de Sete FacesCarlos Drummond de Andrade
“Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar
nem me espantei por perder. A noção ou
sentimento de transitoriedade de tudo é o
fundamento mesmo da minha personalidade.”
OBRA:
Espectros;
Baladas para El-Rei;
Vaga Música;
Romanceiro da Inconfidência;
Antologia Poética;
Corrente espiritualista (neossimbolista), intimismo,
misticismo, introspecção, viagem interior, sonho, fantasia,
solidão. Efemeridade e fugacidade. Redondilhas menores
e/ou maiores. Passado, natureza, beleza física, a vida.
MOTIVO
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
– mais nada.
Sensualismo erótico,
“carpe diem”,
Classicismo (sonetos),
poesia social,
MPB (Bossa Nova),
Teatro (Orfeu da Conceição),
música infantil.
Poemas, Sonetos e
Baladas; Livro de Sonetos;
A Arca de Noé;
Rosa de HiroshimaVinicius de Moraes
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
Análise linguística literária
Rimas toantes e versos pentassílabos;
conteúdo social, voltado aos
acontecimentos do seu tempo;
metáfora da bomba: rosa, mas vista
de maneira negativa (estúpida,
inválida, sem cor, sem perfume);
função social da poesia: alertar para
os horrores da guerra;
questionamento acerca dos rumos
que toma a humanidade, a partir da
experiência da guerra.
A quem se dirige a voz poética?
Semântica de “rosa”;
Rosa hereditária;
Manifesto pacifista – poema-
denúncia;
“Meninas cegas, inexatas; Mulheres
– rotas alteradas”
Redondilhos, rima
toante, elaboração de
cenas da guerra
Centro do poema,
pense na bomba
Hexassílabos interligados,
uma única bomba –
sinérese.
Redondilhos iniciados por
consoante, consequências
da guerra
“De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.”
(Soneto de Fidelidade)
FELICIDADE
Tristeza não tem fimFelicidade sim...
A felicidade é como a plumaQue o vento vai levando pelo ar
Voa tão leveMas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar.
A felicidade do pobre pareceA grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiroPor um momento de sonho
Pra fazer a fantasiaDe rei, ou de pirata, ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira.
Guerra, realidade social, religiosidade, poemas-piada,
humor.
Poemas; A poesia em pânico; As Metamorfoses;
Mundo Enigma; Poesia Liberdade;
“A poesia não pode nem deve ser um luxo para
alguns iniciados: é pão cotidiano de todos, aventura
simples e grandiosa.”
“Mamãe vestida de rendas
tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Caiu no álbum de retratos.”
(Pré-história)
A morte, a desilusão, o pessimismo, a angústia,
realidade imprecisa, amargura: dissolvidos em névoas
na cidade que adotara, Porto Alegre.
Melhores Poemas; A rua dos cataventos;
Canções; Sapato florido; Poesia Completa;
“Quando eu for, um dia desses,
poeira ou folha levada
no vento da madrugada,
serei um pouco do nada
invisível, delicioso”
(O Mapa)
“Antes, todos os caminhos iam.
Agora, todos os caminhos vêm.
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.”
(Envelhecer)
O AUTORRETRATO
No retrato que me faço- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisasde que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existemmas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?Um desenho de criança...Terminado por um louco!