a herança intelectual da sociologia (24032010)

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  • 8/2/2019 A Herana intelectual da Sociologia (24032010)

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    1Aher an '; B I nt ele c fus l d a Soci olog ia "

    Flores tan Fernandes

    A Soeiologia nao se tanita ao estudo das coudi; ;oo d.e exlstencia social doss er es h um a no s. T o da vl a, e ss a consHtil i .i ipor~fio~maii i l 'a l ie lnante PU l m p o n a n 1 e - d eseu'oOje1o-:eaqucla que alimental) a propn i i preocupa~ilode;i j:i l icafOpont(j(fYiS(Iicientlfico a ooscrviUy30e it e x p l i c a ;; lo ' d i: ii ; f e n 3 m e n o s ' s oC ii iS : -O ra , no s e fal i iroohomem, como objeto de indagacbes especificasao-pemii'iiiento,e lmpossivel fixar,c 6 in e xi it fd 5 ii , o n de I ai s i n d a g a , ; o e s s e i ni ci am e q ua is s ao os seus l imi te 'S .Pode- se ,no maximo, d ir er q u e e ss a s i n da g ac be s c ome eam a a d qu i ri r c o n. si st en c ia c ie n ti fi cano msndo modemo, gracas a extensao dos principlos e do metoda da dencia a . in-vestiga9ao das comiil;oes de existencia social dos seruiiliurUanos:'Sof) o u l i o s a s p e < : >fof,'jlne'disseqlie onoiriemsijiripfefoi o-prliidrlill'objetodi ciirfosidade humans.Atras do mite da Religiso Oil da Filosof ia sempre se acha um agente humane, quese preocupa, fundamental e primariamente, com questoes relativas it origem, avida e ao destine de seus semelhantes.

    Por isso, scr ia vau e improficuo separar a Sociologia das condicoes historico-socials de existencla. nas quais ela se tornou intelectualrnente possivel e necessaria.A Sociologia nao se afinna primciro como explicacao cientlfica e, somente depois,como forma cultura l de concepcao do mundo . Fo i 0 inverso 0 que sedeu ; '; a r ealidade, Ela nasce .e se desenvolve como nm dos floresclmentos intclectuais maiscomplicados das siruacces de existeacia nas modernas sociedades industria ls e dec l a s s e s . E seu progresso, lento niisc.QnHnuo, 110 seniido dosatier clentlfico-pos lhvQ, tambern se fax sob a pressso das exigendasdessas sHuu9bes rlecxTsfailda,q"tieTmfmseram tanto ao pensameuto prati .cQ, quanto 110 pensarnento teorico,tarefas demasiado complexus para as Iorrnas pre-cientificas de conhecimento.Dai a posicao pecul iar C Ia Socio log ia na formacao intelectual do mundomoderno. Os pioneiros e Iundadores dessa disciplina se caractcriz arn menos pelo

    exercicio de atividades intelectuais socialmente diferenciadas, que pela par tidopacao mais ou mcnos ativa das grandes correntes de opiniao dominantes na epoca,seja no t e - r r e n Q da ref iexao ou ciapropagacao deideias, seja no terrene da a\ao. Asambi~~oesntelectuais de a u to re s c omo S a in t -S imon , C om te , P ro u dh o n e LePlay,ou de Howard, Malthus e Owen, ou de yo n Stein, Marx e Riehl iarn alem doco-nheeimento positive da realidade social. Conservadores. reformistas Oil revolu-cionariosvaspiravam Iazer do conhecimento sociologico urn instrumento da acao.(i.) ~h1J'..stan Feraaudes, Ensaios de sociologia gerai eaplicada (cap. 8: "A heranca inteleetual d.

    Sociologia"). Livraria Pioneira Editora, Sa o Paule. 19(1),PI{ 27389. Reprodazido com a\Ji

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    12 - A Sociologia como cienciaEo que pre tendiam modif icar nao era a natureza humana emgera l, mas a propr iasociedade em que viviam.. E x i s t e , portanto, fun'damento razoavel para a interpretacao segundo a, qua l aS o c io l og ia c o n st it u i um p r od u to cultural d a s f erm en t ac o es i n te le c tu a is p ro v o ca d a sI pelas revolucoes industrials e poll t ico-sociais , que abalaram 0mundo oeidentali ' i l lo( fer~o. -1JeTato:as-ocioJOgi ini iQse1:mpoScl i' lvi r tude di fnecess idides'16g iCas,

    I pressentioas ol.rfoffuuliiaas a p a rt ir da e vo lu ca o i nt er na do sisteriia da i ) CiC 'nc ias: Autiica d i sc ip l in a c ie n ti fi ca q u e t>bdel ia te l ' I joncoitido; d i fe t ame ti tc , pa ra Iici'ia~aoda Soeiologia, e a Biologia. Bnt re t anro, aiada hole a Biologia opera com organis-rno s ab straldos do meio reat de existsncta , Apesar de to r posto em evidencia 0papel da eompeticao e do confl i to na formacao de comunidades e n a " Iu ta pelavida" continua a ignorar as inf lu@ncias presumivc is da organizavl lo social nadiferenciavao e n a e vo lu ca o d a s e sp ec ie s.I sso quer direr que 0desenvolvimento do sis tema das ciencias se tern proces-sado sob 0 influxo de dl i iS 'ordens de Iatores. Uma, "de'nifureu'cespecfffcamentepositivo-raeional, llgada com aseii~nchls'aaproprja r i iard ia~das-Invest iga~&sc~ent1~icas:?utra,

    A heranca intelectual da Sociologia - 13o desenvolvlmento da Soeiologia na epoca, A esse respelto, seria conveniente eon-s iderar: I?) as relacoes da ernergencia da Soeiologia com osefei tos intelectuais dosprocesses de secula ri zaeao dos modes de coneeber e de e rpli ca r 0munde: 2?) asreperc\lssoesoas tenoBliclas d e i a C i o i i a l i i ii ~ " a o e a o s m c i v i m e - n f O i ; - s o c l a l s na deli-!l1ita~ao do horlzonte intelectuiil1fospfoneiros ou dQS fu i idaaoreida $ociologia;3 ?} a natureza d o s m o ti v os e d a s a U l b i~ o o s i n t el ec tu a is , i n er e nt es a s p r im e ir a s t en -tat ivas de. aproveitar os princlpios do conhecimentc cient ifico na ex~ljca~aQ davida humana em socledad~. ---.-.---- -.,.--,," ..- .. - -- ,,_ - .- - A e x P l i C a ~ A o s o C l o f 6 g i ~ a e xig e, C Or nO requisite essencial, um est ado de es -pirifo- que perro1ta enienaC'f1fV1Ciaeifisocieoaai.n;omifes{an(fo s\lbmeuifa a uni1io . fd e m , pmduZida pelo pfSj5noeonc'i'-rsodiscotfdr~s~ f i i t 6 r e s e p r o o u l o s d a " v i d i is OC l~ 1s so ;1 ale sl.id Q(r ee sp lf fio iilo "s o " (:anterior ao' i ipai:ecimiii i t i' i -dU:-{).clOlogia:; como representa uma Clara -necessaflaa:"sua elabora~ao: No" n l ii n a6 mmoderno,-pel(rqti( fseli l ibe;-elese'coiistiruhigta~a!;-a-UeS~gregal; ' iI t i" i1a sociedadefeudal e it evolu~ao do sis tema capital is ta deproducao, com sua economia de mer-ca do e a c o rr es po n de n te e x pa n sa o d a s a ti vi da d es u rb an a s. e que estes d'oi sp roce s -50S htstor ico-sociai s se desenrola ra rn de modo a amp l ia r, eontinaamente , a s es-Ieras da existencia nas quais 0 ajustamento dinamico a s sltuacoes socials exigia orecurso cresceute a a ti tudes secula ri zadas de apreciacao dos moveis das ar;-Oeshuman as, do significado dos valores e da eficiencia das instituicoes,

    No plano puramente intelcctual , a secularizacao dos modos de conceber e deexplicar o mundo esta relacionada corn traiisforlria~oes ri iulcaisdiii i ientalio.wiiP:edia:-U'''ffiHto mals"noUive! e caract"ei'isUco'dcis"sas translori:i ia~ocscorisiste-iioaTii'rgame(lto do ambito da percepcao soc ial alern dos lirnites do que era sanc io-i};l.dopeia.lriidii;ilo, peJ i iR i il i gi l fo ( ju l,t'laMdiflsk.a.Todosujeito p e r c e b e 6 n 1 tt u d o exterior e as l)r6j5fias tend(iiictasegOtisTftsalffiVes de categorias de pensamentoherdadas da sociedade em que vive . Quando a her auca cultural c constitulda.predorniuantemente, pOT categorias de pensa rnen to rnode ladas pelo inf 'luxo diretoe profundo das t radi,Oes, de nocoes rel ig iosas ou de expli cacoes rnetaf is icas deorigem sacerdotal, a percepcao social acaba sendo condicionada de forma estat icae recorrente, 0que restringe as potencialidades criticas c inconformistas nos agen-tes humanos em face desuas s ituacoes de existencia, Qua lque r analise da conduta.cia sociedade ou do destine humano esbarra com 0 carater "absolute", "lntan-givel" e "sagrado" das normas, dos valores e das lnstl tuicoes socials , reconhecidosculturalrncnte. Nem mesmo uma disposicso objetiva ou neutra de reconhecimentoda s s ituac;oes de exis t.enc ia se toma fac ilmfute acess ivel . Nas condi~oes de inq uic t3 l; 1io ~ d e instabilidade, ligadas ii d cs ag rc ga ~a o d " s oc ie da de medieval e a for-ma

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    1 4 .. ;. . A S oc /o l og ia c om o c i enc iaagl r passa a depender, de modo crescents, do grau de consciencia por ele alcan-"ado sobre os m6veis das acoes dos outros ou-nref~fos ( las pOsSiveisalfef i i~OOs-di '. e sl tu t ur a efU f iC i o iI a il le fi to da s instituicoes. ." .. -A e s sa t rans torma~[ob l is1Ca ' do h o r f : i o n t e i n te le ct ua l m e di o e precise acres-centar outras duas consequencias, a ela relacionadas, Deurn lado, as modifica~6esque se produzi ram na natu reza enos' a lvos do conhecimento do s e n s o comiiiii;aeoUtro;aif1novit~sque-semariifesfafailf no -$tiiedO pensimeriro-raCtoniir siste"matico. Af;iriodif i#,~ooipiir'qriepassouQConhccimentoao~n so'oo!i ium't~msroo,iiubeiiliiiladlis. e m particUlar 00Vi30iSmcllli~oeiUitelecIUaIrstarMsu'iitores que, estudam II. hlst6ria do pensarnento no mundo moderno . Mas, e las possuem umasignificat;ao excepcional, pols fei per meio delas que seprojetaram nil.vida praticaas diversas D090es que f izeram da atividade humana, ind ividual ou colet iva , 0proprio cerne de todo progresso e c o i W m I e o , " p o J i f i C O i . i U cul tura l. Na verdade fo i0c,~ri.li~c~~~~~o, co~um 4~:-~~pos"eteve(Jeeiirrentaraiiexigencia; maisprofuiRIas e lJl leruafas a a s novas stfua-roeifaeexislef tc iaSOcli iI;poiissoeleacahous e r v l i i o o ' c o m c i v e r o li d e i i: o f o ro de fOrIria~loe de cri stal iz~ao das categor ias depe~sam~ntQ. historic~mente adequadas ~que la s situay6es. Tome-se como exemploa historia da Eeonomia: n~oes que serviram, primordlalmente, para def inir 0sig-n~icadQ de acoes, de obrlgacoes ou de relacoes econemlcas, na l inguagern cot i-diana Ioram ordenadas com base na experieneia de atividades ecoaemicascon-cretas e "generalizadas", tudo dentro do ambi to do conhecimento do sense co"mum. Mais t~rd7' ~s explic_a?oos ~ssim des~obertas con.stitulram 0ponto de par-tida de uma disciplina cientif ica. I ode-se objetar qu e existe ampla difereuca entreas explicacoes abstratas dos economistas e II"teoria" do comercio de um mercador!ng~es do secu~oXVI,o~ XVII. ? p~ralelo e basrante sugestivo, nao obstante. paraindicar 0 sentido objetivo C os II1tUltOS de precisao, inerentes ao conhecimento desenso cornu m no mundo moderno.

    As repercussoes da secular izacao dos modes de perceber e deexplicar o mun-do no pensarnento racional sistematico sao, entretanto, melhor conhecidas, Mas.mesmo aqui se verifica que 0processo de transforrnacao foi mais rapido nas esferasdo, p~ns!l:mell to r at ional vinculadas de modo imedia to a s s ituacoes praticas deexrstencia, como se pede comprovar pelo confronto do desenvolvimento doDireitoposi t iVt l com 0 cia Filosolia, a partir da desagregacao da sociedade medieval, Issonao impede que se reconheca que coube ao pensamento racional s istematico seja?rd.:.~~~e_..:lar_~~r~s$~

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    16 _ A & u ; iQ log ia c om o denciativas para 0mutua aprofundamento da teori a e da pra ti ca , Do ponto de vis ta [or -o result ado ser ia 0 mesmo: 0 nascimento de uma concepcao de cienciada s!gllifica~lio eonstru tiva da"j)clhca p " a r a 'a-{coila q u c ' l i l o e n c o n i r a v ar u n e n I o i u l s ' C l ' S n c ia sn a t i i r a iS ; . - - . . . . . - _ .. . . . - . - .- - ~ Q : - = . \ l = . ~:;::n::: ' ;to: ': :: ';;;A=nat\lnt~-dos'motivo;--eas ambieoes intelectuais, inerentes a spdtoeiras tentativQs de exp tiear a vida humana em sociedade de forma objet iva:cl~ ctam antes f i losQficos, que c ie o tH i co s . P a ra definir' a s coisa s co m maierpreeisaol e l e s ' provl.nham de um a filosofia plenameate imbulda das deseobertas,das eategor ias de pensamento e do valor da c i@ncia . 0 que $C costuma chamar de. tasmeiais, co m refereocia !lOS B a ci cl op e di st as , o u de Soc iolog i a , em face des como Comte , . Stuart Mill ou Spence r , e , propriamente falando, umada i i { r iana : : :: :" '-compreennendo re f lc l l .Oesque se aplicam a carne-unive rs ai s c ia natureza humana e indaga~Oes em que essa na-tureza e expli cada a traves de e lementos var iavei s das condicaes de exist encias~!. 0 qu e i tnporta, em. c on ju nto , S ilo 0 encadeamento e a d i l: e \: iI o que t a isreflexOes e indag~Oes acabaram tomando.o encadeamento se revela na fragl l1enta~iIo da Filosofia da A~ao Humana,d~ sdobrada em tr& nlve i s di i e rent e s de consideracao d a r ea li da d e, E la s e a p re se n-ta como uma F i lo s o fl a da H i s to r ia , quando p ro c ur a a s so c ia r 0p re se n te a o p a s sa d oe descobrir as'1elS"dodesen\;oIVlniento -doespIritohunian():E!iiSetOriiaumaFiTosofiii-Social, quando pretende eridendar as fun~oes"Civilizadoras" da vida emsoCiedade. estabelecendo as primelras vinculacoes dinihuicas, de sentido universal,da natureza humans com as s i tua90es de convivsncia social;e quando sevolta paraa q u e s ti i o soc ia l , de cuja allal ise ret ira 0carater de Filosofia das condicoes atuaisde existencia humana e do seu dev il'. Ela assume as proporcoes de um a Filosoflal~()~t~.:~,quando liga, por meio da analise e da critica dos sistemas politicosmoi :l ernos, os resul tados dos tipos de ref lexao e de indagacoes f ilosof icas, a quepoderiam eonduzir a Filosofia da Historia e a Filosofia Social.Vese ; portaato , que a Flto sof ia

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    )6- A S f '; H li ol o gi a c o m o c i ht d a~ivl\u)ara 0nnituo aproiundamento da teorla e da pratica, Do ponte de vista (o r-mal, 0 resul taoo seria 0 mesmo: 0 nascimente de uma concepcao de ciencia, ignifica~lio cons t rudvada -Pr l \HCapa raaTeorLa q u e - n ~ o - e i i c o n f i a y aii'ameiiITrn~is~eril~si~luta:E. ----- - .:c=~:--,--,--QUlI-utQ a natureza des motives e das ambieoes intelectuais, in ere nt es a sPrlt:l)~ita.stentat1vlI-$d e - expli ca r I Iv ida humana em soe iedade de forma obje tiv. a:eles cram antes f i losoficos, que cien tlficos, Para definir' as coisas com maierp r e l 1 f s i ' i o : $lesprovinham de nma filosofia plenamente imbuida das descobertas,das eategorias de pensamento e do valor da cicncia. 0 que se costuma chamar deciettclas Il 'ociais.,, com teferencia aos Ellcic1opedis tas, ou de Sociclogia, em face deautores como Comte, Stuart Mil! ou Spencer, e , propriamente falando, umaiinir=-iiompreendendo r ef le xOe S q u e s e a pl ic am a ca ra c--_ s da na tureza humana e indaga~Oes em que essa na-tureza e expli cada a traves de e lementos var ifwe is das condi

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    20 - A Sociologia como cienciaa reflexao teorica ciapesquisa empirica sistematica. A outra, confinava a pesquisaernpirlca sis tematica a alvos teoricos ern que nilo se evidenc iava, com toda apreeisao e clareza, 0 carater nomotetico da explicacao sociologica. Bern ponde-radas as coisas, entretanto, verifica-se que semelhante circulo vicioso nan e ump ro du to e sp ec if ic o d a S o clo lo gi a " Filo so fic a" d o s ec ul o X IX . E le p ar ec e s er , a cim ade tudo, a expressao das contingencias da investigaty3.ientifica em uma disci-plina que se v e compelida a criar instrumentos de trabalho adequados ao.~I?~.mais oomplicadc e difidl, II que a cicuda jamais 51! propusera: a natureza e asfor-m a s d a e xi st en c ia humana em sociedade. -.------.- ...-

    P o r i i m ; ~ e m u n ; : p o t i to a S o c i o l o g i a ; ' F i lo s o fi ca " p a re c e s e r i n eo n fu n d iv e lm e n -t e r ic a: n a e sf er a d as re fle xO es p ra tlc as . Aqui. o n de n il o r ev el am empobreclmentocrescente, os desenvolvimentos posterlores da Scciologia mantsm intima conti-lluidade com as tendenelas soc iolog i ea s do s eculo XIX. A que 50 devem ta tsprogresses? Pelo que sesabe, multo mais aos influxes construtivos do pensamentofilos6fico e da eonsciencla racional dos objetivos dos movimentos socials, que aosresultados diretos da investigacao sociolegica dos p r ob le m a s s oc ia ls . 0 Iato de na ose ter descoberto, na cpoea, uma solucso satisfator ia para a s is tematizacao destemas da Sociologia Aplicada demonstra que essa interpretacao e verdadeira, 0maximo que se conseguiu, em tal direcao, aparece na ideia (atualrnente inacei-tavel), de que existem Ienomenos socials patol6gicos. objeto de estudo da "pa-telogia social", cons ide rada como disciplina soc iolog i ca , Portanto, inclusive naes-fe ra e m q ue se rn os tro u m ais Ie cu nd a e c ria do ra , a S ocio lo gia "F ilo so fica " n ao d is-po s de recursos metodologicos e teoricos que facilitassern a superacao das dificul-dades essenciais, com que se defrontou.Com base nos resul tados da presente digressao, e legit ime concluir que aSociologia recebeu uma heranca intelectual comparavel a urna faca de dois gurnes,De um lado, ela era bas tante r ica e plast ica para encaminhar e permitir a solucaode muitas questocs Iundarnentais, ligadas com a caracterizacao do ponte de vistasociologico, com a def ini\ao do objeto da Sociologia, com a selecao e 0 aprovei-tarnento de categorias depensamento adequadas a natureza dos fenomenos socialshumanos, com a exploracao de criterios de analise aplicaveis Ii descricao e a inter-pretacao dos processes socials. com os alvos praticos inerentes aos conhecimentossocielogicos ou decorrentes das Iuncoes da dencia no mundo rnoderno. Mas. deoutre, cia.se revelou pobre e obstrutiva. Escaparam-lhe osobjetivos que dao sen-tido especilico a investigacao cientifica e, com eles, a significacao e a importanciada pesquisa empiric a sistematica. tanto para 0 desenvolvimento do aparato con-ceptual e metodologico da Sociologia, quanto para 0progresso da teoria e das in-dagacbes de interesse pratico. Foi neste piano que os habitos e as ambicoes intelec-

    tuais, procedcntes do pensarncnto Iilosofico ou do conhecimento do sense COlHUID,se mostraram mats ou menos inconciliaveis com as tarelas impostas pela pesquisacientifica. Em conseqtlencia. a evolucao posterior da Socielogia, em direcao a snormas e aos fins da investigacao cientifica, teve que seprocessar, em grande par-te , contra a. he ranca intelectual p or e la recebida,

    C ap itu lo 1

    OS P RIN Cip lO S C ON ST I T U T fV OS D O C ON HE CIM EN ~OS OC fO LO G /C O: IN TE GR AC ;A O E C ON TR AO IC AO