a história de uma bíblia

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A HISTÓRIA DE UMA BÍBLIA. Hoje, quando vou à livraria da igreja, vejo todos os tipos de versões da Bíblia e me emociono vendo as pessoas comprarem a sua versão preferida. Na China, durante os anos da Revolução Cultural, uma cristã, Lan Xin, da província de Líaoning, fez muitos esforços para preservar o seu exemplar da Bíblia. Veja seu emocionante relato, extraído da revista cristã mensal "Tiang Feng". Shenyang, China - "Hoje tenho diversas Bíblias na minha prateleira. É uma maravilha ter tanta escolha, a ponto de, por vezes, não saber qual delas escolher. Mas há um exemplar da Bíblia, muito antigo e gasto, até com folhas caindo, do qual jamais vou me separar. Todas as vezes que meus olhos o vêem, lembro-me da sua história e daqueles anos terríveis... PERSEGUIÇÃO "Há muitos anos, houve um movimento de renovação nacional, surgido com o propósito de varrer e eliminar ‘demônios e maus espíritos’, destruir a ‘antiga cultura’ e estabelecer uma ‘nova cultura’. Mas, de acordo com as definições daqueles que participavam desse movimento, a Bíblia fazia parte da antiga cultura e precisava ser destruída. Além disso, alguns cristãos sofriam toda espécie de perseguição e, nos encontros públicos, eram ‘combatidos’, o que significava que eram denunciados e sofriam oposição. Parte da perseguição era confiscar e queimar as coleções de hinos, literatura devocional e as Bíblias dos cristãos. Quem não quisesse ter sua Bíblia queimada precisava escondê-la ou enterrá-la. "Um dia, na primavera de 1967, vi um grupo de pessoas ir à casa de um crente e vasculhá-la em busca de Bíblias. Finalmente, não tendo encontrado nenhuma, começaram a examinar o assoalho. Um dos homens começou a escavar exatamente no local onde eu sabia que as Bíblias haviam sido enterradas. Fiquei tão preocupada, que mordi meu lábio inferior até sangrar. Mas mantive-me em oração, pedindo a Deus proteção e paz para aquela família. Aquele incidente despertou medo na comunidade, e algumas pessoas decidiram que era mais seguro enterrar suas Bíblias secretamente. Eu era apenas adolescente, mas via pessoas adultas, que realmente amavam a Deus, sentindo-se ameaçadas a ponto de fazer uma coisa tão estranha como aquela. IMPRESSÃO PROFUNDA

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A História de Uma Bíblia

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Page 1: A História de Uma Bíblia

A HISTÓRIA DE UMA BÍBLIA.Hoje, quando vou à livraria da igreja, vejo todos os tipos de versões da Bíblia e me emociono vendo as pessoas comprarem a sua versão preferida.Na China, durante os anos da Revolução Cultural, uma cristã, Lan Xin, da província de Líaoning, fez muitos esforços para preservar o seu exemplar da Bíblia. Veja seu emocionante relato, extraído da revista cristã mensal "Tiang Feng".

Shenyang, China - "Hoje tenho diversas Bíblias na minha prateleira. É uma maravilha ter tanta escolha, a ponto de, por vezes, não saber qual delas escolher. Mas há um exemplar da Bíblia, muito antigo e gasto, até com folhas caindo, do qual jamais vou me separar. Todas as vezes que meus olhos o vêem, lembro-me da sua história e daqueles anos terríveis...

PERSEGUIÇÃO

"Há muitos anos, houve um movimento de renovação nacional, surgido com o propósito de varrer e eliminar ‘demônios e maus espíritos’, destruir a ‘antiga cultura’ e estabelecer uma ‘nova cultura’. Mas, de acordo com as definições daqueles que participavam desse movimento, a Bíblia fazia parte da antiga cultura e precisava ser destruída. Além disso, alguns cristãos sofriam toda espécie de perseguição e, nos encontros públicos, eram ‘combatidos’, o que significava que eram denunciados e sofriam oposição. Parte da perseguição era confiscar e queimar as coleções de hinos, literatura devocional e as Bíblias dos cristãos. Quem não quisesse ter sua Bíblia queimada precisava escondê-la ou enterrá-la.

"Um dia, na primavera de 1967, vi um grupo de pessoas ir à casa de um crente e vasculhá-la em busca de Bíblias. Finalmente, não tendo encontrado nenhuma, começaram a examinar o assoalho. Um dos homens começou a escavar exatamente no local onde eu sabia que as Bíblias haviam sido enterradas. Fiquei tão preocupada, que mordi meu lábio inferior até sangrar. Mas mantive-me em oração, pedindo a Deus proteção e paz para aquela família. Aquele incidente despertou medo na comunidade, e algumas pessoas decidiram que era mais seguro enterrar suas Bíblias secretamente. Eu era apenas adolescente, mas via pessoas adultas, que realmente amavam a Deus, sentindo-se ameaçadas a ponto de fazer uma coisa tão estranha como aquela.

IMPRESSÃO PROFUNDA

"Minha mãe, no entanto, pensava diferente. Para ela, a Bíblia era mais importante que ouro, prata ou qualquer riqueza, até mesmo mais preciosa que a vida. Ela era incapaz de queimar sua Bíblia. Entre os fatos de minha infância que ficaram gravados em minha memória, está a lembrança de minha mãe ao chegar do trabalho todos os dias. Quando tinha algum tempo livre, pegava sua Bíblia e começava a ler. Ela lia até tarde da noite. E, quando eu acordava no dia seguinte, ela já estava lá sentada, lendo sua Bíblia novamente. Essa rotina causou em mim profunda impressão e curiosidade a respeito do conteúdo desse livro. Quando aprendi a ler, senti pessoalmente a doçura da Bíblia e me deliciei com o seu conteúdo.

DIAS DE EXPURGO

"Na época em que as Bíblias estavam sendo queimadas, tentamos esconder nossos exemplares em casa. Escondíamos nossas Bíblias debaixo do fogão. Era um tempo de grande ansiedade. Um crente foi acusado publicamente e pressionado para dar o nome da nossa

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família. O chefe da organização em que trabalhávamos nos chamou ao seu escritório repetidas vezes para lhe darmos explicações. A nossa situação tornou-se perigosa e estávamos sentindo medo. Se queimássemos os livros, o problema desapareceria. Mas não pensávamos fazer isso. Decidimos orar e pedir orientação ao Senhor Jesus.

"Resolvemos enterrar as Bíblias num canteiro do jardim de nossa casa. Embrulhamos cada Bíblia cuidadosamente em plástico e as colocamos sob as raízes das plantas, recolocando a terra de modo que nada parecesse alterado. Pensávamos que teríamos paz.

"Certa noite, o Comité do Bairro, repentinamente, convocou uma reunião em que todos deveriam comparecer. Foram feitas graves acusações contra os crentes. ‘Todas as coisas reacionárias precisam ser combatidas, do contrário não conseguiremos eliminá-las’, disse o líder. ‘Todas as pessoas presentes que forem crentes devem dar espontaneamente seus nomes, do contrário faremos com que confessem à força...’

"Quando voltamos daquela reunião, pude notar que mamãe estava preocupada. É melhor encontrar um local mais seguro para aquelas Bíblias, longe da nossa casa, disse ela. Na noite seguinte, bem tarde, assegurando-me de que não estava sendo observada por ninguém, desenterrei as Bíblias, coloquei-as num saco e saí pela noite levando comigo uma pá e o saco nos ombros, como se fora um ladrão.

QUE FAZER?

"Em que local esconde-las? À medida que ia andando, pedia a Deus e sentia lágrimas escorrendo em meu rosto:

‘Senhor! É da tua vontade que isso aconteça? O que devo fazer?..’ Subitamente, vi um trem passando; eu havia chegado até a estrada de ferro. Resolvi enterrar as Bíblias ao lado dos trilhos, no meio do capim que ali havia. Escavei um buraco e enterrei o saco com as Bíblias. Marquei o local com um pedaço de tijolo. Fiquei ali parada até que um vento soprou-me no rosto. Estremeci. Parecia que estava acordando de um sonho. Voltei para casa e agradeci a Jesus a sua direção e proteção. Chegando à minha casa, contei para minha mãe o que tinha feito, e ela só repetia: ‘Graças a Deus!’

MUDOU

"Anos mais tarde, o ambiente político mudou o suficiente para que se tornasse seguro ir desenterrar as Bíblias. Lembro-me de que isso ocorreu num mês de outubro. Estava frio quando fui desenterrar as Bíblias. Voltei logo para casa com a preciosa carga. Mamãe voltou a

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ler e estudar. Posteriormente, foram empreendidos esforços no sentido de que a Bíblia voltasse a ser publicada dentro da China. Eu fiquei muito feliz com essa notícia. Nossa família era constituída por quatro pessoas, e nossa renda mensal era de cem yuans (cerca de 15 Reais). Não tive dúvida em doar 100 yuans durante a coleta para publicação da Bíblia na China.

"Hoje, quando vou à livraria, vejo todos os tipos de versões da Bíblia e me emociono vendo as pessoas comprarem a sua versão preferida. Deus é verdadeiramente grande. Temos de guardar preciosamente a sua Palavra e devemos estudar e distribuir a Bíblia com mais entusiasmo do que e nunca."

Testemunho extraído do Boletim World Report UBS, nº 333 setembro 1998 (texto condensado).

Deus e a ciência

Na França, um senhor de 70 anos viajava de trem tendo ao seu lado um jovem universitário que, compenetrado lia o seu livro de ciências.

O senhor por sua vez lia um livro de capa preta. Foi quando o jovem percebeu que se tratava da Bíblia. Sem muita cerimônia o jovem interrompeu a leitura do velho e perguntou:

- O senhor ainda acredita neste livro cheio de fábulas e crendices?

- Sim. - disse o senhor - Mas não é um livro de crendices, é a Palavra de Deus. Estou errado? Com uma risadinha respondeu:

- Claro que está! Creio que o senhor deveria estudar a história geral. E veria que a Revolução Francesa, ocorrida há mais de 100 anos, fez o favor de mostrar a miopia da religião. Somente pessoas sem cultura ainda crêem nessa história de que Deus criou o mundo em seis dias. O senhor deveria conhecer um pouco mais sobre que os cientistas dizem sobre isso.

- É mesmo? - perguntou o velho cristão - E o que dizem os cientistas sobre a Bíblia?

- Bem, - respondeu o universitário - agora eu vou descer na próxima estação, mas deixe o seu cartão que eu lhe enviarei o material pelo correio.

Page 4: A História de Uma Bíblia

O velho então cuidadosamente abriu o bolso interno do paletó, e deu seu cartão ao universitário. Quando o jovem leu o que estava escrito abaixou a cabeça, e saiu cabisbaixo.

O cartão dizia: "Louis Pasteur, Diretor do Instituto de Pesquisas Científicas da École Normale de Paris". Isso aconteceu em 1892.

Acolha a Bíblia

Quem acolhe a bíblia no coração, recebe o espírito de Deus. A Bíblia funciona.

Um medico cristão estava lendo sua Bíblia assentado num banco da praça, quando um senhor se aproximou e reconhecendo o médico disse:

- Não posso crer que o senhor, com sua cultura, consiga ler e acreditar num livro como esse!

- Por quê? Perguntou o médico.

- Por que nem sabemos quem escreveu este livro. Eu não acredito numa coisa que nem sequer saiba quem escreveu. O medico olhou fixamente para o homem e perguntou-lhe:

- O senhor acredita e usa a tabuada?

- Sim. uso-a freqüentemente.

- O senhor sabe quem escreveu a tabuada?

- Não, não sei, respondeu o incrédulo.

Page 5: A História de Uma Bíblia

- Como é então que o senhor acredita e usa algo que o senhor nem sequer sabe quem escreveu? Perguntou-lhe o médico. O homem embaraçado teve uma idéia brilhante e respondeu:

- É que a tabuada funciona, e tudo mundo sabe disto.

- Meu amigo, disse o médico, a Bíblia também funciona muito bem. E eu poderia mostrar centenas de pessoas que tiveram suas vidas modificadas pela Palavra de Deus. Seus ensinos são vida para quem os coloca no coração.

Autor: desconhecido

Sobre o Dia da Bíblia, "o livro feito em mutirão"27/11/2013 09h45 Contraste | A A+ A++

Dia 10 de dezembro comemoramos o Dia da Bíblia. Mas qual a

origem dessa celebração?

Page 6: A História de Uma Bíblia

Leia abaixo o texto "Bíblia, livro feito em mutirão", escrito pelo biblista

Carlos Mesters (extraído do site da Igreja Metodista em Vila Isabel, RJ)

Dia da Bíblia 

Esta data surgiu em 1549, na Grã-Bretanha, quando o Bispo Cranmer,

incluiu no livro de orações do Rei Eduardo VI um dia especial para que a

população intercedesse em favor da leitura do Livro Sagrado. A data

escolhida foi o segundo domingo do Advento - celebrado nos quatro

domingos que antecedem o Natal. Foi assim que o segundo domingo de

dezembro tornou-se o Dia da Bíblia.

No Brasil, o Dia da Bíblia passou a ser celebrado em 1850, com a chegada,

da Europa e dos Estados Unidos, dos primeiros missionários evangélicos que

aqui vieram semear a Palavra de Deus.Durante o período do Império, a

liberdade religiosa aos cultos protestantes era muito restrita, o que impedia

que se manifestassem publicamente. Por volta de 1880, esta situação foi se

modificando e o movimento evangélico, juntamente com o Dia da Bíblia, se

popularizou.

Pouco a pouco, as diversas denominações evangélicas institucionalizaram a

tradição do Dia da Bíblia, que ganhou ainda mais força com a fundação da

Sociedade Bíblica do Brasil, em junho de 1948. Em dezembro deste mesmo

ano, houve uma das primeiras manifestações públicas do Dia da Bíblia, em

São Paulo, no Monumento do Ipiranga.

Hoje, o dia dedicado às Escrituras Sagradas é comemorado em cerca de 60

países, sendo que em alguns, a data é celebrada no segundo Domingo de

setembro, numa referência ao trabalho do tradutor Jerônimo, na Vulgata,

conhecida tradução da Bíblia para o latim. As comemorações do segundo

domingo de dezembro mobilizam, todos os anos, milhões de cristãos em

todo o País

Há mais de 150 anos, o Dia da Bíblia, é celebrado com o objetivo de difundir

e estimular a leitura da Palavra de Deus. A fundação da Sociedade Bíblica

do Brasil, em 1948, contribuiu para que esta data fosse se popularizando

cada vez mais. E, graças a esse trabalho, o Dia da Bíblia, passou a ser

comemorado não só no segundo domingo de dezembro, mas também ao

Page 7: A História de Uma Bíblia

longo de toda a semana que antecede esta data. A Semana da Bíblia é

dedicada a eventos variados que vão desde cultos até maratonas de leitura

bíblica que mobilizam milhares de pessoas. Conheça, a seguir, como a

Semana da Bíblia é comemorada com cultos, carreatas concentrações,

maratona, monumentos, distribuição de folhetos, etc.

BÍBLIA - UM LIVRO FEITO EM MUTIRÃO SOB A SALVADORA MÃO DE

DEUS

(Texto de Carlos Mesters, adaptado por Roséte de Andrade)

1 - QUEM ESCREVEU A BÍBLIA?

Não foi uma única pessoa que escreveu a Bíblia. Muita gente deu a sua

contribuição: homens e mulheres; jovens e velhos; pais e mães de família;

agricultores, pescadores e operários de várias profissões; gente instruída

que sabia ler e escrever e gente simples que só sabia contar histórias: gente

viajada e gente que nunca saiu de casa; sacerdotes e profetas, reis e

pastores, apóstolos e evangelistas.

Era gente de todas as classes, mas todos convertidos e unidos na mesma

preocupação de construir um povo irmão, onde reinassem a fé e a justiça, o

amor e a fraternidade, a verdade e a fidelidade, e onde não houvesse

opressor nem oprimido.

Todos deram a sua colaboração, cada um do seu jeito. Todos foram

professores e alunos uns dos outros. Mas aqui e acolá, a gente ainda

percebe que nem sempre foi fácil. Alguns às vezes, puxavam a brasa um

pouquinho para o seu lado.

2 - QUANDO FOI ESCRITA A BÍBLIA?

A Bíblia não foi escrita de uma só vez. Levou tempo, muito tempo, mais de

mil anos. Começou em torno do ano 1250 antes de Cristo, e o ponto final só

foi colocado cem anos depois do nascimento de Jesus.

Aliás, é muito difícil saber exatamente quando foi que começaram a

escrever a Bíblia. Pois, antes de ser escrita, a Bíblia foi narrada e contada

nas rodas de conversa e nas celebrações do povo. E antes de ser narrada e

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contada, ela foi vivida por muitas gerações num esforço teimoso de colocar

Deus na vida e de organizar a vida de acordo com a justiça.

No começo, o povo não fazia muita distinção entre contar e escrever. O

importante era expressar e transmitir aos outros a nova consciência do

povo, nascida neles a partir do contato com Deus. Faziam isto lembrando

aos filhos a história do passado e contando-lhes os fatos mais importantes

da sua caminhada. 

Como nós hoje decoramos as letras dos cânticos, assim eles decoravam e

transmitiam as histórias, as leis, as profecias, os salmos, os provérbios e

tantas outras coisas, que, depois foram escritas na Bíblia.

A Bíblia saiu da memória do povo. Nasceu da preocupação de não esquecer

o passado.

3 - ONDE FOI ESCRITA A BÍBLIA?

A Bíblia não foi escrita no mesmo lugar, mas em muitos lugares e países

diferentes. A maior parte do Antigo e Novo Testamento foi escrita na

Palestina, a terra onde o povo vivia, por onde Jesus andou e onde nasceu a

Igreja.

Algumas partes do Antigo Testamento foram escritas na Babilônia, onde o

povo viveu no cativeiro, no século sexto antes de Cristo. Outras partes do

Antigo Testamento foram escritas no Egito, para onde muita gente tinha

imigrado depois do cativeiro.

O Novo Testamento tem partes que foram escritas na Síria, na Ásia Menor,

Na Grécia, e na Itália, onde havia muitas comunidades, fundadas ou

visitadas pelo Apóstolo Paulo.

Ora, os costumes, a cultura, a religião a situação econômica, social e

política de todos estes povos deixaram marcas na Bíblia e tiveram sua

influência na maneira de a Bíblia apresentar a mensagem de Deus aos

homens.

Page 9: A História de Uma Bíblia

4 - EM QUE LÍNGUA FOI ESCRITA A BÍBLIA?

A Bíblia não foi escrita numa única língua, mas sim em três línguas

diferentes. A maior parte do Antigo Testamento foi escrita em hebraico. Era

a língua que se falava na Palestina antes do cativeiro.

Depois do cativeiro, o povo da Palestina começou a falar aramaico. Mas a

Bíblia continuava a ser escrita, copiada e lida em hebraico. E assim

aconteceu que muita gente já não entendia mais a Escritura Sagrada. Por

isso, para que o povo pudesse ter acesso a Bíblia, foram criadas escolinhas

em todas as comunidades e povoados. Jesus, quando menino, deve ter

freqüentado a escolinha de Nazaré, para aprender o hebraico e assim poder

entender a Bíblia.

Só uma parte bem pequena do Antigo Testamento foi escrita em aramaico.

Apenas um único livro do Antigo Testamento da Bíblia grega ( que tem 7

livros a mais que a Bíblia hebraica que nós protestantes usamos!), o livro da

Sabedoria, foi escrito em grego. O grego era a nova língua do comércio que

invadiu o mundo daquele tempo, depois das conquistas de Alexandre

Magno, no século quarto antes de Cristo.

Assim, no tempo de Jesus, o povo da Palestina falava o aramaico em casa,

usava o hebraico na leitura da Bíblia e o grego no comércio e na política.

Neste mesmo tempo de Jesus, ainda não existia os escritos do Novo

Testamento. Só existia o Antigo. O Novo Testamento estava sendo vivido e

preparado lá em Nazaré.

Aconteceu ainda o seguinte: os judeus que, depois do cativeiro, tinham

emigrado da Palestina para o Egito, com a passar dos séculos foram

esquecendo a língua materna. Já não entendiam mais o hebraico nem o

aramaico. Só entendiam o grego, a língua da Grécia, que era falado até no

Egito. Por isso no século terceiro antes de Cristo, um grupo de pessoas

resolveu traduzir o Antigo testamento do hebraico para o grego. Foi a

primeira tradução da Bíblia. Esta tradução para a língua grega é chamada

"Septuaginta" ou "Dos Setenta" (tradução dos XVV).

Quando mais tarde, depois da morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos

saíram da Palestina para pregar o Evangelho aos outro povos que falavam o

grego, eles adotaram esta tradução grega dos Setenta e a espalharam pelo

Page 10: A História de Uma Bíblia

mundo.

Na época em que foi feita a tradução grega dos Setenta, a lista (cânon) dos

livros sagrados ainda não estava concluída. E assim aconteceu que a lista

dos livros desta tradução grega ficou mais comprida do que a lista dos livros

da Bíblia hebraica.

Ora, a diferença entre a Bíblia usada nas Igrejas Protestantes e a Bíblia

usada nas comunidades católicas vem desta diferença entre a Bíblia

hebraica da Palestina e a Bíblia grega do Egito. Os protestantes, a partir da

Reforma Protestante do Martinho Lutero em 1517, preferiram a lista mais

curta e mais antiga da Bíblia hebraica, e os católicos, permaneceram

utilizando a tradição e prática dos Apóstolos: ficaram com a lista mais

comprida da tradução grega dos Setenta.

Há sete livros a menos na edição da Bíblia usada pelos protestantes: Tobias,

Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, 1 Macabeus e 2 Macabeus (e também

algumas partes do livro de Daniel e algumas partes do livro de Ester). Estes

sete livros são chamados "deuterocanônicos", isto é, são da segunda

(deutoro) lista (cânon), ou seja, são da coleção (cânon) de Alexandria e não

da coleção de Jerusalém. 

Reconhecemos que os livros deuterocanônicos não contradizem a

Mensagem Divina e servem de instrução e também para o cultivo espiritual.

Chamar estes livros de apócrifos é um erro, primeiro porque foram

reconhecidos como autênticos e inspirados, tanto pelos apóstolos como pela

Igreja de Jesus que, sem exceção, durante muitos séculos os leu e

encontrou neles o consolo da mensagem divina. E também porque a palavra

apócrifo significa "escritos sem autenticidade ou cuja autenticidade não se

provou". Ou seja, apócrifos são na verdade os livros que a Igreja

(particularmente os Apóstolos!) rejeitou, por não ver neles a real inspiração

de Deus.

Exemplo de livros apócrifos são, o Evangelho de Tomé, que falava dos

milagres de Jesus (dizendo, inclusive, que Jesus voava); o Evangelho de

Maria, que colocava Maria com poderes divinos, etc...

Apesar dessa diferença de 7 livros, as duas edições revelam claramente a

Page 11: A História de Uma Bíblia

Mensagem de Deus: seu chamado, sua vontade, seu amor, sua missão, sua

bênção.

5 - O ASSUNTO DA BÍBLIA:

O assunto da Bíblia não é só doutrina sobre Deus. Lá dentro tem de tudo:

doutrina, histórias, provérbios, profecias, cânticos, salmos, lamentações,

cartas, sermões, meditações, orações, filosofia, romances, cantos de amor,

biografias, genealogias, poesias, parábolas, comparações, tratados,

contratos, leis para organizar o povo, leis para o bom funcionamento do

culto, coisas alegres e coisas tristes, fatos concretos e narrações simbólicas,

coisas do passado, coisas do presente, coisas do futuro. Enfim, na Bíblia tem

coisas que dá para rir e para chorar.

Tem trechos da Bíblia que querem comunicar alegria, esperança, coragem e

amor. Outros trechos querem denunciar erros, pecados, opressão e

injustiças. Tem páginas lá dentro que foram escritas pelo gosto de contar

uma bela história para descansar a mente do leitor e provocar nele um

sorriso de esperança.

A Bíblia parece um álbum de fotografias. Muitas famílias possuem um álbum

assim. Ou, ao menos uma caixa onde guardam suas fotografias, todas

misturadas, sem ordem. De vez em quando, os filhos despejam tudo na

mesa para olhar e comentar as fotografias. Os pais tem que contar a

história de cada uma delas. A Bíblia é um álbum de fotografias da família de

Deus! Nas suas reuniões e celebrações, o povo olhava as suas "fotografias",

e os pais contavam as histórias. Este era o jeito de integrar os filhos no povo

de Deus e de transmitir-lhes a consciência de sua missão e da sua

responsabilidade.

A Bíblia não fala só do Deus que vai em busca do seu povo, mas também do

povo que vai em busca do seu Deus e que procura realizar-se de acordo

com a vontade divina. A Bíblia conta as virtudes e os pecados do povo de

Deus, os acertos e os enganos, os pontos altos e os pontos baixos. Nada

esconde, tudo revela. Conta os fatos do jeito que foram lembrados pelo

povo. Histórias de gente pecadora que procura ser santa. História de gente

opressora que procura converter-se e ser irmão. História de gente oprimida

que procura libertar-se.

Page 12: A História de Uma Bíblia

A Bíblia é tão variada como é variada a vida do povo. A palavra Bíblia vem

do grego e quer dizer livros. A Sagrada Escritura usada por nós evangélicos

tem 66 livros. É quase uma biblioteca. Poucas bibliotecas em nossas igrejas

têm a variedade dos 66 livros da Bíblia.