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A IMPORTÂNCIA DA CONCILIAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO – A CONCILIAÇÃO NA EXECUÇÃO
Paulo Roberto Sifuentes Costa
I – INTRODUÇÃO
A celeridade processual é um anseio de todos
aqueles que militam no Poder Judiciário.
Urge, pois, que seja implementada uma ampla
reforma das leis processuais de modo a propiciar a almejada agilização,
o que, a propósito já vem sendo empreendido no âmbito do Processo do
Trabalho, através de iniciativas do colendo TST quando elabora projetos
de leis agilizadoras ou ajusta sua jurisprudência sumulada àquele
objetivo de racionalização dos conflitos.
Certo é que, paralelamente aos mecanismos de
dinamização da heterocomposição dos litígios um outro fundamental
ganha especial relevo e merece, cada vez mais, ser enaltecido: o
instituto da conciliação, norte maior do sistema de autocomposição das
lides. De sua importância, suas limitações e enfim de sua diuturna
incidência no cotidiano dos nossos embates trabalhistas é que
cuidaremos de abordar nessa palestra de hoje.
Prevenir o litígio é também relevante instrumento que
contribui para desafogar a congestionada máquina do Judiciário. Daí a
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necessidade de rendermos todas homenagens e destacar especial
relevo a busca da conciliação. Sobretudo no âmbito do processo do
trabalho, através do qual são resolvidos os conflitos de índole alimentar
onde a solução do amanhã distante pode já nada mais representar.
II – CONCEITO DE CONCILIAÇÃO
Conciliação no dizer de Eduardo Gabriel Saad “é o
ato pelo qual o Juiz oferece ao reclamante e ao reclamado as bases
para composição de seus interesses em conflito” (in Direito Processual
do Trabalho 1994.pg. 335).
III – DA OBRIGATORIEDADE DAS PROPOSTAS DE CONCILIAÇÃO
A CLT torna obrigatória a proposta de conciliação em
dois momentos processuais. Após a abertura da audiência de instrução
e julgamento (art. 846) e após aduzidas as razões finais pelas partes
(art. 850).
Impende salientar que é de rigor o encaminhamento
dessas propostas e sua omissão pode gerar a nulidade do julgamento
conforme reiterado entendimento jurisprudencial: “Decorrendo a
conciliação de preceito constitucional a sua falta resulta em nulidade
absoluta, de ordem pública (AC-TRT-21a. Região (AC-30/92) Rel. Juiz
Miranda Monte DJ/RN 27/02/92 in Dicionário de Decisões Trabalhistas.
Calheiros Bomfim – 24a. Ed/159.
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A evolução legislativa veio enaltecer, ainda mais, a
importância da conciliação quando a Lei 9957/2000, que introduziu em
nosso ordenamento jurídico o Procedimento Sumaríssimo deu a
seguinte redação:
“Aberta a sessão o juiz esclarecerá às partes
presentes sobre as vantagens da conciliação e usará os meios
adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio em
qualquer fase da audiência”.
Aliás, tal novidade, acrescida pela prefalada Lei
9957/00, nada mais foi do que uma reafirmação daquilo que é sempre
realçado no processo do trabalho: a conciliação. É o que o art. 764 já
dispunha: “Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à
apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.
§ 1º Para os efeitos deste artigo os juízes e Tribunais
do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no
sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.
§ 3º É lícito às partes celebrar acordo que ponha
termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o Juízo
conciliatório.
Como se vê, o acordo na Justiça do Trabalho tem
prioridade absoluta. Sem perder de vista a própria denominação dos
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Órgãos Judiciários Trabalhistas de lo. Grau que até pouco tempo eram
Juntas de Conciliação e Julgamento, ou seja, a conciliação em primeiro
lugar e depois o julgamento.
É verdade que freqüentemente as próprias partes se
antecipam ao Juiz do Trabalho visando à celebração de um acordo.
Todavia, dessa iniciativa poderá resultar uma transação extrajudicial que
é instituto de direito material e não se confunde com a figura processual
da conciliação prevista na CLT.
Observa-se que, quanto à transação, é de duvidosa
incidência no Direito do Trabalho, tendo em vista o princípio da
irrenunciabilidade que orienta aludida disciplina.
IV – A CONCILIAÇÃO E AS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
É oportuno realçar que desde o Estado Novo
(1937/45) jamais se determinou que a tentativa conciliatória obrigatória
antecedesse ao ingresso da ação trabalhista.
No entanto, visando desafogar a Justiça do Trabalho,
editou-se a Lei 9958/2000 que criou as comissões de conciliação
prévia.
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Com essa lei, deu-se o primeiro passo em nosso
ordenamento jurídico no sentido de condicionar a tentativa de
conciliação prévia ao do ajuizamento da ação trabalhista.
Assim dispõe o art. 625-D:
“Qualquer demanda de natureza trabalhista será
submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da
prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da
empresa ou do sindicato da categoria.”
Cogitou-se, de início, de eventual pecha de
inconstitucionalidade do dispositivo na medida em que comprometido
poderia estar o direito de ação que a Carta Política assegura.
A jurisprudência inicialmente direcionou-se no sentido
de que tal condição é um mero pressuposto processual de ordem formal
como qualquer um outro que em nada se atrita com aquele princípio
constitucional do “direito de ação”. (art. 5o.,XXXV da CR)
No entanto o STF em 13/05/2009 deferiu pedido de
liminar nos ADIS 2139 e 2160 que questionava a inconstitucionalidade
do art. 625-D da CLT. Em conseqüência até que se julgue o mérito
daquele processo, está prevalecendo a tese de que as demandas
trabalhistas podem ser submetidas à Justiça do Trabalho antes que
tenham sido analisadas por uma CCP.
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Lamenta-se, no entanto, que a criação das prefaladas
comissões não houvesse sido obrigatória. A sua instituição como mera
faculdade das empresas e sindicatos tal como dispõe o art. 625-A,
acabou por desestimular enormemente a criação daqueles órgãos de
grande importância para a consecução dos objetivos conciliatórios.
Fato é que lavrado o termo de conciliação perante
aquelas comissões nos moldes do art. 625 E da CLT extrai-se daí um
“título executivo extrajudicial com eficácia liberatória geral, exceto
quanto às parcelas expressamente ressalvadas” segundo previsto no
parágrafo único daquele dispositivo.
E a condição de título executivo daquele termo está
reafirmada no artigo 876 da CLT quando dispõe que “os termos de
conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão
executados pela forma estabelecida neste Capítulo.
V- EFEITOS DA CONCILIAÇÃO FIRMADA PERANTE A JUSTIÇA DO TRABALHO E PERANTE AS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO
Quanto aos efeitos da conciliação celebrada perante
as comissões de conciliação e perante a Vara do Trabalho, passemos a
destacar seus traços distintivos e pontos de contato.
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Estabelece o art. 831, parágrafo único da CLT que “no
caso de conciliação o termo que for lavrado valerá como decisão
irrecorrível”.
Emerge daí a conclusão que ao acordo judicialmente
homologado foi dado o status de coisa julgada, o que não se verifica
com o termo de conciliação firmado perante a comissão de conciliação,
obviamente por não partir de órgão do judiciário. Cumpre, portanto,
apenas para sublinhar que ambos os atos guardam em comum a
condição de exeqüibilidade.
Outra particularidade digna de nota: como é
equiparado legalmente à decisão irrecorrível, repita-se, com força de
coisa julgada, o acordo judicial homologado somente pode ser
desconstituído através de ação rescisória. Esse é o posicionamento do
colendo TST, consubstanciado na Súmula 259.
O mesmo não se pode dizer em relação ao acordo
celebrado perante as Comissões de Conciliação. Este desprovido do
status de decisão judicial ou pelo menos equivalente a tal pode ser
desconstituído, “como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil”
ou seja mediante uma simples ação anulatória do ato jurídico, de acordo
com o art. 486, CPC.
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VI – A CONCILIAÇÃO NAS “LIDES SIMULADAS”
É sabido que no Processo do Trabalho a conciliação
somente se materializa, vale dizer, ganha eficácia e produz efeitos
jurídicos após a necessária homologação pelo Juiz Titular da Vara do
Trabalho.
Em respeito ao direito de disponibilidade das partes,
uma vez manifestada, inequivocamente, a vontade delas em prol da
conciliação, deve ser este ato referendado.
Isto porque como bem destaca Eduardo Gabriel Saad
na obra já citada “É passível de correição Juiz que se recusa a
homologar acordo que não desrespeita norma de ordem pública nem
seja exclusivamente lesivo aos interesses do empregado”.
Mas, se em outra hipótese constatar o Juiz indícios de
fraude na conciliação ou acordo manifestamente lesivo deve abster-se
de homologar aludido acordo.
É que não raro vem sendo ajuizados nesses
auditórios “lides simuladas”, ou seja, alguns patrões preferem se
esquivar da assistência sindical prevista e exigida no art. 477, § 1o. CLT,
estimulando seus empregados ao ajuizamento de ações onde possam
celebrar acordos em valores inferiores àqueles que seriam objeto do
acerto rescisório. E com um agravante, obtida a chancela judicial aquele
acordo não teria a limitada eficácia do acerto extrajudicial nos moldes do
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En. 330 do TST. Ganharia ao contrário a imponência da coisa julgada já
referida alhures que impediria o empregado de reclamar as diferenças
devidas decorrentes do acordo inferior ao devido.
A situação tornou-se ainda mais desfavorável aos
interesses do empregado na medida em que é praxe nos acordos
homologados a inserção da expressão “quitação pelo objeto do pedido e
extinto o contrato de trabalho”. Isso implica na conseqüência de que
nada mais se torna lícito ao autor pleitear em juízo seja em relação ao
pedido inicial e mesmo sobre todos direitos trabalhistas adquiridos no
curso do mesmo contrato.
Nessas circunstâncias, não pode o juiz simplesmente
assistir passivamente tal encenação processual. Deve, ao contrário,
coibir de maneira rigorosa aquela fraude.
Comungo, nesse aspecto, integralmente com os
caminhos sugeridos pelo Prof. José Roberto Freire Pimenta, em seu
magistral artigo: “Lides Simuladas: A Justiça do Trabalho como órgão
homologador”, publicado na Revista do Ministério Público do Trabalho,
v. 3. pág. 73/124:
Uma solução que freqüentemente tem sido adotada
nesses casos tem sido a imediata prolação de decisão, pelo Juízo
trabalhista, proclamando extinto o processo sem julgamento de mérito
por carência de ação e por aplicação subsidiária ao processo do
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trabalho, por força do artigo 769 da CLT, do disposto no artigo 129 do
CPC (‘convencendo-se, pelas circunstâncias da causa, de que autor e
réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim
proibido por lei, o juiz proferirá sentença que obste aos objetivos das
partes”). Embora tecnicamente tal conduta seja irrepreensível, tenho
sustentado que nos casos em que o empregado na verdade nada teve a
ganhar (e muito a perder) com aquela reclamação e simplesmente não
teve verdadeira escolha, tendo que se sujeitar à exigência patronal
nesse sentido (sob pena de não receber de imediato suas verbas
rescisórias e documentação necessária para receber os valores relativos
a FGTS e a seguro-desemprego), esta solução simplesmente privará o
trabalhador desses meios de subsistência imediata – e isto apenas
temporariamente, pois este, com toda a certeza, ajuizará nova
reclamação trabalhista, de teor e finalidade idênticos, em cuja audiência
tomará redobrado cuidado para nada revelar ao Juízo à qual a mesma
for distribuída, para que a homologação da falsa transação seja feita
sem maiores problemas.
Diante disto, tenho sustentado a possibilidade de o
julgador, em tais caso, homologar apenas em parte a conciliação que
lhe for submetida pelas partes, extirpando da mesma apenas a cláusula
de “plena e geral quitação pelo extinto contrato de trabalho” e,
dependendo das circunstâncias, dando ao pagamento ali ajustado os
efeitos liberatórios previstos na Sumula 41/TST (limitando-os tão-
somente ao valor global então ajustado, quando não haja discriminação
das parcelas objeto de pagamento ou aos valores discriminados no
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recibo rescisório então apresentado) ou na Súmula 330/TST
(estendendo-os também às parcelas discriminadas no recibo rescisório
correspondente e não objeto de ressalva específica do reclamante, na
ocasião) – o que tem a vantagem de eliminar a evidente coação
econômica a que a parte economicamente mais forte pretende submeter
o empregado ao mesmo tempo em que não permite, em casos de mera
rescisão dos contratos de trabalho sem verdadeiro conflito de
interesses, a quitação plena e geral repudiada pelo espírito do sistema
jurídico trabalhista e pela própria letra da legislação laboral. Tal solução
tem sido freqüentemente aceita sem resistência pelas partes, mas
mesmo nas ocasiões de não concordância por parte dos empregadores
(por si ou por seus advogados), encontra-se ela, a meu ver, autorizada
pelo já citado artigo 129 do CPC, que permite que o julgador, diante de
ato simulado, profira sentença que obste aos objetivos ilegais das partes
(e cujo conteúdo não precisa ser, necessariamente, aquele que acarrete
a extinção do feito sem julgamento de mérito).
No mesmo sentido leciona a eminente Procuradora do
Trabalho, Dra. Yamara Figueiredo, em artigo publicado na Revista do
Ministério Público do Trabalho, no. 18, ano IX, setembro 1999, p.104):
“ Nesta época em que tanto se fala do emperramento
da máquina judiciária, em que são discutidas tantas questões relativas a
uma melhor prestação jurisdicional por parte do Estado, há que se atinar
para uma questão específica à Justiça do Trabalho, qual seja: o
desvirtuamento de sua finalidade. E este desvirtuamento configura-se no
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momento em que nos deparamos com as famosas reclamatórias
simuladas, ou seja, quando o empregador orienta o empregado a
postular uma ação judicial para recebimento das verbas rescisórias.
A meu ver, tal conduta das partes implica no
desvirtuamento da função precípua da Justiça do Trabalho, qual seja a
de conciliar e julgar as ações ali propostas, além do que faz letra morta,
do disposto no §6º. do artigo 477-CLT (prazos para pagamento das
verbas rescisórias) e ainda do disposto no § lo. do mesmo artigo (que
estabelece a necessidade da assistência sindical para o empregado cujo
contrato de trabalho prolongou-se por período superior a um ano).”
VII – ALGUNS ASPECTOS PRÁTICOS DA CONCILIAÇÃO
Destaco, por derradeiro, alguns aspectos práticos da
conciliação trabalhista:
Deve o termo de conciliação judicial estar assinado
pelos litigantes e pelo Juiz do Trabalho, com a menção do prazo e
devidas condições para o cumprimento do acordo, podendo ainda, ser
estabelecida multa em caso de descumprimento de acordo. Tais
inserções tem respaldo nos §§ 1º e 2º do art. 846 da CLT.
Em caso de pagamento em cheque é salutar inserir-se
para evitar dúvidas quanto à incidência de multa, que eventual atraso na
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compensação daquele cheque não implicará na aplicação daquela
cláusula penal.
Sendo parcelado o acordo, torna-se devido,
antecipadamente, o total do acordado em caso de atraso de uma das
parcelas. Inteligência do art. 891/CLT. Entendo que, nesse caso, a multa
prevalecerá sobre o valor das parcelas remanescentes devidas salvo se
ajustado, ao contrário, que tal multa em qualquer hipótese incidirá sobre
o valor global do acordo.
VIII – CONCILIAÇÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA NACIONAL DO JUDICIÁRIO
Desde 2006, por iniciativa do CNJ que criou o
Movimento Permanente pela Conciliação vem sendo realizadas no mês
de dezembro de cada ano, Semanas de Conciliação quando todos os
Tribunais do País reservam suas pautas para audiências de conciliação
sob a coordenação do CNJ.
E a idéia de conciliação no processo como fator de
agilização do Judiciário tomou rumos tão importantes que passou a ser
encarada como importante política pública, a ponto de ser editada a
Resolução 125 do CNJ que obriga todos os tribunais brasileiros a
instalar núcleos e centrais de conciliação. Tudo isso coordenado por um
Comitê chamado Movimento Nacional pela Conciliação, coordenado por
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um Conselheiro do CNJ, sendo este atualmente o Conselheiro José
Roberto Amorim.
Para a Semana da Conciliação de 2011 que será
realizada de 28/11 a 02 de dezembro de 2011, em sua 6ª. Edição, o
Comitê que organiza o evento separou como tema as audiências que
abordem demandas judiciais de massa.
E no âmbito processual trabalhista o Conselho
Superior da Justiça do Trabalho através do ATO CSJT – 195-2011
instituiu a Semana Nacional da Execução Trabalhista para o mesmo
período adotado pelo CNJ estendendo a outras semanas no mês de
junho de cada ano a partir de 2012.
Evidente que tal medida tem ampla convergência com
a iniciativa do CNJ maxime em se considerando que Justiça do
Trabalho, com notória agilidade na fase de conhecimento encontra
grandes dificuldades no processo de execução onde se constatou
estatisticamente um estrangulamento da Ordem de 69% na fase de
execução. Ou seja na prática constata-se que para 10 processos
julgados apenas 3 se transformam em plena prestação jurisdicional com
execução do julgado.
Intuitivo, pois concluir-se da importância da
Conciliação na Execução, tema sobre o qual falaremos a seguir.
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IX - A CONCILIAÇÃO NA EXECUÇÃO
É relevante observar que ao instituir a Semana
Nacional da Execução e demonstrando convergência com a Semana da
Conciliação do CNJ cuidou o Conselho Superior da Justiça do Trabalho
de estabelecer, dentre as medidas a serem adotadas pelos Juízes
Trabalhistas a realização de audiências de Conciliação na execução.
Tal diretriz inserida naquele Ato do CSJT elimina de
vez qualquer objeção que se possa fazer de que a audiência de
conciliação na execução não se encontra prevista na legislação.
Longe disto, é o art. 599- I do CPC que autoriza a
designação da aludida audiência, quando autoriza o juiz ordenar a
qualquer momento o comparecimento das partes.
Sem dúvida que a conciliação é também meio dos
mais eficazes para imprimir a necessária celeridade ao processo de
execução.
Óbvio que a obtenção de um valor consensual, com
honras de razoabilidade, envolve a resolução definitiva daquele
processo, levando-o ao arquivo.
Mas não só nesse sentido poderia ocorrer a
conciliação na execução.
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Seria possível através do consensu inter partes
acelerar-se o procedimento. Os números poderiam ser, por exemplo,
previamente definidos numa hipótese sempre tormentosa de uma
liquidação por artigos.
Numa outra hipótese, os cálculos apresentados pelas
partes, sempre divergentes, podem ser acertados, mediante prévia
mediação pelo Juiz.
A mediação poderia ainda ocorrer mediante definição
de ações consensualizadas a serem praticadas no cumprimento de uma
obrigação de fazer.
Providências adicionais podem ser adotadas
supletivamente para facilitar o intuito conciliatório como liberação de
depósito recursal, FGTS, ou seguro-desemprego, conferindo-se à
próprio ata, força de guia de retirada.
Enfim o leque de opções que podem as partes, sob a
direção do Juiz e atento ao cumprimento dos ditames da lei e da
razoabilidade é infinito e plenamente utilizável na linha de criatividade
dos operadores do direito.
É pois, a conciliação na execução fundamental
instrumento para que possamos desmentir aquela máxima de que o
processo do trabalho somente é ágil na fase cognitiva. E com isso
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poderemos dirimir a justificada frustração do EXEQUENTE de ver
apenas pela metade completada a prestação jurisdicional.
Destaque-se nesse particular a atuação no âmbito
deste Regional do Núcleo de Conciliação de 2ª. Instância. Este busca
basicamente conciliar as partes em processos de execução e viabilizar o
pagamento dos valores devidos aos credores, o que promove,
especialmente, através da reunião de processos em curso contra o
mesmo devedor. Atende, assim, à missão conciliatória da Justiça do
Trabalho e ao direito à razoável duração do processo a benefício do
credor trabalhista, conforme diretrizes traçados no Ato Conjunto/TRT 3ª.
R/SGP/SCR n. 2, de 09.07.2009. Há casos, porém, de manifesto
interesse social evidenciado, motivado pelo envolvimento de agentes do
denominado terceiro setor – leia-se entidades da sociedade civil de fins
públicos e não lucrativos -, que têm reclamado ação igualmente incisiva,
dada a presença de riscos de danos a bens jurídicos de relevância para
determinadas comunidades. Essa, então, um segunda nota impulsiva de
atuação do Núcleo de Conciliação da 2ª. Instância.
VIII - CONCLUSÃO
Em conclusão reiteramos que a conciliação trabalhista
deve sempre ser incentivada em face de sua capital importância
antecipatória de prestação jurisdicional, sendo igualmente bem vinda na
fase de execução, através de designação de audiências para esse
mister.
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Sua homologação, todavia, deve estar condicionada à
prudente análise do juiz que deverá rejeitá-la sempre que constatar
práticas fraudulentas ou lesivas aos interesses do trabalhador, valendo-
se para tanto dos mecanismos legais de que dispõe e que cuidamos de
mencionar nessa singela exposição.
Reitero, nesta oportunidade, e deixo como mensagem
final a visão que tenho sobre a conciliação e que externei no meu
discurso de posse como Presidente do TRT-Minas em 12/12/2007: “O
acordo é a mais sublime das formas de realização da Justiça porque é a
divergência encontrada na convergência, a Jurisdição imposta do poder
transformada na Jurisdição conquistada pelo entendimento; o litigante
plasmado em juiz de suas próprias controvérsias”.
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