a importÂncia da parceria entre famÍlia e escola...
TRANSCRIPT
A IMPORTÂNCIA DA PARCERIA ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA NO PROCESSO
EDUCACIONAL: UM OLHAR NA ESCOLA MUNICIPAL VÍTOR DIAS
Angela Maria Wanderlei de Brito1
Orientadora: Klívia de Cássia Silva Nunes2
RESUMO
O presente trabalho apresenta algumas reflexões sobre a importância da interação entre
família e escola no processo educativo da criança na Escola Municipal Vitor Dias. Procurando
entender a ausência da família no processo educativo nesta escola, surge o projeto de
intervenção: A importância da parceria entre família e escola no processo educacional: um
olhar na Escola Municipal Vítor Dias, com objetivo de promover a participação da família no
processo ensino-aprendizagem, estimulando o crescimento do aluno, resgatando o
fortalecimento da auto-estima. Nesse sentido, o presente trabalho foi desenvolvido de maneira
a responder o seguinte questionamento: Quais os principais fatores que influenciam a relação
família e escola e o rendimento escolar? Procurando responder este questionamento busca-se
desenvolver ações que possam fortalecer a relação entre ambas diminuindo assim, a
distância observada na pesquisa de campo entre estas duas instituições, imprescindíveis na
vida da criança e jovens da escola pesquisada. Assim, conclui-se que a família e escola são as
instituições capazes de juntas, reverterem situações problemas que ao longo do processo
educativo institucional possam aparecer, bem como, para o desenvolvimento integral de
crianças e jovens, refletindo positivamente na aprendizagem escolar .
Palavras-chave: Escola – parceria - família.
_________________
1Licenciatura Plena em Pedagogia, pela Universidade Federal do Tocantins – UFT. Especialista em Gestão
Escolar pelo Programa Escola de Gestores/ UFT; Cursando Especialização em Coordenação Pedagógica pela
Escola de Gestores em Parceria com o MEC e a Universidade Federal do Tocantins – UFT.
2Professora orientadora do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica pela Escola de Gestores em
Parceria com a Universidade do Tocantins – UFT.
INTRODUÇÃO
A relação família-escola nos dias atuais se tornou tema de discussão pela importância
da parceria entre esses dois segmentos para o alcance do sucesso dos alunos no processo de
ensino aprendizagem. È comum ouvir-se de professores que o apoio familiar é imprescindível
para o bom desempenho escolar dos alunos e evidencias de que alunos acompanhados
regularmente por suas famílias têm resultados além daqueles que não possuem o respectivo
acompanhamento.
Em observação à Escola Municipal Vitor Dias notou-se que a ausência dos pais às
solicitações vem acontecendo com freqüência no contexto escolar atual e os resultados na
aprendizagem dos alunos não vêm sendo favoráveis, o que pode ser um indicativo do pouco
acompanhamento dos pais à vida escolar das crianças. Essa foi uma das questões que motivou
o desenvolvimento desse trabalho objetivando analisar a família perante a escola e a
necessidade de uma integração, supondo que a questão familiar pode ser um dos fatores que
influenciam o desenvolvimento escolar de um aluno em seu processo de escolarização.
Embora sabendo que os parâmetros de família têm mudado no decorrer dos séculos,
acredita-se que mesmo nessa nova composição, o representante principal possa ser um
personagem importantíssimo na aprendizagem do educando.
A escola que antes tinha apenas a função de ensinar para o mundo do trabalho passa a
assumir também a função da família que é educar para a vida nos aspectos espirituais, morais
e sociais, o que acabou por sobrecarregar a escola que sofre conseqüências e em torno disso
gera-se muitos conflitos. Para diminuir tais conflitos o ideal seria criar uma parceria entre
família e escola para que haja uma distribuição mais justa de responsabilidades, onde cada um
faz o seu papel e não sobrecarrega a outra.
O presente trabalho pretende, sobretudo, tratar das vantagens dessa parceria como
imprescindível para a diminuição de muitos problemas enfrentados hoje na escola. Nesse
contexto será analisado o papel da família na educação dos filhos bem como os fatores que
exercem maior influência na interação entre a família e a escola alem de refletir sobre o papel
da escola no processo de interação com a família com o objetivo de fomentar interação
necessária entre a escola e as famílias na Escola Municipal Vitor Dias. Dessa forma foram
aplicados questionários a um público de pais a fim de analisar a sua concepção sobre aspectos
relativos a escola de seus filhos bem como sua participação na escola enquanto responsáveis
pelo aluno, além do seu conceito sobre qual o papel da escola na educação dos seus filhos.
A pesquisa parte da realidade da Escola Municipal Vitor Dias, Instituição de Ensino da
Rede Pública Municipal do Município de Darcinópolis-To. A instituição citada atende a uma
demanda de aproximadamente 553 alunos de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, fase em
que o acompanhamento dos pais no processo educacional dos filhos é imprescindível, visto
que se trata do alicerce da vida escolar desses alunos que precisa ser bem acompanhada tanto
pela escola quanto pelos pais como bem fundamenta a LDB em seu artigo 205. Em análise
feita pela própria escola, constatou-se que a ausência de parte dos pais no processo educativo
dos filhos, tem resultado em desempenho abaixo do esperado em relação aos que recebem o
devido acompanhamento. Percebeu-se a necessidade de aprofundamento maior no assunto,
para então desenvolver estratégias no sentido de reparar o problema existente.
FATORES QUE INFLUENCIAM A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA E O
RENDIMENTO ESCOLAR
É fato a afirmação de que a interação da família no processo educacional dos filhos
tem se mostrado cada vez mais fundamental para seu desempenho escolar evidencia real dessa
afirmação é a comparação de um aluno acompanhado em casa, onde o pai participa
ativamente de sua escolarização em casa e em contato com a escola versus um aluno que não
possui esse devido acompanhamento Nesse contexto é evidente que na medida em que a
escola procura intencionalmente promover espaço de participação entre esta e as famílias é
mais fácil adquirir resultados uma vez que é mais cômodo participar onde nos sentimos
acolhidos e bem vindos.
Outro fator, senão o principal que influencia a relação escola família é o diálogo entre
ambas de forma a chegarem a um consenso de suas reais atribuições sobre a sua
responsabilidade, no caso o aluno de maneira a não sobrecarregar uma a outra e cada uma
fazer a sua parte no que se trata ao ensino aprendizagem. E, de acordo Paro (2007) para que
esse diálogo aconteça é necessário que os pais se sintam respeitados, valorizados e tratados
―de igual pra igual‖ na escola dos filhos.
Na Escola Municipal Vitor Dias, tem-se primado pelo diálogo com as famílias de
formas a inseri-las no contexto escolar de seus filhos por compreenderem como necessário e
não por medo de punição. Com esse intuito realizou-se estudos de professores junto aos pais
de textos como o diálogo de Rosely Sayão e Júlio Groppa Aquino ―A Escola, a família e suas
fronteiras‖ refletindo sobre esses laços necessários entre essas duas instancias onde o autor em
uma entrevista frisa a importância da família no cotidiano escolar dos filhos refletindo sobre
as múltiplas estruturas familiares existentes e o papel destas na escolarização dos filhos de
maneira a cumprir sua função social.
Sobre os fatores que interferem no rendimento escolar compreende-se que além da
falta de participação da família existem ainda fatores adversos, um exemplo é a falta de
condições financeiras das famílias de promover uma vida digna aos filhos e nesse contexto a
participação na escola se torna segundo plano tendo em vista que alguns não conseguem
sequer o alimento necessário todos os dias. Segundo Oliveira (2008), o fator condição social
exerce fundamental influência no insucesso nos estudos por parte dos alunos.
Paro (2007) vê como fator prejudicial à integração família e escola, a comunicação
ineficiente. Em relação a isso, ele afirma que a comunicação eficiente entre a família e a
escola está muito distante da realidade atual, e que os valores importantes no que diz respeito
ao ensino ficam prejudicados nesse tipo de relação. De acordo com o mesmo autor, a falta de
iniciativa dos educadores contribui de maneira significativa para este quadro. Para ele, os
docentes deixam a desejar nas atitudes, além de haver escassez de trabalho em conjunto com a
família dos alunos. Dessa forma constata-se que deverá haver mais iniciativa da escola em
contato com as famílias além da simples convocação para reuniões de repasses de
informações e observações sobre seus filhos.
Partindo desse pressuposto e como ação do projeto de pesquisa que deu origem a este
trabalho, a Escola em estudo tem realizado nas turmas do 2º e 3º ano o ―momento dos Pais‖
em que o pai/mãe/avó/tio, etc; tem o espaço para contar uma história ou realizar uma
brincadeira com toda a turma. A ação ganhou vários adeptos e foi uma oportunidade a avós
que nunca tinham vindo à escola, terem seu ―momento de fama‖. Algumas relataram ter se
lembrado de seus tempos de escolaridade. Nos últimos meses essa ação tem até gerado
conflitos e em uma das salas teve que se montar cronograma, pois estava havendo mais de
dois participantes no mesmo dia o que, de certa forma atrapalhava a rotina do professor. Os
participantes na maioria das vezes eram cobrados por seus filhos/netos/sobrinhos a virem,
justificando que todos já tinham vindo e faltava apenas ele(s).
Essa ação foi realizada nessas turmas estrategicamente por serem as turmas onde
contávamos com pouquíssima participação dos pais no processo de escolarização e por
precisar-se muito dessa presença, seja por indisciplina ou mesmo por dificuldade na
realização da tarefa de casa, por exemplo. A ação teve pausa de um mês pra analisar-se se
houve resultados e notou-se que as notas da turma tiveram evolução em relação ao bimestre
anterior. Atribui-se a isso o fato de os pais estarem mais presentes e participando do dia-a-dia
da sala de aula e compreendendo os pontos fracos de seus filhos no que se trata da
aprendizagem.
Nota-se que nessa relação escola família vários são os pontos de intersecção, as
responsabilidades são múltiplas e deverão ser recíprocas para que se obtenham resultados
satisfatórios.
FUNÇÕES DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NO PROCESSO EDUCACIONAL
A discussão sobre a participação da família na vida escolar dos seus filhos, não é
recente. Para uma melhor compreensão é fundamental a análise de tais instituições ao longo
dos tempos. A família tem mudado radicalmente no tempo e no espaço, evidencia disso
observa-se nos modelos de família hoje em comparação a épocas anteriores.
A princípio, como nos mostra Zagury (2002, p.28):
[...] o poder educacional dessas duas instituições (escola e família) se alicerçava e
alimentava-se mutuamente. Especialmente com isso, as novas gerações adquiriam
seus valores e seus saberes (intelectuais e morais) sem maiores problemas.
Dessa forma, com a modernização da sociedade as famílias passaram a obter uma
nova estrutura, assim como a escola, o que deu origem aos conflitos que existem entre esses
dois segmentos que dificulta seu relacionamento necessário.
Segundo Tiba (1996, p.43), observa-se que anteriormente grande parte das famílias se
organizava da seguinte maneira:
[...] as crianças só chegavam à escola aos 6,7 anos de idade. As mães raramente
trabalhavam fora de casa e os pais, embora ocupados, permaneciam mais tempo
com a família. Assim a criança tinha muita convivência familiar e a escola cumpria a
sua parte, fornecendo uma educação complementar.
Porém, a sociedade moderna trouxe uma nova forma de organização não somente nas
instituições de ensino, mas também no que diz respeito ás estruturas familiares. Hoje, a mãe
trabalha fora, ausentando-se de casa por muitas horas, e o pai tem menos tempo para dedicar à
educação dos filhos. Como isso, na maioria das vezes a criança não tem com quem ficar em
casa, estão sendo colocadas em escolas cada dia mais precocemente quando ainda deveriam
estar sob a educação familiar.
Dessa forma, percebe-se que uma parte das crianças está indo à escola para ser
educada e algumas, para ser criadas, chegando à escola sem o amadurecimento suficiente para
receber a instrução formal, para qual as escolas estavam preparadas. Daí espera-se que os
professores estejam capacitados para assumir tamanha responsabilidade e acredita-se que os
mesmos não estão preparados, pois a maioria dos professores em atividade hoje, não
receberam capacitação para exercer o papel de formador.
Surge então o conflito, de um lado os pais pela ocupação do dia-a-dia já não
encontram tempo para auxiliar na educação dos filhos, cobram mais e mais das escolas e
professores esperando que estes façam o que ainda não foi feito, e de outro lado, encontram-se
os profissionais de ensino, em sua grande maioria mal remunerados e despreparada para
assumir tamanha responsabilidade.
Mais uma vez, podemos confirmar tal idéia nas palavras de Tiba (1998, p.27):
[...] a quem cabe a tarefa de educar, se à escola ou à família? Entra-se num jogo de
empurra responsabilidade sobre os mal-educados. A família cobra que a educação
seja dada pela escola, enquanto esta diz que deve vir de berço. Enquanto isso, a
educação vira área de ninguém.
São diversos os fatores que agravam os conflitos entre família e escola no campo
educacional. E infelizmente o que se percebe é que cada vez mais torna-se difícil para o
educador realizar seu trabalho.
Mas o verdadeiro objetivo dessa discussão, não é encontrar o responsável para tais
problemas, mas, mostrar alguns dos obstáculos, das barreiras existentes entre esses dois
agentes (família e escola) imprescindíveis no processo educacional de nossas crianças.
O que se sabe até aqui é que ficar nesse cabo de guerra, não vai levar ninguém a lugar
nenhum, ou melhor, vai nos levar a caminhos muito mais difíceis.
Como o próprio título do trabalho sugere, e que veremos mais detalhadamente a
seguir, é importante estabelecer uma parceria entre essas duas instituições para alcançarmos
sucesso no processo de ensino e aprendizagem.
A ESCOLA FAZENDO SEU PAPEL NO PROCESSO DE INTERAÇÃO COM A FAMÍLIA
Firmar uma parceria com a família significa reconhecer tal segmento com a sua
estrutura, respeitando-a sem preconceito. Nessa parceria cabe a escola conhecer as relações
familiares para poder manter uma relação face-a-face com o espaço familiar, de forma aberta
e respeitosa. É preciso manter uma relação dialógica, em que todas as partes envolvidas
possam expressar na busca de saídas para os problemas educativos. Dessa forma cabe à escola
fomentar o interesse e a preocupação dos pais em participarem do processo escolar dos filhos
como co-responsáveis.
De acordo com SZYMANSKI (2001, p.82)) as famílias:
Esperam da escola um tipo de organização que permita mais contato com os pais,
por meio de reuniões em que possam saber sobre o rendimento dos filhos, assim
com um registro, um boletim.
Nesse raciocínio, nota-se que não é tão distante a expectativa da família em relação à
escola, esta espera que a escola cumpra sua função e esteja em comunicação com a família.
Isto é, os pais consideram natural e necessário o acompanhamento do processo escolar dos
filhos, como forma de conhecer as ações da escola, embora não seja tão real esse
acompanhamento quando se trata da aprendizagem.
Sabe-se, portanto que o papel da escola em relação à família é bem além do simples
repasse de informações, tal como Szymanski (2001, p. 90) ratifica:
A escola tem um papel preponderante na contribuição do sujeito, tanto do ponto de
vista de seu desenvolvimento pessoal e emocional, quanto da constituição da
identidade, além de sua inscrição futura na sociedade.
Assim, o papel da escola vai além da mera transmissão de conteúdo, pois é no
ambiente escolar que o sujeito adquire uma ampla gama de conhecimentos e aperfeiçoa seu
aprendizado de viver em sociedade. Nos dias atuais, o papel da escola, é proporcionar a
formação global do aluno, como um espaço de discussão das questões sociais vividas pela
sociedade, pela comunidade e pelos alunos e educadores em seu cotidiano.
Por fim SZYMANSKI, (2001, p.75) sintetiza o raciocínio acrescentando que:
Uma condição importante nas relações entre família e escola, é a criação de um
clima de respeito mútuo [...] tendo claramente delimitado os âmbitos de atuação de
cada um.
Nesse sentido e a escola ainda precisa repensar suas práticas em relação à família.
Precisa cultivar em seu interior um trabalho de incentivo à participação da família na escola,
assim como também a família precisa aproximar-se cada vez mais das ações que ocorrem no
interior da escola.
4. METODOLOGIA DA PESQUISA.
A pesquisa utilizada se caracteriza como pesquisa ação e no decorrer do
trabalho são descritos de forma fundamentada sob a visão de diversos autores o papel da
família e da escola na educação dos filhos bem como os fatores que exercem maiores
influencia na interação entre essas duas instituições tomando por base a realidade da Escola
Municipal Vítor Dias. Para a compreensão do ponto de vista dos pais dos alunos dessa
instituição sobre seu papel no processo de escolarização de seu filho bem como a sua
freqüência de visitas à escola além da relação da escola com estes pais, foi realizado um
levantamento através da aplicação de um questionário em Setembro do corrente ano a uma
amostra de 40 (quarenta) pais escolhidos estrategicamente em todas as turmas do 1º ao 5º ano,
ou seja, os que resistiam com mais freqüência o acompanhamento aos filhos, bem como a
participação na escola. A pesquisa foi realizada em reunião extraordinária realizada pela
coordenação pedagógica que estendeu o convite a aproximadamente 60(sessenta) pais listados
pelos professores como distantes da realidade do seu filho e observados pela escola por um
período de aproximadamente 3 (três) meses. Para facilitar a tabulação dos dados o
questionário foi organizado em alternativas a serem marcadas pelos pais.
A análise dos dados foi realizada manualmente em análise aos 40 (quarenta)
questionários respondidos pelos pais. As informações obtidas por meio desses questionários
foram organizadas estatisticamente em gráficos e estão listadas a seguir apresentando
resultados expressivos.
Em relação à escolaridade dos pais, cerca de 13% do total declarou possuir nível de
escolaridade de 5ª a 8ª séries e 25% disseram ter o ensino fundamental de 1ª a 4ª série,
seguido por 45% de ensino médio. Por outro lado, 5% disseram ter apenas a alfabetização e,
12% possuem o nível superior, tal como demonstra do Gráfico 1.
Gráfico 1: Grau de Escolaridade dos pais.
13%
5%
25%45%
12%
1. Qual é o seu nível de escolaridade?
Fundamental (5ª a 8ª série)
Alfabetização (Educação de Jovens e Adultos)
Fundamental (1ª a 4ª série)
Ensino Médio
Ensino Superior
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011.
Assim, observa-se que com o avanço da sociedade atual, aumenta também o grau de
instrução dos pais, o que de certa forma deveria influenciar de maneira positiva, pelo fato de
os pais hoje terem conhecimentos que os tornem capazes de compreender o real sentido da
escola para seu filho bem como a importância do seu acompanhamento para uma educação
efetiva.
No questionamento sobre a importância da educação na vida dos filhos, exatos 100%
responderam de maneira positiva, ou seja, que a educação tem sim importância, e 93%
expressaram que além de cuidar, a família também tem o dever e a responsabilidade de educar
os filhos, contra 5% que acreditam que o dever da família é apenas educar e 2% acham que a
família deve apenas cuidar, conforme evidencia os gráficos 2 e 3.
100%
00
2. Você considera a Educação Escolar importante?
Sim
GRÁFICO 2: Importância da educação para os filhos
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011
Gráfico 3. Responsabilidade da família
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011
Em análise ao contexto pode-se constatar que apesar de não estarem tão próximos da
educação dos filhos, os pais a vêem como importante o que, já é um avanço no sentido da
parceria a ser firmada, uma vez que esta depende, sobretudo da sensibilização da família
quanto às sua responsabilidades.
Em relação à função da escola, 63% dos entrevistados responderam que seria ensinar
a ler, escrever e fazer cálculo, outros 23% acreditam que a função social da escola é ensinar o
exercício da cidadania. Já para 10% desses pais o papel da escola é ensinar o aluno a conviver
com outras pessoas e para apenas 2% dos pais entrevistados a função da escola é ensinar uma
profissão ou outra função não especificada, como evidencia o gráfico 4.
2%5%
93%
3. Para você. Quais são as
responsabilidades da família na
educação dos filhos?Cuidar
Educar
Cuidar e Educar
63%2%
10%
23%2%
4. Para você, qual é a função da escola? Ensinar a ler,
escrever e
fazer cálculosEnsinar uma profissão
Ensinar a
conviver com
outras pessoas Ensinar o
exercício da cidadaniaOutra
63%
37%
00
5. Como você avalia a participação de seu filho na escola?
Boa
Regular
GRÁFICO 4: Função da escola
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011
Diante as respostas dos entrevistados, observa-se o quanto a educação tradicional
ainda está arraigada nos dias atuais, sob a concepção da própria família que ainda compreende
educação formal como o ensinar a ler e escrever de forma mecânica sem levar muito em
consideração a função puramente social da escola de formar sujeitos, desenvolvendo o
processo de socialização do aluno de forma a prepará-lo desde seu início de escolaridade para
o mundo que o cerca. No intuito de fortalecer a afirmação recorre-se a GOMES, (2000, p.18),
que diz que:
[...] ―a função da escola concebida como instituição especificamente
configurada para desenvolver o processo de socialização das novas gerações,
aparece puramente conservadora; garantir a reprodução social e cultural
como requisito para a sobrevivência mesma da sociedade‖
No que se refere à participação dos filhos na escola, 63% dos entrevistados disseram
ser boa, e o restante, 37%, avaliaram como regular (Gráfico 5).
GRÁFICO 6: Participação do filho na escola
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011
53%47%
00
6. O que você espera da escola para seu filho?
Preparação
profissionalPreparação para a vida
2%15%
83%
0
7. Você vai à escola com qual frequência?
Não costumo ir, porque
não acho importante
Vou nas reuniões
quando sou chamado
Vou sempre que posso, para saber se está tudo
bem
A partir das respostas, observou-se, portanto que até mesmo o diálogo rotineiro nas
famílias não é tão comum, pois os pais sabem muito pouco sobre seus filhos, sua rotina, suas
dificuldades. Isso de certa forma explica a pouca importância que estes dão ao
acompanhamento da vida educacional dos filhos.
Quando perguntados sobre a expectativa para a formação de seus filhos na escola,
53% dos pais disseram que esperam que a escola os prepare para a vida, outros 47% esperam
que a escola os prepare para o mercado de trabalho, ou seja, preparo profissional, tal como
revela o gráfico 6.
GRÁFICO 6: Expectativa para a formação dos filhos
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011
O gráfico acima mostra que apesar da não participação na vida de escolaridade dos
filhos os pais tem expectativas positivas em relação à sua formação profissional bem como
preparação para a vida, muito embora essa responsabilidade esteja atribuída somente à escola.
Um fator importante observado é a freqüência de visitas dos pais à escola. Sobre isso,
83% responderam que sempre vão à escola, outros 15% disseram que só vão a reuniões, e
apenas 2% admitiram que nunca vão à escola, como mostra o Gráfico a seguir.
GRÁFICO 7: Freqüência de visitas dos pais à escola
72%
11%00
8. Se vai à escola com frequência, como você avalia o diálogo entre a escola e a
família?
BomRegular
Nota-se com isso que os pais se sentem inibidos ao admitirem que não vão à escola do
filho e acabam omitindo sua não participação.
Outro importante fator nessa interação é o diálogo entre a família e a escola. Assim,
71%avaliaram esse diálogo como bom, e o restante disse ser apenas regular, conforme é
mostrado no gráfico 8. Essa constatação estimula à continuidade de ações no sentido da
aproximação desses dois segmento interdependentes, pelos resultados já obtidos e que
comprovadamente estão surtindo efeitos positivos.
GRÁFICO 8. Diálogo entre a família e a escola
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011
Notou-se que o relacionamento entre a Escola Municipal Vitor Dias e os pais de seu
público acontece de forma tranqüila e isso foi evidenciado quando se perguntou aos pais
como eles se sentiam ao falar com profissional da escola. 70% disseram sentir-se normal, e
quase 30% responderam sentir-se muito bem. (Gráfico 9)
GRÁFICO 9: Sensação durante diálogo com membros da escola
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011
Ao serem questionados sobre como são recebidos quando vão à escola, 60% dos
entrevistados expressaram ser bem recepcionado, e 40% disseram ser muito bem recebido na
escola. O que de certa forma aumenta os questionamentos quanto à não participação já que,
para esses pais a escola vem cumprindo seu papel no que se trata da acolhida e diálogo com
estes.
70%
30%00
9. Como você se sente ao falar com o(a) professor(a), coordenador(a),
e/ou diretor(a)?
Bem
Normal
GRÁFICO 10: Recepção aos pais pela escola
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011
Um ponto curioso das respostas foi quando ao questionar-se sobre o acompanhamento
dos estudos dos filhos, 48% dos pais disseram verificar tarefa de casa e 47% disseram que
ajudam seus filhos a estudar as lições de casa. Apenas 5% dos entrevistados admitiram que
não acompanham seus filhos e justificaram não ter tempo como é evidenciado no gráfico 11.
As respostas dadas pelos pais foram contraditórias à realidade vivenciada o que causa
preocupação na medida em que se observa o rendimento dos alunos e as observações de
professores sobre os mesmos alunos que não fazem a tarefa de casa.
GRÁFICO 11: Acompanhamento dos estudos dos filhos
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011
Ainda a fim de compreender-se ainda a concepção dos pais sobre os efeitos positivos e
negativos da sua não participação ou participação na vida escola de seus filhos, perguntou-se
se estes consideravam que a sua participação poderia melhorar o desempenho e a
aprendizagem de seu filho. Diante disso 81% dos pais concordam que sim e 19% acham que
melhora apenas o comportamento destes na escola.
60%
40%
00
10. Como você é recebido
quando vai à escola?
Muito …Normal
5%
48%47%
0
11. Como você tem acompanhado o estudo do seu (ua) filho(a)?
Não tenho
tempo para acompanharVerifico a "tarefa
de casa"
Ajudo a estudar as lições
Gráfico 12. Importância da participação na escola.
Fonte: pesquisa de campo realizada em 2011
Nesse contexto, constata-se que as responsabilidades a serem assumidas pelos pais
como parceiros da escola estes já conhecem bem como os caminhos para uma parceria com a
escola, o que falta a esses atores é colocar a teoria em prática para que se adquira resultados
positivos. Por outro lado a escola em seu contexto deverá fazer a sua parte no favorecimento a
essa interação possibilitando vias de acesso a esse público a fim de que ambos cumpram seus
papéis em todos os processos educacional, familiar e social.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalhou possibilitou uma análise detalhada da realidade em estudo e mostrou de
fato a importância da participação dos pais na escola participando da vida de escolaridade dos
filhos para que haja harmonia entre esses dois segmentos responsáveis pela educação.
Após essa análise verificou-se que os pais investigados consideram importante essa
participação, embora esta ainda deixe a desejar por parte desses pais que na maioria das vezes
acabam por arrumar uma desculpa ao não cumprimento do seu real papel.
Percebe-se que essa participação é um grande desafio para aqueles que estão
envolvidos com o processo educativo de crianças, adolescentes e jovens. É preciso que a
escola e família busquem cada vez mais uma relação de parceria com compromisso, a fim de
superar as dificuldades existentes nessa relação.
Os reais objetivos deste projeto de intervenção pelas ações realizadas obtiveram
resultados parciais no sentido da aproximação escola família. Após as várias tentativas citadas
no decorrer deste trabalho percebeu-se um melhor diálogo existente possibilitando assim uma
maior parceria e acompanhamento dos filhos pelos pais no decorrer do 3º bimestre o que foi
constatado pelo aumento na aprovação dos alunos nesse bimestre bem como na realização do
81%
19% 00
12. Você considera que a sua participação junto à escola pode
melhorar o desempenho e a aprendizagem de seu(ua) filho(a)?
Sim, acredito
―para casa‖ por alunos que não davam esse retorno. Tal resultado comprovadamente se deu
pela aproximação do pai à vida escolar dos filhos nessa instituição.
Entende-se, portanto, que quando o assunto é a relação família e escola, não cabe mais
a ―essa altura‖, buscar um culpado pelo conflito. È necessárias ambas as instituições se
conscientizarem da sua real função social, e posteriormente, unirem-se no sentido de tornar o
processo educativo mais eficaz e satisfatório para todos nós.
É necessário ter em mente ainda, que o que está em jogo realmente é formação de
crianças e jovens que estão dentro de pouco tempo escrevendo a história de nossa sociedade.
Cabe então a todos nos, zelar pela formação intelectual, moral e ética de nossos futuros
cidadãos.
6. REFERENCIAS
SZYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília:
Plano, 2001.
GOKHALE, S. D. A família desaparecerá? In: Revista Debates Sociais. Nº 30, Ano XVI. Rio
de Janeiro, CBSSIS, 1980.
CARVALHO, M. E. P. Relações entre família e escola e suas implicações de gênero.
Cadernos de pesquisas, n. 110, p. 143-155, 2000.
GOKHALE, S. D. A família desaparecerá? In: Revista Debates Sociais. N° 30, Ano XVI.
Rio de Janeiro, CBSSIS, 1980.
NOGUEIRA, N. A relação Entre Escola e Comunidade na Perspectiva dos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Revista Pátio, ano 3, n.10. p. 13-17, ago/out. 1999.
PAROLIN, I. C. H. Família e Escola: Instituições Parceiras. Temas em Educação II.
Jornadas 2003. São Paulo.
PARO, V. H. Gestão da escola pública: a participação da comunidade. Revista
brasileira de estudos pedagógicos, v. 73, n. 174, p. 255-290, 1992.
__________________. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã,
2007.
TIBA, Içami. Ensinar aprendendo:como superar os desafios do relacionamento professor
aluno em tempos de globalização.São Paulo,1998.
__________________. Disciplina, limite na medida certa — São Paulo: Editora Gente,
1996
ZAGURY, Tânia. Escola sem conflito: parceria com os pais. Rio de Janeiro: Editora Record,
2002.