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A Importância da Biomecânica Ocupacional para Manuseio de Carga
na Prevenção de Lombalgias.
Maria Leane Barbosa dos Santos
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Email: [email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia²
Pós-graduação em Ergonomia: Saúde, Segurança e Otimização dos Processos – Faculdade FAIPE
Resumo
A Biomecânica Ocupacional está relacionada ao estudo das posturas e tarefas do homem no
trabalho. Trata-se de uma área interdisciplinar que possui ligação direta com a Ergonomia e
que procura buscar soluções para os problemas decorrentes da adaptação do homem ao
ambiente de trabalho e vice-versa. A análise das propriedades biomecânicas do aparelho
locomotor, tais como as posturas dinâmicas, a mobilidade articular e a força muscular, são
alguns dos métodos utilizados pela Biomecânica Ocupacional para determinar os limites e
capacidades humanas para a realização de tarefas laborais sem o risco de lesões. Entre as
lesões decorrentes de esforços inadequados relacionados ao trabalho, a lombalgia é o fator
de maior queixa entre os trabalhadores de diferentes áreas, especialmente aqueles que
desempenham profissões que envolvem levantamento, sustentação e/ou transporte de cargas,
algumas condições de trabalho envolvem esforços inadequados ou a manutenção de uma
mesma postura por longos períodos. O objetivo desta pesquisa é proporcionar a prevenção
da lombalgia na atividade manuseio de carga através da biomecânica ocupacional.
Palavras-chave: Biomecânica Ocupacional; Manuseio de carga; Lombalgia.
1. Introdução
A Biomecânica Ocupacional está relacionada ao estudo das posturas e tarefas do homem no
trabalho, as relações entre as dimensões corporais e a postura no trabalho se refletem
principalmente quando o trabalhador tem de se ajustar ao equipamento, assumindo posturas
inadequadas, e/ou quando o equipamento é ajustado ao trabalhador em relação às suas
dimensões corporais, permitindo a adoção de posturas adequadas.
A capacidade de carga é influenciada pela sua localização em relação ao corpo e outras
características como formas, dimensões e facilidade de manuseio. Em relação à localização
relativa, para movimentos repetitivos, a força máxima para o levantamento de peso é exercida
quando a carga encontra-se a 30 cm de distância do corpo e a 30 cm de altura do solo. Essa
capacidade diminui quando a carga se afasta para 60 cm do corpo, chegando praticamente a
zero quando se afasta a 90 cm do corpo (IIDA, 2005).
_________________________________ 1 Pós-graduação em Ergonomia: Produto e Processo.
2 Graduada em Fisioterapia, Especialista em Metodologia do Ensino Superior e Mestre em Bioética e Direito em
Saúde.
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O levantamento de peso é acompanhado de um considerável aumento da pressão nas
cavidades abdominais devido à contração dos músculos abdominais, a pressão intra-
abdominal ajuda a estabilizar a coluna enquanto se levanta cargas com as mãos, os modelos
biomecânicos também estabelecem que a postura agachada para levantar cargas grandes,
próximas aos joelhos dobrados, envolve forças de compressão maiores do que levantar cargas
à mesma carga em uma postura curvadas. Em outras palavras, se a carga é muito volumosa
para ficar entre os joelhos, pode ser mais vantajoso curva-se do que se agachar para levantá-
la, as forças de cisalhamento, no entanto, são maiores na postura curvada, comparado à
postura agachada. Isto sugere que as pessoas devem manter o tronco em uma postura ereta
sempre que possível (COUTO, 2007).
Análise multifatorial na qual um conjunto de variáveis (psicológicas, biomecânicas,
fisiológicas e epidemiológicas) é utilizado para definir o limite de peso recomendável a ser
manuseado e um índice de levantamento de cargas. O índice de levantamento é calculado a
partir da razão entre o peso real do objeto levantado na condição de trabalho e o limite de
peso recomendável, e é utilizado para determinar um limite de segurança da atividade de
levantamento. Ao efetuar a atividade dentro de um limite de segurança, o trabalhador estaria
com um risco reduzido de desenvolver problemas lombares.
A lombalgia é o fator de maior queixa entre os trabalhadores de diferentes áreas e está
relacionada especialmente com as profissões que envolvem levantamento, sustentação e/ou
transporte de cargas. O principal determinante da lombalgia á a relação entre a quantidade de
peso levantado e a frequência de levantamento.
Devido à grande incidência de lombalgia na atividade Manuseio de carga, qual a importância
da biomecânica ocupacional para manuseio de carga na prevenção de lombalgias? Sendo que
o objetivo desta presente pesquisa foi propor a utilização da biomecânica ocupacional na
prevenção da lombalgia, com os seguintes objetivos específicos: analisar anatomia e
biomecânica da coluna lombar; descrever a fisiologia no manuseio de carga; Analisar
atividade de manuseio de carga. Com a finalidade de proporcionar a prevenção de lombalgias
na atividade de manuseio de carga através da biomecânica ocupacional.
1. Anatomia
A coluna vertebral é composta de quatro curvaturas fisiológicas constituídas por múltiplas
peças que formam o esqueleto axial, apresentam geralmente trinta e três vértebras intercaladas
por 23 discos intervertebrais, com sete vértebras cervicais, doze torácicas, cinco lombares,
cinco sacrais e quatro coccígeas sendo estes dois últimos segmentos formados por vértebras
fundidas (HEBERT et al., 2003). Este conjunto de segmentos articulares proporciona estabilidade e flexibilidade juntamente
com os discos articulares, ligamentos, cápsulas, medula espinhal e raízes nervosas.
Compõem-se de articulações cartilaginosas entre o corpo e o disco, articulações diartrodiais
entre a faceta superior da vértebra inferior com a faceta inferior da vértebra superior, possuem
também membrana e líquido sinovial (KAPANDJI, 2000; MAGEE, 2005).
A coluna lombar possui uma curvatura fisiológica do tipo lordose classificada como
secundária, pois, se instala com o início da marcha, sendo que as vértebras lombares estão
localizadas entre as vértebras torácicas e as sacrais, as quais representam as grandes
sustentadoras de peso da coluna vertebral, por esse e outros motivos estabelecem
características específicas que incluem o maior tamanho, corpos vertebrais mais alargados
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lateralmente que ântero-posterior, ausência de fóveas costais, pedículos curtos e espessos,
processos espinhosos quadriláteros (largos) e transversos não possuem orifícios (RASCH,
1991; KNOPLICH, 2003).
Entre as vértebras lombares também há algumas características especiais como a vértebra L1
que possui apófises mais curtas; L3 se encontra horizontal comparando com o restante da
coluna lombar e recebe as forças que vem desde a parte superior e inferior da coluna, sendo a
vértebra que possui maior mobilidade na lombar; L5 possui corpo vertebral mais alto na parte
anterior que na posterior e suas apófises articulares inferiores se encontram mais separadas,
esta é uma vértebra de transição (RASCH, 1991).
Os discos lombares são mais espessos ventralmente, o que contribui para a curvatura lordótica
da região, juntamente com estes estão os ligamentos que ajudam a manter a configuração da
unidade motora, minimizar a força necessária para movimentos coordenados e restringir o
movimento dentro de seus limites. A coluna lombar é irrigada pelas artérias oriundas da aorta
e o retorno venoso depende das veias vertebro basilares, intercostais e plexos venosos. Na
porção anterior dos corpos vertebrais encontra-se o ligamento longitudinal comum anterior,
que se estende desde o occipital até a vértebra S2, é pouco vascularizado e inervado; por esta
razão é pouco sensível, não sendo responsável então por dores lombares e sim por fixações
dos corpos vertebrais e do disco intervertebral (GREVE, 1999; KAPANDJI, 2000).
Na porção posterior encontra-se o ligamento longitudinal comum posterior, que é mais
delgado que o anterior e insere-se no osso occipital até a borda posterior dos corpos vertebrais
para terminar ao nível do sacro (S5) de onde se prolonga através do ligamento coccígeo. Este
ligamento é ricamente inervado e vascularizado (RICARD; SALLÉ, 1996).
Conforme Ricard (1996) Há outros ligamentos importantes a ser citados, sendo ricamente
inervados e limitam a flexão anterior da coluna:
- Intertransversos: entre os processos transversos, restringe a latero-flexão ao lado oposto e as
rotações;
- Ligamento amarelo: une as lâminas;
- Ligamento interespinhoso: entre os processos espinhosos;
- Supraespinhosos: se dirigem de um processo espinhoso ao outro, recobrindo o ligamento
inter-espinhoso, sendo que na coluna cervical é denominado de ligamento nucal.
A coluna lombar é funcionalmente dividida em três compartimentos: anterior, o qual
compreende os corpos vertebrais e o disco intervertebral, cuja função é suportar peso e
absorver choques, sendo assim a parte estática da coluna; médio, formado pelo canal
raquidiano e pelos pedículos do arco vertebral; e posterior, que protege posteriormente os
elementos neurais e é responsável pelo direcionamento dos movimentos executados por essa
região. Estas eminências ósseas fixam ligamentos (supra-espinhoso, Inter-transversos),
músculos e são submetidas a forças de tração (GREVE; AMATUZZI, 1999).
A coluna lombar é capaz de executar movimentos em três planos, isto ocorre graças à junção
de pequenos movimentos que ocorrem entre as vértebras desta região (HALL, 2005). Na
coluna lombar há pouco movimento devido à configuração da articulação facetaria restrição
dos ligamentos, presença dos discos intervertebrais e tamanhos dos corpos vertebrais,
havendo considerável variabilidade entre a mobilidade lombar individual, entre sexo e idade
(KAPANDJI, 2000).
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2. Biomecânica
O posicionamento das facetas da coluna lombar (L1 à L4), propicia à execução da flexão e
extensão deste segmento. Na flexão há uma retificação da lordose lombar, alcançando uma
amplitude de 40° a 60º ou utilizando uma fita métrica para esta mensuração, normalmente a
medida entre T12 e S1 deve aumentar de 7 a 8 cm. Este movimento requer que a vértebra
superior se incline e deslize anteriormente, comprimindo o disco em sua porção anterior e
deslocando o núcleo pulposo para trás, além disso, as apófises articulares inferiores da
vértebra de cima se deslizam superiormente e tendem a se separar das apófises articulares
superiores da vértebra inferior, então se deve ter o relaxamento do ligamento longitudinal
comum anterior e estiramento dos ligamentos Inter espinhoso, supra-espinhoso, Inter
transverso e longitudinal comum posterior (MAGEE, 2005).
No plano frontal ocorre a flexão lateral, onde no lado da convexidade há separação das facetas
e leve deslocamento do núcleo pulposo para o lado da convexidade; este movimento atinge de
20º a 30º e é limitado pelos ligamentos inter-transversos. Na rotação ocorre o giro da vértebra
superior sobre a inferior e também um deslizamento do corpo vertebral superior em relação ao
da vértebra subjacente. Esse movimento ocorre no plano transverso e é de pequeno grau nessa
região, cerca de 5º. Essa região não é projetada para as rotações devido à orientação de suas
facetas, além disso, ocorre o estiramento de todos os ligamentos circunjacentes (HALL,
2005).
As alterações na curvatura lombar proporcionam modificações nas cargas compressivas que
são aplicadas nesta região, alterando a localização do centro de gravidade do corpo. A coluna
lombar é capaz de executar movimentos em três planos, isto ocorre graças à junção de
pequenos movimentos que ocorrem entre as vértebras desta região. Na coluna lombar há
pouco movimento devido à configuração da articulação facetaria restrição dos ligamentos,
presença dos discos intervertebrais e tamanhos dos corpos vertebrais. Há considerável
variabilidade entre a mobilidade lombar individual, entre sexo e idade. O posicionamento das
facetas da coluna lombar (L1 à L4), propicia à execução da flexão e extensão deste segmento
(NORKIN; LEVANGIE, 2001).
Na flexão há uma retificação da lordose lombar, alcançando uma amplitude de 40° a 60º ou
utilizando uma fita métrica para esta mensuração, normalmente a medida entre T12 e S1 deve
aumentar de 7 a 8 cm. Este movimento requer que a vértebra superior se incline e deslize
anteriormente, comprimindo o disco em sua porção anterior e deslocando o núcleo pulposo
para trás, além disso, as apófises articulares inferiores da vértebra de cima se deslizam
superiormente e tendem a se separar das apófises articulares superiores da vértebra inferior
então se devem ter o relaxamento do ligamento longitudinal comum anterior e estiramento
dos ligamentos inter-espinhoso, supra-espinhoso, inter-transverso e longitudinal comum
posterior (KAPANDJI, 2000; MAGEE, 2005).
Na extensão a coluna adquire uma amplitude de 20º à 35º acompanhada de um aumento da
lordose. O segmento de maior mobilidade na flexão é entre L4 e L5. Durante a flexão e
extensão não há restrição das costelas, esta região apresenta maiores alcances nesses.
Movimentos quando comparadas com a torácica, este fato também seria verdadeiro para os
movimentos de rotação se não fosse pelas superfícies articulares muito justas, o contato entre
as facetas articulares, o efeito compacto dos ligamentos circunvizinhos e o anel fibroso, que
restringem este movimento nesta região (KAPANDJI, 2000; HOPPENFELD, 2003).
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As alterações na curvatura lombar proporcionam modificações nas cargas compressivas que
são aplicadas nesta região, alterando a localização do centro de gravidade do corpo
(NORKIN;LEVANGIE, 2001).
3. Fisiologia
Todo indivíduo precisa de um mínimo de consumo de oxigênio que corresponde ao
metabolismo basal, que para o caso das mulheres é de 40,6 w/m2
para os homens de 42,9
w/m2, mínimo metabolismo que precisa a ser humano para manter seu corpo vivo, este
metabolismo vai aumentando na medida em que aumenta o ritmo de trabalho e
consequentemente vai aumentando o consumo de oxigênio, o sangue leva os nutrientes para
todas as células do corpo, onde eles são processados para fornecimento de energia, a água, o
dióxido de carbono e o calor, o conjunto desses processos de conversão de energia química é
denominado metabolismo, que pode ser comparado com uma lenta combustão autorregulada
de produtos, o metabolismo, assim como a combustão, necessita de um suprimento de
oxigênio que é obtido dos pulmões e da corrente sanguínea, esses processos metabólicos
liberam calor e energia mecânica. (GRANDJEAN, 2005). O metabolismo dos músculos produz ácido lático e ácido racêmico, que aumentam o
teor de acidez do sangue, essa acidez do sangue serve como estimulante para a
dilatação dos vasos e aumento da respiração, que contribuem para levar mais
oxigênio aos músculos. O equilíbrio entre a demanda e o suprimento de oxigênio é
restabelecido após 2 a 3 minutos, terminando a atividade, o organismo retorna aos
níveis fisiológicos anteriores, demora cerca de 6 minutos para essa transformação. O
trabalho muscular intenso ativa também o mecanismo de eliminação de calor
gerando pelo metabolismo, um organismo acostumado a trabalhos físicos pesados é
capaz de eliminar até 10 vezes mais calor, em relação ao estado de repouso. A
musculatura se desenvolve pelo aumento da espessura das fibras, embora a
quantidade delas permaneça constante. Essas fibras também se tornam mais
flexíveis e há um desenvolvimento dos vasos capilares no interior dos músculos,
facilitando a irrigação sanguínea e, portanto, há mais abastecimento de oxigênio e
remoção dos resíduos do metabolismo. O coração também se fortalece com o
exercício físico, ele se torna maior e mais forte, seu ritmo diminui, mas, em cada
batida, passa a bombear um volume maior de sangue (IIDA, 2005:345:346).
O trabalho pesado é qualquer atividade que exige grande esforço físico e é caracterizada por
um alto consumo de energia e grandes exigências do coração e pulmão, o consumo de energia
e o esforço cardíaco impõem limites ao desempenho do trabalho pesado. As condições mais
favoráveis, o esforço físico humano pode ser 30% eficiente, ao transformar 30% da energia
consumida em trabalho mecânico e os restantes 70% em calor, o mais alto nível de eficiência
só é possível quando se converte o máximo de esforço mecânico em trabalho produtivo,
quanto maior a proporção de energia mecânica usada em esforço estático, menor é a
eficiência, isso ocorre quando o trabalho é realizado com as costas curvadas (GRANDJEAN,
2005).
4. Atividade Manuseio de carga
A movimentação manual de cargas pode ser definida como qualquer operação de transporte
ou sustentação de uma carga, para exercer esse trabalho manual, exige-se do trabalhador a
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utilização do corpo como instrumento para a realização das tarefas, e isso faz com que, várias
partes do corpo, sejam prejudicadas pelo excesso de força (ZIMBARDI et al, 2012).
O manuseio de cargas é responsável por grande dos traumas musculares entre os
trabalhadores, aproximadamente 60% dos problemas musculares são causados por
levantamento de cargas e 20%, puxando ou empurrando-as, então, é necessário conhecer a
capacidade humana máxima para levantar e transportar cargas, para que as tarefas e as
maquinas sejam corretamente dimensionadas dentro desses limites
(DUL;WEERDMEESTER, 2012).
As situações de trabalho quanto ao levantamento de pesos podem ser classificados em dois
tipos: Um deles refere-se ao levantamento esporádico de cargas, que está relacionado com a
capacidade muscular, outro ao trabalho repetitivo com levantamento de cargas, onde entra o
fator de duração do trabalho, nesse caso, o fator limitativo será a capacidade energética do
trabalhador e a fadiga física, ao levantar um peso com as mãos, o esforço é transferido para a
coluna vertebral, descendo pela bacia e pernas, até chegar ao piso, à coluna vertebral é
composta de vários discos superpostos, sendo capaz de suportar uma grande força no sentido
axial (vertical), mas é extremamente frágil para as forças que atuam perpendicularmente ao
seu eixo (cisalhamento) (DUL;WEERDMEESTER, 2012).
Na medida do possível, a força sobre a coluna vertebral deve ser aplicada no sentido vertebral.
A capacidade de carga é influenciada pela sua localização em relação ao corpo e outras
características como formas, dimensões e facilidade de manuseio. Em relação à localização
relativa, para movimentos repetitivos, a força máxima para o levantamento de peso é exercida
quando a carga encontra-se a 30 cm de distância do corpo e a 30 cm de altura do solo. Essa
capacidade diminui quando a carga se afasta para 60 cm do corpo, chegando praticamente a
zero quando se afasta a 90 cm do corpo (IIDA, 2005).
O levantamento de peso é acompanhado de um considerável aumento da pressão nas
cavidades abdominais devido à contração dos músculos abdominais, a pressão intra-
abdominal ajuda a estabilizar a coluna enquanto se levanta cargas com as mãos. Os modelos
biomecânicos também estabelecem que a postura agachada para levantar cargas grandes,
próximas aos joelhos dobrados, envolve forças de compressão maiores do que levantar cargas
à mesma carga em uma postura curvadas. Em outras palavras, se a carga é muito volumosa
para ficar entre os joelhos, pode ser mais vantajoso curva-se do que se agachar para levantá-
la, as forças de cisalhamento, no entanto, são maiores na postura curvada, comparado à
postura agachada. Isto sugere que as pessoas devem manter o tronco em uma postura ereta
sempre que possível (COUTO, 2007).
Os aspectos dinâmicos do levantamento de cargas, indicando que as forças de inércia
aumentam as forças de compressão nos discos L5/S1 durante a fase de aceleração, e que os
modelos estáticos subestimaram os esforços na coluna. As medições de movimentos e o
calculo das forças de reação e momentos nos centros das articulações, assim como as forças
de compressão e de cisalhamento na coluna, em varias situações, revelaram que o
levantamento de cargas assimetricamente (envolvendo a rotação do tronco) ou o levantamento
de grandes caixas sem alças geram um aumento nos esforços da coluna (GRANDJEAN,
2005).
A sobrecarga imposta aos discos intervertebrais da coluna é estudada pela Biomecânica, o
aumento da pressão exercida no disco na manutenção de uma postura estática para a
realização de uma tarefa é um dos fatores que contribui para a degeneração discal, nesta
situação, o disco intervertebral fica exposto ao risco de perda ou diminuição da elasticidade e
resistência, o que pode levar à degeneração precoce e aumentar a probabilidade de ocorrência
de hérnia discal, diferenças de pressão intradiscal, que podem ser originadas a partir de
solicitações excessivas impostas à coluna vertebral, esforços de flexão (levantamento e
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transporte), esforço excessivo na manipulação ou trabalho físico pesado (empurrar, puxar,
empilhar) e/ou esforço inadequado (rotação do tronco, inclinações laterais e outras também
são situações consideradas nocivas por oferecerem risco à coluna vertebral (MENDES et al,
2004).
5. Lombalgia
Segundo Magee 2005, a Lombalgia dor lombar é uma das grandes aflições humanas.
A lombalgia é uma dor em uma área específica da coluna, onde sua manifestação se dá
através das estruturas que a compõem ou nos músculos nela fixadas. É uma das grandes
causas da morbidade e de incapacidade funcional, sendo menor apenas que a cefaleia entre os
distúrbios dolorosos. Estima-se, inclusive, que cerca de 80% das pessoas têm algum tipo de
dor lombar em alguma fase da vida, isto se deve ao fato da lombalgia estar presente em
indivíduos por diferentes maneiras, como a má-postura em atividades realizadas por longos
períodos do dia, alterações biomecânicas, trauma, mas principalmente em atividade de
sobrecarga, (SANTOS apud BRAGA, 2012).
6. Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida através de pesquisa revisão sistemática da literatura de caráter
dedutivo, utilizando-se de documentação indireta através de fontes secundárias, com busca em
bibliografias datadas de 1991 a maio 2015, realizada em Janeiro a maio de 2015 para
desenvolvimento específico da técnica proposta.
7. Resultados e Discussão
A Biomecânica Ocupacional é uma especialidade da biomecânica que está relacionada ao
estudo das posturas e tarefas do homem no trabalho, as relações entre as dimensões corporais
e a postura no trabalho se refletem principalmente quando o trabalhador tem de se ajustar ao
equipamento, assumindo posturas inadequadas, e/ou quando o equipamento é ajustado ao
trabalhador em relação às suas dimensões corporais, permitindo a adoção de posturas
adequadas), trabalho físico pesado, levantamentos de peso, posturas de trabalho em que são
exigidas constantes flexões e rotações da coluna, vibração corporal e posturas estáticas muitas
tarefas laborais exigem essas demandas do aparelho, onde se encarrega de determinar as
capacidades e limitações do homem para a realização de tarefas relacionadas ao trabalho,
mediante a análise de propriedades biomecânicas do aparelho locomotor tais como as posturas
dinâmicas, a mobilidade articular e a força muscular (MENDES et. al, 2004).
O National Institute for Ocupational Safety and Health (NIOSH) desenvolveu um método
para a determinação do limite máximo de peso recomendável para o levantamento de cargas.
Esse método consiste de uma análise multifatorial na qual um conjunto de variáveis
(psicológicas, biomecânicas, fisiológicas e epidemiológicas) é utilizado para definir o limite
de peso recomendável a ser manuseado e um índice de levantamento de cargas. O índice de
levantamento é calculado a partir da razão entre o peso real do objeto levantado na condição
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de trabalho e o limite de peso recomendável, e é utilizado para determinar um limite de
segurança da atividade de levantamento, o trabalhador estaria com um risco reduzido de
desenvolver problemas lombares (DEMPSEY apud PELLENZ, 2005).
A sobrecarga imposta aos discos intervertebrais da coluna e o aumento da pressão exercida no
disco na manutenção de uma postura estática para a realização de uma tarefa é um dos fatores
que contribui para a degeneração discal, nesta situação, o disco intervertebral fica exposto ao
risco de perda ou diminuição da elasticidade e resistência, o que pode levar à degeneração
precoce e aumentar a probabilidade de ocorrência de lombalgias. As diferenças de pressão
intradiscais, que podem ser originadas a partir de solicitações excessivas impostas à coluna
vertebral, esforços de flexão (levantamento e transporte), esforço excessivo na manipulação
ou trabalho físico pesado (empurrar, puxar, empilhar) e/ou esforço inadequado (rotação do
tronco, inclinações laterais e outras) também são situações consideradas nocivas por
oferecerem risco à coluna vertebral (MENDES et. al, 2004).
O levantamento de cargas realizado com o dorso plano e com o uso maior da força dos
membros inferiores diminui consideravelmente a compressão discal em comparação ao
levantamento realizado com as pernas estendidas e o dorso curvo, além do uso preferencial da
força de membros inferiores durante o levantamento de cargas, a posição da coluna lombar
também interfere na sobrecarga imposta a ela, na postura lordótica durante o levantamento
diminui o momento de flexão do tronco e facilita o trabalho dos músculos eretores da coluna;
a posição cifótica, por outro lado, causa o processo inverso. Portanto, a posição lordótica
durante o levantamento de cargas reduz o estresse biomecânico sobre a coluna lombar e
facilita o controle neuromuscular do tronco durante os levantamentos (ZIMBARDI et. al,
2012).
De acordo com uma revisão de literatura recentemente realizada pela National Institute for
Occupational Safety and (NIOSH) nos EUA, mais de 40 artigos pesquisados apresentaram
evidência na relação entre problemas na coluna lombar e cinco fatores associados às tarefas
laborais, que são: trabalho físico pesado, levantamentos de peso, posturas de trabalho em que
são exigidas constantes flexões e rotações da coluna, vibração corporal e posturas estáticas,
muitas tarefas laborais exigem essas demandas do aparelho locomotor (MENDES et al 2004).
Estudos têm sido realizados para destacar a importância dos problemas lombares em diversas
atividades, sendo consideradas como causas de um maior número de problemas as atividades,
onde o esforço físico em atividades dinâmicas é uma constante. Por isso, deve-se dar é devida
atenção ás atividades relacionadas ao manuseio de cargas pesadas, sem considerar as
limitações do ser humano, pois, estas podem trazer sérios riscos à saúde (PUTZ apud
BRAGA, 2012).
A movimentação de materiais pode expor os funcionários, a diversos fatores de riscos físicos.
Se alguma tarefa for executada por um longo período e repetitivamente, pode levá-lo a fadiga
e a se lesionar, para melhor exemplificar as tarefas, que podem expor os funcionários a fatores
de risco, segundo, os principais fatores ou condições de risco, associados ao surgimento de
lesões nas tarefas de movimentação de materiais incluem posturas inadequadas (curvar, torcer
o corpo) movimentos repetitivos (levantar, carregar com frequência), esforços (carregar ou
levantar cargas pesadas), pontos de pressão agarrar cargas. A exposição contínua a um ou
mais desses fatores, primeiramente pode levar ao cansaço e desconforto, entretanto, se
perdurarem, com o passar dos anos, pode ocorrer lesões na coluna, “as lesões podem incluir
danos nos músculos, tendões, ligamentos, nervos, e vasos sanguíneos” esse tipo de lesão é
conhecido como distúrbios musculoesqueléticos (MOURA apud ZIMBARDI et al 2012).
Assim, manuseio e movimentação de cargas têm como principal risco os problemas da
coluna, ao quais além de serem dolorosos, reduzem a mobilidade e a vitalidade dos
trabalhadores. A ocorrência desse tipo de problema é o principal responsável pelas altas taxas
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de absenteísmo e pela incapacidade precoce e desgaste excessivo dos trabalhadores
(GRANDJEAN apud ZIMBARDI et al, 2012).
Segundo Couto, (2007) fazendo o calculo estipula-se que se o valor do Índice de
Levantamento for menor que 1.0, a chance de lesão será mínima e o trabalhador estará em
situação segura; se for de 1.0 a 2.0, já se corre risco; e se a atividade de trabalho levar a uma
situação que for maior que 2.0, aumentará o risco de lesões na coluna e no sistema músculo-
ligamentar. Esse método estabeleceu como sendo 23 quilos, o peso que mais de 90% dos
homens e mais de 75% das mulheres podem levantar sem apresentar problemas na coluna.
Analisando a formula do Limite de Peso Recomendado, podemos observar que existem seis
situações consideradas hostis, para o ser humano ao executar uma tarefa de levantamento de
carga, ou seja:
- Cargas superiores a 23 kg.
- Frequência de levantamento da carga acima mais que uma vez a cada cinco minutos.
- Distância da carga ao corpo do trabalhador, quando mais longe estiver, pior para a coluna,
distâncias superiores a 25 cm são problemáticas.
- Ângulo de rotação do tronco no plano sagital. As pegadas que exigem movimentos
lateralizados e em diagonal são considerados críticos para as facetas da coluna lombar e para
os discos, os ângulos acima de 30° são críticos.
- Pegar cargas em altura superior a 1,20 m do chão ou a distâncias menores que 75 cm do
chão.
- A pessoa, ao pegar uma carga, não consegue dobrar os dedos próximos de 90° de baixo da
carga.
- As cargas que são pegas do chão com o corpo na posição agachada não devem ultrapassar
15 kg e 18 kg quando são pegos com o corpo na posição inclinada.
- Somente utilizar a técnica agachada quando a carga for compacta e caiba entre os joelhos.
Portanto, é conveniente lembrar que o maior mérito de NIOSH é trazer um grande impacto
nas empresas, no sentido de diminuírem o peso das cargas que seus funcionários precisam
levantar, e também porque questiona o tradicional método de levantamento de peso, e permite
a avaliação das chances do trabalhador, apresentar lesões na coluna e no sistema músculo-
ligamentar durante a jornada de trabalho, em função do peso da carga transportada
(ZIMBARDI et al, 2012).
A lombalgia é o fator de maior queixa entre os trabalhadores de diferentes áreas e está
relacionada especialmente com as profissões que envolvem levantamento, sustentação e/ou
transporte de cargas. O principal determinante da lombalgia á a relação entre a quantidade de
peso levantado e a frequência de levantamento. Contudo, diferenças anatômicas determinam
uma maior ocorrência desta queixa nos indivíduos do sexo feminino. Isto acontece porque a
localização da articulação coxofemoral no esqueleto feminino está mais à frente em
comparação ao esqueleto masculino, dificultando a manutenção do equilíbrio durante a
sustentação de cargas e resultando em uma maior pressão sobre a coluna vertebral feminina.
Soma-se a isso a menor quantidade de massa muscular, o que também dificulta a sustentação,
o levantamento e o suporte de cargas (MENDES et al 2004).
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A mudança de seu local de trabalho pode beneficia-o, com a redução ou prevenção de lesões,
a redução do esforço dos funcionários através da diminuição das forças de elevação, de
empurrar e de puxar materiais, a redução de fatores, excesso de atividade de funcionários,
absenteísmo e treinamento, e por fim aumento da produtividade, da qualidade dos produtos e
dos serviços (MOURA apud ZIMBARDI et al, 2012).
8. Conclusão
As bases da biomecânica ocupacional são constituídas através de um estudo complexo na qual
a interação entre o trabalho e o homem são observadas nas atividades musculoesqueléticas
envolvidas neste processo, bem como suas consequências, analisam-se predominantemente
posturas no trabalho e a aplicação de forças determinada pela natureza da atividade laboral
desempenhada pelo indivíduo, para se realizar qualquer postura ou um movimento é preciso à
organização dos diferentes segmentos corporais no espaço, sendo essencial à sincronia entre
grupos musculares, ligamentos e articulações. A postura é influenciada pelas características e
exigências da tarefa, pelas condicionantes internas como as formas fisiológicas e
biomecânicas de manutenção do equilíbrio e pelas características do meio ambiente de
trabalho.
O comportamento postural adotado pelos trabalhadores é motivado pela fuga do desconforto,
contudo esta atitude tende a aumentar a solicitação e o gasto energético de grupos musculares
desnecessários causando o desenvolvimento de sintomas como desconforto. A adaptação
muscular no padrão postural refere-se à capacidade dos músculos se adaptarem às funções que
vivenciam, nenhuma postura de trabalho é neutra, nenhuma “má postura” é adotada
“livremente” pelo sujeito, mas é resultado de uma postura inadequada causada pelas tensões
mecânicas nos músculos, ligamentos e articulações, ou seja, apresentando alterações no
sistema musculoesquelético.
No entanto, a atividade de trabalho de manuseio de cargas acima de 23 kg, seja no
carregamento, descarregamento e/ou transporte, não ser recomendada pelos institutos de
pesquisa na área da saúde ocupacional e de ergonomia, a legislação brasileira permite que
esse tipo de atividade continue existindo. Nesse sentido, no Brasil, acredita-se que essa
atividade seja perpetuada por um bom tempo, até que a legislação trabalhista estabeleça
limites baseados em critérios biomecânicos mais objetivos. Além desta mudança de
legislação, seria necessária uma mudança na cultura empresarial, bem como na dos próprios
trabalhadores, no sentido da valorização da sua saúde e da sua segurança.
O declínio da boa condição física pode ser relacionado com a grande diversidade de
problemas de saúde, que existe hoje em dia. É preciso conscientizar as pessoas, a cuidarem do
bem mais precioso que possuem: a saúde, não advém apenas do esforço causado nas
atividades de trabalho, mas de tudo o que a pessoa faz na sua rotina diária.
Enfim, a prevenção da lombalgia ocupacional envolve medidas físicas, organizacionais e
cognitivas. As medidas físicas devem abordar a biomecânica, a postura no trabalho, o
manuseio de cargas, os movimentos repetitivos, o projeto do posto de trabalho, a segurança e
a saúde ocupacional. A prevenção organizacional deve enfocar as comunicações, o
gerenciamento de recursos, o projeto de trabalho, a organização temporal, o trabalho em
grupo, os paradigmas, o trabalho cooperativo, a cultura organizacional, as organizações em
rede, o tele trabalho e a gestão da qualidade. Compete à parte cognitiva estudar os processos
psicológicos, a carga mental de trabalho, a tomada de decisão, o desempenho especializado, a
interação do homem com a máquina, o estresse e os treinamentos. Assim, os fatores
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psicossociais contributivos para o surgimento da lombalgia ocupacional poderão ser
prevenidos, entre eles a insatisfação com o trabalho, o trabalho monótono, o desgaste
provocado pela sobrecarga de trabalho e outros...
Portanto, a preservação da saúde e da segurança no ambiente de trabalho constitui uma das
principais bases para o desenvolvimento adequado da força de trabalho sendo indispensável
quando se espera ter um ambiente produtivo e de qualidade.
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