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ISSN 2176-1396
A IMPORTÂNCIA DE FREI PEDRO SINZIG PARA A HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Osmir Aparecido Cruz1 - USF/Itatiba/SP
Carlos Roberto da Silveira2 - USF/Itatiba/SP
Eixo – História da Educação
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo:
Neste trabalho, focalizamos Frei Pedro Sinzig como um intelectual da educação no Brasil.
Nossas análises tiveram por referência seu livro Através dos Romances: guia para as
consciências (1915, 1917, 1923), que apropriamo-nos desta obra enquanto um conjunto de
orientações, ancorados às ideias católicas e pressupostos republicanos, que visou constituir um
indivíduo civilizado como condição para convivência urbana (VEIGA, 2002). Assim,
privilegiamos tal obra por tratar-se de uma censura católica, no qual Frei Pedro Sinzig ora
restringia, ora indicava a leitura de romances, através de pequenos verbetes, tecendo
comentários de 21.553 livros de 6.657 diferentes autores, e assim, assumindo a função de um
intermediário dos valores morais, utilizando-se de romances como instrumento para entrar num
embate ideológico e moralizador. Dessa forma, desenvolvemos o conceito de educação, como
produção das ações do homem, que acontece dentro e fora da escola, a partir de toda a realidade
que circunda o indivíduo. Neste texto, tal conceito de educação foi tido como pressuposto para
formar à população, no qual visava um dado progresso social, a partir de determinadas
condições (RAGO, 1985). Para isso, desenvolvemos esse trabalho através de três eixos distintos
e complementares. Primeiro: Frei Pedro Sinzig e rastros de um ideário para a educação
brasileira. Segundo: uma educação da consciência. Terceiro: uma educação invasiva. Por fim,
sinalizamos a importância do Frei Pedro Sinzig e de suas obras para História da Educação, em
face de uma determinada escassez de pesquisas voltadas aos estudos sobre impressos católicos,
especificamente em fins do século XIX e início do século XX, período esse, permeado por
intervenções da igreja na educação e outros grupos sociais.
Palavras-chave: Frei Pedro Sinzig. Educação. Igreja. República.
1 Doutorando do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação na linha Práticas da Universidade São
Francisco (USF). E-mail: [email protected] 2 Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação na linha Educação, Linguagens e Processos
Interativos da Universidade São Francisco (USF). E-mail: [email protected]
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Introdução
Frei Pedro Sinzig (1876-1952) foi um franciscano pertencente à Ordem dos Freis
Menores (OFM), e chegou ao Brasil em 1893, com a idealização do sacerdócio católico.
Publicou cerca de quarenta obras, escreveu quatorze romances e contos, dezoito livros
instrutivos e didáticos, sete biografias de santos, sete devocionais/livros religiosos e dezesseis
traduções. Contribuiu periodicamente para revistas religiosas, além de compor oitenta e cinco
peças musicais. Entre partituras, artigos para periódicos e livros, somam-se setenta e três títulos3
(CRUZ, 2014). Dentre seus diversos trabalhos, publicou seu próprio material, de modo que
servisse como “guia para as consciências”, principalmente para o público feminino1. Convém
destacar que os livros impressos por Frei Pedro Sinzig, ultrapassaram os limites de
Petrópolis/RJ, chegando à escolas de outros estados brasileiros. E mais, a criação da Tipografia
de São José, criada em 05 de março de 1901,4 se justificou, dentre outros fatores, pela
necessidade de aumentar e repetir as tiragens dos livros publicados pela então editora, através
de autores franciscanos, e entre esses materiais, estão às obras de Frei Pedro Sinzig (CRUZ,
2014).
Dentre suas obras, para desenvolvimento deste texto, privilegiamos a obra Através dos
Romances: guia para as consciências. Esta, trata-se de uma de censura católica pela qual o Frei
Pedro Sinzig ora restringia, ora indicava a leitura de romances através de pequenos verbetes, ao
tecer comentários de 21.553 livros de 6.657 autores. Diante dos comentários, ele assumia o
papel de intermediário dos valores morais ao usar os romances como instrumento para entrar
num embate ideológico. Assim, sua obra ganhava a forma de um manual para o leitor, onde de
forma progressiva, Frei Pedro Sinzig acresce livros [romances] e autores a serem restritos ou
indicados. Tal obra foi editada nos anos de 1915, 1917 e 1923 e circulou no Brasil de modo
geral e amplo (CRUZ, 2014).
Quanto essa circulação, como exemplo, colocamos em destaque o carimbo como marca
de propriedade da figura 01, pertencente ao Convento de Lages em Santa Catarina, sendo que
a edição aconteceu na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ou seja, o trânsito de
deslocamento por mais de 1200 quilômetros, num período em que bem sabemos das precárias
condições de transportes e trânsito de forma geral. Por isso, entendemos que enquanto um
conjunto de orientações, ancorados às ideias católicas e pressupostos republicanos do período
3 A coleção está disponível no Centro de Documentação e Apoio a História da Educação (CDAPH) da
Universidade São Francisco (USF) em Bragança Paulista/SP. 4 Atual Editora Vozes.
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em questão, Frei Pedro Sinzig adentra com Através dos romances: guia para as consciências à
História da Educação e se eleva à condição de um intelectual, que dialoga com o seu tempo
histórico, que o atravessa e por este é atravessado.
Nesse sentido, ao afirmar que tomamos tais orientações como um ideário à educação,
estamos nos diferenciando daquelas usualmente atreladas às instituições escolares e
direcionamos para um território mais amplo da educação, por considerar que tal obra se
inscrevia dentro e fora da escola, não somente com objetivo missionário idealizado pela sua
vocação cristã, enquanto sacerdote que era, mas também com objetivo de educar a partir da
leitura. Para isso, Frei Pedro Sinzig justificava a necessidade de orientar e conduzir o tipo de
literatura a ser lida, no caso o romance,5 devido a uma dada moralidade aceitável aos seus
leitores.
Sobre os romances, convém salientar eram tidos por Frei Pedro Sinzig como obras
ficcionais, que exerciam uma fascinação irresistível, capaz de seduzir a todos, mulheres,
crianças e adultos. Eram tratados [romances] como uma “maça rosada”, que na primeira
mordida, “envenenava” todo o corpo. Para ele, o perigo de ser envenenado era decorrente da
falta de condições intelectuais de escolha, ou seja, a seleção daquilo que poderia ou não ser lido
(SINZIG, 1915, p. 2). Acrescente-se que o século XIX é denominado século do romance
(PAES, 2013). Contudo, a partir da segunda metade do século XIX no Brasil, os romances eram
vistos como um gênero suspeito por parte de críticos e censores da época. Isso, pelo fato de
tratar-se de uma literatura que atraía todo tipo de leitor, devido sua linguagem acessível e que
suscitava interpretações que feriam todo tipo de ortodoxia. Segundo Paes (2013, p.13), eram
caracterizados pelo acesso fácil e sua linguagem atrativa; porém, seus enredos “feriam” todo
tipo de ortodoxia, pelas restrições morais condenáveis, tais como o contato com cenas de
adultério, incesto, sedução e crimes, fazendo com que o leitor aprendesse como levar a cabo
situações semelhantes. Além de outras objeções, os romances eram tidos por alguns como
imoral, como constituidor de corrupção do gosto, em razão do contato com situações
moralmente condenáveis.
Nesse sentido, nos apropriamos dessa ação de Frei Pedro Sinzig, em catalogar uma
sequência indicativa de romances6, que poderiam e não poderiam ser lidos7, como um ato de
5 Esse período é tido pelos historiadores como romanesco (PAES, 2013). 6 21.553 livros de 6.657 autores. 7 Frei Pedro Sinzig encontra nos impressos uma forma de educar. A esse respeito, Bilhão (2016) salienta que tanto
a Igreja Católica, como outros grupos, eram produtores de grande quantidade de textos, visando formar suas
concepções de mundo e de educação, frente às necessidades imediatas de respostas aos desafios presente do
período histórico. Nessa arena, a imprensa foi amplamente utilizada.
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educação, sem discutir o mérito, mas buscando a relação dessa ação com o contexto histórico e
social, diante de seus resultados, tensões e conflitos, que ora atravessam, ora é atravessado. Para
tanto, apropriamos dos conceitos de Zucchetti; Moura; Groppo (2016, p.2), ao destacar que
numa sociedade podem existir práticas e ações fora da escola [que aqui são tidas como
orientações], com o objetivo educar. Para eles, esse tipo de educação, acontece geralmente
orientado pelo problema, ou seja, pelas “necessidades dos grupos envolvidos”, que aqui se trata
do público leitor do período.8 Portanto, ao focalizarmos a obra Através dos romances: guia
para as consciências, além de demonstrar sua importância como fonte documental para a
História da Educação Brasileira,9 temos por objetivo propor a importância de Frei Pedro Sinzig
como educador, além de expor a maneira que se utilizou para cumprir suas finalidades,
colocando-se como um homem de seu tempo, idealizador e intelectual da educação, que se
utiliza de atos censuras, visando uma educação que se pautavam em práticas de leitura, na qual
a escolha deveriam valorizar uma dada preservação da moral feminina, como requisitos para
uma sociedade moralizada, que se afastava de práticas populares, consideradas ameaçadoras
para a estabilidade social.
Diante disso, surgem algumas indagações de pesquisa, tais como: podemos dizer que
Frei Pedro Sinzig foi um educador? Qual era o ideário de Frei Pedro Sinzig para a educação?
Na busca pela compreensão, subdividimos este texto em três partes distintas e complementares:
primeiro: Frei Pedro Sinzig e rastros de um ideário para a educação brasileira; segundo: uma
educação da consciência; terceiro: uma educação invasiva. Dessa forma, destacando
intervenções da igreja na educação, instigando um olhar mais atento para a História da
Educação deste período, nos quais põem em relevo práticas e intencionalidades, que
atravessaram a educação, evidenciando formas e objetivos, que idealizados pela igreja, em uma
dada sintonia com a República, através de um frei franciscano, influenciou e marcou o período
8 Cabe destacar que para Zucchetti; Moura; Groppo (2016, p.1) essas ações e práticas, que aqui são tomadas
enquanto orientações, podem ser tidas como “educação social”, “educação formal, “educação comunitária”,
“educação popular” e “pedagogia social”, em geral, ocorrem em paralelo à educação escolar ou de forma
complementar a ela. Em específico referente a “educação formal”, destacam que se generalizou no Brasil a partir
de 1990, como um terceiro modo de educação, em torno da expansão e recriação de práticas socioeducativas dos
chamados projetos sociais, implementados por organizações não governamentais e fundações empresariais.
Portanto, cabe esclarecer que as apropriações que fazemos do conceito, referem-se ao fato de tratarmos de uma
educação que não esta restrita a uma metodologia, a uma sistemática, ou mesmo na sala de aula, mas sim por toda
a realidade que circunda o indivíduo nas suas relações sócio-histórica-cultural. 9 Sobre a importância de Através dos Romances: guia para as consciências como fonte documental para a História
da Educação Brasileira, indicamos a leitura de GUIMARAES, M. F.; SOUZA, C. A.; CRUZ, Osmir A. Frei Pedro
Sinzig: de um Guia para as consciências às reminiscências exemplares. Educare & Educere. , v.12, p.1 - 15, 2017.
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em questão, deixando pistas que nos permite perscrutar rastros, de um ideário de educação, tão
importante para a História da Educação Brasileira.
Figura 01: Contra capa de Através dos romances: guia apara as consciências (SINZIG, 1917).
Fonte: Centro de Apoio à Pesquisa em História da Educação (CDAPH).
Frei Pedro Sinzig e rastros de um ideário para a educação brasileira
Reafirmamos que ao iniciar nossa análise de Frei Pedro Sinzig como intelectual da
educação, não estamos colocando em discussão o mérito do tipo de educação por ele idealizada,
e nem nos colocando como juízes, pois nosso objetivo não é discutir a forma enquanto
benefícios sociais, mas apresentá-lo como um educador, por considerar que [...] educação é o
ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é
produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens” (SAVIANI, 2003, p.13). Nesse
sentido, esse tipo de educação trata-se daquela produzida pelas ações do homem, que não
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acontece somente através de um regime didático e sistemático, mas a partir de toda a realidade
que o circunda, enfim, por todas as coisas com a qual o indivíduo convive, pelas relações que
se estabelecem no tempo e espaço, ou seja, uma polissêmica, que não se dá apenas de modo
singular, através de palavras, mas também por olhares, gestos, coisas, etc., pelos quais o
indivíduo convive. Portanto, trata-se de uma educação descentralizada, com ou sem
intencionalidades10, que acontecem a partir de grupos ou instituições, numa dada realidade
sócio-histórica-cultural.
Nesse sentido, destacamos que Frei Pedro Sinzig foi um representante da sua realidade
sócio-histórica-cultural, ou seja, um homem de seu tempo11, que carregava em si, as marcas da
sua contemporaneidade, atravessado por regimes de valores, dos quais são expressos através do
tipo e do modo como praticava seus ideais através da leitura, e assim propondo uma dada
educação. Nesse contexto, compreendemos que sua ação enquanto educador, trás à História da
Educação, fatos, crises, dilemas, celeumas, etc., dos quais foram expostos no tempo e espaço,
tornando a história em movimento (BLOCH, 2001), permitindo perscruta-la.
Cabe destacar que Frei Pedro Sinzig foi um dos representantes mais atuantes da censura
católica brasileira do referido período e suas obras não se limitaram a Petropólis/RJ, mas
percorreu o Brasil, por entre escolas e livrarias. Salientamos que suas obras se inserem num
contexto brasileiro, coadunadas com diferentes lideranças políticas e segmentos sociais, em que
discutiam o papel da República em relação a situação precária do cenário educacional
(SAVIANI, 2004) cujos interesses se convergiam, tais como a idealização do homem moderno
voltado ao progresso social. Somados a isso, o tema educação era considerado assunto de alta
relevância, pois tinha por objetivo a formação do homem civilizado, condição para convivência
urbana (VEIGA, 2002). Além do que, a educação era tida como pressuposto para formar a
população, visando um dado progresso social, a partir de determinadas condições (RAGO,
1985), tais como o higienismo, trabalho e uma dada moralidade (CRUZ, 2014).12 Cabe destacar
10 Por uma questão de objetivos e de limitação de espaço, nesse texto, a educação será tratada muito mais como
uma educação intenciona por Frei Pedro Sinzig. No entanto, vale destacar que em nossa pesquisa de doutorado,
temos buscado perscrutar outros olhares. Para isso, sugestionamos a leitura de: CRUZ, Osmir A.; SILVEIRA, C.
A. Educação nas obras de Frei Pedro Sinzig e o grito feminino na interpelação e decolonialidade. In: I Congresso
Internacional de Educação: Cotidiano Escolar: (In)quietude e fronteiras em conhecimentos e práticas educacionais.
UNISO - Sorocaba, 24 a 26 de outubro de 2016. ISBN 2526-1274 (CD-ROOM), 2016, p.31-36. 11 Para Marc Bloc (2001, p.125), o fato do individuo estar inserido numa realidade histórico-cultural, o faz parecer
com seu tempo do que propriamente com nossos pais. 12 A esse respeito, indicamos a leitura de: CRUZ, Osmir A. Por entre as obras de Frei Pedro Sinzig: potencialidades
para história da educação do corpo (1989-1920). Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-
Graduação em Educação, Universidade São Francisco, 2014.
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que muito embora essas condições fossem específicas no Brasil, elas receberam influências de
ideais positivistas e liberais que afloravam no contexto europeu.
É necessário colocar em evidência que ao inserir as obras de Frei Pedro Sinzig no contexto da
educação do período, não estamos somente introduzindo a Igreja com seus ideais cristalizados
na cristandade, mas também os ideais da República, que recém-formada, buscava se fortalecer
e consolidar-se. Portanto, como vimos anteriormente, Frei Pedro Sinzig não se trata somente
um representante da Igreja, mas também do regime republicano recém-instaurado13. Nesse
sentido, o conceito de educação presente nas obras de Frei Pedro Sinzig, deslocava-se em
diferentes sentidos, dos quais passamos a destacar nos eixos a seguir.
Uma educação da consciência
A preocupação de Frei Pedro Sinzig era educar o indivíduo pela consciência para
convivência urbana e social, pois para ele, dela [consciência] procedem todos os demais
comportamentos. Dizia que a consciência clama por um “guia” (SINIZG, 1917, p.8), e assim,
é justamente nesse clamor que a educação se insere como guia para as consciências. Para o Frei,
a educação era um tipo de governamento14, que atuava diretamente na consciência, anulando
certa interiorização voluntária, na qual o indivíduo decide o que deseja a partir de suas vocações
e intencionalidades. Contrariamente, a educação atua de forma seletiva, justificando-se por um
“bem social”, uma vez que tem por interesse integrar o homem a uma comunidade local,
sujeitando-o a aceitação ou negação.
Nesse sentido, entendemos que o grande mote da educação proposta por Frei Pedro
Sinzig, está baseado naquilo que Trindade e Meneses (2009, p.127) chamam de “regeneração
da sociedade”, na qual pressupõe uma valorização da formação do homem civil e bem educado,
na qual que afirmam “novos povos”, “novos modelos de Estado”, “Governo”, etc. Então, o
período foi marcado por essa busca de regeneração, pelas quais a escolarização cumpria tais
papeis, em nome de uma ordem e um progresso, que era próprio dos objetivos republicanos.
Nesse contexto, Frei Pedro Sinzig difundiu e inspirou a educação da época, das consciências,
colocando a leitura sob o crivo da obra, Através dos Romances: guia para as consciências, tida
como uma enciclopédia do saber.
13 Representante declarado do regime republicano, Frei atuou como Capelão na Guerra do Canudos (1996-1997). 14 Apesar de não desenvolvermos esse conceito neste texto de modo objetivo e teórico, absorvemos o conceito de
“governamento” de Michel Foucault.
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Ora, como educar a consciência? Frei Pedro Sinzig utiliza um processo de seleção
intencional daquilo que deveria ser lido, ou seja, um trabalho seletivo do acesso a determinados
tipos de leituras, em especial de romances. Coloca-se como detentor de certa credencial social15,
respaldada pelas principais instituições dominantes, e com isso, passa a imperar a seleção
qualificada por ele. Sua seleção é tão qualificada, que em algumas ocasiões, determina a
queima de livros, dos quais são tidos como contaminados (SINZIG, 1915, p.271), deixando
assim, muitas marcas na educação do período.
Muito embora a educação do período fosse precária, Sangenis e Sangenis (2013, p.2013)
destacam que a partir de 1920, ocorreu um aumento na taxa de alfabetizados, o que fez com
que Frei Pedro Sinzig se visse desafiado a investir na educação, visando orientar as leituras,
para a formação do cidadão.16 Isso porque, o processo de educação do período, na qual se
espraiava impressos de várias ordens por todo o Brasil, notadamente representava perigos, não
somente para a Igreja, enquanto denominação cristã, mas também para o sistema republicano.
Portanto, o trabalho de Frei Pedro Sinzig encontrava aceitação em ambos os lados, pois se
ancorava na doutrina da Igreja Católica, ao mesmo tempo em que encontrava guarida e respaldo
no sistema republicano17.
A esse respeito Sangenis e Sangenis (2013, p. 90) afirma:
novamente, em plena era de uma pretensa luminosidade de ideias republicanas, a
leitura acaba por estar sob tutela, sendo utilizada como mecanismo formador da moral
do progresso e de um sentimento nacional-ufanista que desse suporte ao discurso da
nova ordem política. Nesse sentido, nada mais “natural” que aparecessem diversos
manuais de leitura que pudessem orientar as mentes em formação (nas escolas) e
aquelas que precisavam refinar suas leituras (mulheres consumidoras de romances
franceses e outros leitores menos abalizados).
15 Sobre essa credencial social de Frei Pedro Sinzig, indicamos a leitura de: CRUZ, Osmir A.; SILVEIRA, C. A.
Discursos na Educação através das obras de Frei Pedro Sinzig sobre mulheres brasileiras: uma análise foucaultiana
In: XXIII Encontro de Iniciação Científica, XVI Encontro de Pós-Graduação, XII Encontro de Extensão
Universitária e X Seminário de Estudos do Homem Contemporâneo, ISBN nº978-85-7793-028-9. Itatiba, 10 e 11
de maio de 2017 (meio digital). 16 Sangenis e Sangenis (2013) destacam que Frei Pedro Sinzig embate-se contra literaturas naturalistas francesas,
principalmente aquelas para o público feminino que circulavam no Brasil. Somados a isso, buscava esfacelar certo
anticlericalismo militante presente nas confrarias literárias do período, associadas a certos movimentos culturais
que agregavam realistas e pós-decadentistas. 17 Sobre a questão do trabalho em comum, da Igreja Católica e República, existem divergências de opiniões de
pesquisadores, no entanto, é preciso destacar que no Brasil atuavam diferentes religiosos e que nossa percepção
de Frei Pedro Sinzig e de suas obras, é que atuava em certa medida coadunado, principalmente devido o fato de
terem “inimigos” comuns, tais como grupos militantes de distintas correntes ideológicas, como anarquistas e
socialistas, que disputavam territórios brasileiros. A esse respeito indicamos à leitura de BILHAO, Isabel.
Combates pela educação operária: aspectos da reação católica à criação de Escolas Modernas no Brasil (1900-
1920). Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 60, p. 231-246, abr./jun. 2016.
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Assim, se desenvolvia uma educação da consciência que orientava as mentes e refinava
as leituras de uma maneira imperativa, tratando-se de uma leitura direcionada que não ferisse o
status quo nem da Igreja e nem da Republica, já que a leitura era tida como objeto de temor.
E mais, destacamos o fato da existência de uma educação da consciência que buscava
preservar as fantasias da mente. Pois, para Frei Pedro Sinzig, as mentes possuem fantasias que
podem ser contaminadas pela ingestão de “frutos podres” e pior, uma vez ingerido (lido), além
de estragar a fantasia do indivíduo, contaminavam outros, levando grandes multidões arrastadas
como resultado. A esse respeito, Frei Pedro Sinzig (1915, p.15) destaca:
honra a União Cathólica, do Rio, que por meio de seu presidente, dr. Pio Ottoni, com
o auxilio do Chefe de Policia, dr. Belisario Tavora, e mais tarde, por outro presidente,
dr. Romulo de Avellar, fez apprehender e queimar milhares dessas publicações, que
envergonham o paiz e o levam ao abismo certo.18
Portanto, notamos que a atuação da Igreja em parceria com a República, acontecia de
forma conjunta e por vezes repressiva. Lutavam contra as dificuldades agravadas e
desaparelhadas que feriam a moral do período, impregnando fantasias que podiam contaminar
a mente. Cabe destacar ao atuar na educação da consciência, Frei Pedro Sinzig preocupava com
a formação da moral, preparando o indivíduo para ser capaz de orientar e corrigir suas próprias
paixões das quais estava sujeitado.
Numa convicção cristã, Frei Pedro Sinzig considera a consciência como:
[...] a base mais segura da vida cristã. Está dentro do indivíduo é considerada a própria
voz de Deus, embora padeça da influência dos sujeitos e aos vícios lhe impõem. Por
essa razão ela se constitui no foco principal da doutrinação do indivíduo. Educar a
consciência significa plantar em terreno seguro. Os ensinamentos inculcados de forma
precisa, sem deixar margem de dúvida a respeito da sua veracidade, garantem uma
apropriação efetiva das ideias ensinadas e consequentemente a repercussão das
mesmas. O indivíduo que inicialmente se constitui em um agente passivo no processo
doutrinário passa a ser um importante elemento ativo nesse mesmo processo
abrangendo o contingente de fieis (ORLANDO & DANTAS, 2008, p.4).
Portanto, o desafio é por onde começar essa educação da consciência, frente a um
sistema republicano que afirma uma dada liberdade, além de uma ligeira expansão de livros e
acesso a leitura. Para isso, propusemos a parte seguinte.
Uma educação invasiva
Apesar de percebermos a integração da Igreja e da República, ainda que de maneira não
totalmente declarada, não era suficiente para educar a consciência, então, era necessário uma
18 Por tratar-se de fonte primária foi conservada a escrita original.
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estratégia que definidamente visasse às finalidades à educação proposta. Para isso, Frei Pedro
Sinzig utiliza de uma educação evasiva, que a partir de subterfúgios se direcionasse a atingir
seu objetivo principal, educar as consciências.
Assim, se a educação da consciência era o tipo educação, a educação evasiva era o modo
como se desenvolvia a educação da consciência. Ou seja, através da família e, principalmente,
através da figura mulher.
Nesse sentido, a mulher, representando a família seria o canal de transmissão dos ideais
de educação de Frei Pedro Sinzig. Somados a isso, segundo Rago (1985, p.62), o período era
marcado por um novo modelo de feminidade, esposa, dona de casa, mãe de família, do qual
constitua como peças mestras neste jogo de agenciamento da mulher como preservadora da
moral. “À mulher cabia agora, atentar para os mínimos detalhes da vida cotidiana de cada um
dos membros da família, vigiar seus horários, estar a par de todos os pequenos fatos do dia a
dia, prevenir a emergência de qualquer sinal da doença ou do desvio”. Nesse mesma
perspectiva, Paiva (1997, p.15) destaca que a mulher exercia a função de “guardiã dos bons
costumes da moral”, pois deslocava-se de uma “esfera privada” para “pública”, usurpando pela
primeira vez, atividades que não lhe eram atribuída culturalmente (p.83). Nesse encadeamento,
Cunha (1986, p. 34-35) propõe que a figura feminina assumiu, a partir do século XX, uma
importância central a serviço da ordem social, voltada para constituição de uma família
moralizada. Portanto, temos a figura da mulher como um instrumento de finalidade, para
inserção, naquilo que Frei Pedro Sinzig propunha enquanto educação.
Diante deste aparato social, Frei Pedro Sinzig em Através dos romances: guia para as
consciências, na edição de 1915, utiliza-se de estórias19, mostrando através de uma introdução
intitulada como “Maças de faces rosadas”, a vitimização de uma mulher20 que, quando exposta
a um pomar de maças (livraria), diante de muitos frutos (títulos) contaminados, as come após o
consentimento do pai e assim, contamina-se e como resultado morre. Com isso Frei Pedro
Sinzig mostra que “gerações inteiras” são contaminadas (SINZIG, 1915, p.2). Nesse contexto,
utiliza-se da vulnerabilidade social da mulher, da responsabilidade da República e da família,
quanto ao fortalecimento da moral, principalmente da figura feminina:
19 Antes de iniciar as indicações e restrições de leitura, Frei Pedro Sinzig apresenta estórias comoventes e
metafóricas, com a finalidade de tencionar seus leitores a necessidade de uma sã leitura e contrapartida, as
consequências de uma leitura tida por ele como contaminada (SINZIG, 1915). 20 Trata-se de uma menina, cuja metáfora é desenvolvida.
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já entraram alguma vez numa das nossas grandes livrarias do Rio? Quaes maças de
face rosadas, em todas ellas se apresentam lindos, de capas sedutoras e títulos
sugestivos. Exercem uma quasi que irresistivel facinação. Muitas mocinhas que
passam, já não podem despreender o olhar da vitrine. Pedem ao pae ou ao irmão que
as acompanhe; manuseiam esta ou aquela obra, folheiam esta ou aquella novidade
literária, e não deixam de escolher a que mais seductora se lhes apresente. Horas
depois o veneno começa a agir. Denuncia-se pelas faces córadas, que não sabem
ocultar a sensação. Quando os paes dão fé, muitas vezes é tarde: murchou a flôr da
inocência (SINZIG, 1915, p.3).
Além de ancorar-se na figura feminina, Frei Pedro Sinzig utiliza a relação intrafamiliar
para adentrar com aquilo que pressupunha como educação, pois a felicidade da família era
quesito dos objetivos republicanos. Ademais, a boa relação familiar do indivíduo era objeto de
interesse, e assim, todo modelo desviante, toda forma de relacionamento incontrolável,
ameaçadora e impura, deveriam ser anulados (CRUZ, 2014, p. 108). Frente a isso, Rago (1985,
p.26) destaca que a redefinição das relações familiares estava em jogo, onde se buscava um
dado “gosto pela privacidade”, em contrapartida a “práticas populares” consideradas
“ameaçadoras” para a estabilidade social. Portanto, a educação pela leitura era tema emergente
e Frei Pedro Sinzig encontrava na família um modo de adentrar nas consciência, pois se auto
denominava como uma auxiliador na educação da sociedade. “Nem todos os paes tem bastante
força de vontade e tempo – sem falar de outros pontos – para fazerem o mesmo. Eis porque
tentei auxilia-los” (SINZIG, 1915, p. 9).
Enfim, essa educação da consciência que invadia a família, especialmente através da
figura feminina, somadas a outros ditames, compunha o escudo de preservação social e guardiã
da moral da sociedade da época. Assim, Através dos Romances: guia para as consciências esta
adentrou o período como uma das únicas obras de censura brasileiras. A esse respeito,
salientamos sua importância para História da Educação, pois muito embora tenha tido sua
certidão de nascimento no Rio de Janeiro, circulou por todo o Brasil, entre livrarias e escolas,
sobre as mãos e sob os olhos daqueles que tinham acesso à leitura.
Portanto, nos e claro a ancoragem de Através dos Romances: guia para as consciências
para educação, principalmente entre escolas e professores do período, e com isso, tal obra
concedia uma dada autoridade a diversos educadores anônimos que consultaram tal obra.
Também, subsidiava professores para cumprir as leis do período, leis essas que permitiam na
educação escolar, a exposição dos princípios de doutrina cristã. 21 Dessa forma, a referida obra
se fazia imprescindível para a educação cristã nas escolas.
21 Indicamos a leitura de MOACYR, Primitivo. A instrução e as províncias (Subsídios para a História da Educação
no Brasil). 1834 – 1889. Vol. 3, das Amazonas às Alagoas. São Paulo: Companhia Editora nacional, 1940.
3528
Assim, o que pode parecer arbitrário ou mesmo intransigente, tornou-se num importante
instrumento de validação de normas e condutas, seja pelo locus da Igreja ou da Republica e
com isso, materializando um discurso normatizador institucionalizado. E mais, permitindo-nos
esquadrinhar através da História da Educação, os materiais literários, através de obras e autores,
que circularam em fins do século XIX e inicio do XX no Brasil.
Conclusão
Para concluir, sinalizamos aquilo que Orlando e Dantas (2008, p.13) destacam quanto
ao fato de escassez das pesquisas voltadas aos estudos sobre impressos católicos e da sua
importância na formação do professor, para História da Educação. Há de se considerar que, no
fim do século XIX e início do século XX, estes séculos foram permeados por intervenções da
Igreja na educação, fazendo-se relevante um olhar mais atento para a História da Educação
deste período, nos quais se verifica práticas e intencionalidades que atravessaram a educação.
Neste sentido, nosso trabalho se desenvolve focando Frei Pedro Sinizig como educador,
levando em conta principalmente a obra Através dos romances: guia para as consciências
(1915, 1917, 1923), da qual foi possível identificar uma atuação conjunta com a República,
ainda que não intencionalmente declarada, o que visava educar o indivíduo a partir da seleção
de leitura, e assim uma educação da consciência, tendo como canal de entrada a família na
figura da mulher. E mais, um tipo de educação, não somente cristalizada na cristandade, mas
pautados pelas concepções de civilidade, ordem e progresso social, oriundas de uma concepção
republicana. Neste esteio, Frei Pedro Sinzig se coloca como garantidor dos valores católicos,
ao lado de postulados republicanos.
Por fim, consideramos que Frei Pedro Sinzig e suas obras, podem contribuir para as
pesquisas na área da História da Educação Brasileira.
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