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A independência de colônias americanas e africanas no livro didático de história do Brasil e de São Tomé e Príncipe
SOUSA, João da Silva Pinto de1
SANTOS Reinaldo dos2
Resumo
Este paper resulta de pesquisa desenvolvida no curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Grande Dourados e reflete sobre a perspectiva, em livros didáticos de história do ensino médio utilizados no Brasil, Portugal e São Tomé e Príncipe, dos processos de independência de ex-colônias portuguesas nos continentes americano e africano. Problematiza a forma como é construído o discurso narrativo sobre os processos de independência nos livros didáticos de história adotados em escolas públicas dos três países e a sua influência na formação do educando. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo específico caracterizar os conteúdos de dois livros didáticos de história: um adotado em São Tomé e Príncipe e outro adotado no Brasil. Trata-se de uma pesquisa fundamentada na história cultural e em procedimento metodológicos de pesquisa bibliográfico-documental, analisando os textos que possibilitam a elaboração de uma prática reflexiva sobre o tema investigado. Os resultados alcançados até então revelam que o livro didático do terceiro ciclo utilizado em São Tomé é um recorte/adaptação de uma edição portuguesa e nem menciona a independência das colônias portuguesas, referindo-se apenas as colônias britânicas da América do Norte. E, o livro didático brasileiro, refere-se ao processo de independência na África, de forma genérica e homogeneizante, sem tratar de especificidades e com uma versão de consequência da segunda guerra mundial. Ambas, ainda são marcadas por uma visão eurocêntrica e de distanciamento de América e África.
Palavras-chave: história; livro-didático; Brasil; África.
1 Mestrando em História de Educação Memória e Sociedade, da UFGD, bolsista Capes; 2 Doutor em Sociologia e Pós-Doutor em Educação, pesquisador de História da Educação na UFGD
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INTRODUÇÃO
Este trabalho analisa processos de independência nos livros didáticos de história do
ensino médio utilizados no Brasil, São Tomé e Príncipe, em escolas públicas, editados nos
anos de 2005 e 2013, a partir de diferentes percepções construídas nos conteúdos e nas
ilustrações inseridas nos livros didáticos de história, uma ideologia que de certa forma atribui
uma interpretação eurocêntrica da História.
Este trabalho problematiza a forma como é construído o discurso narrativo sobre os
processos de independência nos livros didáticos de história adotados em escolas públicas dos
dois países e a sua influência na formação do educando, estariam criando ou recriando uma
imagem já consagrada e como isso reflete na aprendizagem do aluno enquanto sujeito?
O critério para a seleção foi feito a partir da circulação, ou seja os livros didáticos mais
utilizados nas escolas públicas no período de 2003 à 2013. Brasil tornou-se independente em
1822, em pleno século XXI, é possível afirmar que o livro didático faz parte da cultura
material da maioria das escolas públicas brasileiras através do Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD), há um numero grande de obras disponíveis para a escolha dos professores
editados no Brasil, enquanto que em São Tomé e Príncipe tornou-se independente
recentemente em 1975, e não têm muitas obras disponíveis, elas são editadas em Portugal, e o
sistema educacional está passando por um processo de reforma, sendo assim, a partir de 2003
com a publicação da Lei nº2/2003, o sistema procurou expandir a escolaridade obrigatória
para todos.
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Optamos pela fase escolar do Ensino Médio, porque historicamente desde quando
constituía uma etapa da Educação Secundária, foi reservada a uma pequena parcela da
sociedade. Seu objetivo básico era servir de etapa preparatória para os estudos superiores,
razão pela qual os estudos sobre esse nível escolar sempre ressaltam a falta de uma identidade
própria dentro do sistema educacional, e que nos leva a problematizar em que sentido esses
conteúdos construídos sobre os processos de independência tenham eficiências para plasmar a
consciência do educando a partir das “verdades” que se encontram nos livros didáticos de
história? Que consciência apresenta esses conteúdos nas posturas que os alunos desenvolverão
frente ao tema enquanto o sujeito social?
Pautamos nossas análises no referencial teórico da História Cultural, em
procedimentos metodológicos de pesquisa bibliográfico-documental, analisando os conteúdos
que possibilitam a elaboração de uma prática reflexiva sobre o tema investigado. A História
Cultural deve ser entendida como o estudo dos processos com os quais se constrói um sentido,
uma vez que as representações podem ser pensadas como “[...] esquemas intelectuais, que
criam as figuras graças às quais o presente pode adquirir sentido, o outro tornar-se inteligível
e o espaço ser decifrado” (CHARTIER, 1990, p.17).
O presente trabalho está organizado em três momentos: Em primeiro momento breve
características do livro didático; no segundo momentos, caracterização dos livros didáticos
analisados; no terceiro momentos, os processos de independência nos livros didáticos
analisados.
1. Breve características do livro didático
Ao analisar o livro didático como objeto de pesquisa, o livro didático assume
“múltiplas funções”, sendo elas: a função referencial (torna-se uma referência para elaboração
de currículos ou programas); a função instrumental (propõe métodos de aprendizagem,
exercícios e atividades); a função ideológica e cultural (é transmissor de valores e, em certos
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casos, de doutrinação das jovens gerações); e a função documental (é documento e, também,
objeto de pesquisa), (CHOPPIN, apud BITTENCOURT 2004, p.4).
O livro didático por vários países faz dele algo reconhecível, tanto por seu caráter
material quanto por seu conteúdo. conforme Chopin (2004), por trás desta aparente
banalidade, dada à sua possível onipresença, há um objeto de grande complexidade situado
“no cruzamento da cultura, da pedagogia, da produção editorial e da sociedade” (CHOPPIN,
2004, p. 558).
Questionado muitas vezes, considerado os culpados pelas deficiências de conteúdo,
suas lacunas e erros conceituais ou informativos, os livros didáticos são, invariavelmente, um
tema polêmico, pois tem se revelado como um instrumento a serviço da ideologia e da
perpetuação de ensino tradicional.
O professor Nilson José Machado: “O livro didático é um tema candente, envolvendo
questões complexas, para as quais, muitas vezes, têm sido propostas respostas excessivamente
simplificadas (MACHADO, 1996. p. 37).
O livro didático tem sido objeto de debate e reflexão, havendo posições a respeito de
seu uso. Há grupo que questiona que o livro didático deveria ser tirado das salas de aula e
escolas e que deveria criar suas próprias apostilas, ou que permitem que os professores criem
seu próprio material.
Mas observa-se por outro ângulo o apego excessivo ao LD. De maneira que ele passa a
ser o programa da disciplina ensinada, impondo o que deve e não deve ser ensinado e
funciona como meio entre teorias da aquisição e o professor. Uma prova de como essa ideia
de que o livro didático possui supremacia absoluta no ensino está de tal forma fundamentada
na sala de aula é quando, por exemplo, um professor decide não utilizar determinada atividade
e “pular” para a seguinte e o aluno pergunta: “E a atividade X, professor”?
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Portanto o problema de tais análises está na concepção de um ideal de livro didático,
uma obra capaz de solucionar todos os problemas do ensino e capaz de substituir o professor.
Torna-se necessário entendê-lo em todas as suas dimensões e não existe livro didático ideal,
ele constitui apenas uma ferramenta na educação, o papel do professor é importante para levar
os alunos a pensar de modo critico e a apropriarem-se dos gêneros discursivos (proposto ou
não) pelo LD adotado pela instituição de ensino. Não usar o livro didático, ou usá-lo como
instrumento soberano, torna-se indispensável, bem como a abertura para intervenção critica
dos profissionais que trabalham com esses materiais, que nos ajuda a analisar suas
características.
2. Caracterização dos livros didáticos analisados
O livro didático é um produto complexo, porque entrecruza diferentes perspectivas
teóricas, editoriais, pedagógicas, mercadológicas, políticas e ideológicas (TIMBÓ, 2009. p.
14), e por isso, principalmente, na transição dos séculos XX e XXI, tem despertado tantas
críticas favoráveis ou não. A cada dia, ele ocupa espaço na cultura escolar3 de inúmeras salas
de aulas espalhadas pelo Brasil, São Tomé e Príncipe, quanto nas pesquisas acadêmicas.
A análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e
interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a
descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a
atingir uma compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura comum.
Quais são os livros analisados?
3 A cultura escolar compreende “um conjunto de normas que definem saberes a ensinar e condutas a inculcar e
um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses saberes e a incorporação desses comportamentos, normas e práticas ordenadas de acordo com finalidades que podem variar segundo as épocas”. (JULIA , 2001, p. 54).
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Imagem 01- Livro didático de história do ensino médio brasileiro
Fonte: pr.quebarato.com.br
O primeiro livro é a “História: uma abordagem integrada”, trata-se de volume único
que foi aprovado pela PNLEM (Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio)
nos anos de 2007. Seus autores são Nicolina Luiza de Petta é brasileira graduada em História
pela USP, professora do ensino médio, participou da banca de elaboração de vestibulares da
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Unicamp (1992-1995). Participou da banca de correção de vestibulares da Unicamp (1987-
19996), e Eduardo Aparicio Baez Ojeda é brasileiro graduado em Ciências Politicas pela
Unicamp, professor do ensino Médio e de cursos pré-vestibulares.
Esta obra é dirigida aos estudantes do Ensino médio e como aqueles que se preparam
para as provas do ENEM. Fornece subsídios para o estudo de disciplina de História
O livro é da Editora Moderna sendo este exemplar de 2007. Volume único (352
páginas). Seu conteúdo trata de três unidades: Da Pré-História à colonização da América; Da
consolidação do capitalismo à formação do proletariado; Do imperialismo aos nossos dias.
Conteúdo programático adequadamente dosado de acordo com orientação do
MEC/INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Além do rigor
conceitual, esta obra contempla a contextualização e a interdisciplinaridade. Caracteriza-se,
também, pela ênfase à aplicabilidade ao investigativo, e pela menor preocupação com a
memorização. Além dos exercícios de verificação da aprendizagem, inclui questões extraídas
dos ENEM's, de programas de avaliação seriada e dos vestibulares de acesso às principais
instituições de ensino superior. Inclui: Bibliografia Citada.
A organização dos conteúdos na obra obedece à sequência cronológica, sem separação
entre História Geral, do Brasil e da América. Destaca-se a abordagem de eventos bastante
recentes. Além da ilustração diversificada e integrada aos conteúdos, há mapas e boxes que
apresentam textos complementares e documentos históricos relacionados aos temas
transversais Pluralidade cultural, Ética e cidadania, Trabalho e consumo e Ciência e
tecnologia. O texto didático e as atividades estimulam múltiplas habilidades cognitivas. O
Manual do Professor contém filmografia e extensa bibliografia, além de orientações para o
trabalho com os textos complementares e as imagens.
Portanto abordagem da História não significa que temos a capacidade de recuperar a
verdade do passado. O conhecimento histórico é uma reconstrução dos fatos passados a partir
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de fontes históricas, ou seja, é o nosso pensamento de hoje tentando alcançar o modo de
pensar e de viver de outros povos.
Imagem 2: Texto de apoio para alunos de 9ª classe São Tomé e Príncipe
Fonte: MEC
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Pela impossibilidade financeira, o Ministério da Educação de São Tomé e Príncipe
substitui elaboração de manuais pedagógicos pela elaboração de textos de apoio através do
convenio com projeto ESCOLA + Educação para todos, e Instituto Marques de Vale Flor
(IMVF). Não há unanimidade de opiniões sobre a necessidade de manuais específicos de São
Tomé e Príncipe em todas as disciplinas do ensino secundário. Os agentes da cooperação
portuguesa têm assumido esta vertente do projeto: os textos são elaborados pelos docentes das
disciplinas e são disponibilizados no formato de sebentas (apostila) aos alunos a preços
simbólicos. Os atuais textos de apoio, testados, podem constituir uma base para a produção de
manuais, se tal for o entendimento do MEC.
O texto de apoio é composto por 5 unidades, a primeira a Europa e o mundo no limiar
do século XX; a segunda unidade Da grande depressão a 2ª guerra mundial; terceira unidade
As relações internacionais após a 2º guerra mundial; quarta unidade Os movimentos de
emancipação e a independência de África e a quinta unidade São Tomé e Príncipe do século
XIX até aos nossos dias.
A listagem a seguir apresenta os livros didáticos de história do Brasil e São Tomé e
Príncipe, que foram selecionados, oferecem conjunto de elementos que integram o universo
de analise proposto em relação aos processos de independência.
Quadro 01- Títulos e subtítulos das unidades e capítulos referentes ao tema analisado.
MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO, CULTURA E
Organização em Unidades e subtítulos Unidade 15: Os movimentos de emancipação e a independência de África. Subtítulos:
� Combate ao colonialismo: A recusa da dominação europeia- os primeiros movimentos de independência.
� O terceiro mundo: da independência política á dependência econômica.
� A independência política e a independência econômica.
� As novas relações internacionais: o dialogo Norte-Sul.
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FORMAÇÃO. Textos de apoio
para os alunos 9ª classe – 1º
ciclo
Unidades 16: São Tomé e Príncipe do século XIX até aos nossos dias. Subtítulos:
� São Tomé e Príncipe no século XIX. � Os movimentos de independência e a guerra
colonial. � O movimento anticolonial � O massacre de 1953 em São Tomé e Príncipe.
São Tomé e Príncipe: Estado Independente. � 1ª Republica (1975-1990). � 2 Republica (1990 á atualidade)
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PETTA; OJEDA. História:
uma abordagem integrada.
Organização em Unidades e Capítulos Unidade II: Da expansão europeia do século XV á independência dos Estados Unidos. Capítulo: Conflitos na América colonial e a independência dos Estados Unidos. Unidade III: Da revolução francesa aos nossos dias. Capítulos 21: A Independência do Brasil Capítulo 22: O primeiro Reinado e o período Regencial. Capítulo 24: O segundo Reinado no Brasil Capítulo 28: O Brasil na Republica Velha (1889-1930). Capítulo 30: O Brasil durante o governo Vargas. Capítulo 33: O período democrático no Brasil (1946-1964). Capítulo 35: O governo Militar no Brasil. Capítulo 36: Brasil: da redemocratização até a atualidade.
3. Os processos de independência nos livros didáticos.
. E o nosso objetivo é analisar os conteúdos e como é construído nos livros didáticos
de história os processos de independência, no Brasil, São Tomé e Príncipe, tendo como
pressuposto as distintas perspectivas e versões de cada um deste país sobre este processo.
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Observa-se que os processos de independência estão carregados de influências, sejam sociais,
políticas, econômicas ou culturais, por fim, com o termo “apropriações”, se refere aos modos
como um “texto, um pensamento, ou uma imagem se transforma e é dada a ler em outros
momentos ou outras realidades distintas das que foram produzidas” (CHARTIER, 1990, p.
16).
No primeiro momento analisamos a relação entre colônias e a metrópole, os livros
didáticos do Brasil e São Tomé e Príncipe apontam que era processo de exploração de
opressão da metrópole para com a colônia, pois a Coroa Portuguesa, percebendo o potencial
de lucro dos recursos naturais e a mão-de-obra indígena, aplicou o seguinte sistema de
colonização: ocupou o país com representantes do interesse da metrópole, assim, criou leis,
obrigações, impostos e instituições que somente atendiam os interesses da metrópole. Sendo
assim, os colonizados não tinham a ínfima autonomia para exigir seus direitos ou impor suas
vontades contra a Coroa.
A segunda momento analisamos “independência propriamente dita”. Como que os
livros didáticos abordam esta questão, os sujeitos deste processo, os principais fatos, os
conflitos. Tanto no Brasil como em São Tomé e Príncipe a Independência é um dos fatos
históricos mais importantes do país, pois marca o fim do domínio português e a conquista da
autonomia política. Muitas tentativas anteriores ocorreram e muitas pessoas morreram na luta
por este ideal.
No livro didático brasileiro com as revoltas durante o século XVIII já anunciavam que
o Pacto Colonial não resistiria por muitos tempo no Brasil. Em 1808, fugindo das tropas de
Napoleão, a família real portuguesa veio para a colônia e, o acontecimento, conhecido como
abertura dos portos ás nações amigas foi, de fato, a ruptura do exclusivo comercial português.
Uma vez que a estrutura da colonização se assentava sobre o direito exclusivo que a
metrópole tinha sobre as trocas com a colônia, a abertura dos portos pode ser entendida como
fim de sistema colonial ( PETTA & OJEDA, 1999. p. 145).
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O texto de apoio de história de São Tomé e Príncipe, aponta o massacre de 1953, é um
acontecimento histórico de grande relevo, pois é a partir dele que muitos são-tomenses
começaram a pôr em causa o colonialismo português em S.TP.. o que viria a contribuir
decisivamente pra o surgimento do movimento anticolonial nas Ilhas. (H.9 TEXTO DE
APOIO, p.68).
Devido ao agravamento das contradições com colonizadores e a necessidade de uma
organização eficaz, um grupo de nacionalistas funda em S.T.P, em Setembro de 1960 o
CLSTP, com o objetivo de lutar pela independência nacional e libertar os são-tomenses do
jugo colonial. Fizeram parte do grupo: operários, artífices, funcionários públicos e
intelectuais, entre os quais alguns estudantes universitários que na altura se encontravam na
ilha (H.9 TEXTO DE APOIO, p.69).
No terceiro momento analisamos os processos pós independência, como estes livros
apresentam a situação econômica e política a partir da independência.
No livro didático brasileiro identificamos este processo a partir do período imperial,
Republica velha, durante governo Vargas, o período democrático e período da
redemocratização. O Brasil, assim como os demais países latino-americanos, tiveram sua pós-
independência marcada por uma certa dependência econômica em relação às potências da
época. O Brasil viveu o período de 1822 a 1889, com o regime monárquico. Dois anos depois
da Proclamação da República, em 1891, promulgou-se uma nova Carta Magna: a Constituição
Brasileira de 1891, tendo como principal autor Ruy Barbosa. O período que compreende de
1889 até 1930 é chamado de República Velha. No novo regime, não havia um governo
consolidado, apenas provisório, chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca (( PETTA &
OJEDA, 1999. p. 205).
A Ditadura Militar Começou em 31 de março de 1964, e depôs o presidente João
Goulart. O governo militar adotou um regime opressor. O primeiro a assumir o posto de
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liderança do país, nesse regime, foi o Marechal Humberto Castello Branco. E, em seu
governo, proibiu qualquer tipo de manifestação popular: seja sindical, seja estudantil.
Democracia no Brasil, o princípio de redemocratização do país aconteceu no governo
do General Ernesto Geisel. Em 1974, quando assumiu a cadeira presidencial, Geisel decidiu
implantar um projeto para redemocratizar o Brasil, que passava pelo regime militar: fazia
opressão contra a oposição. Ele acabou com o Ato Institucional nº 5, que acabava com a
democracia.
No texto de apoio de história o processo pós independência foi caracterizado por dois
períodos: Republica de 1975-1990 monopartidarismo e Republica de 1990 á atualidade
multipartidarismo.
Na primeira Republica de 1975 – 1990, conquistada a independência em 12 de Julho
de 1975 tornava-se necessário proceder-se a organização do novo Estado. Uma vez que o
Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe-MLSTP se revelou como único partido
politico, coube-lhe proceder ao inicio da construção do novo país. A estrutura econômica e
social de São Tomé e Príncipe no limiar da independência era um exemplo típico de economia
extrovertida na exploração colonial. Poucos investimentos internos nos transportes entre as
ilhas param no transporte de produtos, bem como para aquisição de maquinarias agrícolas,
dependência econômica aguda em relação a Portugal, o que revelava que a atividade
produtiva era limitada á simples colheitas dos produtos agrícolas ricos. Deficiente
organização financeira com fraco incentivo á formação de poupanças e investimentos.
Na segunda Republica 1990 á atualidade face ao novo contexto internacional, criar
novas dinâmicas internas como medidas de inserção geoestratégicas. foi assim que o país se
tornou, entre os países africanos que a partir dos anos 90 entraram na senda da
democratização, o primeiro a convocar e realizar um conferencia nacional como fórum
consultivo aberto a todas as sensibilidades politicas, fato que constitui um marco importante
no processo de abertura politica e democratização do regime.
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CONSIDERAÇOES FINAIS
Os resultados alcançados até então revelam que o livro didático do terceiro ciclo
utilizado em São Tomé é um recorte/adaptação de uma edição portuguesa e nem menciona a
independência das colônias portuguesas, referindo-se apenas as colônias britânicas da
América do Norte. E, o livro didático brasileiro, refere-se ao processo de independência na
África, de forma genérica e homogeneizante, sem tratar de especificidades e com uma versão
de consequência da segunda guerra mundial. Ambas, ainda são marcadas por uma visão
eurocêntrica e de distanciamento de América e África.
Portanto a Independência faz parte de um conjunto de explicações que remetem à
formação do Estado Nacional, aos sentimentos de identidade e pertencimento a uma nação. O
tema da independência tem sido objeto de múltiplas interpretações. O consenso só existe na
visão da independência como momento da quebra da dominação política exercida pela
metrópole e do nascimento dos Estados Nacionais. De resto, o tema é atravessado por paixões
político- ideológicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CHARTIER, Roger. A História Cultural. Entre práticas e representações. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil / Lisboa: Difel, 1990.
CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 549-566, set./dez. 2004.
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JULIA, Dominique. A cultura escolar como objeto histórico. In: Revista Brasileira de
História da Educação. Campinas: Autores Associados, nº.1, p. 9 – 43, Jan./Jun. 2001
MACHADO, Nilson José. Sobre livros didáticos- quatro pontos. Em Aberto, Brasília, ano 16, n.69, jan./mar. 1996
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, CULTURA E FORMAÇÃO. História 9º. Textos de apoio para os alunos 9ª classe – 1º ciclo.
PETTA, Nicolina Luiza de. OJEDA, Eduardo AparicioBaez. História: uma abordagem integrada: volume único. 1,ed. São Paulo: Moderna, 1999.
TIMBÓ, Isaíde Bandeira. O livro didático de história: um caleidoscópio de escolhas e usos no cotidiano escolar (Ceará, 2007-2009). Tese de Doutorado. Natal, Dezembro de 2009.