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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de História Julio Cesar Ferrari Rafael Caluz Pereira A INFLUÊNCIA MUSICAL DURANTE A DITADURA MILITAR Uma analogia musical nas transformações sociais. Lins SP 2009

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de História

Julio Cesar Ferrari

Rafael Caluz Pereira

A INFLUÊNCIA MUSICAL DURANTE A DITADURA MILITAR

Uma analogia musical nas transformações sociais.

Lins – SP 2009

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JULIO CESAR FERRARI

RAFAEL CALUZ PEREIRA

A INFLUÊNCIA MUSICAL DURANTE A DITADURA MILITAR Uma analogia musical nas transformações sociais.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de História, sob a orientação do Prof. M.Sc Paulo Sergio Fernandes.

Lins – SP 2009

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JULIO CESAR FERRARI

RAFAEL CALUZ PEREIRA

A INFLUÊNCIA MUSICAL DURANTE A DITADURA MILITAR - Uma analogia musical nas transformações sociais

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Católico

Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Licenciado em História.

Aprovada em: _____/______/_____

Banca Examinadora:

Prof(a) Orientador(a): _____________________________________________

Titulação: ______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ________________________________

1º Prof(a): ______________________________________________________

Titulação: ______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ________________________________

2º Prof(a): ______________________________________________________

Titulação: ______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ________________________________

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DEDICATÓRIA

Dedico este meu trabalho, em especial a Deus que tem estado presente

em todos os momentos de minha trajetória. Ao meu pai Waldemir que deixou a

minha família e foi morar com Deus, contudo ficou a certeza de que meus

sonhos têm um aliado, minha independência um acompanhante, e minha vida

mais um anjo: obrigado pelo tempo que esteve ao meu lado!

À minha amada e valente mãe Maria pelo apoio e compreensão em

todos os meus momentos, sendo os meus pés nas horas que achei que não

conseguiria mais caminhar. Aos meus irmãos Daniela e Gustavo por se

mostrarem companheiros na vida e para vida. Por fim, aos meus sobrinhos Ana

Clara, Gabriel e Rafael, os quais amo profundamente e que me fazem ter

vontade de lutar e conquistar sempre mais.

Julio Cesar Ferrari

Dedico esta etapa árdua de minha vida à minha família, pois foi pelo

sincero reconhecimento advindo deles que me esforcei sem medidas.

Vivo para dar orgulho aos que me cercam, e dessa vez não foi diferente.

Que este trabalho seja uma prova de meu eterno amor e gratidão por

toda a minha família: Nelson, Dulce, Carol e Ana Lu.

Obrigado por me fazer ser quem sou, pois tenho os mais sinceros

exemplos de bondade, integridade, honestidade, honra e principalmente união

e respeito manifestado em vocês.

Amo muito cada um de vocês, tenham sempre essa certeza.

Conquistarei minha vida futuramente, tendo como meus princípios os

parâmetros de vida ensinados por vocês em minha trajetória.

Rafael Caluz Pereira

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AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus, a minha família, aos amigos que conquistei; aos

companheiros de trabalho, ao Prof. Paulo pela dedicação e sabedoria, ao meu

companheiro de trabalho Rafael pela paciência e serenidade, por fim agradeço

às pessoas que direta ou indiretamente fizeram e ainda fazem parte da minha

vida. Este é o momento, que quero agradecer todo o carinho e dedicação que

tens demonstrado em minha vida.

Julio Cesar Ferrari

Agradeço primeira e certamente ao meu Deus vivo Pai, que me

acompanha desde sempre; segurando em minha mão e me mostrando a luz do

caminho certo. Agradeço pelo teu amor, por todas as horas que vacilei e quis

desistir. Ao meu parceiro Julio, que não se deixou abater, apesar de todas as

tempestades que encontrou pelo caminho. Certamente seu pai está muito feliz

e cheio de orgulho. Agradeço pela amizade e união que teve para comigo, pois

isso foi decisivo para a conclusão e cumprimento de mais uma fase em minha

vida. A minha namorada e amiga Karina, que me acompanhou de perto e

participou juntamente em tudo o que aconteceu em minha vida, me dando forca

e coragem. Obrigado por seu amor, compreensão e por estar presente em meu

coração e em meus planos por toda a minha vida.

Ao meu amigo Junior, por todas as vezes que me direcionou e auxiliou

certamente o que fez por mim não tem preço. Amizade sincera e verdadeira

para todas as horas, e que se Deus permitir levarei para sempre.

Aos meus amigos da Faculdade, pois em três anos, estive mais com

eles que com minha própria família. Agradeço pela união e companheirismo,

que jamais serão esquecidos.

Rafael Caluz Pereira

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RESUMO

A ditadura militar no Brasil nos anos de 1964 a 1985 assumiu o controle político, econômico e social; ocasionando os mais brutais acontecimentos sob a forma de violência, censura, repressão, exílio, prisão e diversas outras formas de coerção da sociedade. O governo silenciou de forma cruel e desumana, aqueles que poderiam vir a exercer qualquer ação conscientizadora a respeito da realidade brasileira e suas contradições, isto ocorreu de forma intensa na Era dos Festivais, pois este mecanismo de fusão de ideais tinha o poder de arrebatar uma grande massa populacional.

Palavras-Chave: Ditadura. Manipulação Ideológica. Música de Protesto.

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ABSTRACT

The military dictatorship in Brazil in the years 1964 to 1985 took control of political, economic and social development; causing the most brutal events in the form of violence, censorship, repression, exile, imprisonment and various other forms of coercion in society. The government was silent in a cruel, inhumane, those who could come to engage in any action awareness about the Brazilian reality and its contradictions, it was so intense in the Age of Festivals, for the mechanism of fusion of ideas had the power to snatch a large mass population.

Keywords: Dictatorship. Ideological Manipulation. Protest Music.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Manifestação contra a ditadura militar em 1968 na cidade de São Paulo ............................................................................................................... 44

Figura 02: Manifestação contra a ditadura militar em 1968 na cidade de São Paulo ............................................................................................................... 45

Figura 03: Manifestação contra a ditadura militar em 1968 na cidade de São Paulo ............................................................................................................... 46

Figura 03: Manifestação contra a ditadura militar em 1968 na cidade de São Paulo ............................................................................................................... 47

Figura 05: Caetano Veloso em apresentação musical durante a Era dos Festivais .......................................................................................................... 48

Figura 06: Edu Lobo e Maria Medalha em Apresentação durante a Era dos Festivais .......................................................................................................... 49

Figura 7: Caetano Veloso à direita com o norte-americano John Dandurand durante apresentação na Era dos Festivais .................................................... 50

Figura 8: Geraldo Vandré em apresentação musical durante a Era dos Festivais .......................................................................................................... 51

Figura 9: Geraldo Vandré em apresentação musical durante a Era dos Festivais .......................................................................................................... 52

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 09

1. CAPÍTULO I – O REGIME REPRESSOR .................................................. 10

2. CAPÍTULO II – O PODER PROPAGADOR DOS FESTIVAIS............ 18

3. CAPÍTULO III – OS FESTIVAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS ................... 23

3.1 – AS CANÇÕES VENCEDORAS DOS FESTIVAIS ................................. 27

CONCLUSÃO ................................................................................................. 39

REFERÊNCIAS............................................................................................... 41

ANEXOS ......................................................................................................... 43

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INTRODUÇÃO

O presente texto pretende esclarecer de maneira objetiva o que ocorreu

no Brasil durante o período da ditadura militar (1964/1985), trazendo à tona

fatos que incidiram neste país; através da imposição de idéias por meio da

força e ameaça para o desenvolvimento de uma sociedade menos participativa

criticamente e ao mesmo tempo mais submissa, tendo um papel decisivo para

que a ideologia implantada pelo regime militar, juntamente com a participação

da propaganda pudesse transformar as relações sociais.

Não é de hoje que a sociedade ouve falar do período da ditadura, e as

músicas mensagens que existiam para expelir de forma subliminar os

sentimentos de revolta e desacordo à repressão do governo brasileiro nesse

período.

Essa visão engloba os aspectos sociais e as influências ocorridas

através dos festivais, tudo isto visto como questões históricas exemplificadas

pelo descaso, sem exceção, a que fora submetidos os artistas e o povo desse

período.

Por motivos e caráter de reprovação em relação ao governo, os

estudantes apoiavam, e os artistas cantavam mensagens codificadas e

carregadas de metáforas para contar toda a repressão que sofriam.

Este período em seu conteúdo histórico apresenta características que

merecem um sentimento de orgulho e até mesmo de satisfação, pois

conseguiu provar às gerações posteriores que não era tão fácil viver e ainda

mais de forma livre e com direitos.

A valorização desse conhecimento e estudo está ligada ao povo

brasileiro, fazendo parte da nossa continua história, ocasionando assim o inicio

para entendermos questões sociais de uma maneira rápida e direta

propriamente dita.

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CAPITULO I - O REGIME REPRESSOR

O regime militar assumiu o controle político, econômico e social; que

ocasionou os mais brutais acontecimentos sob a forma de violência, censura,

repressão, exílio, prisão e diversas outras formas de coerção da sociedade.

O objetivo do Estado era criar um sistema que concretizasse seu

monopólio intelectual sobre a massa populacional, mesmo que nessa complexa

sociedade existissem pessoas com funções e pensamentos diferentes. Os que

se opunham ao regime foram colocados para o caminho exclusivo da violência

e da repressão demasiadamente utilizada pelos militares.

Após 1964, a busca incessante de uma estabilidade institucional, se

processou num confronto Estado - oposição, estruturando-se enquanto um

tentava dominar e controlar o outro.

O que deveria acontecer, era justamente, a homogeneização de toda

essa sociedade, para que não houvesse conflitos e protestos indo ao encontro

e se chocando com os ideais militares. Esses ideais eram muitas vezes

passados de uma forma distorcida, somente buscando o convencimento do

público em geral.

No Brasil, o Regime Militar teve conseqüências extremamente perversas

em relação às condições de vida das classes dominadas. Qualquer divergência

era vista como negativa e imediatamente tentava-se neutralizá-la.

O controle ideológico foi vinculado por uma parcela da sociedade,

fazendo com que o restante da mesma não tivesse condições de formular outra

versão da realidade.

Por mais que assistissem, ouvissem, lessem, pensando em estar bem

informados e prontos para ativar sua voz, as informações e as inúmeras

notícias eram transmitidas como elementos isolados, portanto, sem nenhum

objetivo ou significado.

O que também dificultou demasiadamente a formação de uma

consciência social foi a manipulação e a forma de como foi passada a

apresentação dos fatos para quem as esperava.

Como acontece em um espetáculo, no qual o espectador busca obter

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um entretenimento como forma de alivio e até mesmo uma fuga da realidade,

começa-se então a encarar os problemas, as preocupações, as tensões de

uma maneira muito mais branda e passiva, e mesmo as pessoas estando

chocados com os problemas sociais, poucos faziam ou reagiam diante destas

circunstâncias.

Foi por volta dos anos 60 que alguns grupos sociais começaram a lutar

com certa intensidade contra essas formas de manipulação social.

Setores intelectualizados das camadas médias, unidos em torno da palavra de ordem CONSCIENTIZAÇÃO, empenharam-se no emprego de formulas alternativas para alfabetizar a população e esclarecê-las a respeito da precariedade das suas condições de vida, da exploração a que era submetida e da manipulação ideológica que sofria com o movimento de 1964, após breve refluxo, essa atividade continuou adquirindo grande vulto em 1968 (OLIVEIRA, 2003, p. 14).

Artistas, estudantes, congressistas se manifestaram contra o regime.

Ganhando mais força e maior participação popular a partir de 1966, quando

essas manifestações começam nas ruas.

O governo, respondeu de imediato, intensificando a manipulação e

semeando a submissão da sociedade, ocasionando a neutralização da

mobilização, efetuando o retorno da população à condição passiva e submissa.

Causando medo em quem ousasse ir contra as idéias do governo, recebendo

uma significativa quantidade de filmetes, textos, panfletos e jingles das

campanhas militares que vinham dos meios de comunicação escrita e falada.

A censura teve um papel fundamental no sistema de controle ideológico e, conseqüentemente da propaganda. Todos os assuntos, temas e dúvidas em relação às afirmações da propaganda oficial tinham sua divulgação proibida (GARCIA, 1982, p.91).

Na Ditadura Militar, o que também entrava na lista imensa das proibições

e da censura eram os livros, que foram considerados subversivos, muitas

vezes os livros eram avaliados por seu título, se os censores achassem que o

título de um livro era expressão contra governamental, simplesmente o

proibiam, pois segundo Oliveira (2003, p. 18) “havia também proibições

relativas à música, filmes, peças de teatro, “shows” de televisão, novelas”.

. Formadores de opinião contrários à política do governo foram

ameaçados agredidos e neutralizados. O governo queria silenciar aqueles que

pudessem exercer qualquer ação conscientizadora a respeito da realidade

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brasileira e suas contradições.

Foi a partir daí, que todos os meios de difusão ideológica passaram a

sofrer pressão e interferência do regime. Os meios de comunicação foram

diretamente empregados na divulgação das noticias governamentais e

controladas por uma rigorosa censura.

A propaganda trouxe componentes terríveis em torno do fantasma do comunismo, cada individuo era pressionado por uma carga dupla, induzindo não apenas a temer o que os comunistas poderiam fazer como também ser confundido como um deles e punido severamente (OLIVEIRA, 2003, p.27).

Durante todo o período do regime militar, foi utilizada a propaganda da

ameaça comunista. A imprensa utilizava diversos fatos históricos para dizer que

os comunistas eram traiçoeiros, covardes, assassinos a sangue frio.

Muitas pessoas de vários e diferentes setores da sociedade sofreram

perseguições e punições. Apenas por serem vistas como contrárias ao regime

ou por manifestarem sentimento de conscientização real da sociedade.

A prática de torturas nesse período passou a ser algo rotineiro e utilizado

por muitos setores do governo. Os assassinatos, desaparecimentos também

foram significativos. Sendo falsamente justificada pelos opressores como

resultado de tentativa de fuga, atropelamento, resistência a tiros ou suicídio.

As violências físicas foram cometidas por inúmeros setores do governo,

por policiais civis, militares e Forças Armadas que atuavam nas delegacias de

Ordem Política e Social dos Estados (DOPS, depois DEOPS) marinha, exército

e aeronáutica principalmente na operação BANDEIRANTE (OBAN).

Vários indivíduos que se manifestaram contra o regime foram mortos por

essas corporações no governo do presidente Médici, nasceram duas

tendências como resposta ao governo: a dos assaltos a bancos e seqüestros

de diplomatas. Os organizadores desses seqüestros exigiam como pagamento

a troca do refém, pela soltura de presos políticos. Ocasionando um modelo

para muitas ações subseqüentes, sendo mais freqüentes os assaltos a bancos.

Mais uma vez o governo apelou para suas artimanhas afim de manipular

a opinião publica sobre esses acontecimentos, distorcendo os verdadeiros

fatos e utilizando seus inúmeros mecanismos para impor à sociedade o que

esta deveria pensar. Com isso, houve grande redução do senso crítico e uma

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multiplicação do pânico e ansiedade. Com essas evidências, as grandes

manifestações sociais em massa foram proibidas, o regime pós 64 era avesso

à organização de grandes concentrações, salvo somente as comemorações da

semana da pátria que envolviam grande número de pessoas.

Instituiu-se um clima de medo permanente e generalizado, temores

acompanharam a sociedade brasileira, principalmente nos períodos político

economicamente mais tensos.

Investiu-se então na política do “dedurismo”, que era a forma utilizada

pela polícia para descobrir os fatos e ou acontecimentos que infringissem os

ideais militaristas, no qual as pessoas envolvidas estavam sempre na defensiva

de seus interesses individualistas; agindo de forma incoerente aos seus

princípios delatando os cúmplices envolvidos nas mesmas questões

investigadas. Propagandas anticomunistas serviram também para justificar e

legitimar o golpe militar recente, o que no governo de Castelo Branco foi

intensificado.

Os próprios militantes infiltravam-se nas instituições sociais e

governamentais, principalmente nas escolas que possuíam inúmeras pessoas

que eram facilmente influenciadas pela ideologia comunista.

Em conseqüência aos atos de infiltração comunista nas camadas sociais

estimulou-se na população uma posição puramente independente e individual,

sendo totalmente negável qualquer ação participativa de um indivíduo, os

mesmos preferiam manter-se em torno a temas superficiais e secundários, pois

não se podia confiar mais em pessoas pouco conhecidas para se falar

abertamente.

Grande parte da população alienou-se, sem participar, sem opinar, sem

criticar, sem discutir e sem informar-se sobre questões econômicas e políticas.

O regime implantado em 1964 contribuiu também para a generalização de uma prática de pressão psicológica que podemos chamar de “lavagem cerebral”, que consistia num conjunto de pressões exercidas sobre determinadas pessoas com tal intensidade, que lhes acarretava uma espécie de desestruturação da personalidade e acabando por induzi-las a aceitar passivamente, determinadas orientações de comportamento (OLIVEIRA, 2003, p. 30).

O governo adotou uma fórmula em que a violência, nas formas de

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tortura, dor, repressão, passava a ser o instrumento básico para assegurar a

coerção social.

Perseguições de inocentes, pessoas desarmadas e sem nenhum motivo

concreto começaram a ser rotina, algo comum entre os militares, e na medida

em que esses abusos aumentavam, também crescia a irritação e a náusea das

camadas médias e do clero católico para com os militares. Pois a tortura

tornava-se cada vez mais uma prática política, e a corrupção institucionalizada.

Enquanto os militares exaltavam o nacionalismo, a democracia ao

mesmo tempo efetuava torturas, perseguia indivíduos que tinham crítica e voz

ativa.

Embora seja uma prática e uma ação muito antiga, utilizada em vários

períodos históricos e por diversos povos, a tortura foi a condição de

instrumento rotineiro nos interrogatórios sobre atividades de oposição ao

governo militar.

Devagar a oposição ao regime vai readquirindo força no âmbito das ruas, das fábricas e das escolas, apesar de toda a repressão. Em março de 1968, no Rio, a policia intervém contra uma manifestação de estudantes e mata o secundarista Edson Luis, de 18 anos. Como um rastilho de pólvora, espalham-se por todo o país manifestações publicas de protesto. Também as lutas operárias ressurgem com alguma vitalidade. Crescem o enfrentamento e as denuncias contra o Regime Militar, tendo as classes médias urbanas ocupado a frente das movimentações ( ARNS, 1985, p.62).

Por esses motivos, foi implantado pelos militares o Ato Institucional mais

cruel e desumano de todos eles, em dezembro de 1968 foi criado o Ato

Institucional nº 05, que restringia os direitos individuais, através da censura. O

argumento foi o aumento das manifestações de rua e o surgimento de grupos

de oposição armada.

É nesse mesmo período que começam a se tornar freqüentes os

espancamentos, as prisões e outras ações violentas por parte do governo.

Vários órgãos foram criados pelo governo para aliciarem e divulgarem

informações errôneas e carregadas de trejeitos manipuladores para que o

“perigo comunista” não virasse realidade.

Intelectuais foram comprados ou forçados a escrever livros e artigos

para atacar os comunistas, tendo espaço nos jornais e revistas causando uma

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propagação enorme e fazendo nascer a idéia do comunista “comedor de

criancinhas”.

A partir desse momento, restou praticamente uma única forma de

oposição: a clandestina.

Com o governo de Médici, a partir de 30 de outubro de 1969, foram

instituídos órgãos governamentais para manter a ordem pública da maneira

como queriam e pensavam os militares, os quais lutavam contra as

organizações de luta política clandestina.

Com o lema “Segurança e Desenvolvimento”, o governo de Médici torna-

se o período mais absoluto de violência, repressão e supressão das liberdades

civis. Até mesmo a igreja, que apoiou fortemente a deposição do presidente

João Goulart, começa também a ser alvo dos abusos militares, tais como:

prisões, torturas e assassinatos de sacerdotes e freiras, cercos e invasões de

conventos e templos e também a vigilância de bispos.

O abrandamento do regime militar vigorou-se no governo do General

Ernesto Geisel, que foi escolhido para superar a falência do “milagre brasileiro”

de Médici, na tentativa de recuperar a legitimidade que desapareceu totalmente

durante o governo deste.

Geisel se preocupou em todo o seu mandato, que durou cinco anos

(1974/1979), em retomar e renascer o prestígio do regime, reabrir-se ao

diálogo com os setores marginalizados das elites, partidos políticos foram

reabertos, mas nada que fizesse sumir a repressão e ameaçar segurança

Nacional, mantendo assim o sistema instaurado em 1964.

Os primeiros resultados desses atos liberalizantes repercutiram

claramente na política, nas eleições de novembro de 1974, quando a oposição

ganhou a maioria das cadeiras, fazendo o partido oficial regredir, sendo estes

obrigados a respeitar os resultados.

Os primeiros meses do Governo Geisel marcam um período em que os órgãos de repressão optam pelo método de ocultar as prisões seguidas de mortes, para evitar o desgaste que as versões repetitivas de 'atropelamento”, “suicídio” e “tentativa de fuga” certamente enfrentariam, num clima de maior liberdade de imprensa. Em conseqüência, torna-se rotina o fenômeno do “desaparecimento”, que já ocorria no período anterior, mas em escala relativamente menor (ARNS, 1985, p.64).

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Na verdade, a tática repressiva que existia no Governo Médici, não se

alterou, apenas se mascararam os seqüestros, as torturas e os assassinatos.

Aparentemente ficou mais tranqüilo, mas foi somente uma impressão, pois o

governo deixava claro que não iria tolerar a presença de forças de esquerda.

Eram vários os setores responsáveis pela então chamada Segurança

Nacional, todos eles com a mesma obrigação: perseguir a clandestinidade.

O choque entre diferentes grupos militares acerca da necessidade de os organismos de segurança se adaptarem aos novos tempos ficou bastante evidente quando ocorreram dois assassinatos sob torturas nas dependências do DOI – CODI de São Paulo. O primeiro foi cometido em outubro de 1975, vitimando o jornalista Wladimir Herzog. O segundo tirou a vida do metalúrgico Manoel Fiel Filho, em janeiro do ano seguinte (ARNS, 1985, p.66).

Com sucessivos atos como estes mencionados acima, a sociedade se

vê obrigada a repugnar cada vez com mais intensidade as visões do governo

militar. Consecutivas derrotas nas urnas, o MDB começa a conquistar território,

que incontestavelmente pertencia a ARENA, as lutas populares cresciam e a

sociedade isolava-se cada vez mais politicamente do regime militar.

No dia 01 de Janeiro de 1979, o AI-5 se desfaz, embora muito de seu

conteúdo passasse a integrar a Constituição Brasileira, este ato foi o mais

ostensivo e desumano da ditadura.

Neste mesmo ano, último do mandato de Geisel, lança-se a posse do

General João Baptista de Oliveira Figueiredo, chefe do Serviço Nacional de

Informações. Num quadro em que a crise econômica se agrava e as pressões

democráticas aumentam.

Por diversas vezes, várias pessoas foram induzidas a assinarem

depoimentos e declarações falsas, totalmente forjadas, na tentativa de fazer

cessar a violência que se abatia sobre eles, embora sabendo que a justiça

brasileira afirme que nenhuma prova terá valor se for colhida sob tortura; assim

como isto é garantia constitucional. Após o ano 1964, o regime militar teve

caráter inquisitorial, o réu era forçado a ficar incomunicável submetido à

violência física, moral e psicológica.

… a base da pirâmide do autoritarismo e do sistema de imposição da vontade absoluta dos governantes. No topo existiam os Atos Institucionais, o SNI, o Conselho de Segurança Nacional, as altas esferas do poder. Na porção intermediária da pirâmide, toda a estrutura jurídico-política de repressão e controle: LSN, Lei da

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Imprensa, inúmeros instrumentos legais de exceção. Pouco acima da base, a Justiça Militar “legalizando as atrocidades dos inquéritos, ignorando as marcas das torturas, transformando em decisões judiciais aquilo que os órgãos de segurança arrancavam dos presos políticos mediante pressões que iam da intimidação para que confessassem, até ao limite dos assassinatos seguidos de desaparecimento dos cadáveres ( ARNS, 1985, p.203).

O emprego sistemático da tortura foi peça essencial da engrenagem

repressiva posta em movimento pelo Regime Militar, foi também, parte

integrante e vital dos procedimentos pretensamente jurídicos de formação da

culpa dos acusados.

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CAPITULO II - O PODER PROPAGADOR DOS FESTIVAIS

Segundo muitos dicionários, a palavra censura significa reprovação

social, e durante a Ditadura militar, efetivamente não era isso que ocorria, pois

a população nem de fato sabia concretamente o que estava acontecendo no

cenário da política Brasileira.

Portanto, neste aspecto é coerente perceber que a sociedade vivia de uma

verdade particular que causava revolta e estranheza aos ideais difundidos pelo

governo atuante, pois a totalidade da sociedade via-se reprimida em suas

opiniões.

Diante de um cenário de militância política, surgem os festivais de

música popular brasileira, daí por diante a MPB se projeta nacionalmente

criando estruturas para se apresentar em grandes espaços públicos, tendo uma

temática ligada diretamente à situação política do país.

Foi neste momento que apesar do grito fundo de dor e revolta, também com o olhar atualizado e quase profético das possibilidades reais de ser e sentir, com o aumento dos movimentos estudantis, o aumento das multidões nas ruas e o aumento da produção cultural que cantores através do seu jeito próprio decidiram dar soluções aos problemas políticos, ideológicos e culturais inovando desta forma a arte musical e inaugurando um novo ciclo de estruturação modernista. (NAPOLITANO, 2004, p. 176)

A canção de protesto impulsionada pelos festivais adquiriu o papel de

contestadoras da sociedade, que já não tinha mais a liberdade nem mesmo em

universidades, cinemas, televisão, teatro e também na música; sendo estes

alvos principais da censura dos militares.

A música teve uma maior ênfase e expansão, levando a milhões de

brasileiros sua crítica sobre as mazelas de uma população que vivia confinada

por leis que a impediam de defender seus ideais.

Essas canções eram vistas pela massa populacional como sua própria

voz.

Nesses festivais, o povo expressa claramente sua paixão pela controvérsia e o seu amor às decisões pelas quais todos sejam responsáveis. Se não podemos escolher o presidente de Republica, nos irmanamos numa decisão feita de solidariedade (NAPOLITANO, 2004, p. 213)

Essas canções queriam não apenas enviar mensagens aos letrados,

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mas sim a toda massa populacional, isso foi alcançado de forma satisfatória

durante os festivais conseguindo um apoio e conhecimento geral em torno do

contexto social, porém isso só acontece quando as mensagens sublineares

ficam mais explicitas nas canções com entendimento mais fácil e

contextualizado ao cotidiano.

A era dos Festivais é marcada principalmente por uma intensa produção

Artística no campo musical, e por uma resistência forte da MPB com sua

música de protesto; toda a discussão de luta social e política, a partir deste

momento, é canalizada para a música de forma arrebatadora.

Para entender a lógica desse processo, é preciso relembrar que os generais - presidentes do golpe de 1964 não têm isoladamente, os plenos poderes do ditador “clássico”. Eles são escolhidos dentro do conjunto de generais - de exército, os “quatro-estrelas”, para governar em nome do sistema militar. Não é uma ditadura pessoal, como a de Getúlio Vargas no Estado Novo (SILVA, 2001, p. 51).

Para os compositores e intérpretes musicais era necessária através da

expressão musical que ocorresse na população a transformação de

consciências, e os ditadores percebem esta tendência já a partir da

metamorfose dos festivais que ganham cada vez mais proporção e preocupam

o governo ditador.

Contudo, protesto e nacionalismo fazem parte do coro dos festivais, as

músicas aos poucos se tornam agressivas para com o momento político e

cultural e vão criando nestes ambientes uma força intrínseca da necessidade

da mudança dos paradigmas e apoio às causas, tentando criar também, no

aspecto político uma força arrebatadora, que os festivais já haviam criado na

população.

Porém, o governo cria estratégias, e aos poucos vai abafando essa

tendência, usando recursos da ditadura com mais ênfase e conseguindo fazer

com que os festivais se tornem apenas meros coadjuvantes desta história que

estava ainda nascendo.

Os militares tinham a chance de chamar os seus crimes de simples

conseqüências dos crimes políticos cometidos pelas suas vítimas. Assim, a

responsabilidade moral dos crimes foi indiretamente repassada às vítimas que

não tinham seus direitos políticos e civis acabavam por aceitar esta realidade.

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Sendo atacados e retirados inúmeros valores e direitos, a sociedade

brasileira começa a buscar meios de criticar ativamente a realidade expressa

pelo poder militar. Mas ao mesmo tempo em que se chocava diretamente com

representantes, teriam que ser o mais sigiloso e discreto possível, pois o peso

da repressão já era conhecido por muitos integrantes desta sociedade. A

década de 60 ficou conhecida como a época de uma militância efervescente,

que rapidamente de anônima transformou- se em produto musical de protesto

político e social. Desta forma, o anseio de ser criticamente ativo foi despertado

nos mais variados blocos da sociedade brasileira.

Tudo isso expressava grande inquietação social, em parte explicada pela situação crítica da economia do país, e que, na esfera política, se refletia em episódios tensos (BOLLE, 1980, p. 93).

As manifestações estudantis, sindicais, culturais e de vários outros

órgãos intensificaram-se demasiadamente, explicitando a insatisfação da

sociedade reprimida por todos os lados.

Com todas estas repressões, englobando todos os veículos de difusão

de opinião, impossibilitou-se assim o crescimento de uma cultura crítica, pois a

censura endurecia-se cada vez mais, e os intérpretes da música e de outras

áreas artísticas sofreram duras repressões com prisões, torturas, exílios e

mortes.

O reflexo desta complexidade social vem se refletir no setor cultural,

também sobressaindo os musicais dos festivais, que trazia consigo uma

mudança radical no que se conhece no cenário musical ate então, pois,

segundo Augusto de Campos (1974, p. 60) “As criações intelectuais de uma

nação tornam-se propriedade comum de todos”

Sendo a censura algo presente no cotidiano das pessoas moradoras dos

grandes centros, contestações e afrontamentos diretos contra o regime, seria

algo arriscado. Pensando nos possíveis atos deliberados da repressão,

usaram-se muitas mensagens carregadas de metáforas e conteúdos de ideais

políticos em suas entrelinhas. Peças teatrais, músicas, filmes, livros utilizaram

desses efeitos para efetuar a repercussão de suas propostas políticas para a

massa populacional, escapando do intenso bloqueio dos censores da ditadura.

A “Era dos Festivais”, como ficou conhecido esse período, revelou um

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momento da história da música popular em que nunca se compôs, gravou,

cantou, tocou e ouviu tanta música inédita com a participação popular em

massa, as canções finalistas eram votadas, comentadas e apoiadas ou não

pela população.

O panorama crítico e criativo da música popular era dominado pela presença de uma forte corrente nacionalista e engajada que, com o declínio da Bossa Nova e a subida ao poder das forcas conservadoras, encontravam um terreno propício para se desenvolver, especialmente entre o publico estudantil, avesso às formas culturais que pudessem ser relacionadas a uma indesejável “invasão cultural imperialista” (HOLLANDA, 1984, p.53)

Os festivais trouxeram para os músicos muita repressão por estarem

contra as ordens organizacionais do governo. Muitas famílias foram separadas,

pessoas desapareceram e infelizmente as massas populacionais não

entendiam ou fingiam não entender o que estava acontecendo.

Os civis procuravam viver uma vida normal, aceitando tudo o que era

imposto pelo militarismo, sem contestar e ainda se tornavam saudosistas de

toda a situação ditatorial. Portanto, a música fez muita gente compreender as

mensagens sublineares do contexto atual, fazendo com que as pessoas se

sentissem acuadas e temerosas ao futuro individual e da sua família.

Contudo, os universitários, pessoas mais esclarecidas, mesmo sendo

minoria e de classe média, fizeram grande mobilização e deixaram temerosos

os governantes, mas ainda era a classe pobre na sua maioria que movia a

aceitação ditatorial.

Portanto o governo, perante esta situação de repulsa a seus idéias cria

o AI 5, com isso a repressão fica ainda mais intensa e os festivais de música

popular adquirem um novo conceito musical, que trazia em suas canções

mensagens mais intensas e às vezes até explicitas contra a Ditadura.

Quanto às canções, em sua maior parte reafirmavam o prestigio da temática social, trabalhando com referencias às dificuldades colocadas pela nova situação política, tanto ao nível da expressão do intelectual, quanto em relação ao cotidiano das classes populares, representadas por marias, motoristas de caminhões e violeiros. (HOLLANDA,1984, p.58)

Algumas músicas se tornaram objeto de desavenças e polêmicas, como

por exemplo, a canção “Alegria Alegria” de Caetano Veloso.

Nesta canção de Caetano, a novidade de uma letra construída a partir

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de referências ao cotidiano da cultura urbana, montando uma espécie de painel

do fragmentário mundo das bancas de revista, das fotos e nomes, das

espaçonaves e guerrilhas, iluminado pelo brasileiríssimo sol de quase

dezembro. Além da referência às mitologias da comunicação de massa, a

crítica musical, explícita na bem-humorada alusão à “canção que consola”,

quando a MPB procurava desenvolver uma retórica da revolta – e a crítica

comportamental, influenciada pela atitude “hippie” de quem vai pelas ruas sem

lenço e sem documento, nada no bolso ou nas mãos.

Certas problemáticas localizadas como família, o casamento, a roupa, o

corpo, o amor etc. passavam a ser valorizadas e em certo sentidos “politizados”

pela intervenção do cantor, numa tentativa de recolocar o repertório de

preocupações tidas como legítimas ou prioritárias pelo pensamento de

esquerda. Por que não? A música “Alegria Alegria” assume um papel de

expressão de uma tomada de posição crítica em face dos rumos da MPB. Ela

“desafinava” com novas informações a redundância da MPB de protesto.

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CAPITULO III – OS FESTIVAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Em 1960, iniciou-se a saga dos festivais com um público ainda não

definido e engajado, que seria essa revolução na cultura musical no Brasil com

grande poder de mudança e um novo rumo à história da Ditadura no Brasil.

Os festivais que aconteciam no Brasil em meados dos anos 50 eram

meramente uma feira de amostras de cunho artístico.

O primeiro festival com os moldes de competição que ocorreu no Brasil,

teve forte influência do Festival de SanRemo que era ao ar livre e trazia

apresentações musicais de compositores italianos e do mundo, o do Brasil com

grandes moldes de concurso ocorreu no Grande Hotel Guarujá e denominou-

se I Festival da Música Popular Brasileira teve a TV Record a frente das

transmissões e aconteceu de Novembro a Dezembro de 1960. Porém deste

festival pouca coisa passou, ficando quase que imperceptível à população.

Em 1965 de Março a Abril aconteceu na TV Excelsior do Guarujá, São

Paulo e Rio de Janeiro o I festival Nacional de Musica Popular Brasileira, o

inicio do festival foi glamouroso aos moldes atuais que fez com que a música

popular Brasileira a partir daquele momento não fosse mais a mesma com um

enorme momento de integração e a partir deste festival é que o público começa

a participar ativamente trazendo a rivalidade e as estratégias para se vencer o

festival.

As canções, colocadas em competição, atraíram um grande publico que se manifestava sob a forma de verdadeiras “torcidas”... a presença em massa da juventude estudantil, que assumia um papel de crescente importância na contestação ao regime de 64, envolvia as apresentações num ambiente de acalorada participação, onde se tornar adepto desta ou daquela música assumia muitas vezes ares de opinião política (HOLLANDA,1984, p.57)

A música que vence o I festival Nacional de Musica Popular Brasileira é

“Arrastão” de Edu Lobo e Vinícius de Moraes como Compositores e Elis Regina

como intérprete, e a letra traz a visão do autor dos dias vividos em forma de

homenagem à Iemanjá.

Já com a conquista do público participante, principalmente entre os

estudantes de Abril a Junho de 1966, na TV Excelsior abrangendo cidades

importantes como Guarujá, Porto Alegre, Recife, Ouro Preto, Rio de Janeiro e

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São Paulo acontecem o II Festival Nacional de Música Popular Brasileira, tendo

como vencedores a canção “Porta Estandarte” tendo como compositores

Geraldo Vandré e Fernando Lona e interpretada por Aírton Moreira e Tuca.

De Setembro e Outubro 1966, aconteceu o II Festival da Música Popular

Brasileira, no Teatro Record Consolação, tendo em primeiro lugar “A Banda” de

composição de Chico Buarque e Intérprete Nara Leão, e empatou com a

canção “Disparada”, dos compositores Geraldo Vandré e Theo de Barros e

Intérprete Jair Rodrigues.

Em outubro de 1966, acontece o I Festival Internacional da Canção

Popular que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro transmitida pela TV Rio com

vencedor a canção “Saveiros”, tendo como compositores Dori Caymmi e

Nelson Motta e intérprete Nana Caymmi.

O III Festival da Música Popular Brasileira ocorreu no Teatro Record

Centro na Cidade de São Paulo, em Setembro e Outubro de 1967, sendo

transmitida pela TV Record, a canção vencedora foi “Ponteio”, tendo como

compositores Edu Lobo e Capinam e Intérpretes Edu Lobo e Marília Medalha.

No Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, aconteceu, o II Festival

Internacional da Canção Popular da Secretaria de Turismo da Guanabara e TV

Globo, em Outubro de 1967, tendo com vencedora a canção “Margarida”

composição de Gutemberg Guarabira e interpretada pelo compositor e grupo

Manifesto.

A Bienal do Samba aconteceu em Maio e Junho de 1968, em São Paulo

no Teatro Record Centro, com divulgação da TV Record e revista intervalo,

tendo com vencedora a canção “Lapinha”, tendo como compositor Baden

Powell e Paulo Cesar Pinheiro e foi interpretada por Elis Regina.

O III Festival da Canção Popular aconteceu em São Paulo e Rio de

Janeiro em 1968, na TV Globo, tendo como compositor da canção vencedora

denominada “Sabiá”; Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque e interpretes

Cynara e Cybele.

Em Novembro e Dezembro de 1968, aconteceu o IV Festival da Música

Popular Brasileira em São Paulo, no teatro Record Centro, tendo como

vencedora duas canções cotadas por júri popular “Benvinda” tendo como

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intérprete Chico Buarque e MPB 4 e compositor Chico Buarque. E a vencedora

por júri especial foi “São, São Paulo meu amor”, tendo o compositor Tom Zé na

interpretação Tom Zé, Canto 4 os Brasões.

“Cantiga por Luciana” foi a canção vencedora do IV Festival Internacional

da Canção Popular, tendo com interprete Evinha e compositor Edmundo Souto

e Paulinho Tapajós; aconteceu na cidade do Rio de Janeiro no mês Setembro

de 1969.

Com composição e interpretação de Paulinho da Viola, a música “Sinal

Fechado”, foi a vencedora do V Festival da Música Popular Brasileira que

aconteceu na cidade de São Paulo, nos meses de Novembro e Dezembro de

1969, sendo realizado no Teatro Record Augusta e Cine Regência.

No Rio de Janeiro, aconteceu o V Festival Internacional da Canção

Popular, em Outubro de 1970 transmitida pela TV Globo e realizada no

Maracanãzinho tendo como canção vencedora “BR 3” com composição de

Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, com interpretação de Toni Tornado, Trio

Ternura e Quarteto Osmar Milito.

O VI Festival da Canção Popular, ocorreu no mês de Setembro de 1971,

na TV Globo no Rio de Janeiro, no Maracanãzinho, com a canção vencedora

“Kyrie” na interpretação do Trio Ternura e compositor Paulinho Soares e

Marcelo Silva.

O último foi o VII Festival Internacional da Canção Popular, que aconteceu

na cidade do Rio de Janeiro, em Setembro de 1972, a canção “Fio Maravilha” a

vencedora do Festival é uma composição de Jorge Ben com interpretação de

Maria Alcina.

Os Festivais Internacional da Canção (FIC), foram realizados em sete

edições era dividido em duas fases: a Nacional e a Internacional, a canção

classificada em primeiro lugar no Nacional representava o Brasil

Internacionalmente disputando com representantes de outros países, o Prêmio

Galo de Ouro desenhado por Ziraldo e confeccionado pela joalheria H. Stern.

Apenas duas canções brasileiras foram contempladas com o Galo de Ouro:

"Sabiá", com composição de Tom Jobim e Chico Buarque, interpretada por

Cynara e Cybele, vencedora em 1968 do III FIC, e "Cantiga por Luciana", com

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composição de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, interpretada por Evinha,

vencedora em 1969 do IV FIC.

Esses festivais trouxeram mensagens políticas grandiosas e deixaram

marcado na história da Ditadura a repulsa de músicos, população civil e os

mais complexos setores de uma sociedade pressionada. Pois, o impacto

marcado pelo acirramento de conflitos entre opressores e oposicionistas já não

acontecia apenas nas sociedades periféricas,e sim, numa repleta e variada

nação e seus diversos integrantes.

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3.1 - AS CANÇÕES VENCEDORAS DOS FESTIVAIS

Arrastão de Edu Lobos e Vinícius de Moraes

Eh! tem jangada no mar Eh! eh! eh! Hoje tem arrastão Eh! Todo mundo pescar Chega de sombra, João Jovi olha o arrastão entrando no mar sem fim É meu irmão me traz Iemanjá prá mim Minha Santa Bárbara me abençoai Quero me casar com Janaína Eh! Puxa bem devagar Eh! eh! eh! Já vem vindo o arrastão Eh! É a rainha do mar Vem, vem na rede João prá mim Valha-me meu Nosso Senhor do Bonfim Nunca jamais se viu tanto peixe assim

Porta Estandarte de Geraldo Vandré e Fernando Lona

Olha que a vida tão linda se perde em tristezas assim Desce o teu rancho cantando essa tua esperança sem fim Deixa que a tua certeza se faça do povo a canção Pra que teu povo cantando teu canto Ele não seja em vão Eu vou levando a minha vida enfim Cantando e canto sim E não cantava se não fosse assim Levando pra quem me ouvir Certezas e esperanças pra trocar Por dores e tristezas que bem sei Um dia ainda vão findar Um dia que vem vindo E que eu vivo pra cantar Na avenida girando, estandarte na mão

A Banda de Chico Buarque

Estava à toa na vida O meu amor me chamou Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor

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A minha gente sofrida Despediu-se da dor Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor O homem sério que contava dinheiro parou O faroleiro que contava vantagem parou A namorada que contava as estrelas parou Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu A rosa triste que vivia fechada se abriu E a meninada toda se assanhou Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou A moça feia debruçou na janela Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu A lua cheia que vivia escondida surgiu Minha cidade toda se enfeitou Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto O que era doce acabou Tudo tomou seu lugar Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto Em cada canto uma dor Depois da banda passar Cantando coisas de amor

Saveiros de Caymmi e Nelson Motta

Nem bem a noite terminou Vão os saveiros para o mar Levam no dia que amanhece As mesmas esperanças Do dia que passou.

Quantos partiram de manhã Quem sabe quantos vão voltar

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Só quando o sol descansar E se os ventos deixarem Os barcos vão chegar Quantas histórias pra contar

Em cada vela que aparece Um canto de alegria De quem venceu o mar

Ponteio de Edu Lobo e Capinam

Era um, era dois, era cem Era o mundo chegando e ninguém Que soubesse que sou violeiro Que me desse um amor ou dinheiro

Era um, era dois, era cem E vieram pra me perguntar E você, de onde vai, de onde vem? Diga logo o que tem pra contar

Parado no meio do mundo Senti chegar meu momento Olhei pro mundo e nem via Nem sombra, nem sol, nem vento

Quem me dera, agora eu tivesse a viola pra cantar

Era um dia, era claro quase meio E um canto calado sem ponteio Violência, viola, violeiro Era a morte ao redor, mundo inteiro

Era um dia, era claro, quase meio Tinha um que jurou me quebrar Mas não lembro de dor nem receio Só sabia das ondas do mar

Jogaram a viola no mundo Mas fui lá no fundo buscar Se eu tomo a viola, ponteio Meu canto não posso parar, não

Quem me dera, agora eu tivesse a viola pra cantar (ponteio)

Era um, era dois, era cem

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Era um dia, era claro, quase meio Encerrar meu cantar já convém Prometendo um novo ponteio

Certo dia que sei por inteiro Eu espero não vá demorar Esse dia estou certo que vem Digo logo o que vim pra buscar Correndo no meio do mundo Não deixo a viola de lado Vou ver o tempo mudado E um novo lugar pra cantar

Margarida de Gutemberg Guarabira

Andei, terras do meu reino em vão Por senhora que perdi E por quem fui descobrir Não me crer mais rei e aqui me encerrei Sou cantor e cantarei Que em procuras de amor morri, ai Dor que no meu peito dói Que destróes assim de mim Bem sei que eu achei, enfim E que adiantou a dor, Mas me queimou Pois por não saber de amar Ela ainda rainha está E ela está em seu castelo, olê, olê, olá E ela está em seu castelo, olê, seus cavaleiros Ora peçam que apareça Pois por mais que eu me ofereça Mais me evita essa senhora Eu já fui rei, já fui cantor Vou ser guerreiro, um perfeito cavaleiro Armadura, escudo, espada, Pra seguir na escalada, Belo motivo, é por amor que vou lutando E pelas pedras do castelo Uma eu já vou retirando E retirando uma pedra, olê, olê, olá Mais uma pedra não faz falta, olê, seus cavaleiros Que ainda correm pelo mundo, Ouçam só por um segundo, que eu acabo de vencer Retirei pedras de orgulhos, majestades, Deixei todas de humildades, de amores sem reinado

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Ela então se me rendeu Eu já fui rei, já fui cantor, já fui guerreiro E agora enfim sou companheiro, Da mulher que apareceu Apareceu a Margarida, olê, olê, olá Apareceu a Margarida, olê, seus cavaleiros

Lapinha de Baden Powell e Paulo César Pinheiro

Quando eu morrer Me enterre na Lapinha Calça, culote, paletó, almofadinha

Vai, meu lamento, vai contar Toda a tristeza de viver Ai... a verdade sempre trai E, às vezes, traz um mal a mais Ai... só me fez dilacerar Ver tanta gente se entregar Mas não me conformei Indo contra a lei Sei que não me arrependi Tenho um pedido só Último, talvez, antes de partir

Quando eu morrer Me enterre na Lapinha Calça, culote, paletó, almofadinha

Sai, minha mágua, sai de mim! Há tanto coração ruim Ai... é tão desesperador O amor perder pro desamor Ah... tanto erro eu vi, meu bem! E, como perdedor, gritei Que eu sou um homem só Sem poder mudar Nunca mais vou lastimar Tenho um pedido só Último, talvez, antes de partir

Quando eu morrer Me enterre na Lapinha Calça, culote, paletó, almofadinha

Adeus, Bahia, Zumzumzum Cordão de Ouro

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Eu vou partir porque mataram meu bezouro

Quando eu morrer Me enterre na Lapinha Calça, culote, paletó, almofadinha

Quando eu morrer Me enterre na Lapinha Calça, culote, paletó, almofadinha

Adeus, Bahia, Zumzumzum Cordão de Ouro Eu vou partir porque mataram meu bezouro

Zumzumzum...ê meu bezouro Zumzumzum... cordão de ouro

Sabiá de Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque

Vou voltar Sei que ainda vou voltar Para o meu lugar Foi lá e é ainda lá Que eu hei de ouvir cantar Uma sabiá Cantar uma sabiá

Vou voltar Sei que ainda vou voltar Vou deitar à sombra De uma palmeira Que já não há Colher a flor Que já não dá E algum amor Talvez possa espantar As noites que eu não queria E anunciar o dia

Vou voltar Sei que ainda vou voltar Não vai ser em vão Que fiz tantos planos De me enganar Como fiz enganos De me encontrar Como fiz estradas

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De me perder Fiz de tudo e nada De te esquecer

Vou voltar Sei que ainda vou voltar Para o meu lugar Foi lá e é ainda lá Que eu hei de ouvir cantar Uma sabiá Cantar uma sabiá

Benvinda de Chico Buarque

Dono do abandono e da tristeza Comunico oficialmente que há um lugar na minha mesa Pode ser que você venha por mero favor, ou venha coberta de amor Seja lá como for, venha sorrindo Ah, benvinda, benvinda, benvinda Que o luar está chamando, que os jardins estão florindo Que eu estou sozinho Cheio de anseio e de esperança, comunico a toda gente Que há lugar na minha dança Pode ser que você venha morar por aqui, ou venha pra se despedir Não faz mal pode vir até mentindo Ah, benvinda, benvinda, benvinda Que o meu pinho está chorando, que o meu samba está pedindo Que eu estou sozinho Vem iluminar meu quarto escuro, vem entrando com o ar puro Todo novo da manhã Oh vem a minha estrela madrugada, vem a minha namorada Vem amada, vem urgente, vem irmã Benvinda, benvinda, benvinda Que essa aurora está custando, que a cidade está dormindo Que eu estou sozinho Certo de estar perto da alegria, comunico finalmente Que há lugar na poesia Pode ser que você tenha um carinho para dar, ou venha pra se consolar Mesmo assim pode entrar que é tempo ainda Ah, benvinda, benvinda, benvinda Ah, que bom que você veio, e você chegou tão linda Eu não cantei em vão Benvinda, benvinda, benvinda. benvinda, benvinda

São, São Paulo meu amor de Tom Zé

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São, São Paulo meu amor São, São Paulo quanta dor São oito milhões de habitantes De todo canto em ação Que se agridem cortezmente Morrendo a todo vapor E amando com todo ódio Se odeiam com todo amor São oito milhões de habitantes Aglomerada solidão Por mil chaminés e carros Caseados à prestação Porém com todo defeito Te carrego no meu peito São, São Paulo Meu amor São, São Paulo Quanta dor Salvai-nos por caridade Pecadoras invadiram Todo centro da cidade

Armadas de rouge e batom Dando vivas ao bom humor Num atentado contra o pudor A família protegida Um palavrão reprimido Um pregador que condena Uma bomba por quinzena Porém com todo defeito Te carrego no meu peito São, São Paulo Meu amor São, São Paulo Quanta dor Santo Antonio foi demitido Dos Ministros de cupido Armados da eletrônica Casam pela TV Crescem flores de concreto Céu aberto ninguém vê Em Brasília é veraneio No Rio é banho de mar O país todo de férias E aqui é só trabalhar Porém com todo defeito Te carrego no meu peito São, São Paulo

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Meu amor São, São Paulo

Cantiga por Luciana de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós

Manhã no peito de um cantor Cansado de esperar só Foi tanto tempo que nem sei Das tardes tão vazias por onde andei

Luciana, Luciana Sorriso de menina Dos olhos de mar Luciana, Luciana Abrace essa cantiga por onde passar

[Lara lá (...) ]

Nasceu na paz de um beija-flor Em verso em voz de amor Já desponta aos olhos da manhã Pedaços de uma vida Que abriu-se em flor

Luciana, Luciana Sorriso de menina dos olhos de mar Luciana, Luciana Abrace essa cantiga por onde passar [Lara lá (...) ]

Sinal Fechado de Paulinho da Viola

Olá, como vai? Eu vou indo e você, tudo bem? Tudo bem eu vou indo correndo Pegar meu lugar no futuro, e você? Tudo bem, eu vou indo em busca De um sono tranqüilo, quem sabe... Quanto tempo... pois é... Quanto tempo... Me perdoe a pressa É a alma dos nossos negócios Oh! Não tem de quê Eu também só ando a cem Quando é que você telefona?

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Precisamos nos ver por aí Pra semana, prometo talvez nos vejamos Quem sabe? Quanto tempo... pois é... (pois é... quanto tempo...) Tanta coisa que eu tinha a dizer Mas eu sumi na poeira das ruas Eu também tenho algo a dizer Mas me foge a lembrança Por favor, telefone, eu preciso Beber alguma coisa, rapidamente Pra semana O sinal... Eu espero você Vai abrir... Por favor, não esqueça, Adeus...

BR – 3 de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar

A gente corre na BR-3 A gente morre na BR-3 Há um foguete Rasgando o céu, cruzando o espaço E um Jesus Cristo feito em aço Crucificado outra vez E a gente corre na BR-3 E a gente morre na BR-3 Há um sonho Viagem multicolorida Às vezes ponto de partida E às vezes porto de um talvez E a gente corre na BR-3 E a gente morre na BR-3 Há um crime No longo asfalto dessa estrada E uma notícia fabricada Pro novo herói de cada mês

Kyrie de Paulinho Soares e Marcelo Silva

Se eu não merecer o seu amor Juro que vou ser um sofredor Meu Deus não quis me dar a glória de poder amar Só você com fé e com devoção.

Se em meu caminho um outro amor

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Não quiser chegar, sozinho eu vou Sou peregrino e sei que o dia vai chegar (eu sei, vai chegar p?ra ver...) O amor à catedral (catedral...) E nós dois nos sonhar Talvez, recobertos pela luz, Felicidade enfim !

Mas se a via-crúcis que eu fizer (mas se a via-crúcis que eu fizer...) Não tiver a força pra mudar, (não tiver a força p?ra mudar...) O meu destino eu vou ter que aceitar Pedindo a você que reze por mim, meu bem. Oh, meu amor Por piedade Oh, meu amor Livre-me do mal também Mate esta saudade Amém !

Fio Maravilha de Jorge Ben

Foi um gol de anjo um verdadeiro gol de placa Que a galera agradecida assim cantava Foi um gol de anjo um verdadeiro gol de placa Que a galera agradecida assim cantava

Fio maravilha, Nós gostamos de você Fio maravilha, Faz mais um pra gente ver

E novamente ele chegou Com inspiração Com muito amor, com emoção, com explosão em gol Sacudindo a torcida aos 33 minutos Do segundo tempo Depois de fazer uma jogada celestial em gol Tabelou, driblou dois zagueiros Deu um toque driblou o goleiro Só não entrou com bola e tudo Porque teve humildade em gol

Foi um gol de classe onde ele mostrou Sua malícia e sua raça

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Foi um gol de anjo um verdadeiro gol de placa Que a magnética agradecida assim cantava

Fio maravilha, Nós gostamos de você Fio maravilha, Faz mais um pra gente ver

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CONCLUSÃO

O regime militar, instaurado no Brasil no ano de 1964 - 1965 trouxe

conseqüências políticas, sociais, econômicas e comportamentais complexas à

população.

Neste período retirou-se absurdamente a voz e vez da população,

através da manipulação de informações, torturas, repressões. Fica claro a

crueldade que a sociedade brasileira por meio da ações militaristas se

submeteu. Reflexos enraigados em nosso cotidiano, como a submissão; falta

de participação política; crítica pessoal e ainda o atraso intelectual que a

maioria da população possui.

Estamos vivendo um momento de intimidação nos dias atuais pela falta

de estrutura básica necessária à vida humana. Pois de forma lenta e gradativa,

direitos adquiridos com muita luta e a determinação estão se perdendo, dando

espaço a um descaso imparcial na maioria da população brasileira.

É necessário resgatar a História Brasileira e conhecê-la de forma

esclarecedora para que se possa efetivamente opinar, participar e escolher o

futuro do País.

Podemos relativizar os dias atuais e a ditadura através do prisma

governamental que pensam em interesses próprios e não os da massa

populacional.

O grande propósito construído por todos os festivais é justamente a

formação social perante os acontecimentos de maneira ativa e opinativa.

Essa construção é ao mesmo tempo, a sensação de capacidade, que

cada integrante da sociedade pode ser capaz de participar e melhorar a

realidade de um lugar deveria permanecer na mente de cada um, mesmo após

a efervescência da Era dos Festivais.

Infelizmente, vimos nitidamente hoje a perda dessa valorização

individual.

Necessitamos resgatar das Eras dos Festivais, a manifestação crítica

sobre a política, economia, educação ao desenvolvimento pleno do país; o

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sentimento de possuir o desequilíbrio, o desempate, a decisão sobre

importantes acontecimentos; o desejo de falar abertamente o que pensa,

encorajando outras pessoas a fazer o mesmo.

Somos capazes de fazermos a diferença, já temos exemplos de

inúmeros que demonstram tal capacidade. A centelha precisa ser reacesa, para

que mais uma vez a influência pessoal venha mudar uma realidade.

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REFERÊNCIAS

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BOLLE, A B. M. Chico Buarque de Holanda: literatura comentada. São

CAMPOS, Augusto de. Balanço da bossa e outras bossas. Perspectiva. São Paulo, 1974.

CHIAVENATO, Júlio José. O Golpe de 64 e a Ditadura Militar. São Paulo: Editora Moderna, 2001 ( Coleção Polêmica, 202 )

CLIO HISTÓRIA. Disponível em: em: <http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br /bco imagens/ditadura/para_ler.htm.>. Acesso em 26 out. 2009.

HOLLANDA, Heloisa Buarque de; GONÇALVES, Marcos A. Cultura e participação nos anos 60. Brasiliense. 3. ed. São Paulo, 1984.

MELLO, Zuza Homem de. A Era dos Festivais – uma parábola. Editora 34. São Paulo, 2003.

______________.Eis aqui os Bossa Nova. Martins Fontes. São Paulo, 2008

NAPOLITANO, Marcos. História & música: história cultural da música popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

OLIVEIRA, Cristiane Costa Bicunha de: Ditadura no Brasil da Violência à Coerção Social. Lins: Faculdade Auxilium de Lins, 2003.

REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (orgs.). O Golpe Militar e a Ditadura 40 anos depois (1964 – 2004). Edusc. Bauru, 2004.

SILVA, Helio. 1964 Golpe ou Contragolpe?. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 1975.

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SILVERMAN, Malcolm. Protesto e o novo romance brasileiro. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 2000.

VITA, Álvaro de. Sociologia da Sociedade Brasileira. Editora Ática. São Paulo, 1989.

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ANEXOS

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Anexo A – A manifestação ocorrida em 1968 na Cidade de São Paulo, contra os

princípios ditatoriais.

Fonte: CLIO HISTÓRIA. Disponível em: www.cliohistoria.hpg.ig.com.br

Figura 1: Manifestação contra a ditadura militar em 1968 na cidade de São Paulo

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Fonte: CLIO HISTÓRIA. Disponível em: www.cliohistoria.hpg.ig.com.br

Figura 2: Manifestação contra a ditadura militar em 1968 na cidade de São Paulo

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Fonte: CLIO HISTÓRIA. Disponível em: www.cliohistoria.hpg.ig.com.br

Figura 3: Manifestação contra a ditadura militar em 1968 na cidade de São Paulo

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Fonte: CLIO HISTÓRIA. Disponível em: www.cliohistoria.hpg.ig.com.br

Figura 4: Manifestação contra a ditadura militar em 1968 na cidade de São Paulo

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Anexo B – Apresentações musicais ocorridas no período da Era dos Festivais

(1960 a 1973).

Fonte: CLIO HISTÓRIA. Disponível em: www.cliohistoria.hpg.ig.com.br

Figura 5: Caetano Veloso em apresentação musical durante a Era dos Festivais.

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Fonte: CLIO HISTÓRIA. Disponível em: www.cliohistoria.hpg.ig.com.br

Figura 6: Edu Lobo e Maria Medalha em Apresentação durante a Era dos Festivais.

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Fonte: CLIO HISTÓRIA. Disponível em: www.cliohistoria.hpg.ig.com.br

Figura 7: Caetano Veloso à direita com o norte-americano John Dandurand durante apresentação na Era dos Festivais.

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Fonte: CLIO HISTÓRIA. Disponível em: www.cliohistoria.hpg.ig.com.br

Figura 8: Geraldo Vandré em apresentação musical durante a Era dos Festivais.

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Fonte: CLIO HISTÓRIA. Disponível em: www.cliohistoria.hpg.ig.com.br

Figura 9: Geraldo Vandré em apresentação musical durante a Era dos Festivais.

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Ferrari, Julio Cesar; Pereira ,Rafael Caluz. A Influência musical durante a ditadura militar: uma analogia

musical nas transformações sociais / Julio Cesar Ferrari; Rafael Caluz Pereira. – – Lins, 2009.

53p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins – SP, para graduação em Licenciatura em História, 2009.

Orientador: Paulo Sergio Fernandes.

1. Ditadura. 2. Manipulação Ideológica. 3. Música de Protesto. I Título.

CDU 981

F427i

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