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• Introdução:
O Ferro é um mineral que participa da composição da hemoglobina,
sendo fundamental para o funcionamento adequado das células, para a síntese
de DNA e para o metabolismo energético. Suas fontes são as carnes, vísceras,
ovos e grãos integrais.
A anemia gerada pela insuficiência de ferro na dieta causa prejuízos e é
considerada um grave problema de saúde pública, sendo o tipo de carência
nutricional mais comum em crianças, sobretudo nos países em
desenvolvimento. Àquelas com idade entre 6-24 meses apresentam risco duas
vezes maior para desenvolver a doença do que aquelas entre 25- 60 meses.
Essa deficiência pode causar atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo,
que podem não ser revertidos mesmo com a suplementação medicamentosa.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da
Saúde do Brasil, o aleitamento materno exclusivo deve ser realizado até o 6º
mês de vida do bebê, sendo complementado até os 2 anos ou além desses
conforme desejo da mãe. As reservas de ferro que são ofertadas para o
recém-nascido no aleitamento materno exclusivo até os 6 meses são
suficientes para atender às suas necessidades fisiológicas. Dessa forma, não é
necessária qualquer forma de complementação nem de introdução de
alimentos sólidos nessa fase. Após esse período, ocorre o esgotamento gradual
dessas reservas e a alimentação passa a ter um papel fundamental para suprir
as exigências nutricionais do bebê. Assim, o consumo de ferro deve se adequar
à demanda da faixa etária. Apesar disso, algumas referências sugerem o início
de suplementação de ferro de forma mais precoce, para que haja
armazenamento mais adequado desse elemento e redução do risco de
desenvolvimento de anemia ferropriva.
• No Brasil:
Prevendo as variadas complicações relacionadas à carência do ferro no
organismo, a política nacional brasileira de fortificação de alimentos foi
recentemente atualizada pela ANVISA (2017), prevendo atualmente a
fortificação das farinhas de trigo e milho com fumarato ferroso e sulfato ferroso
(de boa disponibilidade), em 4 a 9 mg para cada 100 g de farinha.
Ademais, o Ministério da Saúde do Brasil desenvolveu desde 2005, o
Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF), que se destina à
suplementação preventiva de todas as crianças de 6 a 24 meses com sulfato
ferroso. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta a suplementação do
ferro no período de 3 a 24 meses de vida.
• Quais são as recomendações para a suplementação?
Lactentes
nascidos a termo PNSF SBP
Com peso adequado para
a idade gestacional (AIG)
+ aleitamento materno
exclusivo até os 6 meses
Não indicada
Iniciar suplementação
profilática, a partir dos 3
meses com 1 mg de ferro
elementar/kg/dia
AIG + uso de fórmulas
infantis até os 6 meses
OU Não indicada
Somente para os lactentes
com ingestão < 500 mL de
fórmula/dia:
Iniciar suplementação
profilática, a partir dos 3
AIG + ingestão mínima
de 500mL de fórmula por
dia, a partir dos 6 meses
meses com 1 mg de ferro
elementar/kg/dia
AIG + início da
introdução alimentar
complementar (a partir
dos 6 meses e até 2
anos)
Suplementação com
sulfato ferroso 1
mg/kg/dia
1 mg de ferro
elementar/kg/dia
- Lactentes nascidos pré-termo ou com baixo peso (<1500g): Suplementação
com ferro elementar ou sulfato ferroso 2 mg/kg/dia, a partir do 30º dia até os
12 meses.
- Lactentes prematuros com baixo peso (1000 - 1500g): Suplementação com
ferro elementar ou sulfato ferroso 3 mg/kg/dia, a partir do 30º dia até os 12
meses.
- Lactentes prematuros com muito baixo peso (<1000g): Suplementação com
ferro elementar ou sulfato ferroso 4 mg/kg/dia, a partir do 30º dia até os 12
meses.
- Após 12 meses: Suplementação com ferro elementar ou sulfato ferroso 1
mg/kg/dia, em todos os casos por mais 12 meses.
- Para as gestantes: a recomendação é de 40 mg/dia de ferro elementar (não
anêmicas) e 60-120mg/dia (gestantes com anemia), por no mínimo, 60 dias.
A Academia Americana de Pediatria recomenda, aos 12 meses de idade,
uma triagem para deficiência de ferro sem anemia (dosagem de ferritina) e
deficiência de ferro com anemia (hemograma). Caso a deficiência seja
constatada, o tratamento é realizado com 3-5mg de ferro elementar/kg de
peso/dia
A suplementação do ferro de forma profilática se mostra eficiente para
aumentar a concentração de hemoglobina e o estoque de ferro, contribuindo
para a redução do risco de anemia e suas complicações.