a invisibilidade das mulheres em carreiras tecnológicas: os
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A Invisibilidade das Mulheres em Carreiras Tecnológicas: Os Desafios da Engenharia Civil no Mundo do Trabalho
Tânia Rosa F. Cascaes1 Maria Aparecida Fleury Costa Spanger2
Marília Gomes de Carvalho3 Nanci Stancki Silva4
Resumo As carreiras tecnológicas no Brasil têm apresentado nas últimas décadas, uma nova conformação, devido a um maior percentual de ingresso de mulheres, especialmente nas engenharias. Busca-se nesta pesquisa, ressaltar, as expressões desta inserção feminina, evidenciando, por um lado, tanto os mecanismos que têm servido para excluir as mulheres, quanto as estratégias que contribuem para sua inserção na engenharia civil. Optou-se pela metodologia qualitativa de cunho interpretativo, com a técnica de entrevistas semi-estruturadas, complementadas por questionário fechado. Os resultados apontam para a discriminação nos editais de seleção de estágio/emprego, ambiente de trabalho androcêntrico, corporativismo masculino, família e maternidade como fatores impeditivos da ascensão da mulher na engenharia civil. Maternidade tardia, sobrecarga de trabalho, docilidade e invisibilidade no trabalho, constituem-se, em contrapartida, em estratégias de inserção das mulheres nesta carreira. Palavras-chave: Gênero na Engenharia Civil, Carreira Tecnológica, Mulheres Engenheiras.
1 Mestre em Tecnologia, Socióloga, Especialista em Magistério Superior. Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Relações de Gênero e Tecnologia GeTec da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR. [email protected] 2 Mestre em Tecnologia e doutoranda em Tecnologia pela UTFPR. Bolsista da Capes. Pesquisadora do GeTec – UTFPR Economista, Administradora e professora de ensino superior. [email protected] 3 Doutora em antropologia social pela USP e pós doutora em Multiculturalismo pela Universidade Tecnológica de Compiègne da França. Professora do Programa de Pós-graduação em tecnologia da UTFPR. Pesquisadora e coordenadora do GeTec. [email protected] 4 Doutora em Política Científica e Tecnológica pela UNICAMP. Professora do PPGTE e do Departamento Acadêmico de Matemática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Pesquisadora do GeTec. [email protected]
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Introdução
O advento da era moderna, e da ordem social capitalista nos levam a enxergar o mundo sob a
perspectiva da razão e do progresso humano, em que o conhecimento científico passou a exercer
influência direta nos processos sociais e históricos, tornando-se fonte legítima de poder. A
organização racional da sociedade capitalista moderna se apoiou no que existia de “mais verdadeiro”,
mais universal, demonstrada claramente nos discursos científicos, que definiam o ser humano
segundo uma natureza biológica inexorável.
O contexto atual de globalização econômica, se por um lado tem produzido grandes riquezas,
como nunca dantes, por outro tem também aprofundado as desigualdades nas relações sociais,
incluindo as relações de trabalho (SAGASTI, 1995; HIRATA, 2002). A partir desta constatação é que
se reforça a necessidade e a importância de estudos e pesquisas que analisem como essas
desigualdades têm se manifestado em diferentes ambientes produtivos, e busquem compreender a
atual heterogeneidade do mundo do trabalho.
No Brasil, as reestruturações produtivas das empresas, acompanhadas pela inserção de
novas tecnologias produtivas e de novos métodos e técnicas de organização e gestão do trabalho,
têm contribuído para alterar o perfil da força de trabalho, o padrão de remuneração e as exigências
de qualificação para a obtenção de um emprego. (BRUSCHINI, 2000). Neste cenário, observa-se um
processo de exclusão, com a precarização dos laços empregatícios (desemprego prolongado,
emprego precário, flexibilidade do uso da mão de obra, terceirização, quarterização) que comumente
tem envolvido o trabalho feminino (POSTHUMA, 1998). Nesta mesma linha, pesquisas de Abramo
(1994, 1997) constatam que a modernização empresarial, a reestruturação produtiva e a inovação
tecnológica não têm reduzido de forma significativa a segregação de gênero no mundo do trabalho.
Nas últimas décadas, um número crescente de mulheres tem ingressado no mercado de
trabalho ou procuram por emprego, fato que se expressa na elevação da participação feminina na
população economicamente ativa (PEA) que, entre 1985 a 2003, passou de 33,5% a 42,7% (IBGE,
2003). Essa ampliação, no entanto, não tem sido acompanhada por um processo de igualdade com o
trabalho masculino, sendo, ao invés disso, caracterizada por vários tipos de exclusão - segregação
setorial e ocupacional, condições precárias de trabalho, menor remuneração e baixa mobilidade
ocupacional (BRUSCHINI e LOMBARDI, 2000; HIRATA, 1998; POSTHUMA, 1998; VELHO e LEON,
1998).
A segregação de gênero tem afetado mulheres, independente da sua escolaridade, e tem
contribuído para tornar os laços empregatícios mais precários, não só no trabalho feminino, mas
também no masculino. Em nossa realidade local, Curitiba, é perceptível a existência de profissionais
liberais que se dispõem a trabalhar sem o amparo dos direitos trabalhistas. Esta precariedade das
situações de trabalho tem acirrado ainda mais as relações de poder no mercado de trabalho
(HIRATA, 2002; KERGOAT, 2000; DEDECCA, 1996).
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Poder muitas vezes que se exerce de forma sutil, velada, remetendo a uma naturalização das
diferenças de gênero, a uma maior cobrança da mulher quanto ao seu “importante” papel na família,
na reprodução e criação de filhos. As discussões de gênero, em que pese sua importância para a
desmistificação das “naturalizações” impostas por uma sociedade androcêntrica, são ainda pouco
difundidas no ambiente acadêmico e profissional, não ocupando o centro das preocupações da
engenheira civil, por exemplo. Mas nem por isso se deve negligenciar o peso político desta categoria
de análise que traz em si as relações de poder da sociedade. Segundo Scott (1995, p.92),
O gênero é uma das referências recorrentes pelas quais o poder político tem sido concebido, legitimado e criticado. Ele não apenas faz referência ao significado da oposição entre homem e mulher; ele também o estabelece. Para proteger o poder político, a referência deve parecer certa e fixa, fora de toda construção humana, parte da ordem natural ou divina.
Na área tecnológica, tem ocorrido um crescimento da participação feminina, constatada, tanto
no número crescente de mulheres estudantes em cursos superiores dessa área, quanto pela
expansão da ocupação feminina em profissões tecnológicas de nível superior, áreas que em décadas
anteriores eram consideradas masculinas, como é o caso das engenharias. As mulheres nessa área
passam a assumir responsabilidades profissionais que exigem conhecimento tecnológico “de ponta”.
(HIRATA, 2004, INEP, 2004; TABAK, 2002; VELHO e LEON, 1998).
Mais de 60 anos depois da filósofa francesa Simone de Beauvoir ter cunhado a expressão
"liberação feminina", no ensaio O Segundo Sexo, publicado em 1949, as mulheres ainda são minoria
na maior parte das carreiras científicas no Brasil. Essa é uma situação que aos poucos, no entanto,
começa a mudar. Conforme dados de 2004 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), havia naquele ano 41.172 pesquisadores e 36.080 pesquisadoras. E, de lá para
cá, apesar das muitas e variadas dificuldades enfrentadas, as mulheres vêm ocupando espaços e
aumentando sua participação no universo da ciência no país.
Apesar disso, nestas áreas as mulheres vêm ocupando posições “secundárias” no universo
tecnológico, contribuindo para a invisibilidade de seu trabalho o que tem levado a interpretações
errôneas, e reforçado a idéia de que elas não têm a mesma competência dos homens para a área
científica e tecnológica. Pesquisas ainda apontam para a persistência das diferenças de gênero, em
relação à remuneração da profissão, sendo comuns diferenças salariais que favorecem os homens,
não obstante o fato das mulheres apresentarem desempenho superior aos homens nos cursos de
graduação (BRUSCHINI e LOMBARDI, 2000; HARAWAY, 2000; SCHIENBINGER, 2001; TABAK,
2002; STANCKI SILVA, 2000 e 2005).
Na área de ciências exatas, especificamente na engenharia civil, setor onde ainda se
encontra segregada, a mulher tem conquistado alguns espaços, muito embora pagando um alto
preço por isso. Para além de uma conquista quantitativa, a pesquisa de base deste artigo se pautou
por uma investigação sobre as formas como esse processo está ocorrendo. Interessou-nos conhecer
qualitativamente como tem se dado a participação da mulher na engenharia civil. Para tanto buscou-
se conhecer o percurso que a engenheira civil tem percorrido, suas dificuldades, especificidades,
sacrifícios, barreiras e conquistas. Vários questionamentos foram feitos: Como a mulher tem exercido
a engenharia civil em Curitiba? A engenheira tem suscitado mudanças no exercício de sua profissão?
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Quais? Há espaço para a engenheira civil exercer sua profissão sem abdicar de suas especificidades
femininas? Que desafios a mulher teve de transpor para conquistar esta carreira? Que preconceitos
enfrentou? O que foi sacrificado nesta trajetória? Qual o preço desta carreira para a mulher? E para a
sociedade? A mulher tem de arcar sozinha com este preço?
O artigo está organizado em quatro partes distintas. A primeira traz uma introdução ao tema.
Na segunda parte ressalta-se a opção metodológica da pesquisa de campo. A terceira parte,
composta de seis subtópicos, apresenta a discussão dos dados da pesquisa teórica e empírica. A
quarta parte traz as considerações finais, após o que se apresentam as referências do artigo.
Metodologia da Pesquisa de Campo
Utilizou-se a metodologia de abordagem qualitativa, com a técnica de entrevistas semi - estruturadas,
aliada a questionário fechado, aplicado junto a engenheiros e engenheiras civis que atuam
profissionalmente na área pesquisada, buscando dados referentes à sua inserção e atuação no
mercado de trabalho.
Buscou-se além de fatos concretos, também as opiniões, representações e percepções,
baseadas nas experiências vividas pelas pessoas entrevistadas. Foi adotada a pesquisa de caráter
interpretativista, baseada na análise do discurso.
Foram entrevistadas oito engenheiras e uma profissional de RH de uma das empresas de
engenharia e 04 engenheiros. A faixa etária da maioria dos entrevistados está entre 30 a 40 anos,
com experiência entre 7 a 15 anos na profissão. Exceção se coloca para um engenheiro recém
formado com 1 ano na profissão e um engenheiro com 51 anos de idade.
A proporcionalidade maior de mulheres engenheiras justifica-se pelos objetivos da pesquisa,
que busca identificar preconceitos, estereótipos, desigualdades de gênero na carreira da engenharia
civil. Como se sabe por pesquisas na área que o maior grau de discriminação e desigualdade é
vivenciado pelas engenheiras, houve a necessidade de um número maior de entrevistas com estas
profissionais.
Foram visitadas 4 empresas, de grande, médio e pequeno porte na área de engenharia civil,
que atuam tanto em obras públicas quanto privadas, envolvendo os diversos setores de uma
empresa de engenharia civil. Também foram entrevistados engenheiras e engenheiros civis atuando
no conselho regional de engenharia e arquitetura do Paraná. Para fins deste trabalho identificaremos
as empresas visitadas por alfa, beta, gama e delta.
Os próximos tópicos apresentam uma discussão sobre os dados levantados nas
entrevistas, interpretados à luz de um marco teórico, que privilegia autores que direcionam
seus estudos na área de tecnologia e gênero, e que foram escolhidos como interlocutores
neste artigo.
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A Trajetória Profissional das Engenheiras Civis de Curitiba
A Escolha da Profissão
Muitos são os motivos que direcionam a escolha de uma profissão. No caso da engenharia civil,
ainda considerada no Brasil como um reduto masculino, as mulheres estão conquistando seu espaço.
Em todas as entrevistas feitas, a aptidão na área de exatas, mais especificamente a matemática foi a
principal motivação apontada para a escolha desta carreira, independente de gênero. Observou-se
também em alguns casos, a influência de ascendentes, principalmente homens da família na mesma
profissão, avós e pais. Chama atenção um caso raro na empresa
Delta, em que um engenheiro relatou a ocorrência de três gerações de engenheiros na família, e
inclusive cônjuges mulheres dos irmãos, influenciando até a quarta geração.na escolha da profissão.
Uma das engenheiras da empresa Delta assim definiu a sua motivação: “Para ser bem
honesta mesmo foi pela parte romântica da profissão. Vendo aquelas grandes obras, pontes como
obras de arte. Tinha uma visão da engenharia como uma coisa grandiosa.”
Entrando na Área Desejada
As mulheres vêm conquistando espaço nesta área tecnológica, mas não sem dificuldades. Na
pesquisa realizada constatou-se que na maioria dos casos o estágio foi a porta de entrada para as
empresas, tanto para homens quanto para mulheres, na maior parte das vezes por indicação de
algum professor, colega ou parente. Em algumas áreas, como a de engenharia de obras, foi relatado
pelas entrevistadas grande dificuldade já nos editais de seleção, que apontam a preferência pelo
sexo masculino. A saída para quem desejava atuar nesta área era aceitar o estágio em outra área
para, uma vez na empresa, lutar por uma chance no canteiro de obras. Conforme relatou uma
engenheira de obras: “Normalmente quando a mulher entra na empresa é para assumir cargos de
orçamentista, administração de pessoal e treinamento. Quando há necessidade, como acredito que
foi o meu caso, temos chance de mostrar nossa competência em canteiro de obras”.
Mulher em canteiro de obras, pelo que se percebeu se dá mais por força das circunstâncias
do que pela oferta de estágios na área. Nos editais de estágio e emprego ainda se pode notar a
discriminação velada ou mesmo explícita contra a mulher em determinadas áreas. Quando
confrontadas, as empresas oferecem as mais variadas desculpas, conforme relato de uma
entrevistada. Elas dizem que não têm acomodações adequadas, o ambiente é inóspito, a cidade não
tem hotel – para camuflar a sua preferência pelo sexo masculino no canteiro de obras.
Apesar deste comportamento da empresa, evitando a presença da engenheira em obra, pelo visto
elas se dão muito bem nesta área. A engenheira de obras da empresa de grande porte -Alfa, de
construção de residências individuais e coletivas, por exemplo, tem a seguinte fala:
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Por incrível que pareça eu não tenho problema com empregados de obra. Fui a primeira mulher a ir pra obra eles ficaram um pouco com o pé atrás.. Mas depois de um ano e pouquinho se acostumaram comigo. Eu não gosto de mandar, mas sim de pedir pra se fazer o trabalho – isso faz toda a diferença. As vezes eu perco a paciência e eu tenho de rodar a baiana e mandar...
Neste caso a empresa conta com o serviço da engenheira e de um engenheiro, cada um com
suas obras. No entanto o desempenho no trabalho não é o mesmo, na fala da engenheira.
A função é a mesma. Eu tenho minhas obras e ele as dele. Eu tenho uma diferença bem grande de tratamento. Sou mais atenciosa, vou 2 vezes por dia em cada obra, coisa que ele não faz...e eles se queixam muito do engenheiro comigo. Eles não chegam a me elogiar, mas se queixam do outro.Dizem que ele não aparece na obra não resolve nada...
Quando perguntada a respeito do desempenho na função, se há diferença na execução entre
engenheiras e engenheiros, a engenheira de obras da empresa Beta assim respondeu:
Sim, primeiro quando eu começo o treinamento dos peões na obra uma mulher tem uma abordagem diferente do engenheiro homem, porque quando eu tenho de explicar eu chamo o peão e explico com jeito, o engenheiro começa com patadas, isto é, a mulher tem uma abordagem diferente deste papel. E por isso eu acredito que a mulher consegue mais rapidamente os objetivos com os peões do que o profissional masculino. Pelo jeito de explicar.
O melhor desempenho na função, no caso do canteiro de obras ainda está relacionado à
experiência e competência e não à diferença de gênero. Lidar com os peões é uma tarefa difícil para
ambos os sexos e a diferença vai ser dada mesmo pela competência técnica e até pelo equilíbrio
emocional do profissional. Esta é a percepção de uma engenheira de obras da empresa Beta.
Quando a gente ganha experiência, a coisa flui...tudo fica melhor...O tratamento, pois o pessoal de obra não é fácil de trabalhar, a gente vai aprendendo a ter um jogo de cintura...são muito pouco esclarecidos, tem uma cultura mais machista...
A pesquisa demonstrou que, uma vez na empresa, vencido o período normal do estágio, a
maioria dos entrevistados permaneceu e foi contratado como profissional, sendo o estágio ainda a
grande porta de entrada nesta área. As empresas pesquisadas adotam a prática de formação de sua
própria mão de obra, contratando fora do circuito da cidade apenas o profissional com requisitos
especiais, para trabalhos específicos e nenhuma delas possui plano de carreira para engenheiras
(os).
Função/Remuneração Diferenciada por Gênero
Na engenharia civil, profissão considerada socialmente como reduto masculino, pode-se perceber
ainda grandes dificuldades para as mulheres na conquista de certas funções, como é o caso do já
citado trabalho em canteiro de obras. Geralmente quando a empresa contrata a engenheira, ela entra
para assumir cargos de orçamentista, planejamento, administração de pessoal e treinamento, ou
seja, funções desempenhadas dentro da empresa, com pouca mobilidade física.
Já os engenheiros, solteiros ou casados, estão mais disponíveis para assumir qualquer tipo
de trabalho que envolva deslocamentos, viagens, mudanças temporárias. Nestes casos eles contam
com o apoio de suas esposas para sustentar as atividades domésticas, enquanto eles se deslocam.
O contrário nem sempre é verdadeiro, o que dificulta a mobilidade das engenheiras. Elas ainda não
conseguiram se organizar de tal forma a se desvencilhar das atividades domésticas e o que é mais
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forte, da sensação de culpa por desejar uma ascensão, às custas do sacrifício da família. Algumas
entrevistadas chegaram mesmo a dizer que a questão do cuidado está “no sangue” da mulher,
assumindo uma visão essencialista de sua própria condição feminina.
Quanto à remuneração percebeu-se, nesta pesquisa, que o salário de engenheiros e
engenheiras está muito próximo do piso salarial da categoria, muito embora a engenheira demore um
tempo maior para ultrapassar o piso. Constatou-se que as engenheiras com mais de 10 anos de
empresa conquistaram uma faixa salarial além do piso da categoria, chegando a 15 salários mínimos
e uma chegando mesmo a sócia da empresa. Por outro lado uma engenheira de obra, com 7 anos de
experiência, em uma grande empresa de construção civil de Curitiba, recebe um salário inferior a um
engenheiro com menos tempo de serviço e na mesma função na mesma empresa.
Competência Profissional/Relações Interpessoais na Empresa
Na Engenharia Civil leva algum tempo para que o colega separe a mulher da profissional. “Uma
amiga, que se formou comigo na Federal de Santa Catarina, veio trabalhar e não agüentou a
pressão, pois para se equiparar a um profissional engenheiro civil homem sempre temos que
trabalhar o dobro da nossa capacidade”, relata uma engenheira de obras da empresa Beta. Estas
engenheiras precisam matar dois leões por dia para demonstrar sua competência.
A engenheira que deseja se firmar na profissão, além de trabalhar dobrado ainda tem de
assumir uma postura moral firme, não ceder a nenhuma cantada. Caso contrário sua competência e
dignidade são discutidas e a profissional passa a ser considerada como a vadia, confidenciou uma
das engenheiras de obras.
As expectativas da empresa em relação às engenheiras e aos engenheiros, são também
diferenciadas, comenta uma entrevistada. Segundo ela, a empresa espera uma coisa do profissional
homem e outra da profissional mulher. “Ela, a mulher, se intimida mais, é da educação, com os
homens é um pouco diferente”. Esta postura da empresa que conta com a anuência das
mulheres,reflete a dominação maior sofrida pelas engenheiras, ainda submissas e pouco
competitivas em relação aos colegas homens.
Muitas são as dificuldades no desempenho da profissão para a engenheira civil e que se
multiplicam quando se trata do canteiro de obras. No relato de uma delas, depreende-se um pouco da
situação enfrentada: “eu, como engenheira de segurança, quando vou para o canteiro sinto
dificuldades no alojamento, nos banheiros e na vestimenta, pois a empresa não oferece
acomodações diferenciadas para as engenheiras”.
Pela pesquisa realizada não se pode afirmar que exista um forma feminina de se atuar na
engenharia civil. O que existem são atitudes esparsas, tomadas por algumas profissionais, que não
chegam a configurar uma transformação significativa da categoria profissional.
Nos dizeres de uma entrevistada estas mudanças estão longe de ocorrerem, pelo próprio
posicionamento de algumas mulheres. Segundo a entrevistada, “enquanto tiver mulheres que ainda
pensem que têm que ter um homem que as sustente, estas mudanças serão demoradas”.
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Isso fica muito claro quando se percebe o inexpressivo espírito corporativista das engenheiras
no desempenho de sua profissão. Enquanto os engenheiros estão sempre se reunindo após o
trabalho, as engenheiras estão voltando para casa para assumir sua segunda jornada de trabalho.
Engenheiras casadas, quando não são excluídas pelos chefes ou colegas, se auto excluem
das relações sociais fora da empresa, do tipo happy hour, por exemplo.
O relacionamento das engenheiras, conforme esta pesquisa se dá mais com mulheres de
outras profissões e ocupações na empresa ou fora dela, definindo-se mais por sexo e não por função
ou formação.
Já as relações entre colegas são de excessivo respeito, o que na verdade acaba denotando
mais um aspecto da discriminação de gênero e refletindo a posição da engenheira na empresa – o
fato de ser mulher vem em primeiro lugar e o ser engenheira em segundo. Com os peões não é
diferente. A primeira coisa que fazem quando a engenheira se aproxima é abotoar a camisa, em sinal
de respeito à mulher, não à engenheira.
Mobilidade na Carreira
Quando se pensa na mobilidade na engenharia civil, fica logo claro que as situações se diferenciam
para homens e mulheres. As engenheiras entrevistadas, entre 6 a 15 anos de carreira ainda estavam
no seu primeiro emprego, conquistado, na maioria dos casos, através de estágio na empresa. Já os
engenheiros demonstraram ter maior mobilidade, tendo passado, alguns deles por vários empregos.
Nenhum dos engenheiros entrevistados sequer comentou sobre empecilhos a seus deslocamentos
para fins de trabalho. Não referenciam atividades domésticas, nem tampouco seu papel na família.
Esta total disponibilidade é mais requerida dos homens, sendo também um fator que contribui para
sua ascensão mais rápida na carreira e acabam por dificultar a ascensão feminina.
De um modo geral, as engenheiras se sentem valorizadas em seu trabalho, mas reclamam de
uma remuneração inadequada e injusta, se comparada aos colegas na mesma função.
A Maternidade Tardia ou Negada
Quando o sistema social não valoriza as atividades domésticas da mulher, mas confere valor às
atividades masculinas ele está emitindo uma sinalização dúbia para as mulheres: seja doméstica para
garantir a sobrevivência da família e tenha poder e valor trabalhando fora, gerando grandes conflitos
para a maioria das mulheres, que vivem se questionando se estão tomando a melhor decisão para
suas vidas. (OLIVEIRA, 1999).
Muitas são as conseqüências desta dubiedade em que são circunscritas estas mulheres. As
que optam pela carreira estão sempre carregando o peso de não serem “perfeitas” mães, ou esposas
ou donas de casa. No caso desta pesquisa os dados revelaram essa dubiedade vivida pela
engenheira, que se desloca constantemente entre a constituição de uma família e a consolidação de
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uma carreira. Do exposto percebeu-se uma tendência nesta pesquisa. As mulheres em sua maioria
se formam cedo, assim como os homens, e se casam também cedo, conciliando profissão e vida
conjugal. No entanto elas apresentam uma maternidade tardia, após os 35 anos. De acordo com os
relatos, a maioria das entrevistadas afirma que primeiro precisa consolidar a carreira para depois se
dedicar à maternidade, uma vez que o companheiro ou esposo, também profissional, não assume
parte do trabalho doméstico, sobrecarregando-as, e até impedindo algumas decisões necessárias
para a ascensão delas na carreira, como por exemplo, deslocamentos de cidade em função do
trabalho.
A ascensão na carreira destas engenheiras está intimamente vinculada ao retardamento da
maternidade, colocando a reprodução como uma responsabilidade exclusiva da família e da mulher.
Uma das entrevistadas, sócia da empresa e grávida por ocasião da entrevista, se declarou
preocupada como iria fazer para trabalhar e cuidar do filho. Em nenhuma das empresas nas quais
trabalham as entrevistadas existe creche ou qualquer outro tipo de auxílio para cuidados de filhos, ou
políticas de incentivo ou de aceitação da maternidade de engenheiras.
Esta situação vivida pelas engenheiras ratifica o que já dizia Bourdieu a respeito da violência
simbólica sofrida pelas mulheres, embora nem sempre por elas visibilizada. (BOURDIEU,1999).
A maternidade tardia ou negada é o alto preço cobrado das engenheiras que pretendem
ascender na carreira, resultante da violência simbólica de uma sociedade androcêntrica, violência
suave, insensível, invisível às suas próprias vítimas, e que se exerce essencialmente pelas vias
puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou melhor, do desconhecimento, do
reconhecimento ou, em última instância, do sentimento. (BOURDIEU, 1999). Muitas mulheres nem
chegam a perceber que suas ações e reações são respostas a esta imposição cultural masculina,
pelo fato dela estar tão incorporada e “naturalizada” na sociedade. A dominação masculina
referenciada em Bourdieu, que constitui as mulheres como objetos simbólicos, cujo ser é um ser
percebido, tem por efeito colocá-las em permanente estado de insegurança corporal, ou melhor, de
dependência simbólica: elas existem primeiro pelo, e para, o olhar dos outros, ou seja, enquanto
objetos receptivos, atraentes, disponíveis. Delas se espera que sejam “femininas”, isto é, sorridentes,
simpáticas, atenciosas, submissas, discretas, contidas ou até mesmo apagadas. E a pretensa
feminilidade muitas vezes não é mais que uma forma de aquiescência em relação a expectativas
masculinas, reais ou supostas, principalmente em termos de engrandecimento do ego.
Em conseqüência, aponta o autor, a dependência em relação aos outros (e não só aos
homens) tende a se tornar constitutiva de seu ser. (BOURDIEU, 1999)
A feminilidade da engenheira é outro dilema que ela tenta equacionar, nem sempre com
sucesso. Para ser apreciada como mulher ela tem de explorar sua feminilidade, mas se quer o
respeito na profissão ela tem de ocultá-la, como demonstraram as entrevistadas. Vestuário e
linguagem que compatibilizem sua condição feminina e sua posição de engenheira nem sempre
estão em sintonia.
Como já afirmavam Rosaldo e Lamphere, (1979) “no aprendizado de ser mulher, em nossa
própria sociedade, aceitamos e interiorizamos uma imagem freqüentemente depreciativa e
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constrangedora de nós mesmas”. E neste sentido, ao que parece, ser engenheira muitas vezes
significa abdicar da condição de ser mulher. Isso se percebe muito no vestuário. No caso desta
pesquisa, todas as engenheiras entrevistadas usavam calças compridas ou terninho. Na fala de uma
entrevistada:
Quanto aos superiores a gente tem que estar provando o tempo todo que é uma profissional séria e exercer nossas funções iguais ao profissional homem. Um dia eu vim de saia e bem arrumadinha, meu chefe já disse na hora: aaah, hoje você veio vestida de mulher! e eu me senti extremamente mal com este comentário e voltei a me vestir como anteriormente.
Outra entrevistada comentou que passou a se arrumar melhor só quando outras mulheres
entraram para a empresa e elas em conjunto puderam se firmar em sua condição feminina. Muito
comentado também foi o tipo de linguagem usada no ambiente da empresa: muita piadinha, pouco
respeito à mulher e à sua condição. Neste ponto percebeu-se que as conquistas das engenheiras
quanto à maior liberdade de vestuário e adequação de linguagem se dá na medida em que outras
mulheres, engenheiras ou não, entram para a empresa, possibilitando uma sintonia de interesses e
um espírito de apoio mútuo.
No imaginário masculino, as mulheres ocupam o lugar da metade perigosa da sociedade,
sendo vistas como ameaça à supremacia masculina. Segundo Oliveira, (1999), as mulheres, ao
passarem a fronteira do mundo dos homens, o fizeram escamoteando o lado feminino da vida, para
corresponder ao novo perfil exigido pela sociedade. A mensagem recebida foi: para ser respeitada,
pense e aja e trabalhe como um homem; para ser amada continue sendo mulher. Neste sentido a
sociedade cobrou ao mesmo tempo, dois papéis das mulheres: ser homem e ser mulher, gerando
grandes crises de identidade, sobretudo para aquelas que pretenderam trabalhar fora sem abdicar da
família.
A ambigüidade vivida pelas mulheres, resultante deste tipo de cobrança da sociedade, faz
com que elas se desloquem de um desejo a outro, de uma existência a outra, de uma personalidade
a outra, num esforço desesperado para não perder nada, para ser tudo ao mesmo tempo. Conforme
Oliveira, a fragmentação da personalidade feminina faz dela um caleidoscópio de personagens, e é
nesse caleidoscópio que se multifaceta e se dissolve a existência feminina.
No entendimento de Oliveira, o domínio da palavra e do saber são pré-requisitos essenciais
para que as mulheres possam efetuar uma travessia bem sucedida no espaço público, muito embora
o tão desejado êxito seja ao mesmo tempo tão temido, tão procurado quanto sabotado.
Apontando caminhos para se tentar sair desta ambigüidade, Oliveira ressalta a importância
da exteriorização, pelas mulheres, das contradições a que estão submetidas, do sim e do não, das
tensões que decorrem desse sim e desse não, da paralisia que se instaura entre eles. Ao exteriorizar
sua angústia, as mulheres estariam retirando de si a culpa, depositando-a nos ombros da sociedade,
deixando de lado a pretensão de resolver tudo sozinhas. (OLIVEIRA, 1999).
A dominação masculina referenciada em Bourdieu, que constitui as mulheres como objetos
simbólicos, cujo ser é um ser percebido, tem por efeito colocá-las em permanente estado de
insegurança corporal, ou melhor, de dependência simbólica: elas existem primeiro pelo, e para, o
olhar dos outros, ou seja, enquanto objetos receptivos, atraentes, disponíveis. Delas se espera que
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sejam “femininas”, isto é, sorridentes, simpáticas, atenciosas, submissas, discretas, contidas ou até
mesmo apagadas. E a pretensa feminilidade muitas vezes não é mais que uma forma de
aquiescência em relação a expectativas masculinas, reais ou supostas, principalmente em termos de
engrandecimento do ego. Em conseqüência, aponta Bourdieu, a dependência em relação aos outros
(e não só aos homens) tende a se tornar constitutiva de seu ser.
Por outro lado, aos olhos dos homens, as mulheres que rompem a relação tácita de
disponibilidade, reapropriam-se de certa forma de sua imagem corporal, são vistas como não
femininas, o que se dá também com as mulheres intelectuais e também com as engenheiras,
conforme relato das entrevistadas. Uma engenheira de obras relatou que em viagem de trabalho com
vários colegas engenheiros ela ouviu o seguinte comentário entre os homens: “e aí, faturou?
Comentou também que um de seus colegas sempre tinha de explicar para a esposa que faria
uma viagem de trabalho com uma engenheira, o que era sempre visto com desconfiança pela
esposa.
O acesso ao poder, seja ele qual for, coloca as mulheres em situação de double-bind: se
atuam como homens, elas se expõem a perder os atributos obrigatórios da “feminilidade” e põem em
questão o direito natural dos homens às posições de poder: Se elas agem como mulheres, parecem
incapazes e inadaptadas à situação.
Considerações Finais
A maioria das/os entrevistados nesta pesquisa afirma que no trabalho, ser um homem engenheiro
civil ou uma mulher engenheira civil são coisas muito diferentes. Há áreas de trabalho em que a
questão sexual é barreira, como por exemplo, um canteiro de obras, cuja estrutura, na visão das
empresas, não foi preparada para atender mulheres, junto à peões e também junto à colegas
engenheiros. Eles não enxergam a engenheira como profissional, mas primeiramente como mulher. A
compatibilização entre a vida familiar e as escolhas profissionais acaba por marcar os limites da
ascensão das engenheiras na carreira. Adiar a maternidade ou optar pela vida celibatária passou a
ser visto “naturalmente” pelas engenheiras, que agindo assim só fazem reforçar os estereótipos de
gênero disseminados em nossa sociedade androcêntrica, em nada contribuindo para uma
transformação significativa no estilo de vida de sua categoria profissional. A engenheira, em sua
maioria continua exercendo dupla jornada, o que não ocorre com o engenheiro, que possui um
suporte da esposa para as atividades domésticas.
Esta tendência foi observada na análise das entrevistas, como resultado da assimilação pelas
mulheres de seu papel já desempenhado no lar como “normal”. Isto as predispõe a uma aceitação
das atitudes preconceituosas em relação a elas como práticas normais, por serem práticas já
internalizadas, sem nenhuma crítica.
Parece que vem impresso na testa da engenheira que ela é uma reprodutora em potencial e
que, portanto, não pode e não deve assumir certas funções, que segundo a empresa são
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incompatíveis com a maternidade. Mais uma vez vemos a questão da maternidade sendo despejada
sobre os ombros das mulheres, que por sua vez ainda insistem em assumir a responsabilidade total
pela reprodução, isentando os parceiros e a própria empresa de sua parcela de contribuição. Neste
sentido as engenheiras ainda têm um longo caminho a percorrer na luta pela compatibilização da
maternidade com a ascensão na carreira. Elas próprias, sem perceber, estão reforçando os padrões
androcêntricos da sociedade ao invés de tentar mudá-los.
Conquistar o respeito profissional na engenharia civil tem sido um fardo ainda pesado para as
mulheres que não têm exercitado uma reflexão maior de gênero, que fundamente suas lutas e
proporcione transformações profundas no exercício de sua profissão e de seu modo de estar no
mundo.
Quanto ao ambiente das empresas visitadas, pode-se dizer que nada ali denuncia a presença
de mulheres. O que vem demonstrar que as engenheiras ainda não estão conseguindo atuar na
engenharia civil segundo sua condição feminina, mas estão se adaptando, a um alto preço, às
exigências do modelo marcadamente masculino deste ramo profissional.
Na opinião de Sherry Ortner (1979), os esforços dirigidos unicamente na mudança das
instituições sociais, por exemplo, através do estabelecimento de quotas salariais, ou através da
aprovação das leis de igualdade de trabalho e salário, não podem ter efeitos de longo alcance se a
linguagem e as figuras culturais continuam a fornecer uma imagem relativamente desvalorizada da
mulher. Por outro lado, continua Ortner, esforços dirigidos apenas às mudanças de pretensões
culturais, por exemplo, através de surgimento da consciência de grupos masculinos e femininos, ou
através de revisões de materiais educacionais e de imagens de mídia, não podem ser bemsucedidos
a menos que a base institucional da sociedade mude para a manutenção e o reforço da visão cultural
modificada. Para Ortner, “tanto homens quanto mulheres podem e devem ser envolvidos em projetos
de criatividade e transcendência”.
A conquista de uma carreira tecnológica como a engenharia civil pelas mulheres, apresenta
um custo social que não é considerado coletivamente, sendo analisado como um preço pessoal que
está sendo pago pela mulher. Está ocorrendo uma mudança significativa na estrutura da família no
aspecto da maternidade tardia, com implicações diversas no padrão de reprodução e formação das
futuras gerações. Pode-se afirmar que nas interfaces da vida das/os profissionais da engenharia civil,
a posição das mulheres nesta área do conhecimento e de trabalho permanece ainda sem grandes
transformações.
A pesquisa aponta que o padrão de inserção das mulheres neste segmento da engenharia
civil é ainda atualmente marcado por segregação horizontal (áreas de trabalho) e vertical (ascensão
hierárquica).
Vale aqui ressaltar que os estudos de gênero, através da inserção de cadeiras nos mais
diversos cursos de áreas tecnológicas são de extrema importância para que as futuras gerações de
formandos, cidadãos e cidadãs possam ser sensibilizadas/os a problematizar estas questões, no
intuito de conquistarem posições mais justas e equânimes no exercício de suas profissões.
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