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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTfTUTO DE ECONOMIA
A l:'liDÚSTRIA BR~SILEIRA DE TRATORES AGRÍCOLAS E COLHEITADEIRAS: AS ESTRATÉGIAS DE SUAS EMPRESAS E O DESENVOLVIMENTO DE VANTAGENS COMPETITIVAS
Marcos José Barbieri Ferreira
Dissertação de Mestrado el? Economia apresentada ao Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, sob a orientação do Prof. Dr. Mariano Francisco Laplane.
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Ficha ca.talográfica el.arorada ];€lO CEDX/IE/UNICAMP
I 'F4l3i
Ferreira, Marcos José Barbieri A indústria brasileira de tratores agrícolas e
colheitadeiras : as estratégias de suas empresas e o desenvolvimento de vantagens competitivas I Marcos José Barbieri Ferreira. - campinas, SP : [s.n.J, 1995.
Orientador: Mariano Frf"J1cisco Laplane Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de
Campinas. Instituto de Economia.
L Brasil - Indústria. 2. Máquinas agricolas -Indústria. 3 • Estratégia empresarial. I. Laplane, Mariano Francisco. II . Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia. III. TÍtulo.
Para meus país,
.José Ferreira. pelo exemplo de trabalho, otimismo e amor ao Brasil
Luiza de Lourdes Barbieri Ferreira~ pelo exemplo de honestidade, dedicação e respeito ao próximo.
AGRADECIMENTOS
Ao mestre Mariano fl-ancisco Laplane, pela confiança e estimulo ao meu trabalho, e em especial, pela paciência demonstrada ao Jongo do meu processo de aprendizado.
À Profa. Ana Lucia, pelo estímulo inicial, e à Profà. Maria Carolina, pelo constante incentivo e apoio.
Aos ProtS. Wilson Suzigan, Otaviano Canuto e José M'aria, pelas valíosas sugestões dadas ao longo da realização deste trabalho.
Ao Rogério Guarilha, pela amizade e pelos sinceros comentários ao presente trabalho.
Aos colegas da Pós-Graduação, Este/a, Clé,\'ÜJ, Maurício Ama=onas, Adarce/o e Eduardo pelos intensos e proveitosos debates realizados cotidianamente.
Aos amigos publicitários, advogados, engenheiros, médicos, estudantes, fisoterapeutas, e até economistas, pela solidariedade, apoio e, principalmente por discutirem todos e quaisquer assuntos que não fossem economia, nas horas vagas.
Aos Srs. l)aulo Herrmann e Jak Torreta, por permitirem o acesso ao funcionamento de suas empresas. Agradeço em particular ao Alexandre Nedel pela confiança e companheirismo, permitindo a obtenção de importantes informações.
Às Srtas. Aparecida e Cláudia, pelo apoio dado nas diversas visitas ao CEDOCANFAVEA
À Cida, Alberto, lvfárcia e Célia, pelo constante apoio na Secretaria da Comissão de Pós-Graduação e no CEDOC do Instituto de Economia.
Às minhas irmãs Mara e Wiljrtda, pelo acompanhamento e estímulo ao meu trabalho.
Agradeço especialmente aos meus pais, José e Lourdes, pelo imenso incentivo, apoio e confiança nas minhas decisões.
À Deus por tudo.
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO .............................................................................................. .
PARTE L ESTRUTURA DA INDÚSTRIA E SUAS EMPRESAS
L EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA E ATUAL ESTRUTURA DE MERCADO 5
l. 1. Evolução da Indústria Brasileira de Tratores Agrícolas e Colheitadeiras .. ". 5
! .2. A Mecanização da Agricultura Brasileira ... 13
1.3. Estrutura de Mercado da Indústria Brasileira de Tratores Agrícolas e
Colheítadeiras ............ . ..................................................... .. ........................ 17
2. CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS ................................. 23
2.1. Iochpe-Maxion S.A.- Divisão de Máquinas A!:,llicolas e Industriais......... 24
2.2. Valmet do Brasil S.A ............ . ........ " .............................. 27
2.3. New Holland Latino Americana Ltda .................. .
2A. SLC S.A Indústria e Comércio ........... .
2.5. Ab>rale SA ... . ............................... .
2.6. CBT- Companhia Brasileira de Tratores .................................................. .
2.7. Yanmar do Brasil SA .................................................. .
2.8. Müller S.A. Indústria e Comércio ................... " ........................................... .
PARTE li. ESTRATÉGIAS DAS EMPRESAS
3. ESTRA TÉGlAS COMPETITIVAS ................................................................. .
3.1. Fonnas de Concorrêncía .............................................................................. .
3.2. Investimento ...... ,. ................................................. .
3.3. Diversificação da Linha de Produtos ......... ..
3.4. Terceirização .......
3.5. Abertura Comercial .......... .
3.6. Exportações ..
27
29 30
31
32
32
34
34
38
41
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4. ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS
4. L Evolução Tecnológica na Indústria de Tratores Agrícolas e Colheitadeiras ..
4.2. Produto . .......... .................. . ............. .
4.3. Processo ......... ············--··--4.4. Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
4 .5. Qualidade .. ... . ... . . . ............... .
PARTE lll. A EMPRESA SCHUMPETERIANA
5. A CONSOLIDAÇÃO DA LIDERANÇA DA lOCHPE-MAXION ATRAVÉS
67
67
69
74 78
79
DA SUA NACIONALIZAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO. 81
5.1. O Processo de Nacionalização da Massey-Ferguson e a Criação da Maxion 82
5.2. As Estratégias de Reação das Empresas Concorrentes... 85
5.3. As Redefinições Estratégicas e a Reestruturação Financeira da Maxion. 88
PARTE IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. CONCLUSÕES ...
BIBLIOGRAFIA E RELAÇÃO DE TABELAS E QUADROS
Bibliografia ........................................................................................................ .
Relação de Gráficos, Quadros, Tabelas e Figuras ..
ANEXOS
L FONTE DE DADOS
!L ROTEIRO DE ENTREVISTAS .
11L QUESTIONÁRIO PARA IOCHPE-MAXION ................................... .
93
98 102
106
108
120
INTRODUÇÃO
A indústria brast!eíra de tratores agrícolas e colheitadeiras autornotnzes apresenta
grande importância para a modernização da agricultura brasileira, pois é a sua maior e
mais importante fornecedora de bens de capítal. Deste modo, a evolução tecnológica dos
equipamentos produzidos por esta indústria, passa a fornecer o patamar básico para o
desenvolvimento das atividades agrícolas.
Nas atividades industriais a importância deste setor industrial também é t,JTande.
Destacam-se os grandes investimentos realizados nos últírnos anos, visando a
reestruturação das empresas e a busca de novos mercados, levando a produção de
equipamentos cada vez mais sofisticados e de maior valor agregado. Além disso, esta
indústria se destaca pela geração de empregos diretos e indiretos, pelas relações de
encadeamento com a indústria de autopeças e pelo crescente tàturarnento de suas
empresas. Também cabe ressaltar que a empresa líder desta indústria, a fochpe-Maxion,
ex-sub-sidiária de uma multinacional canadense, é a maior empresa brasileira de capital
nacional produtora de bens de capital e de veículos automotores, já que os tratores e
colheitadeiras se encaixam nestas duas classificações (M&M Exame, 1994 ).
Esta dissertação visa determinar e analisar os condicionantes da competitividade
industrial intrínsecos à indústria brasileira de tratores agrícolasl e colheitadeirasl. Para
isto, baseia-se no estudo de suas empresas e, em especial, na capacidade destas estarem
aptas ou não a adotar estratégias que lhes permitam desenvolver e sustentar vantagens
competitivas. Deste modo, o desempenho competitivo desta indústria concentra-se no
fato de suas empresas apresentarem ou não capacitação tecnológica. Este trabalho foi
realizado a partir de uma ampla revisão bíbliogr3.fica sobre o assunto, além do
levantamento e sistematização de infonnações sobre esta índústria obtidas das entrevistas
realizadas junto as empresas, e das fOntes secundárias de domínio público.
O Jlf<lSlJ"lltc esmdo abrange a anahse apenas da indústria de tratores agncolas sobre rodas. niio mcluindo os uatores de e>!etra, po.s a paructpaçã<> destes e P"'l'"'llll. além dns l'lllpres(t;: produtorus destes equ<pamen!os estarem mai~ vo!!lldas para tãbncnçiio d~ múqumas d~ wnstrução.
() çstudo sobre colhcliJldcíra~ abmnge exclusivamente ~s cnlhcit.~dewls combullldas alltornotn:n:s de cereais e grilos (~oia. arr<)>\ rmlho ~ lngo), pois os outros tipos d~ co!ftertado..>iras automotrizes ~presentam parucipação m~ígniticantc na pr()duçà<l, Alem cl!s;<>, remos " fato das l'ffipn:sas tilbricames dns collie!tadem!s automorrv_e~ de .::crca1~ e ,.'Tãos, serem tmnbém !~Jbncantes de trator~-, :<gn<'.;l!as -sohre nx!as_ ou estarem ligadas a e8tes Também_ niio tncluímos no "Sludc>. as ti>lheitadeims rebocadas. JX>r constdemr-se que c•sias J~'"'·"'m sa dassíficad.m como ímpkmt.'lllOS,
O presente trabalho está dividido em seis capítulos, descritos sucintamente a
segutr. No primeiro capítulo, tratamos da evolução da indústria brasíleira de tratores
agrico!as e colheitadeiras, desde o início de suas atividades até a atual estrutura de
mercado. Para isso indica-se o peso das atividades dos fabricantes do setor na
composição da produção industrial, nível de emprego, e crédito agrícola, entre outros.
Indica-se também a produção, vendas internas e exportações de tratores agrícolas e
colheitadeiras. Neste capítulo destaca-se a relevância desta indústria, não só para o setor
industrial, mas também para a agricultura brasíleira. Por último mostra-se, quais são as
empresas existentes, suas participações nas vendas e a dístribuição de revendedores por
região.
Na seqüência temos o segundo capítulo, que apresenta um panorama da indústria
brasileira de tratores agricolas e colheitadeiras através da caracterização geral de suas
empresas, mostrando o histórico, o controle acionário e as principais áreas de atuação, de
cada uma delas.
No terceiro capítulo, analisa-se primeiramente a forma de concorrência desta
indústria, mostrando que as empresas concorrem basicamente através da diferenciação de
produtos, combinados com as economias de escala em nivel da planta industrial. No caso
de tratores, esta competição se da dentro de faixas bem definidas de potência. Destaca-se
também a grande importância das estratégias de comercialização e assistência técnica.
Em seguida, procura-se mostrar as estratégias competitivas que visam prioritariamente a
reestruturação das empresas brasileiras. Reestruturação esta que procurou não apenas a
superação das f:,rraves crises pelas quais esta indústria passou, mas principalmente a
capacitação destas empresas para enfrentarem a concorrência externa.
No quarto capítulo, vemos inicialmente a evolução tecnológica na indústria de
tratores agrícolas e colheitadeiras. Posteriormente avaliamos quais as estratégias
tecnológicas adotadas pelas empresas desta indústria, e se estas visam a capacitação, no
que se refere ao desenvolvimento e adaptação de novos produtos e processos.
Finalizamos avaliando o grau de importância da pesquisa e desenvolvimento (P&D) e da
qualidade para estas empresas.
O qumto capítulo procura mostrar o processo de nacionalização e reestruturação
da Iochpe-Maxion, e como estas iníciativas permítiram que esta empresa consolidasse
sua liderança na indústria brasileira de tratores agrícolas. Destaca-se também as
2
estratégias de reação das empresas concorrentes, e de que maneira estes movimentos
competitivos levaram a dinamização deste importante setor industriaL
Finalmente, o sexto capítulo apresenta as conclusões sobre quais os fatores que
explicam a competitividade da indústria brasileira de tratores agrícolas e colheitadeiras
automotrizes.
3
PARTE I
ESTRUTURA DA INDÚSTRIA E SUAS EMPRESAS
L E:VOLUÇ.:\0 DA INDÚSTRIA E: ATUAL ESTRUTURA DE MERCADO
1.1. Evolução da Indústria Brasileira de Tratores Agrícolas e Colheitadeiras
No Brasil, antes de 1960, não havia produção local de tratores. sendo
conseqüentemente o mercado interno atendido por importações. A agricultura brasíleira
apresentava baíxo índice de mecanização, possuindo em 1960, uma frota de pouco maís
de 60 mil tratores.
Em 1960, foram instaladas as primeiras indústrias de tratores de rodas no pais,
dentro do processo de industrialização por substituíção de importações que levara, na
década de 50, à implantação local das indústrias automobilísticas e de autopeças3• A
produção local de tratores torna-se possível pelo nível de demanda verificado na década
de 1950\ quando ocorreu a expansão da produção agrícola (alimento e insumos
industriais) e a abertura de novas fronteiras agropecuárias nas regiões Centro-Oeste e
Norte do país. Devido a esta expansão, a importação de tratores, atíngíu em 1960, mais
de 4°/o do total das importações brasileiras (ANFAVEA, 1985). Nos anos 60 a agricultura
brasileira absorveu a produção da indústria local e ainda manteve as importações como
complemento das necessidades do mercado de tratores. Em 1965, teve inícío a produção
interna de colheitadeiras automotrizes de cereais, também dentro do processo de
substituição de importações.
A partir de 1970, a demanda nacional de tratores agricolas passou a ser totalmente
atendida pela produção doméstica. Juntamente com este fechamento das importações, a
década de 70 caracterizou-se pela rápida expansão do mercado, e conseqüente
crescimento da produção interna de tratores agrícolas, que atingiu o auge em 1976. De
1970 à 1976 a produção brasileira de tratores de rodas cresceu maís de 350%, como
podemos verificar no Gráfico 1 A produção de colheitadeiras automotrizes, também
apresentou uma espetacular expansão neste período, ficando a produção anual de 1970
multiplicada por lO até 1976"
Em !959, lúi msll!mdo o l'hmo Nacional da Indústria de Trutores Agticolas pek• lJEIA (Grupo E~ecuttvo da Indústria Autom<JlJihstiwJ) que prwilegmu a produção naciOnal atraVé5 de mecam~moo JisCal$ e reserva de mercado (Nojímow, 1987: 112-113)_ 4 A tmponação anUal média durante a db.::ada de :SO cru de 8.500 tnnores (mclumdo trutores nxi<Y>1itri\1Sl <A.NFAVEA_ 19!15)_
5
IJNIDAOES
1 uu~u
GRÁFICO! BRASIL- TRATORES AGRÍCOLAS:
PRODUÇÃO, VENDAS INTERNAS E EXPORTAÇÕES 1960-1993
v
1\ r.,
1\
o~ 61 62 61 ~~os 66 s; os ss 10 n 12 n H 75 n n 7a H ao 61 a2 83 a~ as a& Hl aa as ~o s1 sz sJ ANOS
Esse histórico ciclo de crescimento, foi ocasionado pela grande expansão da
economia brasileira na primeira metade dos anos 70, o chamado "milagre econômico", e
pela política de crédito agrícola, que apresentou uma grande expansão neste período. Na
Tabela 1, verificamos que, além da expansão do crédito agrícola como um todo, houve
aumento na particípação do crédito agrícola para investimentos, onde se inclui o
tínanciamento para compra de máquinas agrícolas. Este chegou, em 1975, a atingir quase
um quarto do volume total de crédito para agricultura.
I
TABELA 1 BRASIL -CRÉDITO AGRÍCOLA PARA INVESTIMENTOS
1970- I 990 ANO CREDITO PARA. INVESTIMENTO
US$ mil !970 972.888 1975 5_041_714
1980 3.733.701 1985 ]_552_175
1990 483.911
"' Pm-üe-ipaçilo do cre<hto pura investimento no lotai de cn':dtto agricola. FONTE: Elaboração próprm~ a partir de dados da ANF AVEA
Partic. (%)* 17,1 24,8 14,3 9,6 7,0
A política oticial de financiamento e investimentos retraiu-se a partir da segunda
metade da década de 70. Sendo que, em 1980, a participação do crédíto para
investimentos havia caido para 14,3% do total. Apesar disto, verificamos no Gráfico l,
6
que a produção nacional de tratores contlnuava num patamar superior a 50 mil unidades
anuais. Entretanto, desde de 1977, devido a queda da demanda interna, boa parte da
produção passou a ser destinada ao mercado externo.
Em 1981, as vendas internas caíram quase 50% devido a recessão que havia se
iniciado na economia brasileira. A queda da produção de tratores somente não foi maior
graças às exportações, que atingiram o auge neste ano, quando foi exportado um quarto
da produção brasileira de tratores agrícolas. Desde então tivemos uma queda do volume
exportado, que voltou a se recuperar a partir de 1984, até 1988, ano em que foram
exportados mais de 9 mil tratores. Mas as exportações se retraíram novamente a partir de
1989, devido ao início da recessão mundial. As vendas internas também voltaram a se
recuperar apenas a partir de 1984, com a retomada do crescimento da economia
brasileira. Estas vendas cresceram até 1986, ano do Plano Cruzado. Neste ano foi
atingido o auge da produção de colheitadeiras automotrizes, como é indicado no Gráfico
2. Verificamos que, de um modo geral, as vendas internas de colheitadeiras automotrizes
acompanham as vendas de tratores. Isto se deve ao fato destes dois mercados serem
complementares, e assim influencíados pelas mesmas variáveis econõmicas.
GRÁFIC02 BRASIL- COLHEITADEIRAS AUTOMOTRIZES:
PRODUÇÃO, VENDAS INTERNAS E EXPORTAÇÕES 1976*-1993
7000
sooo
5000
4000 UNIDADES
3000
2000
1 000
o
~ l\
_.).
~ I
"
/ -_,;
" 1\. 5--" " r-... 1/ 1'. 1\
~ 1\\
~ ~
76 77 7[1 79 80 81 B2 83 84 B5 86 87 88 89 90 91 92 93
ANOS
+ PRODUÇÃO --li-VENDAS INTERNAS -.-EXPORTAÇÕES
* lntOrmaçõe~ sobre co\henademls dü;poniwis apenas a parur de t 976. FONTI;:; Elahmaç;lo prúpna. a partn de dados da ANF AVEA
7
A partir de 1987, ano a ano temos uma diminuição do crédito agrícola como um
todo, e do crédito para investimento em particular. Em 1991, este Ultimo, representava
apenas um décimo do volume de crédito liberado em 1986, como pode ser visto no
Gráfico 3. Neste período, temos uma queda nas vendas internas de tratores, e
conseqüentemente na produção. Não se conseguiu compensar esta queda com o aumento
das exportações, pelo contrário, estas também cairam no final dos anos 80.
GRÁFIC03 BRASIL -EVOLUÇÃO DO CRÉDITO AGRÍCOLA
1985-1993
US$ MILHÕES
25000
20000
15000
10000
50()0
' !985 1986 1987 !988 1989 1990 1991 1992 1993
ANOS
B inveslnnento m custeio • corrercializaçiio
FONTI,:: .Elabomção pmp11a a part1r de dados do Banoo Central do Bms!l.
No biênio 1991·1992, esta indústria atíngiu rnna situação dramática, tendo um
nível de produção próximo ao registrado em 1970, ano em que a indústria estava
iniclando sua fase de crescimento. A indústria de colheitadeiras automotrizes também
enfrentou uma vertiginosa queda nas vendas, atingindo em 1991 seu menor nivel de
produção dos últimos 20 anos. Os problemas da indústria brasileira de máquinas
agrícolas, podem ser resumidos no Grático 4, onde verificamos urna constante queda da
produtividade de 1986 até 1992. Em 1986, cada empregado desta indústria produzia 2,4
máquinas/ano, sendo quase o dobro da produtividade registrada em 1992.
8
GRÁFIC04 BRASIL - INDÚSTRIA DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS* PRODUTIVIDADE
1976-1993
90000
80000
?0000
60000
51](100 PRODUÇÃO
40000
30000
20000
1 0000
il 76 n 78 79 ao 01 az 83 134 as as 87 aa asso st sz 93
1111 PRODUÇÃO --+---EMPREGO
!ochn u produção d~ truwr<!s de rodas. de esteiras. cultivadon.-~ mowm:ados e colheitadeiras. FONTE: Elaboração própna. a part!r de dados da ANFA VEA.
30000
25000
20000
15000 NÍVEL DE EMPREGO
10000
5000
Apesar das grandes diticuldades, a indústria brasileira de tratores agrícolas e
colheitadeiras apresentou, no ano de 1993, uma significativa retomada do crescimento.
Neste ano as vendas internas de tratores agrícolas cresceram aproximadamente em 80% e
a de colheitadeiras aumentaram em mais de um terço. Esta recente expansão da produção
se deve basicamente a retomada do crescimento da economia brasileira e também a
criação de uma linha de crédito para financiamento de máquinas agrícolas pelo
FINAME5, como pode ser visto no Gráfico 5. Atualmente o FINAME Agrícola6 responde
por aproximadamente 90% dos vendas de tratores agrícolas e colheitadeiras no Brasil
(Gazeta Mercantil, 30107193).
() FINAJ.\.1E (Agihtcía Espocial tk Financiamento lndw;trial), é urna subsidüi.ria do Sistema BNDES (Banco Nacional de D~..,envoJvimmlto EcunomJco c Social), cnada em l%4. e que tem por <1b_1etivo fmanciar a aqw~iyão tk máquinas e <l<jutpamenl<Js, ,Jmpa:r.:m<.lo J~to modo o setor naciooal prudutor de b<.."!l-~ de C<!fH!al (Bl'<'DES Svstcm 1992)_ (, FINA.ME-,\gncola é o nome dado a hnha de crédito cnada pelo FINAME, mn 1990_ para financ1ar a aquisiçã<l de má•]UinaS c equ<pamtmtos agrícolas por empresas, cooperatr>a~ e [>e$00l!S tls>cas e<Jm efetiva aruação no setor agrícola. Os recunlos deste prüfl.!<lllill vem do on;<amento do FINJ\l\.1E/BNDES, e !imtm oomplementudoo, a part1r tk I 994_ com recUfllo-S do FAT-Fundo de A.rnparo uo rrabalhudor. Atualmente. o F!NAME fimmcm 70% do valor das milquinas agncolas nas regiôes Sul e SudC!;\e. e 80% nas derna1s rc,_,uóe5, cmrl pl1lZ\) máxmw de 5 (lfiQ.' pam pagamento, rea_l\L~tado pda TR. mais l \%ao ano !,Gazeta M~'fcanuL 27112/93 e 29/03/94')
9
GRÁFICOS FINAME- PARTICJPAÇÃO DO PROGRAMA
AGRÍCOLA NO TOTAL DE OPERAÇÕES 1990-1993
1800 1600
1400 1200
US$ 1000 M!LHÕES 800
600 400 200
o 1990 1 991 1992 1993
ANOS
I• agri cola E1 outros j FONTE: .Elaboração própria a part1r de dados do FINAM .. E ..
Verificamos, que de um modo geral, as vendas internas de máquinas agrícolas
acompanham o desempenho da economia brasileira como um todo. Entretanto, a variável
que explica de maneira aínda mais significativa a demanda interna destes equipamentos é
o crédito agricola, mais especificamente a sua parcela destinada ao investimento (Rocha,
1986). O Gráfico 6, demostra que as vendas de máquinas agrícolas acompanham as
variações do crédito para investimento. A retomada das vendas em 1993, por exemplo,
foi precedida por um aumento no crédíto que havia ocorrido no ano anterior.
!O
GRÁFIC06 BRASIL- VENDA DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS*
E O CRÉDITO AGRÍCOLA PARA INVESTIMENTO 1985-1993
70000 4500
soooo 4000
3500 50000
3000
40000 UNIDADES VENDIDAS
2500
2000
CRÊDITO EM US$ MILHÕES
30000
1500 20000
1000
10000 soa
198519861987198819891990199119921993
---111--- venda de máquinas ag:ri cola$ --+-crédito p/ investimento
~ MáqUinas agricolas mducm: Ullton.\s de roda. lra!Ol"ell de estetr.l_ colheitadeiras c oulln<adores mQtonzudos_ FON11'> Elaboração própria a p11rtír de dildos da ANFAVEA ~do B8nctl Central do Brasd.
o crédito agrícola para investimento não e destinado exclusivamente para o
financiamento de tratores agrícolas e colheitadeíras. Estes equipamentos são responsáveis
por uma parcela signiticativa do crédito total para investimentos, tendo esta parcela
variado significativamente nos últimos anos, como pode ser visto no Gráfico 7
GRÁFIC07 BRASIL- DISTRIBUIÇÃO DO CRÉDITO AGRÍCOLA PARA INVESTIMENTO
1990 E 1992 .-------------, .-------------,
19%
77% 30%
j11 tratores El colheitadeiras • outros lllll'otores m colheitadeiras • outros
Ff)N"fli: Galx>rayâ(> prnpríll a pamr Jc dados do Banco Ccntrlll do BraúL
11
Entretanto, apesar do volume de crédito destinado para tratores agrícolas ser uma
parcela variável do total de crédito para investimento, ambos possuem uma alta
correlação com a venda destes equipamentos, como é visto no Gráfico 8. Assim sendo,
corrobora com a afirmação apresentada anteriormente de que o crédito para investimento
é: a vanável explicativa básica da demanda interna de máquinas agrícolas.
GRÁFICOS BRASIL- COMPARATIVO: VENDAS INTERNAS DE TRATORES AGRÍCOLAS
COM CRÉDITOS PARA INVESTIMENTO E SUA PAR CELA DESTINADA AOS TRATORES AGRÍCOLAS
1985-1993
CRÉDITO EM US$ MILHÕES
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
o 1965 19BS 1967 1968 1989 1990 1991 1992 1993
ANOS
50000
45000
40000
35000
30000
25000 UNIDADES VENDIDAS
20000
15000
10000
5000
o
~crédito p/ tratores -outros créditos • vendes internas
FONTE daboração própria a partir <k dudm; da ANFAVFA e Uo Bunco Crntrlil do Hrasd.
12
1.2. A _Mecanização da Agricultura Brasileira
A agricultura brasileira é um dos setores em que a economia nacional demonstra
grande vantagem competítiva, principalmente nas culturas de cana, café, milho e soja. De
manetra geral, a agricultura apresentou nos últimos 30 anos significativos ganhos de
produção e produtividade, como vemos na Tabela 2.
TABELA2 AGRICULTURA BRASILEIRA: PRODUÇÃO E PRODUTIViDADE
1964-1988
I I
LAVOURAS
i I
I ARROZ 2
I FEIJÃO 2
I :vllLHO 2
1 CAFÉ 2
1 TRIGO 2
1 ALGODÃO 2
1 SOJA 2
1 CANA 2 . · l l"roduça<J em 1 000 toneladas .
]:_ Pmdull'>idade em K_g!ha.
PERÍODOS
1964-69 1974-1979
6.594 8.031 1.511 1.430 2.261 2.172 656 504
11.871 !6,582 L317 1.487 2.696 2.280 l.116 Ll38 784 2.591 867 830
1.904 1.672 486 439 642 10.215 L094 L514
74.497 112.241 45_150 50.559
FONH~ Elal;..:.>ração propna a partir de dados do lBGE_
Posição do Brasil na produção
1984-1988 mundial
10.130 1.833 9 2.455 451 2
23.043 1.830 3 3.158 l 175 I
-Ul5 1.553 9 2.302 800 6
16.434 1.697 2
147.199 61.908 I
O Brasil possui 851 milhões de hectares de terra, dos quais, aproximadamente
550 milhões, são terras agricultáveis. Apesar do bom desempenho da agricultura
brasileira, apenas 10% destas terras agricultáveís, em tomo de 50 milhões de hectares,
são cu!tivados (Mialhe & Santos, 1987: 23-24 e Nojimoto, 1987: 97-98).
Além disso, devemos verificar que o índice de mecanização da agricultura
brasile-ira, quando comparada aos países desenvolvidos, ainda é baixo, como pode ser
visto na Tabela 3. A indústria de tratores agrícolas e colheitadeiras apresenta grande
importância para a agricultura, fornecendo a esta grande parte dos seus equipamentos de
13
produção7. Estes equipamentos representam para os agricultores, tanto um investimento
quanto uma inovação, fornecendo assim o patamar básico para as mudanças estruturais
nas atividades agrícolas. Deste modo, esta indústria é importante para o desenvolvimento
agrícola do país.
PAIS
! Mundo ' ! I Brasil
Argentina Canadá EUA França Reino Unido
1' ,. ' FON \'E_ ANT AV lA
TABELA3 MECANIZAÇÃO DA AGRICULTURA MUNDIAL
1990 AREA CULTIVADA FROTA
(1.000 ha) Tratores Colheitadeiras (AIB) (A) (8) (C)
1.350.023 26.544.464 3.979.l03 50,9
47.666 515.815 46.000 92,4 25.000 203.000 48.500 123,2 45.870 780_000 155.500 58,8
187 881 4.749.000 665.500 39,6 17.989 L465.000 153.000 12,3 6_607 505.000 49.000 13, l
(A/C)
339,3
1.036,2 515,5 295,0 282,3 117,6 134,8
Por outro lado, ao se verificar a evolução da mecanização agricola brasileira nos
últimos trinta anos, como é apresentada na Tabela 4, constatamos que esta apresentou um
crescimento excepcional, ficando a frota brasileira de tratores agrícolas quase
multiplicada por lO.
TABELA4 ÍND!CE DE MECANIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASlLEIRA
1960 1990 -ANO AREA CULTIVADA FROTA h'IDICE DE
(1000 ha} tratores agrícolas MECANIZA CÃO (unôdades) (ha/trator)
\960 25.671,7 62.684 410 1965 31.637,3 76.691 413 1970 34,911,7 97,160 359 1975 41.811,1 273.852 153 1980 47.640,6 480.340 99 1985 49.528,7 55 L036 90 1990 47.666,4 515.815 92
.,_ ' ' ' l ONTE. _E!ab<.m•çao propna, a par!!r de dados da ANFA Vl~A
Apenas para se manter a atual frota de tratores agrícolas, tomando-se como base
uma vida útíl de 15 anos para estes equipamentoss, seria necessáría uma produção
7 O trator representa a cssênclU do proces~o do mecanuao;:~o da agricultl.lnl. sendo L"l'llrolllnto um cqui~meuto de uso gcn~nco. A especllícidade da sua utilização e dada pelos implementos que a ele são adap111dos (M.ialhc, 1980). R A Yida Ulil dos tratore~ ti::ll c;;tabelec!da como bmm na pesquisa reali7_ada por Rocha (\986: 54-l).
14
superior a 33 mil unidades/ano, sendo este um volume com 1 O mil unidades a mais do
que se produziu, em média, nos últimos 5 anos. Entretanto, como vimos no tópico
anterior, este período é marcado por uma grande queda das vendas, tanto internas como
das exportações.
GRÁFIC09 PRINCIPAIS MERCADOS MUNDIAIS DE TRATORES AGRÍCOLAS
1987-1990
120000
100000
80000
VENDAS INTERNAS DE 60000 TRATORES
40000
20000
o
11EUA
1!11 ESPANHA
1987 1988 ANOS
1D FRANÇA • BRASIL
IT1 REINO UNIDO • CANADÁ
FONTE: El3bmação própna ~ purt•r dtl dados da lochpe-/1.-laxion S,A
1989 1990
O ALEMANHA
Apesar deste baixo nível de produção dos últimos anos, na década passada o
mercado brasileiro de tratores agrícolas se encontrou no mesmo patamar dos mercados da
França e da Alemanha, disputando com estes a segunda e a terceira posição,
respectivamente, corno pode ser visto no Gráfico 9. Em 1994, assim como em 1986, o
15
Brasil se tornou o segundo mercado mundial de tratores agrícolas, estando atrás apenas
do mercado norte-americano9.
Podemos concluir que o Brasil é um dos grandes mercados mundiais de máquinas
agrícolas. Além dísso, apresenta um grande potenctal de crescimento deste mercado tanto
via aumento da área cultivada, como através da elevação do índice de mecanização da
agricultura. Este potencial de crescimento do mercado de máquinas agrícolas poderá
permitir que a retomada do desenvolvimento na indústria brasileira de tratores agrícolas e
colheitadeiras, iniciada em 1993, se torne sustentáveL
') Nà(} C\lllS!derumos os mercados dos países do Leste Europeu e da China, pelo futu dos equqmm<."TIWs pn:xi=dos nestes pm~es s<rrem !L'1.mologJCamcntc atrasados em comparayão com os modelo.• pmdu:ridos nn.<; pa1~es ocld~'flla!S. fambem 11âo cons1deramoo " mercado Japonês. po1s ~ua agricultura apresenta <lll.tacierishcas muito peculiares. fazendo com que u maior pane dos SL'li'l <:qutpametltos sejam de IJI>H!ncia extremamente baixa 1Nojimoto. 1987: 58-72>.
16
1.3. Estrutura de Mercado da Indústl"ia Brasileira de Tratores Agrícolas e
Colheitadeiras
A indústria brasileira de tratores agrícolas e colheitadeiras é responsável pela
produção das principais máquinas e equipamentos fornecidos pelo complexo metal
mecânico ao complexo agrícola. Deste modo, esta indústria também passa a fazer parte
do complexo agroindustrial como a maior e mais importante fornecedora de bens de
capital para a agricultura. Por outro lado, os bens de capital seriados produzidos por esta
também são veículos automotores, sendo a razão pela qual as empresas que atuam neste
mercado fazem parte da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores). Assim, podemos verificar que esta indústria localiza-se numa região de
fronteira entre diferentes indústrias e mesmo entre diferentes complexos económlcos,
como é visto na Figura 1.
FIGURA 1 A INDÚSTRIA DE TRATORES AGRÍCOLAS E COLHEITADEIRAS
COMO REGIÃO DE FRONTEIRA
Complexo Agrícola
4
Veículos Automotores
Bens de Capital
1. Tratores Agrícolas e Colheitadeiras 2. Veículos Comerciais Utilizados pelo Complexo Agrícola 3. Implementos Agrícolas 4. Veículos Comerciais Pesados
J'qnte. Elaboraçilo prúprm
17
Na classificação da ANF A VEA (1994 ), com um faturamento de US$ 1.740
milhões, a indústria de tratores a&,rricolas e colheitadeiras responde por 10,5% do total de
vendas do setor de veículos automotores no BrasiL Além disso emprega mais de 13 mil
funcionários e seus investimentos representam 8,5% do total investido pelas empresas
filiadas a ANF A VEA
Devido as caracteristicas peculiares existentes entre a indústria de tratores
agrícolas e a de colheitadeiras, apresentaremos a seguir, em separado, a forma com que
estas indústrias estão estruturadas_
A estrutura de mercado na indústria brasileira de tratores agricolas apresenta a
forma de oligopólio, com sete empresas atuando na fabricação destes equipamentos:
lochpe-Maxion, New Holland, Valmet, Companhia Brasileira de Tratores (CBT), Agrale,
Yanmar, e Müller_ No Gráfico lO, verificamos a atuação destas empresas no mercado
brasileiro_
GRÁFICO lO BRASIL- F ABRI CANTES DE TRATORES AGRÍCOLAS
PARTICIPAÇÃO NO MERCADO INTERNO 1993
25%
•lochpe-Mwdon
DVolmet
• New Hol!and
OCBT
IIAgra.le
E!Yanmar
• Müller
FONTE: Elaboração própna, a part1r de dados da ANFA VéA
Verificamos, no Gráfico 10, que apenas uma empresa, a lochpe-Maxion, responde
por quase 50% do mercado brasileiro de tratores agrícolas. As três maiores empresas
juntas, somam aproximadamente 90% das vendas internas, o que revela um mercado
oligopolizado altamente concentrado. Destas empresas líderes, duas são estrangeiras
(New Holland e Valmet) e a maior (lochpe-Maxion) é uma ex-subsidiária de uma grande
18
mu!tinacional canadense, que fOi nacionalizada a partir de 1984, como veremos no tópico
5. 1. A estrutura da indústria de tratores agrícolas no Brasil, vem se alterando nos últimos
anos, mas de modo geral, a maioria das empresas tem mantido suas posíções relativas,
como podemos observar no Gráfico 11.
! 30000
I
! 2.5000
I,,, ! 15000
I
10000
5001)
GRÁFICO li BRASIL- PRODUÇÃO DE TRATORES AGRÍCOLAS POR EMPRESA
!960-1993
I 1/ 1\
I ;~ 1\~ 1\ \'k\ /
v ' ,\ / [\: /
" / v ~
50 61 62 63 64 65 66 67 66 69 70 7! 72 73 74 75 76 77 76 79 60 81 82 83 64 85 86 87 66 89 90 91 92 93
ANOS
-+-llgrale
-*-- Valrre!
-11-CST ..........,....Yanmar
--..- New HoUand ~ lochpe-Ma><ion
-+-Müller
FONTE: Elabumçáo prúpna, a parllr de Jados da ANFAVEA
Os tãbrlcantes de tratores agrícolas estão concentrados em quatro estados da
federaçãoW. A maior parte (três empresas) se localiza em São Paulo, mas também
devemos destacar que é no Rio Grande do Sul que esta instalada a maior fabricante de
tratores, a Iochpe-Maxion. Este critério de localização fabril se deve a proximidade dos
mmores centros industriais do país e, principalmente, do mercado consumidor, como
pode ser visto no Gráfico 12.
\'iJlrrJcL L'JJT e Yanmar \S P '!. Iodl}">C"MaxÍ\m e Agrale iR. S.). :;-.Je" l!ollaml!P.R.) e Múllcr ilU \
19
GRÁFICO 12 TRATORES AGRÍCOLAS- VENDAS E REDE DE DISTRIBUIDORES POR REGIÃO
1993
REGIÕES
H JNJF Elahor..lçàü pmpna a parnr de tladns da ANFAVEA
11 Rede de OistribU!ção
11 Vendas
Também verificamos, no Gráfico 12, que a distribuição geográfica das redes de
revenda procura acompanhar a participação regional das vendas. Assim, como mais de
70% das vendas ocorrem nas regiões Sul e Sudeste, as concessionárias concentram-se
nestas duas regiões li.
GRÁFIC013 BRASIL- FABRICANTES DE COLHEITADEIRAS AUTOMOTRIZES:
PARTICIPAÇÃO NO MERCADO INTERNO 1993
35%
lllochpe-Maxion
liSLC
11 New Holland
FON"IF El~boraçiío pmpna. a pantr de dados da ANF A VEA
li N~~~~~ duas reg1ões l~'m<>'i. aproxnnudamcnte_ um trat<>r para cada 5o hccl<ln:~ de !~'"!""fa cul!ívad~. uma medm ma1or que J d<> ngncuhura ~a:n.adl'tlSC c proxm:>a a n\>rtc-mncncana 1Nopmoto. 19R7: 2()2).
20
As colheitadeiras automotrizes de cereais e grãos12 passaram a ser fabricadas no
BrasiL a part1r de 1965, e como vimos anterioiU1ente, houve grande aumento do volume
produzido durante a década de 70, atingindo uma produção em tomo de 5_000
unidadesrano na década de 80. Atualmente estão instalados no país três fabricantes destas
colheitadeiras: Iochpe-Maxion, New Holland e SLC. A participação destas empresas no
mercado brasileiro, pode ser vista no Gráfíco l3.
Podemos verificar que este é um mercado oligopoiizado muito concentrado, pois
está dividido apenas entre estas três empresas. Além disso, o mercado brasileiro de
colheitadeiras automotnzes estâ repartido com certo equilíbrio. o que mostra uma
homogeneidade entre as empresas. que de acordo com o Grático 14, vem se mantendo ao
longo do tempo.
GRAFJCO 14 BRASIL- PRODUÇÃO DE COLHEITADEIRAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA
1976-1993
3()00
25()0
2001]
UNIDADES 1500
1 ütlO
500
o
/ "' .- f'., I
~ ~ I" 1\ ?- r\
~ 1\ \ v v N ~ ~ ~ "
76 77 78 79 80 81 62 63 84 85 86. B7 86 6'3 '3il 91 92 93
ANOS
• lochpe-Maxion ---i!'l-- SLC & New Holland
H J~TJ . l· Jubomç.'h.> propria a partir de dados da J\i'.fFA VEA
" '- ,\ (<llhclladcJra ;mlomom·t C um;1 m<l<JU!na Illal" ~ompkx11 ~ c~pt:<:ificu que<> trul<JC 1anando ck acnnJu com '' li)'' <k ~t!l1Um em ,1uc ,~m unlva<tl No caso d,,.,; colh~uadc!ras uutom<>U'17Ç> de ccrc<u< c griins. nb1et<> J~ nc"so c,;tu<lo_ "~"~~ uma lllJJ(lf lkxrhiiHl<l<k. !1\11~ mawem-~~ <! mesmo projeto. com pequcn;'" mudanças para que ela se ~dapte as cul!um,; Jc :;o_1u. arro;c_ mllho c trlf'-O ; Mwlb,c_ I ')~1·1': /\,; ~olhcü«ili.'1WS de algodão aprc~cntam uma aphç,1çii(l rnms Df!lda_ ~ntrcramo nilo silo ti~bricadas ll(l 11rasd. oenJo >lllf">rllidns Jc nurro• JYdlS<:~. pnm:tp,dm:ente Fl!A
21
Dos três fabricantes de colheitadeiras automotrizes, dois se localízam no Rio
Grande do Sul (Jochpe-Maxion e SLC) e um no Paraná (New Hol1and). Evidenciando-se,
assím, que o critério básico utilizado na localização das plantas fabris desta indústria tem
sido a proximidade com o mercado consumidor. Mais recentemente, a expansão das
lavouras de soja para o Centro-Oeste, levou estas empresas a realizarem importantes
investimentos na área de comercialização, nesta região.
Por último, devemos destacar um fator de grande relevância: duas das três
empresas fabricantes de colheitadeiras também são fabricantes de tratores de rodas 13 . Isto
se deve ao fato de que o processo de fabricação de colheitadeiras é extremamente
semelhante a fabricação de tratores, havendo a.<;;sim uma convergência da base técnica
(Fonseca, 1990: 199). Deste modo, existe uma tendência à horizontalizaçào da produção,
com os fabricantes atuando nestes dois mercados complementares. Entretanto, apenas a
New Holland combina os dois processos de fabricação na mesma planta industrial. Na
Iochpe-Maxion, a fábrica de tratores em Canoas (RS) localiza-se a mais de 600 Km de
Santa Rosa (RS) onde está localizada a planta industrial de colheitadeíras, entretanto,
existe uma sínergía entre estas duas tãbricas, como veremos no tópico 3. 4.
A U<JH.;a =•pn.-·sa que n:1o Jillmca tratores c a SLC. cntretamo tem 20% do S<-'U C<l.pltal controlado pela mawr ltlbncame <.k mnores agrteo!ns do mundo_ a John lkere. dos EIJA
22
2. CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS
Uma característica marcante dentro da indústria brasileira de tratores agrícolas e
colheitadeiras automotrizes é o fato de suas empresas apresentarem grandes diversidades
entre sí, corno pode ser visto no Quadro 1.
QUADRO I BRASIL - ESTRUTURA DA INDÚSTRIA DE TRATORES AGRÍCOLAS
E COLHEITADEIRAS
I EMPRESA NÜMERO
~ DE
'
FÁBRICAS ' ' '
~ AGRALE ~
5 (RSl
I I CBT1 I (SP) I
I IOCHPE~ 2 (RS)
11 MAXlON
I' NEW I {PR) HOLLAND
SLC • (RS) ~
I
I. VALMET I (SP)
I
YANMAR I tSP)
MÜLLER2 2 (RJl
I . ' l Daili>s relerl"nte:> ,ro anc d~ 19) L ::'. Dadus rekrentes ao ano tle 1990
AREAEMm" CONSTRUÍDA
7·Ul!O I
' I ]()0_000 i i 98_000
I
I 5 UlOO
I I
I ll\.000
56.535
I 50.000 I I (J2.000 !
FONTE: Elabomçiíu própria a partrr ck Judos da ANFA VEA.
1993
CAPITAL F A TlJRM.fENTO N(JMERODE SOOAL LÍQUIDO EMPREGADOS (US$mill {US$ mil)
},g99 28.943 1.095
87 6.709 558
5_049 133_&82 2.118
2.94-ü 55.503 1.194
3.986 27.712 1.246
2.290 71.942 1_086
L955 6.373 440
1.759 13.007 667
A se,guir analisaremos o histórico de cada uma das empresas, o seu controle
acionário e suas principais áreas de atuação_
2.1. lochpe-Maxion S.A. · Divisão de Máquinas Agrícolas e Industriais
A maior empresa produtora de tratores agrícolas do país é a Iochpe-Maxíon,
através de sua Divisão de Máquinas Agrícolas e 1ndustriais, que produz tratores14 e
colheitadeiras, com as marcas Massey-Ferguson, Maxion e Ideall 5. Com vendas em tomo
deUS$ 224 milhões, em 1993, esta divisão respondia por 46% do faturamento total do
b'fllPO lochpe-Maxion, que foi deUS$ 488 milhões (Gazeta Mercantil, O l/02/94)
A Divisão de Máquinas Abrrícolas e Industriais, ê a antiga subsídiãria da
multinacional Massey-Ferguson, que havia se instalado no Brasil em 196 t para produzir
tratores e equipamentos agrícolas. Em 1984, foi iniciado o processo de nacionalízação da
fihal brasiJeíra da Massey-Ferguson. Processo este que se encerrou em 1989 quando o
grupo nacional Iochpe adquiriu todas as ações ordinárias16 que estavam em poder da
Varity 17, alterando o nome da ex-subsidiária para Maxion S.A. No ano de 1992. devído a
uma reestruturação interna da companhia, foi criada a Iochpe-Maxion S.A .. que é o
resultado da transferência de todas as participações aciomirias que a Companhia lochpe
detinha, para a sua controlada Maxion S.A., que assim se tomou a holding do grupo 18.
Depois deste processo de nacionalização e reestruturação, a Iochpe-Maxion continuou a
ser a maior empresa brasileira tàbricante de tratores agrícolas do país, respondendo, em
!993, por aproximadamente 45% deste mercado além de um terço das vendas internas de
colheitadeiras.
A Companhia Iochpe era um grande grupo financeiro, que controlava um banco e
uma seguradora. Entretanto, cabe destacar que mesmo antes da aquisição da Massey
Ferguson, este grupo já atuava no segmento de máquinas agricolas, controlando, desde
1978, a Indústria de Máquinas Agrícolas Ideal S.A., uma empresa tàbricante de
implementes agrícolas, fundada em 1953 e que passou a produzir colheitadeiras em
1969. Após a nacionalização da Massey-Ferguson, a Ideal passou a acumular. na sua
planta indlL'itrial de Santa Rosa (RS), a fabricação de todas as colheitadeiras do grupo 19.
Tratores aglico!as. flurcstms e mdustnms (relrCIC$CU\"adeuas e empilhadeiras'!. i\ marca Ideal é utiluada apenas em uma dus linhas de colhcl\adcnas ~mJdu:.m:lw; pda lochpc-Max"m
!6 i\~õ\l~ que possuem direlln a V<lh\ t.<tn e, <jllC reulmeme cuntro!am a empresa. Esta~. pm sua vez. n:prescn!am pdtl mGm>~ 15
l,q)l terço do ~;tpi!nl toU!l da empresa zDictorumo de Economta. !985) 1 1 Fmprcs<t canaden.<c que controlava o grupo Massey+erguson em mve! mundiaL mclu~"1VC a subsirh;iria brasJ!CJ.ru.. ))l Pam melhor a= li se do pmces~n de nactmwhzw;ilo c r~--estrutnml'>"io da 1\.fu:<ion. \L"f Cupítu)n 5. 19 /\ ldeul fm absor\lda peln grupo lnchpe-Maxmn, entretant<J e:<tste uma rL-de de concessmrumas !d~al. mLlL>pendente das qt1e wmerGt."lÍÍZam \l~ produto" lvfu:<wn e Ma~sev-F~gustm !Campo Aberto_ 11/91\
I[ li " 'I I 11 ii
li li 11
I, li i
I
lt
11
li 11
I I li
'
li
~ I I
i
I
DIVISÕES
WOTORES
RODAS E CHASSIS
FUNDIÇAOE COMPONENTES FERROVIÁRIOS El~ETRONICA
EMBARCADA
PEÇAS AUTOMOTIVAS
MAQUINAS AGRiCOI.ASE INDUSTRIAIS!
SERVIÇOS FINANCEIROS
SE{;l!ROS
lRAOING
FRUTICULTURA
.JOtNT-VENTURES2
QUADR02 ESTRUTURA DO GRUPO IOCHPE-MAXION
!994
EMPRESAS PLANTAS LL'lHA DE PRODUTOS CONTROLADAS INDUSTRIAIS
I OU ASSOCIADAS
i •Motores diesel para comercJaJs São Bernardo do leves, veiculas pesados, máqumas
Campo (SP) agricolas e rodoviárias; • •Marcas Perkins. Maxion.
Caterníllar e Geminí_ lochpe-Maxian Buenos Aires •Motores para linha GM de
Argentina ( 1 OO'h,) ( Amentina) comerciais leves.
Cruzeiro do Sul ·Rodas pesadas. chassis e longannas • (SP) para veiculas pesados. comercJats
I leves e tratores. lochpe-Maxion Ohio Cleveland e •Chassis e longarinas para veículos
inc. ( 100%) Janesville (EUA) nesados. comerciais leves e tratores. EASA-Estampados Buenos Aires •Chassis. longarinas e peças
Argentinos S_A_ (Argentina) estampadas de aço para indústria de {50%) autooet;as.
Cruzeiro do Sul •Vagões. rodas ' engates • (SP) ferroviários, além de engates
veícnlares_ CEV-Eletrônica Porto Alegre (RS) •Computadores de bordo. módulos Automotiva Ltda de injeção eletrônica. alarmes e
(100%) outros sensores. IM-Autopeças Contagem (MG) •Colunas de direção, levantadores
(80'-'/n) de vidro. bombas de óleo e água, coniuntos de alavancas e oedais.
Canoas (RS) e •Tratores agrícolas, florestais. • Santa Rosa (RS) industriais ( retroescavadeiras e
emoi!hadeiras) e colheitadeiras.
Banco lochpe S.:\. São Paulo (SP) •Apoio ils operações fmanceiras do ( 100'-'/o) gn:;oo.
Iochpe Seguradora São Paulo ( SP) •Serviços de seguro em geral. SA (100%)
' Sào Paulo (SP •Exportações de produtos do grupo_ Timbraz Inc. ( 100%) Miami (EUA) •Importações de peças e
co~vonentes para o grupO
liSA-Fruticultura e Porto Alegre (RS) •Produção de maçãs e participação Reflorestamento em programas de reflorestamento
Ltda (100%)
Riocell S. A. Guaíba (RS) •Papel e celulose. {29.2%)
EDISA-Hew!ett- Barueri (SP) •Computadores, calculadoras e Packard S.A. equipamentos científicos e de
(46,9%) automação bancária HP. ~ A pmpna h».:hpe-Maxwn_ qw: lambem~ a holdmg dn gi1Jp<J. l .luntarne:nre a c:;la w.miX-'111 temo-;;~ DÍ\'Í~ãü de Mil.qumas (_lp<.-'mlnzes que rcalu..a opera~óes de re!Omms de:MC$ equ1pam~'tlt<>S 2 /l.s Pf'JL'taçl>cs destas empresa~ cstdo sob controle dos outros ><>Cl<l~-J't)NTE Elabor~çàoproprm_
25
I
Na aquisição da Massey-Ferguson20, também foi incorporada ao grupo Iochpe a
Motores Perkins. Atualmente, a Divisão de Motores do grupo é a maior produtora de
motores díesel do país, com 32% do mercado, fabricando-os com as marcas Perkins,
Maxion, Caterpillar21 e Gernini22.
A partir da produção de motores, o grupo Iochpe-Maxion passou a se diversificar
em direção ao segmento de autopeças, adquirindo várias empresas no Brasil e no
exterior. Em 1993, comprou a FNV-Veículos e Equipamentos, além de equipamentos da
Rockell do Brasil -Divisão Fumagalli (Gazeta Mercantil, 08106193 e 2011!193). Neste
ano, também foram estabelecidas a Jochpe-Maxion Argentina, para produção de motores
e a EASA-Estampados Argentinos S.A, uma joint-venture com um grupo locaJ23 para
produção de chassis e estampados. No ano seguinte, foram adquiridas a Eluma
Autopeças24, a Midland Steel Products (EUA)25 e linhas de produtos da Cobrasma
(Gazeta Mercantil, 06/04194, 06105194 e 2!108/94). Ainda no ramo de autopeças,
destacamos a CEV-Componentes Elet.rõnicos, criada no inícío dos anos 90. Além destas
empresas, o grupo Iochpe-Maxion também possm a LLSA-Fruticultura e
Reflorestamento, a trading Timbraz (EUA) e as joint-ventures EDISA-Hewlett-Packard,
em mfonnática, e a Ríocell, no segmento de papel e celulose. No Quadro 2, verificamos
que o b'TllPO lochpe-Maxion foi estruturado de fonna multidivisional.
O grupo lochpe-Maxion, é uma companhia aberta, captando, inclusive, recursos
no mercado internacional de capitais26 . Entretanto, a família Iochpe tem o controle,
possuindo 64% das ações ordinárias o que representa 32,8% do capital total do grupo.
Em 1980. a Massey-Fcyguson incorporou o fi1bricante de motore~ Perkins. passando a :;e chamar Masscv-Perkius (Visão.
}f06189). Em l'J'/2. a DÍ\1$80 de Motores du !ochpe-Maxion fechou um contrato oom a CaterpiUar para !Omeccr. com exclusrqdude.
i(~os ""motores parn suas urudadcs pl"l)(.!w.idas na subsidiana bra.síleíra (EXMne, 19/íJB/92.65). 2.. Em 199-t a Dwisão de Motores da lochpe~M~x:iOJllb: acordo com a Rover G:n!up, para pwduzir o JH<Jlor Gemini .) no Brasil. Eota e a pnm~Jrd '<W qu~ a h\•ver contia a tàbncaçii<> de um m<>tordc ~ua marca a urna ou!m ~'"Illpresa (Gat.cta M~rcan\l!, 07104/941. 21 O grupo argcntlm' Armctal" [ndUstna Argentma de Mctak~ S.A (Ga<'.e!a Men.:an!lL JOI07/93t 2--t A Elunw ~i\ mw l-\1}% do seu c~pilul comprudo pdu lo·.:hpe-Maxi<m. fl'l'innclo u se dl!lmar IM Autopeç.us Lida. Os 20% ~C}W.ntes do seu cupilal e~l.[o em poder da FWt Automoveis (Gazeta Mercanhl, 13/04194\, _) Cqmpillda p<>r US$ 17 milhões. a Mídland SwcL chmna-sc atualmente Io.::hpe-Ma~ion Ohio Inc. (Gazeta Men:unnl. i16í!)5N4). 26 Em Je1we.m de 1993. o grupo !ochpc-MaxÍ<m enubu l.JS$ 45 milhões em eurobôm~~- que srto Utulos de divida \t-'"Ildidos diretamente no extenor. ~'lll moeda cs!nmgctm (Gaz~ta Mercant1l. 05/05193 c 17/0919.~)
26
2.2. Valmet do Brasil S.A.::7
A Valmet do Brasil, é uma subsidiária da empresa finlandesa Valmet Tractors
fabricante de tratores agricolas e motores diesel, que até 1993 pertencia ao grupo estatal
finlandês Valmet Corporation18. Em 1994, a Valmet Tractors juntamente com a Valmet
Transmec, fabricante de tratores t1orestais, foram transferidas para outra estatal
fínlandesa, a Siso~Auto, produtora de caminhões pesados, veículos militares e máquinas
portuárias. O faturamento esperado para esta nova empresa é de US$ 1 bllhão, sendo US$
550 milhões provenientes das Valmet e US$ 350 milhões da Siso-Auto (Gazeta
Mercantil, 07íl2/94).
Tendo um faturamento de US$ 190 milhões, em 1993, a Valrnet do Brasil
responde por aproximadamente 20% do faturamento do novo grupo (Gazeta Mercantil,
02í01/95). Além disso, responde por mals da metade da produção de tratores da Valmet,
que é realizada em três fábricas: Suolakti, na Finlândia; Montijo, em Portugal; Mogi das
Cruzes (SP), no BrasiL Deste modo, a subsidiária brasileira tem uma grande importância
estratégica para a matriz finlandesa.
Fundada em 26 de janeiro de 1960, a Valmet do Brasil foi a primeira fabricante
de tratores do país, apresentando sempre uma posição de destaque (Tendências, 1 976).
Nos Ultimes anos a sua participação nas vendas internas tem estado em torno de 25 a
30%, consolidando-se assim como o segundo maior fabricante brasileíro de tratores
agrícolas. Mais recentemente, em 1989, a Valmet do Brasil adquiriu a Implemater,
empresa paranaense tàbricante de implementes agrícolas, que passou a se denominar
Valmet lmplemater Ltda (Estado de São Paulo, 09112/89).
2.3. New Holland Latino Americana Ltda
Empresa fabricante das colheitadeiras New Holland e dos tratores a&'Tícolas Ford,
a New Holland Latino Americana é uma das dez empresas controladas pelo grupo Fiat do
Brasil, tendo faturado US$ 253 milhões, em 1993 (Gazeta Mercantil, 13/01/94). Ela é
27 Apesar de ser &>CJedadc Anônmm 1 S.A.) a Va!met do Brusíl !Cchou seu capnal em 1989 i Estado de São Paulo. 17/10/ll'l). IJm dtvcrsitlcado [)(lngl<lmL'md<! mdu.'ltrial [)(lffi opcmçõe;; nas áreas de máquliii.Is de papeL sistemas de autmruJç:l.o industrial.
mowre~ di<;~cl. cqUÍfl'llllCnlos de transp.me_ twtr>res ~grícolas e tlr>restaJs. ,1Uil>ffi()\'e!~ (jomt-n:nture com a SAAB). elevadO«:$ ihXll<llo~ua Uus\. anões de tremamento e m;mutençào de turbmas. teudo flnumdo. L'Til 1991. IJS$ 15 b!lhõcs (Uazetll Mercamil. i:\!]]!9]).
27
resultado de um acordo a nível mundial que ocorreu em 1991, com a aquisição da Ford
New Holland. empresa de máquinas agrícolas da Ford Motor Company, pela Fíat
Geotech29 . Assim, em 1991, surgiu a empresa holandesa New Holland N.V3°, sendo a
holding mundial do grupo Fiat para área de equipamentos agrícolas3 t e máquinas
rodoviárias. O faturamento global da New Holland N.V., em 1993, somando as suas 17
fábricas na Europa, América do Norte e Brasil, além das joint-ventures no Japão,
Paquistão, Índia, Turquia e México, tOi de US$ 3,5 bilhões (Estado de São Paulo.
27/07/94). No Brasil, as duas controladas desta holding são a Fíat Allis, filbrícante de
máquinas rodoviárias instalada na cidade de Contagem (MG), e a New Holland Latino
Americana, que respondem por mais de 10% das suas receitas.
Em 1992, houve a centralização das linhas de produto da New Holland Latino
Americana em Curitiba (PR), onde já se produziam as colheitadeiras, transferindo para
esta cidade a linha de tratores agrícolas que se encontrava nas instalações da Ford em São
Bernardo do Campo (SP), mas a fábrica de motores diesel continuou em poder da Ford
Indústria e Comércto (Gazeta Mercantil, 29/04/91). Também durante o ano de 1992,
houve a transferência da unidade da Fíat em Módena, na Itália, para as instalações de
Curitiba, sendo esta unidade destínada a fabricação de tratores de f:,Tfande porte, segmento
de mercado que não era atendido pela linha de produtos da New Holland Latino
Americana (folha de São Paulo, 18/05/93).
A Ford Tratores, atual New Holland, ínícíou suas operações no Brasil em 1960,
com a produção de tratores agrícolas, retirando-se do mercado brasileiro em 1967,
período em que a demanda interna ainda era pequena. Em 1976, a Ford Tratores retornou
ao Brasil, atingindo. no ano de 1981, a liderança na produção brasileira. Durante os anos
80 e inicio dos 90, ela se manteve como a terceira maior produtora de tratores agrícolas
do pais (ANFAVEA, 1994). Nos anos 80, a nível mundial, a Ford adquiriu a New
Holland, empresa do grupo Sperry New Rand, que fabricava colheítadeiras e possuía uma
fábnca no Brasil, em Curítiba. Esta empresa detinha aproximadamente 30% do mercado
brasileiro de colheitadeiras, percentagem que a New Holland Latino Americana mantém
até os dias atuais_
IOmpresa do grupo Fim. com sede na Jnglatrna. que j~ op<:mva nu setor de máquinas agricolas c rodommas (Gazela \1erc:mt11. 12/06N1) "' A Ford M<llnt Company mnnte"" ll\lCJalmentc a plln!Clpação acwnaria de 2\Wo, que em !993 fo1 pussaJa a hat (01!ZCI!I .Ykrcan\1Ll5109f'Xlt '1 A hat tem o direno de utJlll.ar a marca Ford l"Til ~=produtos agrícolas por dez amn< tti<~.~eta MercanuL 09/05191)_
28
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2.4. SLC S.A. Indústria e Comércio
O grupo Schneider Logemann S_A.n, controlador da SLC, foi fundado em 1945,
se dedicando. desde então, a produção de implementas e ferramentas. Em 1965, com o
início da produção de colheitadeiras, foi o primeiro fabricante deste equípamento no país
(Mialhe & Santos. !987:51-55). A Schneider Logemarm se tornou a hoidmg do grupo.
controlando várias empresas, todas voltada..:; para o setor agrícola, como vemos no
Quadro 3.
QUAOR03 ESTRUTURA DO GRUPO SCHNEIDER LOGEMANN
1994
EMPRESAS ANO DE .ÁREAS DE ATUAÇÃO CONTROLADAS FUNDAÇÃO
SLC S.A. INDUSTRJAe COMÉRCIO 1978 •Fábrica de colheitadeíras I plantadeiras
SLC DISTRJBUDORA DE TITULOS E 1989 •Dí::.tribuição de valores V Al.ORES MOBILIÁRIOS L IDA
BANCO AGROINVEST S. A. 1987 •Banco
FIJNDHvfiSA FUNDJCÃO DAS MISSÕES S.A. 1969 •Fundição
COMERCIAL SCHNEIDER LOGEMANN \984 •Concession<irio SLC e Valmet
MERCANTIL DE CEREAIS SCHNEIDER 1984 •Investimentos LOGEJ\IA..<'\N LTDA
AGROPECUÁRIA SCHNEIDER LOGEMANN 1977 •Agropecuária
FAZENDA PARJ\lAÍBA 1989 • AQropecuaria
e
! INCORPORADORA SCHNEIDER LOGEMANN 1991 •Emoreendimentos lmobi!íários
OURO VERDE TURIST HOTEL LTDA 1973 •Hote!aria -ro·, fONTE. ·~wburnçao propna.
A SLC S.A. Indústria e Comércio foi constituída em 1978 para englobar as
atividades industriais do grupo, no caso fabricação de colheitadeiras e plantadeiras. No
. \p<-"'Silr d~ scr S<:>eJediid~ Anônima (S.A.l. o grupo ':>chnc!d~'r Logemarm ~um ernp!>O"Sa de capl!all«chado c controle làm1bar. mas com l'esulo proli~;swnahz»da.
29
ano seguinte, esta flnna se associou à empresa norte-americana Deere & Companyn, que
iniciou o fornecimento de tecnologia para produção de colheitadeiras, além disso a SLC
passou a ter exclusividade de comercialização no Brasil de toda linha agrícola John
Deere. Como parte deste acordo, 20% do capital da SLC passou a ser controlado pela
empresa norte-americana_ tornando-se assim umajoint-venture. Em 1989, foi inaugurada
sua nova unidade fabril, uma _brrande, moderna e bem planejada fábrica, localizada em
Horizontina (RS), uma região produtora de arroz e outros grãos, sendo assim, grande
demandante de colheitadeiras. Em 1993, era a maior produtora de colheitadeiras no pais,
possuindo a marca líder no mercado nacional. Neste mesmo ano, esta empresa tàturou
US$ 110 milhões (Exame, O!i03/95: 49).
2.5. Agrale S.A.
A Agrale é uma empresa nacional tàbricante de tratores agricotas, caminhões
leves7
motorclcletas, cíclo-motores34 e motores estacionários que, em 1993, faturou US$
I 14 milhões (Gazeta Mercantil, Ol/02/94), tendo aproximadamente l.OOO funcionários.
Ela é controlada pela Fnmcisco Stédlle35, empresa fabricante de produtos autornotivos de
propriedade da Família Stédile, e também holding do grupo. Apesar deste controle por
um grupo familíar, a Agrale é uma empresa de capital aberto, com ações negociadas no
mercado (Estado de São Paulo, 19/04/93).
Adquirida pela Família Stédile, em 1965, com o nome de Agrisa-Indústria GaUcha
de Jmp!ementos e Máquinas Agrícolas S.A, a empresa mudou sua denominação social
para Agrale S.A, em 1968, com o começo da produção de tratores. Inicialmente, ela se
concentrou na produção de rnicrotratores, destinados aos pequenos e médios agricultores
capitalizados das regiões Sul e Sudeste, mas este mercado foi bastante afetado com a
entrada da Yanmar, em 1988 (Agrale Notícias, 11190). Neste mesmo ano, ê realizado um
acordo de cooperação técmco-industríal entre a Agraie e a subsidiária argentina da
empresa alemã KHD-Klochner Humboldt Deutz36_ Assim, a Agrale diversificou sua
A [)<_'(.,-e & Company c a maior litbncantc de maqumas agncolaslio mundo. além de mmbCm produzir máqU.l!l!lS wdoviánas. J::m !993. apn·,.cntou um Jilrurmmmto <:k US$ 7.6 bilhões. d<:.=entc das operações de s1ms üibrioas nos EUA, Canadá. Alemunha. frunça. Esp.:mha. Afnc:t do Sul. Arf!-00\ma c Austrália. uk:m <las suas jDmt-wntures no Japilo. tvli:xtoo e Brasil (John Deere. lnt!Jmtc Pubhcitário. !993 c Furtunc. 18.104194\ -~-~ (h c!do-motore; e mownadctas são jlfi><.luw.ios em Manaus tAl\-fJ pela Ag.rale Amazônia S.A . empresa substdíána da .:,\gmle S.A Estes cqUÍfYJ.UlCtlt<l>l :>."\J.J pr<~luzH.los com tecnologta da empresa italtmm Cagtva 1Ua<:eta Mt."'JCantd. 0410619!) . . ') ,\ FranCls~o Skdílc é r~"'Sultado da thsào da Frns-l.c e<>m a Lomllcx. t<.1mando-~e a8sJm um doi< maiores tilbricantes mundiais \k: JX<$lllhas e )Oll.J.>; <:k 1!-eto 1Brasd ~m l::xamc, 1993: )6) _,(, En!Je 1%1 e ]<!74, a fÂ"'UV. Ja havia aiUado no m~"f"cmiD brasílt:mo 1;1bn~'IImio \nUores ogncohts. Ale l%9, atuou ~'fi >l%<)Çli19iiD com,, Dcmisa. na Dcmlsa-Dentz. ano em que o;; 1mlor.zs p(tssaram a ~i.·r tàbncado; pela ()tto l).;utz .. Atuabncn\e. a IJt..>uV.
30
linha, passando a produzir_ a partir de 1990, tratores de médio e grande porte, a chamada
línha Agra!e-Deutz (Agrale Notícias, 11190). A Agrale também possui uma subsidiária, a
Lavrale Máquinas Agrícolas Ltda, empresa que produz ímplementos agrícolas. A Lavrale
~ resultado da aquísíção, na década de 80, da Nora Dalla Santa S.A., uma tradicional
fabricante de implementos37, fundada em 1928, e que produzia colheitadeiras de pequeno
porte, com tecnologia própria, desde 1973" (Fonseca, 1990:197-202). As unidades
produtivas, tanto da Agrale quanto da Lavrale estão localizadas na cidade de Caxias do
Sul (RS).
2.6. CBT- Companhia Brasileira de Tratores
A Companhia Brasileira de Tratores foi fundada em 12 de dezembro de 1960,
passando a produzir tratores a partir de 1962. Inicialmente, a CBT começou produzindo
um trator agrícola de tipo pesado, sob licença e com o apoio técnico da Oliver
Corporation, um tradicional fabricante de tratores dos EUA39. Subseqüentemente, a CBT
passou a produzir tratores de projeto próprio, na sua unidade fabril, localizada em São
Carlos (SP) (Indústria e Desenvolvimento, 1970). Em 1968 foi a segunda maior
fabricante de tratores, estando até meados dos anos 70, na terceira posição do mercado.
Entretanto, com o retomo ao Brasil da Ford Tratores, em 1976, ela perdeu
significativamente sua participação no mercado. Durante os anos 80, a CBT consolidou
sua posição de quarto maior fabricante de tratores do país, respondendo por
aproximadamente 10% da produção nacíonal. Entretanto, após 1990, com a entrada dos
tratores de grande porte (acima de. 110 CV) da Iochpe-Maxion, Valrnet e New Holland,
houve uma queda vertiginosa da sua produção, atingindo, em 1993, o nível mais baixo
desde 1963, o seu segundo ano de operação (ANFAVEA, 1994).
Devemos destacar que a CBT, é a única empresa nacional fabricante de tratores
que se manteve nesta indústria desde o início da sua implantação, no começo dos anos
60, além disso, fabricando seus tratores a partir de projetos próprios (Jenkins & West,
1985: 321-322).
km part1cirmo;ão no capital da Freios Knor. que por sua \l . ."Z controla a MWM J,, Brusll, mn dos pnnc1pa1s fdbncanh:s de motores d1ese! \/~adoJ> em tmtores ag:ricolas, i11clustve na linha Agmle-Deutr (Fonseca. 1':.190. 169-178). -'' 1\tu.almente a l.avrale é uma das suhcontrmadss pel3 !ochpe-Maxion para produção dos seus ímplemcntos. 3-" A ),;nrale produziu colhmtade!ms de pequeno porte a!é 1992. entremnm. smnpre teve uma n:duzida parllCÍ(Xl<;ào no mercado. -'9 A i)Jn:er Corp<m•t;on fm adqumda nos anos 70 por outm ~mpre"a none-arnenc:ma fubnc~nte de tmtores. a 'W1lilc (J~"Ilk:íns & Wc$1. 1985· .D8\
J I
2.7. Yanmar do Brasil S.A.
Fundada em 1961, a Yanmar do Brasil é uma subsidiária do grupo Japonês
Yanmar, tendo~se destacado na década de 70 como fabricante de motocultivadoras e
pequenos motores diesel. Em 1986, a Yanmar do Brasil obteve licença da Deere &
CompanyW para fabricar microtratores, na sua unidade de Indaiatuba (SP), inícialmente
destinados à exportação, utilizando a marca John Deere. Posteriormente, passou a vender
seus microtratores no mercado interno, mas com marca e estilo próprios. A Yanmar
ofereceu um microtrator com grandes melhorias e inovações, conquistando após três anos
de atividade, um terço das vendas do segmento de tratores leves, impondo pesadas perdas
a Agrale e a Iochpe-Maxíon (Fonseca, 1990:165-178). Esta conquista do mercado foi
conseguida em boa parte porque a Yanmar já possuía uma excelente estrutura de
comercialização, com mais de 900 pontos de venda em todo país (M&M Exame,
1987:239). Nos anos 90, a Yanmar passou a deter aproximadamente 40% do mercado
interno de tratores leves (ANF A VEA, 1994).
2.8. Müller S.A. Indústria e Comércio
A Müller é uma empresa nacional que fabrica tratores pesados e supertratores.
Desde a saída da Engesa4 I, em 1993, o mercado de supertratores é dominado
exclusivamente pela Müller, sendo este um segmento bastante restrito, representando
aproximadamente O, 1% do mercado brasileiro de tratores. No segmento de tratores
pesados, a participação da Müller é pequena, pois seus produtos se destinam a mercados
específicos42. A unidade industrial da Müller localiza-se na cidade do Rio de Janeiro (RJ)
e emprega aproximadamente 600 funcionários. A Müller sempre buscou a
autosuficiência no desenvolvimento do projeto de seus tratores, contando para isso com o
apoio de órgãos governamentais como BNDES e FINEP (Fonseca, 1990: 214-215). Até
pouco tempo, a Müller também produzia caminhões de grande porte, utilizados por
empreiteiras e mineradoras, mas recentemente, devido a problemas financeiros, vendeu
esta unidade para Komatsu Dresser do Brasil S.A.
No Japão. a tnatnz da Yanmar já possuía um acordo para fabricar sob liceru;a os tratores da John Deere nmte"am(.Ticuna Y"'onseca, 1990: 165).
I Eng.::sa- Engenheiros Especializados S. A. ~mpresa fubncilllte de material béhco e veículos militares. que mmbem filbricava ~upcrtratores agricolas. Entretanto, devtdo a problemas tlnancetms, admirustrativos e de mercado_ em 1!!110/93 tàt decretada a sua tidênCJa (l<lJX"'- !994) -'2 ()~ tratores pesados da Müller. ap<.>sar de <:Starem classili011dos neste segmento, apresentam caructerisficas lécmws <.!e
PARTE li
AS ESTRATÉGIAS DAS EMPRESAS
3. ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS
3.1. Formas de Concorrência
Verificamos que as principais formas de concorrência da indústria de tratores
agrícolas estão apoiadas em alguns padrões de comportamento competitivo que
descrevemos a seguir.
Destacamos, em primeiro lugar, que a principal forma de concorrência na
1ndústria de tratores agrícolas, é a da diferenciação de produtos. Como veremos no tópico
4.1, este padrão de concorrência se deve as próprias características de desenvolvimento
tecnológlco na indústria de tratores agrícolas. Esta diferenciação ocorre através da
incorporação de melhorias e inovações., que impliquem em sit.,rnificativas alterações de
qualidade. Segundo Fonseca ( 1990: 188), "a dinâmica deste processo está associada tanto
às melhorias vindas da indústria automobilística e de autopeças, quanto à capacidade de
adaptação dos equipamentos às necessidades dos agricultores e dos sistemas de uso.
Ambos estão associados a um melhor desempenho da máquina, ajudando a diferenciá-la
à medida que incorpora melhorias e inovações". Além disso, temos que o lançamento de
produtos diferenciados, permite que as empresas possam aumentar a sua participação
relativa no mercado, sem desencadear uma competição através dos preços, o que seria
preJudicial para todos os tàbricantes. Sendo assim, a diferenciação qualitativa é a
estratégia de concorrência preferida pelas empresas que atuam na indústria de tratores
agrícolas.
A existência de economias de escala em nível da planta industrial é outro
importante fator de concorrência, pois permite o rebaixamento dos custos de produção.
Destacamos, entretanto, que estas economias de escala implicam mun fraco trade-r?fF
com a diferenciabilidade dos produtos, pois dizem respeito ao volume de produção das
plantas industriais e dependem cada vez menos da homogeneidade dos produtos por elas
fabricados. Isto se deve ao crescente aumento da flexibilidade dos processos produtivos,
originados pela: a) adoção de maquinário automatizado (equipamentos programáveis)~ b)
utihzação de modernas técnicas organizacionais (células de manufatura, kanban, just-in
time, entre outras); c) modificação nos padrões de relacionamento com os fornecedores
(terceirização de várias etapas do processo produtivo, contratos de longo prazo). Deste
34
modo, não há uma incompatibilidade entre as economias de escala em nível das plantas e
as estratégias de diferenciação.
Outro padrão de comportamento competitivo é dado pela grande importância da
rede de comercialização e assistência técnica, que num pais com a extensão territorial do
Brasil, se apresenta ainda mais relevante. Quanto mruor a abrangência geográfica da rede
de revenda (número de concessionárias e sua distribuição), maior tenderá a ser a
participação da empresa no mercado de tratores. Deste modo, temos aqui uma importante
economia de escala em nível da tírma, obtida pelo atendimento â diversificados
segmentos de mercado e em distintas regiões geográficas, o que implica na redução dos
custos operacionaís (Xavier, 1993: 36-37). A rede de comercialização também deve estar
associada a uma adequada estrutura de assistência técnica, que deve levar em conta: a)
capacidade de reposição de peças dos postos de revenda, o que depende da logística dos
fabricantes: b) programas de treinamento de mão-de-obra de modo que os revendedores
possam prestar assistência técnica adequada. Por último., é importante salientarmos que
as empresas utilizam o seus contatos com revendedores e os serviços de assistência
técnica para obterem informações sobre o desempenho dos seus tratores em campo. A
partir disto, as empresas criam atividades específicas de acompanhamento, dentro dos
departamentos de desenvolvimento de produto, de modo a transformar estas informações
em conhecimento sobre novas oportunidades tecnológicas - associadas às necessidades
dos usuários - e a partir disto em melhoria nos produtos, através das atividades de P&D.
Todas estas características da estratégia de comercialização e assistência técnica podem
ser sintetizadas numa forma de concorrência, representada pela confiança dos usuários
nos produtos, chamada de moral perfórmance (Fonseca, 1990:226).
Um último padrão de comportamento competitivo, se deve ao fato das empresas
concorrerem em segmentos específícos de mercado, divididos de acordo com a faixa de
potência dos tratores. Dentro destas tàixas é que as empresas estabelecem suas estratégias
de concorrência, buscando ganhar maior participação. A maíoria das empresas
brasileiras, mesmo que se orientem para várias faixas de potência, buscam atuar mais
intensívamente em uma ou duas destas, onde procuram consolídar uma posição de
liderança em vendas, como veremos no tópico 3.3. Esta segmentação do mercado em
faixas de potência, demonstra que o /ocus de concorrência escolhido pelas empresas pode
ser identificado em termos do tamanho e potência do motor dos tratores.
35
Na indústria de colheitadeiras automotrizes, verificamos que as principais formas
de concorrência estão apoiadas nos mesmos padrões de comportamento competitivo da
indústria de tratores agrícolas, apresentando, entretanto, caracteristicas particulares que
descrevemos abaixo.
O principal padrão de comportamento competitivo, assim como na indústria de
tratores agrícolas, é a diferenciação qualitativa. No caso das colheitadeiras, entretanto, as
melhorias e inovações estão mais relacionadas à adaptação dos equipamentos às
necessidades dos agricultores e das condições de uso, do que as inovações vindas da
indústria automobilística e de autopeças (Mialhe & Santos, 1987:51-55).
Na indústria de colheitadeiras também verificamos a existência de um baixo
trade-qflentre a diferenciabilidade dos produtos e as economias de escala das plantas que
os produzem. Além disso, busca-se em muitos casos associar a fabricação de
colheitadeiras com a de tratores numa mesma planta industrial, pois a maior parte das
etapas de produção destes equipamentos são as mesmas. Assim, existe uma grande
smergia entre este dois processos produtivos que pennite o aumento das economias de
escala em nível das plantas industriais.
Verificamos que a estratégia de comercialízação, no caso das colheitadeiras, é um
comportamento competitivo de importância fundamental. Esta fonna de concorrência é
ainda mais importante na indústria de colheitadeiras, pois a questão da proximidade com
os usuários tem uma relevância adicional. Trata-se do fato de que a maior parte das
melhorias e inovações decorre de contatos mais estreitos com os usuários. O desempenho
está estritamente relacionado as condições de uso do equipamento. Além dísso, as
colheitadeiras são equipamentos mais complexos e utilizados em poucos períodos do
ano, necessitando-se assim de uma rede de assístência técnica bastante eficiente. Esta
questão da moral perfOrmance é tão importante, que afetou diretamente na localização
das plantas fabris desta indústria, que procuram estar sempre próximas dos seus
mercados consumidores.
As co]heítadeiras também são avaliadas de acordo com faixas de potêncía e com
o rendimento que proporcíonam. Entretanto, a segmentação do mercado não é um padrão
de comportamento competitivo tão claro como na indústria de tratores agricolas.
36
De acordo com nossa análise sobre as formas de concorrência da indUstria de
tratores agrícolas e colheitadeiras, podemos considerar a estrutura de mercado desta
indllstria como um oligopólio dif€:renciado-concentrado, que segundo a tipologia
apresentada por Possas ( 1985: 189-190) "tem corno característica proeminente, corno o
próprio nome indica, a de combinar elementos dos dois tipos de oligopólio ( ... ),
diferenciação de produtos como fonna de competição por excelência, ao lado dos
requisitos de escala mínima eficiente. Pela mesma razão as barreiras à entrada se devem
tanto a economias de escala técnicas como, de fonna provavelmente mais importante,
das economias de diferenciação".
3.2~ Investimento
A partir do Gráfico 15, podemos verificar que os investimentos da indústria
brasileira de máquinas agrícolas tem se comportado de maneira uniforme. isto é, tem
repres-entado aproximadamente 2,51% do faturamento das empresas. A exceção é o ano de
1990, quando houve a contahilízaçào dos investimentos que a Iochpe-Maxion e a Valmet
realizaram para o lançamento de suas respectivas linhas de tratores pesados, além dos
gastos da indústria como um todo, realizados para enfrentar a abertura comercial.
USS milhões
GRÁFICO 15 BRASIL -INDÚSTRIA DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS:
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
o
FATURAMENTO TOTAL E INVESTIMENTO 1980-!993
80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93
ANOS
1------ FATURAMENTO --+- !NVEST!MENTO I FONTE: Elaboraçllo própna, a p<~rtir de dados da ANF A VEt\.
250000
200000
150000
US$ m!l
100000
50000
Analisaremos, na seqüência. os investimentos realizados pelas empresas, nos
últimos anos. A Divisão de Máquinas Agrícolas e Industriais da Iochpe-Maxion investiu
US$ 100 milhões entre 1986 e 1989, sendo uma média de US$ 25 milhões por ano_
Realizados na sua tota\ídade pelo grupo Iochpe, num período em que a Varity ainda
possuía participação acionária, estes investimentos foram destinados prioritariamente ao
lançamento de sua linha de tratores pesados (FoJha de São Paulo, 30/01/90). Entre 1987 e
t 993, a lochpe-Maxion gastou US$ 20 milhões apenas na reestruturação e modernização
das suas unidades produtivas (Boletim Iochpe-Maxion da Qualidade. 1 1/94). A Valmet
38
investiu US$ 80 milhões em quatro anos, de 1988 a 1991, uma médía deUS$ 20 milhões
por ano, Destes investimentos, US$ 20 milhões se destinaram ao lançamento de novos
produtos, US$ 45 milhões para ampliação da fábrica e compra de máquinas e
equipamentos (Gazeta Mercantil, 02/04/93), e os US$ 15 milhões restantes foram
aplicados em treinamento, centro de pesquisa e desenvolvimento, serviços pós-venda e
concessionárias (Diário do Comércio e Indústria, 30/06/89). Além deste programa de
investimentos, a Valmet também comprou, em 1989, duas empresas, a Vikíng American,
rede de concessionárias nos EUA, e a Implemater, uma fábrica de implementos agrícolas
(folha de São Paulo, 11112/89). Após sua aquisição pelo grupo Fiat, em 1991, a New
Holland iniciou uq~. programa de investimentos de US$ 100 milhões em cinco anos, tendo
assim, US$ 20 milhões por ano. Destes, US$ 20 milhões foram destinados a transferência
e modernização da fábrica, realizada entre 1991 e 1992 (Gazeta Mercantil, 09/05/91 ).
Também jà tOram gastos US$ 28 milhões, para o lançamento de cinco novos tratores de
grande porte, que foram trazidos da Itália, além de US$ I O mílhões no lançamento de sua
nova linha de colheitadeiras (Gazeta Mercantil, 30/04/93 e 26/08/93)_ Por sua vez, a
Agrale investiu US$ 32 milhões entre 1990 e 1992 para o lançamento dos tratores da
linha Agrale-Deutz. A Agra1e, apresenta uma média de US$ 15 milhões por ano, em
investimentos, se também considerarmos os gastos na linha de tratores leves, em
treinamento e na ampliação da capacidade produtiva (Agrale Noticias, 11/90).
Verificamos assim, que estas quatro grande fabricantes tem investido em tomo de US$
20 milhões por ano, estando estes direcionados principalmente para a diversificação de
suas linhas de produtos, em direção aos segmentos de maior potência, seguindo assim
uma tendência mundial da mdústria de tratores asrrícolas, como veremos no tópico 3.3.
No mercado de colheitadeiras, destacamos a SLC, que investiu US$ 40 milhões na
construção de sua nova e moderna fábrica em Horizontina (RS), que foi inaugurada em
1989 ( SLC, Informe Publicitário, 1993).
Em relação às perspectivas de investimento, verificamos nas entrevistas
realizadas a existência de uma certa homogeneidade quanto as áreas prioritárias a
receberem investimentos no biênio 1994-1995. O lançamento de novos produtos em
substituições aos produtos atuais, é apresentada por todas empresas entrevistadas como
um investimento prioritário, sendo em duas delas o investimento de maior importância,
Isto se deve ao fato de que a introdução de melhorias e inovações nas linhas de produto é
um aspecto fundamental para concorrência nesta indústria, como vimos no tópico
anterior. Principalmente agora que, com a abertura comercial, a indústria de tratores
a&1fícolas e colheitadeiras passa a estar exposta a concorrência dos mais sofisticados
39
produtos mtemacionais. Cabe destacar que apesar dos futuros lançamentos se destinarem
prioritariamente à substituição dos produtos existentes, algumas empresas visam ampliar
sua faixa de atuação com o lançamento de tratores cada vez mais potentes, que, como
veremos no tópico 3.3, é uma tendência mundiaL Os investimentos em pesquisa e
desenvolvimento e no treinamento de pessoal aparecem num segundo patamar de
prioridades. Set,YUndo as próprias empresas entrevistadas, os gastos realizados em P&D
estão ligados ao lançamento de novos produtos, e o investimento em treinamento é um
elemento prioritário para a introdução das nonnas de gerenciamento da qualidade IS0-
9000. Seguindo esta busca da melhoria da qualidade, num terceiro patamar de
investimentos encontramos empresas que visam a modernização do seu processo
produtivo com a aquisição de novas máquinas e equipamentos, sendo este o investimento
prioritário para algumas das empresas. Num quarto patamar de prioridade temos os
investÉmentos para introdução da automação embarcada nos produtos já existentes, as
empresas argumentam que a demanda por estes sistemas eletrônicos ainda é muito
restrita no Brasil. Finalmente cabe destacar que, a expansão da rede de revendas e da
capacidade produtiva não foi assinalada por nenhuma das empresas entrevistadas,
refletindo a existência de uma significativa capacidade ociosa43, que somente agora com
a expansão da demanda está sendo utilizada. Outro ponto que explica a não ampliação da
capacidade produtiva, foi a introdução das novas técnicas organizacionais, que permitiu
as empresas aumentarem a produtividade das plantas industriais já existentes.
-U s~-gundo as empre$M t:l\!rt.•visllldi:!s, <m!re !99 J-1992, apcru!s 30% di! capacidade- prodlltiva do :wwr estava ~omdo utlli7.ada.
40
3.3. Diversificação da Linha de Produtos
Um padrão de comportamento competitivo, bastante claro nesta indústria e que
foi visto no tópico 3.1, é o fato das empresas concorrerem em segmentos específicos de
mercado, divididos de acordo com a faixa de potência dos tratores. No Gráfico 16, temos
as percentagens de venda de cada empresa, distribuídas de acordo com a faixa de
potência. Mesmo que algumas empresas atuem em vários segmentos de mercado, buscam
urna p-articipação mais intensiva em apenas alguns deles.
GRÁFIC016 BRASIL- F ABRI CANTES DE TRATORES AGRÍCOLAS DISTRIBUIÇÃO DAS
VENDAS INTERNAS NOS DIFERENTES SEGMENTOS DE MERCADO 1993
VENDA POR SEGMENTO DE
MERCADO
Ya.nmar !ochpe~ Valmet New Agrale CBT Müller Mexion Hol!and
EMPRESAS
B Tratores Leves Gl Tratores Médios • Tratores Pesados Cl Supertratores
FONn;, Elaboração p0pna, a partir de dados da ANFAVEA.
Podemos inicialmente destacar dois tipos de empresa, aquelas que buscam
oferecer uma linha completa e diversificada de produtos, a chamada full line, e as
empresas que se concentram em nichos de mercado específicos. No primeiro bloco de
empresas encontramos a lochpe-Maxion, a Valmet, a New Holland e a Agrale, que estão
buscando atuar nos diversos segmentos de mercado. Num segundo bloco encontramos a
CBT, a Yanmar e a Müller, empresas que participam em mercados bastante específicos.
41
As três maíores empresas, Jochpe-Maxion, Valmet e New Holland, que são as
empresas líderes da indústria, atuam nos segmentos de tratores médios e pesados, a
exceção vai para lochpe~Maxion que também atua no segmento de tratores leves, mas
esta não é uma tàixa de potência pela qual a lochpe-Maxion tenha demonstrado grande
interesse44, principalmente depois da entrada da Yanmar, que fez a sua participação neste
mercado cair de 28%, em 1986, para 16%, em 1993. No maior segmento em unidades
vendidas, o de tratores de médio porte, temos uma ârdua disputa entre as três empresas
lideres. Neste segmento, segundo Fonseca ( 1990:180 ), "as empresas costumam oterecer
um modelo-padrão e, pelo menos, uma versão com tração nas quatro rodas .. 5. Nas faixas
inferiores, o modelo alternativo segue tendência das faixas de pequenos tratores,
apresentando versões com chassis mais estreíto, para uso em cultivos que exijam tratos
entre as linhas de produção". Assim, vemos que as empresas procuram oferecer versões
que diferenciem o trator em tennos de desempenho, 1sto através de inovações e melhorias
técnicas, sem que, entretanto, se altere o projeto básico. A estratégia das empresas
tíderes, tem sido no sentido de procurar garantir maior partictpação nestes segmentos de
tratores médios, com base em modelos tradicionais de grande aceitação entre os usuários
e que se baseiam em projetos bem sucedidos.
Atualmente, entretanto, podemos verificar no Gráfico 17, a disputa mais acirrada
entre estas empresas está ocorrendo no segmento de tratores pesados, que em 1993,
representava quase um terço das unidades vendidas. Este segmento de mercado, até o fim
dos anos 80 era bastante restrito, estando reservado apenas aos fabricantes que produziam
equipamentos específicos, como a J. I. Case46, a Engesa, a CBT e a Müller7, sendo que
as duas últimas empresas ainda continuam atuando neste segmento. Somente no biênio
1989-1990, a Iochpe-Maxion e a Valmet48 lançaram seus tratores pesados, passando a
conquistar este set,rmento de mercado. Em 1993, a New Holland lançou sua linha de
tratores pesados, vinda da Itália, entrando assim na fabricação destas máquinas de grande
porte49. Nestes três casos acíma, os lançamentos foram precedidos por grandes esforços
de investimento, tanto a nível de produto, incluindo desenvolvimento ou adaptação de
Ne.~k ~egmcnHJ a lt)>;hpe-Maxwn possui apenas um moddu ha~lante an\I)W. o MF 235. de 4(, CV. não JàbrÍC<lndo llSSlm os dwm;~dos mícwtratore~. 45 Nl--stcs caso~ a !ração na~ quatro nxius é ma1s corretaml-nle chaiDlda de "lTJA- Tração Dianteim All'>lllar (Zluia Rum] de fmtoreseMáqumasAgrie~,]as. !991. 17-18). -1-G A J LCa>e atomlmenlc e (l ~cgundo mtÚ()f tabncan!C d~ trat<Jres agrícolas dos EUA tendo produzido c~tes eqmpumcnws no Brusd <Orl\re 1977 ~ i 91\S tANFAVEA. 1991 l.
"' Neste ['CfJOi.h u Mú.ller iómt""Cm trutores seu trutnr de grande rxme 1"\l 22 ~ Jochpc~MaxJOn. para ser cnrnen:mhzados por c~kl, COrll a nHlt~ Mf 47lW, 48 f)<.,sde l 'JH l. a Valmet Já produz:iu alglllls modelos de tratores uc!ma de ll(! CV. tnati %'!TI gmn<k-:; JnO\"IlÇilCs !l:.""C!lolúgica~. ~w ~omente \1e:omn ~<lm w; o~us modelos de grande pune luru;ados em l<>9f}
9 l.intrelanto. desde ]')9(), 11 Nc>,. Holland Jil produzm o modelo Ford :i\10 de 112 CV. que em !993 !(J, substituidp pelo moddo Ford 7100.
42
proJetos, quanto a nível dos processos, com a ampliação e modernização das unidades
produtivas existentes, corno foi visto no tópíco 3.2. Além das empresas líderes, a Agrale
também btL.;;cou disputar este segmento, lançando seu primeiro modelo de trator pesado
em 1990. No tópico j_2, tratamos mais detalhadamente das estratégias empresariais no
segmento de tratores de grande porte_
GRÁFICO 17 BRASIL- EVOLUÇÃO DAS VENDAS DE TRATORES AGRÍCOLAS
POR SEGMENTO DE MERCADO
100%
90%
80%
70%
00%
UNIDADES 50% VENDIDAS
40%
30%
20%
10%
0%
1986-\993
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993
ANOS
F<)N1E Elaboração própria, a partu: de dad<:x~ da ANFAVEA
• Tratores Pesados
B Tratores Médios
li Tratores Leves
A díversiticação das empresas em direção aos segmentos de mercado de maior
potência é uma tendência brasíleira que também se observa em nível mundiaL como
podemos ver no Gráfico 18. Em apenas cinco anos, de 1987 à 1991, a participação dos
tratores pesados passa da faixa de lO~ 15% para 20~25% do total de tratores vendidos nos
principais mercados consumidores, mostrando uma clara tendêncía do aumento de
participação das faixas de maior potência. A disputa é mais árdua neste segmento, por
um lado, porque esta é a faixa de potência onde são encontrados os tratores mais
sofistiçados da indústria e conseqüentemente os que apresentam maior valor agregado,
maior rentabílidade para os fabricantes. Por outro lado, porque estes tratores têm a mais
alta taxa de produtividade na agricultura, sendo assim os que apresentam a maior taxa de
crescimento da demanda.
43
GRÁFIC018 PARTICJPAÇÃO DOS TRATORES PESADOS (ACIMA DE !00 CV) NOS
PRINCIPAIS MERCADOS CONSUMIDORES 1987-1991
30
25
20 / ~ /--.!
PERCENTUAL DE ~~L~;;;:;~_.,./~z=...---=::Z5:::~;7",d!t::::::::::=--ll(_:_ VENDAS DE 15 ~
TRATORES ~
PESADOS ~~~======~~======~!:~~-----------------
• Bras!!
10 i ~
5
o 1987
111 EUA
1988 1989
ANOS
:* França
1990 1991
)( Alemanha )I( Reino Un1do
FONTE: Elab()raçã<.> propna 11 partir de dados da ANFA VEA e da lochpe"Max:ion S.A.
A Müller domína no Brasil, a fabricação dos supertratoresso, mercado
compartilhado até recentemente, por outra empresa nacional, a Engesa. Este mercado de
tratores com potência acima de 200 CV, é ainda bastante restrito, situando-se em torno de
0,1% do total (ANFA VEA, 1994). Como vimos, a Müller também atua na tàbricação de
tratores pesados, faixa de potência entre 100 e 200 CV, mas na realidade seus produtos,
mesmo estando neste segmento, seguem o projeto básico dos supertratores, tendo assim
uma participação bastante restrita neste segmento de mercado.
Outra empresa que atua num nicho de mercado é a Yanmar, que a partir de 1988
passou a vender seus tratores leves no mercado brasileiro. Este segmento de mercado, até
então era dominado pela Agrale com seus microtratores de 18 e 36 CV e pela Iochpe
Maxion com seu modelo de 46 CV, equipamentos considerados ultrapassados do ponto
Os ~up•lnmtores apresentam como oarnctcrisucas básJoas. tração !l(IS quatro rodas com Igual dJstribmção de potência en!n: da~. roda" do m<lllmo tamanho. rodado duplo e dl!lssls antcuhi.ve!. (A Umn.lil. \14/78.).
44
de vista tecnológíco51 , A Yanmar trouxe um modelo que incorporava melhorias e
inovações, apoiadas em tecnologia da John Deere norte-americana. Com isto, em apenas
cinco anos de atuação, a Yanmar conquistou mais da metade deste segmento, impondo
pesadas perdas, principalmente à Agrale, pois esta concentrava todas suas operações
neste segmento. A saída da Agrale foi diversitícar sua linha de produtos, procurando
fabricar tratores de porte médio e pesado. Para isto ela se associou à subsidiária da Deutz
na Argentina, detentora da tecnologia (Fonseca, 1990:178). Em 1990, ela iniciou o
lançamento de sua linha de produtos, passando com isso a concorrer diretamente com as
empresas líderes nos segmentos de tratores médios, e mais recentemente, em 1992,
também passou a competir na faixa dos tratores com potência acima de I 00 CV.
Atualmente a Agrale é, juntamente com a Iochpe-Maxion, a empresa que apresenta a
linha de tratores mais completa. Entretanto, suas vendas ainda são pequenas,
principalmente, pelo fato de possuir uma pequena rede de vendas e também porque sua
marca ainda está muito associada à idéia de microtratores, não tendo ainda tradição nas
faixas de maior potência.
A CBT, por sua vez, tinha sua marca associada a tratores robustos e rústicos,
adequados ao uso nas novas áreas de expansão agrícola, principalmente no cerrado
brasileiro. No inicío dos anos 80, a CBT liderava a venda dos tratores pesados (Fonseca,
1990: 183). No final dos anos 80, seguindo a tendência de aumento de potência, a Iochpe
Maxion e a Valmet passaram a atuar neste mercado, introduzindo tratores com
inovações, onde se destacava a tração nas quatro rodas, levando a CBT a perder grande
parte do seu mercado, tendo atualmente menos de 5% deste segmento. A CBT também
atua na tàixa dos tratores com potência entre 70 e 90 CV, a dos tratores médios (Fonseca,
J 990: 179). Finalmente, em 1990, a CBT relançou seu modelo de 11 O CV, que passou a
incorporar as inovações apresentadas pelas empresas líderes.
As empresas lideres na fabricação de tratores tem uma atuação diversificada nos
outros ramos de equipamentos agrícolas produzindo implementos e colheitadeiras.
Quanto aos ímplementos, a Iochpe-Maxion52 e a New Holland mantém há muito tempo
suas linhas próprias, exígindo das concessionárias exclusividade na revenda dos
conjuntos de equípamentos. A Valmet, atuava de forma independente, através da
-----51 A prmcipal desv-.tnlag~o-m segundo Fon~eca (1990: 177~ 178), 'relactona-se ao desemp . .'·tlho dos traton.--s nacionais. em grmtde pane de-">ldo a r:rlli quahdade dos motores milizados. Ni:m disso, os pequenos tra!mes brasileiros apresentam graves problemas tws seu.~ ~1i'1emm: de engate c Jc\~Jntmncnto dos implcmL'tltos que dificulta as <>per"J\'ÔL'S do uutor no uso agrícola". )~ A lochpe-!v!aXlon tercemz.a a produção dos seu.~ Jmplemento:<, subcontratando outrus empresas. Entre estas dt..'l>iacamos a Lmrnle. subsidü.i.ría da sua couoom::nte Agrale.
45
padronização do seu sistema de engate, que aceitava implementos de qualquer tàbricante
(Fonseca, 1990:191 e 192). Entretanto, em 1989, ela adquiriu a lmplemater, uma das
empresas líderes na fabricação de implementos, para fabricar sua linha própria destes
equipamentos, mas nada indica que possivelmente exigirá a exclusividade destes (Estado
de São Paulo. 09/12/89). Também é importante salientarmos que a Valmet é a única das
três empresas líderes que não fabrica colheitadeiras, e por isso. em alguns de seus pontos
de venda, há uma assoctação com a fabricante de colheitadeiras SLC, para utilizarem a
mesma revenda., e assim oferecerem uma linha agrícola completa.
No mercado de colheitadeiras, o ano de 1993 foi o de novos lançamentos por
parte das empresas. A SLC apresentou dois novos modelos, a SLC 7500 e SLC 7700,
destacando-se nesta últíma a introdução de um inovador sísterna de ínclínação lateral da
plataforma. Por sua vez, a New Holland realizou o lançamento mundial de duas novas
colheitadeiras desenvolvidas em conjunto com a fábrica da Bélgica. Fínalmente, a
lochpe-Maxíon apresentou a MF 6855, uma máquina que possui uma capacidade de
colheita 25% acima de qualquer outro modelo nacional (Gazeta Mercantil, 26/08/93 e
02/09í93)
46
3.4. T erceirização
As tàbricas de tratores agrícolas e colheitadeiras são na realidade montadorass3,
isto é, muítas etapas do processo de produção destas máquinas são realizados f(>ra da
empresa, por terceiros. No Quadro 4, observamos o exemplo do trator MF 660 da Iochpe
Maxion, onde são mostrados seus principais componentes e respectivos fornecedores.
' i
' '
'
QUADR04 TRATOR MASSEY -FERGUSON 660
PRJNCJPAIS COMPONENTES E FORNECEDORES
COMPONENTES FORNECEDORES
Válvulas e comandos hidráulícos Albarus Sistemas Hidráulicos Rodas Borlem S.A
Forjados e Engrenagens Cinpal Transmissões e Mecanismos de Direção Eaton Mangueiras e Comoonentes Hidráulicos Ermeto
Estampados Ernesto Rehn Decalcos Fotogravura Zevana Ltda
Correias e Mangueiras Gates do Brasil Cilindros e Comandos Hidráulicos Hidrover SA
Embreagens Luk Filtros Mann
Forjados Maxiforja SA Chicotes e Cabos Elétricos Metalcabo
Motores Perkins Pneus Pirelli e Goodvear
Oleos e Lubrificantes Shell Rolamentos Timken
Tintas Tintas Coral Radiadores Va!eo
Transmissões e Eixos Dianteiros ZF do Brasil " c c
' ' ' ' .. ' , ON l'E. lnlom1e pubhc,t;-mo da lochpe-MaXJon ((razcta M=ntt!, 02/09/Nt
A importância dos fornecedores fica clara na análise da estrutura de custos das
empresas. Verifica-se que as matérias-primas e componentes fornecidos por terceiros
representam entre 70% e 80% do custo total de produção dos tratores agrícolas e
colheitadeiras, conforme é apresentado por Vargas (1994: 10-ll). A participação dos
principais componentes nos custos de produção é vista na Tabela 5, que também aponta o
número médio de fornecedores para cada componente relacionado.
53 As empresas desta mdústna se encontrnm no tiillll da cadeia produtiva_ e.\ls!Índo por Irás de~tas uma e-xtensii rede de li!meccdores. ass1m como na índltslna iiU!mnobilíSt!Ca_ Por isso_ se cons1<lera o emprego do term\1 montadora correto.
47
I
TABELAS PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS COMPONENTES NO CUSTO TOTAL DE
PRODUÇÃO DE TRATORES AGRÍCOLAS E COLHEITADEIRAS E O NÚMERO MÉDIO DE FORNECEDORES POR ITEM
COMPONENTES PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL N" MÉDIO OE FORNECEDORES
MÍNIMA MÁXIMA i MOTOR1
I PNEUS/RODADO !8% 24% l 8% 10% 5
FORJADOS 2% 4% 3 FUNDIDOS 5% 17% 12 LATARIA 2,5%2 15%3 5 TRA:.'JSMISSÃO l4u/., 15% 2 ,,, ' -1 ,,~l" ~~Jtual ü:ndc a ser mawr quanto mau:rr a la1xa de f.XJien"w do b:.1tor. entretanto nas vm~Ot-»; 4x4, esta pantctpaçao tende a reduzir -~e .. :onstdcravelmente_
2. Tr,tw<>s :~ Colhett.<deJra~
FONfE. Elilbomçiio ptúpna a partir de v~rga.~ \1994: 11 )_
Nas entrevístadas realizadas, foí constatado que o universo de relação entre as
empresas e seus fornecedores é bastante heterogêneo. De um lado, temos os fornecedores
de primeira hnha que apresentam fortes relações de cooperação e assumem elevada
lmportància na produção de partes essenciais dos tratores e colheitadeiras. Por outro lado,
exístem os fornecedores que fabricam componentes de baixo conteúdo tecnológico e
pequeno valor agregado, os chamados fornecedores de segunda linha.
No primeiro caso, a subcontratação originou-se, em geral, da especialização
tecnológica de algumas empresas na produção de certos componentes. Estes
fomecedores5,.t são, em t,:rrande parte, responsáveis pelas inovações introduzidas nesta
indústria, como veremos no tópico 4.1. As fábricas de tratores agrícolas e colheitadeiras
buscam relações estáveis com estes fornecedores, estabelecendo contratos de longo prazo
e a certificação de qualidade destes55. Outras caracteristicas neste relacionamento que
foram apontadas por algumas empresas entrevistadas são os contratos de exclusividade, o
desenvolvimento de engenharia simultânea56 e a busca da implantação de sistemas de
fornecimento just-in-time. Entre os principais componentes fornecidos por estas
empresas destacamos:
Lül!s ~mpresas slio. l1l.l maiona da.~ verJ:Jri. f<Jmccedoras das outras indústrias do complexo produtor de veículos automotOTl"S, l,>!O é. ,;iw as grandes empresas de amopeça~, 33 A ~ertJ.fica<;ão da qualidade destes fornecedores pressup&m o eslllbelecJmenm de mn contwle de qualidade unll1cado. ~~to é. '1 yroduto !lão passa por inspeyã~l de qualidade indo dir~'tam~>nte pum hnha de montagem. )" () (.•stabelecJmenro de engenharia simullilnw na concqJo;:ão dos componcmes. ~·m·olve um trabalho conJunl<) entre os ,Jepanamento~ de P&O das empresas comprad<lras c de seus fomecedoTl'5 (Vargas. !994· l2l.
48
a) motores, são produzidos por empresas especializadas na fabricação deste
equípamento. No caso da Iochpe-Maxion, a quase totalidade dos motores utilizados em
seus tratores e colheitadeiras são produzidos pela divisão de motores do grupo. Os
tratores leves produzidos pela Yanmar e Agrale também utilizam motores próprios. As
demats empresas compram seus motores de fornecedores nacionats e estrangeiros, onde
destacamos MWM, Mercedes-Benz, Perkins, Cummins e Ford:
b) transmissões, a tàbricação de caixas de câmbio é um processo realizado em
terceiros. Primeiramente a fundição envia a carcaça da caixa de câmbio que é usínada na
própria fábríca de tratores e depois enviada as empresas especializadas na fabricação das
engrenagens e na montagem da caixa de câmbio. As principais fornecedoras, segundo as
empresas entrevistadas são a Eaton e a Clark;
c) sistemas de tração do eixo dianteiro, a incorporação de inovações tecnológicas,
como a adoção dos sistemas de tração 4X4, levou a necessidade de se adquirir este
subsistema de fornecedores especialízados. Entre as principais empresas subcontratadas
para fabncação deste componente, destacamos a ZF do Brasil;
d) eletrônica embarcªºª' um componente sofisticado, ainda pouco utilizado nos
equipamentos nacionais, mas são adquiridos de empresas nacionais e estrangeiras, que os
desenvolvem em conjunto com os fabricantes de tratores e colheitadeiras;
e) rodas, pneus e rolamentos, são peças e componentes fabricados por
fornecedores especializados.
No caso dos fOrnecedores de segunda línha, as subcontratações, quase sempre, se
originaram da necessidade dos fabricantes de tratores agrícolas e colheitadeiras
ilexíbíhzarem seus processos produtivos e reduzirem custos. Isto fez com que muítas
etapas do processo produtivo, que antes eram realizadas internamente, fossem
transferidas para terceiros. Estes processos de terceirização se iniciaram no final dos anos
80, e se ampliaram consideravelmente depois de 1990, com a reestruturação produtiva da
maioria das empresas. Dentre estes processos de terceirização, devemos destacar o
promovido pela Iochpe-Maxion na sua fábrica de colheitadeiras, a partir de 1991. Neste
caso, para alguns de seus funcionários e empresas da região foi oferecida a oportunidade
de se tornarem fornecedores da lochpe-Maxion. Esta enviou as máquinas e ferramental
em regime de comodato, além de oferecer todo apoio referente a melhoria da qualidade,
49
e garantir a compra dos produtos57 . Atualmente, alguns destes fOrnecedores também
passaram a ser subcontratados pela fábrica de tratores do grupo. Outro destaque deve ser
dado a SLC, que adotou uma estratégia totalmente contrária a tendência da indústria,
inaugurando, em 1989, uma nova e moderna fábrica, que entretanto mantém uma
estrutura produtiva bastante verticalízada5R_
Entre as etapas do processo produtivo que a maioria das empresa.:; entrevistadas
transferiu para terceiros, destacamos:
a) peças e componentes fundidos e forjados, na maioria dos casos, são
provenientes de terceiros, não havendo segundo as empresas entrevistadas problemas
técnicos, de prazo ou de preço. Destacamos o fato de uma das empresas entrevistadas ter
passado, a mais de dez anos, a sua fundição para terceiros, e considera que isto foi
bastante vantajoso_ A exceção é a SLC, que desde 1969 criou uma fundição própria para
atender sua demanda, a Fundimlsa. Entre as empresas de fundição que prestam serviços
para as fábricas de tratores e colheitadeiras destacamos a Tupy. a Fupresa e a Maxíforja;
b) peças usinadas, em geral as que apresentam maior valor ab'Tegado, como a
usinagem dos grandes blocos de transmissão e o diferencial, são realizadas internamente.
As demais peças, que incorporam pouco valor ao produto final, na ma1oria das empresas
teve sua produção repassada para fornecedores externos:
c) estamparia. incluindo corte e dobra de chapas metálicas, foram transferidas
para terceiros na maioria das empresas entrevistadas:
d) plásticos e borracha, são adquiridos, quase que na sua totalidade, de
fornecedores externos especializados na fabricação de componentes e peças néstes
materiais.
A prdi;:!lura Uc Santu Rosa apoiou a lochpc-Maxion na Stlll pnlilica Jc tcn::círizayão e Jesenvo]\"imento de Ümlecedore~ k>ea!S. dando ap<n~> po!itico. ÜJmL-cendo o transporte das máquinas cedidas. além de buscar tinanctatnen!Q Junto ao BNlJES para "'" novos !(Jrnecedwes Em apmtas um ano !i.1ram criados mms d>.: 600 empregos dtretos. alem de l!.erar um acréscimo de aproxtrnadamente US$ 1\ü(l mllhniis na renda do murucípio. [$\es !i.>mcccdore:> p<.»SL~<.-"ln hoJC um centro tmegrudo de c<Jmpras. um ""'rttro de <k>m1\·oJvímenw k·cnolóf!:JC<l. em conJUtlto com uma tmívcrstt!ade ],..,ai. fambém estão buscando íno>õtçôe~ UmW mdustnais. úJ!ll a ~qwsJç~u de máqumas CNC. ~omo ,,rganvacwnms Jadequaçno às nunnas Ja !S0-9(JIJU). além de procurar desenvolver novos ch<.,'llte~ u' hx:hpc-Maxion não cxtge e~dm>"<<.ladc. ~penas pnondllde 1111s entrega~). Dc~!e moch ~stc regJilo Já se apresema cmno v tercetro u:uuor pulo mctal-mcciínico do RS. ):5 Snl1enwm<~~ o Ü>io <la unidatk produtiVa da SLC ~e ]ocaiV~lr n~ ffiC$ffil:! regliio clli tàbnca de colheiladeiras Ja lochpe-~da.IU<m. regJil<l csw yue possm um rol<> mctal-mêcanH:<.> Gil paz de supm sua d<·nwnda,
50
Devido a necessidade de produtos com qualidade assegurada e prazos de entrega
cada vez menores, as empresas entrevistadas estão adotando a estratégia de restringir o
número de fornecedores de um mesmo item. Isto é feito para que exista uma relação de
parceria mais estável com os fornecedores, inclusive os de segunda linha, sustentados em
geral por contratos de longo prazo. Um exemplo disto, são os contratos de consignação
estabelecidos pela Iochpe~Maxion com alguns de seus fornecedores, entre eles a Shell do
Brasil, no fornecimento de combustíveis e lubrificantes utilizados nos tratores fabricados.
Estes fornecedores montaram verdadeiras lojas dentro da fábrica de tratores, em Canoas
( RS ), e o produto somente é faturado quando vai para a produção, isto é feito através de
um contrato de parceria com alguns fornecedores, que assim detém a exclusividade na
venda de um dado componente ou matéria-prima por um longo período.
51
I
I
3.5. Abertura Comercial
Nas entrevistas realizadas, as empresas brasileíras fhbricantes de máqumas
agrícolas. foram unânimes em afirmar que aumentaram o volume de importação das
matérias primas, componentes e equipamentos. A partir do Quadro 5, podemos
interpretar que os princípais itens importados são componentes de maior valor at,JTegado
utilízados nos modelos de grande porte lançados recentemente. Priorizado pelas
estratégias das grandes empresas, o segmento de mercado de tratores de grande porte é o
que apresenta maior perspectiva de crescimento, como vimos no tópico 3.3. Sendo assim,
podemos confirmar que a principal estratégia das empresas brasileiras frente a abertura
comercial, é de aumentar a importação de componentes, principalmente para fortalecer
suas posiÇões no segmento de tratores pesados.
QUADROS BRASIL - INDÚSTRIA DE TRATORES AGRÍCOLAS:
PRINCIPAIS ITENS IMPORTADOS E RESPECTIVOS PAÍSES DE ORIGEM 1992-1993
ITENS IMPORTADOS UTILIZAÇÃO PAÍSES DE ORIGEM
Eixos dianteiros de tração Tratores 4X4 Alemanha, Argentína e Itá.lía
Transmissões Tratores Pesados .\lemanha Argentina e Inglaterra
Motores Tratores Pesados e Colheitadeiras Argentina. Finlândia e Inglaterra
Pneus1 Diversos Modelos Argentina e EUA
Rolamentos Diversos Modelos Japão
Plataformas Colheitadeiras Argentina
! lmp<YíWdo~ (;Spl)fl!dicamente. FONl'E: Elaboração própria. a partir de dados das entrn!l!ta~.
Devemos destacar o inícío da importação de motores realizados pelas grandes
empresas. A New Holland, utiliza motores Ford fabricados na Inglaterra, para atender aos
seus novos modelos de grande porte, da Série Super Força, que passaram a ser fabricados
no Brasil (Folha de São Paulo, 18/05/93). Também da Jnglaternt são importados os
52
motores Perkins utilizados pela Iochpe-Maxíon nos seus tratores pesados da Série 600_ A
Valmet, desde 1993, tem importado motores da sua matriz, na Finlândia59. A partir de
1994, estes motores passaram a vir em SKD60 da matriz, recebendo 40% de componentes
nacionais na tàbrica da Valmet brasileira, sendo assim um motor seminacionalizado
(Gazeta Mercantíl, 23/01 /95). Finalmente, destacamos a importação de motores da
subsidiária argentina da John Deere, para serem utilízados nas colheitadeiras SLC
exportadas para este país6 1.
Nas entrevistas realizadas, também se verificou o interesse, mesmo das empresas
nacionais, de importar produtos acabados ou em CKD62, com o objetivo de
complementar a linha nacional de fabricação. Estas importações, segundo as empresas,
são vantajosas, pols visam atender nichos de mercado, que necessitam de produtos
específicos, que não compensam serem produzidos no Brasil, por causa da baixa
demanda. Deste modo, o interesse das empresas brasileiras é o de se manterem em suas
linhas tradicionais de produtos, que são os de uso maís genérico. Nenhuma das empresas
entrevistadas demonstrou a intenção de importar produtos acabados ou em CKD para
substituir as máquinas agrícolas tradicionais já fabricadas internamente, suas estratégias
de importação visam apenas a complementação das linhas nacionaís, com os produtos
mais sofisticados, trazidos do exterior. Seguindo esta estratégia, a lochpe-Maxion está
colocando no mercado a linha de tratores MF-3600 Dynashift, trazida da Massey
ferguson francesa. Estes tratores operam numa faixa de 132 a 190 CV, e incorporam as
mais sofisticadas tecnologias para máquinas agrícolas. A Valmet também está trazendo
da sua matriz, na Finlàndía, o trator mundial V 985S, com 105 CV (Folha de São Paulo,
15106/93: 5-3), além do trator Mega 8.100 Turbo, de 135 CV, totalmente informatizado
(Globo Rural, 11191: 8). Por último, destacamos a importação pela SLC, de tratores John
Deere, modelos D 4960 e D 8770, de 225 CV e 300 CV, respectivamente (SLC, Informe
Publicitário, 1993). Neste caso, verifica-se que os produtos importados visam ocupar um
seb'111ento de mercado que não é atendido pela produção nacionaL
Em relação à ímportação de bens de capital utilizados no processo produtivo,
devemos destacar a New Holland, que transferiu da Itália para o Brasil as máquinas e
equipamentos destinados a fabricação de tratores pesados, que ainda não eram
59 60 (d
()2/!!l/')5)_
Os motores unportado~ pela Vahnot do Bmsil sào de 85 a 130 CV (Ua7_.eta Mcn:antil. 05/05193), SKD ",\-<!1m {.:nocked Down, kit:s senude~montados. A Argentma permtte opemçõe" mn regtme de Jrowback o que barute!a as exportações pam este país (lhlz.e\a Meroamd.
!<?. - CKD- l'omplelelv Knocked Down. kits totalmente desm1mtados
produzidos pela subsidiária brasileira. Tivemos, neste caso, a transferência para Curitiba
(PR), de uma unidade de produção completa da Itália, ísto é, a New Holland literalmente
mudou sua fábrica de tratores da ItáliaG3 para o Brasil (Folha de São Paulo, 18/05/93).
Esta transferência somente foi possível graças a normas mais tlexíveis64 do MICT
(Ministério da Indústria, Comércio e Turismo). Segundo dados da própria New Holland,
a nova linha de produção absorveu investimentos da ordem deUS$ 40 milhões (Exame,
14!04!93 ). A mudança da unidade industrial para o Brasil faz parte da estratégia de
aumentar as vendas no mercado interno, onde a New Holland deseja obter a liderança,
além de incrementar as exportações (Folha de São Paulo, 18/05/93). Constatamos
também junto ás outras empresas entrevistadas, o interesse em se aumentar a importação
de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo, sendo esta tendência um
consenso na indústria.
Podemos verifícar que a abertura comercial pennittu um aumento das
importações de máquinas, equipamentos e componentes utílizados no processo de
produção e nos próprios produtos, além do fato de todas empresas reconhecerem o
interesse de importarem produtos prontos, Temos a.'isim uma diminuição do índice de
nacionalização desta indústria, principalmente em relação aos novos lançamentos e aos
investimentos mais recentes.
A possibilidade de importação de tratores agrícolas e colheitadeiras, trazidas por
empresas independentes é algo considerado improvável pelas empresas entrevistadas,
pois, set,rundo elas, mesmo com a alíquota do imposto de importação reduzida para 20%,
estes equipamentos dificilmente entrariam no BrasiL Isto porque as empresas
importadoras precisariam construir, pelo menos em algumas regiões do país, uma
estrutura de distribuição e assistênc1a técnica que atingisse os potenciais clientes. Deste
modo, podemos considerar que as redes de comercialização, tomam-se uma importante
barreira à entrada65, não apenas para as empresas importadoras, mas também para
qualquer novo fabricante que queira se estabelecer no país. Isto pode ser verificado no
Quadro 6, onde constatamos que, nos últimos 15 anos, todas empresas estrangeiras que
entraram no mercado brasileiro, o fizeram através da compra, associação ou utilização de
63 A làbriea de Módena. qa Itália. dL'i:wu de fan>r tratow; pan1 h>maT-$e fi>mecedol"'ol de eompont'nte~ para as demm~ urudades do gru~}, indusive para a !àbnca illsta!ada na Brasil (Exame, 17/02/93). 6.) Até recememenle era prmb1da a m!portaçiio de hL'lls de capital usados. mas as novas nonnas do MICT pt..'ffilltem e:>la nnportaçáo dt.'&.lc que as empresas Importadoras se c<lmpmmetem a encomendar máquinas e ,crviços a indUstna bmsdetro no mesmo yl!lor do~ CtJUiparnentos tLiados. tralJ_doo para o pais (Esmne, 14104193). n:> L)c<t-'TI\os destacar que as redes de oomercn!luayão. como vunos no tópico 3.1., são Importantes. nüo a-p<."'llls por ca\ISl! da "tit,'!lsiiO h:mt<mal do Brasd. mas tamhem porque sào fontes de JrúOrnmçào oobre o desempenho dos «<jDlp!lrm'1lltJS em .campo. t(Jl'llect.'ndo os dados nccessano:; pam t]UC se po:;sa adaptar seus produtos :h n~"Ssldades dos clwmL-s_
54
uma estrutura de comercialização já existente. A Yanmar utilizou sua excelente estrutura
de comercialízação de motocultivadoras e pequenos motores diesel, para vender seus
tntcrotratores aos agricultores brasileiros (M&M Exame, 1987: 239). Por sua vez, a Deutz
entrou no mercado brasileiro através de uma associação com a fabricante brasileira
AbJTale, fornecendo a esta tecnologia e alguns componentes para fabricar sua linha de
produtos no Brasil e comercíalizá~los através da rede de distribuição At,1fale66 (At,'fale
Noticias, 11190)_ Finalmente, em 1991, a Fiat comprou a Ford New Holiand e assim
passou a ter acesso a sua ampla rede nacional de distribuição, com mais de 200
concessionárias (Mundo Fiat, 03/92). Esta constatação, da importància das redes de
distribuição, dificulta a entrada de novas empresas no mercado brasileiro.
I
I
QUADR06 BRASIL- EMPRESAS ESTRANGEIRAS QUE ENTRARAM NO MERCADO
NACIONAL: PRODUTOS, EMPRESAS BRASILEIRA ASSOCIADAS E ANO DA ENTRADA
1979-1993
ANO EMPRESA PRODUTO EMPRESA BRASILEIRA ESTRANGEIRA ASSOCIADA
!979 John Deere Colheitadeiras I SLC
]986 Yanmar/John Deere Microtratores I Yanmar do Brasíl
1988 Deutz Tratores Médios e I Agrale
I Pesados
1991 Fiat Tratores Pesados New Holland
' .... ! ON1L Eiubumç.ao propna .
Entretanto, algumas empresas entrevistadas informaram que existe a possibilidade
de que, a líder mundial de máqumas agrícolas, a empresa norte-americana John Deere,
venha a fabricar tratores no Brasil, estando inclusive, testando seus produtos no mercado
nacional. Esta possibilídade é reforçada pelo fato da John Deere já atuar no mercado
brasileiro de colheitade1ras automotrizes, desde 1979, em associação com a SLC, da qual
é fornecedora da tecnologia, detendo inclusive 20% do capital desta empresa. Por sua
vez, a SLC possui uma grande rede de concessionárias, em especial nas regiões Sul e
Segundo entre\~sta de alguns tilbncantes, o tilto da Agra!e ter uma partlCl]XI>;:-iio restnta no m~'!"cado bnmleuo. $C &..'"\'e em t"'' pllrte, a sua rede de dlstnbmçJl(l mnda SL'!" pequena.
55
Sudeste, que poderiam ser utillzadas na comercialização de tratores Deere, Cabe também
destacar, que eventualmente os tratores Deere poderiam ser produzidos, no Brasil, na
nova unídade fabril da SLC, pois esta possui modernos equipamentos e uma grande
capacidade ociosa.
56
~ ! i I
3.6. Exportações
Através dos dados apresentados pelas empresas entrevistadas, verificamos que as
exportações são fundamentais para o desempenho destas empresas, principalmente nos
momentos de retração do mercado interno, como em 1992, quando os fabricantes
brasileiros de tratores agrícolas exportaram mais de um quarto da sua produção, o que
representou um comportamento excepcional das exportações. Já no ano de 1993, com a
recuperação das vendas internas, as exportações se retraíram, atingindo pouco mais de
l 0% da produção nacional de tratores, como pode ser visto no Quadro 7. Deste modo,
verifica-se a existência de um lrade-ojfentre as vendas internas e externas.
EMPRESAS
Agrale CBT Iochpe-Maxion Müller
QUADR07 BRASIL- PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO
DE TRATORES AGRÍCOLAS POR EMPRESA 199? 1993 --
1992
PRODUÇAO EXPORT. 8/A PRODUÇAO (A) (B) (C) 1131 124 10,9 1832 390 - - 419 5970 1437 24,0 11049 106 41 38,6 107
1993
EXPORT. D/C (D)
71 3,8
- -980 8,8 12 11,2
; New HoUand 2893 !313 45,3 4475 429 9,5 I Valmet 5010 1399 27,9 6959 1376 19,7
Yanmar 614 132 21,4 344 24 6,9
TOTAL 16114 4446 27,5 25185 2892 11,4 . ' . FONTE. L\abomc;ao prvpna a partrrd.:- dados da ANF AVEA
A lochpe-Maxion, que liderou as exportações em 1992, concentra suas vendas na
América Latina, destacando a Argentina e o Chile, países onde vende tratores de diversas
faixas de potência. Também realizou grandes vendas de tratores médios para os EUA, no
inícío dos anos 90. As colheítadeiras da Iochpe-Maxion são exportadas principalmente
para a América do Sul, e também já foram vendidas para África e Oriente Médio (Campo
Aberto, I J/91). Devemos salientar que a Iochpe-Maxion concentrava suas vendas de
tratores e colheitadeiras ao Oriente Médio no Iraque, onde, inclusive, possuía uma
associação com um fabricante local (Estado de São Paulo, 20/06/89), Entretanto, estas
exportações ao lraque, foram totalmente comprometidas com a Guerra do Golfo, que
ocorreu em 1990.
57
Em 1993, a Valmet foi a empresa que apresentou o melhor desempenho nas
exportações. Na América Latina, a Valmet apresenta urna significativa participação,
detendo aproximadamente 20% dos mercados argentino e paraguaio e 30% do mercado
uruguaio de tratores agrícolas, além de também exportar estes equipamentos para o Chile
e a Bolívia. Na Argentina, o seu principal mercado externo, a Valmet vende
principalmente seus equipamentos mais sofisticados, os tratores de grande porte (Gazeta
Mercantil, 02/04/93e 02/0 l/95). A Valmet também vende seus tratores para os EUA,
mercado onde vem buscando aumentar suas exportações67. Destacamos ainda, que a
Valmet do Brasil exporta caixas de câmbio para os tratores montados, respectivamente,
em Portugal e na Finlàndia, pelas outras fábricas do grupo Valmet (Estado de São Paulo,
!9/08189 e Gazeta Mercantil, 28103190).
A New Holland concentra suas exportações de tratores e colheitadeiras na
América Latina, principalmente na Argentina, Venezuela e Uruguai (Gazeta Mercantil,
30/05/93, 11/04/95 e Mundo Fiat, 03/92)_ O objetivo da New Holland é fazer do Brasil
um centro de negócios que forneça para outros países, e um exemplo disto é a nova linha
de tratores pesados trazida para o Brasil, e da qual se pretende exportar 50% da produção
(Gazeta Mercantil, ll/01/93 e 30/05/93).
Além destas três grandes empresas, cabe destacar a Agrale que exporta seus
tratores leves, principalmente para Argentina, onde possui um acordo com a subsidiária
local da Deutz. A Yanmar do Brasil também exporta seus microtratores com a marca e o
estilo da John Deere, isto devido a um acordo de fabricação entre a matriz japonesa da
Yanmar e a John Deere norte-americana (Fonseca, 1990: 178).
No mercado de colheitadeiras a SLC, cujas exportações dobraram em 1994,
chegando a 608 unidades, responde pela metade das exportações brasileiras destes
equipamentos. Mais de 60% destas vendas foram para Argentína, a grande importadora
de máquinas agrícolas nos últimos anos. Todas as colheitadeiras vendidas pela SLC no
mercado externo levam a marca John Deere611 , refletindo assim o tàto desta empresa ser
uma joint-venture com a firma norte-americana (Exame, 01/03/95: 49).
O fil.tummenlO da Valmct Corp. na /\menw dn N<>rte. em todas área~ que ~tua. "iio nK'l\Ores que suas vendas de tratNes ll.Q
llmsll Ela btl-"<:a aumentar sua pres,mça no mercadt> norte-ammCi.lno alraYes da subsidiána brasiletra. que pura toso. adgumu. l'lll ( ')){9. uma rede de 25 cow:cssiolWnas no~ EUA tEstado de Silo Paulo. U9/l2íS9).
C·R
58
QUADROS BRASIL- FABRICANTES DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS: PRINCIPAIS PRODUTOS
EXPORTADOS, PAÍSES DE DESTINO E CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO 1985-1993
!I PAÍSES i EMPRESA PRODUTOS DE CANAIS DE
I I~ : I I
DESTINO COMERCIALIZACÃO
Tratores~ diversas Argentina e Chile Master Dea!er faixas de potência (tfassev-f.êrKJtSOll)
locbpe--Maxion Tratores Médios EUA Master Dealer rMa.~wev-FerKtJson)
Colheitadeiras 11ERCOSUL Master Dealer (/i,-fassey~!·"i?rKft:WnJ
Iraque Tradin.(.[s
Tratores Pesados: Argentina Master Dealer !CID E!-)
Valmet Tratores Médios e Paraguai, Uruguai, Master Dea!er Pesados Chile, e Bolivia {terceiros)
Tratores Médios EUA Revenda Própria (Vlkin(.[ American)
Tratores Médios Argentina Uruguai e Master Dealer Venezuela (New Holland)
New Holland Colheitadeiras Argentina Master Dealer
(New Holland)
SLC Colheitadeiras MERCOSUL Master Dealer (John Deere)
Agra1e Micro tratores Argentina Master Dealer (Deutz}
Yanmar Micro tratores Diversos Master Dealer (John Deere)
" " I Ol'<'TE, Uaboraçuo propna.
Podemos, a partír do Quadro 8, observar que a pauta de exportação da indústria
brasileira se apresenta bastante diversificada, indo desde tratores simples e de baixa
potência até os tratores pesados 4x4 e colheitadeiras com sofisticados equipamentos
eletrônicos_ Também se verifica que os principais países importadores de tratores
brasileiros, são os da América Latina. Os dados apresentados no Gráfico 19 confirmam
59
esta afirmação, indicando que o MERCOSUL abriu um grande mercado aos tratores
agrícolas fabricados no Brasil e atualmente responde por quase 70% das exportações
brasileiras.
GRÁFIC019 EXPORTAÇÕES DE TRATORES AGRÍCOLAS: PARTICIPAÇÃO DO MERCOSUL
1986-1993
DISTR!B!ÇÃO DAS
EXPORTAÇÕES
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993
ANOS
FONTE: Elabomçiio própna a partir de dados da ANFAVEA
m Resto do Mundo
&MERCOSUL
Esta elevada partícipação da indústria brasíleíra de tratores agrícolas no
MERCOSUL, se deve ao fato de que atualmente as alíquotas de importação de tratores
agrico-lao;; dos países do tvt:ERCOSUL são favoráveis ao Brasil como vemos a seguir:
Brasil ~ 20% (geral); Argentina- 15% {geral) e de 4,8 à 10% (mercosul)69; Paraguai -
12% (geral) e 0% (mercosul); Uruguai - 0% (geraJ)10. Além disso, a única concorrente
neste mercado seria a indústria argentina de tratores. Entretanto esta produz
aproximadamente de 4 mil à lO míl tratores por ano, não tendo, deste modo, escala de
produção para concorrer com os produtos brasileiros, que em 1993 dominavam 40% do
mercado local (Relatório Reservado, 09/05/94). O diretor de uma das grandes empresas
entrevistadas, argumenta que os tratores brasileiros apresentam preço e principalmente
qualidade mais competitivos que os produzidos na Argentina. Uma constatação dísto,
vista no Gráfico 20, é o fato de que desde o início dos acordos do MERCOSUL,
69 U governo argentino devoh'<l aos compradores 15% do valor do trator, em ffiQ~.,"'lhVOS fiscais. desde q<;e e~\L'S scpm >:\'mprndos dos fabricantes local~ (Gazeta Mcromtd, 09/09193} il' Dados sobre as aliquotas de importação tim~m obtidas jwuo a lo.::hpe-Maxíon S.k
60
aumentaram as exportações para os países membros, que em 1993, foram os maiores
ímportadores dos equipamentos brasileiros.
GRÁFIC020 TRATORES AGRÍCOLAS: PAÍSES IMPORTADORES
1991 E 1993 .-----------------
1§91
13% DArgen.
11 Parag.
• Urug.
8% 9% O Chile
O Bolívia
EJ México
B Outros
a EUA
FONTE: El:!bontção prúpna a partir de dados da ANFA VEA.
1993
13%
BArgen.
BPtuag.
•urug. 35% O Chile
11 Bolivia
O México
B Outros
A mesmas constatações apresentadas anteriormente também são válidas para as
exportações brasileiras de colheitadeiras automotrizes. O lv1ERCOSUL responde por
quase 80 % das vendas externas destas máquinas como pode ser visto no Gráfico 21.
GRÁFIC021 EXPORTAÇÕES DE COLHEITADEIRAS: PARTICIPAÇÃO DO MERCOSUL
1991-1993
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1991 1992
ANOS 1993
i1 Resto do Mundo
BMERCOSUL
FONTE: Elaborm;ão própria a fll!JtiT de dados da ANI'A VEA.
61
Podemos verificar no Gráfico 22 que a Argentina também é a grande importadora
de colheitadeiras brasileiras. Isto fica ainda mats salientado pelo fato de que, em 1993, as
empresas brasileiras respondiam por 76% deste mercado e apenas a SLC possuía neste,
mais de 50% de participação (Relatório Reservado, 09/05/94 e Exame, Ol/03/95: 49),
GRÁFIC022 COLHEITADEIRAS AUTOMOTRIZES: PAÍSES IMPORTADORES
~------------------~19~9lE~l~99~3------------------~ 1991
111 Argen
9 Porag.
• Urug. O Outros
1lill o_ Médio
FONTE: l·:taborn<;ilo pn'>tma a parnr de dados da ANFAVE!\.
1993
•Argen ll9 Perag.
•urug. O Outros
Entre os canais de comercialização maís utilizados para exportação, as empresas
entrevístadas destacaram os Afaster Dealers como principais meíos de exportação,
principalmente para os países da América Latina e EUA Assim como no mercado
mtemo, para exportar e necessário se ter, em cada país comprador, acesso a uma bem
estruturada rede de distribuição, e esta normalmente é controlada pelo Master Dealer.
Este é o representante de uma dada empresa multínacional num detenninado país, que
em geral é a sua própria subsidiária local ou, quando estas não existem, seus
representantes71 . A SLC, utiliza a subsidiária argentina da John Deere para vender e dar
assistência as suas colheitadeiras neste mercado. Com um grande volume de exportações,
a Iochpe-Maxion, utiliza a estrutura mundial da sua parceira internacional, a Massey
Ferguson. Por sua vez, a New Holland Internacional, está buscando, desde 1993,
reorganizar sua rede de distribuição na Argentina, para melhorar o seu posicionamento
nas exportações realízadas a este país (Gazeta Mercantil, 30/04/93 ).
Dentro deste tema, cabe destacar o tàto da Valmet do Brasil ter adquirido, em
1989, a empresa norte-americana Viking American, que se tomou distribuidora exclusiva
71 No Ga$0 doo pa!Se~ sedes da matnzcs. estas siio os propnos~Has.rer Deafer$.
62
dos tratores Valmet vendidos nos EUA, possuindo 25 concessionárias quando foi
comprada (Estado de São Paulo, 09/12189 e Folha de São Paulo, 09112189). Na Argentina,
desde 1991, a Valmet do Brasil se associou a empresa chilena CIDEF, que já possuía
urna rede de concessionárias neste país72.
As rradings são utilizadas principalmente em negociações que envolvem
governos, como no caso das exportações de tratores e colheitadeiras da lochpe·Maxion
para os paises do Oriente Médio (Campo Aberto, 11/91). Temos também a realização de
vendas diretas para os agricultores de outros países, mas estas são bastante esporádicas e
pouco significativas no total das exportações.
Nas entrevistas realizadas, as empresas foram unânimes em destacar o alto custo
de alguns componentes, e o elevado custo financeiro interno, como as principais barreiras
a expansão das exportações. Entretanto, como vimos no tópico anterior, as empresas
brasileiras aumentaram significativamente a particípação dos componentes importados
nos seus produtos, enfrentando assim o problema do alto custo dos componentes
nacionais. Com relação ao custo financeiro, este foi resolvido de diversas formas. No
caso das multinacionais New Holland, Valmet e Yanmar, o dinheiro é obtido no exterior
pelas suas respectivas matrizes. A Iochpe-Maxion passou a captar recursos diretamente
no exterior, através do lançamento de eurobônus no mercado internacionaF3. Por sua vez,
a SLC busca evítar o endividamento, obtendo os recursos nas outras operações do Grupo
Schneider-Logernann.
Outro ponto, levantado por todas empresas entrevistadas, como barreira à
expansão das exportações, é estrutura tributária brasileira que encarece os produtos
exponados. No Quadro 9, verificamos que impostos internos PIS e COFINS também
incidem sobre os produtos exportados, ao contrário do que ocorre na estrutura tributária
de outros paises.
Em l991 u ClDEF udquínu a empresa ar:<cnhna de tratores Makrosa. que a !em de uma üibríca <jll<' J(Ji desaln-ada, possuia !.í\'flli estrutura de distnbmçiio já monlllda {Oaze:lll Mercantil. 02101/95) '-' Nos u!Umns anos a Iochpe~Maxion capTOu US$ 4-5 milhões no mercado externo em eurobõnus_
63
'
QUADR09 TRATORES AGRíCOLAS E COLHEITADEIRAS -COMPARATIVO
INTERNACIONAL: IMPOSTOS E MARGEM DAS CONCESSIONÁRIAS 1994
~ PAÍSES ALÍQUOTA DE fMPOSTOS MARGEM DAS IMPORTAÇÃO INTERNOS CONCESSIONÁRIAS
I BRASIL 20% ICMS~ 7% 15%
r PIS M 0,65%1 COFINS- 2%1
EUA 0% I1\1_ TAX-5a8% 15%
I (cliente fina!) (promoções 7%)
' ' t"'lGLATERRA O a 10% VAT- 17,5% 8a9%
(retomável)
ARGENTINA 15% IVA-18%2 11 a 12% 4,8 a 10% (retormlvel)
MERCOSTJL
1 Tambem sãtl "'!brados dos odutos exportado~-p; 2. O governo arg<m!Hm in~tiva oo làbricantes looa1s com a d<.-"'>'olw;ilo de 15% do valnr do tmtor mn inccutÍ'\~lS tiscais, FONTE: Elabornção propria a partir dados da Iochpe-Maxion S.A.
A falta de crédito aos clientes externos também foi destacados por algumas das
empresa~ entrevistadas. Os tratores agrícolas e colheitadeiras, assim como outros bens de
capital, necessitam de financiamento para serem exportados. Este financiamento é
fornecido qua<;e que exclusivamente pelo FINAMEX'4. Também foi citado como barreira
à expansão das exportações o elevado custos de embarque dos portos brasileiros.
O FlNi\MEX e um programa do FINA1AE. cna<..l\1 para apmar a e.~portaçiio de rnilqumus e eq1npamen!os nacionais. ;wsemelhand<>-~e a uma agêucia de comercio extenor voltndo.1 para o setor de bem de C.lpllal (8NDES System. 1992).
64
QUADRO lO TRATORES AGRÍCOLAS E COLHEITADEIRAS
COMPARATIVO INTERNACIONAL: PREÇOS PÚBLICOS 1994
11 ' I SEGMENTO I PAÍS EMPRESA MODELO PREÇO i I US$
~~BRASIL Iochpe-Maxíon MF235 15.127
I I ARGENTINA MF Acg. MF250 18.985 ,I I
11 I
I Tratores 11 EUA MFUK MF240 16.140 50cv Case !HC 485 12.900
' I ALEMANHA Deutz DXJJO 19.781
I Caoo IH 640 18.166
I I 11 BRASIL lochpe-Maxion MF290 26.144 '
ARGENTINA MF Arg. MF ll75 24.240 Tratores Valmet V885 21.086
85cv EUA Deere D 6400* 36.200
I Case IHC 895 20.900
BRASIL Iochpe-Maxion MF630 32.933
EUA New Holland Ford 8240 42.145 Tratores Case lHC 5230 44.500
llOcv ALEMANHA Deutz Agrostar 4.57 A* 44.348
Deere D 6400* 45963
' BRASIL Iochpe-Maxion MF660 44.586
' ARGENTL~A Deutz AX 4.140 4l.985
Va!met v 1580/4 40.460
I I
Tratores EUA MFFr. MF 3660* 73.350
145cv Deere D 7800* 83.259
ALEMANIIA Deutz Agrostar 6. 61 * 66.897 New Holland Fiat 140 DT* 66.782
BRASIL Iochpe-Maxion MF6845 T 57.041
ARGENTINA Vassali HIDRO* 78.952 Colheitadeiras Deutz HIDRO* 95.518 5 sac-a palha
EUA Class Class 78* 75.105 Deere D 7720* 83.225
.. ' '
" lrat<JI\:s e <:ulhertaaetm.~ coro cabroe. o que em parte JUSillJca o preço nuns elc\"ado. FONTE: Elaboração pn\pna iJ partir de dados da !ochpe-Maxion SA
65
ÍNDICE
100,00
125,50
106,70 85,28
130,76 120,09 '
!00,00
92.72 80,65
138,47 79,94
100,00
127,97 135,12
134,66 !39,57
100,00
94,17 90,75
164,51 186,74
150,04 149,78
100,00
138,41 167,45
131.67 145,90
Entretanto, apesar da existência de barreiras à exportação, os tratores agrícolas e
colheitadeiras produzidos no Brasil apresentam preço competítivo no mercado
internacional, corno pode ser visto no Quadro lO. Inclusive em alguns casos, o preço dos
produtos nacionais no exterior são mais baratos que seus similares produzidos nos países
desenvolvidos.
A cornpetitividade internacional da indústria brasileira de tratores agrícolas e
colheitadeiras fíca clara no Gráfico 23, onde se mostra que desde 1980 esta indústria
apresenta uma balança comercial superavitária.
GRÁFIC023 BRASIL- BALANÇA COMERCIAL DA INDÚSTRIA DE MÁQUJNAS AGRÍCOLAS
1960-1992
600000
500000
400000
MILHARES JOOOO!l US$
200000
100000
o
""' i\
\ '
1/v r\ ~ h V, /
so 62 64 ss sa ?o 72 74 76 78 ao az 84 as aa so n ANOS
!--+--IMPORTAÇÕES ~EXPORTAÇÕES I FONTE: EJabomção própria a partir de dados da ANF A VEA
66
4. ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS
4.1. Evolução Tecnológica na Indústria de Tratores Agrícolas e Colheitadeiras
A evolução da tecnologia na índUstria de tratores agrícolas e colheítadeiras,
onentou-se através de projetos básicos, designs, que representavam o auge da concepção
tecnológica em um determinado período e que serviam também de referência para
desenvolvimentos posteriores. Segundo Fonseca (1990:69), "quase todos os avanços
tecnológicos dos tratores a!:,'l'ícolas, incluindo as inovações mais importantes, tomam-se
possíveis através da acumulação de experiência no desenvolvimento do ptoduto e no
processo de produção, ao longo do tempo. Mesmo quando vindas de fora, da indústria
automobilística ou de autopeças, as melhorias introduzidas têm que ser adaptadas à
concepção básica predominante, ensejando possibilidades novas de desdobramento ao
longo das trajetórias".
O primeiro projeto básico foi o trator da Ford, o Fordwn, lançado em 1917, sendo
o primeiro trator montado em série. Posteriormente, na década de 20, houve o
lançamento do trator de concepção genérica (várias operações agrícolas), o Farmall, da
International Harvester. No pós-guerra ocorreu a consolidação do padrão Ferguson, que
apresentava sistema hidráulico com hastes de três pontos. A partir dos anos 60, período
em que esta mdústria se instala no Brasil, passa a existir uma grande convergência dos
padrões a partir do design do trator Ferguson. Este movimento decorreu de wn padrão de
concorrência oligopolizado, que buscava a redução dos custos (projetos, produtos e
processos sem grandes modíficações e intercâmbio de componentes) e melhoria da
qualidade (melhoria do desempenho do equipamento). Deste modo, se impôs a esta
indústria wna clara tendência à padronização, o que implicou numa perda de dinamismo
ou uma certa inércía no processo de desenvolvimento tecnológico.
Dentro desta tendência à padromzação, que vem desde os anos 60, o avanço
tecnológico ocorreu por meio do processo de aperfeiçoamento de um projeto padrão
bâsico inalterado. Este refinamento gradual se deu através da introdução de melhorias e
inovações incrementais destinadas a elevar o desempenho do equipamento. Deste modo,
as melhorias e inovações tem de se traduzir em mudanças signíficativas de qualidade,
tomando-se também um fator de diferenciação do produto_ Como vimos no tópico 3.1,
esta é a principal forma de concorrência nesta indústria, permitindo que as empresas
67
amplíem suas margens de participação nas vendas sem recorrer a uma estratégía de
competição via preços.
Estas melhorias e movações incrementais originam-se basicamente de duas
SJtuações (Fonseca, 1990: Parte VI):
a) inovações vindas do complexo metal-mecânico, mais especificamente da
indústria automobilística e de autopeças, que são incorporadas como componentes nas
máquinas agrícolas. Entretanto, na medida em que essas inovações vão compor os
subsistemas de um conjunto mecânico mais complexo como tratores e colheitadeiras,
qualquer modificação pode ocasionar alterações nos produtos e processos de fabricação;
b) modificações necessárias para adaptação dos equipamentos às necessidades
dos agricultores e às condições de uso. Isto gera a necessidade do desenvolvimento de
formas específicas de interação entre produtores e usuários, no caso, as atividades de
distribuição e assistência técnica. Também é fundamental que se estabeleçam atividades
de P&D que pennitam tran..<;formar as informações em melhorias e inovações. No caso
da..<; colheitadeiras autornotrizes, esta interação com os usuários, é ainda maior, pois a
evolução dos projetos é bastante afetada pelas características dos sistemas de uso. Sendo
assim, a tendência a padronização não é tão acentuada neste caso.
Verificamos, que a incorporação de melhorias e inovações incrementais, em
ambas as situações acima relatadas, levam ao estabelecimento de um "fluxo tecnológico",
baseado no ritmo de identificaçãoísolução de problemas. Concluímos assim, que o
padrão de mudança tecnológica na indústria de tratores agrícolas e colheitadeiras está
fortemente relacionado ao processo de aprendizado pela experiência, learning by doing,
decorrente do relacionamento desta indústria, com o conjunto do complexo metal
mecàníco e com os sistemas de uso, na agricultura.
68
4.2. Produto
As fontes dos projetos básicos apresentados nas entrevistas pelos fabricantes
nacionais de tratores agricolas e colheitadeiras, podem ser agrupados em três grandes
categorias: a) desenvolvimento intra-muros de novos projetos, quando as empresas criam
as concepções básicas sobre as máquinas que irão produzir; b) licenciamento de
tecnologia, quando se obtem o projeto básico através da compra ou associação com a
empresa detentora da tecnologia; c) matriz no exterior, quando esta transfere para sua
subsidiária, os seus projetos básicos_
Podemos verificar, no Quadro ll, a f,rrande diversidade da origem tecnológica que
existe na indústria brasileira de máquinas agrícolas. Constatamos que as Unicas empresas
que se engajaram num esforço para obter autosuficíência no desenvolvimento dos seus
projetos básicos foram, a fochpe-Max10n, a Müller, e a CBT. Estas duas últimas
empresas, que operam em nichos, apresentam toda sua linha de produtos baseados em
projetos desenvolvidos intra-muros. A Jochpe-Max.ion, por sua vez, realizou grandes
investimentos ao nível de projeto, para desenvolver sua própria !ínha de tratores
pesados75. Entretanto, a tecnologia para produção dos seus tratores médíos e leves foi
transferida pela subsidiária inglesa da Massey-Ferguson à subsidiária brasileira antes da
aquisição desta pelo Grupo Jochpe-Maxion. No caso das colheitadeiras, devido ao fato de
antenormente a Ideal e a Massey-Ferguson do Brasil, serem empresas independentes, a
tecnologia utilizada por elas apresentam fontes diferentes. A primeira comprou
tecnologia de duas empresas norte-amencanas, a Farh e a Intemational Harvester76, e a
segunda, recebeu tecnologia da Massey-Ferguson canadense. Os projetos dos tratores e
colheitadeiras da Iochpe-Maxion foram constantemente modernizados, cabendo destacar
o lançamento, em 1993, da Série 600, que são basicamente os mesmos tratores pesados,
com a incorporação de várias inovações incrementais, como motor mais potente, novo
eixo dianteiro e cabine padronizada para todos os modelos, estando estes equipamentos
entre os mais sofisticados da indústria brasileira de máquinas a,brrícolas.
75 A lochpe~Maxmn bu:wrn.> o descnvolvuuento de tccnolog:m propna. a panrr de 1985, dqxHs que 5ua só.;;Ja c de\t:ntoro da I~"Cm>log>a Ma,;$Cv-Fcrguson. ~c rccu.wu a h>m<-'<'CrUS cspectllcaçik:s t6crucas dm ~c~~~ pw.iclOs bá~wo~. ver lóplco 5 1 76 Em !98(,_ 1l !nti.-'1Tll!Uonal Harve~ter lÍlÍ adquirida pela J L Case 1 U .::; lndustnal Trndc CommJss!on. 1992: 5).
69
QUADRO 11 BRASIL- TECNOLOGIA DOS TRATORES AGRÍCOLAS E COLHEITADEIRAS
AUTOMOTRIZES: ESTRA TÉG!AS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS POR CLASSE DE PRODUTO E ORIGEM DA TECNOLOGIA
EMPRESAS 11
PRODt!TOS ESTRATÉGIAS ORIGEM OA TECNOLOGIA Emoresa (Paísl
I Tratores Le\·"es e Médios
I Aquisição1 \1 assey~ F erguson (Inglaterra)
' I Tratores Pesados Desenvolvimento Iochpe~Maxion \Brasil)
I Próprio locbpe-
I ~ Maxion Colheitadeiras Maxion/?viF Aquisição1 \hssey-Ferguson (Canadá) I I Colheitadeiras Ideal Aquisição1 I Farh e Harvester I (EUA)
~ ~
I' Tratores Médios e Valmet Matriz Valmet (Finlândia) I Pesados
Tratores Médíos I
Matriz Ford2 (Inglaterra e EUA)
New Holland Tratores Pesados Matriz Fiat (Itália)
' Colheitadeiras Matriz ~ew Ho!!and (Bélgica)
Tratores Leves Dese11volvimento Agra!e (Brasil) ' Próprio i ' Agrale I
I Tratores Medios e ' Licenciamento Deutz (Alemanha) Pesados I
I ' ' 11 SLC
Colheitadeiras Licenciamento3 John Deere (EUA e Alemanha)
11 Yanmar Tratores Leves Licenciamento John Deere (EUA)
I I'
I CBT Tratores Medias e Desenvolvímento CBT (Brasíl)
Pesados Próprio
' Müller- Tratores Pesados e Desenvolvimento Müller (Brasil) Supertratores Próprio
Jc,_nolnf?!a~ ltans!encla~ pum suOCJdwna hrasilctm da Masse\·hrgu;;nn nu para IdeaL anu.-s dcs!a~ empresas s~rem adqumda~ pda lo<:hpc-Maxwu, ücando as tccnologüts mcorporudas ao putnmómo da empresa_
~ Ate IV') I a Núw Hullund em a controladunt pd~ Furd Molor' Company. ' l'do acordo de íomt-vemun, a ::iLC ill!o paga royaltw.1 a ,;ocm ~"Stnmgew~, pel<>s :;eus proJetos_
H )NTF- Elahmação Propna
70
A Agrale também apresenta projetos básicos de microtratores desenvolvidos
internamente, mas estes são considerados obsoletos (Fonseca, 1990:177). Lançada
recentemente, sua linha de tratores de médios e grandes, incorpora tecnologia da empresa
alemã Deutz. Vemos assim, que a Agrale e a lochpe-Maxion apresentam estratégias
tecnológicas opostas. enquanto a primeira, que utilízava tecnologia própria, passou a
comprar tecnologia do exterior para diversificar sua linha, a segunda, que licenciava
tecnologia, investíu no desenvolvimento próprio para lançar seus tratores mais
sofisticados. Utilizando exclusivamente a estratégía do licenciamento, a Yanmar,
fabricante de tratores leves, e a SLC, produtora de colheitadeiras, adquiriram, ambas, o
direito de utilizar a tecnologia da John Deere nos seus respectivos segmentos. A primeira,
devido a um acordo da sua matriz no Japão com a empresa norte-americana, e a segunda,
atravês de uma associação com a John Deere, que possui 20% do seu capítal. Embora a
SLC atue somente no sebrrnento de colheítadeiras, a sua associação com a empresa norte
americana nos permite inferir que se encontra nos seus planos o licenciamento de
tecnologia para fabricação de tratores. No caso da Valmet e da New Ho1land, que são
fihaís de empresas estrangeiras, a tecnologia dos projetos básicos foi transmitida
internamente da matriz ou das subsidiárias estabelecidas em outros países, para a
empresa brasileira.
Em relação às dificuldades encontradas para absorção da tecnologia, a estratégia
do desenvolvimento próprio, segundo as empresas entrevistadas, requer um grande
esforço em termos de investimentos. Além disso, existe o componente da incerteza, pois
necessita de bastante tempo para se desenvolver novos produtos77, enfrentando o risco de
algum concorrente adiantar-se, lançando um modelo mais aperfeiçoado. Finalmente,
temos o problema de se lançar um produto ainda não testado, como foi o caso dos
tratores Maxion que apresentavam uma tecnologia não adequada às necessidades dos
usuários. A estratégia da importação de tecnología, seja ela obtida da matriz ou de
acordos de lícenciamento, apresenta como maior dificuldade a necessidade de se
modificar os projetos para adaptá-los às condições brasileiras, sendo necessário a
introdução de melhorias e inovações incrementais, levando neste processo ao surgímento
de novos produtos. As fontes destas melhorias e inovações incrementais desenvolvidas
internamente, segundo as empresas entrevistadas, são: a) acordos com universidades e
centros de pesquisa, que são utilizados principalmente para testes e avaliações dos
produtos jil. desenvolvidos. Os principais centros de pesquisa e universidades citadas
77 l :m eKemplo d1.51\l C a lochpe-Ma:uon. qw: levou quatro anos pam desenwlver Silll linha de tratores Maxíon (Folha de São l'm~!o. ~(I/Oii90t
71
pelas empresas são: UNICAMP, USP-ESALQ, UNESP, UFRS, CIENTEC e IPT: b)
fornecedores de componentes, pois estes são responsáveis, em grande parte, por ínjetar as
movações vindas do complexo metal-mecânico, na indústria de máquinas agricolas, na
medida em que as fábricas de tratores agrícolas e colheitadeiras utilizam suas peças e
subsistemas: c) redes de revenda e assistência t6cnica, que indicam as modificações
necessárias para adaptar os equipamentos às condições de uso dos agrícultores. Um
exemplo disto é a Yanmar, que ao adaptar o seu trator para permitir seu uso em
plantações de uva, introduziu mais de 2.000 modificações, criando um novo modelo
(Estado de São Paulo, 05/12/90). É importante que exista um canal de comunicação com
os usuários, e este é dado fundamentalmente através das redes de comercialização. A
empresa que melhor tem aproveitado a relação com seus clientes para o desenvolvimento
de seus produtos, especialmente na realização de testes e ensaios continuas, é a lochpe
Maxion. A Valmet e a New Holland também têm utilizado o contato com revendedores
para obter informações sobre o desempenho dos seus produtos e assim promover
movações.
Os principais lançamentos desta índústria, nos últimos anos, têm se concentrado
no segmento de tratores pesados, o segmento mais sofisticado. Segundo as entrevistas
realizadas, o principal avanço tecnológico destes produtos é a melhoria na relação
potênciaíconsurno, com a introdução de marchas sincronízadas e sistemas multitorque,
oferecendo maJor produtividade aos usuários. Outro avanço que também consta destes
novos modelos são itens que aumentam a segurança e conforto do operador, como a
adoção de proteção de quatro pontos e cabínes fechadas, estas últimas geralmente são
opcionais78. Embora, a adoção das novas tecnologias ainda seja incipiente nesta indústria,
já se iniciou a utilização de novos materiais e da microeletrõnica. No primeiro caso,
destacamos a Agrale que, em 1990, inaugurou uma nova unidade produtiva, destinada
exclusivamente a fabricação de peças de plástico reforçado em fibra de vídro, para uso
em seus produtos (Agrale Notícias, 11190). A lochpe-Maxion também está usando um
composto de material cerametálico nos discos dos sistemas de embreagem dos seus
tratores (Fonseca, 1990: 210). Quanto a eletrônica embarcada, verificamos que ela aínda
é muito pouco utilizada no mercado interno por causa da relação preço-salário79 e da
baixa qualificação dos tratoristas80 (Estado de São Paulo, 05/12/90). A exceção é dada
A~ r.:<lbincs fechadas. ~om ar c<)ndicJOnado são usu&s para pmteger o traton$ta do barullw, linnaça e (tgtotóxicos (Folha de Siio Paulo. 16/11/93), 79 A relaçà<) emre os ~aláno$ pagos c o preço dos equipallll..'llW~ agncolas no Brami. está muito aquém dos níveis encontrados no~ países de pnrneim mundo. No Bmsll são nece>;silri<lS ma!s de 300 &alilrios murimos parn se comprar un1 trator, t.'flquanto na Fínlimdia oompnHre uma maquma mms solisticada wm 36 sa!ános (Gazeta Me:rcanuL 28/03/90). IW A gnmde rruuorm dos trawnstas brasileiros nào passa por ctmoo de treinamento INoJmloto. 1987·. 2+6,25-1).
72
pelos novos tratores Série 600 da lochpe-Maxion, que utilizam um sistema de levante
hidráulico por controle eletrônico, denominado "Hydrotronic". Este sístema,
desenvolvido em conjunto com a Bosch, permite uma perfeita adaptação dos
implementos às variações da superfície do solo, através de sensores localizados na parte
traseira da máquina (Boletim da Qualidade, ll/94: 12). As colheitadeiras exportadas pela
Iochpe-Maxlon, New Holland e SLC também incorporam modernos sensores de
monitoramento das operações. Dentre estas destacamos o último lançamento da SLC, o
modelo 7700, que apresenta a plataforma de corte com sistema de flutuação lateral. Este
sistema de inclinação lateral da platatOnna, chamado de f}faster, pennite o corte rente ao
chão, mesmo em curvas de nível, pois copia as ondulações do solo, aumentando assim a
capacidade de colheita em comparação com outros equipamentos (SLC, Infonne
Publicítário, !993 ),
73
4.3. Processo
As pnncipais estratégías tecnológicas adotadas pelas empresas entrevístadas,
quanto a orgamzação dos processos produtivos, são: a) transferência de tecnologia da
matnz, utilizado apenas pelas empresas multinacionais: b) benchmarkmg'dl, que na
realidade consiste em copiar as novidades na área de gestão, tecnologia e produção,
utilizados pelas empresas líderes mundiais do setor. Entretanto, em ambos os casos, a
brrande dificuldade consiste em adaptar estas tecnologias estrangeiras às condições de
cada çmpresa. Esta adaptação somente pode ser feita através de um processo de
aprendi?.ado, learning hy doing, onde existe a geração de tecnologia interna. Para
realizarem esta transferência de tecnologia, algumas empresas contam com o apoio das
universidades e centros de pesquisa. Os fornecedores de máquinas e equipamentos
utilizados na produção também apoiam as empresas neste processo de aprendizagem,
adaptando seus produtos às necessidades dos clientes, e procurando oferecer, cada vez
mais, soluções completas.
Estas novas tecnologias de produção envolvem basicamente duas dimensões, a
organüacional e a industrial. A primeira dimensão se refere basicamente as técnicas e
normas de controle da gestão, da produção e da qualidade. O principal problema para a
mtrodução destas inovações organizacionais, segundo as empresas entrevistadas, se
retere às dificuldades de conscientização dos dirigentes e funcionários para as
necessidades de mudança.
Apesar das dificuldades acima indicadas, verificamos no Quadro 12, que as
quatro empresas líderes do mercado, desde o final dos anos 80, tem se esforçado no
sentido de introduzír as novas técnicas organizacionais. Os resultados mais positivos
nesta índústria, se reterem à implantação do Luy-out celular, Kanban, CEP, MRP e MRP
II, sistemas que permitem principalmente a otimização do capital de giro, corno
consequência da redução de estoques. Devemos destacar a introdução de células flexíveis
de manutiltura, utilizadas nos setores de estamparia, soldagem, usinagern e montagem, e
que tem resultado., segundo a maioria das empresas líderes, em etetiva melhoria na
qualidade, rápida identificação/solução dos problemas, eliminação dos desperdícios e
redução da ârea ocupada. Quanto ao Just-in-tune, a sua adoção tem encontrado, segundo
Pow n>dhor rmahsc da cstratégta de henchmarkmg, ver repmta[!em especml m Re\HUI E,\ame. l4/04i')3
74
as empresas, grandes dificuldades devido a necessidade de relacionamentos mais estáveis
com os fornecedores.
QUADROI2 BRASIL- MAIORES FABRICANTES DE MAQUINAS AGRÍCOLAS: ADOÇÃO DE
INOVAÇOES ORGANIZACIONAIS E RESULTADOS OBTIDOS I993
EMPRESAS LÍDERES !NOVAÇÕES ORGANIZACIONAIS
A B c D
!.ay~ow celular !1) ( l) (!) ( 1) Kanban (1) ( l) (I) (4) Controle Estatístico de Processo íCEP) il) (1) (I) (I) Just-in-Time (JlT) (]) (I) (2) (4) Planejamento de Requisição de Materiais (MRP} li) I I) I 1) ( I) Planejamento de Recursos da Manufatura (!vlRP JI) 11) (1) (!) (I) Círculos de Controle de Qualidade (CCQ) 14) (4) ( 1) (I) Controle Total de Qualidade (TQC) (I) (4) (3) (I) Gestão Participativa (4) I 11 (4) (4) Resultadú~: 1 1 1 Snt!~liltono 12) Não SalJshltOl"'<) 13) Em le>;tc 14' Niio lntrodundo Empresas: A_ l<"lGhpe-Maxion, B. New Ho!!autt c_ VatnwL D. SLC FONIL [l;;boração propm:t, a purllr de JadQ_~ das entrcnstas_
Convêm destacar o exemplo da fiibrica de tratores da Iochpe-Maxion que, em
1987, iniciou uma grande reestruturação organizacional, com a implantação das
primeiras células de manufatura. Atualmente, estas células de manufatura fazem parte de
estruturas maiores chamadas de "minifábricas", que fornecem os subsistemas necessários
para montagem final dos tratores_ Deste modo, todos os componentes fabricados
internamente nascem e são montados numa mesma irea, de forma integrada. Juntamente
a isto, tivemos a implantação da engenharia integrada81, objetivando que o
desenvolvimento de novos produtos e sua produção seja feita de forma conjunta.
Finalmente tivemos a implantação do just-in-t1me, tanto internamente, como na relação
com os princípaís fornecedores. Esta nova estrutura fabril permitiu a redução do tempo
de fabricação, do espaço ocupado e dos estoques de materiais e produtos acabados, além
de se criar um processo flexível integrado. Além deste caso, temos a Yanmar, wna
empresa que desde o início da sua produção, em 1986, vem adotando os mais modernos
sistemas de gerenciamento e controle, sendo uma das empresas pioneiras, em toda
indústria brasileira, na introdução de inovações organizacionais (M&M Exame,
!987:239).
/\ ~ngcnfuma inh:>g_raOO e resultado 00 junção 00 <lllg<.-'nhana tk produto umlll Cll!!<llllmrm de processo.
75
A outra dimensão das novas tecnologias de produção, se refere ao grau de
utuaJização das máquinas e equipamentos utilizado pelas empresas. Segundo as
entrevistas, as principais dificuldades, neste ponto, se referem a limitação de recursos
financeiros disponíveiS para aquisição de novos equipamentos, devido principalmente, a
consecutiVa queda da demanda que ocorreu nesta indústria até 1992. Isto fica visível no
Quadro 13, onde constatamos um baixo nível de renovação das máquinas. Entretanto,
dentre as novas aquisições, temos uma elevada participação de equipamentos mais
sofisticados.
QUADRO 13 BRASIL- ESTRUTURA FERRAMENT AL UTILIZADA PELAS EMPRESAS
FABRICANTES DE TRATORES AGRÍCOLAS E COLHEITADEIRAS 1983-1993
i ESTRUTURA FERRAMENTAL
Total de Máquinas-Ferramentas adquiridas nos últimos lO anos , -Máquinas com C.N.C. 1
1 ~Máquinas com C.L.P2
~-Máquinas convencionais
I Total de Máquinas-Ferramentas I C<Jmando Numcnco Ct'mpuwdon7,1d0 2. Controlador Lógí~o Programa\'el
H)NTE: Elaboração propna. a partir de dados d~;~$ l'TIIrcqst~;~~.
PERCENTAGEM(%)
30 20 3 7
100
Nas v1sitas às fábricas de tratores e colheitadeiras do Grupo lochpe~Maxion,
pudemos verifícar que a 61fande parte das suas máquinas e equipamentos apresentavam
detàsagem de pelo menos uma geração, mas estavam em excelente estado de manutenção
e utilização83 . Entre os equipamentos mais recentes, destacamos uma moderna máquina
de corte de chapas. a laser, utilizada na fábrica de colheitadeiras. A New Holland, por sua
vez, em !992 trouxe, como vimos no tóptco 32, uma fábrica de tratores pesados da Itália.
Entretanto, estas máquinas e equipamentos trazidos para o Brasil eram na sua maioria
usados. A exceção fica por conta da SLC, que em 1989 inaugurou uma nova unídade
industrial, renovando a quase totalidade do maquínário. Isto pôde ser constatado na visita
realizada, onde se verificou uma grande quantidade de tomos e centros de usinagern com
comando numérico, modernas máquinas de conformação de tubos, além utilização de
linhas tramjá nas etapas de pintura e montagem. Também destacamos o fato da água,
tinta, combustível e óleo lubrificante, serem transportados dentro da fábrica em dutos
\:;!0 '" Je~e lW grande med1da ao làto qllc ao inves de ~e trll\:arem w; máqumas_ estas passar~m a ~er retO=das e modemu.adas. pel~;~~ própna~ oticinas mk'tTliiS de mllllutenção. que de~~do a C'!te trabalho. tornamm-se uma dJqsi!Q de neg:OcJ<lS mdependeme dentro dn lochpo-Muxwn. paosundo wmbem a pre~t.ar ~ernço:; a t~"Tcclrrn;_ Entre e.,ws, dcstacamos o desenn,JvtmenttJ nmquina~ c~r=nus para u mO<kma hnha de monlllgl'lll do atJ!<mmvel Corsa produzH.lo pela GM dn Bn>"1L
76
aéreos. Entretanto, apesar de possutr a mais moderna unidade produtiva de máquinas
agricoJas do país, a SLC não adota técnicas organizacionais que visem a redução dos
estoques, pelo contrario, segundo um gerente da empresa, estes são vistos como
Investimentos.
No que se retere a equipamentos de inf(mnática, verificamos que as empresas
entrevistadas estão concentrando estes equipamentos nos sistemas de gerenciamento dos
estoques, produção e faturamento. Para isto, utilizam equipamentos convencionais de
pequeno e grande porte, micros e mainjfame, respectivamente. Entretanto, nos segmentos
mais sofisticados, que consistem na utilização da informática para elaboração de novos
projetos e controle da manufatura, as empresas se restringem basicamente a utilização do
CADiCAE (Computer Aided Des1gn and Engineering}. Na elaboração de projetos
destacamos a SLC, que possuí suas estações CAD/CAE ligadas on-lzne com todas as
fibricas de colheitadeiras da John Deere espalhadas pelo mundo. No controle da
produção o destaque fíca por conta da lochpe-Maxion, que recentemente implantou um
sistema infonnatízado de gerencmmento intet,Tfando todas as células de manufatura
(Boletim lochpe-Maxion da Qualidade, 11194 ).
77
4.4. Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
Nas entrevistas realizadas, verificamos que as empresas gastam em tomo de 1,5%
do faturamento em P&D. De acordo com as empresas, estes gastos apresentam diferentes
destinações. No caso das empresas que desenvolveram seus próprios projetos básicos,
veriticamos que os gastos de P&D se concentraram nestas atividades de criação de novos
produtos. No entanto, as empresas que obtiveram seus projetos básicos através da
transferência da matriz ou licenciamento, aplicaram seus recursos de P&D, na melhoria e
adaptação dos produtos vindos do exterior. De maneira geral, também verificamos que as
empresas líderes destinaram parte dos seus gastos em P&D à busca de melhorias e
inovações dos seus processos produtivos.
A Valmet merece ser destacada, por ter investido US$ 6 mílhões, entre 1988 e
1992, na criação do seu centro de pesquisa e desenvolvimento, onde trabalham mats de
40 funcionários, com modernos equipamentos84 , realizando adaptação e
aperfeiçoamentos dos tratores vindos da Finlândia, desenvolvendo inclusive componentes
exclusivos. Além disso, este centro de pesquisa desenvolve as atividades de um
laboratório de metrologia, tendo inclusive um campo de testes em São José dos Campos,
para avaliar não somente os tratores fabricados no Brasil, mas também os fabricados na
Finlândia e Portugal, sendo assim o centro mundial de testes dos tratores da Valmet
(Estado de São Paulo, 05/12/90). Devemos salientar que a Valmet é a única empresa
brasileira que possui seu próprio laboratório de metrologia, as demais empresas testam e
avaliam os seus equipamentos em institutos de pesquisa e universidades. Entre estes
destacamos a fLONAI:I5, que atualmente é o único grande centro de testes e ensaios de
equípamentos agrícolas do pais. A lochpe-Maxion, por sua vez, testa seus tratores e
colheitadeiras em um dos mais avançados laboratórios do mundo na avaliação de
máquinas agrícolas, a Universidade Technion, localízada em Israel {Boletim lochpe
Maxíon da Qualidade I 1/94: I 1).
>14 Entre este~- destacamos um eqmpamell\() para mcd1çilo de torque, desen\·oJndo pelu UMC. Unin,'Tsídl.ldc Je Mogl da~ CnJZeii. e usado exchJst,·arm:nte pda Valme1 na avahação Jos seus tratores. ~5 A F LONA !.Floresta Naewnal 00 [panema) é o ant1g0 CENEA I Centro Nacl!)na! Ue Engenhana Agricobú. que Úll desaltvado -:m \':l90. pas..aado ao lBAl\.1A. :'i<Jm<."!lhl 101 reativado <.1!1 )'J94, atra,·e~ de um convên1<1 eutre IBMiAJ!AC!UNICAMP (Jornal da C>ilCAMP Ul\!94 i:>
78
4.5. Qualidade
Todas as empresas entrevistadas apresentam programas formais que qualidade.
Segundo elas, a percentagem total de funcionários que foram treinados em qualidade e
produtividade de 1991 ao final de 1993, situa-se, em média, na faixa de 70%_ Entretanto,
devemos destacar que a Iochpe-Maxion e a SLC tiveram 100% dos seus funcionários
treinados em qualidade neste período. Verificamos também, que o investimento médio
anual por funcionário para estes treinamentos, não chega a US$ 50 por funcionário, um
valor ainda baixo se comparado com os setores industriais mais avançados.
Na busca da qualidade, os fabricantes brasileiros de tratores agrícolas e
colheitadeiras procuraram, inicialmente, certificar os seus produtos, e agora estão
buscando certificações para si mesmas, seguindo assim, a tendência mundial. Quanto aos
produtos, todas as empresas buscam certificá-los, e o principal órgão de avaliação e
certificação dos equipamentos agrícolas é, no Brasil, a FLONA/IAC86, e em nivel
internacional, a Universidade de Nebrasca, nos EUA
Em relação à certificação de processo, todas as empresas entrevistadas estão
procurando se adaptar às normas de gerenciamento da qualidade IS0-9000. A fábrica de
tratores do grupo Iochpe-Maxion, que desde 1985 introduziu seu programa de qualidade
e produtividade, conseguiu, em 16/12/94, a certificação !S0-9001 dada pelo BVQI
Bureau Veritas Quality Intemational (Exame, 01/03/95: 81). Esta é a mais ampla
certificação da série IS0-9000, e indica que a empresa certificada segue rigorosas e
abrangentes normas internacionais de qualidade, desde o projeto e desenvolvimento de
um novo produto, passando pela sua manufatura, até os serviços de pós-venda.
Atualmente, esta unidade fabril da Iochpe-Maxion é a única fábrica brasileira de
máquinas agrícolas a conseguir uma certificação da série IS0-9000.
A fLD!'<,VlAC cemfica os etp.J.ipam~ntos ijgrioolas. IJiio ap,•nas para o m~rcado bra~ileiro. mas t.rlmOOm para o.~ outrus pmscs do MERCOSUL Oomal da UNICAMP. 08194: 12).
79
PARTE II1
A EMPRESA SCHUMPETERIANA
5. A CONSOLIDAÇÃO DA LIDERANÇA DA IOCHPE-MAXION
ATRAVÉS DA SUA NACIONALIZAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO
Empresa schumpeteriana é um termo utilízado para denommar as empresas que
introduzem inovações que, no longo prazo, ampliam os mercados, expandem a produção
e reduzem os preços. Estas inovações levam a um processo de mutação industrial, através
do qual se revoluciona a estrutura econômica a partir de dentro, destruindo a velha e
criando uma nova. Segundo Schumpeter (1984: 110-141), são estas empresas que dão o
impulso fUndamental que inicia e mantém o movimento da máquina capitalista.
As inovações introduzidas pelas empresas schumpeterianas, em particular as
inovações tecnológicas, constituem-se na verdadeira arma da concorrência oligopolista,
pois o mercado toma uma nova forma, afetando as estratégtas de todas empresas que
atuam neste, inclusive da empresa inovadora.
Neste capítulo, buscaremos mostrar que a lochpe-Maxion atuou como uma
empresa schumpeteriana na indústria brasileira de tratores agrícolas, levando assim a
dínamização deste importante setor industrial.
81
5.1. O Processo de Nacionalização da Massey-Ferguson e a Criação da Maxion
Durante os anos 60 e 70, a Massey-Ferguson Limited se expandiu rapidamente,
transfOrmando-se numa grande multinacional com unidades produtivas em 20 paises87<
Entretanto, no final da década de 70, esta empresa passou a enfrentar grandes problemas
administrativos e financeiros, decorrentes, respect1vamente, da complexidade de suas
operações internacionais e do baixo retomo, prejuízo em alguns casos, que tíveram seus
investimentos no exterior.
Para solucionar estas dificuldades, a Massey-Ferguson Limited buscou concentrar
seus esforços de venda nos países do primeiro mundoss, além de centralizar suas
atividades industriais na Europa89. Juntamente com esta operação de enxugamento e
deslocamento dos investimentos, a Massey Internacional também cessou a produção de
colheitadeiras, mudou sua razão social para Varity e passou a diversificar sua produção.
entrando no mercado de autopeças90 .
O desinteresse do Grupo Varity pelos negócios da subsidiária brasileira aumentou
ainda mais devido a queda da demanda interna que ocorreu neste periodo. Sendo asstm, a
matnz não mats autonzou a realização de investimentos ou lançamento de novos
produtos pela Massey-Ferguson brasileira"1, segundo um diretor da empresa "ela foi
deixada a sua própria sorte". Isto levou os próprios executivos da subsidiária brasileira a
buscarem outra empresa que assumisse os negócios da Varity no Brasil, foi assim que
encontraram a Companhia lochpe de Participações, um conglomerado financeiro, que
estava diversificando suas atividades para o setor industrialn e se ofereceu para comprar
a Massey-Ferguson.
A atuação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
teve grande importância, pois fOi este que deu condições para o Grupo 1ochpe realizar
~'"anos 60. a MasS<..!'·Fe:rgusOnl·n• a maior tilbncante de máqumas agncola.> dtl mundo !Neufeld. 1969). A ~1as:wy lntcmacional cnncenlruu ~uas vendas truJ.Ís precu;amentc nos EUA. Canadá, ltlilia. França e ln!llal.etn! (Mulli<:>u.
Atllll.lmenle_ a Mass0··Ferguson possui apenas duas unidades mdustríais. localizadas na. França c na Ingla!L"rra 91.\ !'<o <~.no de 1993. a Massev-Ferguson Omup .. c~>m '"eudas em US$ 898 milhões. representava apenas 32% das receitas da Vimtv. Fm 1994. a Ma~~ev+crgU.S(JTI Uwup. li!Í vend1d11 para emprc~a nonc-amcncana AGCO - Allis Olcaner Corp. ror US$ 328: rmlhüe•. A MiCO sur!l'iu em 1991 da .;,ompra da wl:mdillrm nortc-mnen.earro~. <lu D~u!Z pela sua prOpria gerênciu. n~-:>W mesmo anv tmnbcm adqmnu a empresa de tratores W1Jítc. Arualmcnre. com a compra da Masscv-Ferguwn, a AGCO dctém aproximadamente 20% dt> mcrçado mundJ&l de tratore~ 10azelll Mereantll. 04/05/94 e !!.S. !nKwauonal Trade CommJ~swn. J 992: 5) 91 .-\ Massev·Fergwon de.%1ava retirar-se do lll<..'!'cado bra~J!em:>. assun como p ha~ia lhto na Argentma c Jll> Máico. onde ,.~ .. nâeu sua~ sub:sídíiirías IJtmkins & West. l9R5:332). '!2 !la na ~mnp:rado a M<:hjunms Agnoolas Ideal e cn.ou a ED!SA. ambas em 1978
82
uma operação de engenharia financeira93 e assim poder adquirir o controle acionário da
subsidiária brasileira da Massey-Ferguson, entretanto, a iniciativa desta operação partiu
do Grupo Iochpe. Assim sendo, o Grupo lochpe adquinu o controle da Massey-Perkins do
Brasi194 com a compra de 43% do seu capital e o BNDESPar95 apoiou a nacionalização
adquirindo parte das ações da empresa. A Varity, ainda manteve 34% do capital da
empresa brasileira, garantindo a esta a utilização da marca e tecnolo&Jia Massey
Ferb,ruson, e o acesso a sua rede internacional para as exportações.
Com a entrada do Grupo Iochpe na Massey-Ferguson em 1984, havia o desejo
deste expandir a área de atuação da sua controlada, fazendo com que ela entrasse no
segmento de tratores pesados. Estes eram os equipamentos mais sofisticados, mais
avançados, de maior valor agregado, e que também proporcionavam maior produtividade
ao a!:,rncultor. sendo assim o segmento que apresentava a maior perspectiva de
crescimento de vendas, como vimos no tópico 3.3. Entretanto, a sócia estrangeira não
forneceu a tecnologia necessária para o desenvolvimento destes novos produtos96 . Deste
modo, obrigou a Massey-Ferguson brasileira a desenvolver, a partir de 1985, sua própria
linha de tratores pesados97, além de lançá-los sob uma nova marca (Folha de São Paulo,
30í0Jí90).
Também cabe destacar que, em 1987 se inicou na fábrica de tratores de Canoas
(RS) uma grande reestruturação dos processos produtivos, visando não apenas a
adequação da unidade fabril, para que esta pudesse produzir os tratores de grande porte,
mas também a modernização de toda tàbrica, que, como foi visto no Capitulo 4,
culminou com a implantação de um processo tlexível integrado98 e com a obtenção da
certificação fS0-900 I.
Desde que assumiu o controle da Massey-Ferguson, o Grupo lochpe desejava
diversificar os negócios da sua controlada para os outros mercados ligados a tecnologia
mecânica, além de se expandir nos setores em que já atuava, delineando assim a
')3 \)Grupo lochpe abriu ü c.apital da Massev-fergus<m. alem de rem.-gocmr as dividas desta com os banqumros intemacioruns. realizando uma opern<ríio de conv>:rsào de dívidas em mvestirru:nto tMaxion, !991})_ ')4 De~de f 980. C<m! a oompra da Motores r~-rkins pela Ma:;sc_~·-Fcrguson Jnto::ma..:aonal, a sub.~ídiária brasikna f"i':'<ou a "' dwnm: Massev-Pe.-kins do HrJs!l SA. (Visão, 28!ü6J89). 95 O HNDESPar é uma subs1diárJa do BNDES que ama na .:ornpra de açôes das t.>:mprcsas que :re enquadram na política mdustnal adotada pelo ~wvent\) 1BNDES Svstern. 1992)_ '!6 /\ Varitv deswoonselhava a MasS<..-y-Perkins t>nl$t)etm a mgressar nos .wgmentos d>: trawres pesados do mercado nacionaL rwusand<J-se a IDmeccr esf"."'tllca<,:ões tC(:rncas dO'> :;eu projeto basicQ de trator pesado Jàbricudo na Euwpa. 97 Esta nova COlJC.(.'PÇãO Je tratores pesados e os seus proJetos. fonun financmdos pelo grupo lochpe. com o apoio do BNDES e 0.--:t f!N'EP (Fonseca_ I 990: 185-187)_ '!8 !\reestruturação produuva da fábnca de Santa Rosa tRSl. se unciou apenas em 1990, e visava prionmnamente "<>nccmrar w-da lilbne-<lção de C<Jlhettadetms do grupo n~ta umdade produm·a_
83
existência de uma nova empresa. Isto exigia a necessidade de independêncía em relação
ao parceiro ínternacíonaL e assim, em 1989, o Grupo lochpe adquiriu a participação da
sócia estrangeira (Visão, 28/06/89). A partir disto houve a criação de uma nova marca, a
Maxion'N. que foi utilizada tanto corno razão social da nova empresa, como na linha de
tratores pesados100 que estava sendo lançada, produtos com tecnologia própria e assim
inteiramente identificados com a nova estratCgia empresaria1 101 . Segundo um diretor da
Maxion, estas mudanças significaram "um grito de independência em relação a antiga.
matriz, mostrando que a empresa brasileira poderia desenvolver um produto próprio, com
tecnologia própria, em suma, que não era mais a Massey-Ferguson e sim uma outra
empresa''.
Desta maneíra, a Maxion adquiriu sua autonomia, tanto financeira, com a compra
das ações que estavam em poder da Varity, quanto tecnológica, com o desenvolvimento
de sua nova linha de produtos. Em 1990, foí realizado um acordo entre a Varity e a
Maxion, pelo qual permite a empresa brasileira, a utilização da rede internacional de
revendas e da marca Massey-Ferguson, até o ano 2010.
'19 A marc;:, Maxton fó1 criada pelo con~ultor de markctmg norte~arncncano. t\1 Rei$. autor do !>est-seller "Marketmg de
Juntamen~ com''~ trawnos a!!Jwolas MaXJ<m, '-'11l l9ll9. também fé:lra.m lançados os rnodek1s MF 297 ~ MF 299, que aptlsar Jc utihza:rem u m~rca Masscv·Fergw;on. lUmm desenvolvidos internamente \lsando completar u linha de tratores pesados da 1..'11lpresa. Wl Ao tudo_ m produtos da DiVIsão de Máqumas Agrícolas c Industriais lançado~ ..:om marca prúpna !Oram os segtuntes: 2 imtores agrioo!as. l oolheüaden<l e !uda lmfw de eqUipamentos induslnals { l retr0<.'1!Ca.Vadcw<~. l empühadcna e l trator ilorestall Alem Jos lnHon:s e eulhenadeffils. a Dh1siio de Motores tambem uhliwu a marca Max10n em ~ClL~ produtos.
84
5.2. As Estratégias de Reação das Empresas Concorrentes
A estratégia inovadora, adotada pela Maxion, de produzir tratores pesados levou à
expansão deste pequeno segmento de mercado. Este segmento é o que apresentava os
equipamentos de maior valor agregado, mais sotlsticados, proporcionando assim uma
maior produtividade ao agricultor e uma maior lucratividade para as fábricas, por estes
motivos este era, e ainda é, o segmento com maior dinamismo. Deste modo, todas as
empresas concorrentes, como vimos no tópíco 3.3, passaram a readequar suas estratégias
para também entrarem neste segmento. A Valmet, reagiu rapidamente à iniciativa da
empresa líder, lançando, poucos meses depois da Maxion, sua nova linha de tratores
pesados, e corno vemos no Gráfico 24, a partir de 1992, conseguiu a Iíderança de venda
nestes equipamentos. Isto se deveu, por um lado, ao fato da Valmet ser uma empresa
multinacional, e assim trazer seus projetos da matriz, necessitando apenas adaptá-los aqui
no BrasiL Por outro lado, também devemos destacar, a a!:,rilidade e flexibilidade com que
esta subsidiária conseguiu colocar seu excelente produto no mercado. Esta velocidade
com que a Valmet realizou seus lançamentos é, corno veremos no próximo tópico, objeto
central de mudança da estratégia tecnológica adotada recentemente pela Maxion.
Posteriormente aos lançamentos dos tratores pesados da Maxion e da Valmet,
houve a entrada, neste segmento de mercado, da Agrale. A CBT, que já ocupava este
segmento com equipamentos ultrapassados tecnologicamente, em 1990, lança uma nova
versão de seu modelo já consagrado, mas isto não foi suficiente para reverter a queda nas
suas vendas. Finalmente, no ano de 1993, ocorreu o lançamento de uma completa linha
de tratores acima de 1 1 O cv pela New Holland, a Série 30 Super Força. Este atraso pode
ser explicado pela mudança do controle acionário ocorrido na empresa. A nova
controladora, a Fiat, ao contrário da antiga, está buscando que sua subsidiária adote uma
po!itica mais a&rressiva, mas neste caso, serve apenas para acompanhar as modificações já
introduzidas pelas outras empresas.
Todas estas estratégias de reação das empresas concorrentes, como veremos no
Gráfico 24 e no Quadro 14, mostram de maneira clara o pioneirismo e a liderança da
Maxion no mercado brasileiro de tratores agrícolas.
85
UNIDADES
2000
HHIO
1600
1 400
1200
1 000
BOD
600
400
2l!O
GRÁFICO 24 BRASIL- TRATORES PESADOS (li 0-200 CV)'
VENDAS NO MERCADO INTERNO POR EMPRESA 1989-1993
J I
I/ "\. v;
" / I 111
" v • ~ /J * )I(
/ Ã // ~
!><.. / ""' ~ /
o 1989 1990 1991 1992 1993
ANOS
• Coltslderamo~ <:orno trattJres pe~mlos apenas os acuna de J li! cv, modelos que oao aprestmtados no l)Wldro 14 FONTE- Elaboruçil<' propna a partrr de dados da ANFA VEA.
86
Agra!e
CBT
!ochpe-Maxion
Müller
New Hol!and
Valmet
QUADR014 BRASIL-TRATORES PESADOS (li 0-200 CV)
MODELOS POR EMPRESA, POTÊNCIA E ANO DE LANÇAMENTO 1994
~ !I EMPRESAS MODELOS FAIXA DE ~
I POTÊNCIA
li 11
' lí ,, i! Agrale BX 130 116 CV
~ BX !50 l40cv ,,
I ,I CBT 8060 !10 cv
' 8260 i 18 CV
! MF297 I !10cv
I lochpe-l\laxion
MF299 126 CV MX 9150 146 cv
' MX 9170 155 cv '
i MF630 !lO cv MF640 120cv
,I MF660 l50cv
Müller' TM 123 135 cv TM14 145 cv TMI7 182 CV
New Holland Ford 78304 J 12 cv Ford 8030 123 CV
'
I Ford 8430 l40cv Ford 8630 l60cv Ford 8830 180 cv
I I ' Valmet5 v 1180 JJQ CV
' v 1280 123 CV
I v 1580 145 cv v 1780 l67cv
l A no'" versão de.,; te moddo linlan ada mn !9\)(1. ç 2. Os tratnres Mu!ler apre~enwrn cun:wttaisticas de "supcl1mtnrcs'' Cümo 'inws no t<'>picv 3 3. 3 Modd(lrenradodomercadoem 1994. ·~- bte trator e o subslltuto do modelo Ford 7810. prodUZido entre 1990 e 1992.
ANO DE LANÇAMENTO
1990 1992
19861
"
1989 " " "
1993 " "
1987 " "
!993 " " " "
1990 " " "
5. [k:sde l 981, a Valrrret Já prodlUla alguns nmdelos de tratores acuna de l!O CV> mas sem inovações tecnológicas. que somente vieram a rmrur da :HUl nova linha hln<;ada em 1990.
FONTE. Elabornçào propria.
87
5.3. As Redefinições Estratégicas e a Reestruturação Financeira da Maxion
A estratégia inicial da Maxion, após sua nacionalízação, era desenvolver marca e
tecnologia próprias. Entretanto, a partir de 1992, buscou-se alterar esta estratégia, como
vemos a segmr.
A abertura e globalização dos mercados, que avançou ainda mais nos anos 90, fez
com que existisse a nível mundial uma grande quantidade de associações entre empresas
que visavam o desenvolvimento ou aquisição de novas tecnologiasWl_ Neste novo
contexto, o desenvolvimento de tecnologia própria somente deve ocorrer, segundo a nova
estratéf,ría da Maxion, quando esta resultar em produtos de qualidade e apresentar baíxos
custos. Segundo um diretor da empresa: "Vantagem competitiva é conhecimento mais
velocidade. Não basta tennos urna estratégia de desenvolvimento tecnológico é preciso
ter velocidade para implementá-la". Além disso, muitas empresas estrangeiras tem
interesse em fornecer tecnologia à Maxion, pois esta possui quase metade do mercado
braslleiro, que atualmente é o segundo maior do mundo, como vimos no tópico !.2. Este
e um meio das empresas estrangeiras entrarem no mercado nacional, pois além de
receberem rr~yulties, é muito provável que alguns componentes sejam importados do
fornecedor da tecnologia. Busca-se, desta forma, o licenciamento da tecnologia, poís
existem muitos produtos em que se gasta muito dinheiro e tempo para se desenvolver,
podendo-se agora adquirir esta tecnologia no mercado internacional. Sendo assim, a
obtenção da tecnologia, também passa a obedecer a lógica do Global SourcingwJ na
estratégia da empresa.
Houve também grandes problemas na consolidação da marca Maxion no mercado
de equipamentos ab'TÍcolas. O princípal desafio era o de se substituir uma marca líder de
mercado há quase trinta anos por uma marca totalmente desconhecida104 . Existiam
bl"fandes dificuldades para se estabelecer a moral perfàrmance 105 representada pela nova
marca_ Estas dificuldades aumentaram ainda mais pelo fato dos tratores Maxion
apresentarem problemas técnicos que prejudicaram sua confiabílidade_ Os tratores
Segundo o Jtrdor da !ochpe-Maxion, na França por exemplo. a Masscy-Fcrg.u.inn. a John Deere e a Renault s~ lilllmm para d<Jsenvnh'erem wn mwo llpo de tWl\lf. a pnmmra prodllZ a cmxa t.k cimbio_ a ~egunda o motor e a tercetm tiu a montaªem linaL apesar ,]<.l >erem pr<J<.hUJdos com as 1rCs marcas Outro exemplo dado, é o Ja Valmet da Finliindia que prodw motores de 180 CV e o~ <.'11\ia a \.1l!S8W·Fergu~on !{aJtces.a que o~ coloca nos seu;; tratores_ dcpms enqndos a Fmlàndt<t lu.> · t"J (jfobal Smm:mg cons•stc em se busCilr entre us >anus !(Jmccedores mund!ms produtos com qualidade c haixos çustos. ~>ra que<> produto final da cmpre:<a aprc~cnte mu10r cmnpcÜtíqdade. ni!(l apt..-nas nu mercado to temo mas Utml.x'"l.n a nh·el m!erru!CWna! ·lauilk 199}). n-< No Bras lia marca Ma:sse:v-Ferguson era. e mndu e. quase smônímo de trator tMuxwn, 1':.190). '•5 l'ttm melhor ~nilh~e sobre moral performance, Vt1' tópwo 3. l.
38
Maxio-n apresentavam importantes avanços tecnológicos, mas estes não estavam
totalmente adaptados :ls condições do campo, houve uma falta de adequação do projeto
com a necessidade dos dientes106. Além disso, os custos destes tratores eram muito altos,
implicando numa pequena margem de lucro para a empresa. Finalmente, cabe destacar a
existência de problemas com os revendedores, pois a Max10n reduziu de 15% para 10% a
participação destes nos produtos vendidos com a marca Maxion. não havendo assim um
apoio dos concessionários na introdução da nova marca.
Devido a estes motivos a marca Maxion foi deixada de lado no mercado de
máquinas agrícolas lo?, e atualmente menos 3% dos tratores agrícolas pesados, produzidos
pela Ma.xion, possuem esta marca. O aspecto mais claro desta mudança estratégica foi o
lançamento, em Agosto de 1993, da Série 600. Esta linha de tratores pesados, baseada
nos modelos anterioresW8, apresentam inúmeras inovações que permitiram a solução dos
problemas técnicos e a redução dos custos de fà.bricação destes equipamentos. Além
disso, estes tratores foram lançados com a tradicional marca Massey-Ferguson. Todas
estas modificações implicaram na melhoria de comperitividade dos tratores pesados da
iochpe-Maxion, que atualmente são os mais vendidos do mercado. Também a nivel da
empresa o nome da holding foí alterado de Maxíon para Iochpe-Maxion, como veremos a
segure
Juntamente a estas redetlníções das estratégias tecnológicas e de marketing, a
Maxion passou por uma grande reestruturação financeira e organizacionaL que ocorreu
devido aos fà.tores abaixo assinalados:
a) A marca Maxion amda estava muito vinculada aos tratores agrícolas, que por
sua vez não haviam sido um sucesso comercial, diminuindo a credibilidade de todo o
grupo:
b) O Grupo [ochpe como um todo enfrentou uma conjuntura recessiva,
principalmente no sebrrnento de equipamentos agrícolas, o carro chefe da empresa, que
representava mais de 50% das vendas do grupo. Também existia um patrimônio elevado
1()6 Amda h<>je. na l<J•.'hpc-Maxion, <JS trator~""< da marca Nbxíon são ~hamados de 'alce;ria da engenharia". pois <c tonstd<-"fll que ~~lJ<~ prnli~stonm~ aptJnas se pr~xJ<:upamm com os ;;qnços tecnologu:<Js do produto. esqlW\Xndo-<;e dos dn.'ll!e~. it!l Apesar dís!O. busca-S'-" monter ~ marca Maxion rw .,elor de m~qumas mdustnais, htes eqmpamentiJS mdusln<us com u
mm-c..1 M.axwn fJVcmm borJ accll~JÇàO, pms tOrum mtroüuzidos no mercado Jli. C<JOl a no\a marca. c (\ tecnologia cru h~tstuutc udcqlll.ldLt a sua uttluuçii\>. O awndimL'Ilto a este segmento surgm da adaptação de bruç<Js mccânioos aos tratores ogncolas e se c:-.1"1mtdm com novos bnffllmcntos. Entre estes temos. maquinas Jlorestars. l"mpilhadelrus e pas-cam:gadeU1ls ](I ()~modelos MF 630. MF 640 e N1F 600, Ülmm dcsenvo!vtdos a purtrr do• modelos MJ.' 297. MF l';J') e MX ')150. n::spe<;Unllncntc. () moddo MX 9!7{1 amdu n~o apreomt!<t substJtuto interno. entretanto 'e:ndc poucas umdi\dc,.
89
que havia sido adquirido nos últimos anos necessitando de elevado capital de giro para
sua manutençàoW'J. Assim verificamos que a empresa entfentava um grande problema de
liquidez:
c) Internamente, com as várias aquisições de empresas, o grupo se apresentava
patrimonialrnente desorganizado, existindo duas companhias de capital aberto110 .
Também neste período ocorreu a transferêncm da sede do grupo de Porto Alet.JTe (RS)
para São Paulo (SP), o que implicou em aumento de gastos;
d) O Plano Collor ( 1990/1991 ), levou ao confísco de ativos financeiros e a
recessão económica, que aumentou ainda mais os problemas financeiros do grupo.
Todos estes problemas levaram o Grupo lochpe a necessitar, em 1992, de um
tinanctamento deUS$ 50 milhões, e para realização desta operação foi solicitado o apoio
do BNDES. Segundo um gerente desta instituição, "o grupo Iochpe buscava modernizar
suas unidades produtivas e a melhoria das suas relações com funcionários e fornecedores,
avançando assim no desenvolvimento da sua competitividade". Por estes motivos o
BNDES assistiu o grupo na sua reestruturação, colocando entretanto, algumas condições.
A primeira era a de que o Grupo lochpe tivesse apenas urna empresa de capital aberto, e
no caso fOi criada a Iochpe-Maxion S.A., que além de ser a holding do t,YTupo,
representava os principais setores de operação da empresa, o seu core husmess, no caso
máquinas agrícolas e autopeças. As demais participações acionárias deveriam ser
consideradas ponifólio, isto é, se houver oportunidades estas podem ser vendidaslll.
Outra condição colocada pelo BNDES era que a Jochpe-Maxion realízasse um marketing
institucional junto aos investidores tanto nacionais quanto estrangeiros buscando vender
o grupo com uma nova Imagem, de empresa moderna, competitiva e que oferecia
investimentos altamente lucrativos aos seus acionístas. Finalmente, o banco exigíu o
lançamento de debentures conversíveis 112 no mercado para obtenção de recursos. Estas
condições vieram de encontro à reestruturação que estava ocorrendo na empresa, e assim
foram realizadas. Com isto o BNDESPar entrou com US$ 23 milhões 113, o Grupo lochpe-
109 ~este p=odo fmam adyuírídas a FNV. a Eluma Autopeças. a Di"isão de Rodas Pe,;adas da Rockdl fumagalli. além da "fmção ill.1 CEV -Eletrônica Automotn:a. l )(} A~ duas companhia~ de capital ~bcrto eram~ Companhia fochpe de Participações S,A c a Ma:<:~l:ln S.A.. ~lém da holding r::..rrnl!ar f'dwpmho. qu~ controlava as duas S.A. li\ !.Jm exemplo disto é a lochpe Se~<Untdom que J{n recentcnu,'tlte \"~'tl<.hd;J a Sul Amenca Seguro». i 12 Debentures C<\m .lUXOS ma1s baixos. mas que di.Jtivarnentc se GGnn:rtem em ações pre!CrcncJaJs (Dicionurio de Econom1~. !'!85) il3 Para o tr'il)ES também foi um excelente nqtócm. po1s il$ açôes da kx:hpc-Maxion valon;.arum mms de 400% em mcno~ dedm.~ anos. e ~'Til 1994.. l()ram ·wnJidas no m<.>reado (\JazeU! Mercanhl. 20/()6/941.
90
Maxion com US$ 17 milhões e o restante foi conseguido no mercado interno com o
lançamento das debentures conversíveis.
Estas redefiníções estratégicas e financeiras foram modificações que visavam a
adequação da empresa a uma nova realidade concorrencial resultante da abertura e
globalização dos mercados. Devemos destacar que estas modificações buscaram e
conseguiram refOrçar a trajetória de liderança da lochpe-Maxion. A empresa, que nas
últimas décadas já vinha mantendo a liderança na indústria brasileira de tratores
agrícolas, teve um aumento na sua partícipação, atingindo, em 1993, 45% da produção
nacional destes equipamentos, como pode ser visto no Gráfico 25.
GRÁFIC025 PARTICIPAÇÃO DA IOCHPE-MAXION NA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE
TRATORES AGRÍCOLAS
PERCENTUAL DAS UNIDADES
VENDIDAS
100%
80%
60%
40%
20%
0%
!989-1993
1989 1990 1991 1992 1993
ANOS
FONTI~, El~boraçilu propu~ a partrr de dados da AN1' AVE/\,
E1 Outras Empresas
lllochpe-Maxion
9\
PARTE IV
CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. CONCLUSÕES
Conseguimos, ao longo do presente trabalho, demonstrar que a indústria brasileira
de tratores agrícolas e colheitadeiras automotrízes apresenta forte competítividade. Deve
se ressaltar que o recente Estudo da Competítividade da Indústria Brasileira (ECIB, 1994)
mostrou que são poucos os setores da metal-rnecànica onde a indústria brasileira
apresenta situação tão favorável. Cabe ressaltar. também, que trata-se de um setor que em
vários momentos das décadas de 80 e 90 parecia encontrar-se em vías de extinção, tal a
,gravidade de contração do mercado locaL
São três os principais fatores que explicam a competitividade da indústria
brasileira de tratores agrícolas e colheitadeiras automotrizes. Primeiro, a existência de um
mercado com grande dimensão, em nível internacional, além deste mercado possuir
potencial capacidade de expansão. O segundo fator é dado pelas estratégías inovadoras
das empresas que compõem esta indústria, que lhes permitiram criar vantagens
competitivas. Por último, temos a intervenção do BNDES que possibilitou tanto a
reestruturação da empresa líder corno o tinancmmento de longo prazo para toda indústria.
A seguir analisaremos maís detalhadamente estes três tàtores.
A agricultura brasileira possui uma dimensão absoluta que a coloca entre as
maiores do mundo, isto possibilitou o surgimento e crescimento da indústria brasileira de
máquinas agrícolas, fazendo com que esta, desde o final dos anos 70, já apresentasse
plantas industriais com escala competitiva. Atualmente, apenas para reposição da frota de
tratores agrícolas e colheitadeiras, necessita-se de um elevado nível de produção, que por
sí só seria suficiente para manter esta indústria entre as cinco maiores do mundo.
Verificamos também, que além desta grande dimensão do mercado, este
apresenta um elevado potencial de expansão, em função dos seguintes fatores:
a) a agrícultura brasileira é wn dos segmentos da economía que apresenta maior
vantagem competitiva em nível internaciOnal;
b) a ó.rea plantada ainda é muito baixa, representando menos de 10% das terras
potencialmente agrícultáveis do país, o que indica uma real possíbilidade de expansão;
93
c) verifica-se uma tendência de aumento do índice de mecanização da agricultura
brasile1ra ao longo do tempo, entretanto este índice ainda se encontra abaixo da média
mundial, principalmente se compararmos com os países que apresentam uma agricultura
desenvolvida. Deste modo, o índice de mecanização, que se estagnou na última década
devido a crise econômica, apresenta real possibilidade de voltar a crescer;
d) a implantação do MERCOSUL, abriu o mercado de máquinas agrícolas dos
países vizinhos à indústria brasileira. Estes países apresentam condições de uso muito
parecidas com as do Brasil, sendo assím, os equípamentos brasileiros são adequados a
utilização nestes mercados. Outro fator que explica a invasão deste mercado pelas
empresas brasíleiras, é a baixa concorrência que estas enfrentam. A única indústria
concorrente é a argentina, mas devido a reduzida dimensão do seu mercado, em
comparação com o brasileiro, suas empresas apresentam reduzidas escalas de produção, o
que não permitiu que estas criassem vantagens competitivas para enfrentar a
concorrêncta da indústria brasileira.
Cabe salientarmos, que o mercado brasileiro de tratores agricolas e colheitadeiras
apresenta elevadas barreiras à entrada de produtos estrangeiros de empresas não
instaladas no Brasil, pois existe a necessidade de se estabelecer uma rede de
cornercíalízação e assistência técnica ramificada e distribuída por todo país. Além dísso,
precisa se adaptar os produtos importados às condições de uso da agricultura brasileira,
que apresenta caracteristicas peculiares, diferentes dos outros grandes mercados
consumidores de máquinas agrícolas. Por sua vez, esta adequação dos produtos ao
mercado nacional, ocorre através das redes de revendedores que fornecem as
informações necessárias para se adaptar os produtos às exigências dos seus usuários. A
montagem desta malha de concessionárias leva muito tempo e custo para ser realizada, e
sem esta toma-se invüivel obter uma parcela signiticativa do mercado nacional.
Portanto, a dimensão absoluta e o potencial de expansão do mercado brasileiro de
tratores agrícolas e colheitadeiras, juntamente com o correspondente padrão setorial de
concorrência fortemente centrado na necessidade de uma rede de comercialização e
assistência técnica, permitiu que as empresas brasileiras obtivessem elevadas economias
de escala (tanto em nível da planta com da tlnna). Além disso, tez com que, a adaptação
dos projetos importados às condições locais, levasse às empresas brasíleiras ao
desenvolvimento de um aprendizado tecnológico, tanto em nivel de produto, como de
processo.
94
O segundo determinante da competitivídade da indústria brasileira de tratores
ab,rríco1as e colheitadeiras é dado pelo dinamismo do comportamento de suas empresas,
no sentido que desenvolveram estratégias que lhes permitiram criar vantagens
competitivas. A despeito das dificuldades enfrentadas nos anos 80, a perspectiva de
expansão futura do mercado e a percepção das vantagens de produzir no Brasil fOram
capazes de induzir iniciativas em favor da reestruturação da<; empresas e da procura por
novos mercados,
Destacamos que o processo de reestruturação e modernização das empresas
começou a ser realizado em um período que esta indústria enfrentava a maior crise de sua
história e previamente à abertura da economia brasileira. Isto demonstra que o
dinamismo desta indústria foi decorrente dos movimentos competitivos internos à própria
indústria associados à identificação de novas oportunidades de mercado. Este processo,
com certeza, permitiu não apenas que esta indústria superasse as dificuldades dos anos
&0, mas também que nos anos 90 pudesse estar preparada para enfrentar o desafio da
concorrência internacional, e assim se consolidar como uma das mais importantes
indústrias de máquinas agrícolas do mundo.
O dinamismo interno à própria indústria foi estimulado pela presença de uma
empresa schumpeteriana que liderou o processo de inovação. Verificamos de maneira
clara que a estratégia adotada pela Jochpe-Maxion, após sua nacionalízação, de produzir
tratores pesados levou a ampliação de um importante segmento de mercado
tecnologicamente sofisticado e comercialmente dinàmico. Deste modo, as empresas
concorrentes da lochpe-Maxion passaram a imitá-la para poderem aproveitar o segmento
de mercado de maior crescimento e rentabilidade.
Esta estratégia de entrada em um novo segmento de mercado adotado pela
Iochpe-Maxion e imitado pelos seus concorrentes, implicaram na realização de grandes
reestruturações por parte destas empresas. Estas, como vímos, não se refletiram apenas
no lançamento de novos produtos, mas também na reestruturação produtiva por que estas
empresas passaram e ainda estão passando.
O papel de empresa schumpeteriana da lochpe-Maxion, também pode ser visto na
sua capacidade de refOrmular as estratégías para se manter competítiva tfente ao novo
contexto econômico, decorrente da difusão das novas tecnologias e da abertura da
economia brasileira à concorrência internacional. Estas reestruturações implementadas
95
pela Iochpe-Maxion, não apenas pennítiram que ela se mantivesse na liderança, mas
também ampliasse sua vantagem competitiva sobre as demais, 1sto fica claramente
percebido na ampliação do seu market share que atingiu quase 50% do mercado
brasileiro de tratores agrícolas, além de manter uma posição forte no mercado de
colheitadeiras_
Além das estratégias da empresa líder, e das reações que estas provocaram, o
dinamismo desta indústria também pode ser visto pelos movimentos próprios das outras
empresas. Algumas destas saíram ou fecharam (lLCase, Engesa e Santa Matilde), outra
se encontra em crise (CBT), outras aínda que já haviam abandonado o mercado brasíleiro
voltaram (Ford e Deutz) e finalmente tivemos novas empresas que entraram no Brasil
(John Deere, a Yanmar e a New Holland). Juntamente com estas movimentações,
verificamos várías fonnas de associação em nível tecnológico, comercial e patrimonial.
Cabe destacar que o fato do papel de empresa schumpeteriana ter sido
desempenhado por uma empresa de capítal nacional somente foi possível graças a ação
do BNDES, que tínanciou a nacionalização e o processo de reestruturação da Iochpe
Maxion. O BNDES foi movido por uma visão de longo prazo ao apoiar as estratégias
inovadoras da Iochpe-Maxion, que implicaram na desestabilização da estrutura de
mercado existente, tàzendo com que as empresas concorrentes reagissem a estratégia da
empresa líder. Além disso, o BNDES, permitiu a retomada do crescimento desta
indústria no período de sua mais grave crise através da criação do FJNAME Agricola, que
passou a fOrnecer os créditos de longo prazo para comercialização dos equipamentos
agrícolas. Como vimos ao longo do estudo, o crédito agricola para investimento é o
principal determinante da demanda desta indústria. Por estes fatores acima apresentados,
o BNDES foi o agente catalisador do processo de modernização e reestruturação de toda
indústria brasíleira de tratores a&rrícolas e colheitadeiras.
Podemos assim concluir que graças a existência de um grande mercado absoluto e
potencial, em conjunto com as iniciativas das empresas em busca de construirem
vantagens competitivas, com uma empresa inovadora liderando este processo, somado ao
apoio do BNDES à indústria em geral e à empresa schumpeteriana em particular,
permitiram que o Brasil conte hoje com um imponante setor industrial, capaz não apenas
de enfrentar a concorrência internacional no mercado doméstico, mas também de se
tornar uma importante base de exportação, principalmente para os países do
MERCOSUL
96
BIBLIOGRAFIA
E
RELAÇÃO DE TABELAS E QUADROS
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101
RELAÇi\0 DE GRÁFICOS, QUADROS, TABELAS E FIGURAS
l. GRÁFICOS
GRÁFICO I•
GRÁFICO 2.
GRÁF!CO 3
GRÁFJC04•
GRÁFICOS
GRÁFJC06•
GRÁFICO?
GRÁFICO 8•
GRAFICO 9•
GRÁFICO lO
GRÁFICO 11
Brasil - Tratores Agrícolas: Produção, Vendas I ntemas e Expmtações. 1960-1993 ................ .
Brasil - Colheítadeiras Automotrizes: Produção, Vendas Internas e Exportações, 1976-1993 ......................... .
Brasil- Evolução do Crédito Agrícola, 1985-1993
Brasil - Indústria de Máquinas Agricolas: Produtividade, 1976-1993 ...
FINAME Participação do Programa Agricola no Total de Operações, 1990-1993
Brasil - Venda de Máquinas Investimento, 1985-1993 ....
Agrícolas e o Crédito para
Brasil - Distribuição do Crédito Agrícola para Investimento, 1990 el992 .......................................... ..
Brasil -Comparativo: Vendas Internas de Tratores Agrícolas com Crédito para Investimento e sua Parcela destinada aos Tratores Agrícolas, 1985-1993 ................................................................... .
Principais Mercados Mundiais de Tratores Agrícolas, 1987-1990 .
Brasil - Fabricantes de Tratores Agrícolas: Participação no Mercado Interno, 1993 ····"·--.. ,. ........... __ ... ..
Brasil - Produção de Tratores Agrícolas por Empresa, 1960-1993 ............ ..
GRÁFICO 12: Tratores Agrícolas- Vendas e Rede de Distribuidores por Região,
6
7
8
9
lO
11
ll
12
15
18
19
1993. ........................ .. . .... ........ 20
GRÁFICO 13: Brasil- Fabricantes de Colheitadeiras Automotrizes: Participação no Mercado Interno, 1993 ............. ..................... ........... 20
GRÁFICO 14: Brasil - Produção de Colheitadeiras Automotrizes por Empresa, 1976-1993. ........... 21
102
GRAFICO 15: Brasil - Indústria de Máquinas Agrícolas: Faturamento Total e Investimento, 1980-1993 .................... _ ..................... __ .. 38
GRÁFICO 16: Brasil - Fabricantes de Tratores Agrícolas: Distribuição das Vendas Internas nos Diferentes Set,'111entos de Mercado, 1993 ... 41
GRÁFICO 17: Brasil- Evolução das Vendas de Tratores Agrícolas por Segmento de Mercado, 1986-1993 .......... ...................... ......................... . 43
GRAFICO 18: Participação dos Tratores Pesados (Acima de 100 CV) nos Principais Mercados Consumidores, 1987-1991 .......... .................. 44
GRAF!CO 19: Exportação de Tratores Agrícolas: Participação do MERCOSUL, 1986-1993 ..................... ............................. 60
GRÁFICO 20: Tratores Agrícolas: Países Importadores, 1991 e 1993 ......... .. 61
GRÁFICO 21: Exportação de Colheitadeiras: Participação do MERCOSUL, 1991-1993 ............. ............ .......................... ................................. 61
GRAFICO 22: Colheitadeiras Automotrizes: Países Importadores, 1991 e 1993. 62
GRÁFICO 23: Brasil - Balança Comercial da Indústria de Máquinas Agricolas,
GRÁFICO 24:
GRÀFIC025
li. QUADROS
QUADRO l:
QUADR02
QUADR03:
QUADR04:
QUADRO 5:
1960-1992..................................................................................... 66
Brasil - Tratores Pesados ( 110-200 CV): Vendas no Mercado Interno por Empresa, 1989-1993 .................................................. .
Participação da Iochpe-Maxion na Produção Brasileira de Tratores Agrícolas, 1989-1993 .................................................... ..
Brasil - Estrutura da Indústria de Tratores Agrícolas e Colheitadeiras, 1993 .......... .
Estrutura do Grupo 1ochpe-Maxion, 1994
Estrutura do Grupo Schneider Logemann, 1994 ....
Trator Massey-Ferguson 660 - Príncipais Componentes e Fornecedores.................. ............. ............... . ................. .
Brasíl - Indústria de Tratores Agrícolas: Principais Itens Importados e Respectívos Países de Origem, 1992-1993 ......
86
91
23
25
29
47
52
l03
QUADRO 6: Brasil - Empresas Estrangeíras que Entraram no Mercado Nacional: Produtos, Empresas Brasileira Associadas e Ano da Entrada, 1979-1993 ....................................... ............... 55
QUADRO 7: Brasil - Produção e Exportação de Tratores Agrícolas por Empresa, 1992-1993 ........... ............ ........................ 57
QUADRO 8: Brasil- Fabricantes de Máquinas Agrícolas: Principais Produtos Exportados, Países de Destino e Canais de Comercialização, 1992 59
QUADRO 9: Tratores Agrícolas e Colheitadeiras - Comparativo Internacional: Impostos e Margem das Concessionárias, 1994 _ ..................... " 64
QUADRO 10: Tratores Agrícolas e Colheitadeiras- Comparativo Internacional: Preços Públicos, 1994 ........................................ 65
QUADRO 11: Brasil - Tecnologia dos Tratores Ab'ficolas e Colheitadeiras Automotrizes: Estratégias das Empresas Brasileiras por Classe de Produto e Origem da Tecnologia ............... " ·····>-·">······· 70
QUADRO 12: Brasil - Maiores Fabricantes de Máquinas Agrícolas: Adoção de Inovações Organizacionais e Resultados Obtidos, 1993 ................ 75
QUADRO 13: Brasil - Estrutura Ferramenta! Utilizada pelas Empresas Fabricantes de Tratores Agrícolas e Colheitadeiras, 1983-1993 ..... 76
QUADRO 14: Brasil -Tratores Pesados (ll0-200 CV): Modelos por Empresa,
lll. TABELAS
TABELA 1:
TABELA2:
TABELA 3:
TABELA4:
TABELA 5:
IV. FIGURA
FIGURA 1:
Potência e Ano de Lançamento, 1994 ........................................ ".. 87
Brasil -Crédito Agrícola para Investimentos, 1970-1990
Agricultura Brasileira: Produção e Produtividade, 1964-1988
Mecanização da Agricultura Mundial, 1990 ........................ ..
Índice de Mecanização da Agricultura Brasileira 1960-1990 .
Participação dos Principais Componentes no Custo Total de Produção de Tratores Agrícolas e Colheitadeiras e o Número Médio de Fornecedores por Item ............................. .
A Indústria de Tratores Agrícolas e Colheitadeiras como Região de Fronteira . . ................ .
6
13
14
14
48
17
104
ANEXOS
FONTE DE DADOS E QUESTIONÁRIOS
ANEXO I- FONTE DE DADOS
Ao longo do desenvolvimento deste trabalho procurou-se prioritariamente a
obtenção de informações referentes às estratégias competitivas, em particular às
tecnológicas. adotadas pelas empresas brasileiras tàbr:icantes de tratores agricolas e
colheitadeiras automotrizes. Para isto, tomou-se imperativo a geração de infonnações
primárias fornecidas diretamente pelas empresas selecionadas.
As empresas selecionadas para entrevista foram a Iochpe-Maxion, a Valmet, a
New Holland e a SLC. Em 1993, estas respondiam, por quase 90% do mercado brasileiro
de tratores a!:,l"fÍcolas e 100% das vendas internas das colheitadeiras automotrizes de
grãos, sendo assim, uma amostra bastante significativa.
Na Valmet, a entrevista foi realizada, em Fevereiro de 1993. na sede da empresa
em Mobri das Cruzes (SP), junto ao Sr. Jak Torreta Jr., Gerente de Planejamento de
Marketing, que respondeu ao Roteiro de Entrevistas (Anexo 11).
A New Holland, por sua vez, optou em responder parcialmente ao Roteiro de
Entrevistas, que foi enviado, em Maio de 1993, ao Diretor de Relações Externas, Sr.
Perslo Luiz Pastre.
As informações da lochpe-Maxion foram obtidas, inicialmente, junto ao Sr. Paulo
Herrmann, Diretor de Planejamento Estratégico, que respondeu ao Roteiro de
Entrevistas, na cídade de Ribeirão Preto (SP), em Agosto de 1993, onde participava de
uma reunião com revendedores locais.
Devído a necessidade de maiores infonnações sobre a Iochpe-Maxion, fOi
elaborado um questionário exclusivo (Anexo III). A nova entrevista foi realizada entre os
dias 14 e 17 de Junho de !994, junto ao Sr. Paulo Herrmann, na sede da empresa em
Canoas (RS). O Analista de Planejamento Estratégico, Sr. Alexandre Nedel, também
auxiliou na resolução das dúvidas pertínentes à estrutura da empresa e sua atuação no
mercado. Também foi realizada uma visita à fábrica de colheitadeiras da empresa,
localizada em Santa Rosa (RS), nesta cidade, o Sr. P. C Kurylo, da Engenharía da
Qualidade, proporcionou uma visita à um dos fornecedores locais, a Freisleben. Destaca
se ainda, a entrevista concedida pelo prefeito de Santa Rosa, Dr_ Osmar Terra, que
106
fOrneceu infOrmações referentes aos efeitos da reestruturação da fábrica de colheitadeiras
da lochpe-Maxion sobre a economia do município.
A entrevista na SLC ocorreu, em 16 de Junho de 1994, na sede da empresa em
Horizontina (RS), junto ao Sr. Amilcar Silva Centeno, Supervisor de Marketing, que
respondeu ao Roteiro de Entrevistas (Anexo li).
Por sua vez, temos a visita ao BNDES no Rio de Janeiro (RJ), em 21 de Junho de
'!994. As informações sobre o processo de nacionalização e reestruturação da Iochpe
Maxion foram passadas pelo Sr. José Wellington M. de Araújo, Gerente Operacional do
BNDESPar. O Sr. Antõnio Muller, Gerente de Operações da FINAME, forneceu os dados
e informações referentes ao FINAME Agrícola.
Finalmente, cabe destacar as informações secundárias fornecidas, ao longo da
realização deste trabalho, pelo CEDOC - Centro de Documentação da ANF A VEA
através das Srtas. Aparecida Reis e Cláudia Bantt.').
107
ANEXO lJ ·ROTEIRO DE ENTREVISTAS
I. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
t. Dados Gerais
l.l. Qual a razão social da empresa?
Ll. Em que data a empresa foi fundada? ___ ____ ! __ _
1.3. Indique o tipo de soctedade da empresa: I J S.A. I ) Ltda
1.4. Como esta dividido o controle acionário da empresa?
1.5. Qual é a percentagem do faturamento da empresa obtido com a venda de tratores agricolas e colheitadeiras? Quais os outros setores da economta nos quais esta empresa atua?
1.6. No caso da empresa ser subsidiária de uma empresa estrangeira, qual a participação dela no faturamento de todo o conglomerado em nível internacional? Além do Brasil, em quais países esta multinacional também produz tratores agrícolas e colheitadeiras?
108
109
2. Desempenho e Perspectivas
o L Indique a evolução da produção total da empresa
Ano Faturamento US$ Mil Unidades
1980
1985
1993
1995*
~ Prensiio
2.2. Estime a evolução da capacidade produtiva e de sua respectíva ociosidade.
Ano Capacidade Produtiva Capacidade Ociosa(%)
1980
1985
1993
23. Qual a evolução do número de funcionários da empresa.
Ano Número de Funcionários
1980
1985
1993
1995*
* Previsilü
24.
2.5.
2.6.
2.7.
Indique a evolução da produtividade da empresa.
Ano Produtividade ( ProduçãoJnQ de funcionários)
1980
1985
1993
1995*
Qual o comportamento das exportações da empresa.
Ano Exportação US$ Mil Unidades
!980
1985
1993
[ndique os principais produtos exportados e respectivos países de destino.
Produtos Países
A
B.
c
D.
Assinale os canais de comercialização mais utilizados pela empresa para a exportação: ( ) I )
) ) ) )
matriz no exterior filíais no exterior vendas diretas revendedores tradings
Q .? outros. uais.
110
2.8. Aponte quais as principais barreiras à expansão das exportações: I ) certificação de qualidade ( ) custo de mão-de-obra ( ) custo de matérias-primas e componentes ( ) baixa escala interna de produção ( ) baixo nível de automação da unidade tàbril ( ) falta de crédito aos clientes ( ) problemas cambiais ( ) custo de embarque e transporte ( ) tarifas alfandegárias ou limite de cotas dos países
importadores ) Q . ')
outros. uats. -----------------
2.9. Indique a evolução dos investimentos da empresa
Ano Investimentos ( US$ Mil) ----------------------------------------------------------1980
1985
1993
1995*
2.1 O. Classifique, pelo grau de importància, quatro áreas a receberem investimentos no biênio 1994-1995. ( } racionalízação da produção, através da adoção de novas
técnicas organizacionais ( modernização da produção através da aquisição de novas
máquinas e equipamentos
(
( ( ( ( ( (
) introdução da automação embarcada nos produtos já
) ) ) ) ) )
existentes lançamento de novos produtos, em substituição aos produtos atuais diversificação de produtos gastos em pesquisa e desenvolvimento treinamento de pessoal expansão da rede de revendas expansão da capacidade produtiva outros. Quais? ______________ _
111
U. CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA
!. Produto
I_ J. Indique as principais fontes de projetos dos produtos da empresa: ( ) matriz no exterior ( ) licenciamento de tecnologia no estrangeiro. De quem?
( ( (
(
) ) )
)
desenvolvimento intra-muros de novos projetos acordos com universidades, centros de pesquisa, etc. fornecedores de materiais e componentes utilizados nos produtos outros. Especifique ______________ _
I .2. Quaís foram as dificuldades encontradas para absorção da tecnologia (de acordo com cada uma das ongens indicadas acima)?
1.3. Quantos produtos a empresa lançou nos últimos 1 O anos. Indique de acordo com a origem da tecnologia.
Tecnologia Quantidade
A desenvolvimento próprio
B. desenvolvimento conjunto
C compra de tecnologia externa
Total
112
1.4. Indique os pnnc1pa1s avanços tecnológicos dos produtos ac1ma mencionados: ( ) novos materiais. Quais e onde são utilizados?
( ) eletrônica embarcada. Onde está presente?
( ) diminuição do número de componentes ( ) aumento da potêncla ( ) melhoria na relação potência/consumo ( ) aumento na segurança do operador ( ) outros. Quaís?
1.5. Que tipo de colaboração existe entre a empresa e os clientes no desenvolvimento de novos produtos? existem planos para ampliar esta
colaboração? -------------·----·----
2. Processo
2. L Assinale as principais fontes tecnológicas dos processos utilizados na
2.2.
empresa: ( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( )
Quais foram capacitação
matriz no exterior desenvolvimento próprio acordo com universidades, institutos de pesquisa, etc. fornecedores de máquínas e equipamentos utilízados na produção compra (licenciamento) de tecnologia no exterior
outros. Quais?--------------~
as pnnctpats dificuldades das tecnologias de
encontradas para o avanço na processo actma indicadas?
113
Quais das novas técnicas organizacionais, abaixo listadas, sua empresa já adotou? A partir de que ano? E quais os resultados obtidos?
. \no de Introdução Re~ul\lldos
i_ li Satlsfatimo 1).) Não Satudiltóno (31 Em Teste {4\ Não IntrOOw.i<:kl
f.ay...om celular ' 1
Kanban ' 1
l )
.!ust-m-mne ( I
Planejamento de Requ1siçJo de Mawriais !MRPl l I
Pllme_tmn._"nto de Recursos da Manu1imna ( MRP lJ) l )
Cm;ulos de Controle de Qualidade (CCQ) < I
Controle TNal de l,)ualídade tTQC) l I
2.4. Indique a estrutura ferramenta} utilizada por sua empresa (em%).
a 1 Tollll de Maquinas-l'L'Uamenms em 1:!93 ta/a)--- 100'%
\:<1 Total de Màquinas-Fetrnm<.'Il1as adquindoo nos Ultunoo dez anos % ~--~---~
~l Aqms.ção de M!i.qumas oom CN C tela) ..
d) Aqmsiçíio de Máqumas cruu C.LP. (dia) __ _ % ~--~----~-~
e\ Aquisição de MliqulllilS ConvencJonais (e/a) .. %
()\:)s __ a sorruJ dos itens~- d. e deve ser tgua! ao valor de b.
2S Indique quais os equipamentos de informática, abaixo listados, são utilizados pela empresa: I ) CAD (Computer A1ded Des1gn) ( ) CAE ( Computer Aided Engineering) { ) CAM (Computer Aided Manujàcturing) 1 ) Main}rame (computador de grande porte) ( ) Computadores de porte médio ( ) Microcomputadores ( ) DNC (Distribuited Numerícal Control)
L6. Existem células flexíveis de manufatura? Quantas? Quando foram implantadas? Em quais setores? Os resultados obtidos são satisfatórios?
114
3. Pesquisa e Desenvolvimento
3.L
3.3.
Indique o percentual de gastos com pesquisa e desenvolvímento (P&D) em relação ao faturamento: ( ) não há gastos com P&D ( ) até!% ( ) delà2% ( ) de 2 à 5% ( ) mais de 5%. Especifique %
Assínale as principais atividades desenvolvidas pelo setor de P&D: ( ) pesquisa básica ( ) pesquisa aplicada ( ) desenvolvimento de novos produtos ( ) desenvolvimento de novos processos ( ) melhoriaíadaptação de produtos ( ) melhoriaíadaptação de processos ( ) assistência técnica ( ) outros. Quais?-~~~~---~-----
Existe um laboratório de metrología íntra-muros? Quais as principais atividades desenvolvidas por este laboratório? E qual o nível das suas instalações?
115
4. Qualidade
4. 1. A empresa possui algum programa formal de qualidade e produtividade? Quando foi implantado? ____ _
4.2. Indique se esta empresa possui: ( ) produtos certificados. Quem certificou? ______ _
( ) processos certificados? Quem certificou?-----~
·----------------------------4.3. Os equipamentos e suprimentos utilizados pela empresa apresentam
certiticados de qualidade? A empresa exige este certificado dos seus fOrnecedores? De quats fOrnecedores? Por que?
--·--·---------------
4.4. Indique qual é a percentagem total de flmcíonários que foram treinados em qualidade e produtividade de 1990 ao tina! de 1993: ( ) OàlO% ( ) 10à30% ( ) 30à50% ( ) acima de 50%. Especitlque %
4S Assinale qual o investimento médio anual por funcionário em treinamento para qualidade e produtividade (funcíonârio/ano ): ( ) até US$ 50 ( ) deUS$ 50 à US$ 100 ( ) deUS$ 100 à US$ 300 ( ) acima de US$ 300. Especitique. US$ ----~
J 16
l!I. ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS
t. T erceirização
l. ! . Assinale quaís das etapas de produção não são realízados totalmente na empresa. Indique também quais se pretende transferir parcialmente ou totalmente para terceiros:
Etapas da Produção Já Transferidas Pretende Transferir
Estamparia ) )
Usinagem ) ( )
Fundição ) I )
Forjaria ( ) (
Montagem/Pintura ) ( )
Fabricação de caixa de càmbio ( ) ( )
1.2. Existem fornecedores estáveis que atuam em parceria com esta empresa? Em quais áreas atuam e porque? ~-------------
1.3. Indique abaixo quais as características destes fornecedores estáveis: ( ) contratos de longo prazo
) exclusividade ) certificação de qualidade destes fornecedores por parte da
empresa controle de qualidade unificados (apenas no fornecedor, por exemplo)
) implantação de sistemas just-m-ttme conjuntamente com o fornecedor
) participação acionária no capital da empresa fornecedora ) outros. Quais? ______ _
117
2. Abertura Comercial
2.1. Qual o valor total das importações de matérias~primas, componentes e equipamentos em 1993? ~--------
2.2. Indique as principais matérias-primas, componentes e equipamentos importados e os respectivos países de origem?
Produto País
A ---------------------~------·-- -~------------------------
B.
c
D. --------~---------------~~----~-·-------~-------~----
E.
2.3. Assinale as estratégias que a empresa irá adotar frente a abertura de importações: ( ) manter o mesmo nível de importação ( ) aumentar a importação de máquinas e equipamentos
utilizados no processo produtivo ) importar maíor quantídade de componentes e matérias
pnmas ) importar produtos acabados ou em CKD para completar a
línha nacional de fabricação ) importar produtos acabados ou em CKD para substituir
produtos fi:tbricados internamente ) outros. Quais? __ _
2.4. No caso da empresa ter corno estratégia a importação de produtos acabados ou em CKD (Kits desmontados), em quais linhas de produto a empresa pretende concentrar sua produção local?
118
2.5. De que países e empresas seriam importados estes produtos? Quaís as vantagens desta importação?
\l9
ANEXO III- QUESTIONÁRIO PARA IOCHPE-MAXION
L Quais os principais interesses da Companhia Iochpe ao entrar na Indústria Brasileira de
Tratores Agrícolas e Colheitadeiras Automotrizes?
2. Quais os motivos que levaram o grupo canadense Varity (controlador internacional da
Massey-Ferguson) a vender sua subsidiária brasileira para a Companhia Iochpe?
3. O sócio estrangeiro Varity atrapalhou no desenvolvimento da Massey-Ferguson
brasileira quando possuía participação acionária nesta empresa juntamente com o grupo
Jochpe'
4. Qual a importância do BNDES na compra da Massey-Ferguson pelo grupo lochpe?
5. Qual o atual acordo existente entre a lochpe-Maxion e a Massey-Ferguson Group., em
relação a utilização de marcas, desenvolvimento de tecnologia e divisão do mercado
internaciOnal?
6. A Divisão de Máquinas Agrícolas e Industriais do grupo lochpe-Maxwn pretende
desenvolver tecnologia própria, comprá-la no exterior ou ambas?
7. Qual a perspectiva da Iochpe-Maxion manter a liderança no mercado nacional de
tratores agrícolas e colheitadeiras?
8. Quais as perspectivas em relação ao mercado internacionaL
a. Qual a possibilidade de se aumentar as exportações e para quais mercados elas
estariam direciOnadas?
b. Existe a possibilidade da lochpe-Maxíon ínternacionalizar a sua produção de
tratores agrícolas e/ou colheitadeiras?
9. Existe interesse do grupo Iochpe-Maxion continuar sua diversificação para outros
setores? Quais?
1 O. Qual o estágio da lochpe-Maxion quanto a certificação IS0-9000?
120