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A MARGINALIZAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DA MULHER NAS CIÊNCIAS ATRAVÉS DA
ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS
Maria Gabriela Evangelista Soares da Silva1
Introdução
A Academia Brasileira de Ciências foi fundada na cidade do Rio de Janeiro, em 03 de maio de
1916 sob o nome de Sociedade Brasileira de Ciências.
Nesse momento, o Rio de Janeiro passava por um processo de urbanização e modernização,
baseado no modelo europeu, que visava transformar a cidade em um símbolo do progresso, o que também
atingiu o campo da ciência.
A criação da Sociedade surgiu da necessidade de criar um espaço livre para pesquisar e discutir a
ciência, visto que naquele momento era recorrente a discussão entre a chamada “ciência pura” e a
“ciência utilitária”. A primeira, trata da pesquisa desinteressada, ou seja, aborda temas que não têm uma
aplicação prática imediata, mas sim a busca pela verdade; já a outra, visa a aplicação prática que suas
teorias podem ter, focando na tecnificação do saber.
Numa capital rica e próspera como a cidade do Rio de
Janeiro, era indispensável que se fundasse um grêmio, onde
aqueles que estudam as questões da ciência pura pudessem
encontrar fraternal agasalho e no qual se promovesse a
formação de um ambiente intelectual capaz de transformar
a indiferença, ou mesmo a hostilidade com que a maioria
habitualmente acolhe a publicação de tudo quanto não tem
cunho de utilidade material, embora devam saber todos que
receberam a educação liberal corrente que muitas artes e
indústrias têm como base pesquisas científicas e princípios
abstratos (Revista da Sociedade Brasileira de Sciencias, n.
1, 1917, p. 4)
Nesse sentido, o primeiro presidente da Academia, afirmava que ambas ciências estavam no
mesmo patamar, não devendo haver distinção entre ela e que a ABC contemplava as duas em suas
1 Programa de Pós-graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia/HCTE da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - Mestranda. E-mail: [email protected].
atividades. Além disso, de modo geral, os seus associados eram críticos das ciências naturais e de seus
métodos, e propunham uma ciência mais experimental e inovadora. A associação apresentava-se assim,
como um espaço receptivo às novas teorias que surgiam, como a teoria da relatividade de Albert Einstein
e a fisiologia experimental, que geralmente encontravam resistência por parte das instituições afins
existentes há mais tempo (ALVES, 2001).
A Sociedade também defendia um projeto nacionalista para o fortalecimento e progresso do Brasil
no campo da ciência através da pesquisa das riquezas naturais brasileiras, feita pelo seu próprio povo e
publicadas no país. Ideia defendida pelo primeiro presidente da Sociedade.
Pois bem, o fim principal da Sociedade Brasileira de
Ciências consiste em espalhar essa noção da importância
da ciência como fator da prosperidade nacional. Para isto,
é indispensável termos à nossa disposição uma Revista em
que possamos publicar não somente nossos trabalhos,
como também os que, sendo apresentados por pessoas
estranhas à Sociedade. (Revista da Sociedade Brasileira de
Sciencias, 1917, p. 9)
A reunião de fundação, segundo consta na primeira ata da Sociedade, ocorreu no Salão Nobre da
Escola Politécnica e contou com a presença de: Henrique Charles Morize (astrônomo), Antônio Ennes
de Sousa (geólogo/engenheiro), Miranda Ribeiro (zoólogo), Luiz de Carvalho e Mello, Julio César Diogo
(botânico), Alberto Childe (arqueólogo) , Ângelo Moreira da Costa Lima (médico), Edgar Roquette-Pinto
(médico), Alberto Betim Paes Leme (geólogo) e Everardo Adolpho Backheuser
(geólogo/engenheiro/geógrafo). Ela determinou que o número de sócios efetivos estaria limitado a 100,
que seriam escolhidos por eleição entre os brasileiros de notável saber científico, havendo também sócios
honorários e correspondentes.
Em 16 de agosto, foi escolhida a primeira Diretoria, que teve como presidente Henrique Morize;
como vice-presidentes, Oswaldo Cruz e Joaquim da Costa Senna; como secretário-geral, Alberto
Loefgren; como 1° secretário, Everardo Adolpho Backheuser; como 2° secretário, Edgard Roquette-
Pinto. Essa reunião também escolheu, respectivamente, os presidentes e secretários das seções:
Matemática - Licínio Cardoso e Amoroso Costa; Ciências Físicas e Químicas - Ennes de Souza, e Mário
Saraiva; Biologia - Alípio de Miranda Ribeiro e Henrique Aragão.
Em pouco tempo, a Sociedade passou a atrair professores e pesquisadores de todo o país,
obrigando a revisão do Estatuto em 1917 para permitir a admissão de mais membros; o que contribuiu
para o seu fortalecimento, tornando-se uma referência nessa área.
A história da Sociedade Brasileira de Ciências, segundo Paulinyi (1981), pode ser dividida em
três períodos: o primeiro, de 1916 a 1929, como um período de intensa atividade visando o
desenvolvimento da ciência no Brasil; o segundo, de 1929 a 1965, como um período de consolidação da
associação, quando ela buscou sua viabilidade financeira, renovação, o crescimento controlado de seu
quadro, a aquisição de sede própria; e, o terceiro, de 1965 até 1981, marcado por uma busca de
redefinição e diversificação de suas funções.
Henrique Charles Morize (astrônomo) foi o primeiro presidente da Academia e ficou no comando
por 10 (dez) anos consecutivos, sendo seguido por Julio Moreira (médico) que presidiu entre 1926 e
1929, fechando o primeiro ciclo de atividade da Sociedade.
Durante esse período, em 1921, a Sociedade Brasileira de Ciências mudou seu nome para
Academia Brasileira de Ciências (ABC), pois acreditavam que esse nome dava mais força ao grupo.
Nesses primeiros anos, a ABC enfrentou grandes problemas com relação a publicação de seu períodico,
que era uma das fontes de divulgação científica de sua produção, devido à falta de recursos financeiros.
O segundo período esteve representado por Miguel Ozorio de Almeira (médico) entre os anos de
1929 e 1931, Eusébio Paulo de Oliveira (geólogo) entre 1931 e 1935, Álvaro Alberto da Motta e Silva
(militar e inventor) entre 1935 e 1937, Adalberto Menezes de Oliveira entre 1937 e 1939, Ignacio Manoel
Azavedo do Amaral entre 1939 e 1941, Arthur Alexandre Moses entre 1941 e 1943, Cândido Firmino de
Mello Leitão Junior entre 1943 e 1945, Mario Paulo de Brito entre 1945 e 1947, Arthur Alexandre Moses
entre 1947 e 1949, Álvaro Alberto da Motta e Silva entre 1949 e 1951 e Arthur Alexandre Moses entre
1951 e 1965.
Durante o segundo ciclo, em 1929, o periódico da ABC, sob o nome de Anais da Academia
Brasileira de Ciências foi sendo publicado sem interrupções e concretizou-se como a mais antiga revista
científica brasileira, alcançando seu objetivo inicial de possuir uma revista própria de publicação e
divulgação científica.
No terceiro ciclo houve a participação de Carlos Chagas Filho entre 1965 e 1967 e Aristides
Pacheco Leão entre 1967 e 1981.
A partir desse último, a associação teve como presidentes Maurício Matos Peixoto entre 1981 e
1991, Oscar Sala entre 1991 e 1993, Eduardo Moacyr Krieger entre 1993 e 2007 e atualmente, Jacob
Palis Júnior, desde 2007.
Estrutura Organizacional
A estrutura organizacional da Academia baseou-se no modelo da Académie Royale des Sciences
(1666) - Academia Francesa - e inicialmente foi constituída pelas seções: Ciências Matemáticas, Físico-
Químicas e Biológicas, devendo, cada uma delas, ter entre 20 e 40 membros, de modo a não ultrapassar
o máximo de 100 membros; e possuindo seu próprio presidente e secretário. A seção de Ciências
Biológicas foi a mais concorrida até os anos de 1930.
A seção das Ciências Matemáticas abrangia a matemática sensu stricto, a astronomia e a físico-
matemática; a das Físico-Químicas, a física, a química, a mineralogia e a geologia; e das Biológicas
abrangia a biologia, a zoologia, a botânica e a antropologia.
A seção de Ciências Físico-Químicas foi dividida em seção de Ciências Físicas, de Ciências
Químicas e de Ciências da Terra. Assim, até 1995, a Academia compreendia cinco seções especializadas:
Ciências Matemáticas, Ciências Físicas, Ciências Químicas, Ciências Biológicas e Ciências da Terra.
Quando a Academia completou 80 anos, foi criada outra seção: a de Ciências da Engenharia.
A partir de 2000, foram mantidas as seis áreas de especialização anteriores e, objetivando
melhorar a representatividade de alguns campos do conhecimento, foram criadas as de Ciências
Biomédicas, da Saúde, Agrárias e Humanas.
Atualmente a Academia reúne seus membros em dez áreas especializadas: Ciências Agrárias,
Ciências Biológicas, Ciências Biomédicas, Ciências da Saúde, Ciências da Engenharia, Ciências da
Terra, Ciências Físicas, Ciências Humanas, Ciências Matemáticas e Ciências Químicas.
A estrutura física foi itinerante por muitos anos até que em 1960 conseguiram recursos através de
doações da União, do Conselho Nacional de Pesquisa- CNPq e da Comissão Nacional de Energia
Nuclear, para a compra de um andar inteiro de um prédio localizado na Esplanada do Castelo, à rua
Araújo Porto Alegre, onde se instalaram e permanecem até hoje, mas em breve mudarão para um novo
prédio pois receberam três andares de um prédio histórico, doado à Fundação Carlos Chagas Filho de
Amparo à Pesquisa (Faperj) pelo Governo do Estado. Localizado no corredor cultural do Centro do Rio
de Janeiro, o edifício está sendo restaurado para se tornar, em breve, o Palácio da Ciência.
Estrutura Administrativa e Membros Associados
As atividades da Academia são coordenadas por uma Diretoria formada por um presidente, um
vice-presidente, seis vice-presidentes regionais e cinco diretores, eleitos a cada triênio pelos Membros
Titulares da casa, sendo permitida a reeleição.
Além da Diretoria, a instituição com três outras instâncias: o Conselho Fiscal, Executivo e o
Consultivo (formado por cada um dos Membros Institucionais).
Com relação aos associados pessoas físicas, a Academia possui as seguintes categorias: titulares;
correspondentes; colaboradores e afiliados.
As três primeiras categorias correspondem a acadêmicos eleitos em caráter permanente e não há
limitação de número.
Os Titulares são cientistas radicados no Brasil há mais de 10 (dez) anos, com destacada atuação
científica. Eles poderão votar e ser votados na Assembléia Geral, indicando e elegendo novos
Acadêmicos.
Os Correspondentes são cientistas radicados no exterior há mais de 10 (dez) anos de reconhecido
mérito científico, que prestaram relevante colaboração ao desenvolvimento da ciência no Brasil.
Os Colaboradores são personalidades que prestaram relevantes serviços à Academia ou ao
desenvolvimento científico nacional.
Já os membros afiliados são jovens pesquisadores promissores indicados e escolhidos por
Membros Titulares com atuação nas mesmas regiões que eles. Esses só podem permanecer na Academia
por um período de 5 (cinco) anos, não renovável.
A ABC dispões de mais uma categoria que é a de Membro Institucional Associado, que refere-se
à pessoa jurídica interessada no desenvolvimento da ciência e da tecnologia e que se dispõe a contribuir
financeiramente para a realização de atividades de interesse mútuo. Essa categoria possui caráter
temporário e passa por uma validação anual.
A Mulher a a Academia Brasileira de Ciências
A fundação da ABC não coincidiu com a participação das mulheres entre seus membros e a
titulação da primeira mulher como membro só ocorreu em 1926 com a cientista polonesa Marie
Sklodowska Curie (física e química), eleita Membro Correspondente; sendo seguida, no mesmo ano por
Emilie Snethlage, naturalista, que deu uma grande contribuição para a história natural brasileira, através
de seus estudos sobre as aves aqui presentes; e, dez anos depois, Carlota Joaquina de Paiva Maury,
paleontóloga norte-americana, cujos estudos foram importantes no campo da geologia do Brasil.
Em 1951, a primeira mulher foi eleita para a categoria de Membro Associado - Marília Chaves
Peixoto, nascida em 1921 em Santana do Livramento. Ela se formou em engenharia na Escola Nacional
de Engenharia e cursou como ouvinte o curso de matemática, na Escola Nacional de Filosofia. Ela teve
grande destaque no campo da matemática e, após obter o doutorado em Ciências, foi aprovada em
concurso para livre-docente docente na Escola Politécnica.
Em 1966, Marta Vannucci foi a primeira mulher a se tornar membro titular da ABC. Ela nasceu
em Florença, na Itália e veio para o Brasil, em 1921, aos oito anos, junto com sua mãe e uma irmã mais
velha, ao encontro do seu pai, que já residia no país.
A cientista cursou História Natural na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo.
Aos 25 anos defendeu sua tese de doutorado orientada pelo zoólogo Ernst Marcus, reconhecido no mundo
todo, de quem foi assistente de zoologia.
Após concluir sua formação, trabalhou no Instituto Paulista de Oceanografia (IPO), que mais
tarde deixaria de estar subordinado à Divisão de Proteção e Produção de Peixes e Animais Silvestres do
Departamento de Produção Animal, da Secretaria de Agricultura e passaria a fazer parte da Universidade
de São Paulo, como uma unidade universitária de pesquisa. Essa mudança ocorreu devido ao pedido da
própria Marta e de Wladimir Besnard, então diretor do IPO. Em 1964, ela passou a ser a diretora do
instituto, tornando-se a primeira mulher, também, a ocupar esse cargo.
Até o final da década de 80, havia apenas seis mulheres na categoria de Titular; a mudança no
cenário masculinizado da ABC se deu na década de 90, com o crescimento da participação feminina em
cerca de 106% no período e assim novas mulheres passam a fazer parte da estrutura da Academia, em
suas diversas categorias, mas em proporções muito pequenas quando compradas aos homens. Fato que
persiste até hoje e fica, claramente, evidenciado no discurso de posse dos novos membros, em maio de
2015, no qual o então presidente da academia Jacob Palis, rendeu tributo às mulheres cientistas
lamentando o fato da Academia ter um percentual reduzido de membros do sexo feminino entre seus
quadros e declarou. “Um número pequeno, porém muito superior a muitas sociedades científicas do
mundo” – comprometendo-se a corrigir essa distorção histórica, ao longo dos anos. Na cerimônia, de 25
novos membros titulares, apenas cinco eram mulheres; e entre os 13 novos membros correspondentes,
havia apenas uma mulher.
Atém do compromisso de tentar incorporar, cada vez mais, mulheres a sua estrutura, a ABC
também tem buscado através do projeto chamado “Para Mulher na Ciência”, valorizar e incentivar a
participar feminina nos diversos campos científicos.
O projeto é uma parceria com a L'Oréal e a UNESCO Brasil, surgido em 2006; sendo um
desdobramento do programa internacional “For Woman in Science”, promovido também pela L'Oréal e
a UNESCO, desde 1998.
O sítio eletrônico do projeto afirma que ele surgiu da convicção de que o mundo precisa de
ciência e a ciência precisa de mulheres. Baseado nesse propósito, o Programa identifica, recompensa,
incentiva e coloca sob os holofotes excepcionais cientistas de todos os continentes, premiando,
anualmente, cinco mulheres de cada região do mundo (África e países Árabes, Ásia-Pacífico, Europa,
América Latina e América do Norte), com uma bolsa-auxílio de 100 mil dólares.
Além disso, a iniciativa também oferece bolsas de estudo através de premiações locais para jovens
promissoras pesquisadoras em momentos cruciais de suas carreiras.
Desde a sua fundação, já houve o reconhecimento de mais de 2.000 mulheres em 115 países: 92
laureadas homenageadas pela excelência de suas pesquisas no programa global e 2438 Fellows,
talentosas jovens mulheres que receberam bolsas-auxílio para prosseguir com suas pesquisas.
Em 2014, o programa sofreu algumas alterações, buscando interligar os programas regionais e o
internacional: o International Rising Talents; com o objetivo de impulsionar o percurso de excelência de
jovens e promissoras cientistas até se tornarem pesquisadoras internacionalmente reconhecidas. Nesse
formato, 15 cientistas são escolhidas, anualmente, de 5 regiões do mundo, para receber uma bolsa de 15
mil euros.
O Programa já realizou 18 edições e, dentro delas, premiou seis brasileiras: Mayana Zatz
(Genética - USP), em 2001; Lucia Previato (Microbiologia - UFRJ), em 2004; Belita Koiller (Física -
UFRJ), em 2005; Beatriz Barbuy (Astrofísica - USP), em 2009; Marcia Barbosa (Física - UFRGS), em
2013 e Thaisa Storchi Bergmann (Astrofísica – UFRGS), em 2015.
O programa nacional completa 10 anos e define como sua motivação a transformação do
panorama da ciência no País, visando o equilíbrio dos gêneros no cenário brasileiro e incentivando a
entrada de jovens mulheres no universo científico.
O programa premia, anualmente, sete jovens pesquisadoras, de diversas áreas, com uma bolsa-
auxílio de 50 mil reais. A seleção das cientistas é feita por uma comissão formada por renomados
profissionais das áreas científicas, sendo presidida pelo presidente da ABC e formada por sete mulheres
e nove homens, membros da própria ABC, da UNESCO no Brasil e da L'Oréal Brasil. O prêmio já
distribuiu aproximadamente 3,5 milhões de reais entre 68 mulheres cientistas.
A Mulher em números na ABC
O presente trabalho traz, em números, a participação das mulheres na Academia. A pesquisa foi
realizada através do próprio site da instituição, que disponibiliza a lista de todos os seus membros, vivos
e falecidos, por sessão, categoria e sexo. A análise desconsiderou os membros falecidos de todas as
categorias e todos os membros da categoria colaborador devido ao pequeno número de participantes em
todas as sessões; sendo que muitas delas não possuem nenhum membro deste tipo.
O atual cenário da Academia mostra a contínua exclusão das mulheres; o que pode ser constatado
através dos gráficos abaixo, que evidenciam a participação feminina no número total de membros da
ABC, de acordo com três categorias de membros: titulares, correspondentes e afiliados.
Os gráficos abaixo mostram a participação feminina no número total de membros de cada uma
das sessões da ABC, considerando as mesmas três categorias de membros.
Sessão de Ciências Agrárias:
Sessão de
Ciências Biológicas:
Sessão de Ciências Biomédicas:
Sessão de
Ciências da
Engenharia:
Sessão de Ciências da
Saúde:
Sessão de
Ciências da Terra:
Sessão de
Ciências Físicas:
Sessão de
Ciências
Matemáticas:
Sessão de Ciências Químicas:
Sessão de
Ciências Sociais :
Considerações Finais
A Academia Brasileira de Ciências acaba de completar cem anos e, pode-se dizer que ela vem
cumprindo sua missão de contribuir para o estudo de temas de primeira importância para a sociedade,
dando subsídios científicos para a formulação de políticas públicas; ajudando o desenvolvimento
científico do país, a interação entre os cientistas brasileiros e destes com os estrangeiros.
Contudo, a participação feminina está longe de ser uma conquista desse centenário. A ABC vem
se mostrando favorável ao aumento da participar das mulheres entre seus membros, como evidenciou o
ex-presidente da Academia; e tem incentivado tantas outras a desenvolveram suas pesquisas e a se
destacarem no campo científico, mas essas medidas ainda são insuficientes para trazer uma mudança no
cenário de 12% de presença feminina em toda a ABC.
O presente trabalho apontou que as mulheres são minoria no total de membros da academia, nas
três categorias abordadas: titular, correspondente e afiliado. Atém disso, as mulheres não são maioria e
nem se equiparam aos homens em nenhuma categoria das 10 sessões analisadas.
A maior presença feminina está nas sessões de ciências sociais e biológicas, mas não representam
nem 30% em cada uma delas. Em seguida estão as ciências agrárias, da saúde, biomédicas e química, em
que não representam nem 20% em cada sessão.
A sessão de engenharia é a mais excludente, sendo seguida da matemática, da física e das ciências
da terra.
O retrato da marginalização da mulher na ABC é o reflexo da Ciência em nosso país; e a realização
desse diagnostico é de extrema importância para se pensar em políticas que sejam capazes de incluir as
mulheres no campo científico, principalmente, nos que apresentam os menores índices de participação
feminina.
A participação de mulheres nas academias de ciências e demais instituições de cunho científico é
de extrema importância para permitir a percepção das mulheres como sujeito e objeto de pesquisa e,
simultaneamente, para transformar os parâmetros androcêntricos da ciência moderna, permitindo um
re-condicionamento do espaço científico através do estimulo à produção de um conhecimento não
sexista.
A Academia Brasileira de Ciência possui um papel de destaque na pesquisa e publicação científica
no Brasil, através de seus dois periódicos - Anais da Academia Brasileira de Ciências e Pesquisa
Antártica Brasileira; de seu boletim eletrônico semanal - Notícias da ABC; da organização de eventos
científicos; do desenvolvimento de programas e grupos de estudo; e da promoção de intercâmbio com
academias científicas estrangeiras, bem como com outras organizações nacionais e internacionais.
Além disso a ABC tem como característica fundamental seu caráter supra-institucional e a
diversidade de áreas de interesse de seus membros. Estas credenciais a qualificam para discutir e propor
novas soluções para questões científicas e sócio-econômicas que requeiram uma abordagem
multidisciplinar. Com isso, ela se torna co-responsável pela marginalização da mulher na área das
ciências e deve buscar, juntamente com outras instituições promover a participação feminina, de forma
que essa se equipare a dos homens, em todos os campos da ciência. Essa medida contribuirá para
promover a qualidade científica e o avanço da Ciência brasileira.
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