a matriz energÉtica brasileira e a atual crise energÉtica
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Resumo da matriz energética brasileira e a crise energéticaTRANSCRIPT
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA
A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E A ATUAL CRISE ENERGÉTICA
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2015
1. INTRODUÇÃO
As principais fontes de energia do Brasil, atualmente, são: energia hidroelétrica,
petróleo, carvão mineral e os biocombustíveis, além de algumas outras utilizadas em
menor escala, como gás natural e a energia nuclear.
Segundo Tolmasquim, a matriz energética brasileira, é uma das mais limpas do
planeta, quase metade da energia consumida aqui é renovável, ou seja, proveniente
de recursos capazes de se refazer em um curto prazo. A energia hidroelétrica é um
elemento diferencial da matriz energética brasileira. Ela é a principal fonte de geração
de eletricidade no país e, em 2010, respondeu por 81% do total produzido.
Sendo a energia hidroelétrica a principal fonte de energia do país, a falta de água
combinada à baixa produção de energia geraram o corte de fornecimento em diversos
estados, gerando a atual crise energética.
2. MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA
A matriz energética de um país pode ser compreendida como o conjunto de
todos os tipos de energias geradas e consumidas por uma nação. Segundo Fragmaq,
o Brasil embora seja o país que utilize mais energias renováveis, ainda é,
curiosamente, um país que utiliza também muito petróleo em seu modelo energético,
sendo a principal fonte de energia para veículos automotivos em circulação no país.
Mesmo com o intenso uso de petróleo em seu modelo energético, o Brasil está em
processo de desenvolvimento de diversas formas de energias renováveis para suprir
a utilização de fontes poluentes.
A capacidade instalada de geração no sistema elétrico brasileiro em Maio de
2015 segundo o Ministério de Minas e Energia atingiu 136.776 MW. Em comparação
com o mesmo mês em 2014, houve expansão de 2.914 MW de geração de fonte
hidráulica, de 1.870 MW de fontes térmicas e de 2.918 MW de geração eólica,
considerando os Ambientes de Contratação Regulada e Livre (ACR e ACL).
Fonte: Ministério de Minas e Energia
Fonte: Ministério de Minas e Energia
De acordo com o Panoramacomerc, de 2008 a 2015, houve um crescimento
significativo das fontes de energia térmica e eólica, um desenvolvimento essencial
para a nova configuração da matriz energética brasileira. Conforme a tabela abaixo, a
geração eólica saiu de 247 MW em 2008 para 5.833 MW em 2015, um crescimento
de 2.261%. Dois fatores que contribuíram para o crescimento da geração eólica no
país foram o barateamento da tecnologia e o PROINFA (Programa de Incentivo às
Fontes Alternativas de Energia Elétrica), encerrado em 2011, que favoreceu a
introdução de 964 MW de capacidade de geração eólica.
Fonte: Panoramacomerc
Segundo o Ambiente Energia, o Brasil, desde os anos 1970, cresceu em média,
4% ao ano e o consumo de energia, 3,3%. Nesse período, a proporção de renováveis
na matriz energética manteve-se sempre acima de 40%. Em 2011, 44% da energia
ofertada (272,3 milhões de toneladas equivalentes de petróleo) aos mais de 193
milhões de habitantes do país foram provenientes de origem renovável, sendo a
energia hidráulica e a biomassa as principais fontes.
2.1 Fontes não renováveis de energia
As fontes não renováveis de energia são aquelas que se utilizam de recursos
naturais esgotáveis, ou seja, que terão um fim, seja em um futuro próximo, seja em
um período de médio ou longo prazo. Os principais exemplos dessa energia é o
petróleo, carvão mineral, gás natural e os combustíveis nucleares.
Segundo Bronzatti e Neto, em 2006, as importações líquidas de petróleo se
tornaram negativas, significando que o Brasil mais exportou que importou, ou seja,
tornou-se autossuficiente em petróleo e no final de 2007, as reservas provadas de
petróleo no Brasil estavam estimadas em 11,41 bilhões de barris.
De acordo com o Encom Energia, em 1972, quando explodiu a crise do Petróleo,
todo o mundo pensou que esse acontecimento serviria de alerta. Dizia-se que o
petróleo estava com os seus dias contados e em pouco tempo as reservas desse
produto em todo o mundo não aguentaria mais a demanda. O certo é que, 40 anos
após a crise, o esgotamento de todas as reservas mundiais de petróleo parece estar
bem distante da realidade. Os mais pessimistas indicam que as reservas do produto
estão garantidas para mais de 4 décadas, caso a demanda projetada aumente 1,7%
ao ano até 2030. Mesmo assim, devemos considerar a energia gerada através do
petróleo como finita, não renovável.
O carvão mineral é usado principalmente em termelétricas, ele passou a ser
amplamente utilizado a partir das revoluções industriais resultantes do capitalismo,
sendo ainda hoje uma fonte de energia bastante utilizada em todo o mundo, perdendo
somente para o petróleo. No total, ele corresponde a pouco menos de 26% dos
recursos utilizados na produção de energia mundialmente, um número que cai para
cerca de 6% no Brasil (PENA, 2014).
O gás natural não teve maior importância como matriz energética nacional até
o ano de 1990. Não se acreditava que o Brasil possuía recursos significantes de gás
natural. Outro ponto que não incentivava a exploração de gás natural era a abundante
oferta de energia através de usinas hidroelétricas a baixo custo. Esse cenário
começou a mudar a partir de 1990, quando o processo de privatização parcial, as
descobertas de gás na bacia de Campos e o racionamento de energia elétrica
impulsionaram a importância do gás natural como matriz energética (BRONZATTI e
NETO, 2008).
O uso de energia nuclear no Brasil foi sempre muito discutido pelo viés
ideológico. A primeira usina a entrar em operação foi Angra 1, com potência instalada
de 657MW e fator de disponibilidade por volta de 80%. A usina Angra 2, com 1350MW,
apesar de ter o acordo Brasil-Alemanha fechado em 1975, iniciou plenamente as
atividades no ano de 2000 com um fator de disponibilidade de 60%. (BRONZATTI e
NETO, 2008). De acordo com o G1, a terceira usina deve ficar pronta em 2018, mas
o acidente nuclear no Japão em 2011 alterou os planos do Brasil de expandir o uso
desse tipo de energia.
2.2 Fontes renováveis de energia
As fontes renováveis de energia são aquelas formas de produção de energia em
que suas fontes são capazes de manter-se disponíveis durante um longo prazo,
contando com recursos que se regeneram ou que se mantêm ativos
permanentemente. Entre os vários tipos de fontes renováveis de energia, existe a
solar, a eólica, a hídrica, a biomassa, a geotérmica, a das ondas e a das marés.
Existem muitos investimentos na área das energias renováveis devido a
incentivos de governos além da preocupação com o meio ambiente. A energia solar
consiste no aproveitamento da radiação solar emitida sobre a Terra. Existem duas
formas de utilização da energia solar, a fotovoltaica, em que placas fotovoltaicas
convertem a radiação solar em energia elétrica, e a térmica, que aquece a água e o
ambiente, sendo utilizada em casas ou também em termoelétricas através da
conversão da água em vapor, este responsável por movimentar as turbinas que
acionam os geradores (PENA, 2014).
A energia eólica utiliza-se da força promovida pelos ventos para a produção de
energia. Essa energia, segundo estudo do Centro de Referência para Energia Solar e
Eólica – CRESESB/CEPEL, o Brasil possui um potencial de 143 GW. Parte desse
potencial pode ser aproveitado comercialmente nos litorais do Nordeste, Sudeste e
Sul do país. Para a energia eólica e solar, a maior parte do custo ainda advém do
investimento na infraestrutura de geração, eficiência de geração, fator de
disponibilidade e manutenção, o que indica que as respectivas tecnologias de
produção não estão no seu período de maturidade e têm pouca difusão no mercado
(BRONZATTI e NETO, 2008).
De 70 à 80% da matriz energética brasileira corresponde a energia hidroelétrica.
A energia elétrica produzida no Brasil pelas grandes hidrelétricas tem um papel
importante no desenvolvimento do país, proporcionando autossuficiência na geração
de energia elétrica a baixos custos. Nos próximos anos, a energia hidráulica
permanecerá sendo elemento-chave da estratégia de expansão da oferta de energia
elétrica.
Segundo o Pensamento Verde, no Brasil, a energia geotérmica é utilizada
apenas na forma de água aquecida, como no caso dos parques termais de Caldas
Novas (GO) e Poços de Caldas (MG). A energia geotérmica é obtida através do calor
proveniente da terra, onde há reservas que são aquecidas pela proximidade com o
magma, retendo o calor captado e aproveitado para a geração de energia elétrica.
É possível utilizar a água do mar para a produção de eletricidade tanto pelo
aproveitamento das ondas quanto pela utilização da energia das marés. No primeiro
caso, utiliza-se a movimentação das ondas em ambientes onde elas são mais intensas
para a geração de energia. Já no segundo caso, o funcionamento lembra o de uma
hidrelétrica, pois cria-se uma barragem que capta a água das marés durante as suas
cheias, e essa água é liberada quando as marés diminuem. Durante essa liberação,
a água gira as turbinas que ativam os geradores. De acordo com o Diário do Nordeste,
com operações iniciadas em 2012, a usina de ondas do Pecém, pioneira do tipo na
América Latina, estaria abandonada, e está previsto para retornar em 2017. O
empreendimento energético instalado no Pecém tem capacidade de gerar 50kW.
3. CRISE ENERGÉTICA
De acordo com o G1, o volume de chuva que chegou aos reservatórios das
principais hidrelétricas do país em janeiro de 2015 foi o mais baixo para o mês nos
últimos 85 anos, apontam dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
De acordo com o órgão, a chuva registrada em janeiro foi equivalente a 38,04% da
média para o mês, o pior índice do histórico, que começa em 1931.
A falta de água combinada à baixa produção de energia geraram o corte de
fornecimento em diversos estados, gerando então a atual crise energética. Segundo
Filippo, o consumo de energia do Brasil cresce todos os anos. Ele tem certa relação
ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas também ao crescimento
vegetativo da população e da renda das pessoas. A necessidade de aumentar o
parque gerador nacional é uma constante. Todo ano ele tem que crescer cerca 3% a
4%. Se houver atrasos de obras, como a de Belo Monte que não produz, vai faltar
energia.
Ainda segundo o Filippo, para que não falte energia ou que seja equilibrado o
fornecimento energético, diversas ações devem ser tomadas, além de torcer para haja
chuva. No curto prazo, tentando colocar as termelétricas todas em plenas cargas.
Torcer para haja chuva, pois a situação dos reservatórios hidrelétricos está chegando
quase numa situação dramática, e ter mais eficiência e redução do consumo. No longo
prazo, acelerar os investimentos, e colocar em dia as obras atrasadas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Comparando a matriz energética brasileira com a matriz energética mundial,
Percebe-se que o Brasil se diferencia em termos de sustentabilidade, uma vez que a
matriz mundial é composta apenas de 13% de fontes renováveis nos países
industrializados. Já nos países considerados em desenvolvimento esse índice é ainda
pior, sendo apenas 6% da matriz energética dessas nações provenientes de fontes
renováveis.
Embora existam diversas pesquisas para produzir energia limpa, a verdade é
que a mudança para um novo modelo energético baseado totalmente em energias
renováveis representa altos custos tanto para a iniciativa pública quanto para a
privada.
Hoje temos em torno de 70 à 80% da matriz energética brasileira dependente da
energia hidroelétrica, a falta de chuvas fez gerar a atual crise do país, demostrando
que é necessário discutir a composição dessa matriz, buscando novas alternativas e
principalmente uma matriz limpa e sustentável.
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