a mídia
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Recentemente, o governo estadual de São Paulo aplicou uma prova de classificação para os
professores temporários que lecionam nas escolas
públicas do estado.
A avaliação é um critério adotado para determinar a primazia na escolha do
estabelecimento onde cada professor passará a dar aula no ano letivo
que se inicia.
Aproximadamente 50% dos professores tiraram nota abaixo de cinco.
Nada menos que 1.500 docentes tiraram nota
zero, mostrando-se incapazes de acertar uma única questão.
Se tal retrato desalentador da
educação prevalece no estado mais
desenvolvido do país,
imagine a situação no restante do
Brasil.
“Salve, salve!
Vamos falar com os nossos heróis...”
Infeliz saudação tantas vezes repetida por Pedro Bial, ao se dirigir
aos participantes do Big Brother.
Heroísmo significa
virtude excepcional.
Heróis, caro Bial, são aqueles que buscam
resgatar os valores essenciais que nos fazem humanos.
Aqueles que utilizam bens e dons para promover o bem-estar das crianças;
que pensam não somente nos próprios filhos, mas também nos filhos e filhas do mundo.
“As asas do meu sonho estão quebradas...”,
nos dizem as crianças necessitadas, em situação de risco social.
Heróis são aqueles que têm ouvidospara o seu apelo, e que se prontificam
a curar-lhes as asas partidas.
Heróis são os professores, tão pouco reconhecidos, tão pouco valorizados, que ombreiam a sagrada missão de Educar.
Heróis são as crianças que não desistem
dos estudos,
mesmo sem material, sem merenda,
sem sapato,
sem os devidos cuidados, sem justiça.
Vivenciamos tempos de crise,
- crise econômica e financeira, crise climática e ambiental,
crise social.
No entanto, existe uma crise anterior a tais crises, que é
a crise ética e moral.
A crise de valores que se evidencia plenamente na atual
programação televisiva.
Uma crise que, na sua ânsia por alavancar as vendas e engordar ainda mais as milionárias receitas, trata os
participantes de um programa como o Big Brother por heróis e mártires.
“Salve, salve!
Se você quer eliminar fulaninho, ligue
para ..........
Se você quer eliminar fulaninha, ligue para ............”
“Salve, salve!
É dia de paredão! Que tal quebrarmos mais
um recorde hoje?
Na semana passada foram cinquenta
milhões de votos!
Está esperando o que? Vamos ligar!”
“Salve, salve!
Para que educação, arte ou cultura,
Para que uma visão crítica e reflexiva da vida,
Se a única coisa que interessa é consumir e
gastar?...”
“Salve, salve!
Para que caridade, compaixão e uma atitude solidária,
Se a única coisa que interessa é consumir
e gastar?...”
“Salve, salve!
Compre o carro do nosso patrocinador!
Troque de celular!
Beba a cerveja que anunciamos
sem parar!...”
Quão pequena e insignificante pode uma vida se tornar
quando passa a dar valor a tamanha
futilidade e ignorância.
“Salve, salve!”
Quão pequena e insignificante pode
uma sociedade se tornar
quando passa a dar valor a tamanha
futilidade e ignorância.
Não é possível mensurar o tamanho do estrago provocado pela atual
programação televisiva na formação de
crianças e adolescentes.
Conforme dizia o saudoso Darcy Ribeiro:
“Como podemos prosseguir assim,
quando num turno a escola educa, e no contra-turno
a televisão deseduca?”
Vivenciamos tempos de crise.
E toda crise pode ser um processo
caótico e destrutivo,
ou criativo e regenerador.
Compete a nós escolher o rumo que queremos tomar.