a música como forma de comunicação

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1 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ NATÁLIA BENTO DA SILVA A MÚSICA COMO LINGUAGEM DE COMUNICAÇÃO

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Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo sobre o poder da música e a comunicação

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Page 1: A música como forma de comunicação

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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ

NATÁLIA BENTO DA SILVA

A MÚSICA COMO LINGUAGEM DE COMUNICAÇÃO

VITÓRIA

2011

Page 2: A música como forma de comunicação

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NATÁLIA BENTO DA SILVA

A MÚSICA COMO LINGUAGEM DE COMUNICAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado à Faculdade Estácio de Sá, como requisito parcial para obtenção de Grau de Bacharel em Jornalismo.

Orientadora: Mestre Juliana Zucolotto.

VITÓRIA2011

Page 3: A música como forma de comunicação

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NATÁLIA BENTO DA SILVA

A MÚSICA COMO LINGUAGEM DE COMUNICAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade Estácio de Sá, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Jornalismo.

Aprovado em 11 de junho de 2011.

Comissão Examinadora:

________________________________________________Prof. Renato HeitorFaculdade Estácio de Sá

________________________________________________Prof. CláudioFaculdade Estácio de Sá

________________________________________________Prof.ª Juliana ZucolottoFaculdade Estácio de Sá

Page 4: A música como forma de comunicação

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A Deus. A minha querida Vovó Valda que sempre acreditou e incentivou esse projeto, mas foi para os braços de Deus antes da conclusão.

Page 5: A música como forma de comunicação

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A Deus, por ter proporcionado saúde, sabedoria, força e oportunidade para realizar

esse projeto. Sem o Seu poder nada seria possível.

Aos meus pais, Silvio e Lucy Ana, e irmã Carolina. Obrigada pela paciência e por toda colaboração. Vocês foram fundamentais nesse processo.

Aos meus familiares pelo incentivo e confiança. À Vovó Eunice, pelo carinho.

Ao meu futuro esposo Douglas Rodrigues de Sá. Obrigada pela dedicação e participação ativa na realização desse projeto.

À família Rodrigues de Sá pelo incentivo.

À professora e orientadora Juliana Zucolotto, pela colaboração e apoio.

À professora Cristiane Palma por ter acreditado nessa pesquisa desde o início.

Ao Maestro Helder Trefzger, pela parceria e por ter aceitado prontamente em colaborar com a pesquisa.

À Escola Municipal Maria Madalena, à diretora Eliza, à pedagoga Wanessa, aos professores Márcia, Ezir, Renata e aos alunos do nono ano.

À amiga Denise Micaella que colaborou de forma ativa na realização da pesquisa.

À toda equipe de comunicação da Vale pelo apoio para a realização desse trabalho.

À musicista Márcia Freitas pelo apoio no desenvolvimento.

Aos fotógrafos Gabriel Lordêllo e Fábio Machado por terem participado desse projeto.

Ao Eduardy, da empresa Grafitusa pela parceria.

Ao Fausto Costa, pela realização da arte – peça de apresentação do trabalho.

Às minhas amigas Rany Fernandes e Karine Fernandes que também colaboraram para a realização desse trabalho.

Às minhas professoras de música: Eni, Liu, Aparecida, Claudete e Michelle por todo conhecimento e paciência.

À todas pessoas que colaboraram de forma indireta para a conclusão dessa pesquisa.

Page 6: A música como forma de comunicação

6

“Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os moradores da terra. Servi ao Senhor com alegria; e apresentai-vos a ele com canto. Sabei que o Senhor é Deus: foi ele, e não nós que nos fez povo seu e ovelhas do seu pasto. Entrai pelas portas dele com louvor, e em seus átrios com hinos: louvai-o, e bendizei o seu nome. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade estende-se de geração a geração”.

Salmos 100

Page 7: A música como forma de comunicação

7

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar quais são os impactos que a música causa enquanto linguagem de comunicação. Para isso, foram utilizadas as metodologias: documental, bibliográfica, estudo de caso e pesquisa em profundidade observacional. O referencial teórico abordou assuntos relacionados à comunicação, linguagem e música. Em parceria com a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo (Ofes) e a Escola Municipal Maria Madalena foi realizada a pesquisa com alunos do nono ano para a análise dos efeitos que a música clássica pode provocar. Os resultados da pesquisa apresentaram o poder que a música tem como forma de comunicação

Palavras-chave: Comunicação. Música. Linguagem.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Processo de Linguagem............................................................................16

Figura 2 - Quadro sobre signo...................................................................................20

Figura 3 - Pandeiro de Fórmica.................................................................................25

Figura 4 – Instrumento de Percussão........................................................................25

Figura 5 – Moeda.......................................................................................................26

Figura 6 – Harpa........................................................................................................26

Figura 7 – Trombeta..................................................................................................26

Figura 8 - Pedra histórica...........................................................................................27

Figura 9 – Sistro........................................................................................................27

Figura 10 - Reportagem sobre a criação de uma orquestra capixaba.......................32

Figura 11 - Maestro Vítor Marques Diniz...................................................................33

Figura 12 - Reportagem divulgada em "A Gazeta" em 26/05/76...............................34

Figura 13 - Reportagem do jornal "A Tribuna" do dia 04/07/1975.............................35

Figura 14 - Maestro Helder Trefzger..........................................................................35

Figura 15 - Concerto de 25 anos...............................................................................36

Figura 16 - Orquestra Barroca do ano de 1700.........................................................37

Figura 17 - Orquestra Filarmônica de Berlim, considerada a melhor orquestra do

mundo e dirigida por Simon Rattle.............................................................................37

Figura 18 - Instrumentos de uma orquestra...............................................................39

Figura 19 - Alunos respondendo a pesquisa sobre "A música como linguagem de

comunicação"............................................................................................................44

Figura 20 - Entrevistados respondem o questionário................................................44

Figura 21 - Alunos observam a Orquestra Filarmônica.............................................45

Figura 22 - Alunos assistem a apresentação da peça "Novo Mundo", de Antonín

Dvorák....................................................................................................................... 49

Figura 23 - Orquestra Filarmônica do Espírito Santo (Ofes) ensaia a peça "Novo

Mundo".......................................................................................................................49

Figura 24 - Alunos conversam com o maestro Helder Trefzger................................50

Figura 25 - Alunos e colaboradores se reúnem em frente o Teatro Carlos Gomes...50

Page 9: A música como forma de comunicação

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Primeira questão da pesquisa.........................................................................45

Gráfico 2 - Segunda questão da pesquisa.......................................................................46

Gráfico 3–Continuação da segunda questão da pesquisa.............................................46

Gráfico 4 - Terceira questão da pesquisa.........................................................................46

Gráfico 5–Continuação da terceira questão da pesquisa...............................................47

Gráfico 6 - Quarta questão da pesquisa...........................................................................47

Page 10: A música como forma de comunicação

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................11

2. A RELAÇÃO DA COMUNICAÇÃO COM A MÚSICA 13

3. CONTEXTO HISTÓRICO DA MÚSICA: A RELAÇÃO DO HOMEM PRIMITIVO COM OS SONS 223.1 O PODER E O HISTÓRICO DA MÚSICA NA ANTIGUIDADE 23

3.2 A MÚSICA E A COMUNICAÇÃO NA ATUALIDADE 30

4. A IMPORTÂNCIA DA ORQUESTRA NUMA CONSTRUÇÃO CULTURAL: ORQUESTRA FILARMÔNICA DO ESPÍRITO SANTO 324.1 A HISTÓRIA DA ORQUESTRA 36

4.2 OS INSTRUMENTOS MUSICAIS 38

4.3 O REGENTE 39

5. METODOLOGIA: ANÁLISE PRÁTICA 425.2 A PESQUISA – ENTREVISTA SEMI-ABERTA 50

6. CONCLUSÃO 52

7. REFERÊNCIAS 53

ANEXO A – QUADRO DOS SELECIONADOS PARA A SEGUNDA PESQUISA58

ANEXO B – PESQUISA SEMI ABERTA 59

ANEXO C 62

ANEXO D – CONTRATO DE TRANSPORTE 63

ANEXO E 64

ANEXO F – MODELO DO TERMO 65

Page 11: A música como forma de comunicação

11

1. INTRODUÇÃO

“Todo fenômeno de cultura (e a música o é) só funciona culturalmente porque se

articula como linguagem” (TOMÁS, 1998, p. 39). Os efeitos que a comunicação por

meio da linguagem musical provocam no ser humano é o principal objetivo desse

estudo. A ideia que uma melodia, mesmo sem palavras, possui um contexto e emite

uma mensagem através do ritmo foi o motivo que impulsionou essa pesquisa.

O trabalho tem como objetivo analisar os impactos da música clássica no público

capixaba. Em parceria com a Orquestra Filarmônica e a Escola Municipal Maria

Madalena, será realizada uma análise fechada com 30 alunos com media de idade

entre 13 e 16 anos. O local escolhido foi o Teatro Municipal Carlos Gomes. Para

obter um resultado completo, será realizada uma segunda pesquisa semi-aberta

com cinco alunos selecionados a partir da primeira parte da análise. O objetivo é

comparar a pesquisa observacional com os resultados e compreender as mudanças

causadas nos adolescentes.

No segundo capítulo desse trabalho será aprofundado o significado da linguagem,

desde o processo de formação entre emissor, mensagem e receptor, além da

relação entre a comunicação e a música. A definição do impacto e da relação da

música como uma língua universal e interação social também serão abordados.

No terceiro capítulo será apresentado um breve contexto sobre a história da música

e a relação que o homem primitivo desenvolveu com os sons e os instrumentos. A

magia e a crença eram resultados de sociedades religiosas que buscavam respostas

na natureza.

A música também representou um papel fundamental na organização das

sociedades da antiguidade. Alguns países desse período chegaram a se estruturar

tendo como referências a linguagem musical “[...] além dos efeitos mais diretos da

música sobre o homem, há que levar em conta também o seu segundo poder, mais

Page 12: A música como forma de comunicação

12

extenso e mais potente. Um poder místico, uma força inaudível e invisível [...]”

(TAME, 2006, p. 20).

Com o objetivo de conhecer a importância de uma orquestra para a cultura local, o

quarto capítulo apresentará um breve histórico da Orquestra Filarmônica do Espírito

Santo (Ofes). Para o entendimento sobre a construção de uma orquestra e a sua

importância na história do mundo serão abordados as funções dos instrumentos, o

papel do regente e funcionamento de uma orquestra.

A pesquisa representa uma busca de compreender a curiosidade e o amor pela

linguagem musical. Por meio do comportamento humano, torna-se possível observar

as reações que o som pode provocar influenciando o homem com mudanças de

hábitos, de pensamentos e estilos de vida.

Os principais autores utilizados foram Silvana Contijo, com a obra “O livro de Ouro

da Comunicação”, David Tame com o livro “O Poder Oculto da Música” e José de

Nícola com “Língua, Literatura e Redação”.

A escolha pela Orquestra Filarmônica foi resultado do trabalho didático que esse

conjunto desenvolve em apresentações. O estudo visa contribuir para a percepção

do papel que a música pode desenvolver na sociedade. Essa ferramenta que possui

potencial de transformar culturas é fundamental na construção social.

Um trabalho até mais importante do que simplesmente fazer música, mas de fomentação cultural, educando e elevando os indivíduos de sua sociedade a um outro patamar de existência (MAGALHÃES, 2003, p. 47).

O projeto proposto também poderá colaborar tanto para os profissionais da área da

comunicação e da música bem como, os cidadãos interessados em observar os

impactos de ferramentas que contribuam para o crescimento cultural.

Page 13: A música como forma de comunicação

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2. A RELAÇÃO DA COMUNICAÇÃO COM A MÚSICA

A música é uma forma de expressão e de comunicação e é um dos meios que o ser

humano encontra para demonstrar, argumentar e sentir o envolvimento da arte que

abrange outras ciências como, por exemplo, a matemática, a física, a química,

dentre outras. Segundo a autora Sekeff (2002, p. 13), a música é “uma linguagem

que, com seus múltiplos sentidos, fala diretamente ao corpo, à mente, e às

emoções, já que nasce diretamente de nosso corpo”. A autora ainda afirma que a

linguagem musical é uma experiência “fisiológica, psicológica e mental”.

Para o autor Moraes (2008), a música é uma forma de representar e criar novos

mundos. Todo esse processo envolve a teoria transmissionista de Shannon e

Webber: mensagem, emissor, canal, código e receptor. “Todos nós nascemos com a

estrutura geneticamente preparada para a comunicação, porém sem um manual de

instruções que mostre ‘como’ devemos nos comunicar de modo eficaz.” (XAVIER

GUIX, 2008, p.18).

E esse imenso conjunto de utensílios, sons, imagens, estruturas, códigos e narrativas formou o maior patrimônio da humanidade, sua obra coletiva: nossa história, nossa herança cultural (CONTIJO, 2004, p. 14).

No início, as melodias eram apenas sons, que com o tempo se transformaram em

notas e em sequência tornaram-se músicas. “Ao longo do tempo, a humanidade

evoluiu tecnologicamente e ampliou sua capacidade de sobreviver e de produzir

conhecimento” (CONTIJO, 2004, p. 14).

A música é a “arte mestra das artes: ela contém todos os princípios que fundam a

prática; ela assenta o primeiro grau da certeza” e “tem por objetivo final instituir a

louvação de Deus” (TOMÁS, 1998, p. 39). Diversos autores ainda afirmam que a

música é um fenômeno e apresenta inúmeros significados.

[...] o significado de que diferentes gêneros de música são universalmente conhecidos e apreciados, ou de que a música é capaz de elicitar reações

Page 14: A música como forma de comunicação

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emocionais em diferentes grupos étnicos, então, poder-se-á chegar à conclusão de que a música é realmente uma “linguagem universal” (AMARAL, 1991, p. 41).

A relação entre a música e a comunicação inicia-se com um processo que envolve

conceitos linguísticos não verbais. A autora Tomás (1998, p. 39) afirma que “[...] a

linguagem verbal não é a única forma de comunicação do homem. Criamos,

produzimos comunicação, informamos, expressamos, por meio de uma rede plural

de linguagens” uma vez que o desenvolvimento da relação entre a arte, linguagem

musical e a comunicação envolvem meios. A linguagem, de acordo com a análise do

autor Nícola (1998, p. 245), é uma “atividade intelectual exclusiva do homem; ao

pronunciar uma palavra, o homem está expressando um determinado estado

mental”.

É impossível dissociar o desenvolvimento social e cultural do desenvolvimento da linguagem (CONTIJO, 2004, p. 15).

Assim como outras línguas, a música não tem como objetivo um mesmo significado

para todo e qualquer ouvinte. Apesar de ser universal, os impactos causados pela

linguagem musical são variados: os resultados dependem das experiências do

receptor, da formação cultural e da formação do indivíduo. “[...] desta forma ela

expressa e propõe várias possibilidades de novas ordenações estruturais e formais,

assim como de novos significados”, (FREIRE, apud RORIGUES, 2010, p.14).

Considerando a música como uma forma de linguagem de comunicação torna-se

necessário observar que também é uma das formas de criar vínculos sociais e

transformar o todo por meio da informação. “A informação é o que permite que a

comunicação não seja somente comunhão ou consenso, mas também um processo

de troca do qual surgem diferentes pontos de vista e identidades” (XAVIER, 2008, p.

21).

[...] a música é, entre outras coisas, uma forma de se representar e de nos relacionarmos com o mundo, como as linguagens estão no mundo e nós estamos nas linguagens, como a música está no mundo e nós estamos na música (TOMÁS, 1998, p. 53).

“Linguagem e técnica contribuem para produzir e modular o tempo”. A autora Tomás

(1998, p.13) cita a semiótica, uma ciência que abrange todos os signos e seus

Page 15: A música como forma de comunicação

15

modos de significação tanto os verbais quanto os não verbais. “Ora, antes de tudo,

os signos produzem mensagens, transmitem informações de um ponto a outro no

espaço e tempo, sem o que os processos de cognição, de comunicação, de

significação e de cultura não seriam possíveis”.

[...] levando-se em conta, no caso da semiótica, que ela estabelece ligações entre um código e outro, entre uma linguagem e outra, permitindo a leitura do mundo não-verbal (TOMÁS, 1998, p.13).

A autora ainda afirma que o processo musical enquanto comunicação traz um vazio

que é preenchido pelo ouvinte. “[...] vivemos mergulhados em linguagens, e que

música é linguagem, é signo em ação” (TOMÁS, 1998, p. 13).

Segundo os autores Maria de Andrade e João Medeiros, a comunicação só é

efetivada por meio da linguagem “[...] mas há inúmeras formas de linguagem e nem

todas são necessariamente verbais”.

A comunicação humana é apenas uma parte de um processo mais amplo: o processo da INFORMAÇÃO que, por sua vez, é só um aspecto de um processo ainda mais básico, o processo de ORGANIZAÇÃO (BORDENAVE, 2001, p.15).

O autor Bordenave (2001) ainda afirma que organização é a junção de partes que

interagem entre si. O ser humano tem a capacidade de memorizar e organizar suas

experiências e acrescentar conhecimento pela facilidade de armazenar informações

codificadas. Além disso, sua capacidade de arquivar ideias e de aprendizado não

tem limites.

Por comunicação entendemos o processo pelo qual informação, decisões e diretivas circulam em um sistema social, e as formas em que o conhecimento, as opiniões e as atitudes são formadas ou modificadas. (LOOMIS BEAGLE, apud BORDENAVE, 2001, p. 18)

Para o processo comunicacional, um emissor envia uma mensagem a um receptor,

usando um código para emití-la. Durante o processo de emissão e recepção é

utilizado um canal que é o chamado suporte físico. Segundo a autora Chalhub

(2002), esse processo de comunicação nem sempre foi assim. O psicólogo Karl

Bühler (apud CHALHUB, 2002) compôs esse modelo tríade: destinador (mensagens

de caráter expressivo), destinatário (mensagens de caráter apelativo) e contexto

Page 16: A música como forma de comunicação

16

(mensagens de caráter comunicativo). No entanto Jakobson (apud CHALHUB,

2002), amplia essas funções complementando com o modelo anterior.

Figura 1 - Processo de LinguagemFonte: José de Nícola (1998)

Os sentidos e as interpretações “[...] estão localizadas primeiramente na própria

direção intencional do fator da comunicação, o qual determina o perfil da mensagem,

determina sua função, a função de linguagem que marca aquela informação”.

(CHALHUB, 2002, p. 6).

Ênfase no fator determina Função da linguagem

Referente______________________________F. Referencial

Emissor__________________________________F. Emotiva

Receptor_________________________________F. Conativa

Canal____________________________________F. Fática

Mensagem________________________________F. Poética

Código_____________________________F. Metalinguística

Fonte: Samira Chalhub (2002, p. 6)

No entanto, nem só de mensagens verbais vive o ser humano. A linguagem participa de aspectos mais amplos que apenas o verbo. O corpo fala, a fotografia flagra, a arquitetura recorta espaços, a pintura imprime, o teatro encena o verbal, o visual, o sonoro, a poesia – forma especialmente inédita de linguagem – surpreende, a música irradia sons, a escultura tateia, o cinema movimenta, etc. (CHALHUB, 2002, p. 6).

Para que o processo de comunicação seja efetivo, é necessário entender como se

entende a formação da linguagem. “A língua cria identidade – e o condicionamento

social da língua – a estrutura da sociedade está “refletida” na estrutura lingüística”

(LANGUE, apud, PULCINELLO, 1981, p. 98). Pulcinello (1981) afirma ainda que a

língua, o social e o histórico se coincidem. A ideia principal é que o desenvolvimento

da linguagem depende da função social, cultural e do sistema que a linguagem está

Page 17: A música como forma de comunicação

17

inserida (PULCINELLI, 1981). No processo musical, por exemplo, é natural que

existam sons que represente uma cultura específica. Isso se dá pelo fato de que os

homens que convivem com aquela forma de expressão dependeram de seus

antepassados ou de uma história, ou ainda de um contexto para chegarem a

determinado movimento musical. Por esse motivo, determinado estilo pode ser o

preferido de um país, mas não ser compreendido ou visto com o mesmo olhar por

habitantes de outra região. Os ouvintes terão reações e poderão até gostar, mas não

compreenderão da mesma forma, já que há influências históricas, culturais, sociais,

econômicas, políticas e comportamentais diferenciadas.

Segundo Schaff (apud PULCINELLI, 1981, p. 101), “[...] a comunicação efetiva é,

antes de tudo, compreensão (condição necessária, mas não suficiente)”, “[...] para

que haja comunicação efetiva é preciso que os interlocutores partilhem as

convicções relativas a ele”. Chalhub (2002, p.11), afirma que em todo processo

comunicacional é fundamental que haja uma fonte e um destino.

O autor Juan Bordenave (2001) ressalta que, no mesmo instante em que o emissor

está desenvolvendo sua mensagem para o receptor, também se mantém em

“contínuo contato perceptivo com o meio ambiente global que a envolve e, por

conseguinte, a elaboração da mensagem recebe constantemente uma

realimentação”. Dessa forma poderá contribuir para a troca de comunicação.

A música possui uma relação fundamental com a história do ser humano. Os mais

variados gêneros da música são conhecidos pelo mundo e apreciados. Segundo a

autora Kleide Ferreira (1991, p. 41) a música é capaz de provocar os mais diversos

sentimentos e por isso pode ser considerada uma linguagem universal. A autora

Rosana Rodrigues (2010) afirma que, assim como a linguagem, ela é fundamental

para a organização social e participa da formação da vida humana.

A sedução que a linguagem exerce sobre o homem existe desde sempre. A gente pode observar esse fascínio de inúmeras maneiras: através da literatura, da poesia, da religião, da filosofia, etc. Não faltam lendas, mitos cantos, rituais, estórias e até polêmicas muito antigas que revelam a curiosidade do homem pela linguagem (PULCINELLI, 1986, p.8).

Page 18: A música como forma de comunicação

18

De acordo com o autor Jourdain (1997, p.23) o ser humano é capaz de ouvir e

compreender a música, enquanto os animais não o fazem, porque o cérebro do

homem é capaz de manipular padrões de som muito mais complexos. De acordo

com Hilgard (2002), juntamente com a visão, a audição é nosso principal meio de

obter informações sobre o ambiente. Ou seja, é um dos principais canais de

comunicação do ser humano.

O som origina-se através de uma vibração que gera uma onda sonora captada pelo

ouvido humano. A partir desse momento, a transmissão é conduzida até ao tímpano

fazendo-o vibrar. Diversas vibrações ocorrem até que a mensagem chegue aos dois

lados do cérebro (HILGARD, 2002). Os autores Coll e Teberosky (2000), afirmam

que quando um instrumento é tocado, a superfície ou parte dele vibra fazendo com

que esse movimento se desloque no ar em forma de ondas sonoras que são

captadas pelo nosso ouvido. “Se pudéssemos ver o ar, o movimento das ondas

sonoras seria parecido com o das ondas que se formam em um lago quando

jogamos uma pedra na água. Quando alguém bate em um tambor, a membrana

empurra o ar que a rodeia cada vez que ela vibra” (COLL; TEBEROSKY, 2000,

p.90).

As moléculas vibrantes que transmitem a música de uma orquestra para nossos ouvidos não “contêm” sensação, apenas padrões. Quando um cérebro é capaz de modelar um padrão, surge a sensação significativa. Quando um cérebro não está à altura da tarefa, nada ocorre e a experiência que um animal tem do mundo é, com isso, bem menor do que a nossa (JOURDAIN, 1997, p. 23).

A música também afeta o corpo físico do homem. O autor Tame (1984, p. 146)

explica que as raízes dos nervos auditivos estão mais amplamente distribuídas e

possuem conexões mais extensas que as de quaisquer outros nervos. A música faz

o corpo se comunicar influenciando na digestão, nas secreções internas, na

circulação, na nutrição e na respiração.

A música afeta o corpo de duas maneiras distintas: diretamente, como o efeito do som sobre as células e os órgãos, e indiretamente, agindo sobre as emoções, que, depois, por seu turno, influenciam numerosos processos corporais (TAME, 1984, p. 147).

Page 19: A música como forma de comunicação

19

A música em sua teoria é dividida em três partes: Melodia: combinação dos sons

sucessivos; Harmonia: combinação dos sons simultâneos; Ritmo: combinação de

valores. “A música cria ordem a partir do caos; pois o ritmo impõe unanimidade ao

divergente, a melodia impõe continuidade ao descosido e harmonia impõe

compatibilidade ao incongruente” (MENUHIM, apud, TAME, 2006).

Dessa forma, as definições sobre a música vão além da consideração dessa

linguagem como sensações sonoras. Kant afirma que “Os três modos do tempo são

a permanência, a sucessão e a simultaneidade” (apud, VICENTE JUSTI, 2009, p.

25).

Rud (1991, p. 24) afirma que a linguagem musical é responsável por alguns

processos perceptivos e mentais como a audição, a memória e a imitação dos sons

do ouvido. Esses processos são fundamentais para o controle motor dos

movimentos físicos (RUD, 1991, p. 24). O autor destaca que a música e a linguagem

têm tantos pontos em comum que podem ser utilizadas como um dos métodos para

ensinar deficientes auditivos. “[...] romper a monotonia verbal e falar de maneira

rítmica e melódica, desenvolvendo e aperfeiçoando, dessa forma, a comunicação

com pessoas de audição normal” (RUD, 1991, p. 25).

Os sons que ainda não se integraram aos padrões musicais, como melodia ou ritmo, ou aos padrões verbais, como linguagem, já contêm elementos de intensidade, duração, altura e entonação. Os quatro elementos característicos podem ser percebidos, a despeito de funcionamento profundamente reduzido do cérebro (RUD, 1991, p. 24).

No entanto, o autor Thayer e Gaston (apud, KELIDE FERREIRA, 1991, p. 41),

ressalta que o receptor da música não pode se comunicar com o autor confirmando

então que a música é uma linguagem não verbal.

Rud (1991, p. 23) afirma também que a música é uma fonte capaz de estabelecer

contatos e o autoconhecimento. Além disso, por ser uma linguagem de comunicação

também pode colaborar nas relações humanas. “A linguística que é a ciência da

linguagem chama signo a combinação do conceito e palavra (escrita ou falada)”

(NÍCOLA, 1998, p. 245).

Page 20: A música como forma de comunicação

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Os signos utilizados na linguagem musical reportam-se à rede simbólica presente no momento histórico de sua elaboração, mas também os signos utilizados podem ser investidos de outras significações que não correspondem a esse momento histórico, assim como podem portar, residualmente, significados elaborados em momentos históricos outros, e que, portanto, estão sendo utilizados através de um processo de re-significação (FREIRE, apud, RODRIGUES, 2010, p. 129).

Figura 2 - Quadro sobre signoFonte: José de Nícola (1998)

O autor ainda afirma que a língua não é estática. A linguagem está vulnerável a

possíveis mudanças e evoluções. A música como linguagem pode se dividir entre a

função poética – quando o emissor combina alguns elementos como, por exemplo, o

ritmo, a sonoridade e o belo – e a função emotiva, quando a intenção do emissor é

expressar seus sentimentos e emoções.

Ela transmite emoção ou algo similar a emoção, para aqueles que compreendem seu idioma. O fato de que a música é compartilhada como uma atividade humana por todos os povos pode significar que ela comunica uma determinada compreensão simplesmente por sua existência (MEERIAM, apud, RODRIGUES, 2010, p.223).

O filósofo Schopenhauer (1925) afirma que a invenção da melodia, do íntimo e da

sensibilidade humana é obra do gênio. O compositor revela a essência mais íntima

do mundo e exprime a sabedoria mais profunda. A música não exprime nunca o

fenômeno, mas unicamente a essência íntima de todo o fenômeno, numa palavra a

própria vontade. Portanto não exprime uma alegria especial ou definida, certas

tristezas, certa dor, certo medo, certo transporte, certo prazer, certa serenidade de

espírito, mas a própria alegria, a tristeza, a dor, o medo, os transportes, o prazer, a

serenidade do espírito; exprime-lhes a essência abstrata e geral, fora de qualquer

motivo ou circunstância. E, todavia nessa quinta-essência abstrata, é possível

compreendê-la perfeitamente.

A música é como um banho para o espírito; purifica de toda a mancha, de tudo que é mesquinho e mau; eleva e nos põe em relevo com os maiores pensamentos, fazendo-nos compreender o que valemos, isto é, o quanto poderíamos valer (SCHOPENHAUER, 1925, p. 97).

Page 21: A música como forma de comunicação

21

A comunicação enquanto linguagem tem como função significativa na existência

humana. Para o autor Juan Bordenave (2001), a comunicação é “o elemento

formador da personalidade. Sem comunicação, de fato, o homem não pode existir

como pessoa humana”. A personalidade de um ser humano se forma a partir da

interação. Ou seja, “a sociedade existe na comunicação e por meio da

comunicação”. Para efeito musical, os sons também podem influenciar de forma

direta na formação.

[...] emoções de toda espécie são produzidas pela melodia e pelo ritmo; através da música, por conseguinte, o homem se acostuma a experimentar as emoções certas; tem a música, portanto, o poder de formar o caráter, e os vários tipos de música, baseados nos vários modos, distinguem-se pelos seus efeitos sobre o caráter – um, por exemplo, operando na direção da melancolia, outro na efeminação; um incentivando a renúncia, outro o domínio de si, um terceiro o entusiasmo, e assim por diante, através da série (ARISTÓTELES, apud, TAME, 2006, p. 19).

Ainda segundo Bordenave (2001), uma das funções da comunicação é de

representar a expressão. Durante o processo de comunicar, o homem utiliza esse

recurso como forma de apresentar suas ideias, raciocínios, emoções e expectativas.

O autor afirma que a o ser humano almeja exteriorizar o seu eu interior já que a

música é uma das formas de expressar os mais diversos sentimentos.

O que de inefável há na música, o que nela nos eleva a um paraíso acessível, que compreendemos sem poder explicar, é que interpreta as nossas mais íntimas aspirações e nossas mais profundas agitações fora de toda realidade, e, por conseguinte, sem causar-nos sofrimento (SCHOPENHAUER, 1925, p. 96).

Page 22: A música como forma de comunicação

22

3. CONTEXTO HISTÓRICO DA MÚSICA: A RELAÇÃO DO HOMEM PRIMITIVO COM OS SONS

Os sons fazem parte do dia a dia do ser humano. Medaglia (2008) cita que logo que

o homem nasce a primeira coisa que faz é emitir um som através do choro. E ainda

afirma que apesar da música não ser necessidade de sobrevivência, não há relatos

de nenhuma raça ou povo que não cultive a música.

De acordo com Frederico (1999) o ritmo antecedeu o som. Durante a história do

homem primitivo, a noção do ritmo e do compasso foi estimulada com o andar,

correr, cavalgar, exercitar ou qualquer outra atividade que represente uma tarefa

repetitiva.

A origem da música foi sensorial e vocal.

[...] Quando o sentimento e a emoção mexem com o sistema muscular, ele, estimulado pelo prazer ou pela alegria, produz uma contração do peito, da laringe e das cordas vocais. A voz acaba sendo um gesto, e a arte musical veio das exclamações que o homem primitivo usou como sinais (FREDERICO, 1999, p.7).

A música teve uma evolução histórica paralela à do homem. Abrahão (2006) afirma

que a análise de documentos, pinturas e objetos ancestrais mostra que, diversas

civilizações da antiguidade já possuíam uma arte musical relativamente

desenvolvida. A música era utilizada para diversas solenidades e com alguma

variedade de instrumentos.

Os instrumentos utilizados pelos povos da antiguidade tiveram origem com os sons

produzidos pelo corpo humano. Segundo Frederico (2006), da concha da mão o

homem chegou ao vaso para beber. Do braço, chegou ao remo. Assim, o homem da

antiguidade descobre que seu corpo reúne vários recursos sonoros.

Como a garganta e a boca já produziam uma melodia juntou-se o estalar de dedos, palmas, até que braços e pernas acabaram produzindo uma música corporal rítmica (FREDERICO, 2006, p. 7).

Page 23: A música como forma de comunicação

23

Os instrumentos que anteriormente eram utilizados apenas para fins de trabalho, se

transformaram em instrumentos de culto e posteriormente em objetos musicais.

Alguns dos povos da antiguidade já possuíam algum tipo de escrita musical.

Segundo Abrahão (2006), materiais arqueológicos antiqüíssimos atestam traços de

indecifráveis notações musicais. Ainda supõe-se que os cantos fossem transmitidos

principalmente pela tradição oral.

Como forma prática do mistério sobre a música, diversos instrumentos na

antiguidade eram fabricados com o objetivo de serem utilizados para fins mágicos.

Frederico (1999) afirma que as civilizações antigas acreditavam que eles tinham

forças misteriosas e alma, por isso eram guardados com solenidade. As peças

também podiam ser construídas com qualquer material e até mesmo com algo que

tivesse pertencido a alguém que pudesse ser visto como uma boa influência.

A pré-história da música só pôde ser reconstruída a partir do repertório musical dos povos como as canções religiosas, guerreiras, funerárias, etc. na paleontologia musical a observação das indicações que nos levam a melodias masculinas, femininas, infantis ou coletivas são de extrema importância. Algumas canções tiveram relação com determinadas datas ou festas do ano (FREDERICO, 1996, p. 12)

Segundo o autor, “algumas formas musicais foram comuns a toda humanidade,

como as canções infantis. O mesmo aconteceu com os instrumentos de percussão,

como os dos primitivos africanos que são iguais aos dos selvagens da Nova Guiné”

(FREDERICO, 1996, p. 12).

3.1 O PODER E O HISTÓRICO DA MÚSICA NA ANTIGUIDADE

A música sempre exerceu um papel sobre as sociedades (TAME, 2006). O autor

ainda afirma que os chineses na antiguidade acreditavam que as civilizações se

organizavam e moldavam de acordo com o tipo de música que nelas era executado.

De acordo com o autor, a música era a base de tudo.

A música de uma civilização era melancólica, romântica? Nesse caso, o próprio povo seria romântico. Era vigorosa, militar? Então, os vizinhos dessa nação deveriam se acautelar. Além disso, uma civilização permanecia estável e inalterada enquanto a sua música permanecesse inalterada. Mas mudar o estilo da música ouvida pelo povo levaria inevitavelmente a uma mudança do próprio estilo de vida (TAME, 2006, p.16)

Page 24: A música como forma de comunicação

24

A música influenciava de forma direta medidas estratégicas na administração das

comunidades. Tame (2006) cita o exemplo de um imperador chamado Shun, da

China antiga, que acreditava que se os instrumentos estivessem afinados de forma

diferente ao longo dos territórios presumia-se que logo iriam ter divergências uns

dos outros e entrar em guerra.

O poder da música era claro e nítido nos povos da antiguidade. A mensagem

emitida através dos sons chegava aos receptores e as civilizações acreditavam que

a música possuía uma força que poderia proporcionar mudanças. De acordo Tame

(2006), essas alterações poderiam ser para melhor ou para pior, no caráter do

indivíduo, e de fato na sociedade como um todo.

O resultado dos potenciais da música influenciaram os grandes compositores

clássicos e românticos. “Música e moral. Haverá, na realidade, uma conexão entre

elas? A ideia de que a música exerce influência [...] sobre o caráter do homem

persistiu em ampla escala” (TAME, 2006, p.19).

Pelo que sabemos dos seus caracteres, é claro que cada um deles, motivado por um sincero desejo de servir e espiritualizar a humanidade via a própria música como um dos meios mais poderosos de influir na consciência e na direção da raça humana. As guerras vão e vêm, mas a música subsiste indefinidamente, e nunca deixa de interessar a mente e o coração de quantos a ouvem (TAME, 2006, p. 19).

A Bíblia, o Livro Sagrado, cita que a música era fundamental na cultura do Israel

antigo. A revista Despertai (2011), destaca que trombetas e buzinas eram tocadas

para convocar o povo para a adoração e indicar eventos especiais. “O som de

harpas e liras era usado para tranquilizar a realeza (I Samuel 16:14-23). Usavam-se

tambores, címbalos e chocalhos na comemoração de ocasiões alegres – 2 Samuel

6:5; 1 Crônicas 13;8” (DESPERTAI, 2011, p. 16). Uma das primeiras citações

bíblicas foi sobre um descendente de Caim, chamado Jubal que é mencionado como

o pai de todos aqueles que tocam a harpa e órgãos.

Page 25: A música como forma de comunicação

25

Figura 3 - Pandeiro de FórmicaFonte: Revista Despertai (2011)

Sobre os instrumentos de percussão, a revista Despertai (março, 2011) destaca

também o momento em que Deus conduziu Moisés e os israelitas através do mar

Vermelho. Miriã e todas as mulheres saíram com pandeiros e em danças. (Êxodo

15:20). “Embora nunca se tenham achado pandeiros dos tempos bíblicos parecidos

com os atuais, antigas estatuetas de cerâmica de mulheres segurando pequenos

tambores foram encontradas em Israel em lugares como Aczibe, Megido e Bete-

Seã”.

Figura 4 – Instrumento de PercussãoFonte: Revista Despertai (2011)

A harpa, da tradução kinnor, foi um instrumento utilizado por Davi para acalmar o

Rei Saul, no Israel Antigo. Seu formato foi alterado por diversas vezes com o passar

do tempo. Já as trombetas eram utilizadas pelos sacerdotes para anunciar eventos e

festas produzindo sons de acordo com a finalidade.

Page 26: A música como forma de comunicação

26

Figura 5 – MoedaFonte: Revista Despertai (2011)

Figura 6 – HarpaFonte: Revista Despertai (2011)

Figura 7 – Trombeta Fonte: Revista Despertai (2011)

Page 27: A música como forma de comunicação

27

Figura 8 - Pedra históricaFonte: Revista Despertai (2011)

Os sistros eram utilizados como uma espécie de chocalho. De acordo com a revista

Despertai (2011), são citados no livro Bíblico apenas uma vez, no entanto, “segundo

a tradição judaica, os sistros também era tocados em ocasiões tristes”. (Despertai,

2011, p. 15).

Figura 9 – SistroFonte: Revista Despertai (2011)

Outro relato bíblico a respeito do efeito da música é a destruição da muralha de

Jericó. A cidade de onde habitava um grande mal e que havia fechado as suas

portas se preparando para resistir às forças de Josué. Assim, apareceu um anjo do

Senhor e lhe disse:

[...] rodeareis a cidade, cercando a cidade uma vez: assim fareis por seis dias. E sete sacerdotes levarão sete buzinas de carneiros diante da arca; e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as buzinas. E será que, tocando-se longamente a buzina de carneiro, ouvindo vós o sonido da buzina, todo o povo gritará com grande grito; e o muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá nele, cada qual em frente de si (BÍBLIA SAGRADA, JOSUÉ, 5 e 6).

Page 28: A música como forma de comunicação

28

Durante o sétimo dia quando Josué e os sacerdotes rodearam a cidade e o povo

juntamente com o sonido das buzinas gritaram, os muros caíram e eles tomaram a

cidade. Tame (2006, p. 18) afirma que apesar de alguns historiadores insistirem que

o relato não passa de uma lenda, quando as ruínas foram desenterradas houve

indicações de que em certo momento “os muros se desmancharam, caindo de

dentro para fora”.

A música tem muitos sentidos. A melodia é o “[...] elemento central em determinadas

culturas [...]” (SEKEFF, 2002, p. 45). De acordo com Bennett (2007) a música mais

antiga conhecida era formada por apenas uma melodia, a chamada monofônica. Os

gregos chegaram a uma escrita musical após as pesquisas realizadas pelo

matemático e filósofo Pitágoras (540.a.C.) que iniciou os primeiros trabalhos sobre

música (MEDAGLIA, 2008). O autor afirma que pouco se sabe sobre a origem inicial

da música.

Exceto que sonoridades diversas foram usadas para a comunicação entre pessoas, ritmos eram praticados para ordenar trabalhos, músicas específicas faziam parte das solenidades religiosas, mas não como elemento motivador de emoções, ainda que, certamente, sua prática devesse provoca prazer (MEDAGALIA, 2008, p.15).

Os gregos acreditavam que a música purificava a alma. E por consequência do

crescimento cultural da época, muitas teorias foram realizadas em torno desse tema.

Medaglia (2008) afirma que palavras como melodia, harmonia e ritmo têm origem no

idioma grego. A palavra música se origina nas musas, que são as deusas pagãs da

arte, companheiras de Apolo. As próprias tragédias gregas eram sempre envolvidas

por música.

Após a evolução da música nesse período, iniciou-se o processo na Idade Média.

Medaglia (2008) afirma que a Igreja Católica incentivou o emprego da música no

culto. Assim, inicia-se o canto gregoriano ou cantochão utilizado nas liturgias

católicas – missas e solenidades menores. Fora da religião, a música se

desenvolveu pouco. Mas o autor ressalta que a música profana tinha mais ritmos e

incentivava a dança. Diferentemente do canto gregoriano, às vezes tinha algum

acompanhamento.

Page 29: A música como forma de comunicação

29

A partir daí, já no século IX, inicia-se o processo da polifonia, que é a união de

diversas vozes que representavam um acompanhamento harmônico. Medaglia

(2008), afirma que um fato colaborou significativamente com a evolução das

técnicas e da música em geral: a criação e implantação de uma escrita musical pelo

padre italiano Guido D’Arezzo (992-1050) no início do segundo milênio. O padre

passou a utilizar as sete primeiras sílabas de um verso religioso para determinar as

notas: ut, re, mi, fa, sol, la, si. Com o tempo a nota ut foi substituída pela sílaba dó,

que vem da palavra Dominus, Senhor em latim. Além disso, foi o criador da pauta

(ou pentagrama) que é utilizada até os dias de hoje para escrever as notas musicais.

Já no final da Idade Média, entre os séculos XII e XIII, o período gótico, presenciou

um movimento musical importante. Medaglia (2008) afirma que Paris, capital cultural

do mundo e que a catedral de Notre-Dame foi um importante centro musical do

período. O século XIV marcado por diversos conflitos na Igreja foi um período que

colaborou para o desenvolvimento das músicas profanas. No século seguinte, houve

a passagem da Idade Média para o Renascentismo. Com a quebra do feudalismo e

o crescimento da classe burguesa, Medaglia (2008) afirma que houve um incentivo

por parte da burguesia para o desenvolvimento da arte. Além de artistas da pintura

como, por exemplo, Leonardo da Vinci e Van Eyck, a música tanto religiosa como a

profana foram incentivadas.

Já o século XVI foi marcado pela descoberta da impressão musical, em 1501, pelo

italiano Ottaviano Petrucci (1466-1539). Outro grande impacto para a música foi a

Reforma Luterana. Martinho Lutero (1483-1546), de acordo com Medaglia (2008),

acreditava no poder da música durante os cultos.

Até o ano 1600 o crescimento musical girava em torno da voz. Medaglia (2008)

afirma que a partir da Renascença que iniciou o interesse pela música instrumental.

Técnicas foram evoluídas e instrumentos sofisticados superaram a música vocal a

partir do século XVIII.

3.2 A MÚSICA E A COMUNICAÇÃO NA ATUALIDADE

Page 30: A música como forma de comunicação

30

A música como parte da história do homem passou por diversos processos e

evoluções. Ross (2009, p.539), afirma que com o passar dos séculos “pode-se ter a

impressão de que a música clássica está submergindo no esquecimento”.

Para um observador cético, as orquestras e salas de ópera estão atreladas a uma cultura de museu, atendendo a um grupo cada vez menor de espectadores de idade e pretensos elitistas que apreciam interpretações tecnicamente perfeitas [...] (ROSS, 2009, p. 539).

No entanto, a música clássica observada com outro olhar é um estilo que atinge um

público mais amplo do que em qualquer outra época. Segundo o autor Alex Ross

(2009), pessoas de todo o mundo frequentam teatros de óperas e salas de

concertos. "Grandes novas plateias se materializaram no leste da Ásia e na América

do Sul. Embora apresente uma anormal resistência à mudança, o repertório está

sendo permeado pela música do século XX” (ROSS, 2009, p. 540).

A mudança visível nesse processo foi a evolução da linguagem musical com o

passar dos anos. Oliveira (2005) afirma que som pode ser tudo aquilo que o homem

compõe, não somente nos padrões, mas com a utilização de recursos como o corpo,

a voz e instrumentos “sejam eles acústicos, elétricos ou eletrônicos”.

Não deixa de ser artista aquele que interpreta a obra alheia e também não deixa de ser artista aquele que ouve música ativamente, criativamente, como forma de contemplação da vida ou como ato de resistência. Assim, creio que isto representa uma estética romântica e democrática da música na atualidade (OLIVEIRA, 2005, p. 19).

Com o avanço tecnológico, a comunicação, a cultura e a arte sofreram diversas

transformações como observado em outro livro da autora em parceria com o autor

Ricardo Lima. “Há mudanças no uso e no registro das linguagens musicais. As

novas tecnologias digitais possibilitam novas formas de gravação e armazenamento

de sons musicais”. (LIMA; OLIVEIRA, 2005, p.11). Os autores ainda afirmam que

uma grande transformação foi a alteração no modo de “fazer e experimentar a arte

musical” (LIMA; OLIVEIRA, 2005, p.11).

As mudanças tecnológicas afetam os modos de registro e de difusão da música. As formações subjetivas em torno do MP3 são extremamente ricas e claramente transitórias. A cultura aparece como uma longa construção do presente, que interage com a arte e com a tecnologia na formação de uma produção musical prevalente. As tecnologias digitais de comunicação fazem

Page 31: A música como forma de comunicação

31

convergir os modos de produção e os produtos musicais atuais (RICARDO; MARIE, 2005, p. 12).

A possibilidade de diversos estilos para um só ouvinte representa a atualidade no

processo e desenvolvimento musical. Segundo Sekeff (apud VIEIRA, 2011), “pode-

se mesmo dizer que a experiência musical é um processo indivisível do qual artista e

público tem sua cota de criatividade [...] a música se completa... no ouvinte”.

4. A IMPORTÂNCIA DA ORQUESTRA NUMA CONSTRUÇÃO CULTURAL: ORQUESTRA FILARMÔNICA DO ESPÍRITO SANTO

Page 32: A música como forma de comunicação

32

A principal escola de música do Espírito Santo foi fundada em 23 de maio de 1954.

O incentivo para a realização dessa etapa na história da música capixaba foi dado

pelo governador da época, Jones dos Santos Neves. No entanto, o empenho para

que a escola, hoje chamada Faculdade de Música fosse iniciada partiu do casal de

músicos Vera e Alceu Camargo (MAGALHÃES, 2003, p. 19).

Segundo o autor, nesse período a maior parte da música erudita era focada no

ensino do piano e no canto lírico. Alguns conflitos eram muito comuns nessa época.

Segundo Magalhães (2003, p. 20), Marlos Nobre que era “[...] dirigente do Instituto

Nacional de Música (INM/FUNARTE), defendeu a ideia da criação de uma Orquestra

Sinfônica”. Em uma entrevista concedida ao jornal A Gazeta na década de 70,

Marlos Nobre “[...] expõe de maneira contundente o atraso cultural do estado e uma

surpreendente falta de auto-estima [...]” (MAGALHÃES, 2003, p. 49).

Figura 10 - Reportagem sobre a criação de uma orquestra capixabaFonte: Magalhães (2003)

Sobre a transcrição da imagem:

Para o maestro Marlos Nobre, a criação de uma orquestra sinfônica estadual no Espírito Santo não representa de forma alguma um luxo, frisando que o projeto conta com todo o apoio da Funarte e do Instituto Nacional de Música (INM), órgão que ele dirige. Novamente em Vitória, desta vez para um recital de piano no qual mostraria parte de sua obra, o maestro dirigente concedeu pela manhã uma entrevista no TCG quando discutiu problemas do compositor e da música erudita brasileira. Ao final, Marlos Nobre, deixou outra boa noticia para os capixabas, informando que o INM já está remetendo alguns instrumentos de sopro fabricados no Brasil, que sofreram melhoria técnica, para serem distribuídos entre as liras do Espírito Santo dentro do Projeto Bandas, do órgão (MAGALHÃES, 2003, p. 21).

Page 33: A música como forma de comunicação

33

O trabalho do casal Camargo, unido ao esforço de músicos da Polícia Militar e

outras participantes ativas como, a professora e pianista Sônia Cabral (chefe da

música erudita da Fundação Cultural) e Beatriz Abaurre (diretora da Fundação

Cultural), foram fundamentais no processo de iniciação do projeto da Orquestra

Filarmônica do Espírito Santo (MAGALHÃES, 2003).

O primeiro regente da orquestra capixaba foi Vitor Marques Diniz. “O maestro era

português, de Lisboa, mas havia morado e trabalhado por curto período em Angola e

Moçambique” (MAGALHÃES, 2003, p. 24). Vítor Marques Diniz veio para o Espírito

Santo com a função de reger o Coro da Fundação Cultural que se apresentava

regularmente desde 1972 e era um grupo muito popular.

Figura 11 - Maestro Vítor Marques DinizFonte: Magalhães (2003)

A orquestra era a grande novidade na cultura capixaba. Os jornais da época

publicaram matérias “que na verdade demonstravam a expectativa e a carência que

sentia o povo capixaba de ver finalmente a cultura local progredir” (MAGALHÃES,

2003, p. 26).

[...] a situação formal da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo é a de um órgão cultural do Governo do Estado, assim como são o Teatro Carlos Gomes, a Galeria Homero Massena, O Centro Cultural Carmélia, a Rádio Espírito Santo e outros. O grupo é subordinado a Secretaria Estadual da Cultura – SEC. Porém, esta secretaria já foi o antigo Departamento Estadual de Cultura – DEC e naquele ano de 1976 era ainda denominada Fundação Cultural do Espírito Santo (MAGALHÃES, 2002, p. 27).

Page 34: A música como forma de comunicação

34

A orquestra, no entanto, era formada por um grupo do Coral da Escola de Música e

com a participação de músicos. Magalhães (2002) cita que em abril de 1977, a

Fundação Cultural do Espírito Santo juntou-se ao grupo abrindo uma temporada de

concertos. A partir de 1981, “a Fundação Cultural foi extinta, em seu lugar o governo

criou o Departamento Estadual de Cultura” (MAGALHÃES, 2003, p. 29). Foi apenas

em 1986 que foi criada oficialmente a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (Oses)

que passou a contar “com 133 integrantes entre músicos e outros cargos

administrativos”.

Figura 12 - Reportagem divulgada em "A Gazeta" em 26/05/76Fonte: Magalhães (2003)

Em 1981 o Coral foi efetivamente desativado após a separação da Orquestra e após

algumas dificuldades, em 1986, foi inaugurada “oficialmente a Orquestra Sinfônica

do Espírito Santo (Oses), por intermédio do governo José Moraes, que aprovou o

decreto Nº2.343-N, em 29 de Setembro” (MAGALHÃES, 2003, p. 30).

Por razões de direitos autorais “foi decidido que a Orquestra simplesmente voltaria a

ser denominada Filarmônica” (MAGALHÃES, 2003, p. 45). Como responsáveis pela

orquestra passaram alguns regentes como, por exemplo, Jaceguay Lins, Wenceslau

Moreira, Mário Candiani e Leonardo Bruno. A orquestra conta, desde 1992, com o

Maestro Titular, Helder Trefzger. Quando o regente assumiu a orquestra era o mais

jovem do País e de todos os outros maestros é o que permanece há mais tempo.

Page 35: A música como forma de comunicação

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Figura 13 - Maestro Helder Trefzger Fonte: Magalhães (2003)

A atual orquestra é chamada de filarmônica apesar de ser bancada pelo Estado.

[...] muito antes da criação da OFES (na década de sessenta!) uma pianista e promotora cultural chamada Edith Bulhões fundou e registrou a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo. Embora quase ninguém saiba, ela chegou a realizar apresentações com o grupo, como atesta uma reportagem do jornal A Tribuna de 04 de setembro de 1975, cuja manchete, que por sinal destilava uma certa ironia, era: “Nós temos uma ‘Sinfônica’. Alguém sabia?” (MAGALHÃES, 2003, p. 44).

Figura 14 - Reportagem do jornal "A Tribuna" do dia 04/07/1975Fonte: Magalhães (2003)

Page 36: A música como forma de comunicação

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No dia 29 de maio de 2002 a Orquestra realizou um concerto no Teatro Carlos

Gomes em comemoração aos 25 anos de existência.

Figura 15 - Concerto de 25 anosFonte: Magalhães (2003)

A Orquestra tem realizado o seu trabalho como um dos órgãos culturais do Espírito

Santo (MAGALHÃES, 2003) e apresenta programações anuais colaborando para a

cultura capixaba.

4.1 A HISTÓRIA DA ORQUESTRA

Orquestra é uma antiga palavra grega (orkhéstra) que significa lugar para dançar

(BENNETT, 1988, p. 9).

Na Grécia, durante o século V a.C., os espetáculos eram encenados em teatros ao ar livre, chamados anfiteatros. Orquestra era o nome dado ao espaço que se situava em frente à área principal de representação e que se destinava às evoluções do coro, que cantava e também dançava. Era ali que ficavam igualmente os instrumentistas (BENNETT, 1988, p. 9).

Com o passar dos anos, no início do século XVII, na Itália, as primeiras óperas

começaram a ser executadas. Essas peças, de acordo com Bennet (1988),

pretendiam imitar os dramas gregos e por isso a mesma palavra foi utilizada para

designar o espaço. Ao longo dos séculos esse termo passou a ter o mesmo sentido

que o atual: um conjunto com diversos instrumentos que tocam juntos.

Segundo Abrahão (2006, p. 207), “a primeira utilização conhecida de um conjunto de

instrumentos formando uma orquestra no conceito moderno, provavelmente deve-se

Page 37: A música como forma de comunicação

37

a Giovanni Gabrieli (1557-1612), em sua Sacrae Simphoniae (1697)”. O autor ainda

afirma que no começo do século XVIII, as orquestras eram formadas por um

conjunto de cordas acompanhadas do cravo ou do órgão. Quando necessário outros

instrumentos como, o oboé, flautas, fagotes ou trompetes acompanhavam as

apresentações.

Muitos compositores contribuíram para o crescimento das orquestras. Conforme cita

Abrahão (2006), concertos foram desenvolvidos por Vivaldi, J.S. Bach, Händel,

dentre outros compositores que colaboraram para a história da música e

permanecem na cultura musical até os dias atuais.

Já no período clássico, Abrahão (2006) afirma que surge um novo gênero musical: a

sinfonia. Algumas orquestras surgiram na época como, a da corte de Mannheim que

foi fundada em 1742 e tinha cerca de 50 componentes.

Figura 16 - Orquestra Barroca do ano de 1700Fonte: Site http://www.mnemocine.com.br/filipe/symphonic.htm. Data de acesso: 31/05/2011

Figura 17 - Orquestra Filarmônica de Berlim, considerada a melhor orquestra do mundo e dirigida por Simon RattleFonte: Site http://www.mnemocine.com.br/filipe/symphonic.htm

Page 38: A música como forma de comunicação

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Data de acesso: 31/05/2011

Abrahão (2006) afirma que uma orquestra moderna com preparo para realizar a

execução de peças de vários períodos e compositores, geralmente tem por volta de

100 a 110 instrumentistas. O termo “orquestra sinfônica” ou “orquestra filarmônica”

não apresenta nenhuma diferença técnica, apenas tem como objetivo diferenciar o

órgão mantenedor que no caso da filarmônica são as instituições privadas e a

orquestra sinfônica é mantida pelo governo.

4.2 OS INSTRUMENTOS MUSICAIS

Uma orquestra é formada por instrumentos que são divididos por famílias e

apresentam funções diferenciadas. A divisão é feita da seguinte forma: cordas,

madeiras, metais e percussão. De acordo com o autor Roy Bennett (1988), as

cordas desempenham o papel mais importante na maior parte das músicas e por

isso são colocadas logo a frente. Os instrumentos que fazem parte da família de

cordas são os violinos, violas, violoncelos, contrabaixos e harpas.

A família das madeiras executa solos importantes e ficam concentradas no centro da

orquestra. Os instrumentos formados pelas madeiras são: as flautas e flautim, os

oboés e corne inglês, clarinetas e clarineta baixo e os fagotes e contrafagote. Os

metais, que entoam sons poderosos ficam localizados atrás das madeiras para não

abafar os sons mais suaves. São os metais: as trompas, trompetes, trombones e a

tuba. E atrás, na parte mais elevada concentram-se os instrumentos de percussão.

Quando necessário esses instrumentos podem produzir um barulho excessivo para

a execução de determinadas peças. Nessa família podem ser encontrados os

tímpanos, bombo, caixa clara, pratos, triângulo, pandeiro, glockenspiel, xilofone,

celesta, carrilhão, castanholas, blocos de madeira, tantã (ou gongo), chicote e

maracas.

Page 39: A música como forma de comunicação

39

Figura 18 - Instrumentos de uma orquestra Fonte: Site http://www.mnemocine.com.br/filipe/symphonic.htm Data de Acesso: 31/05/2011

Abrahão (2006), reforça que a disposição dos instrumentos pode ser modificada de

acordo com as preferências do regente ou com a necessidade específica de uma

determinada obra. De acordo com Bennett (1988) o número e os diferentes tipos de

instrumentos que constituem uma orquestra podem variar, mas para que possa ser

considerada uma orquestra completa, vinte ou trinta instrumentistas podem

participar.

4.3 O REGENTE

O regente é o principal responsável pela interpretação e execução das partituras.

Abrahão (2006) fala sobre o papel do maestro na orquestra. Com o braço direito o

maestro controla, indica os tempos e as variações de ritmo através de gestos. Já o

braço esquerdo indica a entrada dos instrumentos. Lago (2008), afirma que o

regente coordena, controla e dirige os músicos, além do andamento e a dinâmica de

uma orquestra. A função do maestro é ensaiar, corrigir a emissão das notas, cuidar

da expressão e da dinâmica.

O regente expressa a manifestação emocional mais direta e instintiva. Lago (2008)

afirma que o gesto de um diretor de uma orquestra completa um estado de excitação

emocional como, por exemplo, o bater das palmas, o menear da cabeça e o

Page 40: A música como forma de comunicação

40

balancear o corpo para marcar um ritmo musical. O autor cita a parte histórica da

função do regente, quando ainda na Grécia antiga, nos dias festivos era comum

cantar hinos de louvores aos deuses. Durante a execução, danças eram realizadas

ao redor da estátua de Dionísio, o deus da festa.

No momento do sacrifício do bode no altar, formava-se um grupo que dava início à interpretação do poema cujo conteúdo era sempre extraído de lendas báquicas. Ao autor do poema, de praxe um corifeu que tomava parte na consagração, dava-se a incumbência de marcar o ritmo batendo fortemente no chão o calçado reforçado de chapa metálica na parte inferior. Ao mesmo tempo, executando essas pancadas, o corifeu dava explicações e realizava toda uma série de movimentos com os dedos e as mãos (LAGO, 2008, p. 710).

Com o passar dos séculos, a função de dirigir uma orquestra torna-se cada vez mais

importante. Após a Idade Média, muitos corais das igrejas eram ensaiados por

maestros que não podiam fazer uso das mãos durante as apresentações públicas.

Lago (2008) afirma que com o passar dos anos foi permitido que usasse um leve

canudo de papelão. Posteriormente tocos de madeira e por fim, enormes bastões

que eram batidos no chão causavam um grande impacto. Além disso, havia também

os pés que marcavam o ritmo musical. Esses movimentos intensos trouxeram

grandes prejuízos a um regente chamado Jean-Baptiste Lully, que se feriu

gravemente ao reger um movimento brusco com um enorme bastão. De acordo com

Lago (2008), o acidente teve como consequência o pé amputado e a morte por

infecção.

O papel do regente inicia-se com novas funções a partir da segunda metade do

século XVIII. No século anterior, sua função era marcar o ritmo e dar instruções de

andamentos para a orquestra. Nesse período, era comum que o regente fosse

também um dos instrumentistas, ou seja, consequentemente exercia mais de uma

função. De acordo com Lago (2008), o regente passa a acumular funções novas.

Esse resultado foi uma das consequências dos avanços instrumentais que exigem

maior atenção no manejo dos novos recursos e novas possibilidades expressivas.

A evolução das formas orquestrais determinou principalmente novas exigências quanto ao método de direção, visando à eficácia e expressão dos novos padrões de interpretação (LAGO, 2008, p.26).

Page 41: A música como forma de comunicação

41

Com essa evolução, os regentes passaram a desempenhar um novo método: a

técnica de desenhar os compassos e os tempos das melodias no ar fazendo a

marcação do ritmo. Os movimentos eram realizados com um bastão ou com o arco

do violino. Lago (2008), afirma que no começo do século XIX ainda era comum que

as orquestras fossem dirigidas por um dos músicos, ou com uma dupla, ou ainda

tripla direção, como foi o caso da primeira apresentação da Nona Sinfonia de

Beethoven. Na ocasião, a direção contou com a participação de dois músicos, além

do compositor para indicar o tempo.

O papel do regente é colocado em dúvida quando surge uma orquestra sem maestro

após a revolução de 1917, durante a Rússia Soviética. Lago (2008) afirma que a

orquestra chamada Persimfans, abreviatura de PerviiSimfonitcheskiAnsanble, que

significa “primeiro conjunto sinfônico”, foi fundada em 1922. Conforme ressalta

Mueller (apud, LAGO, 2008, p. 98), “[...] para a execução, o conjunto sentava-se em

círculos concêntricos, sendo o primeiro, ou o círculo exterior, de costas para a

platéia. Cada seção tinha seu líder, que dirigia os ensaios. No ensaio geral, um

elemento do grupo geralmente sentava-se na platéia para julgar o efeito”.

A experiência durou mais de 10 anos. Um escritor da época, Otto Klemperer (apud,

LAGO, 2008, p. 100), em 1929, escreve em uma das suas autobiografias sobre o

Persimfans: “o improviso dá asas a um tipo de execução que, do ponto de vista

artístico, torna indispensável a presença do regente. Sem ele, uma execução se

desenvolve maquinalmente ou mecanicamente, e a música não é parte integrante da

vida?”.

Lago (2008) resume a atividade do regente afirmando que é o resultado da mistura

de técnica e arte, ou ainda, de mente e coração. É necessário que se conheça todos

os instrumentos e saiba sobre a harmonia e ritmo. A partitura afirma Lago, é algo

não revelado. Dessa forma, cabe ao maestro decifrá-la, traduzi-la e interpretá-la.

Page 42: A música como forma de comunicação

42

5. METODOLOGIA: ANÁLISE PRÁTICA

Um dos métodos mais eficientes para obter-se resultados na ciência é a pesquisa.

“Ciência é um processo permanente em busca da verdade, da sinalização

sistemática de erros e correções, predominantemente racional” (MARCO ANTONIO

CHAVES, 2003, p. 60).

Para buscar compreender como a mensagem por meio da música atinge o receptor

foram realizadas duas pesquisas de campo.

Pesquisa de campo: é investigação empírica realizada no local onde ocorreu o fenômeno ou que dispõem de elementos para explica-lo. Pode incluir entrevistas, aplicações de questionários, testes e observação participante ou não (CHAVES, 2003, p. 65).

O autor Demo (apud CHAVES, 2003, p. 111) afirma que “[...] pesquisa não é um ato

isolado [...]”, “[...] mas atitude processual de investigação diante do desconhecido e

dos limites que a natureza e a sociedade nos impõem”.

Não há ciência sem pesquisa: sobretudo não há criatividade científica sem pesquisa. Não há emancipação histórica criativa sem pesquisa, compreendida como diálogo crítico com a realidade no seu dia-a-dia e como raiz política da constituição de espaço próprio, com projeto próprio de vida (DEMO, apud MARCO ANTONIO, 2003, p. 111).

O autor ainda afirma que a pesquisa é uma forma de trocar conhecimento, ou seja,

torna-se um “método de comunicação, pois é mister construir de modo conveniente

a comunicação cabível e adequada”. O ato de pesquisar garante ao cientista

material e propriedade para desenvolver um trabalho sem que haja necessidade de

reproduzir ou assistir “à comunicação dos outros”.

[...] a Pesquisa em Comunicação assume a natureza de campo interdisciplinar de estudos, envolvendo não apenas as investigações linguísticas, educacionais, jornalísticas, cibernéticas, etc. – ou seja, as pesquisas próprias das Ciências da Informação – mas englobando também as iniciativas em outras áreas das ciências humanas – sociológicas, psicológicas, históricas, antropológicas, etc (MELO, 1970, p.88).

Segundo Duarte (2006, p.63), “os ‘fatos’ só existem a partir de nossa observação. E

toda observação é orientada por um conjunto de representações e de esquemas,

por intermédio dos quais os seres humanos percebem”.

Page 43: A música como forma de comunicação

43

A pesquisa científica, em música, é um caminho pouco conhecido e, pelo que temos observado, uma das barreiras para seu desenvolvimento é a linguagem musical que precisa ser melhor definida, expandindo seu subjetivo poder de comunicação para a realidade buscada pela ciência (AMARAL, 1991, p. 43).

Inicialmente foi realizada uma parceria com a Orquestra Filarmônica do Espírito

Santo (Ofes), e a Escola Municipal Maria Madalena, localizada no bairro de Jardim

Camburi, em Vitória, ES. O objetivo foi realizar uma pesquisa com alunos do ensino

fundamental e média, de idade entre 13 a 16 anos. O método utilizado foi a

entrevista em profundidade. A pesquisa foi dividida em duas partes: 1) Entrevista

fechada; 2) Entrevista Semi-aberta. O autor Jorge Duarte (2006, p. 63), afirma que

“o uso de entrevistas permite identificar as diferentes maneiras de perceber e

descrever os fenômenos”.

Para a primeira parte da análise com a entrevista fechada, 40 alunos foram

convidados a assistir o ensaio geral da “Série Quarta Clássica – Barber e Dvorak –

Música Novo Mundo”. A apresentação realizada no dia 18 de maio, tinha como

convidado o regente Marcelo Ramos, que atualmente reside nos Estados Unidos e

já esteve sob a direção da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais por cinco anos. No

dia do evento, já que a participação dos estudantes era voluntária, 30 pessoas

compareceram, juntamente com o acompanhamento de três professores: de Artes,

de Português e Educação Física, além da pedagoga responsável pelos alunos. Para

complementar o material de pesquisa do estudo, o fotógrafo Fábio Machado e

Gabriel Lordéllo se prontificaram para colaborar com as fotografias no dia do evento.

Além disso, outras duas pessoas se ofereceram como voluntárias para colaborar

neste processo: Silvio Bento da Silva e Denise Micaella dos Anjos.

A pesquisa também tinha como objetivo estimular os alunos para um estilo musical

que não fosse comum à maioria dos jovens. Segundo Snyders, (1997, p. 78) a

escola enquanto educadora poderia desempenhar um papel voltado para a música.

A experiência mais familiar aos jovens é a da música que toma conta deles: sabem bem que a música não os prende apenas de um determinado lado, não os atinge só em um determinado aspecto deles mesmos, mas toca o centro de sua existência, atinge o conjunto de sua pessoa, coração, espírito, corpo (SNYDERS, 1997, p. 79).

Page 44: A música como forma de comunicação

44

Durante a pesquisa, vinte e sete alunos responderam já que a participação também

era voluntária. Com quatro perguntas objetivas e duas discursivas, a análise tinha

como principal objetivo verificar o perfil dos entrevistados e quais impactos a música

‘Novo Mundo’ iria causar nos alunos.

Figura 19 - Alunos respondendo a pesquisa sobre "A música como linguagem de comunicação".

Fonte: Fotógrafo Fábio Machado

Figura 20 - Entrevistados respondem o questionárioFonte: Fotógrafo Fábio Machado

Page 45: A música como forma de comunicação

45

Figura 21 - Alunos observam a Orquestra FilarmônicaFonte: Fotógrafo Fábio Machado

Sobre a entrevista fechada:

É realizada a partir de questionários estruturados, com perguntas iguais para todos os entrevistados, de modo que seja possível estabelecer uniformidade e comparação entre respostas (MELLO, 1970, P. 67).

A primeira pergunta foi: “Você já assistiu a uma apresentação da Orquestra

Filarmônica?”. O objetivo era identificar os jovens que iriam assistir a uma

apresentação da Ofes pela primeira vez: 74% dos alunos responderam que nunca

tinham assistido.

Gráfico 1 - Primeira questão da pesquisaFonte: Elaborado pelo autor

Já a segunda pergunta tinha como finalidade entender o perfil musical dos

adolescentes: “Quais tipos de música você costuma ouvir?”. A questão tinha como

alternativas para resposta os estios: pop, sertaneja, axé, funk, mpb, rap, clássica e

outros (quais?). Os entrevistados podiam escolher mais de uma alternativa.

Page 46: A música como forma de comunicação

46

Gráfico 2 - Segunda questão da pesquisaFonte: Elaborado pelo autor

Nessa segunda questão como os jovens tinham a opção de escolher a alternativa

“outros”, havia um espaço para que citassem quais outros ritmos também se

identificavam. Dessa forma, as outras opções propostas pelos alunos foram:

Gráfico 3–Continuação da segunda questão da pesquisaFonte: Elaborado pelo autor

A terceira questão fala sobre “O que a música representa para você?”. E tinha como

opções de resposta: entretenimento, som, lazer, arte, preenchimento, outros

(quais?).

Gráfico 4 - Terceira questão da pesquisaFonte: Elaborado pelo autor

Page 47: A música como forma de comunicação

47

As opções que os entrevistados apresentaram na alternativa outros foram:

Gráfico 5–Continuação da terceira questão da pesquisaFonte: Elaborado pelo autor

A quarta e última pergunta objetiva foi: “Que tipo de mensagem você acredita que a

música passou?”. As opções eram: alegria, tristeza, medo, ansiedade, criatividade,

tédio, bem-estar, tranquilidade, perturbação, sonolência, emoção positiva e outros

(quais?).

Gráfico 6 - Quarta questão da pesquisaFonte: Elaborado pelo autor

Como havia a opção outros, 100% dos alunos que marcaram essa alternativa

respondeu “encantamento”.

A quinta pergunta e a primeira discursiva foi: “Que tipo de mensagem você acredita

que a música passou?”. O objetivo era conhecer como os alunos entenderam a

música enquanto linguagem de comunicação. Que tipo de sentimentos ou alterações

eles puderam perceber e qual o impacto causado. Apenas quatro alunos

Page 48: A música como forma de comunicação

48

responderam que nada havia mudado ou não sabiam identificar as mudanças. Os

demais alunos pronunciaram que estavam satisfeitos e apresentaram mudanças

após assistirem a apresentação. Um dos entrevistados citou:

Que conhecer outro tipo de música faz bem a vida traz mais conhecimento, me trouxe emoção e fiquei encantada ao ouvir. Não é porque é clássica que ela tem que ser chata, pois não é. Gostei e devemos nos habituar a conhecer outros gostos (ENTREVISTADA, 2011).

Outros alunos citaram sobre a importância de conhecer a música clássica e o

ensinamento aprendido após assistir o ensaio. “De alegria, de prestar atenção e

saber ouvir mais e falar menos” (Entrevistado, 2011). Alguns dos entrevistados não

conseguiram definir com clareza os tipos de sentimentos que a música trouxe. “Ela

uma hora me deixa meio triste e com ansiedade, além de vários outros tipos de

sentimentos. Foi muito bom” (Entrevistado, 2011).

Sabemos da alegria que os jovens encontram em comunicar-se com “outros” jovens, com “outras” pessoas, graças a suas músicas, através de suas músicas: escapando às barreiras das linguagens, vivem a diversidade, acolhem a diversidade, levam em conta as diferenças – e isto lhes parece com frequência ser o valor essencial; na escuta e na atividade musicais, eles conseguem dividir, o que é a sua forma mais satisfatória de respeitar; cada um pode ter a sua parte da música, e é talvez nela que estejamos mais internos. A noção de tolerância é, de longe, ultrapassada (GEORGES SNYDERS, 1997, p. 84).

A sexta e última questão era: “O que você acha que mudou após assistir a um

ensaio geral da Orquestra Filarmônica?”. Os alunos nessa questão apresentaram o

que acreditaram que mudou. “Minha autoestima melhorou e eu aprendi novos tipos

de sons e novos instrumento muito interessante que eu nunca tinha visto antes”

(Entrevistada, 2011).

Outro entrevistado falou sobre a oportunidade de conhecer a orquestra: “[...] eu

nunca tinha assistido uma apresentação da orquestra. Achei legal, uma das coisas

que eu nunca tinha visto e tive essa oportunidade”. A mudança de hábitos também

fez parte das respostas dos entrevistados. “Mudou um jeito meu de ver a música que

era só o que eu ouvia. Música clássica é ótima” (Entrevistada, 2011).

Page 49: A música como forma de comunicação

49

A sensibilidade dos alunos também foi aguçada ao assistir a apresentação. “Mudou

a minha criatividade. Quero vir aqui sempre que eu puder” (Entrevistado, 2011). “O

modo de pensar sobre a música. Música clássica é uma música suave e

tranquilizante” (Entrevistado, 2011).

Figura 22 - Alunos assistem a apresentação da peça "Novo Mundo", de Antonín Dvorák.Fonte: Fotógrafo Fábio Machado

O ensaio geral foi realizado com a presença dos músicos da Orquestra Filarmônica

do Espírito Santo (Ofes) e conduzida pelo maestro convidado Marcelo Ramos.

Figura 23 - Orquestra Filarmônica do Espírito Santo (Ofes) ensaia a peça "Novo Mundo".Fonte: Fotógrafo Fábio Machado.

Após os alunos assistirem a apresentação, o maestro Helder Trefzger contou na

recepção do Teatro Carlos Gomes um pouco sobre a história do compositor e da

obra “Novo Mundo”. A obra Novo Mundo foi criada em 1893 pelo compositor Antonín

Dvorák. O autor da obra foi inspirado no estilo das músicas dos negros e dos índios

Page 50: A música como forma de comunicação

50

e foi uma encomenda da Orquestra Sinfônica de New York. O nome “Novo Mundo”

simbolizava o continente americano. A obra é tocada até os dias atuais por

orquestras do mundo todo.

Figura 24 - Alunos conversam com o maestro Helder TrefzgerFonte: Fotógrafo Fábio Machado.

Figura 25 - Alunos e colaboradores se reúnem em frente o Teatro Carlos Gomes.Fonte: Fotógrafo Fábio Machado

5.2 A PESQUISA – ENTREVISTA SEMI-ABERTA

Para realizar a pesquisa com a entrevista semi-aberta foram escolhidos cinco alunos

(três do sexo feminino e dois do sexo masculino) que já tinham participado da

primeira parte da pesquisa de campo. Os estudantes foram selecionados a partir dos

depoimentos da entrevista fechada (VER ANEXO A).

Sobre a entrevista semi-aberta, é o

Page 51: A música como forma de comunicação

51

Modelo de entrevista que tem origem em uma matriz, um roteiro de questões que dão cobertura ao interesse de pesquisa. Ela “parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante” (TRIVIÑOS, apud DUARTE, p. 66).

Segundo o autor Jorge Duarte (2006, p. 67), esse tipo de pesquisa parte da origem

do problema. A segunda parte da pesquisa foi realizada no dia 24 de maio de 2011.

O objetivo era compreender e apurar quais os efeitos que a linguagem musical

provocou nos alunos após assistirem a um ensaio geral da Orquestra Filarmônica do

Espírito Santo. O roteiro foi desenvolvido com questões semi-estruturadas e a

abordagem foi em profundidade.

Com base na observação, a pesquisa pode comprovar o potencial que a música tem

como linguagem. Uma das entrevistadas citou:

A música transmite em palavras. Não importa qual é a mensagem que ela transmite. Tanto é que eu que gosto de todos os estilos ouço às vezes música japonesa. Mesmo não entendendo completamente o idioma consigo entender a mensagem que a música quer passar. A música me completa (ENTREVISTADA 1, 2011).

Os entrevistados da pesquisa também citaram que a música “é uma forma de

comunicação e de interação”. Ou ainda: “A música é uma forma de comunicar

diferente. Através do ritmo conseguimos identificar o que a música quer te passar”.

Uma das entrevistadas citou o efeito que a música causou: “Antes da apresentação

eu estava muito agitada por conta das provas. Mas depois de assistir a

apresentação fiquei muito calma”.

Para o encerramento da pesquisa semi-aberta, foi solicitado aos alunos que

resumissem a música em apenas uma palavra. Um respondeu comunicação, três

responderam tranquilidade e o último respondeu prazer.

6. CONCLUSÃO

Page 52: A música como forma de comunicação

52

Como o próprio título do trabalho sugere, a música é uma linguagem de

comunicação significativa tanto para interação social, quanto para o crescimento da

formação cultural. Foi possível analisar por meio da pesquisa observacional, a forma

que os receptores percebem esse meio de comunicação.

A grande maioria dos entrevistados afirmou que desconheciam o trabalho da

Orquestra Filarmônica do Espírito Santo (Ofes). Durante a realização da pesquisa,

uma das entrevistadas comparou a sensação de ouvir a música com comer

chocolate. Outro entrevistado afirmou que ao assistir a apresentação lembrou-se das

músicas feitas em filme associando a utilização da música clássica no cinema.

Outros alunos que participaram da pesquisa também afirmaram que após assistirem

o ensaio da orquestra tiveram desejo de aprender um instrumento.

A música como uma língua gera impactos significativos no ser humano. Com base

nessa pesquisa, os alunos saíram transformados. Alguns disseram que vão passar a

ouvir música clássica. Ou seja, o som pode transformar realidades, pode enquanto

linguagem de comunicação mudar vidas e transformar hábitos.

Durante a pesquisa foi facilmente observada a reação dos alunos. Pelo fato de a

música “Novo Mundo” ouvida pelos estudantes durante a pesquisa ter partes

tranquilas e outras agitadas, alguns alunos apresentaram reações como, tristeza e

alegria, tédio e ansiedade. Um dos entrevistados informou que não soube definir

qual sentimento ao certo ele identificou.

A música pode ter um papel fundamental no desenvolvimento e crescimento do

homem. Pode-se concluir que a participação das orquestras como, formação cultural

nas escolas, poderá incentivar no interesse da música e o descobrimento de novos

talentos.

7. REFERÊNCIAS

Page 53: A música como forma de comunicação

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Page 58: A música como forma de comunicação

58

ANEXO A – QUADRO DOS SELECIONADOS PARA A SEGUNDA PESQUISA

Entrevistada 113 anos

Entrevistado 214 anos

Entrevistada 314 anos

Entrevistada 416 anos

Entrevistado 513 anos

Você já assistiu a uma

apresentação da Orquestra

Filarmônica?

Não Sim Não Não respondeu Não

Quais tipos de música você

costuma ouvir?Pop; Rock

Pop; Sertaneja; Axé; Funk; Rap;

ClássicaPagode Pop; Clássica Pop; Rock

O que a música representa para

você?Preenchimento Lazer; Arte Preenchimento Expressão da

almaEntretenimento;

Lazer

Qual sensação você teve ao

assistir a apresentação?

Bem-estar; Tranquilidade;

Emoção positiva

Bem-estar; Tranquilidade;

Emoção Positiva

Criatividade; Tranquilidade;

Sonolência

Alegria; Tristeza; Bem-

estarEmoção positiva

Que tipo de mensagem você acredita que a

música passou?

A música traz uma mensagem

indescritível, uma emoção

capaz de trazer tranquilidade em

um simples acorde. Um

bem-estar que nada mais além

da música é possível sentir.

De alegria, de prestar atenção: saber ouvir mais e falar menos.

Para mim a música

transmite calma e tranquilidade.

Paz e tristeza. Pois lembra

momentos bons e ruins da vida.

Que a música pode

representar qualquer

sentimento

O que você acha que mudou após

assistir a um ensaio geral da

Orquestra Filarmônica?

Não mudou muita coisa pois

eu cresci ouvindo grande parte da música

clássica. Mas ouvir de perto,

ver como é tocado cada instrumento delicado, é

completamente diferente. Agora

eu sinto mais vontade de

aprender a tocar algum

instrumento, ou simplesmente voltar a tocar flauta-doce.

A minha maneira de ver as músicas de orquestras e apreciá-las.

Nada. Pois eu não gosto muito

desse tipo de música.

A maneira de pensar sobre a

música.

Vou passar a ouvir música

clássica.

Page 59: A música como forma de comunicação

59

ANEXO B – PESQUISA SEMI ABERTA

1) Qual a sua relação com a música? Qual é a importância que ela tem na sua

vida?

Entrevistada 1: A música transmite em palavras. Não importa qual é a mensagem

que ela transmite. Tanto é que eu que gosto de todos os estilos ouço às vezes

música japonesa. Mesmo não entendendo completamente o idioma consigo

entender a mensagem que a música quer passar. A música me completa.

Entrevistado 2: Ela acalma. É uma forma de comunicação e de interação.

Entrevistada 3: Eu gosto muito de música porque ela me faz ficar calma. Ela

geralmente passa mensagens boas e que estão na nossa realidade, só não consigo

ouvir quando estou estudando.

Entrevistada 4: A música traz alegria e tristeza ao mesmo tempo. Sinto a mesma

alegria ao comer chocolate. Eu não passo o dia ouvindo música, mas antes de

dormir eu ouço uma música da Britney Spears três vezes. Eu me sinto melhor.

Entrevistado 5: A música é uma forma de comunicar diferente. Através do ritmo

conseguimos identificar o que a música quer te passar. Eu passo o dia inteiro

ouvindo música, só assim eu consigo me concentrar.

2) Quando você soube que iria participar de uma pesquisa sobre música, o que

você sentiu?

Entrevistada 1: Na mesma hora eu aceitei. Gostei muito.

Entrevistado 2: Assim que soube não tinha certeza se gostaria de ir. Mas depois me

animei e resolvi participar.

Entrevistada 3: Eu pensei a princípio que iria ser chato. Mas acabei aceitando

Page 60: A música como forma de comunicação

60

Entrevistada 4: Por ser uma atividade fora da escola me animei.

Entrevistado 5: Eu fiquei muito alegre. Eu nunca tinha ido numa apresentação como

essa.

3) E a sua família o que achou?

Entrevistada 1: Eu sempre fui influenciada pela minha família a ouvir música. Meu

pai é músico e gostou muito e me incentivou.

Entrevistado 2: Minha família reagiu de forma natural.

Entrevistada 3: Minha família achou bem legal. Principalmente porque eu nunca

tinha visto. Quero muito voltar para levar eles para conhecerem também.

Entrevistada 4: Meu pai apenas assinou a liberação. Eu geralmente converso mais

com a minha mãe e ela estava viajando. Acabei não dividindo com a minha família.

Entrevistado 5: Minha mãe gostou muito. Quando voltei contei para ela que tinha

visto como eles fazem as músicas que tocam nos filmes.

4) O que você sentiu ao assistir o ensaio geral da Orquestra Filarmônica?

Entrevistada 1: Eu tinha ficado muito ansiosa para conhecer. Eu reconheci o

instrumento que eu toco (flauta doce), mas acabei conhecendo outros que não

conhecia.

Entrevistado 2: Fiquei calmo e animado ao mesmo tempo.

Entrevistada 3: Antes da apresentação eu estava muito agitada por conta das

provas. Mas depois de assistir a apresentação fiquei muito calma.

Entrevistada 4: Mudou a maneira de ouvir a música.

Page 61: A música como forma de comunicação

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Entrevistado 5: Em mim não mudou. Mas fiquei muito satisfeito pela chance de

conhecer um novo estilo. Agora eu sei como as músicas que tocam nos filmes são

feitas. Sempre que assisto alguma coisa que tenha música clássica eu lembro da

apresentação.

5) Que tipo de instrumento você gostaria de aprender?

Entrevistada 1: Eu gostaria de aprender o violão. O som dele me passa uma

sensação boa.

Entrevistado 2: Eu sempre quis aprender violão.

Entrevistada 3: Eu gostaria de aprender a tocar violão. Porque com esse instrumento

você consegue tocar qualquer tipo de música.

Entrevistada 4: Antes eu aprendia violão. Mas depois de assistir o ensaio eu quero

aprender violino.

Entrevistado 5: Eu já toco um pouco de piano e agora quero começar a aprender

violino.

6) Se você precisasse resumir a música em uma palavra: qual seria?

Entrevistada 1: Comunicação.

Entrevistado 2: Tranquilidade.

Entrevistada 3: Tranquilidade.

Entrevistada 4: Tranquilidade.

Entrevistado 4: Prazer.

Page 62: A música como forma de comunicação

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ANEXO C

Page 63: A música como forma de comunicação

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ANEXO D – CONTRATO DE TRANSPORTE

Page 64: A música como forma de comunicação

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ANEXO E

Page 65: A música como forma de comunicação

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ANEXO F – MODELO DO TERMO TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE IMAGEM

(FOTO E VÍDEO)No próximo dia 18 de maio os alunos da oitava série do período matutino irão

participar de uma pesquisa de campo assistindo a uma apresentação da Orquestra

Filarmônica do Espírito Santo (Ofes), no Teatro Carlos Gomes. O projeto faz parte

de um trabalho de conclusão de curso da aluna Natália Bento da Silva, do curso de

comunicação social – jornalismo, da Faculdade Estácio de Sá Vitória, e tem como

objetivo avaliar qual o impacto que a música tem como forma de comunicação por

meio dos sentidos e das emoções que as melodias provocam nas pessoas.

Dados do (a) Aluno (a)Nome:____________________________________________________________

RG:______________________________________________________________

Telefone:__________________________________________________________

Dados do Responsável:Nome:______________________________________________________________

RG:________________________________________________________________

Telefone:____________________________________________________________

Por esta e melhor forma, autorizo Natália Bento da Silva, com o projeto “A música

como linguagem de comunicação”, em parceria com a Orquestra Filarmônica do

Espírito Santo (Ofes) e EMEF Maria Madalena, a utilizar a imagem do aluno (a)

___________________________________________ com o meu prévio

consentimento, para ilustrar como evidências a pesquisa através de fotos e

filmagens.

A presente AUTORIZAÇÃO, que se faz firme e valiosa, é concedida a título não

oneroso sem qualquer limitação quanto ao tempo, território e será respeitada por

mim.

_____________________________(local), ____ de_____________ de 2011.

__________________________________

Assinatura do Responsável

Page 66: A música como forma de comunicação

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou

parcial deste TCC por processos fotocopiadores ou eletrônicos.

_____________________ _____________________ _____________________

Assinatura Local Data