a mÚsica como recurso didÁtico no desenvolvimento infantil...
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FACULDADES INTEGRADAS PROMOVE CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
A MÚSICA COMO RECURSO DIDÁTICO NO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL DA CRIANÇA NA
PRÉ-ESCOLA
ESTUDANTE:CARMEM NUNES DA SILVA MÁRCIA CAIXETA DE OLIVEIRA ORIENTADOR: EDLAMAR MARIA DE FÁTIMA CLAUSS
BRASÍLIA
2013
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CARMEM NUNES DA SILVA MÁRCIA CAIXETA DE OLIVEIRA
A MÚSICA COMO RECURSO DIDÁTICO NO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL DA CRIANÇA NA
PRÉ-ESCOLA
Artigo apresentado como requisito Parcial do Curso de Pedagogia para Obtenção do título de Licenciado Sob a Orientação do Prof. M.Sc.Edlamar Maria de Fátima Clauss.
BRASÍLIA
2013
RESUMO
Este artigo tem por finalidade investigar como a música pode ser um
instrumento de auxílio no desenvolvimento infantil. Procurou-se verificar a forma
como o professor utiliza a música com crianças da Educação Infantil. A metodologia
utilizada foi a pesquisa bibliográfica e descritiva, além da análise qualitativa e
quantitativa dos questionários aplicados. Concluiu-se que a música pode ser
instrumento de auxílio no trabalho pedagógico, porém, não se deve limitar sua ação
apenas como ferramenta de trabalho de outras áreas do conhecimento, pois ela fala
por si e contribui para o desenvolvimento integral do ser: desenvolvimento cognitivo,
psicomotor e sociocultural.
Palavras-chave: Música. Infância. Aprendizagem.
ABSTRACT
This article aims to investigate whether music can be an instrument
in child development. It focused on investigating how the teacher sees and uses
music with kids in kindergarten. The methodology used was the literature and
descriptive research. As well as qualitative and quantitative analysis of
questionnaires. It was concluded that music can be a helpful instrument for
pedagogical work, however, should not limit its action only as a tool for other areas of
knowledge, because it speaks for itself and contributes to the development of the
human being: cognitive, Psychomotor and sociocultural.
Keywords: Music. Childhood. Learning.
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INTRODUÇÃO
O presente artigo investigou a música na Educação Infantil como
elemento contribuinte no processo ensino aprendizagem e o tema “música” como
recurso didático no desenvolvimento infantil. A utilização da música como recurso
didático no desenvolvimento infantil da pré-escola foi abordada também na
construção do conhecimento por meio de reflexões e questionamentos, já
fundamentado por teóricos.
Para que o ensino da música chegue a ser um instrumento didático e
contribua para o desenvolvimento integral do aluno é importante focar a atenção,
pois é nessa etapa que a criança estabelece uma relação entre o conhecimento
sensorial e o “concretamente construído”, desenvolvendo seus aspectos cognitivos e
afetivos, além de contribuir para a formação da sua personalidade. A memória
natural está muito próxima da percepção e surge, como consequência da influência
direta dos estímulos externos, sobre os seres humanos (VYGOSTSKY, 1998).
A música é um fator determinante na personalidade de um indivíduo,
promove sua expressão social e cultural, assim esta investigação objetiva identificar
a importância da utilização da música como recurso na construção do conhecimento
dos alunos da pré-escola, sendo esse recurso um facilitador para o processo ensino
aprendizagem. Os objetivos específicos buscam descrever os benefícios da música
no desenvolvimento da criança e identificar a contribuição da música na educação
infantil.
A música é um dos estímulos do mundo externo que contribui na
formação do ser humano, desempenhando um papel importante nas fases e etapas
do desenvolvimento infantil. Além disso, a música é uma influência externa que por
sua potencialidade de emocionar e sensibilizar o ser humano causa motivações
internas contribuindo para o desenvolvimento da criança.
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Os sons harmoniosos fazem com que os alunos se divirtam, aprendendo
naturalmente sem pressões. Nos primeiros anos educacionais, a música possui um
papel importante na educação das crianças, contribuindo no desenvolvimento
psicomotor, sócio afetivo, cognitivo e linguístico, além de ser facilitadora no processo
de ensino aprendizagem (ROSA, 1990).
Como parte do processo de construção do conhecimento, a
musicalização favorece o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso
rítmico, prazer de ouvir, desperta a imaginação, memória, concentração, atenção,
respeito ao próximo, socialização e afetividade. Também contribui para uma efetiva
consciência corporal e de movimentação. O som, o ritmo, a música fazem parte da
Educação Infantil e da vida das crianças.
Cantando ou dançando, a música de boa qualidade proporciona diversos
benefícios para as crianças e é uma grande aliada no desenvolvimento saudável na
infância. A musicalização na Educação Infantil está relacionada a uma motivação do
ensinar, em que é possível favorecer a autoestima, a socialização e o
desenvolvimento do gosto musical das crianças nessa fase.
Como recurso didático em sala de aula, a música facilita o ensino-
aprendizagem dos conteúdos ou das atividades de rotina de classe, pois as crianças
podem aprender com mais facilidade. Assim elas participam com mais prazer nas
atividades escolares. Portanto, esta investigação contribuiu com possibilidades
metodológicas para aprendizagem da criança na Educação Infantil.
METODOLOGIA
A investigação científica objetivou a identificação da importância da
música nas turmas da pré-escola. O registro e a análise das características com
relação à música e à construção do conhecimento tornou determinante o caráter da
pesquisa descritiva.
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No desenvolvimento da investigação utilizou-se levantamento de dados a
pesquisa bibliográfica com estudo de campo, por meio de livros, artigos, anais,
revistas, jornais, DVD e questionários.
A população pesquisada foi composta por uma escola pública do bairro
“Núcleo Bandeirante”, Brasília, sendo a amostra constituída por 10 professores da
Educação Infantil, especificamente da pré-escola.
Com o método qualitativo buscou-se a subjetividade do sujeito, dos fatos
e fenômenos sobre a contribuição da música como recurso didático no processo
ensino aprendizagem da criança da pré-escola. Já o método quantitativo, tanto na
coleta de informações, quanto em seu tratamento por meio de técnicas estatísticas e
procedimentos matemáticos.
RESULTADOS TEÓRICOS
A música deve ser entendida como arte e conhecimento sócio cultural
que, além do fato de resultar longas vivências, reflete na linguagem de cada
civilização ou grupo social que tem a sua expressão musical própria (JEANDOT,
2006).
Presente em todas as regiões do globo, culturas, épocas, a música é uma
linguagem universal. Até mesmo o filósofo Platão já afirmava que a “música é a
ginástica da alma”.
A música pinta a própria paixão, o próprio amor, a própria aspiração, faz
com cheguemos a grandes emoções e, que as palavras não são capazes de evocar
e levando o corpo a vibrar com a excitação do mais profundo da alma seja de
alegrias ou tristezas (SNYDERS, 1997).
Para Gardner (1995) uma inteligência implica na capacidade de resolver
problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou
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comunidade cultural. E a inteligência musical é caracterizada pela habilidade de
reconhecer sons e ritmos, gosto em cantar ou tocar instrumento musical. Essa
inteligência pode estar relacionada também ao interesse por variados tipos de arte,
tais como: dança, teatro, pintura, escultura e outros.
Gainza (1988) também ressalta que a música e o som, enquanto energia
estimula os movimentos internos e externos no homem, impulsionando-o à ação e
promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidades e graus.
Considerada ciência e arte, na medida em que as relações entre os elementos
musicais são considerados relações matemáticas e físicas; é a arte manifestada
pela escolha dos arranjos e combinações.
A música é uma combinação harmoniosa e expressiva de sons. Nesse
contexto, a criança ao nascer entra em contato com o universo sonoro que a cerca,
que são os sons produzidos pelos seres vivos e objetos. Em todas as civilizações, a
mãe costuma acalentar o bebê com cantos e movimentos sejam para acalmá-lo ou
para adormecê-lo (NOGUEIRA, 2003).
E antes de começar a falar, o bebê canta, gorjeia e experimenta sons e a
movimentação bilateral proporcionada pelo ritmo, danças, linguagem e demais
meios de expressão, como palmas e sapateado. E é essa relação entre o gesto e o
som que a criança – ouvindo, cantando, imitando, dançando – constrói seu
conhecimento sobre música, tal qual o homem primitivo quando explorava a
descoberta dos sons.
Ao entrar em contato com os objetos, a criança começa a interagir com o
mundo sonoro. Segundo o autor, a criança é um ser “rítmico-mímico”, que opera
princípios de repetição e variação, no que concordam plenamente Shaeffer e Piaget,
sendo que para último teórico, estes princípios são essenciais no desenvolvimento
da criança.
Para Coopland (apud JEANDOT, 2006) todos ouvem a música de acordo
com as aptidões, em três planos distintos: sensível, expressivo e puramente musical,
o que corresponde a ouvir, escutar e compreender. E é de fundamental importância
estimular a criança a fazer suas próprias pesquisas e escolhas musicais – diferentes
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povos, épocas, formas e compositores - a fim de que a mesma possa despertar seu
senso musical. É interessante observar a influência que a música exerce sobre a
criança, razão pela qual os jogos ritmados devem ser incentivados na escola.
Outra vantagem da musicalização da criança identificada por Weiguel
(1988) é a de que a fala será beneficiada com o canto que auxiliará na pronúncia
correta das palavras. A comunicação será melhor e, além disso, desenvolve a
autoestima e a socialização.
Com o despertar da sensibilidade para a música, desenvolve-se o senso
estético e de cooperação. Outra vantagem da musicalização infantil é que a criança
passa a vivenciar a cooperação com os companheiros que são fundamentais para
alcançar os objetivos do grupo e integrá-la à sociedade. Quando uma criança canta
e, principalmente, quando se envolve com papéis de interpretação da música, ela se
sente participante e adquire consciência de que os colegas de turma são
importantes, fato de grande valor para o convívio social.
A música afeta o corpo do indivíduo de duas formas: diretamente – (com
o efeito do som sobre as células e os órgãos) – e indiretamente –(agindo sobre as
emoções que influenciam os processos corporais, provocando tensões e
relaxamentos em várias partes do corpo) (LIMA, 1988).
Stefani (apud LIMA, 1988) concorda também que a música, quando
trabalhada em sala de aula, atinge as crianças de tal forma, que lhes dá motivação e
alegria para frequentar as aulas.
O renomado psicólogo russo Vygotsky (apud OLIVEIRA, 2000) alerta que
devem ser respeitadas as características da idade de cada criança, de forma que os
estímulos oferecidos sejam adequados à fase do desenvolvimento em que ela se
encontra. O primeiro ano de vida é para a criança exercitar bem a sua audição,
percebendo a qualidade do som, com o timbre, altura e intensidade. Depois disso,
elas estarão em posição de escuta.
Inúmeras pesquisas, desenvolvidas em diferentes países e épocas,
particularmente no século XX, confirmam a influência da música no desenvolvimento
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da criança. Cientistas afirmam que o bebê, ainda no útero materno, desenvolve
reações a estímulos sonoros (NOGUEIRA, 2003).
Em uma pesquisa realizada pela Universidade de Toronto (Canadá), a
cientista Sandra TREHUB comprovou algo que muitos pais e educadores já
imaginavam: os bebês tendem a permanecerem mais calmos quando expostos a
uma melodia serena e, dependendo da aceleração do andamento da música, ficam
mais alerta.
A Música e o Desenvolvimento Infantil
Há uma tendência, em nossa civilização, de se concentrar a ideia de
desenvolvimento da criança nos aspectos cognitivos, isto é, no que diz respeito ao
aprendizado intelectual, que é uma tendência natural em uma civilização tão
competitiva e tecnicista. Neste aspecto, também corrobora a música em razão de
seu caráter relaxante, além de estimular a absorção de informações, ou seja, a
aprendizagem.
Para Nogueira (2003) é importante fazer uma ressalva de que toda
criança está imersa em um caldo cultural, que é formado não só pela família, mas
também por todo o grupo social no qual ela cresce. São exatamente as facetas que
tratam do texto sobre a relação que se dá entre a música, entendida como prática e
vivência, e o desenvolvimento da criança.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(BRASIL, 1998), a música é um meio de conhecimento no qual as crianças e os
bebês têm livre acesso para se expressarem. A linguagem musical favorece o
desenvolvimento da expressão, equilíbrio, autoestima, autoconhecimento, e ainda
contribui como um poderoso meio de interação e integração social.
Ao entender diferentes aspectos do desenvolvimento infantil, físico,
mental, social, emocional e espiritual, a música pode ser considerada um agente
facilitador da aprendizagem. Ao se falar em musicalização, um dos recursos mais
eficazes para despertar o interesse da criança é o movimento associado à canção.
Um exemplo é usar técnicas teatrais durante o canto.
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Em outras canções, podemos solicitar a memória e o raciocínio rápido,
onde as sequências de movimentos cobrados aumentem gradativamente, sendo
necessária uma lembrança imediata do que acabou de ser dito, mas que por vezes
torna-se difícil pelo acúmulo de informações.
Uma das principais teses de Piaget refere-se à capacidade do organismo
humano de adaptar-se ao seu ambiente. Entretanto, ele não acredita que o ambiente
molda a criança, mas que ela (como o adulto) busca de forma ativa, compreender o
seu ambiente.
E nesse processo, ela explora, manipula e examina os objetos e as
pessoas de seu mundo. Para Piaget, o processo de adaptação contém vários
subprocessos: assimilação, acomodação e equilibração (BEEN, 2003).
Conforme proposto por Piaget (apud VAYER, 1990) tirou das ciências
biológicas os termos assimilação e acomodação, que se traduz na integração dos
dados trazidos pelo meio em todos os planos do ser, inclusive que estão em estreita
dependência uns dos outros.
O termo “desenvolvimento”, aplicado à evolução da criança, significa que,
quando a observamos no tempo, constatamos um crescimento das estruturas
somáticas, um aumento das possibilidades pessoais de agir sobre o ambiente, e
ainda os progressos nas capacidades de compreender e fazer-se compreender. É
através das interações que as trocas com o mundo que a cerca a criança vai integrar
aquilo que necessita para crescer, progredir e desabrochar (VAYER, 1990).
A música na infância, ativa conceitos importantes para a formação do
conhecimento. É importante trabalhar na Educação Infantil a musicalização para
desenvolver as várias capacidades da criança como: motricidade, sensorialidade do
ritmo e do som e afetividade por meio da melodia, prosódia começando pelas
canções de roda, assim ativam-se não só o sistema acústico receptor, mas também
os expressivos da fala (OLIVEIRA, 2000).
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Weiguel (1988), diz como a música aperfeiçoa habilidades motoras,
controla os músculos e exige do corpo movimento maior de desenvoltura. Com isso,
a coordenação motora e expressividade rítmica irão desenvolver mais. O canto irá
beneficiar a fala, que auxiliará na pronúncia correta das palavras, por tanto a
comunicação será bem melhor desenvolvendo a autoestima e a socialização da
criança.
A Música no Processo Ensino-Aprendizagem na Educação Infantil
De acordo com as teorias citadas sabemos que as crianças que ouvem
música com frequência, principalmente aquelas que estudam música, normalmente
têm um raciocínio mais rápido e maior facilidade de ganho verbal. Por todas essas
razões, a linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas de
conhecimentos mais importantes a serem trabalhadas na Educação Infantil, ao lado
da linguagem oral, escrita, do movimento e das artes.
Musicalizar não é ensinar teoria musical nem tocar instrumentos, essa é
uma tarefa da escola de música. Na verdade musicalizar é desenvolver a
sensibilidade para a música, especialmente para a boa música, desenvolvendo
senso estético, de beleza e de bom gosto. Portanto, para trabalhar a musicalização
com os alunos é preciso acreditar naquilo que está sendo feito e ter vontade de
ensinar, não sendo necessário estudar música em conservatório (DVD, CPT, curso
de musicalização infantil).
Fanny Abramovich (1985) relata a importância das cantigas de rodas e
muitas outras que foram transmitidas oralmente, através de inúmeras gerações. São
formas inteligentes que a sabedoria humana inventou para nos preparar para a vida
adulta. As cantigas tratam de temas tão complexos e belos, falam de amor, de
disputa, de trabalho, de tristezas e de tudo que a criança enfrentará no futuro,
queiram seus pais ou não. São as experiências de vida que nem o mais sofisticado
brinquedo eletrônico pode proporcionar.
Brito (2003) completa a fala de Fanny Abramovich no sentido de que as
canções de ninar, as canções de rodas e todo tipo de jogo musical, tem grande
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importância, pois é por meio das interações que estabelecem que os bebês
desenvolvam um repertório que lhes permitirá comunicar-se pelos sons. Os
momentos de trocas e comunicação sonoros musicais favorecem o desenvolvimento
afetivo e cognitivo, bem como a criação de vínculos fortes, com os adultos quanto
com as crianças.
A música da cultura infantil é uma expressão sonora que reflete o modo
de perceber, pensar e sentir dos indivíduos, comunidades, culturas, regiões em seu
processo sócio-histórico. Por isso, tão importante quanto conhecer e preservar
nossas tradições musicais e conhecer a produção musical de outros povos e
culturas é de igual modo, explorar, criar e ampliar os caminhos e os recursos para
fazer o musical.
Partindo de uma análise que considere a sua essência, a música é um
jogo e relaciona as formas de atividade lúdica infantil com o que Piaget diz sobre as
três dimensões presentes na música:
Jogo sensório-motor: vinculado à expressão do som e do gesto;
Jogo simbólico: vinculado ao valor expressivo e à significação mesmo
do discurso musical;
Jogos com regras: vinculados à organização e á estruturação da
linguagemmusical.
A música se faz presente a todo instante na vida do ser humano, como
forma de resgate do que vivemos em nossas vidas, interiorizando e reproduzindo-a
nos momentos mais particulares ( BRITO, 2003).
A música vem ainda contribuir para a formação do indivíduo como um
todo. Por meio da música, a criança entrará em contato com o mundo letrado e
lúdico. Observa-se sua importância como valioso instrumento, o qual deverá ser
trabalhado e estimulado provocando no educando possibilidades de criar, aprender
e expor suas potencialidades.
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A música na educação pode envolver outras áreas de conhecimento. Na
matemática a música também esteve presente: quando marcamos um ritmo, temos
que saber quantidade para tocarmos. Além disso, há várias letras de músicas que
facilitam a aprendizagem de números, quantidade, classificação e seriação.
Facilitam também o processo ensino aprendizagem, e também favorece a
criança de educação Infantil de 05 e 06 anos, ensinando-a a apreciar o valor de uma
peça musical, despertando na criança o gosto pela música, aquisição de novos
conhecimentos, concentração, autonomia, criticidade, sendo um importante
instrumento didático.
Trabalhar usando a música como ferramenta de apoio é estimulante e ela
dá condições de observar a percepção musical das crianças: melhora a
sensibilidade, o raciocínio e sua expressão corporal. Como instrumento pedagógico
traz contribuições nas disciplinas curriculares: Linguagem oral e escrita, Matemática,
Natureza e Sociedade, Artes, Educação Física, brincadeiras e ainda estreita os
laços de amizade.
Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI),
volume 3 –“Conhecimento de mundo”, apresenta o eixo música e destaca que
linguagem musical tem estrutura e características próprias, devendo ser considerada
como produção, apreciação e reflexão (BRASIL, 1998).
Em relação às atividades da música como linguagem própria, há muitas
possibilidades: exploração do conceito de som e silêncio (brincadeiras de estátua);
produção de vários tipos de sons com o corpo (arrastando os pés, batendo as mãos
nas diferentes partes do corpo).
O estímulo ao desenvolvimento da linguagem falada por meio de canções
ocorre através da:
a) Linguagem gestual;
b) Incentivo à composição de uma melodia pelas crianças (a partir de
uma letra criada pelo grupo);
c) Incentivo à criatividade;
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d) Concentração e memória - pela imitação de sons criados pelos
colegas;
e) Utilização de brinquedos de diferentes texturas, formas e tamanhos
que produzam sons diferentes;
f) Estímulos auditivos, visuais e motores por meio de canções
interpretadas com gestos; movimentos rítmicos, explorando todo o
esquema corporal.
O acompanhamento das músicas pode ser com palmas ou percussão de
algum objeto ao pulso ou pela dança. Em qualquer ambiente que a criança esteja
exposta deverá ser estimulada a prestar atenção aos sons que estão acontecendo e,
se possível, identificá-los relacionando e nomeando-os (MARSICO, 1982).
RESULTADOS DO ESTUDO DE CAMPO
Por meio da aplicação de questionários a 10 (dez) professores da
Educação Infantil, do Centro de Ensino de Educação Infantil do Núcleo Bandeirante
(CEEINB) foi possível verificar e analisar dados importantes para o entendimento do
assunto abordado.
A minoria dos professores (40,0% dos entrevistados) possui apenas
“Licenciatura em Pedagogia” enquanto que a maioria (60,0% dos entrevistados)
possui “Especialização”. Nota-se que os professores estão cada vez mais
procurando se qualificarem profissionalmente, visto que esse percentual está cada
vez mais alto de acordo com a pesquisa.
Os dados levantados mostram que dos respondentes, 30,0% possuem de
1 a 5 anos de atuação na área; 70,0% possuem acima de 6 anos de experiência em
exercício, número bastante significativo, caracterizando um grupo de profissionais
mais experientes.
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Todos os professores entrevistados afirmaram que estão satisfeitos com a
profissão escolhida. A resposta traz um resultado positivo na Educação Infantil, pois
esta é a fase mais importante no desenvolvimento das crianças e depende, em
grande parte, da dedicação e competência do professor dessa área.
Os docentes foram questionados a respeito da importância de trabalhar a música
na Educação Infantil.
Verificou-se que: 17,7% responderam que proporciona a socialização
das crianças e também desenvolve a percepção das mesmas; 23,5% responderam
que cria oportunidades para as crianças expressarem suas sensações,
concentração, sentimentos e pensamentos, sendo que é por meio da música que a
criança expressa tudo que ela sente: a música tem grande poder de trabalhar a
concentração da criança para ver, ouvir e movimentar.
E ainda 23,5% dos docentes apontaram o desenvolvimento do ritmo e
coordenação motora, além da ampliação do repertório - é nesse momento da música
que a criança se desenvolve e descobre a sua habilidade e gosto musical; 23,5%
dos professores também responderam que é na música que se aprende a
diversidade cultural: pode-se trabalhar o regionalismo e a linguagem cultural porque
a música é também uma linguagem cultural; 11,8% responderam que trabalhar a
música proporciona às crianças aprenderem os conteúdos com mais facilidade,
interiorizando-os.
Portanto, trabalha a sensibilidade da criança: o afetivo e emocional,
despertando o interesse para a arte, identificando-se com a música e refinando o
seu gosto, a música possibilita a criança a se ajustar na rotina escolar,
principalmente quando do inicio do ano letivo (Ver Tabela abaixo).
TABELA 01
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TABELA 1
Distribuição dos professores de acordo com a importância da Música no
cotidiano escolar
ALTERNATIVAS Nº ABSOLUTO %
Apresenta diversidade cultural 04 23,5
Desenvolvimento do ritmo, coordenação e ampliação de repertório
04 23,5
Interiorização dos conteúdos, sensibilização da criança paraa arte, inserção da rotina da criança
02 11,8
Oportunidades das crianças expressarem sensações, sentimentos e pensamentos
04 23,5
Proporciona socialização e a percepção entre as crianças 03 17,7
Total 17 100,0 Fonte de pesquisa: Professores do Centro de Educação Infantil do Núcleo Bandeirante-1°/2013
De acordo com o questionamento feito aos professores qual a
contribuição que a música traz para a Educação Infantil.
Nota-se a diversidades de respostas conforme apresenta aTabela 2.
Iniciando a análise das respostas, 6,2%, responderam que música na Educação
Infantil ajuda a desenvolver a oralidade; 12,6% responderam que desenvolve a
psicomotricidade; 12,6% disseram que contribui no desenvolvimento da
concentração; 18,7% afirmaram que, por meio da música trabalham a expressão
corporal; 6,2% ampliam os conhecimentos relacionados à música; 18,7% disseram
que usam a música para recreação, dando prazer e alegria às crianças; 6,2%
disseram que trabalham a música com as crianças despertando-lhes a imaginação;
12,6% responderam que ajuda no desenvolvimento do ritmo porque trabalha o
espaço, tempo e audição; 6,2% responderam que ajuda, principalmente, no
desenvolvimento intelectual da linguagem oral e na descoberta para os talentos
artísticos.
Esses dados mostram a importância de inserir a música no contexto
escolar, visto que ela pode ser um recurso facilitador em sala de aula.
TABELA 2
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TABELA 2
Distribuição dos professores de acordo com a contribuição da música na
Educação Infantil
ALTERNATIVAS NºABSOLUTO %
Ampliação dos conhecimentos 01 6,2
Desenvolvimento Intelectual, da linguagem oral e desenvolvimento artístico
01 6,2
Desenvolvimento da oralidade 01 6,2
Desenvolvimento da psicomotricidade 02 12,6
Desenvolvimento do ritmo 02 12,6
Desperta a imaginação 01 6,2
Recreação, prazer e alegria 03 18,7
Trabalha a concentração 02 12,6
Trabalha expressão corporal 03 18,7
Total 16 100,0 Fonte de pesquisa: Professores do Centro de Educação Infantil do Núcleo Bandeirante-1°/2013
A maioria dos professores 80,0 % (ver gráfico 01) não se considera preparado
para trabalhar música na Educação Infantil, fato relevante no tocante à importância
da música no desenvolvimento infantil.
Fonte de pesquisa: Professores do Centro de Educação Infantil do Núcleo Bandeirante-1°/2013
20%
40%
40%
GRAFICO 1 Distribuição Dos Professores De Acordo Com A Preparação
Para Ministrar Música
SIM
NÃO
ÁS VEZES
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E ainda a opinião sobre o domínio dos conteúdos referentes à disciplina
música gera resposta diversa conforme mostra o Gráfico 2. Mas ocorre consenso
sobre constatação da interferência do domínio dos conteúdos da música na prática
docente e na influência sobre a utilização da dos conteúdos musicais na educação
Infantil.
Fonte de pesquisa: Professores do Centro de Educação Infantil do Núcleo Bandeirante-1°/2013
De acordo com as respostas, o conhecimento sobre música ajuda no
controle da própria sala de aula no dia-a-dia, e é importante conhecer sobre música
para contextualizá-la com o currículo e o projeto da escola. E ainda, o professor
deve conhecer o conteúdo de música para desenvolver melhor sua prática
20%
20%
10% 10%
20%
20%
GRAFICO 2 Distribuição Dos Professores Sobre Domínio Dos Conteúdos
Referentes A Música
responderam que conhecimento sobre música ajuda no controle da própria sala de aula no dia-a-dia;
responderam que é importante conhecer sobre música para contextualizá-la com o currículo e o projeto da escola;
disseram que o conhecimento da música ajuda a ter segurança e dominar o repertório quando estiver trabalhando na sala de aula; responderam que é importante dominar o conteúdo para desenvolver projetos de musicalização;
responderam que o professor deve conhecer o conteúdo de música para desenvolver melhor sua prática pedagógica na educação Infantil; responderam que o domínio da música ajuda a transmitir os conhecimentos de forma prazerosa
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pedagógica na Educação Infantil e com isso o domínio da música ajuda a transmitir
os conhecimentos de forma prazerosa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo procurou contribuir para o desvelamento da visão dos
professores sobre a utilização da música como recurso pedagógico na Educação
Infantil da Pré-escola; além da sua importância no desenvolvimento integral das
crianças auxiliando na formação da sua personalidade.
Todos os autores concordaram que esta ferramenta em sala de aula é um
recurso poderoso e acessível a todos. A música enriquece a formação cultural das
crianças e auxilia no desenvolvimento cognitivo, psicomotor, socioafetivo, sendo
ainda,um instrumento indispensável para auxiliar na socialização das crianças que
apresentam timidez.
Evidenciamos que, apesar de todos os professores questionados na
pesquisa de campo entenderem a importância da música, ainda não conseguiram
adequá-la ao contexto curricular. Poucos professores trabalham a questão da
exploração dos sons por meio do corpo, dos objetos, não referenciam as
propriedades da música e não enxergam esses aspectos como um trabalho
essencial dentro da linguagem musical.
Isso aponta para a necessidade dos professores buscarem
conhecimentos e, ainda que não tenham uma formação musical, tornem-se
pesquisadores: Alimentando experiências inovadoras, renovando o seu repertório e
valorizando os conhecimentos vivenciados pelos alunos.
Espera-se que o presente artigo promova uma repensar entre os
educadores da Educação Infantil, além de oferecer alguma contribuição sobre o
processo da musicalização, incentivando as crianças a desenvolverem o gosto
musical, favorecendo a autoestima e a socialização.
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