a musicoterapia nas dificuldades de aprendizagem

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A MUSICOTERAPIA NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UMA MEDIAO ENTRE O CANTAR, O LER E O ESCREVER - pgina 2 Elisama Barbosa Brasil

A msica e seus elementos so objetos de estudo e de prtica da Musicoterapia. Considerados como fatores intrnsecos constituio e histria de vida do indivduo, alm de serem eficientes no desenvolvimento de potencialidades. Para Barcellos (1992), musicoterapeuta brasileira, o cantar, fazer rimas, brincar com os sons, o danar, o desenhar, desenvolve, concretiza e d forma expresso da criana. Sendo assim, a Musicoterapia com crianas que tm dificuldades de aprendizagem, segundo Barcellos (1992), busca permitir criana uma transformao da realidade atravs da tomada de conscincia destas dificuldades, possibilitando sua integrao sociedade atravs de estratgias de superao ou amenizao daquelas. Ainda segundo Barcellos (op. cit.), a criana com dificuldade em aprender precisa se reconhecer como pessoa ativa, que tem potencial produtivo. O papel da Musicoterapia ser a formao de uma atividade cognitiva ativa e significativa (BARCELLOS, op. cit. p.21) para este sujeito independente do nvel que possa alcanar, atravs das manifestaes sonoro-musicais, corporais ou verbais (BARCELLOS, op. cit. p. 23), a fim de estimular a criatividade, a ao e a inventividade deste indivduo. Acredita-se que ao gerar, no contexto escolar, um espao que favorea a estimulao da criatividade e da auto-expresso (verbal e no-verbal) do aluno, atravs de experincias significativas como atividades e jogos sonoro-musicais, espera-se favorecer a aprendizagem e, consequentemente, o desenvolvimento. METODOLOGIA A pesquisa encontra-se configurada como uma pesquisa-ao de cunho qualitativo. Segundo Franco (2005), a pesquisa-ao um tipo de pesquisa que pretende a transformao da prtica e uma avaliao e modificao do contexto. Ou seja, ela parte de uma situao social concreta a modificar e, mais que isso, deve se inspirar constantemente nas transformaes e nos elementos novos que surgem durante o processo e sob a influncia da pesquisa (FRANCO, op. cit., p. 4). A pesquisa est fundamentada na Teoria Scio-Histrico-Dialtica de L.V. Vygotsky, cuja abordagem afirma a origem social da linguagem e do pensamento, estuda a dinmica dos fenmenos e considera o homem um ser ativo, social e histrico que estabelece um processo de relao com a natureza e com os outros homens (BOCK, 2002). Segundo Shaffer (2005, p.247), Vygotsky insistia que o crescimento cognitivo ocorre em um contexto sociocultural que influencia a forma que assume e muitas das habilidades cognitivas mais notveis em uma criana evoluem de interaes sociais com pais, professores e outros associados competentes. O delineamento da coleta de dados encontra-se assim posto: a) o pblico-alvo ser um aluno com idade de 8 a 9 anos, atendido na instituio de ensino municipal CMAI (Centro Municipal de Apoio Incluso), situado em Goinia, Gois;

b) o aluno ser previamente avaliado pela equipe multiprofissional da unidade, devendo enquadrar-se num quadro sem hiptese de deficincia associada e apresentando dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita;

c) os atendimentos musicoterpicos ocorrero no contra-turno escolar, totalizando no mnimo 8 e no mximo 12 sesses, uma vez por semana durante 40 minutos cada, utilizando-se de instrumentos musicais diversos e aparelho de som para a realizao das atividades; as principais tcnicas musicoteraputicas utilizadas sero, segundo Bruscia (2000, cap. 13): Improvisao, Recriao Musical, Audio Musical e Composio. Sabendo da relao existente entre a leitura/ escrita e os processos de decodificao e criao, estas tcnicas podero ser utilizadas como meio de resgatar o potencial do sujeito em criar. Como por exemplo, ampliar os contedos sonoro-musicais, transcrevendo-os em partituras etc.

d) os registros podero ocorrer de diversas formas, tais como gravaes em udio e/ou vdeo, sendo transcritas ou no, documentadas em forma de relatrio descritivo;

e) conforme as normas que regem a Res. CNS 196/96 e suas complementares, bem como da Biotica e da tica, os participantes no tero nenhuma despesa ou nus quanto participao na pesquisa, pois os mesmos se encontraro na instituio para outros atendimentos. O sujeito da pesquisa ter garantia de privacidade e confidencialidade. Os responsveis pelo menor tm autonomia para solicitar a sada deste da pesquisa a qualquer momento sem que haja prejuzo ou nus para os mesmos O aluno assistido por esta pesquisa no sofrer riscos (considerando as dimenses: fsica, psquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual) por no nos utilizarmos de procedimentos invasivos. Quanto aos benefcios previstos para o sujeito-alvo da pesquisa, espera-se que haja o resgate da auto-estima, a ampliao da percepo e da comunicao, o desenvolvimento da criatividade, da ao cognitiva ativa e significativa e da interao ativa e produtiva (BARCELLOS, 1992, p. 21) do mesmo.

f) Ser dada continuidade aos atendimentos ao sujeito aps a pesquisa, durante tempo a ser combinado com os responsveis e com a instituio (CMAI) e/ou ser feito o encaminhamento do mesmo a outro profissional da rea.

g) a socializao dos dados ocorrer em ambiente acadmico e cientfico, servindo de material para a realizao de outros estudos, bem como em apresentaes nos eventos e publicaes cientficas. Os dados da pesquisa sero incorporados na pesquisa realizada por NASCIMENTO (2006), para investigao da Musicoterapia na rea da Educao.

h) O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comit de tica da Universidade Federal de Gois e encontra-se na fase de coleta de dados, com o trmino previsto para Dezembro de 2008. Com a presente pesquisa pretende-se, portanto, coletar dados que contribuam na investigao sobre a Musicoterapia na interveno de crianas com dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita, a fim de encontrar outros caminhos para minimiz-las ou at mesmo extingui-las; e que enriqueam as discusses sobre a aplicabilidade da Musicoterapia na rea da educao. BIBLIOGRAFIA BARCELLOS, Lia Rejane. Um trabalho de musicoterapia desenvolvido com crianas com

problemas de aprendizagem, 1992. BARTHOLOMEU, Daniel; SISTO, Fermino Fernandes; MARIN RUEDA, Fabin Javier. Dificuldades de aprendizagem na escrita e caractersticas emocionais de crianas. Psicologia em Estudo, Maring, v. 11, n. 1, p. 139-146, jan./abr. 2006. Disponvel em: http://www.scielo.com>. Acesso em: jun. 2008 BOCK, Ana Mercs Bahia. Psicologias: uma introduo ao estudo da psicologia. 13 ed. reform. e ampl. So Paulo: Saraiva, 2002. BRUSCIA, Kenneth E. Definindo Musicoterapia. 2 ed. Rio de Janeiro: Enelivros, 2000. CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: mtodos qualitativo, quantitativo e misto, 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. FONSECA, Vitor da. Introduo s dificuldades de aprendizagem. 2 ed.Porto Alegre: Artes Mdicas, 1995. FRANCO, Maria Amlia Santoro. Pedagogia da pesquisa-ao. Educao e Pesquisa, So Paulo, v. 31, n. 3, p. 483 502, set./dez 2005. Disponvel em: < http:// www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a11v31n3.pdf . Acesso em: 19 mar. 2008. GUERRA, Leila Boni. A criana com dificuldades de aprendizagem: consideraes sobre a teoria modos de fazer. Rio de Janeiro: Enelivros, 2002. NASCIMENTO, Sandra Rocha do. A interveno psicopedaggica atravs da msica: uma escuta diferenciada das dificuldades de aprendizagem mediadas pela musicoterapia. 2006. (Projeto de Pesquisa de Dissertao Doutoramento em Educao) Programa de Ps-Graduao em Educao PPGE, Universidade Federal de Gois, 2006. SHAFFER, David R. Psicologia do desenvolvimento: infncia e adolescncia. So Paulo: Pioneira Thomson, 2005. SUNDIN, Bertil. A importncia da msica e de atividades estticas no desenvolvimento geral da criana. In: RUUD, E. Msica e sade. So Paulo: Summus, 1991. ZORZI, Jaime Luiz. Aprendizagem e distrbios da linguagem escrita: questes clnicas e educacionais. Porto alegre: Artmed, 2003.