a origem da religião- pastor cristiano barbosa

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Pastor Cristiano Barbosa; Eu trago de maneira categórica a ‘’origemda religião’’, onde vamos abordar alguns temas, como; Panteímo,budismo, Papado, protestante etc....

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Sumário

A chegada de paulo em atenas

A um Deus desconecido

o dia do juízo

Nota adicional sobre o discurso no aerópago

panteísmo

papado

religião

idealismo

igreja

a comunhão do espírito

o credo de niceia

o amor no espírito liga oas santos a deus e uns a aos outros

ministério

PASTOR; CRISTIANO BARBOSA 

 AUTOR E ORGANIZADOR DIGITAL

DIGITAL BOOK

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A origem da religião

Não temos uma explicação mais satisfatória para a origem dareligião do que para a origem da linguagem. Como a ciência, emsua pesquisa por essa origem, caminha pelo campo da Pré-história,ela tem de se contentar com intuições e conjecturas e, portanto,apresentar uma hipótese depois da outra. Nessa área, o métodohistórico nos deixa completamente em apuros, pois, seja onde for

que os seres humanos estejam em ação, eles já possuem religião.Falando estritamente, não existem povos sem cultura, e o “homemprimitivo”, o ser humano sem religião, moralidade, razão oulinguagem é uma ficção. A derivação da religião a partir dotemor, da fraude sacerdotal ou da ignorância. O que o ser humano não deve aceita é o ‘’adultério’’, pois essapalavra não está no singular, ou, violar um matrimonio conjugal porexemplo, não pode haver hipocrisia. Em nenhum religião do planetaé permitido fraude se alguém aceitar é por que faz parte daquele

sistema corrupto. Paulo faz uma alusão subjetiva há isso; E atéimporta que haja entre vós heresias, para que os que sãosinceros se manifestem entre vós. 1 Coríntios 11:19 

Bavick com o seu pressuposto deixa claro; Os seres humanos

querem ser felizes, mas não são felizes e não podem alcançar afelicidade por sua própria força. Por isso, na religião, eles tentamaplacar todos aqueles poderes pessoais que, para sua mente, estãopresentes nos fenômenos da natureza. Essa interpretação é mar´-cada pelo fato peculiar de que ela interpreta o surgimento da religi-ão não a partir de motivos teóricos, mas especificamente a partir demotivos práticos; não de ideias, mas de emoções como temor, es-panto, um sentimento de angústia, etc . Nesse sentido,ela volta àinterpretação de Petrônio de que foi, antes de tudo, o temor

que formou os deuses. De fato é verdade a superstição sempre foi

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um ato de achismo, por razão disso a crendice aos ‘’deuses’’ foibem adotada para espantar as ‘’coisas’’ ruins.

Eu Irei contextualizar uma passagem que Paulo fala sobre1, su-

perstição em Atos 17 a um Deus desconhecido. Nessa passa-gem podemos ver que o fato dos atenienses adorar vários deu-ses é por causa da superstição. A um outro fato, importante, oateísmo ele surgiu provavelmente por causa dos ateniensesnão aceitarem a suposta maldição que vinha de encontro aeles.Se eles não venerassem de modo sincero e correto poderiamsofrer com catástrofes naturais como; enchente, ventanias,terremotos etc.

O que nos coloca como um ponto de partida para religar-se a Deusé Cristo Jesus disse que enviaria o consolador, ou seja, o Espíritosanto de Deus, pois o mesmo não pode ser visto simplesmentecomo uma força ou um mero poder. Portanto é mais que isso Ele éa terceira pessoa da trindade.

 A felicidade está à disposição de todos os homens o Espírito santoestá no mundo por meio da palavra do evangelho. O Evangelho éapenas a vida cotidiana de Cristo com seus feitos. Anunciar o Evan-gelho é anuncia uma concessão de uma nova vida se o ouvinte per-

mear a palavra de Deus. O que eu quero deixa clara que o EspíritoSanto é uma pessoa ele está com aquele que crer no filho de Deus.Não existe um filho de Deus que seja infeliz, pois o Espíritoproporciona alegria. Veja salmos 46.

Pr; Cristiano Barbosa; Contemplar uma doutrina é apenas se sentirextasiado com uma ilusão efêmera. Os mandamentos de Deus não

se consistem em observância cerimônias. No areópago Atos capí-tulo 17 , Paulo diz, aos ‘’ religiosos’’, vejo de são extremamentereligiosos e zelosos, mas não possui entendimento. Pode ser dizer‘’ que a religião é o equilíbrio da alma humana’’, issomexe com o ser humano, mas não produz espiritualidade algumatão menos a salvação.Não existe ‘’vários caminhos levam a Deus’’, essa é a fabulosacrença dos que se deixam se levar por qualquer caminho.

1 Superstição; crença ou noção sem base na razão ou no conhecimento, que leva a criar falsas

obrigações, a temer coisas inócuas, a depositar confiança em coisas absurdas.

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O Espírito Santo está associado à oriunda palavra de Deus.Quando se tem esse comprimento, teremos uma vida sólida, napresença de Deus.O próprio Cristianismo era um adjetivo, passou ser uma vertente do

Evangelho de Jesus Cristo. Embora existam várias ramificaçõesdiferentes uma das outras. Más onde estar à verdade? A verdadese encontra sempre nas escrituras sagradas, más para obter umaverdadeira sabedoria do alto como disse Tiago irmão do SenhorJesus e necessário pedir ao Pai celestial. Esse é o primeiro pontode partida, mas o Senhor Jesus deixa claro para Nicodemos emJoão 3, Nascer de novo é um cumprimento primordial doEvangelho, com esse nascimento não só herdamos o Reino dosCéus, como entramos no campo da verdadeira sabedoria.

A chegada de Paulo em Atenas

Quando Paulo chegou em Atenas, centro intelectual do mundo, sedeu conta de que o Senhor desejava que ele ensinasse oevangelho onde os filósofos gregos reinavam supremos. Em Atenas

ele encontrou filósofos epicureus e estóicos, professores da reno-mada universidade dali, e numerosos estudantes de várias partesdo mundo conhecido. Paulo se sentia em casa na arena acadêmicadesse tempo, pois nascera em Tarso, fora criado e educado em Je-rusalém (22.3), e depois de sua conversão, passara vários anos emTarso (9.30). Estava totalmente familiarizado com a filosofia estóica,que era ensinada na universidade em Tarso.

Não sendo mais uma cidade próspera, Atenas havia perdido a influ-

ência política e comercial no mundo desse tempo. Os romanos ha-viam conquistado a cidade em 146 a.C., mas se abstiveram, sabi-amente, de interferir em seu governo local. Gozando de uma certamedida de independência, Atenas descansava em sua reputaçãocomo centro das artes, literatura, filosofia, conhecimento e habi-lidade oratória. Sua cultura, no entanto, derivava da idade de ouroda Grécia do 5º e 4º séculos a.C.Paulo observava a cultura grega onde quer que ele fosse. Em

 Atenas, viu os templos e os altares, as esculturas e as estátuas.

Para ele, tais artefatos não eram meros objetos artísticos, masobjetos de uma religião pagã. Nessa cidade idólatra, o apóstolo

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precisava introduzir o evangelho de Cristo. Apesar dos judeus teremuma sinagoga onde podia pregar aos sábados, ele sabia que tinhade confrontar os filósofos atenienses com os ensinamentos deCristo numa apresentação que deveria ser inteligível e direta.

Paulo conhecia a adoração de ídolos e em ocasião anterior experi-mentara o seu efeito em Listra (14.11-20). Contudo, em Atenas eleencontrou sua influência em toda a parte.30 A despeito de sua dis-tinção por ser o centro do saber e da arte, essa cidade superavatodas as outras em cegueira espiritual, tendo-se abandonado àidolatria sem precedentes. Até mesmo o nome Atenas havia sidoescolhido em honra à deusa Atena. E o local onde Paulo se dirigiuaos filósofos atenienses era chamado o Areópago (vs. 19,22), quesegundo uma tradição era o Monte de Áries (ou Marte, em latim), odeus da guerra.

Enquanto Paulo aguardava a chegada de Silas e Timóteo a Atenas(veja v. 15), ele usou o tempo a fim de se preparar para umencontro formal com os filósofos atenienses. Paulo não foi a Atenascomo turista para visitar os monumentos e artefatos, mas comoapóstolo de Jesus Cristo para proclamar a mensagem de salvação.Por toda a parte em Atenas ele se sentia agitado pelo espíritoidólatra dos atenienses. Satisfazendo uma necessidade humana,

buscou apoio e encorajamento da parte de compatriotas judeus egentios tementes a Deus na sinagoga local. Segundo seu costume(v. 2), Paulo foi primeiro aos judeus e depois aos gentios.Os do primeiro grupo eram seguidores de Epicuro (342-270 a.C),que ensinavam que a morte não deve ser temida; até a alma chegaao seu fim quando o corpo morre. E mais, Epicuro ensinava quetodo ser se esforça para conseguir prazer, evitando o sofrimentoe a tristeza, porém buscando a satisfação e a felicidade.

O estóicos, que receberam esse nome por freqüentarem o PórticoPoikilë (Pórtico Pintado), eram discípulos do pensador Zeno (332-260 a.C.). Esse filósofo ensinava que o homem atinge sua mais altaaspiração quando se sujeita ao curso dos eventos, controlado pelanecessidade divina. Ao se submeter à sua sorte, ele atinge a con-dição de felicidade. Esses filósofos eram os intelectuais que seengajaram em debate com Paulo. Pelo tempo do verbo no grego,Lucas indica que eles continuaram tais debates durante um períodoprolongado de tempo. Paulo era um visitante estrangeiro que foraaos filósofos atenienses com ideias estranhas. Esses eruditos,encarregados do debate, desdenharam da mensagem de Paulo

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indagando: “O que esse tagarela está querendo dizer?” Eu traduzi otermo grego spermologos p2or “tagarela”, mas ele literalmente querdizer “catador de sementes”.Originalmente, o termo descrevia os pássaros que catavam as

sementes lançadas inadvertidamente ao longo do caminho poralgum fazendeiro (Mt 13.4), ou os homens que catavam objetosdescartados na praça do mercado. Entretanto, com o passar dotempo, a palavra era usada metaforicamente como descriçãozombeteira de um plagiador que tagarelava continuamente a quemquer que lhe desse ouvidos.Paulo pregou a mensagem de Jesus e sua ressurreição; excetopela diferença de público, sua apresentação era a mesma feita nasinagoga local, onde ele se dirigia tanto a judeus como a gregospiedosos.

 À parte da pergunta de motejo feita pelos filósofos, eles dedicavama Paulo uma certa medida de respeito porque seus ensinamentosse relacionavam à qualidade e essência da vida: moralidade, morte,

 juízo e ressurreição. O ensino de Paulo era para eles umanovidade, e pensaram erradamente que o apóstolo proclamava umadoutrina acerca de duas deidades3: Jesus e Anastásis 4(“ressur-reição”, em grego; veja NEB), sua companheira do sexo feminino.Eles nunca tinham ouvido acerca de Jesus e não haviam recebido

ensino algum sobre a ressurreição; daí, seu comentário dizendoque Paulo “parece ser um proclamador de deuses estranhos”.Entretanto, Paulo pregava as boas-novas de Jesus e ensinava queele ressurgira dos mortos. Isso valia a pena ser noticiado e exigiauma palavra formal da parte de Paulo.

Em segundo lugar, os filósofos conduziram Paulo a uma sessãoformal no tribunal do Areópago? Com efeito, a NEB traduz oversículo 19a da seguinte forma: “Então eles o tomaram e o

levaram perante a Corte do Areópago”. O termo areópago naverdade significa “colina de Áries”; a colina, localizada a noroesteda Acrópolis, era onde o concílio do governo de Atenas se reunia.Finalmente o nome areópago passou a ser usado para o local dasreuniões e para o concílio. Em épocas posteriores, o concíliorealizava suas reuniões no Pórtico Real, situado no lado oeste da

2 Paulo pregou a parábola do semeador na praça do

mercado ateniense, na qual empregou a palavra sperma (semente) e logos (palavra). O

trocadilho desdenhoso spermologos surgiu de um mal-entendido da mensagem de Paulo. 

3 Divindade. 

4 Ressurreição (em latim: resurrectio, em grego ; anastasis) significa literalmente "levantar; erguer".

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praça do mercado. Presumimos que os filósofos não levaram Paulopara a colina, mas para o Pórtico Real. Ali,numa sessão informal, o apóstolo enfrentou os membros da corte eos eruditos que o haviam apresentado. Uma das funções docon-

cílio “era a de supervisionar a educação, particularmente controlaros vários palestradores visitantes”. Os membros do concílio dese- javam saber se os ensinamentos de Paulo constituíam uma ameaçaao Estado. Se o tribunal se convencesse de que Paulo era inofen-sivo, ele poderia continuar a pregar a sua mensagem.

“Podemos saber que novo ensino é esse que você estátrazendo?”

Os filósofos não apresentaram nenhuma acusação contra Paulo,mas na presença do tribunal fizeram uma pergunta penetrante.Chamaram a pregação de Paulo de novo ensino, e no gregoindicaram que essa era certamente uma “(doutrina) sem prece-dentes, recente, incomum, da qual jamais se ouvira”. Paulo sepostou em pé sozinho diante de mestres brilhantes que desejavamsaber se as ideias do apóstolo transcendiam as deles. Diante de umpúblico completamente pagão, ele tinha de apresentar a mensagemdo evangelho de Cristo. Ele não poderia mais apelar para a Escri-tura do Antigo Testamento como fazia quando se dirigia às plateiasna sinagoga. Em lugar de judeus e gentios tementes a Deus, Pauloencarava gente que nunca ouvira falar do Deus de Israel.

Nessa declaração parentética o apóstolo Lucas retrata a vidade uma cidade universitária típica dessa época. Os acadêmicostinham o privilégio de se dedicarem à busca do saber. Eles nãofaziam trabalhos braçais nem tampouco se ocupavam de outracoisa a não ser debater conceitos na praça do mercado, poisse esforçavam por acrescentar as ideias mais recentes ao seu

depósito de conhecimentos. Os mestres e seus alunos passa-vam seu tempo debatendo teorias que eles próprios haviampesquisado ou aprendido com estrangeiros, cuja presença eraalgo bastante comum. Esses estrangeiros viviam entre os ate-nienses por períodos longos ou curtos e eram convidados acontribuir com o processo do aprendizado de novas ideias.O convite feito a Paulo para se dirigir ao Aerópago representoupara o apóstolo uma tremenda oportunidade para apresentaras boas-novas de Jesus Cristo no ambiente acadêmico de

Atenas. A mais sublime dissertação de Paulo ; A um Deusdesconhecido.

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Paulo como um verdadeiro apóstolo e erudito, simplesmente chama

atenção deles dizendo; homens de Atenas! De maneira habilidosaao seu público ‘’alvo’’. Esse foi o primeiro ponto de partida paraganhar a atenção dos ouvintes. Ele acerta logo o coração deles.Então prossegue com palavras de elogio à grande ostentaçãoreligiosa deles. Paulo precisa de um ponto de contato a partir doqual possa gradualmente conduzir sua plateia ao conhecimento dosvalores eternos em Cristo. A presença de numerosos templos,ídolos e altares em Atenas dá a Paulo um excelente ponto decontato, não obstante ele próprio se sinta totalmente ultrajado pela

idolatria dessa cidade (v.16). Por causa do evangelho, ele estádisposto a adaptar seu discurso ao nível de seu público.

 Ao ensinar uma doutrina panteísta, os filósofos atenienses haviamenco-rajado o povo a erigir locais de adoração para inúmerosdeuses.Por essa razão, Paulo diz aos seus ouvintes que eles são “muitoreligiosos”. Esse termo pode ser compreendido num sentido derro-gatório (“supersticioso”) ou como uma declaração elogiosa de fato.

No contexto do discurso, Paulo usa a expressão no sentido positivo,pois ele está interessado em conquistar a atenção da multidão ate-niense. Para completar seu elogio, ele até mesmo acrescenta aspalavras em todos os aspectos. Naturalmente devemos entenderque Paulo não está interessado em dar seu endosso à religiosidadedos atenienses, porém deseja explicar-lhes a doutrina de Cristo. Eleindica esse desejo fazendo referência explícita à ressurreição deJesus45 e colocando a fé cristã em relação aos ídolos de Atenas.“Pois enquanto (eu) caminhava.” Paulo dá a entender que, aoatravessar diariamente a cidade de Atenas, observou os objetosreligiosos de adoração. Examinou cuidadosamente os magníficostemplos, os altares e os ídolos. Dentre todos esses objetos de cultoencontrou até mesmo um altar com a inscrição:

A UM DEUS DESCONHECIDO

Ele elogia os atenienses por sua consideração ao construir um altar

até mesmo para uma divindade sobre a qual não possuíam conhe-cimento algum. Em outras palavras, eles não mediram esforços

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para não ofender nem mesmo uma deidade desconhecida. As

palavras gregas agnostos theos podem ser traduzidas por“deus desconhecido” ou por “deus incognoscível”.É preferível a primeira tradução, pois o propósito de Paulo é ensinar

que Deus, Criador dos céus e da terra, é cognoscível.Em sua palestra, Paulo usa a inscrição como ponto de contato comos atenienses que, naquele altar,cultuavam um deus desconhecido.Por intermédio de seu ato de culto, o público tem de admitir queeles estão abertos para receber ensinamentos a respeito de umdeus desconhecido, e que não podem adorar um novo deus a nãoser que o conheçam.

João Calvino comenta que é muito melhor ter o conhecimento

de Deus do que adorar sem conhecê-lo, pois Deus não podeser cultuado reverentemente a não ser que primeiro sejaconhecido. 

“Aquilo que, portanto, vocês adoram em ignorância, este eu estoulhes proclamando.” Paulo transfere o conceito desconhecido dadivindade para os adoradores. Eles cultuam sem conhecimento, oque em Atenas, cidade baluarte do conhecimento, era umacontradição. Admitem que esse deus desconhecido existe, mas nãosabem nada a seu respeito. E devem reconhecer que suaabordagem a uma adoração apropriada é deficiente devido à suaignorância.Paulo, todavia, não compara o deus desconhecido dos ateniensescom o Deus verdadeiro. Observe se que ele diz “aquilo quevocês adoram”, e não “aquele a quem vocês adoram”.Paulo chama a atenção apenas para a falta deconhecimento deles, e dessa forma aproveita a oportunidadepara apresentar Deus como Criador e Juiz do universo.

O verdadeiro sábio é aquele que ouve e as julgar o que é certo.Quando eu digo julgar no sentido de analisar para discernir o queestá certo e o que está errado e depois partir para uma açãotransformadora. De fato os atenienses apesar de eles seremidolatraras, tinha um senso crítico como ninguém. Isso fez com queeles tirassem suas conclusões por si mesmo.

Essa, portanto foi à verdadeira sabedoria dos atenienses.O apóstolo insinua que a ignorância dos atenienses em relação a

Deus é condenável e essa falta de conhecimento requer uma rápidacorreção. Paulo fala com absoluta autoridade quando diz: “Este eu

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estou lhes proclamando”. Ele fala em favor de Deus e dessamaneira sua autoridade é representativa e divinamente concedida.

 Assim sendo, o apóstolo serve como um canal mediante o qualDeus fala aos atenienses. Se eles rejeitarem a mensagem de

Paulo, estarão, na verdade, rejeitando o próprio Deus. Osatenienses sabem que um mensageiro é um arauto eles ficam semsaída. 

 Assim diz Deus, o Senhor que criou os céus e os estendeu,formou a terra e a tudo quanto produz; que dá fôlego devida ao povo que nela está e o espírito aos que andamnela. (42.5).

Paulo coloca o ensinamento concernente a Deus e sua revelaçãono lugar da filosofia estóica que enxerga deidades em cada aspectodo mundo mas não possui nenhuma doutrina da criação. O apóstoloensina o mono-teísmo em contraste com o panteísmo estóico. Eleintroduz Deus, que criou o mundo e tudo o que nele existe. Apalavra grega kosmos significa o mundo organizado de maneiraordenada “como a soma total de tudo aqui e agora”. Ao acrescentaro termo kosmos à expressão todas as coisas que nele há, Pauloressalta a organização ordeira da criação que encontra sua origem

num Deus pessoal. Ele diz que este Deus é Senhor dos céus e daterra. O apóstolo anuncia que como Senhor, Deus governa e cuidade tudo o que ele fez, inclusive dessa platéia ateniense.

 Aliás, a referência de Paulo à criação é uma repetição do discurso que proferiu em Listra (14.15-17; comparar com Gn 14.19,22; Êx20.11).

 Ali ele enfatizou que Deus fornece ao povo abundância dealimentos e enche o coração de cada um de alegria. Agora eleafirma que Deus reina sobre todas as coisas tanto no céu como na

terra “(Deus) não habita em templos feitos por mãos de homens.”Novamente Paulo proclama os ensinamentos do Antigo Testamentoao chamar a atenção para o fato de que Deus não vive em temploserigidos por mãos humanas (veja 7.48; 1Rs 8.27).Uma argumentação simples deveria ser capaz de convencer osatenienses de que Deus, Criador do céu e da terra, não pode serconfinado aos limites de um templo.“E ele não é servido por mãos humanas como se precisasse dequalquer coisa.” Deus é imensuravelmente maior do que a mente

humana pode jamais imaginar. Logo, nos salmos, Deus diz queporque tudo nesse mundo lhe pertence, ele não tem necessidade

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alguma de touros e cabritos como animais sacrificiais (Sl 50.8-13),isto é, Deus não depende de sacrifícios que o homem lhe traz. Comesse ensino, Paulo encontra um ouvido atento entre os filósofosatenienses. “Aqui podem ser discernidas semelhanças com a

doutrina dos epicureus de que Deus não necessita de nada dosseres humanos, bem como à crença dos estoicos de que ele é afonte de toda a vida ...” “Ao contrário, ele dá vida a todos, fôlego etodas as coisas.” Deus é um Deus pessoal que não somente cria,mas também sustenta tudo o que ele fez. Este Deus auto-suficientecuida diariamente do homem e de sua esplendorosa criação emseus mínimos detalhes. Ele é a fonte da vida, pois dá a respiração atodas as criaturas viventes. Observe-se 5o impressionante contrastefeito por Paulo nesse versículo (v. 25). Ele diz que Deus, que “denada necessita”, providencia “todas as coisas” para todos. Nogrego, a expressão todas as coisas indica que Deus, em seusustento ao homem, não exclui absolutamente nada da totalidadeda criação. Deus dá ao homem tudo de que ele necessita, e dessaforma o sustenta pelo seu poder.At; 26. “Ele fez de uma só pessoa toda nação da raça humana

para habitar sobre toda a face da terra, e ele determinou ostempos designados para estas nações e os limites da suahabitação. At; 27. Elas devem buscar a Deus, se talvez,tateando, o possam encontrar, apesar de ele não estar longe de

cada um de nós.”

Observem-se os quatro pontos seguintes

1. Criação – Os atenienses dividiam os povos do mundo em duasclasses: os gregos e os bárbaros. Todo aquele que não tivessenascido na Grécia era considerado um bárbaro. Paulo desafia essateoria focalizando a atenção na origem do homem. Sem mencionarsua fonte, ele ensina a narrativa da criação de Gênesis e declara

que Deus é o Criador do homem (Gn 2.7). E mais, de um sóhomem, Adão, Deus fez todas as nações desta terra. O propósitode Deus era ter o globo inteiro habitado pelas diversas nações quetiveram origem nesse único homem (Gn 1.28; 9.1; 11.8,9). Issosignifica que a raça humana é integralmente relacionada e seusmembros povoam toda a terra (comparar com Ml 2.10). Por causade sua origem comum, o judeu não deve desprezar o gentio e o

5 A palavra grega pasi (que pode ser masculina ou neutra) se refere ao homem; todavia

não exclui o restante da criação de Deus possuidora de vida e fôlego. Eis aqui umatradução inclusiva: “É ele próprio o doador universal da vida, da respiração e de tudo omais”

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filósofo ateniense não deve detestar o judeu. Deus, que criou ahumanidade, a governa e a sustenta. Por essa razão o homemdeve reconhecê-lo como Criador e Senhor.2. Providência – Deus governa sua criação e especialmente o

desenvolvimento das raças e nações. “Ele determinou os temposdesignados para essas nações e os limites da sua habitação”, istoé, o próprio Deus está no pleno controle definindo suas épocas efronteiras. Os gregos ensinavam que eles tiveram sua origem nosolo no qual habitavam. O ensinamento de Paulo, portanto,conflitava com a própria teoria de origem deles; mas o apóstolosubstituiu essa teoria defeituosa pela revelação de Deus acerca dalinhagem do homem.

Qual é o significado da expressão tempos designados? Um pontode vista é o de que Deus determinou, de uma vez por todas, as es-tações do ano (veja 14.17; Sl 74.17).55 Outros intérpretes enten-dem que a frase se refere a “épocas históricas”.Baseiam sua expla-nação no contexto imediato da criação de Adão e as nações quedele descenderam. Portanto, dizem que Deus designou a taisnações períodos da História nos quais elas prosperam.Uma terceira interpretação explica a palavra tempos com referênciaàs pessoas que compõem as nações. No passado, Deus designouos tempos exatos para toda pessoa e no presente ele os cumpre.

Porque o texto fala de nações, e não das pessoas individualmente;eu prefiro a segunda opção e interpreto a frase como “épocas his-tóricas determinadas por Deus”. Lucas, em seu Evangelho, tambémemprega a palavra tempos significando épocas; ali ele observa queJerusalém será destruída “até que os tempos dos gentios secompletem” (Lc 21.24).

 A segunda opção corresponde à cláusula seguinte: “[Deusdeterminou] os limites da sua habitação”, que parece ser um eco do

verso do Cântico de Moisés, “Quando o Altíssimo distribuía asheranças às nações,... fixou os limites dos povos” (Dt 32.8). Deus,então, determinou as épocas e os limites das nações deste mundo.Os limites frequentemente são demarcações geográficas feitas porcorpos aquáticos (mares, lagos, rios) ou cadeias demontanhas.Sabemos que Deus determina onde as nações domundo devem residir. Busca – Paulo diz que Deus expressou umpropósito duplo para a raça humana: habitar na terra e “buscar aDeus”. Esses propósitos estão inter-relacionados, pois habitar nesta

terra implica buscar a Deus.Em outras palavras, a segunda frase é uma explicação da primeira.

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Deus criou o homem para que o adore. Mas como é que a pessoabusca a Deus? O Antigo Testamento está repleto de exemplos depessoas buscando a Deus com o propósito de servi-lo. Os Salmosregistram numerosas referências à busca de Deus, e os livros dos

profetas advertem e exortam continuamente o povo a buscá-lo e aobedecer a ele. Paulo qualifica seu comentário a respeito daspessoas buscando a Deus e exprime um desejo: “se talvez,tateando, o possam encontrar”. Ele espera que as pessoas, apesarde cegas pelo pecado, possam tatear buscando a Deus, seuCriador – semelhante a alguém que, privado de capacidade visual,estende as mãos e toca um outro ser humano sem conseguir vê-lo.O autor de Hebreus ressalta essa mesma verdade, porém a colocano contexto da fé verdadeira. Ele diz: “De fato, sem fé é impossívelagradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que seaproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoadordos que o buscam” (Hb 11.6).

Paulo toca num princípio da religião estóica quando, apelando paraa atenção de seu público pagão, ele diz: “[Deus] não está longe decada um de nós”. O apóstolo passa do conceito geral das naçõespara a ideia específica da pessoa individualmente, ensinando quereligião é um relacionamento individual entre Deus e o homem.Todo ser humano é pessoalmente responsável perante o seu Deus.

Entretanto, Paulo diverge da filosofia estóica com seu ensinamentode que Deus, de uma maneira impessoal, está presente em todaparte. Por contraste, o apóstolo ensina que nós podemos ter umrelacionamento pessoal com Deus, pois ele está perto de seu povo(veja Sl 139.5-12; 145.18; Jr 23.23).

AT; 28. “‘Pois nele nós vivemos, e nos movemos, e existimos.’Assim como até mesmo alguns dos seus próprios poetasdisseram: ‘Somos sua descendência’.”

Estabelecendo uma identificação com sua platéia ateniense, Paulocita textos de dois poetas gregos. Ambos os escritores exaltam asvirtudes do deus Zeus. O primeiro é um poeta cretense chamadoEpimênides (600 a.C.). As palavras de seu poema aparecem numcomentário do século 9º, escrito em siríaco por Iso’dad de Merv,que comenta: “Os cretenses diziam como verdade a respeito deZeus, que ele era um senhor; foi dilacerado por um javali e foisepultado; e veja”! Seu túmulo é conhecido entre nós; assim Minos,

filho de Zeus, proferiu um discurso de louvação em favor de seu pai;e nesse ele disse: ‘’Os cretenses entalham para ti um túmulo,

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Ó Santo e altíssimo! mentirosos, bestas selvagens e lentosglutões pois tu não estás morto para sempre; tu estás vivo eressurreto; pois em ti nós vivemos e nos movemos, e temos onosso ser.’”

At; 30. “Havendo deixado passar os tempos de ignorância,Deus está agora ordenando que todos os homens em todos oslugares se arrependam. V 31. Pois Deus designou um dia noqual ele irá julgar o mundo com justiça por meio de um homemque nomeou. Ele forneceu prova a todos os homens tendo-oressuscitado dentre os mortos.”

Deixar passar – Se os gentios decidirem se defender afirmandoque agiram por ignorar os mandamentos de Deus, Paulo lhes dizque Deus não levou em conta seus atos de ignorância pecaminosa(veja 3.17; 13.27), isto é, Deus não julgou o povo nem tampoucoaplicou o castigo merecido por seus pecados, mas, em vez disso,fez vista grossa, por assim dizer. Em outras duas vezes Paulolevanta esse mesmo ponto. Primeiro, em seu discurso ao povo deListra, o apóstolo declara que no passado Deus permitiu às naçõesgentias viverem segundo seu próprio modo de vida (14.16). Issonão quer dizer que Deus desculpa as nações, pois ele as

responsabiliza por seus atos (Rm 1.19,20). Mas quando essesgentios ouvem a proclamação do evangelho, seus tempos deignorância chegam ao fim. Se ouvem a boas-novas e não searrependem, eles perdem a oferta da salvação de Deus e sofrem,consequentemente, o castigo eterno.Em segundo lugar, em Romanos 3.25 Paulo escreve que Deustolerou os pecados que o povo cometera em tempos passados edessa forma não os levou em conta. Mas agora que Cristoderramara seu sangue pelos pecados de seu povo, Deus está

pronto para perdoar esses pecados do passado, assim comoperdoa os pecados daqueles que se arrependem e se achegam aele agora.Paulo diz aos filósofos atenienses que Deus, no presente,ordena que “todos os homens em todos os lugares se arrependam”.Essa é uma ordem divina que ninguém pode ignorar. Porque Cristoderramou o seu sangue na cruz pela remissão do pecado, é dito atodos os povos de todas as nações, tribos, raças e línguas que searrependam, creiam e cessem de viver em ignorância e pecado,tão logo ouçam a mensagem do evangelho ser proclamada

(comparar, por exemplo, com Lc 24.47).

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 _______Dia do juízo _______

Paulo chega agora ao cerne da questão: “Pois Deus designou umdia no qual ele irá julgar o mundo com justiça por meio de umhomem que nomeou”. Paulo não menciona o nome de Jesus Cristo,porém continua a falar dos atos de Deus. Ele diz que Deus desi-gnou um certo dia como o dia do julgamento. A referência doapóstolo ao juízo divino é uma advertência para que o povo searrependa, evitando assim o dia que leva à condenação, ruína edestruição. A mensagem do juízo divino faz com que as pessoasconfessem seus pecados e creiam em Cristo (10.42), ou entãoendureçam o coração e voltem às costas para Deus (24.25,26). Nodia do julgamento Deus julgará o mundo em justiça (Sl 9.8; 96.13;98.9). Paulo ensina que Deus é tanto o Criador do homem quantoseu supremo Juiz. Apesar de o apóstolo se referir indiretamente aJesus Crsito como “um homem que [Deus] nomeou”, ele dá aentender que esse homem é o segundo Adão. De um só homem (oprimeiro Adão) Deus fez toda a raça humana (v. 26), e na presençade um outro homem (o segundo Adão) toda a humanidade será

 julgada (v. 31). O próprio Jesus ensina que Deus deu a ele, o Filho

do homem, a autoridade para julgar o mundo (Jo 5.22,27).

Mas os atenienses podem perguntar se esse homem, quepermanece sem nome, possui autoridade divina para julgar omundo. Que prova pode esse homem fornecer de que Deus lheconferiu o poder para julgar?Paulo declara afirmativamente que o próprio Deus apresenta provaa todos os homens, porque ele ressuscitou esse homem dentre osmortos. Os gregos, sem dúvida, têm dificuldade em compreender

como a ressurreição de um homem pode constituir prova de queDeus o tenha nomeado para julgar o mundo. Eles ensinavam aimortalidade da alma e a destruição do corpo, porém não possuíamdoutrina alguma a respeito da ressurreição.Mantendo-se fiel ao seu formato apostólico, sempre que Pauloprega as boas-novas, ele ensina a ressurreição de Jesus Cristo.Para os apóstolos, esta doutrina é básica à fé cristã e deve serproclamada tanto a judeus como a gentios.Portanto, Pauloapresenta esta doutrina fundamental sem se desculpar, e

demonstra que ela é a prova dada por Deus para nomear um

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homem, a saber, Jesus Cristo, como supremo Juiz (comparar com1Ts 1.9,10).

 A fala de Paulo é bruscamente interrompida quando sua platéia serecusa a aceitar a doutrina da ressurreição. Depois de extensiva

introdução para estabelecer uma identificação com seu público,Paulo começa a desenvolver a parte principal de seu discurso: asboas- novas de salvação. Quando ele menciona a doutrina daressurreição, seus ouvintes não mais demonstraminteresse6,apesar de esse ser o tópico que Paulo vinha ensinandona praça do mercado antes de ter sido convidado para se dirigir aoConcílio do Areópago (v. 18). O discurso do apóstolo não mencionaa morte de Cristo na cruz nem a sua volta; entretanto a falaapresenta alguns elementos básicos do evangelho: pecado,arrependimento, juízo e ressurreição.

Nota Adicional Sobre o Discurso no Areópago

No sentido exato da palavra, o discurso de Paulo em Atenas não éuma defesa da fé cristã. Pelo contrário, sua fala constitui tanto umdesafio à religião pagã como uma proclamação do evangelho. Aose dirigir ao Concílio do Areópago, Paulo encarou um públicodiferente daquele que se reunia nos cultos da sinagoga. Em pédiante dos filósofos atenienses, o apóstolo não podia presumir queeles tivessem qualquer conhecimento das Escrituras ou a respeitode Jesus, que cumprira as profecias das mesmas Escrituras. Paulotinha de iniciar seu discurso ensinando aos seus ouvintes asdoutrinas de Deus e da criação. Ele continuou sua lição com adoutrina do homem, pois este é descendência de Deus. E concluiusua fala com as doutrinas do juízo e da ressurreição.

 Afirmamos a historicidade da visita de Paulo ao Concílio do Are-ópago. Nessa reunião, Paulo, o apóstolo dos gentios, apresentousua plateia pagã aos ensinamentos da fé cristã. Ele comentou que

Deus criou o homem, designou um dia para o julgamento e nãolevou em conta os pecados cometidos pelo homem no passado.

 A semelhança entre esse discurso e os escritos de Paulo dá peso àautenticidade dessa passagem. Por exemplo, em sua carta aosromanos, o apóstolo menciona que Deus se fez conhecido nacriação, que ele julga os segredos do ho-mem por intermédio de

6 Leland Ryken afirma que a construção do discurso de Paulo revela que ele tinha a

intenção de apresentar um discurso clássico, porém foi interrompido. Stonehouse, entretanto,acha que o discurso está completo. 

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Jesus Cristo, e que Deus demonstrou sua clemência deixandopecados sem castigo (Rm 1.19-21; 2.16; 3.21-26).

 Apesar de Paulo fazer alusão a uma inscrição num altar (“a umDeus desconhecido”) e citar algumas linhas provindas de fontes

pagãs, ele em nenhum lugar indica que o evangelho “pode sercomparado com a religião e filosofia pagãs”. Paulo usa essascaracterísticas pagãs como pontos de contato com sua platéia,porém se recusa a acomodar e fazer concessões à mensagem doevangelho. A esse respeito ele é fiel ao seu Deus, que dá aohomem a lei para não ter quaisquer deuses perante ele. Quer Pauloencare uma platéia judia, quer seja uma reunião de pagãos, eleensina fielmente a inflexível verdade da revelação de Deus. Emseus relatos das três viagens missionárias de Paulo, Lucas incluium discurso proferido em cada uma delas. Para a primeira jornada,ele apresenta o relato do sermão de Paulo entregue em Antioquiada Pisídia. Para a segunda, registra o discurso do apóstolo no

 Areópago, e para a terceira, a fala de despedida de Paulo aospresbíteros efésios na praia em Mileto.

Lucas retrata Atenas como o centro cultural e intelectual do mundo,onde a mensagem do evangelho encontra a sabedoria dos gregos.O resultado desse encontro é que um proeminente membro doconcílio, uma senhora de alta posição, e vários outros se tornam

cristãos. Entretanto, o efeito limitado não deve ser atribuído aodiscurso de Paulo, mas à recusa dos atenienses em ouvir e aceitaro evangelho. A falta de reação favorável é insignificante emcomparação com a marcha do evangelho.Num certo sentido, o encontro de Paulo com os sofisticadosatenienses nos meados do século 1º é característico da missão daigreja ao mundo secular de hoje. Devemos considerar um fracassoa missão de Paulo em Atenas? Certamente que não, porque aigreja tem o dever de proclamar o evangelho em todas as áreas da

vida e chamar as pessoas ao arrependimento e à fé em JesusCristo.

At;32. Quando a platéia ouviu acerca da ressurreição dosmortos, alguns começaram a zombar. Outros disseram: “Nósqueremos ouvi-lo outra vez a respeito disso”. 33. Então Paulose retirou do meio deles. 34. Mas alguns homens se tornaramseus discípulos e creram. Entre eles estava Dionísio, oareopagita, e uma mulher chamada Dâmaris e outros com eles.

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 Alguns filósofos atenienses, dentre eles Platão, haviam desenvol-vido uma doutrina da imortalidade da alma. Eles argumentavam quea alma migrava para um outro lugar, mas que a morte concluía aexistência física do homem. Os filósofos no público de Paulo rejei-

tam seu ensino de uma ressurreição física, pois “a idéia de umaressurreição geral no final dos tempos é estranha aosgregos”.Como resultado,disso, alguns dos ouvintes de Paulocomeçam a escarnecer, indicando, portanto, que sua mensagemlhes é inaceitável. Para eles, a doutrina da ressurreição é fora depropósito. Outros mostram interesse pelo assunto e dizem a Pauloque gostariam de ouvi-lo outra vez. Lucas não fornece evidênciaalguma de que tenha havido uma divisão entre os dois partidosfilosóficos (epicureus e estóicos) a respeito dessa questão.Portanto, não podemos determinar quem, nessa platéia de Paulo,queria ouvi-lo novamente a respeito desse tópico.

Quando Paulo se retira do Concílio do Areópago, ele se dá contade que sua mensagem fora rejeitada. Encontrando tanto pungentezombaria como polida indiferença, ele sabe que sua estada em

 Atenas deve chegar ao fim. Ele não fora capaz de penetrar o mundointelectual dos filósofos atenienses com o evangelho de Cristo. Porvontade própria, ele deixa a platéia.Todavia o trabalho de Paulo não foi em vão, pois Lucas relata que

alguns passam a ser seus seguidores e crentes em Cristo. Estaspodem ter sido as pessoas que lhe pediram para falar-lhesnovamente a respeito da doutrina da ressurreição. Lucas cita duaspessoas, um homem e uma mulher. A primeira é Dionísio, umareopagita, e obviamente membro do concílio governante. A outra éDâmaris, de quem nada mais é revelado. Alguns estudiosossugerem que ela era conhecida pelo nome de Damalis (quesignifica “novilha”), era estrangeira, pertencia à classe dos eruditos,e tinha acesso às assembléias públicas do concílio.

 Além de Dionísio e Dâmaris, tornaram-se cristãos pessoas querepresentavam diferentes antecedentes. Presumimos que Paulotenha permanecido por algum tempo em Atenas a fim de instruiresses crentes a respeito do evangelho (comparar com 1Ts 3.1,2).Mas nem o Novo Testamento, nem tampouco os pais da igrejaprimitiva, fazem referência à fundação de uma igreja em Atenas.No entanto, Eusébio, historiador do século 4º, escreve: Dionísio, umdos anciãos, pastor da diocese dos coríntios [aproximadamente170 d.C.], relata que o primeiro bispo da igreja em Atenas era

membro do Areópago, o outro Dionísio, cuja conversão original

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depois do discurso de Paulo aos atenienses no Areópago Lucasdescreve em Atos.E por fim, quando Paulo escreve que os membros da casa deEstéfanas em Corinto foram os primeiros convertidos na província

de Acaia (1Co 16.15), sem dúvida ele não tinha Atenas em mente,mas a península da Peloponésia, tendo Corinto como sua capitalprovincial.

PANTEÍSMO 

Deriva do grego pan (tudo) e theos (Deus). Literalmente, significa “tudo e Deus”. Especificamente, a metafísica dopanteísmo, sua visão da realidade, afirma duas coisas: a unidadede toda realidade e a divindade dessa unidade.O panteísmo eparalelo ao naturalismo no aspecto em que ambos asseverama existência de somente uma realidade; todavia, em contrastecom o naturalismo, considera a realidade divina. O panteísmo seiguala ao teísmo* em outro aspecto, o de ambos reconhecerem queo mundo depende de Deus; mas, diferentemente do teísmo, nãosustenta a existência do mundo como separada da de Deus.

O panteísmo costuma ensinar que os opostos lógicos seamalgamam no ser divino. Os pares conceituais, como bem/mal,pessoal/ impessoal, ou mesmo A/não. A não podem ser separadosem Deus; funcionam somente na esfera do pensamento lógico. Emesferas mais elevadas da realidade, as distinções conceituais nãofuncionam porque tratam como dividido o que realmente não é

dividido. Uma vez que a linguagem depende da lógica, ospanteístas usualmente afirmam Deus* como inefável ouindescritível. Epistemologicamente*, em seu modo de conhecer, ospanteístas podem ser classificados em duas categorias gerais. Ospanteístas religiosos geralmente são místicos*. O misticismo ensinaa adoção de uma comunhão com Deus que ignora o pensamentodiscursivo. Por meio de práticas ascéticas*, ou meditativas, osmísticos alegam experimentar Deus de forma direta, intuitiva e/ouinefável. Os panteístas filosóficos usam comumente o racionalismo,

o método de uso da razão não adulterada pelos dados dossentidos, para o conhecimento de Deus. Entre os

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representantes desse último grupo encontram-se Baruch Spinoza* eGeorg W. F. Hegel*.

O panteísmo religioso está presente em cada uma das cinco

principais religiões do mundo. Mais particularmente, as maisdestacadas religiões procedentes da Índia, ou seja, o hinduísmo* eo budismo* chamado mahayana (“Veículo Maior”), pressupõem eaceitam o panteísmo existente nas antigas escrituras hindus,Upanishades. Entre seus principais propugnadores atuais, estão oreligioso hinduísta Sarvepalli Radhakrishnan (1888-1975) e ofilósofo zen-budista D. T. Suzuki (1870-1966).Mas os panteístas podem ser também encontrados nas principaisreligiões teístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.No cristianismo, místicos como João Escoto Erigena*, MeisterEckhart (c. 1260-1327) e Jacó Boehme* chegam próximo, pelomenos, do panteísmo, como resultado da influência do místiconeoplatonista Plotino (c. 205-270; Contudo, os teístas em geral têmresistido às expressões panteístas.Sustentam, quase sempre, que o panteísmo destrói a personalidadee a bondade de Deus ao afirmar que ele está além de opostosconceituais como personalidade / impersonalidade e bem/mal.Criticam também o panteísmo por sugerir que a vida neste mundo,inclusive a ética, tem pouca importância. O cristianismo bíblico, em

particular, acha o panteísmo inaceitável por obscurecer adistinção entre o Criador* e suas criaturas.Filósofos que argumentam contra o panteísmo levantam diversasquestões. Que evidência empírica, por exemplo, poderia se levarem conta, de qualquer modo, para a alegação de unidade feita pelopanteísmo? Além disso, que razões poderiam ser apresentadaspara se chamar essa unidade de divina?

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PAPADO 

 A Constituição do Vaticano II sobre a Igreja (CatólicaRomana)declara: “O Pontífice Romano, como sucessor de Pedro, é

a fonte e o fundamento visíveis e perpétuos da unidade dos bispose da multidão dos fiéis” (Lumen Gentium, 23). O papado (do lat./gr.papa (s), significando “pai”) destina-se a exercer um ministério decoesão da Igreja (Romana), preservando sua mensagem e missãoapostólicas e sua identidade católica ou universal.Desenvolvimentos atuais do ecumenismo têm enfocado suaatenção no possível papel ecumênico desse ministério.

Na Igreja primitiva, importância especial foi dada a determinadoscentros do cristianismo, como Alexandria* e Antioquia*, parecendoser necessário investir seus bispos de maior autoridade. O fatordeterminante de tal decisão seria sua ação destacada na missão eno testemunho apostólicos. Esse era notadamente o caso de Roma,onde, ao que constava, teriam sido martirizados os apóstolos Pedroe Paulo. Nesses apóstolos, tinha-se bem representada a ideia deestarem unidas as missões judaica e gentílica da Igreja, sendo seutestemunho, além do mais, coroado com o que se considerava oselo supremo do martírio. Ireneu* se refere à “mais poderosa

origem” da igreja de Roma e à consequente necessidade de outrasigrejas de concordarem com ela (Contra heresias III.3.3). Isso veio adar impulso significativo à aceitação da carta do papa Leão 1 sobrecristologia* no Concilio* de Calcedõnia, em 451. Também aimportância política da cidade de Roma fez crescer, bemnitidamente, o prestígio de seu bispo. No século III, começaram aser feitas alegações a favor do bispo de Roma, baseadas em textos“petrinos” (Mt 16.18; Lc 22.31,32; Jo 21.15-17). Tertuliano chegou arefletir sobre a aplicação da frase de Jesus em Mateus: “Você é

Pedro” para a primazia romana. Líderes subsequentes da Igreja,incluindo Agostinho*, mostraram-se mais hesitantes nesseparticular, preferindo usar o texto de Lucas “fortaleça seus irmãos”.

 Analogia foi feita também entre o papel de Pedro entre os apóstolose o de seu vigário, ou sucessor, na sé de Roma entre os outrosbispos, sendo o ofício petrino considerado, na melhor dashipóteses, como um ministério* de serviço, não de dominação.Pelo que sabemos, as comunidades cristãs mais antigasconsideravam Pedro como o primeiro dentre os Doze: ele foi o

primeiro a ser chamado por Jesus (Mt 4.18,19); o primeiro citado nalista dos apóstolo (Mt 10.2); o primeiro a confessar Jesus como o

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Messias (Mt 16.16); o primeiro apóstolo a ver o Senhor ressuscitado(ICo 15.5) e o primeiro a proclamar as boas novas (At 2.14).Todavia, Pedro, em certa ocasião, foi considerado em erro e emnecessidade de repreensão (G1 2.11). Além disso, há grande

diferença entre reconhecer a importância do papel de Pedro e aalegação de os bispos de Roma serem seus sucessores. A teologiacatólica contemporânea tende a dar significado menor do que nopassado quanto às reivindicações com base nos textos petrinos,mas continua a enfatizar a importância do oficio de Pedro.Desde os seus primeiros tempos, a história do papado tem sidoa de seu crescimento em poder político e de vindicações de ordemespiritual. As ciladas do governo imperial de Roma para derrubáloou neutralizá-lo foram sendo pouco a pouco contornadas outornadas sem efeito pelo bispado da “cidade eterna”. A tensãocresceu entre fiéis ao governo leigo e o papa romano, até que opapa Gregório VII (1073-1085) ganhou a batalha pelo direito daIgreja de fazer suas nomeações sem interferência leiga, culminandocom um humilhante comparecimento do imperador alemãoHenrique IV a Canossa (1077). Gregório chegou até a reivindicarpoder temporal completo sobre a cristandade ocidental. O conflito,todavia, persistiu. Bonifácio VIII (1294-1303) apresentava duasespadas à sua frente, para simbolizar seus poderes temporais eespirituais. Sua bula Unam Sanctam (1302) não somente declarou

não haver salvação ou perdão fora da Igreja, mas também que aIgreja toda deveria se identificar com a igreja de Roma, sob osenhorio de Pedro e seus sucessores.

 A Igreja grega do Oriente, da qual o Ocidentehavia se separado no século XI, acabou sendo explicitamenteconsiderada como excluída. Pouco ou nada mais de tudo isso tinhaainda que ver com a Igreja de Roma dos primeiros séculos.Somente após 0 papado haver sido desapossado dos Estados

papais, no século XIX, foi que começou a ser revertida a politizaçãoda sé romana. O conceito de autoridade temporal, na verdade, nãodesapareceu tão facilmente.

 A autoridade espiritual do bispo de Roma, por seu turno, tornou-seuma das principais fontes de disputa em controvérsia conciliar noséculo XV. Em uma época de cismas, comdois ou mais papas disputando o poder, um concilio ecumênicopareceu ser a solução ideal. Honório 1° foi formalmenteanatematizado por heresia no Concilio de Constantinopla em 681;

e, no entanto, o Concilio de Florença (1438-1445) acabou ficando,

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afinal, do lado da superioridade do papa sobre os concílios,revertendo a decisão do Concilio de Constança de trintaanos atrás. Essa situação desconfortável tornou-se particularmenteevidente na França, onde desde o século XIII revelara-se um

espírito independente dentro da Igreja. O galicanismo, como ficousendo chamado seu corpo de doutrina, pretendia a independênciada Igreja Católica francesa da autoridade eclesiástica do papa. Umestatuto intitulado Artigos Galicanos (1682)reafirmou a superioridade do concilio sobre o dirigente romano,sustentando assim os decretos de Constança. Proclamou tambémque o julgamento do papa não era irreformável até que fosseconfirmado por um concilio geral. Com base nessa cláusula,adeptos franceses do jansenismo, movimento católico francês detonalidade protestante (ver Agostinianismo), chegaram a apelarpara convocação de um concilio quando a bula papal Unigenitus(1713) condenou suas crenças. Os Artigos negavam ainda aspretensões papais de domínio sobre os governantes civisou de poder impedir seus súditos de lealdade a eles.Movimentos como o galicanismo conduziram de maneira crescentea uma reação, chamada de ultramontanismo.7 

 A possibilidade de fazer desaparecer grupos com erros heréticosfez que muitos desejassem investir mais e mais autoridade no

sistema centralizado da cúria papal. Desenvolvimentos anticristãose liberais após a Revolução Francesa, em 1789, vieram à tona noséculo XIX. O clímax do ultramontanismo foi a declaração deinfalibilidade papal no Concilio Vaticano I, em 1870. Pio IX (1846-1878) deu pela primeira vez ao papado uma imagem pessoal e acessível, atualmente tão familiar. Houve, no entanto, séria divisãono concilio quanto a esse aumento do poder papal. 

O Concilio Vaticano I declarou que o papa falava infalivelmente em

assuntos de fé e moral ao dirigir-se ex cathedra à totalidade daIgreja. Um grande número de salvaguardas foi elaborado, de talmaneira que se tornou praticamente impossível julgar de modoretrospectivo quais os pronunciamentos papais seriam infalíveis. Asúnicas afirmações conhecidas como preenchendo tais condiçõessão os dogmas concernentes à imaculada conceição da VirgemMaria* (1854) e sua assunção corporal ao céu (1950). Ambos essesdogmas careceram de autorização escriturística ou histórica e nãopoderiam ser descritos como assuntos de urgência que não

7 Doutrina que defende a posição tradicional da Igreja católica italiana de sustentar atese da infalibilidade do papa.

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pudessem esperar por um concilio. O Concilio Vaticano I recorreuao uso do “direito divino” dos sucessores de Pedro, embora nãohaja uma interpretação uniforme sobre essa expressão até hoje. Foitambém reivindicada para o papado a jurisdição universal. O

término abrupto do concilio, quando soldados italianos sitiaramRoma, evitou a emissão de qualquer afirmação categórica posteriora respeito do papel dos bispos. Embora não negando as resoluçõesdo Vaticano I, o Concilio Vaticano II (1962-1965) deu ênfase àtotalidade do colégio de bispos, em que o bispo de Roma é consi-derado “primeiro entre os pares” (ver Colegialidade*), agindo

 junto com todos e como porta-voz de todos, não de modoindependente.

O papa pode ser visto, assim, hoje como, um foco da fé e da co-munhão católica. Para os não católicos, no entanto, continuam,na Igreja romana, as principais dificuldades, resultantes da falta deapoio escriturístico e das diferenças entre a obra ideal e real do pa-pado, além de séria dúvida sobre se é possível ou desejáveluma pessoa desempenhar esse papel da igreja de cristo.

RELIGIÃO 

Embora o significado deste termo possa parecer evidente, não háuma definição que, de um modo geral, concorde, além de ser usadoem sentidos amplamente diferentes por diferentes escritores.Em seu uso latino original (religio), Cícero a definiu como o ofere-cimento de honra, respeito e reverência devidos ao que é divino,

referindo-se aos deuses pagãos (Cícero, A natureza dos deuses,2.3.8; Invenção 2.53.161). Ele distinguiu entre “religião”, o dever dehonrar aos deuses, e “superstição”, um temor vazio destes (Anatureza dos deuses, 1.4.2). Começaremos por essa definição maisrestrita de religião, como a crença em Deus ou deuses, juntamentecom os resultados práticos de tal crença ao ser expressa em ado-ração, ritual, visão particular do mundo e da natureza do homem eseu destino, assim como da maneira pela qual alguém deva viversua vida diária. Convém também distinguirmos, como fez Cícero,en-tre a religião por si mesma e outras coisas que a ela possam estarassociadas ou façam parte dela.

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O uso mais amplo possível da palavra “religião” detectado até hojeencontra-se possivelmente em um documento, de uma fonte decaráter oficial britânica, intitulado Discovering an Approach:

Religious Education in Primary Schools [Verificando umaabordagem: a educação religiosa nas escolas primárias] (London,1977), que se propõe a usar esse termo “tanto no sentido estrito,para se referir a uma religião em particular, quanto no sentido maisamplo, para abarcar sistemas de crença religiosa e não religiosa” .De fato, esta é uma assertiva bastante indefinida, confusa e inex-plicável. Em língua inglesa, e em algumas áreas ligadas à educaçãoreligiosa, é comum o uso da expressão “religião implícita” para indi-car o estudo de coisas que não são religiosas em si, mas que po-dem ter um significado religioso para pessoas religiosas. Assim, porexemplo, a beleza das flores, que é em si mesma somente estética,pode ser vista, de modo religioso, como uma obra de Deus,tornando-se, assim, parte da própria religião.

Nem sempre se pode considerar uma ou outra fé de caráteraparentemente religioso sendo constantemente uma religião ounão. É o caso do budismo. Em sua forma mais ampla e geral, emque ocorre a adoração a deuses e por vezes ao próprio Buda, o bu-dismo constitui, sem dúvida, uma religião. Todavia, em sua forma

mais estrita, pode ser considerado como simples filosofia de vida. Alguns estudiosos, como Donald Horder, já têm até proposto mudara definição de religião para poder nela incluir o budismo e mani-festações ou movimentos humanos similares.

 Algumas distinções, a seguir, podem ajudar-nos a definir religião.Enquanto a teologia é um estudo intelectual, sistemático e teórico,a religião se refere à totalidade do homem e à sua ação. A religião éa prática; a teologia, a teoria. A política, como tal, trata dos afazeres

deste mundo, enquanto a religião tem uma referência divina. Mas avisão política de uma pessoa religiosa será naturalmente moldadapor suas concepções religiosas e sua escala religiosa de valores. A ética cuida do modo de vida das pessoas e do lidar com elas,podendo ser totalmente não teísta. A religião inclui o modo de vida,mas está relacionada ao divino. A cerimônia e os rituais são por simesmos ações puramente externas, enquanto a religião é tantointerna quanto externa; a religião pode ser expressa em cerimoniaise rituais, mas estes não necessariamente expressam religião.

O esporte pode produzir um entusiasmo muito grande, em nível

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puramente humano. A religião pode também produzir entusiasmoe excitação emocional, mas com uma referência obrigatoriamentedivina. Sejam os fortes sentimentos expressos na religião proce-dentes diretamente de Deus, sejam gerados, em parte, por asso-

ciação com outros de persuasão similar, tais sentimentos es-tão, dequalquer modo, ligados à crença religiosa. As emoções envolvidas no esporte e na religião podem, para opsicólogo, ser muito semelhantes, mas isso não justifica incluir oesporte na categoria de religião, como alguns têm tentado fazer. Asimilitude é somente superficial e em um só nível. Barth fezdistinção entre religião até mesmo a religião cristã.

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P R DOXO EM TEOLOGI

O paradoxo, o inesperado e aparentemente irracional ou impossível(do gr. para e doxa, “contra a opinião”), ocorre no pensamentohumano em três esferas:

1. O paradoxo verbal, uso de palavras que, por ligar ideias que pa-recem impossíveis, desafia o pensamento em curso e leva a novasquestões. Eis alguns exemplos: “cujo serviço é a perfeita liberda-de”(Livro de Oração Comum); “Quem acha a sua vida a perderá”(Mt 10.39); ver também 2Co 6.4-10. Os paradoxos verbais são

resolvidos por explicação e reformulação. Os teólogos frequente-mente usam o paradoxo verbal para chamar a atenção e provocarreflexão, e.g., “simultaneamente justo e pecador” (Lutero); que oFilho de Deus morreu “deve ser crido porque é absurdo”(Tertuliano); a ressurreição “é certa, porque é impossível” .Tais afirmações dependem de explicações específicas sobre aspalavras usadas e podem ser substituídas por afirmações nãoparadoxais.

2. O paradoxo lógico,

uma forma aparente de se autocontradizer em asserções sobrematérias de fato. Os paradoxos lógicos têm fascinado os filósofos,tais como Zenão, o estóico, ao argumentar que, uma vez que a dis-tância é infinitamente divisível e deve-se passar cada segmento seuantes de alcançar o próximo, o coelho nunca poderia ultrapassar atartaruga. Ou, então: “Se eu disser que sempre minto, posso estar

falando a verdade? Se sim, então, não”. Para resolver paradoxosdessa espécie, torna-se necessário o uso de técnicas de análisefilosófica.

3. O paradoxo ontológico, que é a aparente incompatibilidade deafirmações descrevendo a realidade, ou de inferências retiradasdessas afirmações. Kant’’ chamou a isto de antinomia. Em teologia,tomando-se as Escrituras como critério para a realidade de Deus,

alguns exemplos de paradoxos ontológicos são: a tripersonalidadedentro da unidade e singularidade de Deus (ver Trindade*); “nosso

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Deus, contraído a um limite, incompreensivelmente feito homem”(Carlos Wesley, falando sobre a encarnação); fé como ato dohomem e igualmente dom de Deus; Deus ordenando esupervisionando toda ação humana sem destruir a liberdade e a

responsabilidade do homem; ou Deus se tornando o autor dopecado, em sentido moralmente culpável ou, ainda, determinandoa palavra de profetas, apóstolos e escritores bíblicos sem impedirsua liberdade, espontaneidade e auto expressão.

Todavia, como nenhuma dessas realidades pode tornar-setransparente à mente humana, melhor denominação sua do que“paradoxo” (que sugere que o fosse tão somente verbal ou con-

ceituais) seria, para alguns, “mistério” — ou seja, estado de coisassubjetivo, que aceitamos como real, mas sem saber como possaser real. Não é de admirar que diversos aspectos da existência e daatividade do nosso Criador nos sejam incompreensíveis, ou seja,além da nossa capacidade de entendimento como criaturas.

Teólogos neo-ortodoxos, seguindo as pegadas de Kierkegaard, têmfrequentemente abraçado o paradoxo como paradigma do métododialético de teologizar afirmação dentro da negação e vice-versa.

Crê se que esse método conduza para além do racionalismo deteólogos que domesticam Deus lutando com ele em seus própriospensamentos, a uma fé dinâmica, que vai ao encontro de um Cria-dor livre, vivo, soberano e transcendente, na crise do compromissoe da decisão. A força dessa forma de pensamento (“teologia do pa-radoxo”, como é chamada) reside no reconhecimento de que Cria-dor e criatura, eterno e temporal, infinito e finito, não são comen-suráveis; além disso, que o pecado torce nosso pensamento natural

a respeito de Deus para fora da verdade, de tal modo que nãopodemos esperar que a boa teologia e a fé real pareçam senãoirracionais ante o mundo secular.

Nossa fraqueza correspondente, contudo, é a falta de disposição devirmos a ser presas da racionalidade consistente das Escrituras, oque resulta em muita irracionalidade e incoerência reais.No momento, a teologia do paradoxo se encontra, em algumas de

suas partes, um tanto ultrapassada.

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IDE LISMO

Doutrina metafísica, o idealismo é a visão de que tudo que real-mente existe são a mente e suas ideias. Embora sejam possíveis

versões de caráter secular do idealismo (e.g., feno-menalismo), seuexpoente mais notável, George Berkeley, desen-volveu uma versãoteísta, motivo suficiente para combater as consequências supôs-tamente ateístas da doutrina da substância material, de John Locke,segundo a qual os objetos do mundo externo são substâncias dota-das de conjuntos de qualidades pri-márias e secundárias.

 Admitindo-se que um pensamento seja uma imagem mental, é po-ssível obter uma versão idealista plausível de teologia cristã, como

Berkeley mostra e Jonathan Edwards e outros parecem ter susten-tado, mas isso raramente pode ser considerado como a visão maisnatural. Pois embora o decreto ou pensamento de Deus de que xexistirá ou acontecerá seja uma condição necessária e suficientepara x existir ou acontecer, não se deduz daí que X seja, por si só,uma ideia na mente de Deus.

Nas filosofias de Kant e Hegel, o idealismo ê uma consequência

da “revolução copérnica de Kant sua visão de que a mente queconhece contribui para o caráter do que é conhecido. De acordocom Hegel, a realidade se desenvolve historicamente de umamaneira dialética em relação à ideia absoluta, e a distinção entre osujeito conhecedor e o objeto conhecido é uma realidade con-veniente e convencional mais do que uma propriedade quecorresponda à realidade como ela é.

 A influência do idealismo transcendental ou absoluto sobre a téo-logia cristã é exercida principalmente por versões do idealismo pós-kantiano. Negando, com Kant, qualquer possibilidade de conhecerDeus por meio da razão ou da revelação, o idealismo entende a fécristã em termos imanentes e basicamente éticos. O evangelhocristão não é a proclamação da redenção do pecado pela oferta doDeus-homem de si mesmo, mas um modo de vida que consiste naobservância de ensinos éticos de Jesus de Nazaré, em um

empenho em vir a produzir o reino de Deus na terra. Essa pers-pectiva é característica da teologia, por exemplo, de Albrecht

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Ritschl. O idealismo se tornou influente na Inglaterra e no mundo defala inglesa por meio dos escritos de S. T. Coleridge e F. D. Mauricena Inglaterra e dos Cairds (Edward, 1835-1908, e seu irmão John,1820-1898) na Escócia, sendo importante fonte do liberalismo

teológico protestante. Kant deu destaque à chamada prova moralda existência de Deus, mas, para ele, a moralidade se encontra àparte do mandamento divino, sendo colocada ênfase quanto à au-tonomia humana em criar e endossar a lei moral. Em termos de te-ologia cristã, segundo Kant, a criatura assume alguns de seus pa-péis do Criador, dando ao mundo sua firmeza moral e legislando alei moral. Em sentido menos técnico, idealismo diz respeito ã manu-tenção e à propagação dos ideais, como opostos a ideias. Embora

sustentando perfeita conformidade à vontade de Deus ou à imitaçãode Cristo como ideais, a teologia cristã tem-se acautelado, tipi-camente, contra o pensamento de que tais ideais possam ser alcan-çados ou alcançáveis nesta vida, considerando isso como per fe-ccionismo, que deixa de levar em conta, com a devida seriedade, oefeito do pecado que reside no homem, mesmo no homemregenerado.

Igreja

 A Igreja é uma das realidades mais fundamentais da fé cristã. Adoutrina da Igreja é comumente chamada eclesiologia.

Escrituras 

 As Escrituras apresentam a Igreja como o povo de Deus, acomunidade e o corpo de Cristo e a comunhão do Espírito Santo.Povo de Deus. Pedro aplica à Igreja, no NT, termos usados no ATpara o povo de Deus (lPe 2.9). A palavra bíblica “igreja” (gr.

Ekklesia, heb. qahal) significa “assembleia”.

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Ela se refere à assembleia da firmação do pacto no monte Sinai (Dt9.10; 10.4; LXX Dt 4.10). Israel, depois, reuniu-se em assembleiaoutras vezes, para renovação do pacto [e.g., Dt 29.1; Js 8.35; Ne5.13) e nas festas (Lv 23). Os profetas prometem que haverá uma

assembleia convocada para festejar a vinda do Senhor nos últimosdias (Is 2.2; Zc 14.16). Cristo veio para reunir a assembleia de Deus(Mt 9.36; 12.30; 16.18), anunciando que a festa está preparada (Lc14.17). Cristo celebrou a festa da Páscoa com sua morte eressurreição e enviou depois o Espírito Santo para os discípulosreunidos na festa de Pentecoste (At 2). Quando os cristãos se réu-nem para adorar, eles se reúnem não no Sinai, mas na Sião celes-tial, a assembleia festiva dos santos e anjos, onde Jesus se encon-

tra (Hb 12.18-29). Essa assembleia celestial define a Igreja.

 A Igreja é também a habitação de Deus. O simbolismo da habitaçãode Deus no meio do seu povo em seu tabernáculo é cumprido porJesus Cristo primeiramente no tabernáculo de sua carne (Jo 1.14;2.19,20), depois em seu Espírito. A Igreja, como o cristão, é umtemplo de Deus (ICo 3.16,17; 6.19; 2Co 6.16). A escolha que Deusfez de Israel para ser seu povo fluiu de seu o rebanho remanes-

cente que receberá o reino (Lc 12.32). Jesus após Pedro declararque o Mestre é o Cristo, o Filho de Deus afirma que esse apóstolo éa Rocha apostólica*, sobre a qual Cristo cons-truiria sua Igreja (Mt16.18).

Pedro reparte as “chaves do reino” com os outros discípulos (Mt18.18), mas é Cristo quem constrói sua assembleia como novopovo de Deus. Sua palavra é a lei da Igreja (Hb 1.1; 2.3,4; Mt 28.20;Jo 14.26; 16.13,14; ICo 14.37); Seu Espírito dá vida à Igreja (Jo

14.16-18; Rm 8.9). Governante do universo e Senhor da Igreja,Cristo envia seus apóstolos e discípulos para reunir as nações (Mt28.19). Seu governo salvador constitui, administra eprotege a Igrejacomo a comunidade do reino. Espalhado em dispersão pelo mundo,tal qual o antigo Israel (lP e 1.1), o novo povo de Deus deverárespeitar os governos de suas terras de habitação (Jr 29.7; lTm2.1,2). O poder da espada, dado por Deus aos governos, todavia,não deverá ser exercido para implantar o reino de Deus, mas

somente para manter a ordem enquanto o juízo final de Deus não

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vem e seu reino de graça se espalha (Jo 18.36; Rm 13.1-7). Ocorpo de Cristo. Por causa de sua união com Cristo, Paulo descrevea Igreja como o corpo de Cristo (Ef 1.22-23). Sua união é, emprimeiro lugar, uma união representativa. Cristo, o último Adão, é o

cabeça da nova humanidade.

 Ao morrer Cristo, os que estão “em Cristo” morreram com ele. Ocorpo de Cristo na cruz é, portanto, o corpo ao qual a Igreja estáunida e pelo qual é redimida (Ef 2.16). O pão da comunhão, na ceia,simboliza a união da Igreja com o corpo partido do Senhor. A Igrejaestá também unida vitalmente a Cristo (Rm 8.9-11; Jo 14.16-18).Paulo usa a figura do corpo para descrever a interdependência dos

cristãos como membros de Cristo e uns dos outros. Cristo está uni-do a seu corpo, a Igreja, como um marido à sua esposa. Ele é ocabeça, não como parte do corpo, mas, em figuração, separada-mente, como Senhor sobre o corpo (Ef 1.22-23; cf. Cl 2.10; ICo11.3; 12.21).

A comunhão do Espírito 

 A vinda do Espírito Santo no Pentecoste cumpre promessas do Pai

e de Cristo (Jo 14.18; At 1.4). O Espírito possui a Igreja em senhoriodivino. Como Espírito da verdade, completa a revelação daEscritura e ilumina a Igreja (Jo 16.2-14). Como Espírito detestemunho, conduz a Igreja em sua missão (At 5.32; 13.2). ComoEspírito de vida, liberta a Igreja do pecado, da morte e dacondenação da lei (Rm 5-8; G1 4; 2Co 3.17). Cria uma santacomunhão com laços de amor (G1 5.22). Proporciona um antegozoda gló-ria como Espírito de adoção, ao mesmo tempo que fortifica a

Igreja para o sofrimento (Rm 8.14-17). A Igreja passa, também, a possuir o Santo Espírito. Seus donscapacitam a Igreja a louvar a Deus, nutrir na verdade os santos etestemunhar ao mundo. A mordomia dos diversos dons não divide,mas une a Igreja como um organismo em pleno funcionamento.Definição Distinguindo os aspectos da Igreja. Como pode o ensinobíblico da Igreja ser aplicado? Há organizações que falsamente têmreivindicado serem a Igreja, assim como igrejas que se tornaram

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apóstatas. É necessário distinguir a verdadeira Igreja e entendersua natureza e ministério.

 A Igreja pode ser definida como Deus a vê, ou seja, a chamada

“Igreja invisível”. É formada por todos os homens e mulheres cujosnomes estão inscritos no Livro da Vida do Cordeiro (Ap 21.27). Poroutro lado, a “Igreja visível” é justamente a Igreja como a vemos, afamília unida dos crentes. Essa distinção evita uma equalização damembresia da Igreja visível com a salvação, assim como umaidentificação pública com o povo de Deus. A Igreja pode serdefinida como igreja local, de modo que somente a igre-ja local sejapropriamente a Igreja, e as assembleias maiores sejam apenas

associações de igrejas ou de cristãos; mas, por outro lado, pode serdefinida como de âmbito universal, de maneira que a igreja localseja considerada somente uma porção da Igreja, uma parte do todo.Nenhuma dessas posições exclusivistas parece levar em conta aflexibilidade do uso da palavra no NT: o termo é generosamenteaplicado tanto às igrejas locais ou às das cidades quanto àtotalidade do povo de Deus (ICo 16.19; Cl 4.15,16).

 A Igreja pode também ser vista como um organismo, em que cada

mem-bro funciona e se associa com outros membros, assim comouma organi-zação, em que os vários dons individuais são exercidos.

Definindo os atributos da Igreja.

O Credo de Niceia 

Confessa “uma Igreja santa, católica e apostólica” . A qualidadeapostólica da Igreja se refere a seu fundamento no ensino dos

apóstolos. Mas na verdade entra em contradição, pois seguem maisas suas tradições como o próprio Jesus disse 8que o fundamentodos apóstolos e dos profetas.

 A Igreja é construída sobre o alicerce dos apóstolos e profetas (Ef2.20), como recipientes da revelação (Ef 3.4,5). Como os apóstolosforam testemunhas oculares da ressurreição (At 1.22) e osprimeiros comunicadores da verdade de Cristo (Jo 14.26; 15.26;

8 No livro Dons do Espírito eu falo sobre isso de forma integral.

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16.13), seu oficio fundamental não pôde ter prosseguimento (ICo15.8), mas sua tarefa missionária prossegue.

O próprio I Pedro 5, 3 disse; Nem como tendo domínio sobre a

herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. Aqui excluio papado como um ministério vitalício.

O atributo de santidade da Igreja reflete simbolicamente ocerimonial da purificação do AT, mediante uma pureza moraloperada pelo Espírito (ICo 6.14—7.10). A separação da descrençae do pecado, juntamente com a dedicação ao serviço de Deus natotalidade da vida, deve marcar a existência corporativa da Igreja.

O amor no Espírito liga os santos a Deus e uns aos outros A Igreja do NT é católica, ou universal, por não estar limitadageograficamente (como era Israel) e se unir em uma comunhão depessoas e povos de toda etnia e nacionalidade. A Igreja não podeexcluir de sua membresia quem quer que, de modo sincero everdadeiro, confesse Cristo como Senhor e Salvador.Qualquer sectarismo que limite a membresia da Igreja a algumateologia, doutrina, raça, nacionalidade, posição ou classe social

nega a catolicidade 9e, portanto, a verdadeira natureza da Igreja deCristo.

 A Igreja é família única de Deus Pai (Ef 4.6) e única no SenhorJesus Cristo (Ef 2.14,16; ICo 10.17; G1 3.27; João 17.20-26) ecomunhão no Espírito (Ef 4.3; At 4.32).

Quando a divisão denominacional 10ameaçava a igreja de Corinto,Paulo clamou: “Acaso Cristo estádividido? Foi Paulo crucificado emfavor de vocês?” (ICo 1.13). O único corpo sacrifical de Cristooferece salvação em uma única comunhão (Ef 4.3). Os santos sãounidos pela graça unificadora do Espírito (Ef 4.15,31,32; Cl 3.14).Quando a Igreja se divide, torna-se ferida e enfraquecida, mas não

9 Caráter ou atributo do que é universal ou universalizante; universalidade.10  Aqui pode se dizer ‘’ monopólio da sabedoria’’ era tão grande que fazia divisão emque era mais sábio. Também, Cristo não está restringido em uma denominação, pois

ele buscará um povo especial de boas obras que obedecem seus mandamentos. Oevangelho não pode viver de modo isolado, temos que congregar e ter um líderespiritual.

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destruída. A tarefa de recuperar a unidade espiritual exige retornoao fundamento apostólico com zelo amoroso. As marcas da Igreja,como definidas pela Reforma Protestante, não podem serencontradas em uma unidade externa com a se papal e sua

reivindicação de sucessão apostólica, mas, sim, devem serreconhecidas na apostolicidade bíblica.

 A pregação pura da Palavra de Deus, a celebração correta dossacramentos e o fiel exercício da disciplina da Igreja distinguemaverdadeira Igreja de Cristo.

Ministério

 A Igreja adora a Deus diretamente (lPe 2.9; Hb 12.28,29; Rm 15.5-12) e ministra aos santos (Ef 4.12-16) e ao mundo (Lc 24.48; At5.32; Fp 2.14-18). Seus ministérios abrangem o da palavra; daordem, pelo qual a vida cristã é sujeita à lei do amor; e damisericórdia, manifestando a compaixão de Cristo. Esses meios deministério são comuns a todos os crentes que busquem cumprir suavocação. Há membros do corpo de Cristo que possuem dons, emuma ou mais dessas áreas, em grau incomum.

Há ainda dons administrativos que exigem o reconhecimentopúblico para seu exercício. O NT descreve assim os ofícios naIgreja, de modo geral, como de: apóstolos e profetas, destinadosaos fundamentos e lançamento de missões (Ef 2.20; 3.5);evangelistas, pastores e mestres, para proclamarem a palavrarevelada com autoridade (Ef 4.11); outros, com dons de governo,para se dedicar especificamente à administração da Igreja (Rm12.8; ICo12.28; lTm 5.17); e diáconos, para ministrar a obra demisericórdia (lTm 3.8-13).

 Aqueles que governam são colocados à disposição da Igrejacircunstâncias.

 A tradição reformada tem sustentado que os princípios da ordemeclesiástica e a especificação dos ofícios da Igreja são oferecidosno NT. Assim, “bispo” e “presbítero” eram termos intercambiáveisno NT (At 20.17,28), descrevendo, portanto, um só ofício.

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Ensinando e governando, os presbíteros exerciam o governo emconjunto, nos presbitérios (lTm 4.14; At 13.1; 15.23). Mulheres, deacordo com a autoridade apostólica de Paulo, não podiam, no NT,governar sobre os homens, na família eclesiástica (lTm 2.12-15);

mas, no ministério diaconal de misericórdia, Paulo já recomenda oserviço de mulheres (Rm 16.1,2). O apóstolo parece considerarpoder-se atribuir um serviço remunerado às viúvas mais velhas,che-gando a descrever as qualificações necessárias às mulheres aserem designadas para o ofício diaconal (lTm 3.11).

Os concílios da Igreja têm sido concebidos de modos diferentes:enquanto o congregacionalismo independente dá autoridade final à

congregação local, autônoma, o episcopalismo sustenta a realiza-ção de concílios sob a presidência de bispos ou arcebispos, e opresbiterianismo encontra no NT autorização

para instâncias graduadas. Por sua vez, a disciplina na Igreja buscahonrar a glória de Deus (2Co 6.14-7.1), preservar a pureza da Igreja(ICo 5.6; 11.27) e obter a recuperação do ofensor (lTm 1.20; ICo5.5; 2Ts 3.14). A disciplina fidedigna pode contribuir para impediroutros crentes de pecar (lTm 5.20) e para prevenir sobre o juízo de

Cristo (Ap 2.14-25). A disciplina administrativa busca manter a boaordem na Igreja, enquanto a judicial se preocupa com as ofensasindividuais, particulares ou públicas. Os diversos graus de censuraservem para repreender ou restaurar o culpado, indo desdeadmoestação (Mt 18.15-18; lTm 5.20) até suspensão da ceia doSenhor (ICo 11.27; 2Ts 3.6-15) e excomunhão (Mt 18.17; Tt 3.10;ICo 5.5,11; G1 1.9). A comunhão no amor oferece o contexto e oclima necessários a uma disciplina mais restauradora e preventiva

do que propriamente corretiva e punitiva.

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Pastor ; Cristiano Barbosa

O objetivo desse estudo é contextualizar aos

leitores o quão é importante nós dedicarmos a

leitura da palavra de Deus.

 Conhecer não o ''Eu'', mais subjetivamente o

mundo. O mundo de conhecimento histórico e

escatológico. sem esse conhecimento somos meros

seguidores de Cristo. Os ''Seguidores'' como mostra

em joão 6,26-27. são aqueles que vivem para saciar

a sua fome carnal, já os discípulos como o nome

próprio diz; aluno, estar para aprender, mesmo que

as palavras do mestre seja dura.

SAUDAÇÃO

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Digitalização; Pr, Cristiano Barbosa

Criação da arte (capa) Pr; Cristiano Barbosa

Editoração; Pr, Cristiano Barbosa.

Obra editada em 2015.

Digital Book

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