a pastoral presbiteral e a fidelidade no ministério · ([email protected]) pastoral presbiteral...

43
FORMAÇÃO PERMANENTE LESTE II Belo Horizonte MG - 25 -28 de Agosto de 2014 A pastoral presbiteral e a fidelidade no ministério "Corramos com perseverança com os olhos fixos em Jesus" (Hb 12, 1-2). Pe. Jésus Benedito dos Santos ([email protected])

Upload: phungtuong

Post on 27-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FORMAÇÃO PERMANENTE – LESTE II

Belo Horizonte – MG - 25 -28 de Agosto de 2014

A pastoral presbiteral e a

fidelidade no ministério

"Corramos com perseverança

com os olhos fixos em Jesus" (Hb

12, 1-2). Pe. Jésus Benedito dos Santos

([email protected])

Pastoral

presbiteral

2

No texto de Jo 21, 1-23, está aquilo que deve ser a

centralidade da Pastoral Presbiteral e a inspiração

para a sua organização, isto é, a escuta de Jesus, o

tomar a refeição em comum e a partilha. Neste

texto está o símbolo da ceia em comum, símbolo

fundamental da comunidade cristã. Comer juntos,

intercambiar, participar da mesma mesa, eis o que

deve sempre acontecer entre os presbíteros como

presbitério e entre eles e o bispo titular.

A Pastoral Presbiteral é como uma estaca na diocese,

cuida dos cuidadores, é eixo da pastoral. É um espaço

importante para injetar ânimo ao clero e ao povo. Ela

chega, muitas vezes, onde o bispo não consegue

chegar... A ação da Pastoral presbiteral deverá atingir o

coração do padre... até mesmo do padre "fio

desencapado“, que tem muitos... é o corpo a corpo, é

com paciência, diálogo, escuta que vamos ajudar uns

aos outros, vamos curar as dores, as crises. Tudo isso

com humanidade.

6

As dioceses e Conferências Episcopais

desenvolvam uma pastoral presbiteral

que privilegie a espiritualidade

específica e a formação permanente dos

sacerdotes

A Pastoral Presbiteral seja implementada

nas dioceses, através de um trabalho

sistemático e organizado, com a formação

de equipes e a elaboração de um plano. O

bispo, com o seu presbitério, cuide para a

vida e o ministério dos presbíteros sejam

animados pela fraternidade presbiteral e

pela caridade pastoral (DFPIB, 378)

Trabalhamos melhor quando estimulados

por nossos superiores. É difícil não sermos

desajeitados numa reunião onde sabemos

que as pessoas nos consideram inaptos.

Isto torna compreensível o processo

segundo o qual os indivíduos preferem ligar-

se a outras pessoas que sustentem as suas

autointerpretações (Peter Berger)

O presbítero católico tem a missão de cuidar do povo de Deus,

cuidar das pessoas na caminhada de fé, nas horas de

provações, tristezas e angústias. Ele passa horas e horas a

ouvir a partilha dos problemas de outros. Leva-lhes o conforto

da palavra de Deus, dos sacramentos, da fé. Mas ele não está

imune aos problemas físicos, emocionais e espirituais, não está

livre das crises existenciais, dos desgastes da vida, das

turbulências do cotidiano, da angústia, da solidão, do silêncio,

do fracasso, das noites do espírito! Embora ele seja, muitas

vezes, um herói, sente a própria fraqueza e, como qualquer

outro ser humano, tem necessidade de conforto, de presença,

de cuidados.

A Pastoral Presbiteral é o cuidadoso

acompanhamento pessoal e comunitário,

integral e orgânico da igreja particular aos

seus presbíteros, devendo neles estimular a

alegria de serem discípulos missionário de

Jesus Cristo, servidores do povo, segundo o

Exemplo do Bom Pastor (Diretrizes para a

Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil,

368)

A Pastoral Presbiteral é uma ferramenta nas

mãos dos bispos e dos presbíteros após o

Concílio Vaticano II. Ela tem como grande

objetivo o cuidado dos presbíteros em todas as

dimensões: humano-afetiva, pastoral,

intelectual e espiritual. Ela quer ser um lugar de

escuta e de fala, um modo dos presbíteros se

organizarem para cuidar de si mesmos.

A Pastoral Presbiteral é um espaço de

integração e de intercâmbio, levando o

presbítero a cultivar a alegria e o prazer de ser

presbítero, superando obstáculos e

dificuldades. Ela tem como objetivo

proporcionar ao presbítero condições para sua

própria realização humana e vocacional,

ajudando-o em sua configuração com Cristo

Bom Pastor.

A Pastoral Presbiteral é uma proposta contra a

correnteza do individualismo e do hedonismo

reinante em nossa sociedade.

A pastoral presbiteral é uma forma do

presbítero deixar-se amar - Muitos presbíteros

ainda acham que isso é perca de tempo, que

cuidar das finanças, cuidar da paróquia é mais

importante do que participar da Pastoral

Presbiteral.

“O primeiro cuidado da pastoral presbiteral é

motivar os presbíteros a serem como Jesus

Cristo, o Bom-Pastor, vivendo e agindo como

Ele, possibilitando uma maturação pessoal de

modo que possam dedicar-se plenamente ao

ministério de pastores que Deus e a igreja lhes

confiam em prol das comunidades (Diretrizes

para a Formação dos Presbíteros da Igreja no

Brasil, 369)

Podemos dizer que seu grande objetivo é

sustentar o presbítero católico em sua

vocação presbiteral. Desta forma,

participar da Pastoral Presbiteral é abrir-

se para a perseverança na missão e no

seguimento de Jesus Cristo.

a) Capacitar o presbítero para tomar decisões

responsáveis e duradoras;

b) Incentivar experiências de vida fraterna entre os

presbíteros e, especialmente, formar

comunidades presbiterais nas dioceses

c) Cultivar uma verdadeira espiritualidade

presbiteral que dê sentido e vigor ao agir

pastoral dos presbíteros – Espiritualidade

madura garante fecundidade, gratuidade e

autenticidade no ministério presbiteral

d) Deve promover a espiritualidade da caridade pastoral,

da fraternidade e da solidariedade no discernimento das

exigências do Reino de Deus

e) Atenta ao processo de constante conversão e à busca

por recriar a missão, a pastoral presbiteral estimule o

presbítero a investir na formação intelectual

f) Ajudar o presbítero, enquanto servidor do Povo de

Deus, a fortalecer-se em sua espiritualidade, crescendo

no amor pelos pobres

g) Entusiasmar todo presbítero para participar com

entusiasmo da Pastoral Presbiteral

h) Colaborar na formação dos futuros presbíteros – Junto com o

bispo deve ajudar na escolha dos formadores e trabalhar juntos

com eles na formação dos futuros padres (DFPIB, 381) –

Critérios para a escolha dos formadores: Espírito de fé e

testemunho de vida; fidelidade ao Magistério eclesial;

experiência pastoral; espírito de comunhão e disposição para o

trabalho em equipe; maturidade humana e equilíbrio psíquico;

capacidade de amar e ser amado; disponibilidade de ouvir e

dialogar; atitude positiva e crítica diante da cultura atual

(DFPIB, 382) – Valorize os organismos como Pio Brasileiro, OSIB

e OSLAM (DFPIB, 386-387)

i) Proporcionar o bem-estar do

presbítero.

J) Escutar o coração do presbítero -

A pastoral presbiteral deve beber nas fontes

da Palavra de Deus e dos sacramentos,

especialmente da Eucaristia e Confissão, na

oração pessoal e comunitária, na Liturgia

das Horas, na devoção Mariana, na leitura

espiritual, na direção espiritual, na vida em

comunidade e no serviço aos pobres e

sofredores

A dimensão pastoral-missionária

constitui o eixo integrador da vida do

presbítero, levando-o à consciência de

ser presbítero numa Igreja em estado

permanente de missão

A Pastoral Presbiteral desloca o acento

da pergunta da identidade e

espiritualidade com acento em quem

sou, para a questão de: Com quem ando?

Com quem sou? De quem sou? Para

quem sou? - Jo 1,6-19

Despertar para o avanço da consciência do “pertencimento ao

presbitério” - Esta consciência de pertencimento a um

presbítero leva-o a agir com mais responsabilidade e estar mais

atento ao espírito de comunhão. O trabalho em equipe, a

revisão de vida, o senso eclesial, o apoio mútuo, o cultivo da

amizade, as fraternidades, os momentos de partilhas, as

celebrações em comum, a vida partilhada de oração, o respeito

e o reconhecimento mútuo, a fraternidade com o bispo local

são traços a serem permanentemente trabalhados dentro desta

tomada de consciência do pertencimento a um presbitério. É a

consciência de que não há presbítero sem presbitério.

A Pastoral Presbiteral se apresenta como um novo

pentecostes para os presbíteros católicos. Podemos

dizer que a Pastoral Presbiteral, como novo

pentecostes, vem trazendo mudanças entre os

presbíteros católicos na questão da fraternidade

presbiteral, na questão da humanização, na vivência

da afetividade, nas relações com os bispos ou

superiores, no reencantamento com a missão e na

formação permanente.

Não basta ser presbítero, é necessário viver como

presbítero. Sobre a fraternidade presbiteral, os

encontros entre os presbíteros católicos têm sido um

verdadeiro presente para a Igreja do Brasil. Eles estão

ajudando a moldar uma comunhão maior entre os

presbíteros, moldando uma espiritualidade e identidade

presbiteral de acordo com as orientações do Concílio

Vaticano II e da caminha da Igreja local. Através da

Pastoral Presbiteral vai crescendo a colegialidade

presbiteral e os presbíteros começam a saborear a

fraternidade que brota do sacramento da Ordem.

Na fraternidade presbiteral o presbítero

aprende a respeitar o outro com suas

diferenças, fazendo crescer o amor. A falsa

amizade entre os presbíteros minam a vida

presbiteral, a alegria de viver e destroem as

relações fraternas. A fraternidade presbiteral

trabalhada pela Pastoral Presbiteral quer ajuda

a vencer essas questões entres os presbíteros.

A fraternidade presbiteral não deve se

resumir em encontros, mas em avançar

para acolher o outro tal como o outro é;

avançar para a partilha da vida; avançar

para a partilha financeira dos bens

econômicos – Transferência de caixa no

entorno da paróquia e entre as paróquias

O presbítero que não aceita fazer parte

da pastoral presbiteral, de certa forma,

pode estar assinalando seu orgulho

próprio, ou fechamento, ou falta de

consciência que só será reconhecido

como discípulos do Senhor se tiver amor

uns pelos outros (Jo 13,35).

Evoluir para que ambos possam falar e

escutar um ao outro, que as distâncias

sejam encurtadas e que haja um clima de

harmonia e confiança entre ambos é algo

que a Pastoral Presbiteral pode e deve

trabalhar. Viver uma fraternidade com o

bispo é algo muito saudável para o

presbitério.

Um dos quesitos da Pastoral Presbiteral é

proporcionar o bem-estar do novo presbítero

católico. Muitos de nossos presbíteros mais

velhos relatam as dificuldades e penúrias com

que exerceram seus ministérios. Os

presbíteros, para servirem as comunidades a

eles confiadas, utilizavam, para sua locomoção:

cavalo, bicicleta, moto, carro, canoa, trem ou,

até mesmo, o deslocamento a pé.

Não há como falar de fidelidade presbiteral

a não ser em comunhão Trinitária. O

presbítero vem da Trindade, vive da

Trindade e vai para a Trindade - O

clericalismo e individualismo presbiteral

peca teológica e pastoralmente diante do

ministério Trinitário.

A Pastoral Presbiteral é uma forma humanizadora do

presbítero:

- Na questão do cuidado com a saúde;

- Na questão da aposentadoria;

- Na questão da cidadania;

- Na questão do acompanhamento psicológico;

- Na dimensão relacional (fraquezas, ciúmes,

fechamentos e intrigas).

A espiritualidade presbiteral, trabalhada pela Pastoral

Presbiteral, deve poder tocar nestas questões básicas,

que entravam a fraternidade presbiteral.

A Pastoral Presbiteral, na linha da humanização

das relações presbiterais, deve trabalhar,

também, para que diminua a discriminação

entre os presbíteros, evitando a discriminação

por cor, estudo, posição, função, título,

antipatia etc. Assim, a Pastoral Presbiteral

deve ser um espaço de maior humanização nas

relações presbiterais, evitando as ironias, o

desprezo e as divisões entre eles.

Ainda, na questão da humanização dos presbíteros católicos,

sabemos que muitos deles perderam seu amor pela

humanidade e, com isso, acabam amando mais o poder, a

ostentação, o luxo, as aparências, os primeiros lugares e o

tradicionalismo. Muitos até ocupam cargos representativos

dentro da hierarquia da Igreja Católica, mas não são mais

capazes de se compadecerem dos pobres, dos injustiçados,

outros estão agarrados ao tradicionalismo, outros ao poder ou

ao luxo e outros estão fechados à mudança de época em que

vivemos. Com isso, acabam entrando na lógica do mundo ou

não contribuindo para que o mundo seja melhor, seja a casa de

Deus. Reverter essa questão exige conversão.

Fruto da Pastoral Presbiteral

Fruto da Pastoral Presbiteral é o

incentivo para os presbíteros não

formarem somente um grupo de

trabalho, mas uma verdadeira

comunidade.

Cuidar da Pastoral Presbiteral

Cuidar da Pastoral Presbiteral é cuidar

para que os presbíteros possam dar o

melhor de si mesmos, sendo amigos de

Jesus Cristo e irmãos entre si.

A Pastoral Presbiteral quer ser um lugar e um

espaço de cuidado dos presbíteros, possibilitando-

os ser capazes de se colocar como ponte entre o

passado e o futuro, entre a tradição e os valores do

mundo moderno, entre a tradição e o terror das

transformações, favorecendo o clima de partilha, de

união e fraternidade deles entre si e com o bispo.

40

A Pastoral Presbiteral se apresenta assim como

um sinal dos tempos, sendo um convite a

sentar-se à mesa juntos, discutir os projetos e

repropor um novo modo de seguimento de

Jesus Cristo, baseado no amor (Jo 21, 1-23).

41

A espinha dorsal do cuidado presbiteral, numa diaconia de

seguimento de Jesus Cristo, manifesta-se: no cultivar a

bondade, tendo no coração os mesmos sentimentos de Cristo;

em se deixar guiar pelo Espírito Santo, acolhendo as pessoas

como dons de Deus; em ter serenidade para ouvir com atenção

e abertura de coração os sinais dos tempos; manifesta-se em

buscar restaurar o primeiro amor, servir a Deus na pessoa dos

irmãos e irmãs, cultivar a gratuidade, formar grupos de

crescimento, ter abertura para incorporar o ‘novo’, buscar

auxílio para superar as dificuldades, acolher os peregrinos.

42

a)Como tem caminhado a Pastoral

presbiteral em nossos presbitérios?

b)Quais seus maiores entraves e como

superá-los?

c)Como vejo a pastoral presbiteral e

como dinamizá-la melhor?

43