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A POESIA BRASILEIRA SIMBOLISTA
META
OBJETIVOS
Releitura das aulas 7, 8 e 9.
Aula
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Caricatura representando Cruz e Souza, poeta simbolista brasileiro.(Fonte: http://3.bp.blogspot.com)
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Literatrura Brasileira II
representar a realidade, buscavam outra maneira de compreender e exprimir o mundo, mais especialmente, o mundo interior, aquilo que os interesses
negavam os valores da sociedade burguesa.Os poetas simbolistas desejavam que a arte fosse um modelo para a vida
(idealismo). Queriam uma arte universal, capaz de transcender a realidade
fugiram a essa regra: partiam de uma realidade particular que transformavam em
Capa da obra , de Baudelaire.(Fonte: http://www.critique-livre.fr)
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A poesia brasileira simbolista Aula
10PARA A CULTURA BRASILEIRA
Brasileira, 1979, p. 2007.)
SIMBOLISMO E DECADENTISMO
da natureza [...].
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Observado por olhos ali familiares.
Dentro de tenebrosa e profunda unidadeImensa como a noite e como a claridade,Os perfumes, as cores e os sons se transfundem,
Perfumes de frescor tal a carne de infantes,
- Mais outros, corrompidos, ricos, triunfantes,
Que cantam o enlevar dos sentidos e o senso.
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A poesia brasileira simbolista Aula
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que sente, a penas sugere que sente.
Rimbaud
no poema Voyelles.
diz o poema.
adjetivos (vivos, imensa, corrompidos, verdes, inacabado) contribuem
entre o mundo real e o que transcende o real, por meio de termos
tenebrosa, profunda, corrompidos promovem a subjetividade, pois
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Sem nada nele que pese ou que pouse.(Paul Verlaine)
- Subjetivismo: busca de um eu subconsciente e inconsciente e dos estados
- Culto da forma: como no Parnasianismo, o poeta simbolista apresenta
real (no sonho, por exemplo).
quartos de prazer do poema. Tudo deve ser sugerido no poema, para se
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10Para os parnasianos os poetas simbolistas eram nefelibatas (aqueles que
(BOSI, Alfredo; . 34
experimentais e Arthur Schopenhauer desenvolve um irracionalismo pes-
e defendeu que a humanidade cansou de querer, e agora deseja voltar ao
MODERNA
mais interessante; alguns poetas, experimentando conhecidas ou
Cultrix, 1972. p. 240-241.)
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o Simbolismo expressa o sentimento geral de desencantamento do homem da modernidade.
Charles Baudelaire
du Mal) tanto exprime o aspectos do estilo parnasiano como do Simbo-
e o Parnasianismo.
Verlaine e Rimbaud, junto com
O SIMBOLISMO NO BRASIL
(poesia) e Missal (prosa) de Cruz e Sousa
c) A intimista-crepuscular: intimismo, temas do cotidiano, sentimentos
Os poetas brasileiros simbolistas observaram o mal-estar europeu do
segundo era mineiro e produziu uma poesia voltada para o misticismo e a
poeta paraibano Augusto dos Anjos. Este poeta fez uma poesia diferente de
Cruz e Souza (1861-1898) Nasceu
estudou no Liceu Provincial de Santa
obras publicadas em vida foram Missal e
Charles Baudelaire
atitudes rebeldes
F u n d iu o p o s t o s existenciais como o sublime e o gro-tesco. Em 1847,
Em seguida publi-cou: As Flores do Mal; Pequenos Po-emas em Prosa; O
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Sousa:
Em geral, a obra
- Imagens originais nas quais se mesclam o claro e o escuro- O trabalho com os sons- Efeitos sensoriais (sinestesias)- Culto do vago, do sonho e da loucura
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- Musicalidade
Bocas murmurejantes de lamento.
Que nos azuis da Fantasia bordo,
Anseios dos momentos mais saudosos,
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A poesia brasileira simbolista Aula
10Rasgando as almas que nas sombras tremem,
Harmonias que pungem, que laceram,
Noturnamente, entre ramagens frias.
Vozes veladas, veludosas vozes,
E vibra e se contorce no ar, convulso...Tudo na noite, tudo clama e voa
(CRUZ E SOUZA. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 50-51.)
e por meio das palavras dormentes, chorosos, tristonhos, por exemplo, cria-
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que exprime as dores do mundo. Vamos ver como isso ocorre no poema Acrobata da dor.
Acrobata da dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta, (6-10)
De uma ironia e de uma dor violenta. (4-8-10)
Da gargalhada atroz, sanguinolenta, (6-10)Agita os guizos, e convulsionado (4-8-10)Salta, gavroche, salta clown, varado (4-8-10)Pelo estertor dessa agonia lenta... (4-8-10)
Afogado em teu sangue estuoso e quente (6-10)
(CRUZ E SOUZA. Obra completa
sanguinolenta, dor, nervoso, fremente, sangue, afogado, convulsionado,
O poema tem a forma do soneto e utilizou os mesmos procedimentos
Vejamos como se comportam poeticamente determinadas consoantes:
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
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os sons /SS/, /S/ para construir uma alta musicalidade do poema:Musselinosas como brumas diurnasDescem do ocaso as sombras harmoniosas,Sombras veladas e musselinosas
(Sinfonias do Ocaso)
A cor, na poesia de Cruz e Sousa, tem lugar destacado, especialmente
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De luares, de neves, de neblinas!...
compenssar o desgosto de ter a cor escura e por isso sofrer preconceito
dialogava com o europeu sem se confundir com ele. Mais, afastando-se
A POESIA DE ALPHONSUS DE GUIMARAENS
Alphonsus de Guimaraensversos doidos e amorosos, vindos de uma alma que encontrou sua paz
representada pelo poeta mineiro Alphonsus de Guimaraens. No aspecto
da velhice, do amor e da saudade.
A catedral
Entre brumas ao longe surge a aurora,O hialino orvalho aos poucos se evapora,Agoniza o arrebol.
Toda branca ao sol.
AlphonsusGuimaraens
Nasceu em Minas Gerais. Cursou en-
chegou a se formar. Escreveu: das Dores de Nossa Senhora (1899);
(1899);ca (1899);Kyriale (1902); Pauvre Lyre (1921); Pastoral aos crentes do Amor e da Morte (1923) e Men-digos (1920).
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A poesia brasileira simbolista Aula
10O astro glorioso segue a eterna estrada.
Refulgente raio de luz.
A tarde esquiva: amargurada prece
Toda branca de luar.
(GUIMARAENS, Alphonsus de. Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1963.)
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sus de Guimaraens escreveu uma poesia sombria e desolada, explorando
Sonho de luares brancos em que vejo
Pastoral
Eu amo o luar, desprezo o sol...
Que tem o cheiro, o som e o tom das primaveras
Pastoral)
A POESIA DE AUGUSTO DOS ANJOS
O nada e a Arte nutrem a obra de Augusto dos Anjos
o desejo de questionar o processo costumeiro de fazer poesia. (uma poesia
Augusto Anjos
publicado em 1912. Augusto dos Anjos tornou-se um dos poetas mais lidos
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mais viva e verdadeira, pela poesia.
e enquanto isso acontece, uma nova forma de real se constitui, pela trans-
mente, politicamente, moralmente mentalmente.
Os Doentes
Como uma cascavel que se enroscava,
Tentava compreender com as conceptivas
Que nem Spencer, nem Haeckel compreenderam...
(ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias
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2004, p.65.)
operariado, o descaso com os velhos, o abandono do mendigo catador de
Parnasianismo e Simbolismo juntam-se e se associam ao impulso criativo e renovador que os absorve, transformando-os e construindo um novo
ressurge um cosmo, um mundo reorganizado, trazendo nova linguagem
O poema Os Doentes focaliza os problemas da cidade, com sua caminha-
Vence o granito, deprimindo-o... O espanto
Teu desenvolvimento continua!
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A poesia brasileira simbolista Aula
10(ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias
Martin Claret, 2004)
Das tuas.....................................................
Vence o granito,........................ o espanto
tido) e sonoro.
Entre os escritores do Simbolismo brasileiro ainda se destacam: Emil-
grupo da Padaria Espiritual, e na Bahia surgiu um nome hoje considerado
Campos (paulista) produziu o mais importante documento sobre Kilkerry e
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Aqui vai um poema do poeta baiano:
RESUMO
dor do mundo. Alphonsus de Guimaraens expressou seu sofrimento in-
ATIVIDADES
1. Pesquise na internet e escolha um poema de Cruz e Sousa, um de Al-
estudados nesta aula e analise aspectos de:a) Linguagemb) Estrutura (forma)
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A poesia brasileira simbolista Aula
10Na estrutura procure observar os aspectos:
nos versos.
aspectos:
- Figuras de linguagem
estrutural (formal) e da linguagem do poema?
brasileira?
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Literatura Brasileira II
ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesiasClaret, 2004.AUERBACH, Eric. Cultrix, 1972.BOSI, Alfredo. O Simbolismo. In: ra
no Brasil.Cruz e Sousa.
1979.A literatura
no BrasilCARDOSO FILHO, Antonio. CESAD/ UFS, 2007. GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos.
Poetas franceses do Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
GUIMARAENS, Alphonsus de. Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1963.HELENA, Lucia. A cosmo-agonia de Augusto dos Anjos. Rio de Ja-neiro: Tempo Brasileiro, 1984.LUCAS, Fabio.
PACE, Tacito. O Simbolismo na poesia de Alphonsus de Guimaraens.
Poesia sempre. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. 1985, p. 108-126.CRUZ E SOUZA. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d__________. Obra completa
http://www.mundocultural.com.br/index.asp?url=http://www.mundocul-tural.com.br/literatura1/simbolismo/