a prisão do eu no coração

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A prisão do eu no coração .media Existe uma realidade essencial, absoluta – o Todo, que tudo abarca em serenidade, e que está adormecido dentro de nós. Texto: Grupo de autores Logon Imagem: jplenio via Pixabay CCO Somos um torvelinho de emoções e desejos, que muitas vezes nos assaltam sem nos dizer de onde vieram. Nossos sentimentos têm as mais diversas origens, características e matizes. São transitórios e se alternam em períodos diversos, no mesmo dia ou em diferentes fases da vida. Passamos da alegria enlevada à tristeza 30 Novembro 2020

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Page 1: A prisão do eu no coração

A prisão do eu no coração.media

Existe uma realidade essencial, absoluta – o Todo, que tudo abarca em serenidade, e que está

adormecido dentro de nós.

Texto: Grupo de autores Logon Imagem: jplenio via Pixabay CCO

Somos um torvelinho de emoções e desejos, que muitas vezes nos assaltam sem nos dizer de onde vieram. Nossos sentimentos têm as mais diversas origens, características e matizes. São transitórios e se alternam em períodos diversos, no mesmo dia ou em diferentes fases da vida. Passamos da alegria enlevada à tristeza

30 Novembro 2020

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profunda. Amamos pessoas que posteriormente passamos a detestar. Isso ocorre porque dentro de nós se manifestam a oposição e a contradição, frutos de um estado de consciência voltado para si mesmo.

No entanto, se observarmos a natureza, vemos que não existe oposição, mas que tudo se apresenta como complementaridade e harmonia. A noite e o dia não são opostos, mas necessários para o saudável desenvolvimento de plantas e animais. Pode-se dizer o mesmo do inverno e do verão, da maré enchente e da vazante, e outros fenômenos naturais que se manifestam em interdependência, equilíbrio e concordância.

Com base no estado de ânimo do nosso coração, tudo julgamos. Observamos o mundo que nos circunda, as situações que experimentamos e as pessoas que conhecemos e nossa mente realiza comparações com nosso banco de memórias, classificando-as com base em conceitos pré-definidos. O que nos favorece, ou está de acordo com nossos valores, chamamos de “bem”; ao oposto denominamos de “mal”.

Dessa forma vamos catalogando tudo que nos cerca, criando gavetas e caixas com rótulos, onde armazenamos nossas visões da realidade, que vai paulatinamente se tornando fragmentada. Vivemos nessa realidade fracionada, com base nos desejos que emanam de nosso coração turbulento, que acaba por se transformar em uma prisão do nosso eu.

Existe, no entanto, uma realidade essencial, absoluta – o Todo, que tudo abarca em serenidade, e que está adormecido dentro de nós. Essa centelha de luz é a manifestação da divindade, que toca nosso coração. Ela nos fala em silêncio sobre a possibilidade de descobrir uma verdade absoluta, de encontrar uma razão profunda de existir.

Quando essa Centelha desperta em nós, ilumina o deserto de nossa vida e somos instigados a encontrar o oásis da realidade superior, livre de miragens. Tornamo-nos buscadores e podemos iniciar um caminho na busca do Espírito.

Começamos a trilhar um caminho de autoconhecimento, que é uma viagem interior, para encontrar os fragmentos de nossa existência e, à luz da centelha do coração, remontar o quebra-cabeças de nossa confusa realidade.

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Iniciamos e seguimos esse caminho como somos, levando nossos defeitos e virtudes, acertos e contradições, pois o objetivo não é aprimorar o ego, mas sim entregá-lo à perfeição da luz que existe em todos nós.

Descobrimos, aos poucos, que os fragmentos da nossa existência caótica, bem como as experiências da vida, são a matéria-prima essencial ao processo alquímico interior, na busca do ouro do Espírito. Dessa forma, a prisão do ego se transforma em um manancial de infindas possibilidades de libertação!

Não se trata de ficar impassível em relação ao mundo, mas de viver em profundidade, entendendo que todas as situações são oportunidades de autoconhecimento.

Nosso papel é descobrir e remover as barreiras que nos separam do amor incondicional, do Todo a quem pertencemos e, dessa forma, encontrar a plenitude na luz da centelha, não porque conquistamos algo, mas porque perdemos as ilusões sobre nós mesmos.

Quando isso ocorre, as peças do quebra-cabeças de nossa existência se encaixam, e podemos encontrar a saída da prisão do coração.