a produÇÃo de sentidos atravÉs da eufemizaÇÃo … · outras, funcionam no acontecimento...
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Línguas e Instrumentos Linguítiscos – Nº 33 - jan-jun 2014
A PRODUÇÃO DE SENTIDOS
ATRAVÉS DA EUFEMIZAÇÃO
NO ACONTECIMENTO ENUNCIATIVO
E SEUS EFEITOS NA DESCRIÇÃO
DA SOCIEDADE BRASILEIRA
Carolina de Paula Machado
UFSCar/UEHPOSOL
Resumo: De uma perspectiva enunciativa, este artigo propõe
investigar os sentidos da palavra ‘preconceito’ em Raízes do Brasil
(1936), de Sérgio Buarque de Holanda, buscando compreender a
eufemização como um dos modos pelos quais as relações sociais
brasileiras são descritas na primeira metade do século XX. Carolina
Machado mostra o preconceito contraditoriamente inscrito na sua
eufemização.
Abstract: From an enunciative perspective, this paper proposes to
investigate the meanings of the word 'prejudice' in Roots of Brazil
(1936), by Sérgio Buarque de Holanda, seeking to understand
euphemization as one of the ways in which Brazilian social relations
are described in the first half of twentieth century. Carolina Machado
shows the prejudice contradictorily included in its euphemization.
Investigar os sentidos de uma palavra de nosso ponto de vista é
também observar, do lugar específico da semântica, a maneira como
uma parte do real é interpretada. Ao analisar a maneira como a palavra
preconceito é significada na famosa obra Raízes do Brasil (1936), de
Sérgio Buarque de Holanda, buscamos compreender uma das maneiras
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como as relações sociais brasileiras são descritas na primeira metade do
século XX.
Nesse processo analítico constatamos que poucas vezes a palavra
preconceito aparecia ao longo do texto, algo que nos chamou a atenção
por se tratar de uma obra que analisa a formação social brasileira. A
pouca ocorrência dessa palavra levou-nos a olhar para uma série de
outras palavras e expressões que, num primeiro olhar analítico,
considerando a história de enunciações da palavra preconceito em
outros textos1, estavam relacionadas aos sentidos da palavra, levando-
nos a questionar se, na textualidade, elas poderiam estar substituindo a
palavra preconceito.
Analisamos a relação semântica da palavra preconceito com estas
outras palavras e expressões no livro de Holanda, considerando que
expressões como “orgulho de raça”, “sentimento de distância”, entre
outras, funcionam no acontecimento enunciativo do texto como formas
de redizer a palavra preconceito suspendendo a sua circulação e
atribuindo-lhe outros sentidos.
Consideramos que os sentidos, assim como os sujeitos, se
constituem no acontecimento enunciativo e que a linguagem é posta em
funcionamento pela história. É assim que chegamos àquilo que a
palavra designa no acontecimento. Nesse caso, buscamos compreender
como ocorre o processo de designação, perguntando-nos se a produção
de sentidos se dá através de um mecanismo textual que eufemiza o
preconceito.
1. Enunciação: acontecimento de linguagem
A análise dos sentidos de uma palavra, a partir da Semântica do
Acontecimento, leva em consideração o fato de que essa palavra integra
um enunciado que por sua vez é enunciado de um texto. O sentido, ou
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seja, o que a palavra designa, se dá na relação entre textualidade e
enunciação.
Definindo o que é enunciação, Guimarães (1995) estabelece a
relação entre sujeito, sentido e história, pensando a história não como
sucessão de fatos no tempo, sem considerar o sujeito como centro do
dizer e considerando que o sentido, juntamente com os sujeitos, se
constitui no acontecimento na relação entre textualidade e
historicidade. Ele define a enunciação como
um acontecimento de linguagem perpassado pelo interdiscurso,
que se dá como espaço de memória no acontecimento. É um
acontecimento que se dá porque a língua funciona ao ser afetada
pelo interdiscurso. É, portanto, quando o indivíduo se encontra
interpelado como sujeito e se vê como identidade que a língua se
põe em funcionamento (1995, p.70).
A relação com a história se dá através do conceito de interdiscurso,
proveniente da Análise de Discurso francesa, fazendo intervir o já dito
para a produção de sentidos na enunciação. É assim que o autor define
“o sentido de um enunciado como os efeitos de sua enunciação” (p. 70).
Quando passa a tratar mais especificamente do acontecimento na
relação com a enunciação, Guimarães considera que a temporalidade é
definida pelo acontecimento enunciativo, que estabelece um presente
que recorta um passado e projeta um futuro. Para o autor,
algo é acontecimento enquanto diferença na sua própria ordem.
E o que caracteriza a diferença é que o acontecimento não é um
fato no tempo. Ou seja, não é um fato novo enquanto distinto de
qualquer outro ocorrido antes no tempo. O que o caracteriza
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como diferença é que o acontecimento temporaliza. Ele não está
num presente de um antes e um depois no tempo. O
acontecimento instala sua própria temporalidade: essa a sua
diferença (GUIMARÃES, 2002, p.11-12).
Nesse caso, o presente do acontecimento recorta o passado, como
memorável2, isto é, trata-se de uma “rememoração de enunciações”
recortada pelo presente do acontecimento. Ao mesmo tempo,
estabelece-se um futuro, uma projeção de interpretação e é nessa
relação temporal no acontecimento de linguagem, observada a partir da
textualidade, que os sentidos se constituem.
Considerando a noção de enunciação como acontecimento de
linguagem, passemos agora à textualidade. Os procedimentos de
reescrituração e de articulação entre as palavras são os responsáveis
pela textualidade.
Segundo Guimarães, o procedimento de reescrituração
(...) é o procedimento pelo qual a enunciação de um texto rediz
insistentemente o que já foi dito fazendo interpretar uma forma
como diferente de si. Este procedimento atribui (predica) algo ao
reescriturado (2007, p.84).
Ou seja, a reescrituração é o procedimento de redizer uma palavra
pela sua repetição, por outras palavras que a substituem, expandem,
condensam, a definem, ou pelo apagamento da palavra (elipse),
produzindo-se, assim, sentidos.
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Por outro lado, segundo o autor, a articulação “diz respeito às
relações próprias das contigüidades locais. De como o funcionamento
de certas formas afetam outras que elas não redizem” (GUIMARÃES,
2007, p.88). Nesse caso, trata-se da maneira como uma palavra se
articula a outra, seja através de conjunções, de preposições, por
exemplo.
Outra questão que consideramos importante destacar é a relação
integrativa3 dos enunciados no texto (GUIMARÃES, 2002), ou seja, o
sentido de uma palavra e do enunciado depende do texto que integram,
isto é, o sentido de uma palavra depende do sentido do texto do qual ela
faz parte.
A utilização desses conceitos permitiu que percebêssemos que, na
medida em que o autor ia descrevendo as relações sociais entre brancos
e negros, dominadores e escravos, na obra que analisamos – Raízes do
Brasil –, havia uma série de expressões que descreviam como essas
relações aconteciam e que essas expressões estavam relacionadas
semanticamente com o domínio semântico de determinação da palavra
preconceito se consideramos a história de enunciações dessa palavra.
2. Análise
i) Reescrituração por repetição da palavra preconceito
Primeiramente, vejamos as reescrituras da palavra preconceito por
repetição que estão em negrito, que ocorrem nos seguintes recortes
retirados da obra Raízes do Brasil:
1) Outras ocupações reclamam agora igual eminência, ocupações
nitidamente citadinas, como a atividade política, a burocracia, as
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profissões liberais. É bem compreensível que semelhantes ocupações
venham a caber, em primeiro lugar, à gente principal do país, toda ela
constituída de lavradores e donos de engenhos. E que, transportada de
súbito para as cidades, essa gente carregue consigo a mentalidade, os
preconceitos e, tanto quanto possível, o teor de vida que tinham sido
atributos específicos de sua primitiva condição (HOLANDA, 1995,
p.82).
2) Dos fidalgos portugueses que andavam então pelas partes do Oriente
sabemos como, apesar de toda a sua prosápia (altivez, orgulho), não
desdenhavam os bens da fortuna, mesmo nos casos em que, para
alcançá-los precisassem desfazer-se até certo ponto de preconceitos
associados à sua classe e condição (Ibidem, p.136).
3) A relativa inconsistência dos preconceitos de raça e de cor (Ibidem,
p.184).
4) A tese das origens especificamente protestantes dos modernos
preconceitos raciais, e, em última análise das teorias racistas, é
atualmente defendida com ênfase pelo historiador inglês Arnold J.
Toynbee (Ibidem, p.198).
No primeiro recorte, o preconceito é atribuído à gente dos engenhos
que o traz para a cidade. Engenho é oposto à cidade, oposição que
remete ao memorável da oposição entre rural/urbano, então vamos
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considerar que cidade está no domínio antonímia com engenho (meio
rural) e que palavra preconceito determina4 o sentido de engenho.
No segundo recorte temos a articulação de preconceito à expressão
associados a sua classe e condição articulação que nos leva a
considerar que se trata de um tipo de preconceito, o preconceito de
classe. Mas é preciso atentar que o Locutor explica que os fidalgos
portugueses desfaziam-se dos preconceitos quando precisavam.
E temos mais dois tipos de preconceito elencados nos dois últimos
recortes, o preconceito de raça/ preconceitos raciais e preconceito de
cor. O que podemos então ver são especificações para a palavra
preconceito que mostram tipos distintos de preconceitos mencionados
pelo autor da obra a partir da sua descrição da formação da sociedade
brasileira. Vejamos o Domínio Semântico de Determinação (DSD)5 da
palavra até agora:
Observando esse DSD especificações não dizem muito do sentido
que a palavra preconceito tem na obra analisada.
preconceitos raciais/de raça
┬
fidalguia ├ Preconceito ┤ preconceitos de cor
┴
Engenho (rural)
___________________________________________
citadino
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Podemos perceber que na descrição do Locutor os preconceitos são
da vida do engenho (meio rural) e quem os tem são os lavradores e os
donos de engenho. Por outro lado, o Locutor afirma que os fidalgos
portugueses desfazem-se deles quando precisam, e afirma uma “relativa
inconsistência” dos preconceitos. Ora o Locutor fala de uma posição
em que afirma a existência do preconceito entre fidalgos, entre
trabalhadores e senhores de engenho, ora fala de uma posição em que
considera relativamente inconsistente os preconceitos ou afirma que os
fidalgos portugueses desfazem-se deles.
ii) O apagamento da palavra ou reescrituração por substituição
Buscando saber mais sobre a significação da palavra preconceito na
obra Raízes do Brasil, observamos que ela era retomada no texto através
de outras expressões que a substituem mesmo não estando diretamente
articuladas a ela no funcionamento sintático.
Essas expressões não foram tomadas aleatoriamente no texto.
Chegamos a elas através de palavras que têm relações de sentidos com
a palavra preconceito por sua história de enunciações, observadas em
outras obras por nós analisadas6. Assim, selecionamos recortes nos
quais encontramos certas expressões que estabelecem, no
acontecimento enunciativo, relações de sentido com a palavra
preconceito por estarem também especificadas por palavras ou
expressões que remetem a de cor e de raça.
Outro critério utilizado foi o do contexto imediato: o Locutor estava
descrevendo como se dava as relações entre
brancos/portugueses/dominadores/donos de engenho/homens de cor/
escravos/trabalhadores, quando justamente a palavra preconceito serve
como categoria explicativa da sociedade, mas que nos recortes não
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aparece. Além disso, há uma certa regularidade sintática, pois as
expressões são complementos verbais.
Vejamos, então, as expressões que estão sublinhadas nos recortes
que seguem:
(5a) A vida parece ter sido aqui incomparavelmente mais suave,
mais acolhedora das dissonâncias sociais, raciais e morais.
(5b) (...) Nossos colonizadores eram, antes de tudo, homens que
sabiam repetir o que estava feito ou o que lhes ensinara a rotina. Bem
assentes no solo, não tinham exigências mentais muito grandes e o
Céu parecia-lhes uma realidade excessivamente espiritual, remota,
póstuma, para interferir em seus negócios de cada dia. A isso cumpre
acrescentar outra face bem típica de sua extraordinária plasticidade
social: a ausência completa ou praticamente completa, entre eles, de
qualquer orgulho de raça.
(6a) Compreende-se, assim, que já fosse exíguo o sentimento de
distância entre os dominadores, aqui, e a massa trabalhadora
constituída de homens de cor.
(6b) O escravo das plantações e das minas não era um simples
manancial de energia, um carvão humano à espera de que a época
industrial o substituísse pelo combustível. Com freqüência as suas
relações com os donos oscilavam da situação de dependente para a
de protegido, e até de solidário e afim.
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Sua influência penetrava sinuosamente o recesso doméstico, agindo
como dissolvente de qualquer idéia de separação de castas ou
raças, de qualquer disciplina fundada em tal separação.
(6c) Era essa a regra geral: não impedia que tenham existido casos
particulares de esforços tendentes a coibir a influência excessiva do
homem de cor na vida da colônia (...).
(6d) Mas resoluções como essa – decorrentes, ao que consta, da
conjuração dos negros e mulatos, anos antes, naquela capitania –
estavam condenadas a ficar no papel e não perturbavam seriamente
a tendência da população para um abandono de todas as barreiras
sociais, políticas e econômicas entre brancos e homens de cor, livres
e escravos.
(7) (...) o exclusivismo racista, como se diria hoje, nunca chegou a
ser, aparentemente, o fator determinante das medidas que visavam
reservar a brancos puros o exercício de determinados empregos.
Muito mais decisivo do que semelhante exclusivismo teria sido o
labéu tradicionalmente associado aos trabalhos vis a que obriga a
escravidão (...).
(8) A essas inestimáveis vantagens acrescente-se ainda, em favor
dos portugueses, a já aludida ausência, neles, de qualquer orgulho
de raça.
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Nestes recortes, além das palavras e expressões raciais ou de raça e
de cor, também podemos observar outras expressões e palavras que
geralmente podem aparecer determinando a palavra preconceito pela
relação entre o passado de enunciações e o presente do acontecimento
enunciativo. São elas:
a) locução adjetiva e adjetivos: de castas, morais, sociais.
b) os substantivos e expressões (sintagmas nominais): dissonâncias;
orgulho; sentimento de distância; ideia de separação; esforços tendentes
a coibir; barreiras; exclusivismo.
Os substantivos e as expressões em (b) remetem à palavra
preconceito. Podemos considerar que enunciadas no acontecimento
enunciativo, reescrevem a palavra preconceito por substituição e, nessa
medida, atribuem-lhe certos sentidos, constituindo-se então o que a
palavra designa nos recortes analisados. Elaboramos então o seguinte
DSD com os núcleos dos sitagmas e com dois sintagmas os quais:
O preconceito é uma dissonância social, moral e racial; é o orgulho
de raça; é o sentimento de distância; é uma barreira social, política e
econômica; é um exclusivismo racista; é o esforço que tende a coibir.
Orgulho
┴
dissonâncias ┤ ├ sentimento de distância
Preconceito
barreira ┤ ├ ideia de separação
┬ ┬
Exclusivismo coibição
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O preconceito que é referido pelo Locutor nos recortes é sempre dos
brancos contra os negros: dominadores (portugueses), brancos,
colonizadores contra a massa trabalhadora; homens de cor, livres e
escravos.
É preciso atentar também para a articulação entre as expressões no
texto. Nos recortes em questão, há negação das expressões destacadas
de forma direta ou a amenização do preconceito. Vejamos as expressões
em negrito que se articulam, através de preposições, de artigos, às
expressões que consideramos serem reescrituras de preconceito:
5a’) a vida parece ter sido aqui incomparavelmente mais suave,
mais acolhedora das dissonâncias sociais, raciais e morais.
5b’) a ausência completa ou praticamente completa, entre eles, de
qualquer orgulho de raça.
6a’) que já fosse exíguo o sentimento de distância entre os
dominadores, aqui, e a massa trabalhadora constituída de homens de
cor.
6b’) agindo como dissolvente de qualquer idéia de separação de
castas ou raças,
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6c’) casos particulares de esforços tendentes a coibir a influência
excessiva do homem de cor na vida da colônia (...).
6d’) para um abandono de todas as barreiras sociais, políticas e
econômicas entre brancos e homens de cor, livres e escravos.
7’) exclusivismo racista, como se diria hoje, nunca chegou a ser,
aparentemente, o fator determinante das medidas que visavam
reservar a brancos puros o exercício de determinados empregos (...)
8’) a já aludida ausência, neles, de qualquer orgulho de raça.
Vejamos o desdobramento de enunciadores no enunciado (5a’), em
que E significa enunciador:
E1: a vida aqui tem dissonâncias sociais, raciais e morais; (pressuposto)
E2: a vida parece ter sido incomparavelmente mais suave, mais
acolhedora das dissonâncias sociais, raciais e morais.
Podemos perceber nesses enunciados que há um enunciador (E1)
que afirma, de forma genérica, a existência das dissonâncias sociais,
raciais e ao mesmo tempo em que há um enunciador individual (E2),
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que ameniza, atenua a afirmação da existência das dissonâncias através
de expressões que minimizam a existência delas (incomparavelmente
mais acolhedora; mais suave) por parte dos brancos puros / portugueses
/ colonizadores / dominadores / senhores / donos contra os homens de
cor / trabalhadores / escravos.
Nos demais recortes – 5b’, 6a’, 6b’, 6c’, e 7’ –, esse funcionamento
se repete, sendo que apenas nos enunciados 6d’ e 8’ não há a atenuação,
sendo negada a existência do orgulho de raça e das barreiras sociais. O
locutor enuncia de uma posição de amenizar e de negar a existência
dessas reescriturações de preconceito.
O locutor minimiza, ameniza a existência, por parte dos portugueses
/ dominadores / brancos puros / donos, de dissonâncias sociais, morais,
raciais; do orgulho de raça; do sentimento de distância; ideia de
separação; da coibição da influência; das barreiras sociais, políticas e
econômicas; e do exclusivismo racista contra os homens de cor;
escravos; trabalhadores. Desse modo, consideramos as reescriturações,
nesse acontecimento, como uma forma de eufemismos.
3. Eufemismo e Tabu
A partir da análise acima realizada, em que ocorre um movimento
semântico de amenizar o preconceito, faremos uma breve reflexão
sobre o eufemismo. Benveniste (1974) em um artigo intitulado “La
blasphémie et l’euphémie” discute a blasfêmia associando-a à eufemia7.
O autor analisa especificamente expressões religiosas ao tratar da
blasfêmia e afirma que a eufemia é simetricamente oposta à blasfêmia.
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(...) o léxico da imprecação ou, se se preferir, o repertório das
locuções blasfêmicas, tem sua origem e encontra sua unidade
numa característica singular: ele procede da necessidade de
violar a interdição bíblica de pronunciar o nome de Deus. A
blasfemia é de ponta a ponta um processo de fala; ela consiste,
de uma certa maneira, em substituir o nome de Deus por sua
injúria (BENVENISTE,1974, p.259-260).
A blasfêmia, no domínio discursivo da religião, é relacionada ao
tabu, tal como é descrito por Freud e retomado por Benveniste:
O tabu (...) é uma proibição muito antiga, imposta de fora (por
uma autoridade) e dirigida contra os desejos mais intensos do
homem. A tendência a transgredi-la persiste em seu inconsciente,
os homens que obedecem ao tabu são ambivalentes em relação
ao tabu. (FREUD apud BENVENISTE, 1974, p.260).
A blasfêmia então é uma forma de profanar o nome de Deus, nome
este proibido de ser dito fora do culto ou em situações que não sejam
solenes.
Segundo o autor, a expressão blasfêmica consiste em uma
exclamação, como exemplo, ele cita a expressão em francês “Nom de
Dieu!” (nome de Deus!). A censura da exclamação blasfêmica suscita,
segundo ele, uma “eufemia”. Vejamos então aquilo que o autor chama
de eufemia:
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A eufemia não refreia a blasfemia, ela a corrige na sua expressão
de fala e a desarma enquanto imprecação. Ela conserva o quadro
locucional da blasfemia, mas introduz três espécies de
modificações:
1. A substituição do nome de “Deus” por qualquer termo
inocente: (“nom d’une pipe!” [nome de um cachimbo!],(“nom
d’un petit bonhomme!”[nome de um homenzinho!] ou (bon sang!
[“bom sangue!”]);
2. A mutilação do vocábulo “Dieu” [Deus] por aférese da final
“par Dieu!”> pardi!” ou a substituição de uma mesma
assonância: “parbleu!”;
3. A criação de uma forma de non-sense no lugar da expressão
blasfêmica: “par le sang de Dieu!” transforma-se em
“palsambleu!”, “je renie Dieu! Torna-se “jarnibleu!”. (p.262).
Desse modo, segundo o autor, a eufemia retira o sentido da
blasfêmia. “Assim anulada, a blasfêmia faz alusão a uma profanação de
linguagem sem realizá-la e preenche sua função psíquica, mas
desviando-a e disfarçando-a” (p.262). A noção de eufemia está
intrinsecamente relacionada à blasfêmia, e, portanto, a uma substiuição
de palavras religiosas, mais especificamente do nome de Deus.
Silveira Bueno (1965) trata da questão do eufemismo relacionando-
o, também, com o tabu, mas não especificamente com a blasfêmia. Para
este autor, o tabu significa “uma palavra, um vocábulo que não pode ser
dito em público, numa determinada comunidade social” (p.189). Já o
eufemismo “é o sinônimo, a perífrase que se deve usar em lugar da
palavra direta para amenizar, diminuir, velar o significado rebarbativo
ou cru que a sociedade repele” (SILVEIRA BUENO, 1965, p.189).
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Nesta definição, o eufemismo tem como contraparte um tabu
simbolizado por uma palavra a qual é substituida por uma palavra
sinônima com um sentido “ameno”. O tabu, segundo o autor, ocorre por
causa da existência da malícia e do medo na humanidade. Ele dá como
exemplo disso, dentre outros, a folha de parra de Adão que teria sido o
primeiro objeto eufêmico conhecido.
Ainda, segundo ele, os tabus e os eufemismos variam de acordo com
a época e com a cultura de cada povo. A “tabuização” (sic) de uma
palavra acontece porque é atribuida uma força que é intrínseca às
palavras. Estas seriam capazes de produzir concretamente o que elas
significam havendo palavras boas, que carregam a felicidade e palavras
ruins, que carregam o azar e que são maléficas. Como causas das
palavras-tabu ele aponta também o “temor supersticioso”, “o
sentimento de polidez” e a “moralidade”.
Do lado da retórica literária, Lausberg (2004) relaciona o eufemismo
à noção de tropos. Ele explica que esta noção diz respeito à passagem
de um conteúdo primitivo de um corpo de palavra para outro conteúdo
e “a função principal do tropos é o estranhamento”. Ele dá como
exemplo a seguinte frase:
i. Aquiles é um leão.
Nessa frase, o conteúdo frásico é “Aquiles é um guerreiro feroz” e
desse modo, houve uma substituição do conteúdo primitivo do corpo da
palavra leão. “Animal feroz” era o conteúdo primitivo de “leão” e é
substituído por “guerreiro feroz”. A substituição, segundo ele, pode se
tornar uma necessidade, como no caso em que seja necessário banir os
“verba propria”, isto é, os tabus.
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Em nota de rodapé, Lausberg explica que o eufemismo é “a
substituição de uma palavra proibida por tabu” (p.145), ou seja, trata-
se da substituição da palavra que não pode circular por causa da
interdição provocada pelo tabu. Assim, a passagem de um conteúdo
primitivo de um corpo de palavra para outro conteúdo é o que ele chama
de tropos, e o eufemismo seria a substituição de uma palavra proibida
de ser pronunciada por causa da existência do tabu, havendo assim a
substituição de conteúdo.
A partir do que os autores afirmaram, podemos compreender que o
eufemismo é uma palavra que subistiui outra palavra impedindo a sua
circulação por causa da proibição de uma palavra tabu, que pode ser
moral, religiosa, etc, como uma forma de impedir o(s) sentido(s) da
palavra inicialmente utilizada fazendo circular outro(s) sentido(s) com
a palavra substituta.
Os três autores acima citados colocam o tabu como o que produz a
necessidade de substituir uma palavra tabu por um eufemismo.
Lausberg e Silveira Bueno analisam o eufemismo sem considerar a
circulação da palavra na enunciação, no texto, o que possibilita
inclusive que Silveira Bueno considere haver uma força que é própria
às palavras.
Já Benveniste, para tratar da eufemia, analisa a enunciação de frases
exclamativas, mas não no texto, e considera o locutor como centro,
responsável pela enunciação, e assim pela produção do sentido8.
Por outro lado, em outro artigo, intitulado “Eufemismos antigos e
modernos”, Benveniste também discute a explicação do termo grego do
qual eufemismo é proveniente. Segundo ele, os dicionários definem o
termo grego de duas maneiras: “dizer palavras de bom augúrio” e
“evitar as palavras de mau augúrio”. Benveniste afirma que é a primeira
definição, a “positiva”, a mais adequada para o termo grego. Além
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disso, analisando palavras que afirma serem eufemismos, o autor nos
diz que
É preciso, para apreciar um eufemismo, reconstituir tanto quanto
possível as condições de emprego no discurso falado (...). Só a
situação determina o eufemismo. E essa situação, conforme seja
permanente ou ocasional, modifica o tipo da expressão
eufemística segundo normas próprias de cada língua.
(BENVENISTE, 1966, p. 342).
Ele mostra assim que são as condições de emprego que vão definir
se uma expressão ou palavra é ou não um eufemismo. Como no
enunciado: “se me acontecer algo (=se eu morrer)” (p.342), em que algo
pode ser um eufemismo de morrer se as condições de emprego assim o
permitirem. A questão então é pensar o que faz com que uma palavra
seja um eufemismo de outra, no emprego da língua.
Buscamos então pensar a substituição de uma palavra por outra no
funcionamento enunciativo no texto considerando a história, o social, o
político e o sujeito, não como centro, na produção do sentido.
A análise do funcionamento da palavra preconceito e das palavras e
expressões que a substituem mostrou que a eufemização acontece com
a reescrituração por substituição, com a amenização através de outras
palavras articuladas, e, também, pelo memorável recortado no
acontecimento, isto é, pelos sentidos que circulam no presente do
acontecimento que determinam preconceito atribuindo-lhe sentidos.
4. Algumas considerações
A relação entre as expressões grifadas nos recortes 5b’, 6a’, 6b’, 6c’,
6d’ , 7’, 8’ e a palavra preconceito se dá de forma indireta, ou seja, estão
distantes no texto numa relação transversal que rompe a
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segmentalidade, relacionadas, portanto, semanticamente no
acontecimento enunciativo, sendo preciso levar em consideração a
exterioridade, isto é, a história de sentidos da palavra em outras
enunciações para que se compreenda que preconceito e as expressões
grifadas pertencem ao mesmo domínio semântico de determinação.
A análise enunciativa das expressões no funcionamento textual da
obra Raízes do Brasil mostra o que a palavra preconceito designa pela
sua substituição por expressões que expandem o seu sentido
significando-a como dissonância social, moral e racial; como orgulho
de raça; como sentimento de distância; como uma barreira social,
política e econômica; como um exclusivismo racista; como o esforço
que tende a coibir. O locutor-autor-sociólogo-historiador enuncia como
enunciador individual, de uma posição sujeito que minimiza e até
mesmo nega a existência desses sentidos que substituem a palavra
preconceito no texto quando descreve as relações sociais entre brancos
e negros (“homens de cor”).
Com a reescrituração da palavra através de outras expressões de
forma constante ao longo do texto, a circulação da palavra preconceito
é suspensa e as expressões que a substituem são minimizadas e negadas.
Assim, ao invés de considerarmos o eufemismo como a palavra que
substitui a palavra tabu, entendemos que há um processo de
eufemização em que há a substituição da palavra preconceito por outras
palavras e expressões que são articuladas a palavras e/ou expressões
que as minimizam, que as amenizam ou que as negam. O procedimento
de reescrituração através do qual vai se dando a textualidade é feito
através não apenas da substituição mas através das articulações à
adjetivos e advérbios. Assim, a combinação da reescritura por
substituição com a articulação produz a eufemização, configurando-se
como procedimento de reescritura por substituição por eufemização.
Carolina de Paula Machado
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Deste modo, ao significar o preconceito como separação,
exclusivismo, distanciamento, orgulho, coibição e, negando a sua
existência e amenizando-a, descreve-se uma sociedade brasileira em
que as relações sociais, trabalhistas, etc, entre negros e brancos se dão
como uma convivência quase que harmônica, com a ausência, ou quase
ausência de preconceito contra os negros ou “homens de cor”. E é
justamente com a eufemização que se dá a contradição: apesar do
impedimento da circulação da palavra preconceito, ainda assim
circulam os sentidos de preconceito através da história de enunciações.
Notas
1 Refiro-me aqui as análises realizadas em minha dissertação de mestrado intitulada “A designação da palavra preconceito em dicionários atuais” defendida em 2007, e às outras análises realizadas em minha tese de doutorado intitulada “Política e Sentidos da palavra preconceito: uma história no pensamento social brasileiro na primeira metade do século XX”, defendida em 2011. 2 Schreiber da Silva (2012) trata da especificidade da noção de memorável na relação com a noção de acontecimento, tal como este é definido por Guimarães (2002). Para a autora, o memorável “é o passado pensado de maneira enunciativa e de acordo como tempo no acontecimento” (2012, p.4). 3 Segundo Guimarães (2002), Benveniste propôs a integração considerando-a “como o movimento integrativo de uma unidade lingüística. Para ele, esta relação (integrativa) dá o sentido de unidade. Ou seja, o sentido de um elemento lingüístico tem a ver com o modo como este elemento faz parte de uma unidade maior ou mais ampla” (GUIMARÃES, 2002, p.7). A questão é que Benveniste considerava como unidade mais ampla o enunciado, enquanto que Guimarães propõe considerar o texto como limite. 4 Trata-se da determinação semântica entre palavras que pode se dar no interior de um sintagma nominal. Por outro lado, a predicação é a relação semântica entre sintagma verbal e sintagmas nominais, que é também considerada como uma relação de determinação. Para Guimarães, “uma expressão determina outra na medida em que esta se apresenta como por ela determinada pela enunciação. Isto, por outro lado, levaria a se pensar como o processo enunciativo constrói a língua” (2007, p.79). Oliveira (2006), tratando da determinação e da predicação, faz uma discussão interessante considerando a predicação como uma “relação enunciativa”.
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5 O Domínio Semântico de Determinação (DSD) representa o sentido da palavra. Ele é construído “pela análise das relações de uma palavra com as outras que a determinam em textos em que funciona” (GUIMARÃES, 2007, p.80). O sinal ˧ significa “determina”, tal como explicado na nota anterior. 6 Em nossa tese de doutorado intitulada “Política e sentidos da palavra preconceito: uma história no pensamento social brasileiro na primeira metade do século XX”, analisamos mais três obras que analisam a formação da sociedade brasileira: Casa-grande e Senzala, de Gilberto Freyre; Evolução do povo Brasileiro, de Oliveira Vianna; Formação do Brasil contemporâneo, de Caio Prado Júnior, todas da primeira metade do século XX.. Além disso, em nossa dissertação de mestrado, também analismos os sentidos da palavra preconceito nas definições lexicográficas de um conjunto de dicionários do século XX e início do século XXI. 7 A palavra eufemia é a tradução da palavra euphémie na edição em português do artigo, do original em francês. 8 O autor define enunciação como um “processo de apropriação”, “o locutor se apropria do aparelho formal da língua e enuncia sua posição de locutor por meio de índices específicos (...)” (Benveniste, 1989, p. 84).
Referências bibliográficas BENVENISTE, E. (1966). Problemas de Linguística Geral I. Campinas:
Pontes, 1988. ______. (1974). Problemas de Linguística Geral II. Campinas: Pontes,
1989. BUENO, S. (1965). Tratado de Semântica Brasileira. São Paulo: Edição
Saraiva, 4ª ed. GUIMARÃES, E. (2002). Semântica do Acontecimento. Campinas: Pontes,
2002. ______. (2007). “Domínio Semântico de Determinação”. In: GUIMARÃES,
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HOLANDA, S. B. (1936). Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
LAUSBERG, H. Elementos de Retórica Literária. (1967). Lisboa: Fundação Calouste Gubenkian, 2004.
Carolina de Paula Machado
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OLIVEIRA, S. E. (2006). Cidadania: história e política de uma palavra.
Campinas: Pontes, RG Editores. PAULA MACHADO, C. de. (2011). Política e sentidos da palavra
preconceito: uma história no pensamento social brasileiro na primeira metade do século XX. Tese de doutorado. Campinas: IEL/Unicamp.
SCHREIBER DA SILVA, S. (2012). “O memorável na relação entre línguas”. In: Web Revista discursividade. Edição em homenagem ao prof. Dr. Eduardo Guimarães. Edição número 9, Janeiro/2012 –Julho/2012. Disponível em: http://www.discursividade.cepad.net.br/EDICOES/09/09.htm Acesso em: 01/10/2014. Palavras-chave: preconceito, eufemização, enunciação Keywords: prejudice, euphemization, enunciation