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A RELAÇÃO TEORIA E REFLEXÃO DA PRÁTICA PARA RESSIGNIFICAÇÃO DO
FAZER DOCENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DO ESTÁGIO NO
CURSO DE PEDAGOGIA/PARFOR/UEA
Eliana Nascimento, Universidade do Estado do Amazonas/UEA
Edilberto Santos Moura,Universidade do Estado do Amazonas/UEA
Cristiane Cavalcante Lima, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas/IFAM
Eixo 07 - Formação e desenvolvimento profissional de professores do
ensino superior
E-mail: [email protected]
Introdução
Significativas mudanças foram trazidas pela a LDB 9394/96 no que diz respeito à
estrutura da Educação Básica no país, buscando superar o distanciamento entre a
academia e a realidade escolar frequentemente percebida nos cursos de licenciatura. A
lei definiu como fundamento da formação de professores, a relevância entre teorias e
práticas como prevê o artigo. 61, Inciso I, da referida lei. Uma das mudanças expressivas
presentes nessa legislação, está na exigência de uma maior carga horária de “estágios e
atividades práticas”, além da integração de aspectos práticos e teóricos nos seus
currículos.
Ao discutirmos o estágio supervisionado do curso de pedagogia, como espaço de
reflexão e troca de saberes entre a teoria e a prática, faz-se necessário discorrer sobre os
conhecimentos e competências pedagógicas do pedagogo. O termo competência é
definido por Perrenoud, (1999), como a capacidade de agir eficazmente numa
determinada situação, apoiada em conhecimentos, mas sem se limitar a eles.
Neste sentido, ao preparar um planejamento de ensino, na disciplina de Estágio,
há de se prever ações que permitam o desenvolvimento de habilidades e competências,
motivando e envolvendo o educando, de modo que sinta-se capaz de interagir no meio
social. Deste modo, o planejamento deve dar um sentido à aprendizagem, com
estratégias e abordagens voltadas a construção de novos saberes, que relacionados à
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reflexão da prática docente, torna-se elemento indispensável ao processo de mudança,
tão esperado na formação de professores.
Segundo Alarcão (2003), a escola não detém o monopólio do saber. Como
organização, tem de ser um sistema aberto, pensante e flexível; tem de repensar, para
transformar-se por dentro como as pessoas que a constituem, interagindo com a
comunidade circundante. Isto leva a perceber a necessidade de uma relação mais
eficiente do ponto de vista crítico, entre universidade e escola, sendo que a prática do
estágio pode ser a ponte desta relação.
De acordo com Demo (2004), a Universidade que apenas reproduz conhecimento
é desnecessária. O aluno não a freqüenta para assistir aulas e reproduzi-las, mas sim,
para construir conhecimentos partindo dos já existentes, o que depende do seu esforço e
da orientação do professor.
Frente a essa realidade complexa o docente necessita de competências para
tornar o conhecimento viável e satisfatório às demandas da sociedade. Dentro deste
propósito, os alunos precisam ser suscitados a problematizarem o espaço da prática
pedagógica como uma instância de construção de aprendizagem, através de
componentes curriculares que se inter-relacionam em busca da reflexão e da pesquisa
como eixo norteador das disciplinas. Dentre estes componentes, o Estágio
Supervisionado.
Assim, o objetivo deste trabalho consiste em relatar uma experiência
metodológica de orientação de estágio supervisionado na educação infantil, no curso de
Pedagogia, executado na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em atendimento
ao Programa de Formação de Professores para a Educação Básica (PARFOR),
gerenciado pela Comissão de Aperfeiçoamento e Pesquisa (CAPES) do Governo
Federal.
Caracterização da Estratégia Metodológica do Estágio na Formação de Professores
no âmbito do PARFOR/UEA
O Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) é
um programa emergencial, gerenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES), que incentiva a oferta de cursos de licenciatura para
docentes que atuam na educação básica da rede pública de ensino, e que não tenham
formação superior, situação esta muito comum na região Amazônica, em especial no
estado do Amazonas.
Considerando este cenário regional, a Universidade do Estado do Amazonas deu
início em 2009, na modalidade presencial, no formato modular, e no período de férias
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regulares, a oferta de cursos de Licenciatura em Biologia, Letras, Matemática, Geografia
e Pedagogia, na capital do estado.
Em 2010, o curso de Pedagogia da UEA, considerando a demanda existente
naquele momento, aderiu ao PARFOR e passou a oferecer em Manaus o curso de
Pedagogia. Constando em sua estrutura curricular, como determina a resolução n. 01 de
2006, do Conselho Nacional de Educação, o componente Estágio Supervisionado,
estruturado para a realidade estadual em três etapas, cuja primeira etapa consiste na
discussão e reflexão teórica a partir de textos selecionados que tratam da temática em
questão (Estagio em Educação Infantil). As duas últimas etapas correspondem às
observações da prática pedagogia in locu, sendo que no primeiro momento os alunos
além de observar a dinâmica da sala de aula, os aspectos pedagógicos, relação
professor-alunos entre outros, irão também registar uma determinada problemática
observada; para no terceiro momento da disciplina desenvolver um projeto de
aprendizagem que venha contribuir no enfrentamento dessa problemática.
A organização da disciplina nos três momentos citados tem por finalidade
possibilitar nos alunos do PARFOR/UEA, uma reflexão da prática docente, aprofundada
teoricamente, sobretudo em um contexto real da sala de aula. Vale ressaltar, no entanto,
que neste trabalho será discutido o relato somente da primeira etapa, que compreende
apenas o momento de construção do referencial teórico, uma vez que as demais etapas
encontram-se em andamento.
O estágio supervisionado do curso de pedagogia do PARFOR/UEA, tem se
configurado como um grande desafio para quem planeja, executa e recebe a formação,
haja visto as assimetrias regionais que fazem parte do contexto amazônico. Dentre estas,
podemos mencionar o aspecto geográfico do estado do Amazonas, onde em muitos
casos, para se chegar a um determinado município o acesso só é possível através de via
fluvial ou aérea, sendo que em alguns casos, o acesso ocorre somente por via fluvial. Em
algumas situações a duração do deslocamento por meio fluvial pode levar até mais de
seis dias para se chegar ao local pretendido.
De acordo com dados da coordenação pedagógica da UEA, o curso de
Pedagogia/PARFOR, está presente em 12 municípios, com 24 turmas, atendendo
aproximadamente mil alunos, sendo que destes, aproximadamente 500 estão cursando a
disciplina de estágio I, correspondente à educação infantil, primeira etapa do estágio.
Os alunos do curso, portanto do estágio, são professores de 08 municípios em
pleno exercício docente, condição exigida pela Capes para o ingresso no mesmo. São,
portanto, professores das redes estadual e municipal de ensino, que optaram a época
cursar em Manaus, haja visto que seus municípios, não terem sido contemplados pela
UEA.
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A experiência aqui relatada trata de uma das turmas localizada no município de
Manaus, composta por alunos pertencentes a quatro municípios circundantes: Rio Preto
da Eva, Iranduba, Anorí e Cacau Pereira. Ao todo são trinta alunos divididos entre os três
professores, selecionados via edital público, em outubro de 2013, para trabalhar com a
turma, com o componente Estágio I.
O Estágio I corresponde ao estágio em Educação Infantil (Creche e pré-escola).
Compreende uma carga horária de 90 horas sendo 30 horas para orientações teóricas e
60 horas para o cumprimento da carga horária na escola campo de estágio.A disciplina
propõe-se a ampliar o olhar sobre a escola, tendo como ponto de partida a observação
da realidade.
O acompanhamento tem sido feito com encontros mensais contido num
cronograma elaborado pela coordenação do curso, em conjunto com as Secretarias de
Educação dos municípios envolvidos. No cronograma consta que os alunos cumprirão
20 horas por mês nas escolas selecionadas para o estágio e o professor terá, portanto
seu encontro de orientação e acompanhamento, nos mesmos dias. Ao todo são quatro
encontros: um teórico e três práticos, sendo o momento teórico, como mencionado
anteriormente, o objeto de reflexão deste trabalho.
Da parte da coordenação do curso de pedagogia/UEA, foram realizados vários
encontros com os professores de Estagio I e Pesquisa e Prática pedagógica I, na
perspectiva de se consolidar os discursos e as práticas, com a sugestão de um aporte
teórico que contemplasse o ementário das disciplinas. Fato esse que foi de grande
relevância, pois também havendo assimetrias locais, as margens de erro no que cabe a
operacionalização das ações pedagógicas, poderiam ser bem menores. Este momento
de formação entre os docentes do PARFOR/UEA, resultou em um seminário que teve
como produto final a construção de uma apostila com textos de vários autores, tendo
como fundamento principal a formação do professor reflexivo-pesquisador, pois é
também o fundamento da proposta de estágio do curso de Pedagogia.
Quanto à estratégia metodológica executada pelos professores autores do
referido artigo, esta organizou-se da seguinte forma: primeiramente foi apresentada uma
aula expositiva aos alunos, com o objetivo de apresentar a disciplina, sua dinâmica e a
importância da mesma para a prática pedagógica, na aula seguinte foi feito a socialização
de textos voltados para o aprofundamento teórico da importância do estágio
supervisionado, como parte integrante de sua formação, bem como uma experiência de
pesquisa, os quais foram discutidos a partir da metodologia de Seminários (esta
estratégia metodológica permitiu um maior aprofundamento teórico sobre o tema em
questão, bem como uma melhor dinâmica no encaminhamento das aulas) Cada
professor conduziu um grupo de dez alunos com uma temática específica que,
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posteriormente, foram socializadas em forma de seminário e debates. Desta forma
favorecendo o entendimento de que o estágio deve ser visto como uma experiência
acadêmica que busca articular, construir e ressignificar saberes, a partir da prática
docente, da pesquisa e da participação, nos processos que envolvem a ação educativa.
Neste primeiro momento, que trata o relato contido neste trabalho, foi possível,
além da discussão teórica, explicar os mecanismos de acompanhamento do Estágio tais
como: o Caderno de Registros e Memórias que consistem, em primeiro momento, em
registros descritivos a partir das observações dos primeiros contatos tidos na escola e
que, na seqüência do cumprimento da carga horária, os alunos são orientados a rever
seus registros, buscando a partir daí, transformá-los em narrativas e relacioná-los com a
fundamentação teórica que foi trabalhada nas discussões teóricas. Tal recurso,
constituirá também o processo de avaliação dos alunos ao final da disciplina. O professor,
a cada encontro com os alunos, avalia, revisa e orienta quanto à necessidade de
problematizar as observações e registros contidos no caderno.
Assim a metodologia adotada possibilitou ao aluno uma seqüência lógica de
etapas provocando o entendimento do processo e reflexões para sua inserção nas
escolas de campo de estágio.
O Estágio Supervisionado como Possibilidade de Ressignificar a Prática Docente
O estágio é uma etapa da formação inicial, identificado na proposta do curso de
pedagogia da UEA, como parte integrante da formação de professores. Portanto, não
pode ser considerado apenas como a parte prática em contrapartida à parte teórica que,
ao compreendê-las, não se tratam de duas partes, mas de um todo que se completa. Nos
dizeres de Pimenta (2011), a finalidade do estágio é propiciar ao aluno uma aproximação
à realidade na qual atuará.
Neste sentido, o Estágio Supervisionado possibilita a reflexão da prática docente,
podendo assim o pedagogo compreender o sentido e os princípios dessa disciplina.
Estudiosos da temática em questão, como Piconez (1991), e Castro (2000), apontam que
o estágio supervisionado vem se desenvolvendo como um componente teórico-prático,
pois possui uma caracterização ideal, teórica, subjetiva, articulada com várias posturas
educacionais, e uma caracterização real, material, social e prática, inserida no contexto
escolar. Paralelo a isso, os autores discutem também, que o estágio supervisionado
como componente integrador entre teoria e prática, configura-se em um espaço propício
para a produção dos diversos saberes necessários à profissão docente no mundo atual,
onde os sujeitos devem ser capazes de contextualizar, planejar e gerir a sua ação
pedagógica.
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Ao se buscar compreender a concepção atual acerca do estágio, vemos a
existência da tentativa de articular a atividade teórica com a atividade prática.
Para Pimenta (2007 p. 44):
A produção da década anterior é indicativa dessa possibilidade,
quando o estágio foi definido como atividade teórica que permite
conhecer e se aproximar da realidade. Mais recentemente, ao se
colocarem no horizonte as contribuições da epistemologia da
prática e se diferenciar o conceito de ação (que diz dos sujeitos)
do conceito de prática (que diz das instituições), o estágio como
pesquisa começa a ganhar solidez.
Frente a essa realidade complexa, através do Estágio busca-se indicar novos
caminhos a serem trilhados, como forma de garantir o cumprimento pleno do importante
papel da Instituição como geradora de conhecimento técnico-científico. Assim, o
professor, através da reflexão sobre sua prática (SCHON, 1992), vai elaborando um
saber da experiência em evolução (TARDIF, 2002). Desta forma o estágio supervisionado
possibilita que o discente atue em um espaço em que o aluno e o futuro professor
construam sua trajetória profissional. Sendo assim, torna-se possível formar um
profissional competente, que não apenas se reconhece como agente do processo de
trabalho, mas também compreende os fundamentos técnico-científicos que lhe deram
origem.
Nesta perspectiva é importante ressaltar ainda, que o estágio deve possibilitar o
pensamento prático. Segundo Gómez (1995 p.112):
O pensamento prático do professor não pode ser ensinado, mas
pode ser aprendido. Aprende-se fazendo e refletindo na e sobre a
ação. Através da prática é possível apoiar e desenvolver o
pensamento prático, graças a uma reflexão conjunta (e recíproca)
entre o aluno-mestre e o professor ou o tutor.
Entende-se que existe a necessidade de articular teoria e prática na formação do
professor sendo desse modo, o estágio supervisionado fator articulador. Nesse sentido, o
estágio fornece uma perspectiva que visa à superação da dicotomia teoria e prática.
Prática enquanto subordinada a uma instituição, que tem cultura própria, com finalidades
definidas. Teórica por ser uma atividade que busca conhecer, fundamentar, dialogar e
intervir na realidade. O professor deve articular teoria e prática. As situações vivenciadas
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em sala de aula devem possibilitar a formação técnica, com situações no qual se possa
acessar selecionar e processar informações em cada área, mas, sobretudo, há de se
desenvolver conceitos de ressignificação do estágio, problematizando a sua prática,
gerando assim seres mais autônomos, solidários, capazes de superar as diferenças
sociais no exercício de suas funções.
Por fim, o estágio supervisionado pode e deve ser considerado como estratégia
para que se possa ocorrer uma articulação entre os diferentes saberes, sendo este
momento oportuno para a elaboração teórica e para a renovação, reflexão das práticas,
de forma que ocorra uma integração entre o conhecimento teórico e o trabalho real,
indicando uma alternativa eficaz para a situação de falta de articulação entre teoria e
prática que se faz presente na formação docente.
As Primeiras Impressões: O Primeiro Encontro – Momento da Reflexão Teórica
No primeiro encontro realizado com os alunos de pedagogia PARFOR/UEA, foi
proposto um estudo teórico que buscou problematizar o estágio como um momento de
reflexão da prática pedagógica. Os textos selecionados e previamente estudados pelos
professores formadores foram:
Por que o estágio para quem já exerce o magistério: uma proposta de
formação continuada (PIMENTA, Selma; LIMA, Maria)
Estágio e Aprendizagem na Profissão Docente (LIMA, Maria Socorro)
O Portão da Escola (LIMA, Maria Socorro)
Os Saberes Profissionais dos Professores na Perspectiva de Tardif e
Gauhier: Contribuições para o caminho de pesquisa sobre os saberes
docentes no Brasil (CARDOSO, Aliana; PINO, Mauro; DOMELES,
Caroline)
Pesquisa Narrativa no Contexto Educacional: entre a escrita, a formação e
a reflexão (BRITO, Antonia; LIMA, Maria da Glória)
Narrativas no Contexto da Investigação sobre Identidade Profissional:
Método e/ou técnica?! (FERNANDES, Ana Gabriela; ARAÚJO, Cristina;
TEIXEIRA, Cristiane)
Tal estudo, permitiu uma ressignificação da ação docente expressa em relatos
dos alunos, cujo objetivo foi investigar as contribuições da Disciplina Estágio I para a
formação docente, com vistas a contribuir para uma melhor articulação entre teoria e
prática.
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Na forma de cada participante perceber a realidade, encontram-se embutidas as
projeções dos desejos, a afetividade, experiências anteriores com a imagem, levando a
formas diferenciadas de apreender o fenômeno e, por isso, multiplicam-se os riscos de
erro. Isso desperta o cuidado de o conhecimento científico não poder tratar sozinho os
problemas epistemológicos, filosóficos e éticos. Perceber essas implicações é
fundamental para quem se propõe tornar-se um pesquisador-educador. Isto fica evidente
no relato abaixo:
A disciplina do Estágio I, trouxe um direcionamento pra mim como
professora, tirou aquela visão de nós professores que já atuamos
na sala de aula que não precisamos estagiar, trouxe uma reflexão
sobre a nossa prática e o que o estágio vai nos proporcionar”
(R.C.S.)
Este relato demonstra que existe a necessidade de aproximar o estágio da
realidade, pois essa distância leva a muitos destes docentes, que estão aprendendo a
profissão, a tomar uma posição defensiva sobre aquilo que vivenciam. Para realizar esta
aproximação precisamos, enquanto docentes, termos um papel ativo durante esse
processo, refletindo sobre o que observamos, e agindo assim com intencionalidade.
O estudo teórico do primeiro encontro possibilitou uma ressifignicação da prática
docente, como pode também ser percebido no relato abaixo:
A partir de uma grande reflexão e ressignificação propiciada pelos
momentos de leitura, debates e socialização de preciosos saberes
disponibilizados pela disciplina mediados pelos professores, me
encontro reconstruída em vários aspectos, no que concerne a
minha vida acadêmica e como docente (L.A.)
Na ótica da aluna, podemos perceber a contribuição da didática, da prática de
ensino, dos fundamentos, metodologias e contribuições para a formação de professores.
Percebe-se também através destes relatos, que a disciplina Estágio I, abre caminhos e
busca orientação mais segura no planejamento das ações em sala de aula.
O desafio conforme é salientado por Machado (1998) consiste em evitar o
empobrecimento da formação, ou seja, uma formação atrelada ao ensino de tarefas e
desempenhos específicos, prescritos e observáveis. Os conhecimentos científicos devem
ser utilizados para a construção das competências, não se estabelecendo apenas a
reflexão, mas também as habilidades construídas enquanto ação prática. Outro relato
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que nos faz refletir sobre a importância do desenvolvimento crítico do sujeito esta
explicito na fala abaixo
A reflexão implica sempre uma análise crítica do trabalho que
realizamos, questionamos nossa legitimidade e o significado que
ela tem para cada criança com as quais trabalhamos (T.M).
De acordo com a compreensão da aluna, podemos citar aqui as considerações de
Alves e Garcia (2002, p.77) quando diz que:
A teoria será permanentemente confrontada com o concreto
social/escolar, e este será olhado a partir da teoria, recuperando-
se a unidade dialética teoria-prática. Mas apreender o real exige
mais do que o olhar da Filosofia, Sociologia, Psicologia ou
Antropologia. Exige a articulação das diferentes áreas do
conhecimento na interdisciplinaridade, redefinindo método e
categorias.
A referida citação reforça alguns relatos que demonstram que a ação docente está
atrelada aos saberes, sendo esses, formadores de vários caminhos. Segundo Tardif
(2010), pode-se definir o saber docente como “um saber plural, formado pelo amálgama,
mais ou menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional, e de saberes
disciplinares, curriculares e experienciais.”
Compreende-se, portanto, a partir dos relatos, que os saberes da docência são
plurais e heterogêneos. Desta forma pode-se enfatizar que o estágio supervisionado
constitui-se como estratégia para que ocorra uma articulação entre os diferentes saberes,
sendo que esse momento é oportuno para a elaboração teórica e para a renovação das
práticas, enfatizando aspectos significativos da formação de professores e análises da
relação entre teoria e prática no fazer pedagógico.
Considerações Finais
O Estágio Supervisionando pelo seu movimento dialético que envolve teoria e
prática de forma indissociável, tem se apresentado como um importante espaço de
reflexão, bem como um campo promissor para o desenvolvimento de pesquisas na área
da formação docente.
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Superar o sistema tradicional de ensinar e de aprender, valorizando a autonomia
intelectual, ressignificando o estágio a partir do PARFOR, as atividades foram orientadas
no sentido de fazer o aluno refletir e aprender a aprender, pois a prática deve ser
refletida, analisada e contextualizada, podendo o pedagogo mobilizar e articular e por em
prática conhecimentos, habilidades valorizando os saberes cotidianos em níveis
crescentes de complexidade.
A estratégia metodológica adotada neste primeiro momento da disciplina permitiu
uma maior problematização dos temas propostos, abrindo-se às novas possibilidades de
aprendizagens, uma vez que os conteúdos não são tidos como fins em si mesmos, mas
como meios essenciais na busca de respostas, de ser um profissional facilitador da
articulação de teoria e prática. Tal reflexão nos encaminha para a discussão sobre a
necessidade de maior articulação entre os dois locais de formação, a sala de aula e o
campo prático. Tal articulação pode ser realizada através do planejamento e da avaliação
do estágio. Atividade esta que resultará em influências mútuas, tendo em vista a
indissociabilidade entre teoria e prática, a qual enriquecem o processo de ensino-
aprendizagem.
Nesse sentido, o estágio configura-se como possibilidade de identificar e aplicar
os conhecimentos teóricos no espaço da sala de aula, sobretudo sob a perspectiva da
práxis, entendida como:
Atividade concreta pela qual os sujeitos se afirmam no mundo,
modificando a realidade objetiva e, para poderem altera-la
transformando-se a si mesmo. É a ação que, para se aprofundar
de maneira mais consciente, precisa de reflexão, de
autoquestionamento, da teoria; e é que remete a ação, que
enfrenta o desafio de verificar seus acertos e desacertos,
cotejando-os com a prática. (KONDER, 1992 p115)
Mediante o exposto, percebe-se a importância do estágio supervisionado na
formação dos professores, uma vez que a observação e reflexão da prática docente,
especialmente entre àqueles que já atuam no dia a dia da sala de aula, representa a
possibilidade de identificar os eventuais equívocos reelaborando suas prática, e,
principalmente, ressignificando seu trabalho e, sobretudo, redefinindo sua identidade
docente.
Referências
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