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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
Curso de Fisioterapia
A RELAÇÃO ENTRE VARIANTES ANTROPOMÉTRICAS NA
PREDIÇÃO DE 1RM EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS.
Bragança Paulista
2010
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Jefferson Henrique de Faria
001200700833
Vinícius Maranim Dei Santi
001200701604
A RELAÇÃO ENTRE VARIANTES ANTROPOMÉTRICAS NA
PREDIÇÃO DE 1RM EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS.
Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Ms. Cláudio Fusaro, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação.
Bragança Paulista
2010
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FOLHA DE APROVAÇÃO
DEI SANTI, Vinícius Maranim & FARIA, Jefferson Henrique. A relação entre variantes
antropométricas na predição de 1RM em diferentes fa ixas etárias. Monografia defendida
e aprovada na Universidade São Francisco pela banca examinadora constituída pelos
professores:
Prof. Ms. Cláudio Fusaro
Profª Dra. Rosimeire Simprini Padula
Prof. Ms. Sérgio Jorge
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Dedicamos este estudo aos nossos familiares e amigos, pois sempre que estávamos com
dificuldade, nos apoiaram e nos deram força para continuar no caminho da vitória,
contribuindo assim para que atingíssemos nossos sonhos pessoais e profissionais.
5
AGRADECIMENTOS
A DEUS por mais uma etapa de estudos vencida e mais um passo positivo em
nossas vidas. Agradecemos ao dom da vida e a oportunidade que temos de poder fazer
dela um bem para todos que nos rodeiam.
Aos voluntários do estudo que de uma forma ou outra encontraram uma forma de
reservar um tempo para colaborar com nosso estudo, sendo sempre de boa vontade. Sem
dúvida vocês foram essenciais para nossa formação.
Aos amigos inseparáveis que adquirimos durante o curso. Amigos esses que temos
sempre que manter contato, pois amizades verdadeiras como essas são raras de se
encontrar. Em especial: Cristiano, Kleber, Camilo, Waldemar, Leonardo, Giovani, José Luiz,
Anderson, Edgard e a todas as meninas de nossa turma que sempre estiveram conosco
quando precisamos.
Ao nosso querido e verdadeiro amigo e professor Cláudio Fusaro, pela dedicação,
orientação, ao tempo que nos disponibilizou, e acima de tudo a amizade que firmamos
durante esses anos de estudo e dedicação. Cláudio, você foi um exemplo em nossas vidas,
como pessoa e como profissional. Obrigado!
A Maria Cláudia, pois nos contribuiu com seu imenso conhecimento na área
científica, fazendo com que nosso trabalho se concretizasse da melhor forma possível.
Ao professor Sérgio Jorge, que em tão pouco tempo se tornou tão querido entre
todos do curso, especialmente entre nós, sem dúvida colaborou de forma indispensável para
nossa formação como profissionais.
A professora orientadora Rosimeire Simprini Padula, pelo auxilio metodológico.
Aos funcionários da Universidade São Francisco, que não apenas participaram do
estudo, mais que também recrutaram familiares e amigos para que assim pudéssemos
concluir nossa coleta de dados. Em especial Marli, responsável pelos laboratórios da
odontologia e fisioterapia, Cristiano da Rosa e Natália recepcionista da Clínica de
Fisioterapia, que não apenas participaram, mais foram essenciais para que conseguíssemos
atingir nosso objetivo, pois nunca mediram esforços para nos ajudar.
A todos os demais professores que nos contribuíram com a educação, coisas estas
que não tem preço, sem dúvida se não fossem por todos vocês, não teríamos chegado até
aqui tão preparados como estamos.
A todos, nosso muitíssimo obrigado.
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Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes.
O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano.
(Isaac Newton)
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DEI SANTI, Vinícius Maranim & FARIA, Jefferson Henrique. A relação entre variantes
antropométricas na predição de 1RM em diferentes fa ixas etárias, 2010. Trabalho de
conclusão de curso (Graduação em Fisioterapia) – Curso de Fisioterapia da Unidade
Acadêmica da Área da Saúde da Universidade São Francisco, Bragança Paulista.
RESUMO
Repetição Máxima (RM) é utilizada para medir a força dinâmica de grupos
musculares e determinar uma linha basal de referência para documentar as melhoras na
força muscular induzida pelo treinamento e tem se mostrado um instrumento de medida
seguro e confiável. O objetivo deste estudo foi comparar a RM entre as faixas etárias e
verificar se há diferença quanto à porcentagem relativa ao peso corporal, no membro inferior
dominante (MID) e membro inferior não dominante (MIND). O estudo foi realizado com
oitenta voluntários, sedentários, subdivididos em 4 faixas etárias sendo 10 homens e 10
mulheres em cada faixa. As faixas vão de 18 à 27 anos, 28 à 37 anos, 38 à 47 anos e 48 à
57 anos, todos aparentemente saudáveis. A força muscular foi determinada por meio do
teste de RM através de um exercício de extensão de joelho em MID e MIND, realizando o
teste em uma mesa extensora da marca TÔNUS®. O nível de significância foi estabelecido
em p<0,05. Os resultados mostraram que existe diferença estatisticamente significativa
entre a faixa etária de 48 a 57 anos e as faixas etárias de 18 a 27 anos e 28 a 37 anos no
MID de homens. No MID e MIND das mulheres, as 3 faixas etárias superiores apresentaram
diferença estatisticamente significativa quando comparadas a faixa etária mais baixa. No
MIND de homens houve diferença estatisticamente significativa somente entre a faixa etária
mais alta e a faixa etária mais baixa. Conclui-se que houve diferença nas diferentes faixas
etárias entre os sexos nos MID e MIND.
Palavras-chave: Teste de 1RM, força muscular, membro inferior dominante, membro
inferior não dominante, faixas etárias, homem, mulher.
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ABSTRACT
“Maximimum repetition” is used to measure the dynamic forces of the muscular
groups and determine a baseline reference to document the improvements in the induced
muscular strength occurred due to training and has shown to be a safe and reliable
measurement instrument. Te objective of this study was compare the RM between the age
groups and verify any difference concerning the percentage relative to the body weight in the
inferior dominant member (MID) and the inferior non dominant member (MIND). The study
was performed with 80 sedentary volunteers that were subdivided into four main age groups
with 10 man and 10 women in each group. The age groups composed people within the
ages of 18 to 27, 28 to 37, 38 to 47 and 48 to 57 all of which were apparently healthy
people. The muscular strength was determined by means of the RM test by the knee
extension exercise in MID and MIND performing the test of a extensive table of the TONUS
make. The significance level was established at p<0,05. The results have shown a
statistically significant difference between the age groups 48 to 57 years and the age groups
from 18 to 27 and 28 to 37 years in the MID of the male candidates. In the MID and MIND of
the women, the three superior age groups have presented a statistically significant difference
when compared with the lower age group. In the MIND of the man there was a statistical
significance only between the higher and lower age group. It can be concluded that there
was a diference between the age groups and sexes in the MID and MIND.
Key words : 1RM test, muscular strength, inferior dominant member, inferior non-dominant
member, age groups, man women.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12
2. OBJETIVOS ...................................... ............................................................................... 18
3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................ .................................................................... 19
3.1. População do estudo ......................... .............................................................. 19
3.2. Instrumentos ................................ ..................................................................... 19
3.3. Procedimento da Antropometria ............... ..................................................... 19
3.4. Procedimento do Teste de 1RM ................ ...................................................... 20
4. ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................ ...................................................................... 21
5. RESULTADOS ..................................... ............................................................................ 22
6. DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 28
7. CONCLUSÃO ...................................... ............................................................................. 31
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................... .................................................................. 32
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................... ........................................................... 33
ANEXOS ............................................................................................................................... 38
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LISTA DE SIGLAS
RM= Repetição máxima.
IMC= Índice de massa corporal.
MID= Membro inferior dominante.
MIND= Membro inferior não dominante.
ADM= Amplitude de movimento.
TCLE= Termo de consentimento livre e esclarecido.
Kg= Quilograma.
m= Metros.
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LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS
Gráfico 1: Porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM para extensão de joelho
das 4 faixas etárias do membro dominante de indivíduos do sexo feminino e
masculino............................................................................................................................... 25
Gráfico 2: Porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM para extensão de joelho
das 4 faixas etárias do membro não dominante de indivíduos do sexo feminino e
masculino................................................................................................................................26
Gráfico 3: Porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM para extensão de joelho
do membro dominante de indivíduos do sexo masculino ..................................................... 27
Gráfico 4: Porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM para extensão de joelho
do membro dominante de indivíduos do sexo feminino ........................................................ 28
Gráfico 5: Porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM para extensão de joelho
do membro não dominante de indivíduos do sexo masculino .............................................. 29
Gráfico 6: Porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM para extensão de joelho
do membro não dominante de indivíduos do sexo feminino ................................................ 30
Figura 1: Posição inicial para o teste de 1RM na mesa extensora ....................................... 45
Figura 2: Realização de extensão unilateral de joelho na mesa extensora ......................... 46
Figura 3: Extensão total de joelho na mesa extensora ......................................................... 47
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1. INTRODUÇÃO
Desempenho muscular refere se á capacidade de o músculo realizar trabalho (força
X distancia). O desempenho muscular é um componente complexo do movimento funcional,
ele é afetado por todos os sistemas corporais, mais especificamente por fatores como as
características morfológicas do músculo, as influências neurológicas, bioquímicas e
biomecânicas, assim como função metabólica, cardiovascular, respiratória, cognitiva e
emocional. Os elementos fundamentais do desempenho muscular são: força, potência e
resistência a fadiga (KISNER et al., 2005).
O movimento ativo do corpo humano é provocado pela contração dos músculos
voluntários. Esse tecido muscular possui propriedades contráteis, que são ativadas por
impulsos nervosos, para fornecer o esforço necessário para mover ou estabilizar as
alavancas do corpo (GARDINER et al., 2001).
Força muscular é a maior força mensurável que pode ser exercida por um músculo
ou grupo muscular para vencer uma resistência durante um esforço máximo único (KISNER
et al., 2005).
Bittencourt et al. (1986); afirma que grupamentos musculares maiores apresentam
níveis de resistência e força superiores, se comparados com grupamentos musculares
menores.
O desenvolvimento de força muscular é um componente essencial da maioria dos
programas de reabilitação ou condicionamento para indivíduos de todas as idades e todos
os níveis de habilidade (KISNER et al., 2005).
Muitos são os trabalhos que evidenciam a importância da força muscular (Pollock et al.,
1998; Evans et al., 1999; Foldvari et al., 2000; Friedrich et al., 2001). O treinamento desta
variável tem demonstrado ser efetivo na melhoria de várias capacidades funcionais, bem
como no aumento da massa muscular (Abernethy et al., 1995; Pollock et al., 1998; Evans et
al., 1999; Foldvari et al., 2000; Friedrich et al., 2001). Tal fato o torna imprescindível na
prescrição do treinamento direcionado a distintas populações, como, por exemplo, atletas,
indivíduos que apresentam lesões ortopédicas, idosos, ou mesmo aqueles praticantes
saudáveis que visam a promoção da saúde (Pollock et al., 1998; Evans et al., 1999).
Vários mecanismos podem regular os resultados do treinamento, dependendo de
volume e intensidade dos exercícios. Pode haver aumento na força sem aumento de massa
muscular, e hipertrofia muscular sem aumento na força. O treinamento de força e resistência
em uma mesma sessão comparada com dias separados prejudica o desenvolvimento de
força, mas não a hipertrofia muscular (AKIMA et al., 1999; SALE et al., 1990; TESCH and
LARSSON, 1982).
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A hipertrofia das fibras musculares e o aumento do recrutamento de unidades
motoras no músculo fazem com que aumentem a força muscular. Exercício com resistência
mecânica é um exercício ativo onde a resistência é feita através de utilização de
equipamentos ou aparelhos mecânicos. A vantagem desse método em relação ao método
manual é que a quantidade de força pode ser mensurada e aumentada progressivamente
com o tempo, já o manual não pode ser mensurado devido à força ser aplicada por uma
força externa sem medida fixa da resistência aplicada (VOGEL et al., 1988; BANDY et al.,
1990).
A hipertrofia e força muscular estão associadas a treino de alta intensidade e
microlesão no músculo, e em um esforço de adaptação a novos patamares de exigência,
aumenta a produção de mRNA que sinaliza para aos ribossomos sintetizarem mais proteína
(ANTONIO e GONYEA, 1993; FOLLAND et al., 2001; HIGBIE et al., 1996; MATVÉIEV et al.,
1986).
Existem vários fatores que contribuem na hipertrofia e força muscular, sendo os hormônios
de significativa importância. A testosterona influencia positivamente o aumento de massa e
força muscular, e o treino intenso por si só aumenta a liberação da testosterona sérica
(HIGBIE et al., 1996; HAKKINEN et al., 2001; ROOYACKERS et al., 1997).
Diferentes resultados são encontrados na literatura para alteração hormonal e
hipertrofia muscular. O aumento de força e hipertrofia pode acontecer sem alteração
hormonal induzida pelo treinamento sugerindo que outros fatores contribuíram para estas
adaptações, mesmo sem alteração hormonal. (HAKKINEN et al., 2001).
A incorporação do treinamento de força, por outro lado, não traz benefícios somente
para atletas, mas também para o público geral de várias idades. Para este público o
treinamento de força pode ser utilizado no intuito de alcançar saúde, qualidade de vida,
profilaxia, recuperação e estética (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 1998a;
2002).
A velocidade com que um músculo se contrai e produz uma força resultante é a
relação entre a força e a velocidade são os dois fatores que afetam a potência muscular
(KISNER et al., 2005).
Como o trabalho pode ser produzido em um período de tempo muito curto ou
prolongado, a potência pode ser expressa por um único disparo de atividade de alta
intensidade ou por disparos repetidos de atividades musculares menos intensa (KISNER et
al., 2005).
Outros fatores como a capacidade de ativação neural, difusão dos impulsos entre os
hemisférios cerebrais, estabilização postural, aprendizagem na coordenação, modulação
aferente, redução da atividade do antagonista, motivação e tipo de fibra muscular envolvida
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devem ser levados em consideração (KANEHISA & MIYASHITA, 1983; RUTHERFORD &
JONES, 1986; LYNCH et al., 1999; DE RUITER, 1999; ZHOU, 2000).
Resistência muscular a fadiga é a habilidade de um músculo contrair-se repetidamente
contra uma carga, gerar e manter tensão e resistir a fadiga por um extenso período de
tempo (KISNER et al., 2005).
Os elementos essenciais são sempre contrações musculares de baixa intensidade,
numerosas repetições e de força, a adaptação dos músculos ao treinamento de resistência
ocorre mediante aumentos em sua capacidade oxidativa e metabólica, o que permite melhor
transporte e uso de oxigênio (KISNER et al., 2005).
A fadiga muscular (local) é a resposta diminuída do músculo ao estímulo repetido e
evidencia-se por uma diminuição progressiva na amplitude dos potenciais das unidades
motoras. Isso ocorre durante o exercício quando um músculo se contrai repetidas vezes,
seja estática ou dinamicamente, contra uma carga imposta (KISNER et al., 2005).
De acordo com SCHMIDTBLEICHER et al., (1992), as correlações entre a força
máxima e a taxa de produção de força em contrações concêntricas e isométricas aumentam
com o aumento da resistência externa na contração concêntrica. Sendo assim as maiores
correlações quanto à força máxima e a taxa máxima de produção de força entre o modo
isométrico e concêntrico podem ser encontradas quando a resistência externa no modo
concêntrico for próxima da força isométrica máxima. Baseado nesse fato, foram
determinados a força máxima (FMAX); o tempo até se atingir a força máxima (tFMAX),
definido como o intervalo entre o início do movimento vertical, ou seja, o momento em que a
força vertical era maior do que o peso, e o momento da realização da maior força; a taxa
média de produção de força (G = FMAX/ tFMAX) e o tempo até se atingir a G (tg). Todas
essas variáveis foram determinadas separadamente para os MMII direito e esquerdo. Neste
estudo, o membro inferior preferido para chutar a bola sera considerado dominante e o
membro inferior de suporte não dominante.
Os exercícios resistidos são muito eficientes para o aumento da força, aumentar a
resistência e aumento da potência (ROSE. 1982; BANDY. 1990).
Para alcançar benefícios com o treinamento de força é necessário um planejamento que
deve levar em consideração a busca pela adaptação, ou seja, ajustar o organismo ao
ambiente ou meio (exercício), dentro de princípios que considerem a magnitude do estímulo
(sobrecarga), acomodação, especificidade e individualização (ZATSIORSKY et al., 1995).
A arte de treinar ou fortalecer os músculos está em se criar as condições em que
eles sejam chamados a trabalhar com capacidade total contra uma resistência cada vez
maior. Aumento de força e hipertrofia surgem em resposta a um aumento na tensão
intramuscular gerado pelos fatores que se opõem à sua contração. É, portanto essencial
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que tais fatores, que constituem a resistência, sejam aumentados à proporção que a força
dos músculos for melhorando (KISNER et al., 2005).
Para trabalhar a variável citada, a condução do treinamento pode ser realizada de
forma bilateral ou unilateral. A força desenvolvida durante ações bilaterais é menor do que a
soma da força desenvolvida por cada membro (VANDERVOOT et al., 1984). Há diferença
de 9,8% entre a somatória de exercício unilateral versus exercício bilateral para extensão de
membros inferiores (MMII), pois ocorre leve diminuição da ativação neural no recrutamento
de unidades motoras no desenvolvimento de trabalhos bilaterais (CHAVES et al., 2004).
Um número maior de unidades motoras precisa ser recrutado para controlar a
mesma carga em uma contração concêntrica quando comparada com uma contração
excêntrica, sugerindo que um exercício concêntrico tem menos eficiência mecânica que um
exercício excêntrico (DEAN et al., 1988).
As evidências iniciais disponíveis na literatura indicam que as respostas hormonais
ao treinamento de força (ex: aumento da concentração de hormônio do crescimento ou a
taxa testosterona para cortisol) estão bem correlacionadas com mudanças no tamanho do
músculo, assim como sua capacidade de gerar tensão (HAKKINEN et al., 1988).
A repetição do estresse fisiológico imposto pelo exercício realizada no treinamento
físico é correlacionada à alteração na sensibilidade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
(LUGER, DEUSTER e KYLE, 1987).
Bosco et al. (2000); propões uma associação entre a concentração de testosterona e
a redução da atividade neural durante uma sessão de treinamento de força de alta
intensidade realizado em homens. Em função disso, estes autores concluíram se que a
testosterona (em concentração adequada) poderia compensar a fadiga de fibras rápidas
(presente à medida que a sessão de treino avança), garantindo, assim, menor eficiência
neuromuscular.
O treinamento de força é capaz de melhorar a ativação neural máxima, aumentar à
força máxima isométrica de extensão de perna, aumentar significativamente o resultado de
levantamento de peso total, aumentar à área de fibra do músculo vasto lateral, aumentar o
peso livre de gordura, a circunferência da coxa, a concentração de testosterona, o hormônio
luteinizante (LH) e o hormônio folículo estimulante (FSH), oferecendo, possivelmente,
condições ótimas para elevar a intensidade do treinamento e assim desenvolver maior força
(UCHIDA et al., 2004).
A comparação entre os exercícios aponta que cargas com níveis baixos de força não
são suficientes para diferenciar o número máximo de repetições, porém com cargas
elevadas estas diferenças podem exercer decisiva influência (FERREIRA et al.,2006).
Fonseca (2007); conclui-se que os resultados obtidos em seu estudo fornecem
valores de referência do desempenho muscular isocinética relacionados não apenas à
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capacidade de gerar torque, mas também trabalho máximo e potência média dos atletas
profissionais do futebol. Além da caracterização do desempenho muscular, o presente
estudo estabeleceu uma comparação entre membro dominante e não-dominante. Nessa
comparação foram observadas assimetrias tanto na articulação do joelho quanto na do
tornozelo. Quando presentes, essas assimetrias foram decorrentes de pior desempenho da
perna não-dominante, sugerindo uma possível influência da dominância no desempenho
muscular. Dados normativos possibilitam a comparação dos resultados do teste de um atleta
com os valores de referência do seu grupo, no intuito de se estabelecer um nível de
desempenho muscular a ser alcançado com o treinamento ou reabilitação. Além disso,
esses dados podem possibilitar o desenvolvimento de estudos que busquem relacionar os
parâmetros de desempenho muscular à incidência de lesões nesse esporte. Esses estudos
possibilitariam o desenvolvimento de intervenções terapêuticas com o objetivo de prevenção
de lesões e suas recidivas.
Um método de documentar a efetividade de um programa de exercícios resistidos e
calcular a carga apropriada para o exercício é determinar uma repetição máxima. Uma
repetição máxima e a maior quantidade de peso (carga) que um músculo pode mover por
meio da ADM. (KISNER et al., 2005).
Consiste em tentar levantar determinado peso com uma carga subjetiva, utilizando-se
equipamentos de musculação. Se o peso for levantado, acrescenta-se de 1 a 5 kg,
dependendo se a execução foi “fácil” ou “difícil”. Espera-se cerca de 3 a 5 minutos entre
uma tentativa e outra. O processo é repetido até a carga máxima (peso levantado uma única
vez) ser obtida (FETT et al., 2003).
Materko (2007) concluiu em seu estudo que modelos obtidos podem ser usados
como ferramentas em potencial para a predição da carga de 1RM em indivíduos com
características físicas e antropométricas similares àquelas descritas aqui. Em conclusão,
baseado nos resultados encontrados, foi possível desenvolver modelos de predição para
carga de 1RM de homens e mulheres usando exclusivamente variáveis antropométricas,
resultando em erros aceitáveis e adequada confiabilidade.
Essa medida de força e consistente com a definição de força muscular “é um termo
amplo que se refere à habilidade do tecido contrátil de produzir tensão e uma força
resultante com base nas demandas impostas sobre o músculo”. Mais especificamente, força
muscular é a maior força mensurável que pode ser exercida por um músculo ou grupo
muscular para vencer uma resistência durante um esforço Maximo único. A partir da medida
de 1RM, pode-se então calcular a carga inicial para o exercício. DeLorme, por exemplo,
usava 10 RMs (a quantidade de peso que pode ser levantada e abaixada exatamente dez
vezes) (DE LORME et al.,1951 apud KISNER et al., 2005).
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O uso de 1RM para medir a força dinâmica de um grupo ou grupos musculares e
determinar uma linha basal de referência para documentar as melhoras na força muscular
induzidas pelo treinamento é comum e tem se mostrado um instrumento de medida seguro e
confiável para adultos jovens e saudáveis e atletas (KISNER et al., 2005).
Estudos recentes têm indicado aumento significativo na força muscular em testes
repetitivos de 1RM em homens e mulheres jovens, bem como em mulheres idosas, sem
experiência prévia ou recente em exercícios com pesos. Esses resultados indicam que a
falta de familiarização com os procedimentos que envolvem a execução do testes de 1RM
podem comprometer a análise das informações, principalmente em estudos de
acompanhamento (DIAS., et al 2005).
Por outro lado, nenhuma informação adicional tem sido produzida pela literatura ao
longo das últimas três décadas com relação ao comportamento de sujeitos com experiência
prévia em exercícios com pesos durante testes repetitivos de 1RM. Assim acredita-se que
os processos de familiarização nesses indivíduos possam ser mais curtos do que aqueles
observados em indivíduos inexperientes com esse tipo de exercício físico (DIAS et al.,
2005).
A predição da RM não tem hoje um padrão para ser seguido, e nem são levados em
consideração o gênero, a idade e a dominância de membros para a realização do cálculo
para iniciar o teste de 1RM. O presente trabalho visa estabelecer um valor referencial para a
predição da primeira tentativa para cada gênero, idade e dominância ou não dominância de
membros, com isso, diminuindo o número de tentativas para a definição de 1RM.
18
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Mensurar a RM de extensão de joelho de cada indivíduo.
2.2 Objetivo específico
Comparar a RM entre as faixas etárias e gêneros e verificar se há diferença quanto a
porcentagem relativa ao peso corporal, no membro inferior dominante e membro inferior
não-dominante.
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 População de Estudo
Oitenta voluntários (40 homens e 40 mulheres), sedentários, foram subdivididos em 4
grupos de 4 faixas etárias da seguinte forma: 10 homens e 10 mulheres de 18 à 27 anos, 10
homens e 10 mulheres de 28 à 37 anos, 10 homens e 10 mulheres de 38 à 47 anos e 10
homens e 10 mulheres de 48 à 57 anos, com IMC entre 18,5 e 28, todos eles
aparentemente saudáveis. Como critério inicial de inclusão os participantes eram
sedentários (atividade física regular menor que duas vezes por semanas) e não tinham
participado de nenhum programa de atividade física ao longo dos últimos seis meses
precedentes ao início do experimento, e não estavam em uso regular de medicamentos
analgésicos, relaxantes musculares ou antiinflamatórios esteróides ou não.
Todos os participantes, após terem sido previamente esclarecidos sobre os
propósitos de investigação e procedimentos aos quais foram submetidos, assinaram um
termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) – Anexo 1.
O estudo será realizado na clínica escola de fisioterapia da Universidade São
Francisco.
3.2 Instrumentos
Uma mesa extensora da marca TÔNUS, contendo regulação de banco e na altura da
resistência.
Uma balança Antropométrica para adulto com capacidade para mensurar até 150 kg
da marca WELMY.
Um estadiômetro de madeira com precisão de 1mm com os procedimentos
recomendados por Gordon et al.(1988).
3.3 Procedimento da Antropometria
A massa corporal foi mensurada em uma balança antropométrica para adulto com
capacidade para 150 kg, sendo da marca Welmy, modelo R-110. A estatura foi determinada
com um estadiômetro com precisão de 2 metros e 10 centímetros da marca JANNY, de
acordo com os procedimentos recomendados por Gordon et al 1988. A partir dessas
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medidas foi calculado o índice de massa corporal (IMC), por meio da relação entre a massa
corporal e o quadrado da estatura, sendo o peso expresso em quilograma (kg) e a estatura
em metros(m).
3.4 Procedimento do Teste de 1RM
A força muscular foi determinada por meio do teste de repetição máxima através de
um exercício em membros inferiores para os músculos extensores de joelho, fazendo as
medidas de força muscular em membro dominante e não dominante, realizando o teste em
uma mesa extensora da marca TÔNUS.
O intervalo entre o exercício foi no mínimo de três minutos, para obter a recuperação
do músculo.
Esse exercício foi escolhido por ser bastante popular em treinamentos com peso em
indivíduos com diferentes níveis de treinabilidade.
Previamente ao início do teste os sujeitos foram submetidos a uma seqüência de
aquecimento de 6 a 10 repetições, com aproximadamente 40% da carga utilizada na
primeira tentativa do teste de 1-RM. O teste será iniciado um minuto após o aquecimento
específico. Os indivíduos foram orientados para tentar completar duas repetições. Caso
forem completadas duas repetições na primeira tentativa, ou mesmo se não for completada
sequer uma repetição, uma segunda tentativa será executada após um intervalo de
recuperação de três minutos com uma carga superior (primeira possibilidade) ou inferior
(segunda possibilidade) aquela empregada a tentativa anterior. A carga será aumentada ou
diminuída de 10 em 10% quanto ao peso corporal. Tal procedimento será repetido
novamente em uma terceira e ultima tentativa, caso ainda não se tenha determinado a carga
referente a uma única repetição máxima na primeira tentativa. Portanto a carga registrada
como 1 RM será aquela na qual foi possível ao individuo completar somente uma repetição
máxima.
Vale ressaltar que a forma e a técnica do exercício serão padronizadas e
continuamente monitoradas na tentativa de garantir a eficiência do teste.
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4. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados com homogeneidade de variância foram analisados através da aplicação
do teste estatístico One-Way análise de variância (ANOVA). Comparações múltiplas foram
realizadas aplicando-se o teste de TUKEY. Quando apropriado o teste T foi aplicado. Para
todos os testes o nível de significância foi estabelecido em P<0,05. Os dados foram
apresentados pela média ± o Erro Padrão. O programa Prisma foi utilizado para a realização
dos cálculos estatísticos.
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5. RESULTADOS
O gráfico 1, representa a porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM
para extensão de joelho do membro dominante nas 4 faixas etárias de indivíduos do sexo
feminino e masculino.
Gráfico 1: Porcentagem do peso corporal obtida no T este de 1RM para extensão de
joelho do membro dominante nas 4 faixas etárias de indivíduos do sexo masculino e
feminino.
No gráfico 1, os símbolos “*” indicam resultados significativamente menores (p<0,05,
Teste T) que os induzidos pelos grupos masculinos dentro da mesma faixa etária.
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O gráfico 2, representa a porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM
para extensão de joelho do membro não dominante nas 4 faixas etárias de indivíduos do
sexo masculino e feminino.
Gráfico 2: Porcentagem do peso corporal obtida no T este de 1RM para extensão de
joelho do membro não dominante nas 4 faixas etárias de indivíduos do sexo
masculino e feminino.
No gráfico 2, os símbolos “*” indicam resultados significativamente menores (p<0,05,
Teste T) que os induzidos pelos grupos masculinos dentro da mesma faixa etária.
24
O gráfico 3, representa a porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM
para extensão de joelho do membro dominante de indivíduos do sexo masculino.
Gráfico 3: Porcentagem do peso corporal obtida no T este de 1RM para extensão de
joelho do membro dominante de indivíduos do sexo ma sculino.
No gráfico 3, os símbolos “*” indicam resultados significativamente maiores (p<0,05,
ANOVA – Teste Tukey) que o induzido pelo grupo de faixa etária entre 48 – 57 anos.
25
O gráfico 4, representa a porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM
para extensão de joelho do membro dominante de indivíduos do sexo feminino.
Gráfico 4: Porcentagem do peso corporal obtida no T este de 1RM para extensão de
joelho do membro dominante de indivíduos do sexo fe minino.
No gráfico 4, o símbolo “*” indica resultado significativamente maior (p<0,05, ANOVA
– Teste Tukey) que o induzido por todos os outros grupos.
26
O gráfico 5, representa a porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM
para extensão de joelho do membro não dominante de indivíduos do sexo masculino.
Gráfico 5: Porcentagem do peso corporal obtida no T este de 1RM para extensão de
joelho do membro não dominante de indivíduos do sex o masculino.
No gráfico 5, o símbolo “*” indica resultado significativamente maior (p<0,05, ANOVA
– Teste Tukey) que o induzido pelo grupo de faixa etária entre 48 - 57 anos.
27
O gráfico 6, representa a porcentagem do peso corporal obtida no Teste de 1RM
para extensão de joelho do membro não dominante de indivíduos do sexo feminino.
Gráfico 6: Porcentagem do peso corporal obtida no T este de 1RM para extensão de
joelho do membro não dominante de indivíduos do sex o feminino.
No gráfico 6, o símbolo “*” indica resultado significativamente maior (p<0,05, ANOVA
– Teste Tukey) que o induzido pelo grupo de faixa etária entre 48 - 57 anos.
28
6. DISCUSSÃO
Para se obter a carga de trabalho ideal para a realização de um programa com
exercícios ativo-resistidos, pode-se utilizar o teste de 1RM. As referências da literatura não
determinam de forma clara e definitiva para uma forma de predizer esta carga de trabalho.
Para a realização do teste de 1RM em um determinado grupo muscular, acredita-se que se
envolva uma boa quantidade de tentativas e erros (KISNER, 2005). Alguns autores sugerem
relação entre algumas variantes antropométricas, como peso corporal e índice de massa
corpórea para se definir a carga de trabalho no teste de 1RM. Segundo PRETINCE (1990),
a atribuição da carga de trabalho para se iniciar um programa de treino resistido baseia-se
na porcentagem de peso corporal e tal porcentagem varia para grupos musculares
diferentes. O autor refere que para a execução de 1RM dos músculos extensores de joelho
deve ser em torno de 20% do peso corporal, porém, segundo KISNER (2005), para se
realizar 1RM para o mesmo grupo muscular, a carga utilizada é de 26,6% do peso corporal.
Entretanto, os resultados encontrados no presente estudo, indicaram que a carga de
trabalho para a execução de 1RM foi maior do que a indicada por PRETINCE (1990) e por
KISNER (2005), atingindo uma média de 101% para indivíduos do sexo masculino e 88%
para indivíduos do sexo feminino. Outro dado extremamente importante que não é levado
em consideração pela literatura para a determinação de 1RM, mas que é evidenciado no
presente estudo é a diferença entre sexos, e a dominância de membros.
Em indivíduos com queixas de sintomas articulares ou que estejam com quadro
clínico susceptível a lesão de tecidos moles, o teste de 1RM não é recomendado. Indivíduos
acima de 60 anos e crianças devem ser visto com bastante cautela quanto à realização do
teste que pode exigir muito destes indivíduos que na maioria das vezes está muito limitado
fisicamente (SHAW et al., 1995; KAELIN et al., 1999; FEIGENBAUM et al., 2003). Em nosso
estudo a faixa etária dos indivíduos selecionados foi de 18 a 57 anos, idade em que ambos
os sexos se encontram em condições físicas que não impedem a veracidade do teste de
1RM, pois segundo a literatura, não é exigido um extremo esforço físico por parte destes
indivíduos. Segundo KISNER (2005), as mulheres atingem seu pico de força na segunda
década de vida, o que é mais precocemente em homens, que por sua vez atingem o pico de
força por volta dos 30 anos. Durante a seleção de voluntários também foram excluídos os
indivíduos com histórico de alterações músculo-esqueléticas conhecidas.
Em um estudo com atletas italianos que praticam futebol, CAPRANICA et al., 1992,
puderam observar que os jogadores apresentam força muscular praticamente similar
quando comparado membro inferior dominante e membro inferior não dominante. Segundo
os autores, tal fato se deve ao motivo de que o membro dominante tem grande importância
29
em realizar a atividade funcional como à conclusão e o passe, enquanto que o membro
inferior não dominante também tem fundamental importância exercendo seu papel durante o
apoio total do corpo. Em outro estudo, WANG et al., 2000, avaliando atletas que praticam
vôlei, observaram que a força muscular dos membros superiores apresenta assimetria
quando comparados, sendo uma diferença bastante significativa, devido ao fato do membro
dominante sofrer ações contráteis mais freqüentes em relação ao não dominante.
No presente estudo, os critérios de inclusão determinaram somente indivíduos
sedentários, ou seja, indivíduos que praticassem atividade física no máximo duas vezes por
semana, ou que haviam parado de praticar atividade física em um período mínimo de seis
meses e pudemos observar que nesta condição houve diferença significativa de força
muscular entre os membros inferiores dominante e não dominante tanto para os indivíduos
do sexo masculino quanto para os do sexo feminino, fato que pode ser confirmado por
outros estudos, que demonstraram haver diferença entre os membros superiores e
inferiores, mesmo quando comparados entre si (KROLL, 1965; VANDERVOOT et al., 1984;
SCHANTZ et al., 1989; HOWARD & ENOKA, 1991). Alguns fatores como a capacidade de
ativação neural, difusão dos impulsos entre os hemisférios carebrais, estabilização postural,
aprendizagem na fibra muscular envolvida (KANEHISA & MIYASHITA, 1983;
RUTHERFORD & JONES, 1986; LYNCH et al., 1999; DE RUITER, 1999; ZHOU, 2000)
dever ser levados em consideração. Essas diferenças observadas no presente estudo
também podem ser parcialmente explicadas pela diferença de fibras nos membros
(MORITANI & VRIES, 1979), recrutamento neural diferenciado pelo efeito cruzado
(HAKKINEN et al., 1996; HORTOBÁGYI, 1997) ou pela predominância de utilização de um
membro em detrimento de outro (VANDERVOOT et al., 1984; VANDERVOOT et al., 1987).
Para explicar a diferença entre os indivíduos do sexo masculino e os indivíduos do
sexo feminino, temos dois fatores importantes, sendo um deles o fator hormonal e o outro a
diferença na quantidade de fibras tipo I e tipo II, quando comparamos homens e mulheres. A
testosterona é o principal responsável pelo aumento da massa muscular dos homens e pelo
conseqüente aumento de força muscular. Homens têm concentrações de testosterona em
torno de dez vezes mais que as mulheres (ROOYACKERS & NAIR, 1997). Concordantes
com nosso resultado, HAKKINEN, 1993, demonstrou que quando comparadas diferenças
entre sexos em atletas de basquete, os homens apresentam uma maior força muscular em
relação às mulheres.
HOSTLER et al., 2001, relatam que as alterações na proporção dos tipos de fibras
musculares entre homens e mulheres também podem interferir na capacidade muscular,
uma vez que as mulheres, via de regra, possuem menor diferença na proporção entre fibras
do tipo I e do tipo II quando comparadas com homens, interferindo assim na força entre os
30
gêneros. As mulheres possuem uma relação de fibras tipo I / tipo II maior do que os homens
e tem uma área de secção transversa de fibras tipo I e tipo II menor (STEVEN, 2004).
Bosco et al. (2000); propões uma associação entre a concentração de testosterona e
a redução da atividade neural durante uma sessão de treinamento de força de alta
intensidade realizado em homens. Em função disso, estes autores concluem que a
testosterona (em concentração adequada) poderia compensar a fadiga de fibras rápidas
(presente à medida que a sessão de treino avança), garantindo, assim, menor eficiência
neuromuscular.
Conforme as faixas etárias vão aumentando, observamos no nosso estudo que a
força muscular diminui, o que também foi observado por KISNER (2005), pois ele afirma que
em ambos os gêneros as fibras tipo II são substituídas por fibras tipo I com o passar dos
anos, o que aponta um déficit progressivo na força muscular, uma vez que as fibras de
contração rápida (fásicas) são substituídas por fibras de contração lenta (tônicas).
31
7. CONCLUSÃO
Através do nosso estudo, conclui-se que:
� Existe diferença estatisticamente significativa entre a porcentagem do peso obtido na
RM para algumas faixas etárias tanto em homens quanto em mulheres;
� Existe diferença estatisticamente significativa entre porcentagem do peso obtido na
RM no membro inferior dominante e não dominante, tanto em homens quanto em
mulheres;
� A predição de 1RM deve ser realizada levando-se em consideração a dominância de
membros, o gênero (masculino e feminino) e a faixa etária do sujeito.
32
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalmente, sugerimos que possa levar em consideração a porcentagem do peso
corporal que segue abaixo, para que seja estabelecida a RM com um número menor de
tentativa.
� Para membro inferior dominante de homens em torno de: 110% para a faixa etária
de 18 a 27 anos, 110% para a faixa etária de 28 a 37 anos, 100% para a faixa etária de 38 a
47 anos e 95% para a faixa etária de 48 a 57 anos.
� Para membro inferior não dominante de homens em torno de: 105% para a faixa
etária de 18 a 27 anos, 103% para a faixa etária de 28 a 37 anos, 95% para a faixa etária de
38 a 47 anos e 90% para a faixa etária de 48 a 57 anos.
� Para membro inferior dominante de mulheres em torno de: 110% para a faixa
etária de 18 a 27 anos, 91% para a faixa etária de 28 a 37 anos, 87% para a faixa etária de
38 a 47 anos e 79% para a faixa etária de 48 a 57 anos.
� Para membro inferior não dominante de mulheres em torno de: 101% para a faixa
etária de 18 a 27 anos, 83% para a faixa etária de 28 a 37 anos, 81% para a faixa etária de
38 a 47 anos e 73% para a faixa etária de 48 a 57 anos.
33
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38
39
Anexo 2: Termo de consentimento Livre e Esclarecido .
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
A RELAÇÃO ENTRE AS VARIANTES ANTROPOMÉTRICAS EM
DIFERENTES FAIXAS ETARIAS E O RESULTADO DO TESTE DE 1-RM
Responsável: Professor Ms. Cláudio Fusaro
Rg: 18.621.336 / CPF: 163173248-08
Av. São Francisco de Assis, 218 – Fone: 4034-8133
Bragança Paulista / SP
Eu,................................................................................................................;.......anos; RG...............................................................; Endereço............................................................................................................................................................................................................................................................; abaixo assinado (ou meu Responsável legal............................................................... ......................................................), dou meu consentimento livre e esclarecido para participar do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade do pesquisador Prof. Ms. Cláudio Fusaro, professor do curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente de que:
1. O objetivo da pesquisa é mensurar a Resistência Máxima (RM) de extensão do
joelho, verificando qual a relação entre a porcentagem do peso corporal e a
quantidade de peso (em Kg) obtidos nas diversas faixas etárias;
2. Neste estudo serei submetido a realizar contrações do músculo quadríceps femoral
resistidas por uma mesa extensora em um único dia de avaliação;
3. Não são esperados resultados prejudiciais a saúde utilizando-se o protocolo proposto.
4. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
minha participação na referida pesquisa;
5. Tenho a liberdade de desistir ou interromper a participação neste estudo no momento
em que desejar, sem necessidade de explicações ou motivos, e sem que isto venha a
interferir no seu atendimento na clínica de fisioterapia, não causando prejuízo em
posteriores atendimentos ou cuidados necessários pela equipe de profissionais da
clínica de fisioterapia da Universidade São Francisco.
40
6. O pesquisador poderá retirar o voluntário do estudo caso presencie uma das
seguintes razões: não adesão às exigências determinadas no protocolo de estudo;
presença de quaisquer eventos adversos, sintomas, ou sinais de provável dano ou
mal ocasionado ao paciente, que por ventura não tenha feito com que o voluntário
solicitasse a sua retirada, porém, considerada pelo pesquisador como prejudicial à
saúde do voluntário;
7. Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, e a equipe de
profissionais da clínica de fisioterapia da Universidade São Francisco não identificará
o voluntário por ocasião da exposição e/ou publicação dos mesmos;
8. Poderá contatar o responsável pelo estudo sempre que necessário pelo telefone
(0XX11) 4034-8133, que poderá a qualquer momento contatar o telefone pessoal do
pesquisador: (0xx19) – 8111-0386;
9. O profissional responsável pela pesquisa, componente da equipe de profissionais da
clínica de fisioterapia da Universidade São Francisco o manterá informado e prestará
qualquer tipo de esclarecimento em relação ao progresso da pesquisa, conforme
solicitação do voluntário;
10. Poderá contatar o comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para
apresentar recursos ou reclamações em relação ao ensaio clínico pelo telefone
(0XX11) 4034-8442 / 4034-8009;
11. Este termo de consentimento livre e esclarecido consta de 2 vias, sendo uma delas
entregue ao voluntário;
12. Caso surja alguma intercorrência deverei procurar pessoalmente a Clínica de
Fisioterapia da Universidade São Francisco, ou solicitar através do telefone da
referida clínica: (0XX11) 4034-8133, que contatem o responsável pelo projeto-
Professor Cláudio Fusaro;
Bragança Paulista,...........de .................................................... de 2010.
________________________________________________
Assinatura do Voluntário ou do Responsável Legal
________________________________________________
Responsável pela Pesquisa
41
Anexo 3: FIGURAS.
A figura 1 representa a posição inicial para o teste de 1RM na mesa extensora.
Figura 1: Posição inicial para o teste de 1RM na me sa extensora.
42
A figura 2 representa a realização de extensão de unilateral de joelho na mesa extensora.
Figura 2: Realização de extensão unilateral na mesa extensora.
43
A figura 3 representa a extensão total de joelho na mesa extensora.
Figura 3: Extensão total de joelho na mesa extensor a.