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A retórica clássica classificou pelo menos

três raciocínios discursivos específicos que

permeavam a produção da persuasão, na

condução das idéias e opiniões (Citelli,

2004):

Apodítico

Dialético

Retórico

Raciocínio Apodítico

Carrega o tom de uma

“verdade inquestionável”.

A argumentação é fechada, não deixando

sequer margem para contestar-se a verdade do

emissor. Normalmente, usa-se o verbo no

infinitivo.

Ex: “Zupavitin, a sopa que emagrece 1 quilo por dia”.

Raciocínio implícito:

se você quer emagrecer, deve tomar Zupavitin.

Raciocínio Dialético

Busca quebrar a inflexibilidade doraciocínio apodítico, apontando para uma

conclusão possível, mas sendo, na realidade,

uma forma de direcionar o raciocínio parauma conclusão ser mais possível do que

outra. A argumentação é meio fechada e meio

aberta.O enunciado já contém a verdade finaldesejada pelo emissor.

Ex: “Você poderia comprar várias marcas de sabão em pó. Mas há uma que lava mais branco”.

Raciocínio implícito:

se você desejar ter roupas mais limpas e

bonitas, deve comprar o meu produto.

Raciocínio Retórico

Assemelha-se ao raciocínio dialético, mas,

diferentemente deste, busca uma adesão

menos racional, e mais emocional.

Sua argumentação também é meio fechada e

meio aberta.

Ex: “No Dia das Mães, não se esqueça de

passar na H.Stern. Afinal, quem mais do que

a sua mãe para merecer um presente desses?”.

Raciocínio implícito:

sendo a sua mãe um ser único, que você ama,

sendo ela uma “jóia rara”, nada melhor do

que presenteá-la com outra raridade: um

produto H.Stern.

Falácia é o termo com que os escolásticos

indicaram o “silogismo sofístico” de

Aristóteles. Segundo Pedro Hispano, é a

“idoneidade fazendo crer que é aquilo que

não é, mediante alguma visão fantástica, ou

seja, aparência sem essência.”

Inversão do acidente

Tomar uma exceção como regra.

Ex.: Se deixarmos os doentes

terminais usarem heroína, devemos

deixar todos usá-la.

Acidente

Quando se considera essencial o que é

apenas acidental.

Ex.: A maior parte dos políticos é corrupta. Então a política é corrupta.

Ambiguidade

Ocorre quando as premissas usadas no

argumento são ambíguas devido à má

elaboração sintática.

Ex.: Venceu o Brasil a Argentina.

Ele levou o pai ao médico em seu

carro.

Quem venceu? Que carro?

Apelo à autoridade anônima

Fazer afirmações recorrendo a

autoridades sem citar a fonte.

Ex.: Os peritos dizem que a melhor

maneira de prevenir uma guerra

nuclear é estar preparado para ela.

Que peritos?

Concatenação

Elaborar uma sucessão de premissas econclusões que conduzem ao absurdo.

Ex.: Se aprovarmos leis contra as armasautomáticas, não demorará muito atéaprovarmos leis contra todas as armas eentão começaremos a restringir todos osnossos direitos. Acabaremos por vivernum estado totalitário. Portanto nãodevemos banir as armas automáticas.

Distorção de fatos

Mascarar os verdadeiros fatos.

Ex.: O segredo da minha força são os cabelos.

É omissão de informação.

Falsa dicotomia (bifurcação)

Também conhecida como falácia dobranco e preto ou do falso dilema.Ocorre quando alguém apresenta uma

situação com apenas duasalternativas, quando de fato outras

alternativas existem ou podemexistir.

Ex.: Se você não está a favor de mim, então está contra mim.

Dedutivo – verdade universal = caso

particular

Indutivo – caso particular = verdade

universal

É uma conexão de ideias, um raciocínio

constituído de três proposições declarativas

que se conectam de tal modo que a partir das

duas primeiras, chamadas premissas, é possível deduzir uma conclusão.

Para que um silogismo seja válido, sua estrutura deve respeitarregras. Tais regras, em número de oito, permitem verificar acorreção ou incorreção do silogismo. As quatro primeiras regrassão relativas aos termos e as quatro últimas são relativas àspremissas. São elas:

Todo silogismo contém somente 3 termos: maior, médio e menor;

Os termos da conclusão não podem ter extensão maior que os termos das premissas;

O termo médio não pode entrar na conclusão; O termo médio deve ser universal ao menos uma vez; De duas premissas negativas, nada se conclui; De duas premissas afirmativas não pode haver conclusão

negativa; A conclusão segue sempre a premissa mais fraca; De duas premissas particulares, nada se conclui.

Silogismos derivados são estruturas

argumentativas que não seguem a forma

rigorosa do silogismo típico mas que, mesmo

assim são formas válidas.

Trata-se de um argumento em que uma ou mais proposições estão

subentendidas. Por exemplo:

Todo metal é corpo, logo o chumbo é corpo.

Neste caso, fica subentendida a premissa "todo chumbo é metal". Passando para

A forma silogística:

Todo metal é corpo.

Todo chumbo é metal.

Todo chumbo é corpo.

Mais um exemplo :

Todo quadrúpede tem 4 patas.

Logo, um cavalo é um quadrúpede.

No dia-a-dia, usamos muitas formas como essa, pois as premissas faltantes são

óbvias ou implícitas e repeti-las pode cansar os ouvintes. Contudo, é comum

haver confusão justamente por causa de premissas faltantes.

O epiquerema é um argumento onde uma ou ambas as premissas apresentam a prova

ou razão de ser do sujeito. Geralmente é acompanhada do termo porque ou

algum equivalente.

Por exemplo:

O demente é irresponsável, porque não é livre.

Ora, Pedro é demente, porque o exame médico revelou ser portador de paralisia

geral progressiva.

Logo, Pedro é irresponsável.

No epiquerema sempre existe, pelo menos, uma proposição composta, sendo que

uma das proposições simples é razão ou explicação da outra.

Silogismo 1

Deus ajuda quem cedo madruga

Quem cedo madruga, dorme à tarde...

Quem dorme à tarde, não dorme à noite...

Quem não dorme à noite, sai na balada!

Conclusão: Deus ajuda quem sai na balada!!!!!!

Silogismo 2

Deus é amor.

O amor é cego.

Steve Wonder é cego.

Logo, Steve Wonder é Deus.

Silogismo 3

Disseram-me que eu sou ninguém.

Ninguém é perfeito.

Logo, eu sou perfeito.

Mas só Deus é perfeito.

Portanto, eu sou Deus.

Se Steve Wonder é Deus, eu sou Steve Wonder!!

Meu Deus, eu estou cego!!!