a saÚde bucal no contexto da saÚde do trabalhador… · ficha catalográfica elaborada pela...
TRANSCRIPT
EDUARDO PIZZATTO
A SAÚDE BUCAL NO CONTEXTO
DA SAÚDE DO TRABALHADOR:
ANÁLISE DOS MODELOS DE ATENÇÃO
1
EDUARDO PIZZATTO
A SAÚDE BUCAL NO CONTEXTO
DA SAÚDE DO TRABALHADOR:
ANÁLISE DOS MODELOS DE ATENÇÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia Preventiva e Social da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Odontologia de Araçatuba, para obtenção do título de Mestre em Odontologia Preventiva e Social. Orientadora: Profª Drª Cléa Adas Saliba Garbin
ARAÇATUBA-SP
2002
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da FOA / UNESP Pizzatto, Eduardo P695s A Saúde bucal no contexto da saúde do trabalhador : análise dos
modelos de atenção. / Eduardo Pizzatto. – Araçatuba : [s.n.], 2002. 70 f. 110: il. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Odontologia, Araçatuba, 2002 Orientador: Profa. Dra. Cléa Adas Saliba Garbin 1. Odontologia ocupacional. 2. Serviços de saúde bucal. 3. Serviços de saúde ocupacional. Black D5 CDD 617.601
2
EDUARDO PIZZATTO
A SAÚDE BUCAL NO CONTEXTO
DA SAÚDE DO TRABALHADOR:
ANÁLISE DOS MODELOS DE ATENÇÃO
COMISSÃO JULGADORA
DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
Presidente e Orientador Profª Drª Cléa Adas Saliba Garbin
2º Examinador Prof Dr Eduardo Daruge Júnior
3º Examinador Prof Dr Rogério Moreira Arcieri
Araçatuba, 31 de outubro de 2002
3
DADOS CURRICULARES
EDUARDO PIZZATTO
NASCIMENTO 09.10.1977
FILIAÇÃO Valdir Pizzatto
Iolanda Variani Pizzatto
1996/2000 Graduação em Odontologia
Universidade Federal do Paraná
2001/2002 Curso de Pós-graduação em Odontologia Preventiva
e Social, na Faculdade de Odontologia de Araçatuba
– UNESP
4
AGRADECIMENTOS
Ao Deus Pai pelo dom da vida e pela oportunidade de
conviver com tão seleto grupo de profissionais, e apreender com esta
convivência muito mais que os livros poderiam ensinar.
Aos meus pais, Valdir e Iolanda, pela educação e
incentivo em todas as etapas de minha vida, pelo ombro amigo nos
momentos de desconforto, pelo amparo nas dificuldades e pelo exemplo
de vida e dignidade que suas vidas se traduzem, e finalmente por
saberem suportar tão firmemente a distância e a saudade.
Às minhas irmãs, Simone e Luciane, pelo carinho e
compreensão dispensados, em especial nesta fase final, onde os
obstáculos parecem intransponíveis.
Minha gratidão de modo especial à Profª Drª Cléa Adas
Saliba Garbin que, corajosamente, aceitou o desafio de orientar este pós-
graduando, sua contribuição foi fundamental para o bom andamento
deste trabalho.
À Profª Drª Nemre Adas Saliba, a quem devo, além de
gratidão, respeito e admiração.
Agradeço à Profª Drª Suzely Adas Saliba Moymaz,
Coordenadora deste Programa de Pós-Graduação pela oportunidade e
incentivo.
5
Devo agradecer a todos os professores que deram sua
parcela de contribuição para realização deste trabalho: Artênio José Ísper
Garbin, Eliel Soares Orenha, Maria Lúcia Sundenfeld, Orlando Saliba e
Renato Moreira Arcieri.
Aos funcionários do Departamento de Odontologia Infantil
e Social que com freqüência extrapolam suas obrigações no intuito de
bem atender a todos sem exceção. Sônia Maria Batista Costa, Nilton
César Souza, Ilídio Teodoro Filho, Neuza Martins Antunes, Valderez
Freitas Souza, a vocês o meu muito obrigado!
Não posso deixar de lembrar do pessoal da Seção de
Pós-Graduação pelo atendimento sempre cordial e bem-humorado, e
todos os funcionários da Biblioteca pela cordialidade e apoio dado a este
pós-graduando.
Finalmente, agradeço aos colegas de Mestrado
(Alessandro, Andréia, Myrna, Natanael e Ronald) e Doutorado (Edgar,
Eneide, Franklin, José, Regina e Rosani), muitos dos quais tenho a grata
satisfação de chamá-los de amigos.
Ao apoio dispensado para com este pós-graduando por
parte das seguintes instituições: Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, na pessoa do Profº Alair Orlando Brandão e equipe; Centro
das Indústrias do Estado de São Paulo, na pessoa de Flávio Lamônica
(valeu pelas dicas!!!) e equipe; Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador de Araçatuba, na pessoa do Dr Magno Amadei e equipe.
6
Às empresas de Araçatuba e Birigui que concordaram em
participar do estudo e contribuíram fornecendo relevantes informações
para a realização desta pesquisa.
Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Ensino Superior (CAPES) pelo apoio financeiro, através do
fornecimento de bolsa auxílio durante todo o período de pós-graduação.
Extrapolado os limites estaduais, agradeço de modo
especial ao Profº Samuel Jorge Moysés pela amizade, incentivo e
aprendizado que a convivência tem me proporcionado, bem sei que lhe
devo muito mais que gratidão.
Às Professoras da Universidade Federal do Paraná
Elizabeth Garzuze, Marilene Buffon e Zita Castro pelo incentivo em trilhar
os fascinantes caminhos da Saúde Coletiva.
A Profª Maria da Graça Kfuri Lopes, Coordenadora do
Curso de Odontologia do Centro Universitário Positivo, pela compreensão
e apoio dispensados com este jovem professor.
Ao amigo Ricardo Kusuda, pelo apoio e incentivo nesta
reta final da confecção deste estudo. Valeu meu irmão!!!
À Profª Noeli Celestina Pinto pela leitura e revisão
gramatical desta dissertação.
Certamente devo ter cometido a injustiça de ter esquecido
alguém... Perdoem-me, e sintam-se incluídos no tradicional “a todos que
direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho”.
7
SUMÁRIO
Lista de Figuras 8
Lista de Tabelas 9
Lista de Abreviaturas e Siglas 11
1 Introdução 12
2 Revisão da Literatura 18
2.1 Evolução da Atenção em Saúde do Trabalhador 18
2.2 Inserção da Odontologia no contexto da
Saúde do Trabalhador 26
3 Proposição 60
4 Material e Método 61
5 Resultado 65
6 Discussão 76
7 Conclusão 85
8 Referências Bibliográficas 87
Anexos 103
Resumo 108
Abstract 109
8
LISTA DE FIGURAS
Gráfico 1 – Distribuição percentual das empresas que possuem
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de
Trabalho - CIPA, em empresas de Araçatuba e Birigui,
segundo o porte, 2002. 66
Gráfico 2 – Distribuição percentual das empresas que possuem
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho - SESMT, em empresas de
Araçatuba e Birigui, segundo o porte, 2002. 67
Gráfico 3 – Opinião das empresas sobre a saúde bucal dos
funcionários, distribuídas segundo o porte das mesmas,
para empresas de Araçatuba e Birigui, 2002. 70
Gráfico 4 – Acesso aos serviços odontológicos das empresas, para
empresas de Araçatuba e Birigui, segundo o porte,
2002. 72
Gráfico 5 – Distribuição percentual das atividades desenvolvidas
nos serviços odontológicos industriais nas empresas de
Araçatuba e Birigui, 2002. 73
Gráfico 6 – Distribuição percentual das atividades preventivas
desenvolvidas nos serviços odontológicos industriais
das empresas de Araçatuba e Birigui, 2002. 74
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Média do número de funcionários, das empresas de
Araçatuba e Birigui, segundo o porte, 2002 65
Tabela 2 – Média salarial dos funcionários das empresas de
Araçatuba e Birigui, segundo o porte da empresa, 2002 66
Tabela 3 – Distribuição percentual das empresas que oferecem
assistência médica, para empresas de Araçatuba e
Birigui, segundo o porte, 2002 67
Tabela 4 – Serviços de assistência médica não implantados
distribuídos segundo os motivos e porte das empresas,
para empresas de Araçatuba e Birigui, 2002 68
Tabela 5 – Tipo de gestão dos serviços de assistência médica, para
empresas de Araçatuba e Birigui, segundo o porte, 2002 68
Tabela 6 – Distribuição percentual das empresas que proporcionam
ou não, serviço de assistência odontológica aos
funcionários, em empresas de Araçatuba e Birigui,
segundo o porte, 2002 69
Tabela 7 – Tipo de gestão dos serviços de assistência
odontológica, em empresas de Araçatuba e Birigui,
segundo o porte, 2002 69
Tabela 8 – Motivos para a não implantação de serviço de
assistência odontológica, para empresas de Araçatuba e
Birigui, segundo o porte, 2002 69
Tabela 9 – Empresas que possuem protocolo para atendimento
odontológico, em empresas de Araçatuba e Birigui,
segundo o porte, 2002 71
Tabela 10 – Distribuição percentual das empresas de Araçatuba e
Birigui, segundo o tipo de planejamento dos serviços
odontológicos e porte das mesmas, 2002 71
10
Tabela 11 – Distribuição percentual das empresas de Araçatuba e
Birigui segundo o número de horas semanais da equipe
odontológica e porte das mesmas, 2002 71
Tabela 12 – Tempo médio de implantação dos serviços
odontológicos nas empresas de Araçatuba e Birigui,
segundo o porte, 2002 72
Tabela 13 – Critérios para a inclusão do funcionário no serviço de
atendimento odontológico, para empresas de Araçatuba
e Birigui, segundo o porte, 2002 72
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAP Caixas de Aposentadoria e Pensão
CFO Conselho Federal de Odontologia
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
LER Lesão por Esforço Repetitivo
LOS Lei Orgânica da Saúde
NR Normas Regulamentadoras
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial da Saúde
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas
SESC Serviço Social do Comércio
SESI Serviço Social da Indústria
SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho
SUS Sistema Único de Saúde
12
1 INTRODUÇÃO
Vários fatores interagem determinando o nível de saúde
de uma população, entre eles, a relação entre o grau de desenvolvimento
do país e as condições de trabalho do seu povo.
Este início de novo século está sendo caracterizado pela
sedimentação de novas regras regulamentadoras do mercado, onde a
produtividade assume papel relevante. Novas formas de produção,
viabilizadas pelos avanços tecnológicos, e por inovações no modo de
organizar e gerir o trabalho, que têm uma abrangência global, vem
introduzindo mudanças radicais na vida e relações das pessoas e países,
e por conseqüência, no viver e adoecer das pessoas. Este processo de
reestruturação produtiva tem modificado substancialmente o perfil do
trabalho e dos trabalhadores, seus determinantes de saúde-doença, seu
quadro epidemiológico, assim como as práticas de saúde voltadas para o
trabalhador.
A crescente globalização da economia traz consigo um
aumento da competitividade empresarial, marcada pela necessidade de
se produzir mais e melhor (maior produtividade com mais qualidade). Para
atingir tais objetivos as empresas lançam mão de programas de
“qualidade total”, os quais pregam uma nova ordem na organização do
trabalho, fazendo com que o trabalhador sinta-se mais participativo e
responsável pelo processo produtivo, fruto disto é a nova denominação
13
que muitas empresas estão adotando no que se refere ao trato com seus
funcionários (“associados”, “colaboradores”, entre outras). Porém, a
implantação destes programas, não necessariamente, acarreta uma
melhora na qualidade de vida dos funcionários, podendo muitas vezes
ocorrer o contrário, ocasionando prejuízos a sua saúde física e mental
(Oliveira, 1997).
A doença, um subproduto do sistema de produção
moderno, tem acometido muitos trabalhadores no Brasil e no mundo,
rompendo o equilíbrio saúde-produtividade, acarretando prejuízos para o
próprio trabalhador, para a empresa e para a nação como um todo,
tornando crescente o reconhecimento, por parte do setor produtivo, que
seu maior capital são seus recursos humanos.
As crescentes alterações ocorridas no mundo do trabalho,
não se limitam somente ao processo produtivo, suas repercussões vão
muito além, afetando toda a sociedade.
Assim, considera-se que compete ao setor saúde,
proporcionar condições a um planejamento e à implementação de ações
articuladoras com os diversos setores da sociedade em prol de melhoria
do padrão de vida, o que vai de encontro à conceituação de saúde do
trabalhador como sendo um conjunto de ações destinadas a promoção, a
proteção, a recuperação e a reabilitação da saúde dos trabalhadores
(Brasil, 2001c).
14
Dentro do aspecto conceitual da saúde, tendo em vista
mais especificamente a saúde bucal do trabalhador, Araújo (1998)
conceitua como a “parte da atenção à saúde do trabalhador que trata de
promover, preservar e recuperar a saúde bucal do trabalhador”.
Porém, pela sua característica, ainda de atividade liberal,
a odontologia tem se pautado, quase que exclusivamente, na prática
privada de seus serviços. O alto custo destes serviços os torna
praticamente inacessíveis a grande maioria da população trabalhadora,
população esta, obrigada a conviver com as demais mazelas sociais que
aumentam sua privação e exclusão social.
Como agravante a este quadro de exclusão, o acesso dos
trabalhadores às unidades de saúde tradicionais é prejudicado pela longa
jornada de trabalho dos mesmos, além da oferta de serviços públicos
odontológicos ser voltada quase que exclusivamente, a populações de
baixa idade (programas de odontologia para bebês; programas voltados
para pré-escolares, entre outros), esta prática excludente faz com que ao
restante da população seja oferecido somente assistência em termos de
atendimento a urgências e emergências, práticas pouco resolutivas e de
baixo impacto em termos de saúde e qualidade de vida (Oliveira et al.,
1999; Pinto, 2000).
A partir da Conferência realizada em Ottawa (OMS,
1986), o conceito de promoção de saúde reaparece no cenário
internacional com forte ênfase política, exigindo rigor e compromisso dos
15
governos e dos povos, buscando melhor qualidade de vida e
conseqüentemente mais saúde para todos.
Sobre este prisma considera-se importante não somente
levantar os problemas bucais que podem afetar diretamente os
trabalhadores deve-se analisar concretamente sua epidemiologia e
patologia, assim como estudar o impacto que possam ocasionar em suas
qualidades de vida, trazendo à tona novos elementos na análise da
causalidade das doenças e dos porquês da sua maior ocorrência e
manutenção em determinados segmentos da sociedade.
No contexto contemporâneo, torna-se inviável – e até
mesmo impossível – pensarmos em saúde geral de forma dissociada da
saúde bucal, sendo o contrário também verdadeiro. Já, no Relatório Final
da I Conferência Nacional de Saúde Bucal (1986), afirmava-se que “... a
Saúde Bucal é parte integrante e inseparável da saúde do indivíduo,
estando diretamente relacionada às condições de alimentação, moradia,
trabalho, renda, meio ambiente, transporte, lazer, liberdade, acesso e
posse da terra, acesso aos serviços de saúde e à informação”. [grifos
nosso]
A Constituição Federal, promulgada em 1988, no capítulo
que se refere à Saúde, reconhece em seu Art. 200, como competência do
Sistema Único de Saúde, entre outros, “executar as ações de vigilância
sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador”(Brasil,
1992).
16
A Lei Orgânica da Saúde, lei que regulamente o SUS,
aprovada pelo Congresso Nacional em 19 de setembro de 1990,
reconhece em seu Art. 3º, que “a saúde tem como fatores determinantes
e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento
básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o
lazer e acesso aos bens e serviços essenciais” [grifo nosso], e preconiza
acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde a todos os
cidadãos brasileiros, sendo isto dever do Estado. Porém, este dever do
Estado não excluí o das empresas e da sociedade (Art. 2º, § 2º). Sabendo
que os níveis de saúde da população expressam a organização social e
econômica de um país, e que o trabalho é considerado como um dos
fatores determinantes e condicionantes em relação à saúde, existe a
necessidade de uma investigação em relação ao cumprimento dessa
legislação e sua aplicação nas ações de saúde voltadas à saúde bucal
dos trabalhadores (Brasil, 1990).
Através da Portaria Número 3.120, de 01 de julho de
1998, o Ministério da Saúde inclui a Saúde do Trabalhador como campo
de atuação da atenção à saúde, e com a finalidade de definir
procedimentos básicos para suas ações adota a Instrução Normativa de
Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS, cujos objetivos são em
suma, o de conhecer a realidade de saúde da população trabalhadora,
bem como intervir nos fatores determinantes de agravos à saúde e avaliar
as medidas adotadas para a promoção de saúde (Brasil, 2001a; 2001b).
17
Inúmeras justificativas ainda podem ser relacionadas em
defesa da implantação de serviços odontológicos destinados ao segmento
dos trabalhadores (Schou, 1993). Justificativas estas, reforçadas pela
recente regulamentação da Odontologia do Trabalho como especialidade
odontológica, pelo Conselho Federal de Odontologia, através da
Resolução CFO 22/2001 a qual define em seu Art. 30 “Odontologia do
Trabalho é a especialidade que tem como objetivo a busca permanente
da compatibilidade entre a atividade laboral e a preservação da saúde
bucal do trabalhador” (Brasil, 2002).
Entretanto, a implementação de um programa de atenção
em saúde bucal nas empresas deve visar a melhora da saúde de seus
empregados, levando em consideração que eles fazem “parte da raça
humana e não simplesmente como parte das engrenagens de uma
máquina”, como lembrou Braga (1999).
Embasando-se no conteúdo acima citado, é possível
justificar a elaboração deste documento, a qual situa-se na aceitação
lógica da atenção da saúde do trabalhador como instrumento de
promoção de saúde, mais especificamente ao que se refere à prática da
saúde bucal pertinente ao modelo de atenção à saúde do trabalhador.
18
2 REVISÃO DA LITERATURA
A presente revista da literatura será dividida em dois
tópicos principais, o primeiro irá abordar a evolução, de um modo geral,
da atenção à saúde dos trabalhadores; já o segundo tópico irá abordar o
papel da odontologia em relação à saúde do trabalhador.
2.1 EVOLUÇÃO DA ATENÇÃO EM SAÚDE DO
TRABALHADOR
Neste tópico será respeitada a ordem cronológica de
ocorrência dos fatos, não sendo esta necessariamente a mesma da
publicação.
Tão antigo quanto a própria existência do homem é a sua
relação com o trabalho, não o trabalho como o conhecemos hoje, mas
àquele realizado para a obtenção de alimentos, através da caça ou da
pesca, construção de abrigos, e mais tarde com o cultivo da terra e a
domesticação dos animais. Contudo, foi somente a partir da segunda
metade do século XVI, que a relação trabalho-saúde despertou a atenção
dos estudiosos da época.
O primeiro livro a abordar a questão da saúde dos
trabalhadores surgiu em 1556, quando Georgius Agricola publicou De Re
19
Metallica o qual enfocava, além dos acidentes de trabalho, as doenças
mais comuns entre os mineradores. Em 1567, Paracelso também aborda
a relação entre trabalho e doença, dedicando especial atenção às
intoxicações ocupacionais por mercúrio (Miranda, 1998).
O médico italiano Bernardino Ramazzini em 1663
estabeleceu alguns dos princípios básicos do conceito de medicina social,
como por exemplo, a necessidade do estudo entre o estado de saúde de
uma dada população e suas condições de trabalho. Mais tarde, em 1700,
Ramazzini publica sua obra De Morbis Artificium Diatriba, onde descreve
uma série de doenças relacionadas com cerca de 50 profissões e
estabelecia definitivamente a relação saúde e trabalho (Mendes, 1980).
Apesar do pioneirismo destes estudos, o interesse pela
proteção ao operário no seu ambiente de trabalho só ganharia maior
ênfase no século XIX, com o impacto da Revolução Industrial (Mendes &
Dias, 1991).
Em 1802, devido às precárias condições que eram
impostas aos trabalhadores, o Parlamento Britânico aprovou a 1ª lei de
proteção aos trabalhadores: a "Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes" que
estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho
noturno e tornava obrigatória a ventilação do ambiente de trabalho e a
lavagem das paredes das fábricas pelo menos duas vezes por ano
(Mendes, 1980).
20
Por sua vez, no Brasil, durante os três primeiros séculos
de nossa história, as atividades industriais restringiram-se, praticamente,
à fabricação de açúcar nos engenhos e à mineração. A exploração
criminosa do trabalho fez com que Euclides da Cunha, colunista do jornal
O Estado de São Paulo, escrevesse em 1º de maio de 1892:
"(...) Preso a longas horas de uma agitação automática,
além disso, cerceado da existência civil, o rude trabalhador é muito menos
que um homem e um pouco mais que uma máquina...” (Miranda, 1998).
Todavia, a classe trabalhadora começava a fazer pressão
para a implantação de uma legislação protetora e introdução de sistemas
modernos de previdência e bem estar social. Neste sentido, em 1919,
surge a Lei de Acidentes do Trabalho, que assinalaria o ponto de partida
da intervenção do Estado nas condições de trabalho da população.
Em 1923 foi promulgado o Regulamento Sanitário
Federal, que incluiu as questões de higiene profissional e industrial no
âmbito da Saúde Pública (Miranda, 1998).
Em 1930, com o governo Vargas, foram criados o
Ministério do Trabalho e as Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPs)
(Bertolini Filho, 2000).
Em 1934 é criada a Inspetoria de Higiene e Segurança do
Trabalho, precursora da atual Secretaria de Segurança e Saúde no
Trabalho, integrante do Ministério do Trabalho, órgão de âmbito nacional,
competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar as
21
atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho,
inclusive a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e
regulamentares em todo o território nacional (Miranda, 1998).
Em 1950, a Organização Internacional do Trabalho (OIT)
e a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaboraram os objetivos da
Saúde Ocupacional como sendo:
• a proteção da saúde e bem-estar do trabalhador
contra os riscos e condicionantes do ambiente de
trabalho;
• a colocação do trabalhador numa atividade de
acordo com sua capacidade física e emocional, de
modo a poder realizá-la sem perigo para ele e seus
colegas, e sem dano à propriedade;
• o provimento de socorros médicos de emergência
para os acidentes e doenças ocupacionais e não
ocupacionais, e de definitivos cuidados e
reabilitação daqueles com doenças ou seqüelas
ocupacionais;
• a manutenção da saúde do trabalhador através de
atividades promocionais, procedimentos
específicos de medicina preventiva e freqüente
revisão do estado de saúde;
22
• o controle dos riscos potenciais à saúde inerentes
à operação de trabalho (Mendes, 1980; García et
al., 1997).
Em 1959, a Conferência Internacional do Trabalho,
organizada pela OIT, adotou a Recomendação Nº 112, a qual definia de
maneira precisa e objetiva as funções, a organização e os meios de ação
dos serviços de medicina do trabalho (Mendes & Dias, 1991; Miranda,
1998).
Em 1978, o Ministério do Trabalho, através da Norma
Regulamentadora (NR) número 4 da portaria nº 3.214, estabeleceu a
obrigatoriedade dos serviços médicos da empresa, segundo critérios
como grau de risco das atividades desenvolvidas e número de
empregados. Surgiram assim, os Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT (Brasil, 1978).
Compete aos profissionais integrantes do SESMT aplicar
os conhecimentos de engenharia de segurança e medicina do trabalho ao
ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, de modo a reduzir
e até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador (Miranda,
1998).
Em 1982, a OMS analisou as inter-relações entre
cuidados primários de saúde e serviços de saúde ocupacional, assim
identificando alguns princípios básicos para esta inter-relação:
23
• a saúde dos trabalhadores deve ser enfocada de
maneira global, sem se limitar aos problemas
ocupacionais;
• os serviços de saúde ocupacional devem ser parte
integrante ou perfeitamente coordenados com os
demais serviços de saúde do sistema, e com
outros setores; é fundamental a participação dos
trabalhadores (OMS, 1982).
Dessa forma muda-se a denominação dos programas de
saúde ocupacional para saúde do trabalhador. Sendo que o primeiro
compreendia o trabalho (e seus riscos) como um problema
essencialmente ambiental, preconizando uma abordagem puramente
técnica da questão. Ao passo que, para o último, o trabalho é visto sob
um aspecto social e coletivo, propondo uma abordagem ao mesmo tempo
técnica e social para a relação saúde/trabalho (Mendes & Dias, 1991).
O debate introduzido pela 8ª Conferência Nacional de
Saúde em 1986, e enaltecido pela 1ª Conferência Nacional de Saúde dos
Trabalhadores, em 1987, acabou influenciando o texto da Constituição
Brasileira de 1988, que em seu artigo 200 estabelece que compete ao
Sistema Único de Saúde (SUS), além de outras atribuições, executar as
ações de saúde do trabalhador (Brasil, 1992).
Os direitos dos trabalhadores quanto ao risco no trabalho
estão estabelecidas no artigo 7º da Constituição de 1988 (Brasil, 1992).
24
A Lei Orgânica da Saúde (LOS) - Lei 8.080/90 - preconiza
acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde a todos os
cidadãos brasileiros, sendo isto dever do Estado, porém, em seu artigo 2º,
parágrafo 2, este dever do Estado não excluí o das empresas e da
sociedade (Brasil, 1990).
O modelo atual de organização da saúde do trabalhador
está fortemente centralizado nos serviços médicos de empresa. Porém,
estes serviços funcionam, em sua maioria, de forma autônoma e
dissociada tanto do sistema de saúde, como dos órgãos regionais do
Ministério do Trabalho.
Contudo, vale ressaltar, que os serviços médicos de
empresa (SESMT), apesar de criados e normatizados pelo Ministério do
Trabalho, estão subordinados ao SUS por força do artigo 6º, parágrafo 3º,
item VI da LOS (Brasil, 1990).
Ainda em conformidade com a Portaria nº 3.214/78,
Norma Regulamentadora nº 7, com o objetivo de promover e preservar a
saúde dos trabalhadores, todos os empregadores estão obrigados a
elaborar e implementar um Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO), independentemente do número de empregados e
do grau de risco da empresa (Brasil, 1978).
O PCMSO deve ser parte integrante de um conjunto mais
amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores,
25
devendo ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce
dos agravos à saúde relacionados ao trabalho (Miranda, 1998).
A Portaria nº 3.214/78 exige ainda, conforme a NR-9, a
elaboração e implementação de um Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA) o qual deve estar articulado com o PCMSO (Brasil,
1978).
Miranda (1998), conceitua riscos ambientais como todos
os agentes físicos, químicos, e biológicos existentes nos ambientes de
trabalho, que em função de sua natureza, concentração ou intensidade e
tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do
trabalhador.
Para Ferrando & Vogel (1997) a participação dos
trabalhadores nos programas de saúde da empresa é extremamente
relevante. No Brasil esta participação se dá principalmente através das
Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA), as quais devem
ser compostas paritariamente, por representantes do empregador e dos
empregados (Brasil, 1978).
Segundo Miranda (1998), a CIPA tem o objetivo de
observar e relatar condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar
medidas para reduzir e até eliminar os riscos existentes.
Para Mendes & Dias (1991), a Saúde do Trabalhador é
ainda uma área em processo de construção, tanto por profissionais de
26
saúde de várias formações, como por trabalhadores que buscam viver
com saúde.
Dias (1993) descreve a evolução e as trajetórias da
relação saúde e trabalho ao longo dos anos no Brasil, ressaltando que o
desafio baseia-se em “construir uma nova abordagem da questão
saúde/trabalho, que não se restrinja apenas ao aspecto econômico, mas
que contemple as dimensões filosóficas, antropológicas e sociológicas do
trabalho ensejando o resgate do papel do trabalho na vida dos homens,
de modo a permitir que o trabalhador, que constrói o progresso, possa
partilhar plenamente de seus frutos”.
Ainda segundo Dias (2000), as ações de atenção em
saúde do trabalhador devem conter atividades de promoção, proteção e
reabilitação da saúde, de forma integrada e buscando o resgate do saber
do trabalhador sobre as relações saúde/doença/trabalho, fazendo com
que atue ativamente neste processo.
2.2 INSERÇÃO DA ODONTOLOGIA NO CONTEXTO DA
SAÚDE DO TRABALHADOR
O presente tópico traz uma revisão, de certo modo
histórica, da evolução e do atual papel da Odontologia no campo de
Saúde do Trabalhador.
27
Pettibone (1923) relata a existência, já no início do século
passado, de mais de 100 indústrias americanas que prestavam
assistência odontológica gratuita a seus empregados e enfatiza que esse
tipo de assistência deve ser executado preferencialmente nos locais de
trabalho dos empregados.
Baum (1934) descreveu patologias orais relacionadas
com agentes químicos utilizados nas indústrias, como o chumbo, o
mercúrio e o fósforo. Dessa maneira, enfatiza a importância da chamada
odontologia industrial.
Thomas (1940) destaca a importância e responsabilidade
do cirurgião dentista, quando este realiza o exame bucal do paciente,
tendo em vista a teoria vigente de que as afecções e infecções bucais
tenham sua origem de infecções em outras partes do corpo.
Miller (1941) defende a inserção da assistência
odontológica nas indústrias, a qual, segundo o autor, seria um serviço de
baixo custo e qualidade satisfatória. Relata a importância da realização de
exames periódicos com a finalidade de prevenir doenças bucais, as quais
diminuem a capacidade produtiva dos empregados.
Em um estudo cujo objetivo consistia em analisar a
existência e as características dos serviços odontológicos nas indústrias
americanas Dunning et al. (1941) verificaram que 18,81% de um total de
869 indústrias disponibilizavam tais serviços a seus empregados.
Observaram ainda que o tratamento realizado era, na maioria das vezes,
28
custeado pela empresa e em alguns casos parte destes custos era
repassada aos empregados.
Goldhorn (1942) afirma que a prevenção e a eliminação
de doenças ocupacionais têm como objetivo primário o aumento da
eficiência industrial, a diminuição do afastamento do trabalhador da linha
de produção, e a redução de práticas que possam provocar acidentes de
trabalho. O autor afirma ainda, que a implantação de serviços
odontológicos deve ser considerada como uma forma de diminuir as
doenças bucais, através de atividades de prevenção e tratamento.
Walls & Bethlehem (1942), em estudo semelhante ao
realizado por Dunning et al. no ano anterior, verificaram que 116, de um
total de 498 empresas pesquisadas possuíam serviços odontológicos a
disposição de seus empregados. Verificaram que nenhuma empresa com
menos de 100 empregados mantinha esse tipo de serviço. Os autores
reforçam a importância do exame bucal periódico como parte do serviço
odontológico e as ações educativas em saúde bucal.
Em 1942 a American Dental Association (ADA) publicou
uma proposta tida como “padrão” para os serviços odontológicos nas
unidades industriais americanas. Em suma estes seriam os tópicos da
proposta: a indústria deve organizar seu serviço odontológico visando
assegurar cuidados eficientes aos empregados que necessitam de
tratamento; todos os empregados devem ter acesso a assistência
odontológica; o serviço odontológico deve dedicar parte do tempo a
29
atividades educativas em saúde bucal; todos os empregados admitidos na
empresa devem ser submetidos a exames odontológicos; os prontuários
devem ser preenchidos corretamente e ficar a disposição também da área
médica; os serviços odontológicos devem comportar pessoal qualificado,
e se responsabilizar pela qualidade dos tratamentos executados; os
cirurgiões dentistas do serviço odontológico industrial devem ter
conhecimento da rotina e realidade dos processos industriais bem como
estarem atentos a doenças bucais oriundas da atividade laboral.
Dunning (1942) descreve as etapas de um protocolo de
implantação de serviços odontológicos para empresas com mais de 1000
empregados, o referido protocolo baseia-se no padrão proposto pela ADA
e tem por objetivo um aumento da produtividade das indústrias em tempo
de guerra.
Hooper (1943) em um estudo que procura relacionar
doenças bucais e absenteísmo destaca a realização de exames bucais
como uma forma de prevenção efetiva e de baixo custo para o combate
dos problemas orais relacionados com o ambiente de trabalho.
Goldhorn (1943) destaca que a premissa de um programa
odontológico industrial consiste em uma abordagem integral da saúde dos
trabalhadores, para dessa maneira aumentar sua eficiência no trabalho,
diminuir os riscos de acidentes e reduzir o absenteísmo
Thomas (1943) defende que o serviço odontológico
industrial teria a função de diagnosticar doenças bucais em estágios
30
iniciais; diagnosticar manifestações bucais de doenças profissionais;
promover ações preventivas e de educação em saúde bucal; e destaca
que o serviço odontológico industrial é um pré-requisito para que um
serviço de saúde seja considerado completo.
Petty (1943) define a odontologia industrial como um
serviço pago pelo empregador, onde os usuários – os empregados –
estão sujeitos a algum tipo de contribuição por meio de determinado plano
ou seguro saúde.
Em 1943 o Bureau of Public Health Dentistry juntamente
com o Bureau of Industrial Higiene, elaboraram um documento que
descreve as funções e os serviços que um programa odontológico
industrial poderia oferecer, bem como a forma de custeio e os
equipamentos necessários, preconiza ainda, a integração entre esse tipo
de serviço e serviços voltados à saúde geral do trabalhador.
Dunning & Klein (1944) relatam a viabilidade e o sucesso
do serviço odontológico implantado desde 1915 na Companhia de Seguro
de Vida Metropolitana dos Estados Unidos da América.
Kulstad (1945) observou grande incidência de
absenteísmo nas indústrias americanas, sendo que as doenças bucais
eram responsáveis por grande parte deste quadro. O autor preconiza a
integração dos serviços odontológicos industriais ao programa de saúde
da empresa, aumentando a sua eficácia.
31
Misher (1946) afirma que programas odontológicos
industriais proporcionam vantagens econômicas para as empresas na
medida que diminuem o afastamento dos trabalhadores das linhas de
produção. Para os trabalhadores tais programas proporcionam a
eliminação dos focos de infecção, o diagnóstico precoce de
manifestações bucais de doenças ocupacionais, bem como educação
para saúde bucal.
Camp (1947) ressalta a importância de programas de
odontologia industrial para a empresa e para o empregado. Destaca
ainda, a boa aceitação destes programas por parte dos serviços de
medicina industrial e sugere um roteiro a ser observado quando da
implantação de tal serviço.
Heacock (1947) em seu trabalho enfatiza a necessidade
da integração do serviço odontológico industrial com os demais
programas de saúde da empresa. Ressalta também, a importância do
cirurgião dentista envolvido com o serviço odontológico industrial em
conhecer a realidade da empresa no que tange aos processos de trabalho
por ela desenvolvidos, e de dominar técnicas de educação e motivação
tanto individuais quanto coletivas.
Goldhorn (1947) destaca que problemas bucais, os quais
são fontes de desconforto, podem atuar como fatores facilitadores de
acidentes de trabalho, além de diminuírem a produtividade da empresa.
Destaca ainda, as principais tarefas a serem executadas por um programa
32
odontológico industrial como sendo: exame e diagnóstico bucal;
tratamento de emergências buco-dentais; diagnóstico e tratamento de
doenças ocupacionais e atividades de educação em saúde bucal. Ficando
os tratamentos restauradores a cargo de um cirurgião dentista particular.
Aston (1948) destaca a importância da integração do
serviço odontológico industrial com os demais setores de saúde da
empresa.
Para Morvay (1948) a responsabilidade do cirurgião
dentista industrial é dupla: primeiro e mais importante com a saúde do
trabalhador e segundo com o empregador. Destaca que por meio dos
exames bucais periódicos pode-se reduzir a incidência de problemas
bucais.
Para Sappington (1949) a inclusão dos serviços
odontológicos em programas de saúde industrial seria vantajoso para a
empresa pois diminuiriam as faltas e conseqüentemente afastamento dos
trabalhadores da linha de produção.
Gibson et al. (1950) alertam para a necessidade de atento
planejamento quando da implantação dos serviços odontológicos
industriais, determinando claramente os objetivos e os resultados
almejados com esse tipo de benefício. Afirmam que a implantação de
programas de odontologia industrial pode ocasionar uma redução do
absenteísmo e um aumento na eficiência do trabalhador.
33
MacKenzie, em estudo realizado nos EUA em 1951, relata
a importância dos serviços odontológicos não só para as empresas ou
empregados, mas também para o Estado, em especial em épocas de
crise, onde é necessário um aumento da produtividade empresarial.
Dougherty (1951) descreve as características de um
programa odontológico implantado por três empresas no sistema de
cooperativa e que apesar do pouco tempo de implantação os usuários
demostram-se satisfeitos.
Dunning (1952) destaca que, embora o absenteísmo
ocasionado por problemas odontológicos seja em pequeno número, ele
assume elevado grau de relevância devido a 3 fatores: as seqüelas de
patologias bucais não são consideradas em termos de estatística; os
trabalhadores acometidos por estas patologias necessitam, geralmente,
de tratamento continuado; a grande maioria das patologias bucais pode
ser prevenida. Com base nestes aspectos o autor recomenda a instalação
de um serviço Odontológico industrial para empresas com mais de 1000
funcionários, com ênfase em procedimentos preventivos, mas que
também ofereça tratamento paleativo emergencial.
Camp (1955) descreve as características de um programa
odontológico industrial desenvolvido por uma indústria de vidro desde
1925, destaca que o serviço odontológico está integrado aos demais
programas de saúde da empresa, e que após a sua implantação o
absenteísmo decorrente de motivos odontológicos foi reduzido.
34
Em trabalho que relaciona o serviço odontológico
industrial com o serviço médico industrial, Brock (1958) destaca a
necessidade da integração entre ambos, e alerta para a necessidade da
capacitação do cirurgião dentista para atuar na área.
Dougherty (1959) afirma que a atuação da odontologia na
saúde do trabalhador deve ter como objetivo, melhorar as condições de
saúde bucal desses trabalhadores, melhorando assim sua saúde como
um todo.
Medeiros (1965) alerta para a importância da realização
de exames odontológicos pré-admissionais complementares aos exames
de saúde realizados pela área médica. O autor destaca ainda que
patologias bucais podem influenciar o processo produtivo de uma
empresa, e cita com exemplo a cárie dentária, que “pelo seu processo
evolutivo irá causar odontalgias, abscessos, absenteísmo, incapacidade
para o trabalho, etc”.
Medeiros (1966) conceitua a Odontologia do Trabalho
como sendo “um setor da odontologia que tem por finalidade a melhoria
da saúde oral, seus efeitos e influência sobre a produtividade no trabalho
e o diagnóstico precoce de manifestações orais de doenças
ocupacionais”. Destaca ainda o modo pelo qual deve ser conduzido um
programa odontológico empresarial, o qual não deve ser desenvolvido
como se fosse um consultório particular, chama a atenção para que o
cirurgião dentista que for atuar nestes programas deve ser conhecedor da
35
tecnologia empregada no processo produtivo, bem como da ocupação do
trabalhador na empresa.
Em trabalho que estuda a integração do Serviço Nacional
de Saúde da Inglaterra e a Odontologia Industrial daquele país, Cowell
(1966) sugere a inclusão da atenção odontológica na área de atenção da
saúde ocupacional.
Medeiros & Bijella (1970) mostram a importância da
chamada Odontologia Industrial e sua relação com a Medicina Industrial e
a saúde do trabalhador, fundamentada na aplicação de princípios de
Odontologia em Saúde Coletiva. Apresentam um programa de
Odontologia Industrial de acordo com os preceitos da ADA e propõe um
programa odontológico a ser aplicado nas condições vivenciadas pela
realidade brasileira.
Relatam ainda, que um programa de assistência
odontológica bem planejado, visando uma melhora no estado de saúde
oral dos trabalhadores, contribuirá para melhorar a capacidade produtiva
dos mesmos. Com isso empresas que vem incluindo em seus programas
assistenciais o serviço odontológico, além de oferecer melhores
condições de trabalho a seus empregados, também apresentam um
aumento no rendimento produtivo.
Os mesmos autores (Medeiros & Bijella, 1971) tecem
algumas observações a respeito do planejamento dos serviços
odontológicos industriais, para que estes possam ser efetivos e cumprir
36
seu objetivo de zelar pela saúde bucal dos trabalhadores. Afirmam que
para ser possível planejar um programa de saúde bucal, este deve estar
calcado na realidade, verificada através do diagnóstico da situação atual
de saúde dos trabalhadores. Preconizam que a prestação dos serviços
odontológicos deve, preferencialmente, ser disponibilizada no local de
trabalho, e alertam para a utilização de pessoal auxiliar e desenvolvimento
de atividades de educação em saúde bucal como formas de aumentar a
efetividade destes programas.
Nogueira (1972) destaca a importância do papel do
cirurgião-dentista na equipe de saúde do trabalhador, afirmando que são
muitas as lesões dos dentes e demais estruturas da cavidade bucal
ocasionadas por agentes mecânicos, físicos e principalmente químicos,
além da observação na cavidade bucal de manifestações de doenças
sistêmicas. O autor faz a descrição de manifestações bucais provocadas
por diferentes tipos de agentes mecânicos, físicos, químicos e ecológicos.
Batawi (1972) observou grande prevalência de cárie
dental e doença periodontal em trabalhadores das indústrias do Egito. O
autor enfatiza ainda, a importância da atenção odontológica nas indústrias
e do desenvolvimento de atividades de educação e motivação em saúde
bucal.
Pimentel (1976) sugere a obrigatoriedade da inclusão da
odontologia do trabalho na equipe de Serviços Especializados em
37
Segurança e Medicina do Trabalho, tal inclusão traria vantagens não
somente ao trabalhador, mas também à indústria e à nação.
Rajala et al. (1978) estudaram a utilização de serviços de
cuidados odontológicos por um grupo de trabalhadores de uma fábrica de
papel da Finlândia e constataram que menos de 10% dos trabalhadores
estudados realizavam exames odontológicos de rotina. Constataram
ainda, que os trabalhadores que exerciam funções burocráticas
procuravam os serviços odontológicos com maior freqüência.
Anaise (1978) estudou a prevalência de cárie dental em
trabalhadores de fábricas de doces em Israel e comparou com a
prevalência de cáries de trabalhadores de indústrias têxteis. Os valores
encontrados nos trabalhadores das indústrias de doces foram
significativamente maiores daqueles encontrados no outro grupo,
sugerindo a necessidade de atenção especial para esse grupo de
trabalhadores.
Guimarães & Rocha (1979a) apresentam o conceito de
Odontologia do Trabalho como sendo “a parte da odontologia que trata de
promover, preservar e reparar a saúde do trabalhador, conseqüente dos
agravos, afecções ou doenças advindas do exercício profissional e que se
manifestam na boca”. Trazem também, as funções que o cirurgião
dentista, integrante de uma equipe de Odontologia do Trabalho, deve
desempenhar, e destaca sua importância a serviço de uma empresa, para
38
o diagnóstico e prevenção de doenças profissionais, com vantagens
mútuas para o trabalhador, para a empresa e para a nação.
Estes mesmos autores (Guimarães & Rocha, 1979b)
defendem a integração da odontologia aos serviços de segurança e
medicina do trabalho, fato que, segundo os autores, é indispensável caso
se pretenda dar uma assistência integral à saúde dos trabalhadores,
assim como ao incremento da produtividade da empresa. Sugerem um
roteiro a ser seguido na elaboração e execução de exames odontológicos
pré-admissionais.
Para a implantação e organização de serviços
odontológicos em uma empresa, Guimarães & Rocha (1979c) ressaltam
que, para cada empresa devem ser efetuadas as adaptações
características de sua individualidade. Espera-se com a instalação de
programas odontológicos empresariais diminuir o absenteísmo, elevar a
produtividade do empregado, reduzir ou eliminar as causas odontológicas
dos acidentes de trabalho elevar o conceito da empresa, além de outros
fatores considerados importantes no desenvolvimento empresarial.
Esteves et al. (1980) avaliaram as manifestações bucais
da intoxicação por chumbo em trabalhadores adultos expostos a este tipo
de material. Diante dos resultados encontrados, enfatizam a necessidade
de programas de prevenção odontológica neste grupo de trabalhadores,
devendo o cirurgião-dentista integrar-se na equipe de saúde ocupacional
da empresa.
39
Com base nos resultados obtidos no levantamento
odontológico realizado em 1.110 empregados da Administração Geral da
Rede Ferroviária Federal S.A. no ano de 1977, Gomes & Magalhães
(1980) destacam a importância deste tipo de procedimento para o
planejamento da assistência odontológica, bem como permite detectar
enfermidades em seu estágio inicial, possibilitando a adoção de
tratamento adequado e tempestivo, de modo a evitar maiores danos para
o servidor e para a empresa. Os autores afirmam ainda, que programas
de assistência odontológica empresarial devem ser planejados
observando dois aspectos: “o primeiro que se relaciona diretamente à
saúde oral do empregado e ao seu bem-estar; e o outro, que representa o
interesse econômico da empresa de, em mantendo o empregado são,
sem absenteísmo e apto a produzir mais e melhor, obtêm o retorno dos
gastos com ele feitos, na assistência prestada”.
Para Carvalho (1981) está reservado à odontologia um
importante papel nos programas de higiene e saúde do trabalhador; e
sem as medidas de assistência odontológica, inúmeros trabalhadores
estarão sujeitos ao desenvolvimento de patologias, as quais poderão
caracterizar-se por lesões em mucosas ou em tecido duro.
Através deste estudo Rocha (1981) procurou quantificar o
afastamento dos trabalhadores por motivos médicos, odontológicos e
devido a acidentes de trabalho, verificando que a falta por motivos
médicos é o principal responsável pelo absenteísmo, a falta por motivos
40
odontológicos situa-se com um número um pouco superior ao
afastamento decorrente de acidentes de trabalho, porém a duração média
da ausência do trabalhador por motivos odontológicos é menor. A autora
chama a atenção para a prática odontológica que está à disposição dos
trabalhadores, como sendo uma prática de caráter emergencial, centrada
no tratamento cirúrgico-mutilador.
Uma vez que o cirurgião-dentista ainda não integra a
equipe de saúde do trabalhador, Esteves (1982) descreve algumas
alterações patológicas da cavidade bucal decorrente de doenças
ocupacionais, com intuito de alertar a equipe de saúde ocupacional para a
necessidade de uma atenção especial aos problemas que atingem a
cavidade bucal dos trabalhadores.
Srikandi et al. (1983) avaliaram os modelos de utilização
de serviços odontológicos, bem como, hábitos de higiene bucal e
autopercepção de periodontopatias, em um grupo de trabalhadores
australianos (n=642). Do grupo estudado 50,5% relataram ter buscado os
serviços odontológicos pelo menos uma vez nos últimos 12 meses; 40,1%
buscaram atendimento odontológico no período compreendido entre 1 e 5
anos; e 8,9% não buscaram atendimento odontológico nos últimos 5
anos.
Ao avaliar as condições de saúde bucal dos trabalhadores
de uma indústria de doces na Dinamarca, Petersen (1983) concluiu que
estes formavam um grupo de risco para a doença cárie dentária, sendo
41
necessário estabelecer um programa preventivo de saúde bucal como
parte do programa de saúde ocupacional da empresa.
Silva & Souto (1983a) defendem a implantação de
programas de Odontologia Ocupacional nas empresas como forma de
facilitar o acesso e preservar a saúde bucal dos trabalhadores, além de
contribuírem para melhorar a capacidade produtiva dos mesmos. Os
autores conceituam a Odontologia Ocupacional “como sendo a aplicação
de todos os recursos técnico-científicos possíveis da Odontologia na
promoção e prevenção do bem estar físico, psíquico e social do homem
no seu trabalho, reconduzindo-o a este estado quando necessário”.
Nesta segunda parte do trabalho Silva & Souto (1983b)
destacam as atribuições dos cirurgiões-dentistas que irão atuar no campo
da Odontologia Ocupacional, e orientam que, um programa a ser
desenvolvido nesta área deve compreender exames pré-admissionais,
exames periódicos, censo odontológico, levantamento de perfis
profissiográficos e participação em programas ergonômicos além de
campanhas educativas e de prevenção.
Finalizando o estudo, Silva & Souto (1983c) concluem que
a assistência odontológica ao trabalhador deve ser atribuição da própria
empresa, justificada pela importância da saúde na produtividade.
Reiteram a necessidade de incluir a assistência odontológica no campo
da saúde por sua importância na gênese de acidentes de trabalho e no
controle do absenteísmo.
42
Ao estudarem as condições dentárias de um grupo de
trabalhadores adultos de uma indústria de cerâmica localizada no interior
do estado de São Paulo, Ferraz & Bellini (1983) constataram que 21%
dos trabalhadores estudados apresentavam maxila ou mandíbula, ou
maxila e mandíbula desdentados, número que pode ser considerado
elevado, pois a indústria em questão oferecia assistência odontológica na
própria empresa. Estes dados reafirmam a necessidade de reorganização
dos programas de atenção odontológica aos trabalhadores.
Motta & Albuquerque (1983) analisaram um serviço
odontológico instalado em uma indústria mecânica de médio porte. O
procedimento inicial deste programa foi a realização de um levantamento
epidemiológico da saúde bucal dos funcionários, sendo que dos 1350
funcionários 93,11% (1257) foram examinados. Os autores verificaram
que após 14 meses de desenvolvimento do programa odontológico, foram
executadas 5.143 restaurações, representando 71,6% das 7.185 cáries
encontradas no censo inicial; das 1.905 extrações indicadas foram
executadas 820, representando 43,0%; e dos 547 casos de
periodontopatias contatados foram solucionados 477 ou 87,2%.
Para Passos & Villela (1983), o cirurgião-dentista que atua
no setor de saúde bucal do trabalhador deve ser conhecedor das
condições de trabalho da empresa, das substâncias com que os
trabalhadores têm contato, a fim de efetuar um diagnóstico precoce das
doenças ocupacionais, tendo desta forma, melhores condições de
43
restabelecer a saúde dos trabalhadores, diminuindo assim o índice de
absenteísmo e o risco de acidentes de trabalho, e aumentando sua
produtividade.
Motta & Toledo (1984) apresentam os resultados de 26
meses da implantação de um plano odontológico em uma indústria
mecânica, no qual fora obtido o controle da cárie dental e da doença
periodontal, com conseqüente diminuição do absenteísmo e aumento da
produtividade.
Em estudo que busca correlacionar doenças bucais e
perdas na produtividade dos trabalhadores, Reisine (1984) verificou que
25% dos trabalhadores pesquisados relataram ter perdido horas de
trabalho por problemas dentais nos últimos 12 meses. O autor relata
ainda que a prevalência e magnitude das perdas produtivas por motivos
buco-dentais sofre interação de diversos fatores, os quais possuem
determinantes sociais.
Buscando avaliar o grau de importância que as pessoas
atribuem à aparência dental Jenny & Proshek (1986) estudaram a opinião
de 484 indivíduos de 88 diferentes ocupações, e concluíram que
ocupações de prestígio, bem como ocupações que exigem constante
exposição ao público, requerem boa estética dental, e que a sociedade
estabelece padrões de aparência dental aceitáveis, e desvios nestes
padrões podem reduzir as oportunidades do indivíduo no mercado de
trabalho.
44
Garrafa (1986a) relata os objetivos da Odontologia do
Trabalho como sendo “o estudo, interpretação e solução dos diferentes
problemas bucais que atingem a todos os trabalhadores, visualizados
como participantes do processo produção e consumo de bens, no qual
cirurgiões-dentistas e outros profissionais do setor também estão imersos
enquanto trabalhadores da saúde”.
O autor destaca a importância dos acidentes de trabalho
que atingem a região buco-facial devido a suas seqüelas, as quais
poderão ocasionar invalidez permanente ou mesmo a morte. Finaliza
propondo a intensificação das discussões acerca do tema – Odontologia
do Trabalho – para que a classe trabalhadora possa receber atenção
odontológica de qualidade.
Em novo estudo, Garrafa (1986b) descreve a Odontologia
do Trabalho como uma nova área de atuação do cirurgião-dentista, que
começa a ter espaço no mundo atual, relata os diferentes problemas
bucais que atingem especificamente os trabalhadores no processo de
produção. Destaca ainda, que a Odontologia do Trabalho não deve
significar um capítulo isolado da Medicina do trabalho, as duas áreas
devem atuar integradas.
Ayer et al. (1986) descrevem os passos para o
planejamento e implantação de um programa de saúde bucal para
trabalhadores das indústrias. Ressaltam a importância destes programas
serem integrados aos demais setores da empresa e chamam a atenção
45
para a dificuldade de implantação destes programas em indústrias de
pequeno porte.
Hahn (1987) destaca em seu estudo, a importância da
atenção odontológica voltada para trabalhadores que exercem suas
funções em bases marítimas localizadas afastadas da costa. Ressalta que
a implantação de programas odontológicos com ênfase na realização de
exames admissionais e periódicos reduziria a necessidade de remoção do
trabalhador por motivo de emergência odontológica, reduzindo assim
despesas para a empresa.
Feaver (1988) faz uma revisão dos avanços e
transformações pelas quais tem passado a odontologia ocupacional nos
últimos 100 anos. Reafirma a importância deste tipo de benefício para o
trabalhador, e as vantagens para a empresa que o oferece, como por
exemplo, redução do tempo perdido decorrente de problemas
odontológicos.
Lie et al. (1988) realizaram um estudo com objetivo de
avaliar as condições periodontais de trabalhadores de uma grande
indústria de alumínio. Com exceção dos trabalhadores edêntulos, todos
os indivíduos apresentavam algum grau de doença periodontal. Os
trabalhadores do setor administrativo foram os que apresentaram melhor
higiene bucal, menor sangramento gengival e menor número de bolsas
periodontais.
46
Ao analisar a razão de mortalidade proporcional em
trabalhadores que foram a óbito no período compreendido entre 1975 e
1985, Schwartz (1988) encontrou um aumento significativo de casos de
óbitos cujo fator etiológico fora o câncer bucal, o que indica a necessidade
da realização de exames periódicos preventivos para esta população em
específico.
Diacov & Lima (1988) estudaram as características do
absenteísmo por razões odontológicas em trabalhadores da Prefeitura
Municipal de São José dos Campos, e encontraram que maiores índices
de absenteísmo ocorreram em trabalhadores do sexo masculino com
faixa etária compreendida entre 20 e 30 anos de idade.
Em estudo comparativo em duas indústrias têxteis no que
se refere ao absenteísmo Albuquerque (1989) relatou que dos 575 dias
de trabalho perdidos na fábrica A, 169 dias correspondiam à faltas por
motivos odontológicos; já na fábrica B ocorreram 94 faltas por motivos
odontológicos de um total de 493. A autora conclui que “a presença de um
gabinete odontológico nas unidades fabris é de fundamental importância
para a saúde do trabalhador e em muito contribui para diminuir o número
de dias perdidos por causa de tratamentos dentários”.
Petersen (1989) avaliou a evolução de dois programas
preventivos em saúde bucal, desenvolvidos em duas fábricas de
chocolates dinamarquesas. Após dois anos da implantação dos referidos
programas, o autor verificou redução nos indicadores de placa, além de
47
um aumento no percentual de trabalhadores com hábitos saudáveis de
higiene bucal.
Schou (1989) descreve os elementos e estratégias
essenciais para o sucesso dos programas de atenção odontológica:
participação ativa dos trabalhadores; uso de pessoal auxiliar; realização
voluntária de bochechos diários com soluções anti-sépticas; realização de
atividades preventivas; uso de meios de comunicação de massa;
instruções de higiene oral; profilaxia; e tratamento para-profissional.
O autor lembra que ainda existem obstáculos para a
implantação de programas de promoção de saúde bucal nos locais de
trabalho, porém ressalta que existem numerosos benefícios para todas as
partes envolvidas: para a empresa haverá redução dos custos com
tratamentos, aumento da produtividade e redução do absenteísmo; para a
classe odontológica representa um novo campo de atuação; e o benefício
imediato para o trabalhador será a facilidade de acesso aos serviços
odontológicos.
Schou & Monrad (1989) pesquisaram a percepção dos
trabalhadores envolvidos em um programa de educação odontológica
desenvolvido no próprio local de trabalho. Verificaram que o envolvimento
ativo dos trabalhadores e tais programas, aliado ao fato deste ser
desenvolvido no ambiente de trabalho, gera uma potencialização nos
resultados.
48
Gupta (1990) relata que doenças ocupacionais
decorrentes da exposição a fatores de risco de origem física, química e
biológica, podem ter seus primeiros sinais e sintomas manifestados na
cavidade bucal. Ressalta ainda, que uma higiene bucal precária pode
agravar estas condições.
Masalin et al. (1990) avaliaram as condições de saúde
bucal de 278 trabalhadores de fábricas de doces na Finlândia,
concomitantemente avaliaram as concentrações de farinha e açúcar no
ambiente de trabalho, as quais estavam dentro dos limites aceitos,
fazendo com que os pesquisadores aceitassem a hipótese de que o
consumo de produtos açucarados, a freqüência desse consumo e o
comportamento inadequado dos trabalhadores em relação a saúde bucal
seriam os principais responsáveis pelos altos índices de problemas buco-
dentais nesta facção de trabalhadores.
Ballantine et al. (1990) avaliaram as condições de saúde
bucal de trabalhadores de plataformas de petróleo e concluíram que
grande número desses trabalhadores necessitava de tratamento
odontológico, que o exame de saúde bucal deveria ser realizado a cada
exame de saúde periódico e que os médicos do trabalho devem receber
treinamento para orientar os trabalhadores quanto a higiene bucal.
Petersen & Gormsen (1991) avaliaram as condições de
saúde bucal de trabalhadores de uma fábrica de baterias expostos ao
ácido sulfúrico, e verificaram que a prevalência de erosão dental neste
49
grupo de trabalhadores era de 31% e a prevalência de atrição dental era
de 92%, dando indícios que tais manifestações devem-se a exposição
aos ácidos presentes no ambiente de trabalho, desta forma os autores
sugerem que tanto a erosão quanto a atrição devem ser classificadas
como doenças ocupacionais.
Avaliando as condições bucais de dois grupos distintos de
trabalhadores Tuominen et al. (1991) verificaram que aqueles que
estavam expostos a ácidos tanto orgânicos quanto inorgânicos em seu
ambiente de trabalho, apresentavam perda de superfície dental.
Em estudo semelhante ao descrito anteriormente
Tuominen & Tuominen (1991) pesquisaram as condições de saúde
bucais, em especial a erosão dental, em dois grupos de trabalhadores,
sendo que os elementos do primeiro grupo trabalhavam em ambientes
expostos a fumos ácidos. Os autores verificaram que os trabalhadores
expostos a fumos ácidos apresentaram maior erosão dental, e ainda, que
os dentes anteriores são mais afetados que os posteriores.
Hollister & Weintraub (1993) procuraram estudar a
associação do estado de saúde bucal com a saúde sistêmica, qualidade
de vida e produtividade econômica. Verificaram que as condições de
saúde bucal exercem influência direta na saúde sistêmica e qualidade de
vida da população, assim como na produtividade econômica desta, onde
patologias bucais são responsáveis pela perda de muitos dias de
trabalho.
50
Ao avaliar um programa preventivo de saúde bucal
desenvolvido em uma indústria australiana, Westerman (1993) concluiu
que o sucesso deste tipo de programa depende de sua aceitação pelo
empregador, da efetividade dos procedimentos adotados e da utilização
de serviços odontológicos adequados.
No que se refere à iniciativa privada, duas entidades
destacam-se por prestar assistência odontológica a trabalhadores da
indústria e comércio e seus dependentes, a saber, o Serviço Social da
Indústria (SESI) e o Serviço Social do Comércio (SESC), que juntos
realizam em média 15 milhões de atendimentos odontológicos por ano.
Ambas as entidades desenvolvem ainda, programas de prevenção e de
educação em saúde bucal. Todos os procedimentos são subsidiados,
cabendo ao trabalhador o pagamento de cerca de 30% da tabela proposta
pelo CFO, a autora destaca ainda, um projeto desenvolvido pelo SESI de
São Paulo, o qual objetiva o atendimento do trabalhador em seu local de
trabalho com duas unidades móveis odontológicas. Porém, este projeto
encontra resistência por parte dos empresários, em razão do afastamento
do empregado para ser atendido (Ferreira, 1994).
Ferreira (1995) relata a crescente tendência de
terceirização dos serviços odontológicos voltados ao trabalhador através
da contratação de empresas de odontologia de grupo, as quais muitas
vezes quarteirizam estes serviços. Cita também exemplos de empresas
51
que possuem serviços odontológicos na forma de autogestão, sendo
estes integrados ao Departamento Médico da empresa.
Através da análise de informações prestadas pelos
gestores em saúde bucal do estado de São Paulo, Botazzo et al. (1995)
procuraram verificar as condições de acesso de adultos trabalhadores aos
serviços odontológicos nos sistemas loco-regionais de saúde. Os autores
concluíram que a atenção odontológica aos trabalhadores se dá quase
que exclusivamente por meio de atendimentos de urgência e emergência,
que atividades preventivas e educativas ocorrem de modo irregular, além
da inexistência de atividades programáticas, isto é, não há programa de
saúde bucal do adulto enquanto tal.
Araújo et al. (1995) estudaram a saúde bucal em
trabalhadores portadores de LER (Lesão por Esforço Repetitivo). Neste
grupo especial de trabalhadores, as autoras verificaram inadequadas
condições de higiene bucal, com conseqüentes agravos para a saúde,
necessitando de atenção integrada com as demais áreas da saúde. E
como rotina de atendimento odontológico estabeleceram um retorno
periódico não superior a 3 meses, visando principalmente o controle de
placa, aplicação de flúor gel e reforço nas ações educativas.
Em estudo realizado com o objetivo de verificar quais
empresas ofereciam serviços de atenção odontológica a seus
empregados, e como eram ofertados tais serviços, So & Schwarz (1995)
pesquisaram somente empresas com mais de 100 empregados
52
localizadas em Hong Kong. Verificaram que apenas 16% (n=58) destas
empresas ofereciam tal benefício, quer seja sob a forma de seguro saúde
(n=13), reembolso por tratamento realizado (n=12), serviços contratados
(n=29) ou cirurgião-dentista da própria empresa (n=4). No ano seguinte,
estes mesmos autores (So & Schawarz, 1996), analisaram o
comportamento dos trabalhadores em relação aos serviços odontológicos
disponibilizados. Verificaram que, dos trabalhadores cobertos por algum
tipo de assistência odontológica, 40% não tinham ciência desta cobertura.
Concluíram assim, que a simples oferta de serviços de assistência
odontológica não traz benefícios em termos de saúde para o trabalhador,
medidas adicionais são necessárias.
Ahlberg et al. (1996a) estudaram comparativamente, duas
populações, sendo uma com acesso a programas odontológicos
industriais (n= 325), e outra, utilizada como controle, que não possuía
acesso a este benefício (n= 174). Registraram menor número de dentes
cariados e raízes residuais na população que possuía acesso aos
serviços odontológicos, e concluíram que a probabilidade de se ter dentes
afetados pela doença cárie é associada negativamente ao acesso a
programas odontológicos subsidiados pelas indústrias. Os mesmos
autores (Ahlberg et al., 1996b) avaliaram o conhecimento e atitudes
destes dois grupos de trabalhadores finlandeses sobre saúde bucal.
Concluíram que o fato dos programas odontológicos industriais serem
53
subsidiados ocasiona um impacto positivo em sua utilização e no
conhecimento dos usuários acerca de saúde bucal.
Duffy (1996) estudou a incidência de problemas dentais e
das faltas ao trabalho ocasionadas pelos mesmos, durante um período de
sete anos em uma grande indústria de petróleo. Verificou que o
absenteísmo por motivos odontológicos se constituía um grave problema
para a empresa, e que tal situação poderia ser alterada com a
implantação de programas de promoção de saúde bucal e educação em
saúde bucal, bem como tratamento das afecções já existentes.
Em reportagem que aborda a influência da dor de dente
no campo da saúde do trabalhador Baroni (1996) ressalta a importância
da odontologia do trabalho na diminuição do absenteísmo e aumento da
produtividade empresarial além da redução dos riscos de acidentes de
trabalho.
Em 1996 o Serviço Social da Indústria (SESI, 1996)
realizou um estudo que tinha por objetivo traçar o perfil epidemiológico em
saúde bucal dos trabalhadores da construção civil em Brasília-DF. Os
resultados revelaram que estes trabalhadores apresentaram altos índices
de ataque de cárie dental, os quais são crescentes com a idade; além de
elevada necessidade de tratamento de doenças periodontais e de uso de
prótese. Finalizando o estudo os autores apresentam propostas de
atuação odontológica para este segmento específico de trabalhadores, os
54
quais segundo os autores “situam-se entre os de maior carência de toda a
indústria”.
Abegg (1997) avaliou alguns hábitos de higiene bucal em
um grupo de adultos trabalhadores da Grande Porto Alegre-RS. Com
relação aos hábitos de higiene bucal, a autora encontrou que 68,1% dos
trabalhadores estudados escovavam seus dentes três vezes ao dia ou
mais, e que 67,5% faziam uso do fio dental como método de limpeza
interproximal. Porém estes dados se contrapõem àqueles referentes a
presença de sangramento gengival, nesta mesma amostra estudada 74%
dos indivíduos apresentavam sangramento e 35,9% apresentavam altos
níveis de placa bacteriana. Resultados que levam a crer na necessidade
da elaboração e implantação de programas preventivos de atenção à
saúde bucal para este grupo da população.
Ferreira (1997) relata que as empresas vêm oferecendo
cada vez mais programas de assistência odontológica visando melhor
qualidade de vida para os empregados e diminuição do absenteísmo,
tanto o clássico, como o de corpo presente – sendo este segundo
caracterizado pelo comparecimento do funcionário ao local de trabalho,
porém não conseguindo se concentrar em sua função devido a
sintomatologia dolorosa de patologias bucais.
Petersen & Tanase (1997) realizaram um estudo com o
objetivo de verificar as condições de saúde bucal de trabalhadores
industriais (n=311) na Romênia. Fora constatado que nos grupos etários
55
mais jovens, a quantidade de cáries dentárias não tratadas era alta, ao
passo que entre os trabalhadores mais velhos havia uma predominância
de dentes extraídos. Ainda, o conhecimento a respeito da saúde e higiene
bucal mostrou-se relativamente precário, e 28% dos trabalhadores
pesquisados apresentaram real necessidade de tratamento. Os autores
finalizam salientando a importância que os serviços odontológicos
industriais assumem na prevenção e promoção de saúde bucal podendo
contribuir com a melhora do quadro epidemiológico da nação.
Fishwick et al. (1998) avaliaram a eficácia de um
programa preventivo, voltado a adultos trabalhadores, desenvolvido no
próprio local de trabalho. Foram analisadas somente as condições
periodontais destes trabalhadores, antes e após o desenvolvimento do
programa preventivo. Observou-se uma significativa redução do
sangramento gengival e dos locais de sondagem de bolsa no grupo de
trabalhadores com o qual fora desenvolvido o programa preventivo. Os
autores concluem que ficou comprovada a eficácia clínica de campanhas
de conscientização em saúde bucal, desenvolvidas nos locais de trabalho.
Ahlberg et al. (1999) estudaram as condições dentárias,
contagem de streptococcos mutans e demais fatores associados, em
trabalhadores industriais do sexo masculino com ou sem acesso ao
atendimento odontológico subsidiado. No total, 315 trabalhadores com
atendimento odontológico subsidiado e 168 sem atendimento subsidiado
(grupo controle), foram comparados. O índice médio de cárie dentária
56
mostrou-se significativamente inferior no grupo com atendimento
odontológico subsidiado. Da mesma forma, trabalhadores pertencentes a
este grupo, tendiam a possuir um número inferior no que se refere à
contagem de streptococcos mutans que aqueles do grupo controle. Os
autores finalizam reconhecendo a importância do atendimento
odontológico subsidiado destinado a população adulta trabalhadora.
Araújo & Gonini Júnior (1999) afirmam que as condições
de trabalho interferem na qualidade de saúde bucal dos trabalhadores,
podendo desencadear alterações na mucosa bucal, traumas e outros
agravos. Afirmam ainda que, o importante é não somente levantar os
problemas bucais que podem afetar diretamente os trabalhadores, mas
analisar a epidemiologia e patologia desses problemas e também estudar
o impacto que possam ocasionar em sua qualidade de vida. Finalizam
sugerindo a inclusão da odontologia no PCMSO e a elaboração de um
programa de saúde bucal do trabalhador onde a prevenção assume papel
chave.
Midorikawa (2000) define a Odontologia em Saúde do
Trabalhador como “a especialidade da odontologia que tem como objetivo
o estudo dos fenômenos físicos, químicos, biológicos e mecânicos que
atingem o complexo buco-maxilo-facial, e que podem influenciar ou ser
influenciados pelo ambiente de trabalho. Seu foco de atenção deve ser a
prevenção, a reabilitação e a preservação da saúde dos trabalhadores,
que podem ser atingidas pela análise, organização, planejamento,
57
execução, avaliação de serviços, projetos ou programas de saúde bucal,
avaliação técnica e perícia”. O autor relata ainda os objetivos da
odontologia em saúde do trabalhador, assim como os benefícios deste
serviço para os trabalhadores, para a própria empresa, para a nação, para
os SESMTs, e para a classe odontológica.
Araújo & Marcucci (2000) observaram que as condições
de trabalho interferem na qualidade da saúde bucal dos trabalhadores.
Sugerem que a atuação da odontologia no campo da saúde do
trabalhador deve ter como objetivos: prevenir os efeitos nocivos das
condições de trabalho e suas influências sobre a saúde; conscientizar o
trabalhador da importância de preservar a saúde bucal como fator
significante da saúde geral; diagnosticar precocemente enfermidades
específicas ou sistêmicas com manifestações bucais correlacionadas com
o ambiente de trabalho; contribuir com as demais áreas profissionais da
saúde e segurança do trabalho em todas as ações que visem preservar a
integridade do trabalhador.
Através deste estudo Silva (2000) buscou verificar a
percepção de condições de saúde bucal de uma população de adultos
trabalhadores (n=113), assim como estabelecer o quadro epidemiológico
através de indicadores objetivos. Tais indicadores revelaram um quadro
epidemiológico com alta prevalência de cárie dental e de agravos
periodontais, evidenciando a dificuldade de acesso desta população aos
serviços de atenção à saúde bucal.
58
Em revisão de literatura Vianna & Santana (2001)
encontraram correlação positiva entre a exposição de trabalhadores a
névoas ácidas e perda mineral da estrutura dental, considerando a
localização das lesões, observaram uma predominância de
acometimentos dos dentes anteriores, embora também seja observada
em dentes posteriores. As autoras destacam a necessidade da
incorporação dos profissionais de odontologia nas equipes de saúde e
segurança do trabalhador e higiene industrial.
Amin et al. (2001) realizaram uma pesquisa cujo objetivo
consistia em investigar a prevalência e natureza de problemas de saúde
bucal em trabalhadores expostos a ambientes contendo gases ácidos em
duas indústrias da Jordânia. Os trabalhadores foram divididos em dois
grupos, sendo o primeiro composto por trabalhadores que estavam
expostos a gases ácidos em seus ambientes de trabalho, e outro
composto por trabalhadores não expostos (grupo controle). Os autores
concluíram que a erosão dental e piores condições de saúde bucal estão
associadas a exposição à gases ácidos no ambiente de trabalho. Tais
resultados apontam para a necessidade de estabelecimento de medidas
educativas e preventivas junto com um eficiente programa de inspeção e
monitoramento do ambiente de trabalho, além da instalação de serviços
de atenção médica e odontológica.
Segundo Midorikawa (2001) atualmente “a odontologia é
vista apenas como mais um benefício de caráter assistencial ao
59
colaborador da empresa, com finalidade de diminuir o alto índice de
absenteísmo por causa de problemas odontológicos, por meio de
procedimentos curativos no serviço próprio da empresa ou de empresa
contratada”.
O autor relata ainda que, poucas empresas disponibilizam
este tipo de assistência a seus empregados, e que a implementação de
serviços odontológicos trariam uma série de vantagens que
compreenderiam desde o aumento da motivação do empregado, até o
aumento da produtividade e da qualidade e competitividade dos produtos
e serviços da empresa. Finaliza afirmando que se torna imprescindível a
realização de novas pesquisas acerca da inserção do cirurgião-dentista
na área da saúde do trabalhador.
Barreto (2002) ressalta a necessidade da inclusão da
atenção odontológica aos serviços de saúde do trabalhador. Apresenta
também uma relação de diversas patologias tidas como ocupacionais que
se manifestam no sistema estomatognático, nas quais a atuação do
cirurgião dentista seria de indiscutível relevância, e finaliza propondo um
modelo para o planejamento e implantação de um serviço de atenção
odontológica aos trabalhadores.
Em recente reportagem Ribeiro (2002) afirma que, com a
criação da especialidade de Odontologia do Trabalho, todo o contingente
que tem sua atuação voltada ao atendimento odontológico empresarial
poderá se organizar e normatizar suas ações.
60
Grec (2002) afirma que a atuação do cirurgião dentista do
trabalho é extremamente ampla, extrapolando a prática odontológica
tradicional, para tanto este deve “ser um profissional bem formado, com
boa experiência clínica, visão multidisciplinar, conhecimentos sociais e
embasamento jurídico, preparado para uma boa comunicação com os
trabalhadores e com os demais profissionais de saúde envolvidos no
sistema”.
61
3 PROPOSIÇÃO
O objetivo deste estudo consiste em verificar a existência
de programas de atenção em saúde bucal para os trabalhadores das
indústrias do setor privado, nos municípios de Araçatuba e Birigui - SP,
analisando a sua estrutura organizacional, bem como pesquisar as
práticas assistenciais desenvolvidas pelos mesmos, com o intuito de
aprimorá-las, buscando um aumento da qualidade de vida do trabalhador.
Além disso, verificar quais os motivos para a implantação ou não destes
serviços.
62
4 MATERIAL E MÉTODO
A presente dissertação pode ser caracterizada como
sendo um estudo exploratório-descritivo. Exploratório, pois constituiu-se
em um aprofundamento sobre o tema - Saúde Bucal do Trabalhador -
para em seguida planejar e executar a pesquisa do tipo descritiva, a qual
objetiva descrever uma realidade através de seus fatos e fenômenos
(Triviños, 1987).
A primeira fase deste trabalho (fase exploratória) fora
realizada através de pesquisa documental e bibliográfica relativas ao tema
abordado. A revista da literatura foi obtida a partir da consulta nas bases
de dados mais comuns - Medline, Lilacs, Scielo e BBO1 - considerando os
descritores relativos ao tema. Fora realizado ainda, uma busca por
trabalhos não publicados, monografias, teses e documentos relevantes
que não faziam parte das bases consultadas.
Para a fase de pesquisa de campo fora utilizado um
estudo do tipo quantitativo-descritivo, objetivando a caracterização, mais
próxima da realidade, da população a ser estudada. Utilizou-se uma
1 Medline é uma base de dados da literatura internacional da área médica e biomédica, produzida pela NLM (National Library of Medicine) EUA.Contém aproximadamente 12 milhões de registros da literatura desde 1966 até o momento. LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) é uma base de dados que compreende a literatura relativa às Ciências da Saúde, publicada nos países da Região, a partir de 1982. SciELO (Scientific Electronic Library Online) é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros, é o resultado de um projeto de pesquisa da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com a BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. BBO (Bibliografia Brasileira de Odontologia) é uma base de dados de literatura nacional na área de saúde oral, de responsabilidade do Serviço de Documentação Odontológica da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
63
de amostragem probabilística através da seleção de uma amostra
aleatória estratificada não proporcional (Babbie, 1999; Marconi & Lakatos,
1999).
Para compor a moldura da amostra utilizou-se o cadastro
das indústrias na Federação Estadual das Indústrias do Estado de São
Paulo – Fiesp. Cabe ressaltar o viés a que esta metodologia está exposta,
não fizeram parte da moldura da amostra, portanto, sem chances de
participarem do estudo, empresas informais, que não possuíam Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ (FIESP, 2002).
As empresas cadastradas foram divididas em quatro
categorias, a saber: micro-empresas; pequenas empresas; empresas de
porte médio; e empresas de grande porte. Classificação esta segundo
critérios adotados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas
Empresas - SEBRAE (SEBRAE, 2002). Em cada categoria foram
selecionadas aleatoriamente doze empresas, número este que
corresponde a um estudo censitário para as empresas classificadas como
sendo de grande porte.
As empresas selecionadas foram comunicadas
previamente da natureza e objetivos do estudo, e somente após tais
esclarecimentos eram convidadas a participar do estudo, sendo, portanto
de caráter extremamente voluntário sua participação.
A fase de coleta dos dados foi realizada no período
compreendido entre 15 de julho e 15 de agosto do corrente ano, por meio
64
de observação direta extensiva através da aplicação de questionários
auto-aplicados. Fora selecionado esta metodologia, pois permite maior
liberdade nas respostas, menor risco de distorção em razão da não
influência do pesquisador, mais tempo para responder e em uma hora
mais favorável, além de proporcionar maior uniformidade na avaliação em
virtude da natureza impessoal do instrumento (Marconi & Lakatos, 1999).
Em relação às perguntas, foram utilizadas perguntas
abertas (permitem ao informante responder livremente usando linguagem
própria), fechadas (o informante deve escolher entre duas opções), e de
múltipla escolha (apresentam uma série de possíveis respostas,
abrangendo várias facetas do mesmo assunto) (Anexo A). Quando da
elaboração do questionário utilizou-se a “técnica do funil”, ou seja, iniciou-
se com perguntas gerais, chegando pouco a pouco às específicas, isto
teve por objetivo não causar insegurança ao informante, bem como, que
as respostas fornecidas refletissem ao máximo a realidade vivenciada
(Marconi & Lakatos, 1999).
Os questionários eram entregues em mãos pelo
pesquisador ao responsável pelo Departamento de Recursos Humanos
ou Departamento de Pessoal, das empresas selecionadas, neste
momento esclarecimentos a respeito da natureza e objetivos do trabalho
foram prestados, assim como foram sanadas possíveis dúvidas que
fossem pertinentes a realização da pesquisa.
65
Visando maior segurança e credibilidade, fora realizado
um pré-teste com oito empresas selecionadas através de amostra
aleatória simples, empresas estas que não fizeram parte da amostra
selecionada.
Os dados coletados durante a fase diagnóstica foram
tratados quali e quantitativamente através de análise estatística
adequada.
Vale ressaltar que todas as fases deste estudo foram
submetidas à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa conforme
resolução 196/96 (Anexo B).
66
5 RESULTADO
Foram pesquisadas 47 indústrias das 48 selecionadas
através da amostragem já mencionada. Apenas uma recusou-se em
participar do estudo, indústria esta que fazia parte do grupo classificado
como empresas de grande porte, não sendo portanto, possível sua
substituição, uma vez que neste grupo todas as indústrias foram
pesquisadas.
Ao final da fase de coleta de dados tínhamos um grupo
amostral composto por 11 indústrias de grande porte; 12 indústrias de
médio porte; 12 indústrias de pequeno porte; e igual número de indústrias
classificadas como micro empresas.
A Tabela 1 nos mostra o número médio de empregados
de cada grupo de empresas pesquisadas e a Tabela 2 a média salarial
destes trabalhadores.
Tabela 1 – Média do número de funcionários, das empresas de
Araçatuba e Birigui, segundo o porte, 2002
Porte Empresas Média de empregados Desvio Padrão
Grande 11 898,6364 408,7990
Média 12 248,1667 116,5713
Pequena 12 56,7500 24,1628
Micro 12 14,2500 4,8827
67
Tabela 2 – Média salarial dos funcionários das empresas de Araçatuba
e Birigui, segundo o porte da empresa, 2002
Grande Média Pequena Micro Total Empresa
n % n % n % n % n %
< 2 SM 3 27,27 4 33,33 3 25,00 4 33,33 14 29,79
2 α 5 SM 8 72,73 8 66,67 8 66,67 8 66,67 32 68,09
5 α 10 SM 0 0,00 0 0,00 1 8,33 0 0,00 1 2,13
≥ 10 SM 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Total 11 100,00 12 100,00 12 100,00 12 100,00 47 100,00
No que tange a existência de Comissões Internas de
Prevenção de Acidentes, e Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho, fora constatado que 80,85% das
indústrias pesquisadas possuíam CIPA, e 70,21% SESMT (Gráfico 1 e
Gráfico 2).
0% 0%
80,85%
33,33%
91,67%100%100%
19,15%
66,67%
8,33%
0
20
40
60
80
100
Grande Média Pequena Micro TOTAL
Porte da Empresa
%
Possuem CIPA Não possuem CIPA
GRÁFICO 1 – Distribuição percentual das empresas que possuem
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de
Trabalho - CIPA, em empresas de Araçatuba e Birigui,
segundo o porte, 2002.
Salário
68
100%
75%83,33%
25%
70,21%
16,67%
75%
29,79%
0%
25%
0
20
40
60
80
100
Grande Média Pequena Micro TOTAL
Porte da Empresa
%
Possuem SESMT Não possuem SESMT
GRÁFICO 2 – Distribuição percentual das empresas que possuem
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho - SESMT, em empresas de
Araçatuba e Birigui, segundo o porte, 2002.
Com a intenção de efetuarmos uma futura comparação
referente à assistência odontológica, levantamos o percentual de
indústrias que proporcionam serviço de assistência médica a seus
funcionários, sendo que 76,6% das indústrias pesquisadas relatam
disponibilizar este tipo de assistência, contra 23,4% que relatam não
oferecer assistência médica a seus funcionários (Tabela 3).
Tabela 3 – Distribuição percentual das empresas que oferecem
assistência médica, para empresas de Araçatuba e Birigui,
segundo o porte, 2002
Grande Média Pequena Micro Total Empresa
n % n % n % n % n % Sim 11 100,00 11 91,67 9 75,00 5 41,67 36 76,60 Não 0 0,00 1 8,33 3 25,00 7 58,33 11 23,40 Total 11 100,00 12 100,00 12 100,00 12 100,00 47 100,00
Possui
69
Das 11 indústrias que relataram não oferecer assistência
médica a seus funcionários, o principal motivo apresentado para a não
implantação deste serviço foi devido ao custo do mesmo (Tabela 4). Nas
demais empresas este serviço é, geralmente, terceirizado (Tabela 5).
Tabela 4 – Serviços de assistência médica não implantados distribuídos
segundo os motivos e porte das empresas, para empresas
de Araçatuba e Birigui, 2002
Empresa Grande Média Pequena Micro Total Motivo n % N % n % n % n % Custos 0 0,00 1 8,33 2 16,67 4 33,33 7 14,89 Falta estrutura 0 0,00 0 0,00 1 8,33 1 8,33 2 4,26 Desinteresse 0 0,00 0 0,00 0 0,00 1 8,33 1 2,13 Sem reposta 0 0,00 0 0,00 0 0,00 1 8,33 1 2,13 Total 0 0,00 1 8,33 3 25,00 7 58,33 11 23,40
Tabela 5 – Tipo de gestão dos serviços de assistência médica, para
empresas de Araçatuba e Birigui, segundo o porte, 2002
Empresa Grande Média Pequena Micro Total Gestão n % N % n % n % n % Próprio 6 54,55 4 36,36 1 11,11 0 0,00 11 30,56 Cooperativa/ Sindicato 2 18,18 1 9,09 1 11,11 0 0,00 4 11,11
Terceirizada 3 27,27 6 54,55 7 77,78 5 100,00 21 58,33 Outro 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 Total 11 100,00 11 100,00 9 100,00 5 100,00 36 100,00
No que se refere a serviços de assistência odontológica,
somente 16 indústrias relataram disponibilizar este tipo de benefício a
seus funcionários (Tabela 6), sendo na maioria terceirizados (Tabela 7). O
principal motivo relatado para não implantação destes serviços foi o
elevado custo que representaria para a empresa (Tabela 8).
70
Observou-se também, uma correlação positiva entre a
disponibilização de serviços odontológicos e o porte das indústrias
pesquisadas (p=0,00256).
Tabela 6 - Distribuição percentual das empresas que proporcionam ou
não, serviço de assistência odontológica aos funcionários, em
empresas de Araçatuba e Birigui, segundo o porte, 2002
Empresa Grande Média Pequena Micro Total Gestão n % n % n % n % n % Proporcionam 8 72,73 5 41,67 3 25,00 0 0,00 16 34,04 Não Proporcionam 3 27,27 7 58,33 9 75,00 12 100,00 31 65,96 Total 11 100,00 12 100,00 12 100,00 12 100,00 47 100,00
Tabela 7 - Tipo de gestão dos serviços de assistência odontológica, em
empresas de Araçatuba e Birigui, segundo o porte, 2002
Empresa Grande Média Pequena Micro Total Gestão n % N % n % n % n % Próprio 3 37,50 1 20,00 0 0,00 0 0,00 4 25,00 Cooperativa/ Sindicato 0 0,00 1 20,00 0 0,00 0 0,00 1 6,25 Terceirizada 5 62,50 3 60,00 3 100,00 0 0,00 11 68,75 Total 8 100,00 5 100,00 3 100,00 0 0,00 16 100,00
Tabela 8 - Motivos para a não implantação de serviço de assistência
odontológica, para empresas de Araçatuba e Birigui, segundo
o porte, 2002
Empresa Grande Média Pequena Micro Total
Motivo n % n % n % n % n %
Custos 1 33,33 5 71,43 6 66,67 8 66,67 20 64,52
Falta estrutura 1 33,33 2 28,57 1 11,11 1 8,33 5 16,13
Desinteresse 0 0,00 0 0,00 2 22,22 1 8,33 3 9,68
Sem reposta 1 33,33 0 0,00 0 0,00 2 16,67 3 9,68
Total 3 100,00 7 100,00 9 100,00 12 100,00 31 100,00
71
No Gráfico 3 podemos observar que a maior parte das
empresas considera importante a saúde bucal para o desempenho dos
funcionários, e acredita que a empresa deve facilitar o acesso ao
tratamento odontológico.
0%0%0%0% 0%
33,33%50%
8,33%
90,91%
50%
91,67%
66,67%
0%0%0%9,09%
0
20
40
60
80
100
Grande Média Pequena MicroPorte da Empresa
%
Não faz diferença para o bom desempenho dos funcionáriosÉ importante, mas não é responsabilidade da empresaÉ importante e a empresa deve facilitar o acessoSem resposta
GRÁFICO 3 – Opinião das empresas sobre a saúde bucal dos
funcionários, distribuídas segundo o porte das mesmas,
para empresas de Araçatuba e Birigui, 2002.
Quanto a existência de protocolo para atendimento
odontológico, somente 5 indústrias relataram possuir (Tabela 9), já no que
tange ao planejamento destes serviços, a maioria é feita através da livre
demanda (Tabela 10), ou seja, o próprio funcionário procura atendimento
conforme sua necessidade.
72
Tabela 9 – Empresas que possuem protocolo para atendimento
odontológico, em empresas de Araçatuba e Birigui, segundo
o porte, 2002
Empresas Grande Média Pequena Micro Total Protocolo n % n % n % n % n % Sim 1 12,50 2 40,00 2 66,67 0 0,00 5 31,25 Não 7 87,50 3 60,00 1 33,33 0 0,00 11 68,75 Total 8 100,00 5 100,00 3 100,00 0 0,00 16 100,00
Tabela 10 – Distribuição percentual das empresas de Araçatuba e Birigui,
segundo o tipo de planejamento dos serviços odontológicos
e porte das mesmas, 2002
Empresa Grande Média Pequena Micro Total Planejamento n % n % n % n % n %
Livre demanda 5 62,50 4 80,00 2 66,67 0 0,00 11 68,75 Agenda prévia 2 25,00 1 20,00 1 33,33 0 0,00 4 25,00
Priorização 1 12,50 0 0,00 0 0,00 0 0,00 1 6,25
Total 8 100,00 5 100,00 3 100,00 0 0,00 16 100,00
Os dados quanto ao número de horas semanais e tempo
de implantação dos programas de assistência odontológica nas indústrias
podem ser visualizados nas Tabelas 11 e 12 respectivamente.
Tabela 11 – Distribuição percentual das empresas de Araçatuba e Birigui
segundo o número de horas semanais da equipe
odontológica e porte das mesmas, 2002
Empresa Grande Média Pequena Micro Total H Semanais n % n % n % n % n %
≥ 20h 0 0,00 0 0,00 1 33,33 0 0,00 1 6,25 10h α 20h 2 25,00 1 20,00 0 0,00 0 0,00 3 18,75 5h α 10h 3 37,50 0 0,00 0 0,00 0 0,00 3 18,75
< 5h 3 37,50 3 60,00 2 66,67 0 0,00 8 50,00 Não respondeu 0 0,00 1 20,00 0 0,00 0 0,00 1 6,25 Total 8 100,00 5 100,00 3 100,00 0 0,00 16 100,00
73
Tabela 12 – Tempo médio de implantação dos serviços odontológicos nas
empresas de Araçatuba e Birigui, segundo o porte, 2002
Porte Empresas Média Mínimo Máximo Desvio Padrão Grande 8 6,6250 2 20 6,3231 Média 5 4,4000 1 12 4,3932 Pequena 3 2,3333 1 3 1,1547 Micro 0 0,0000 0 0 0,0000
A Tabela 13 ilustra os critérios adotados pelas indústrias
para que o funcionário passe a ter acesso ao atendimento odontológico,
benefício que em alguns casos também é estendido aos dependentes
(Gráfico 4).
Tabela 13 – Critérios para a inclusão do funcionário no serviço de
atendimento odontológico, para empresas de Araçatuba e
Birigui, segundo o porte, 2002
Empresa Grande Média Pequena Micro Total
Critérios n % n % n n % n %
Ser efetivado 4 50,00 4 80,00 0 0,00 0 0,00 8 50,00
Contratado 3 37,50 1 20,00 3 100,00 0 0,00 7 43,75
Após 6 meses 1 12,50 0 0,00 0 0,00 0 0,00 1 6,25
Total 8 100,00 5 100,00 3 100,00 0 0,00 16 100,00
31,25%68,75%
Somente funcionários Funcionários e dependentes
GRÁFICO 4 – Acesso aos serviços odontológicos das empresas, para
empresas de Araçatuba e Birigui, segundo o porte, 2002.
74
Do total de 5 indústrias que disponibilizam serviço
odontológico para funcionários e dependentes, 2 empresas (40%) tem
como exigência que este seja dependente de funcionário efetivo, nas
demais indústrias basta que o funcionário integre o quadro de
funcionários da empresa.
No Gráfico 5 podemos observar as principais atividades
desenvolvidas nos serviços odontológicos industriais pesquisados, e o
Gráfico 6 mostra as principais atividades preventivas desenvolvidas por
estes serviços.
100%
25%
43,75
%
81,25
%
12,50
%
93,75
%
18,75
%
6,25%12
,50%
18,75
%
75%
31,25
%
100%
0
20
40
60
80
100
Atendimento de urgência e emergência Atividades preventivas coletivasAtividades preventivas individuais EndodontiaExames admissionais e periódicos ExodontiaImplantes Levantamentos epidemiológicosOdontopediatria OrtodontiaPeriodontia PróteseDentística
GRÁFICO 5 – Distribuição percentual das atividades desenvolvidas nos
serviços odontológicos industriais nas empresas de
Araçatuba e Birigui, 2002.
%
75
56,25
%
25%
56,25
%
50%
37,50
%
25%
020406080
100
Aplicação de fluoretos Atividades educativas coletivas
Atividades educativas individuais Profilaxias
Aplicação de selantes Nenhuma atividade preventiva
GRÁFICO 6 – Distribuição percentual das atividades preventivas
desenvolvidas nos serviços odontológicos industriais
das empresas de Araçatuba e Birigui, 2002.
Quanto à utilização de exames complementares, 62,50%
das empresas que apresentam serviço odontológico, não realizam
nenhum tipo de exame complementar, as demais empresas
disponibilizam a seus funcionários exames radiográficos periapicais
(31,25%), exames radiográficos panorâmicos (18,75%) e a realização de
biópsias (12,50%); nenhuma empresa relatou utilizar testes salivares
como exame complementar.
Os principais motivos para o funcionamento de um
programa odontológico na empresa foram os seguintes, obedecendo a
ordem:
- aumentar a satisfação e colaboração dos trabalhadores para com a
empresa;
- diminuir o absenteísmo;
- promover a saúde bucal dos trabalhadores.
%
76
A possível diminuição de problemas médicos sistêmicos,
a possibilidade de abater as despesas provenientes dos serviços
odontológicos do Imposto de Renda, e o fato de proporcionar uma
imagem positiva da empresa perante a sociedade e clientes, não foram
apontados por nenhuma empresa como motivos para a implantação e
existência dos serviços odontológicos na indústria.
77
6 DISCUSSÃO
A saúde do trabalhador tem sido objeto de inúmeros
estudos, movidos principalmente pela necessidade de se dispor de uma
força de trabalho apta a realizar, da melhor forma possível, todas as
etapas do processo produtivo.
As práticas voltadas à saúde dos trabalhadores
passaram, ao longo dos tempos, por inúmeras alterações. Ao analisar a
revista da literatura observa-se uma mudança de paradigma em relação à
atenção a saúde do trabalhador (Mendes & Dias, 1991; Dias, 1993; Dias,
2000), a qual passou de práticas fundamentalmente médicas, individuais
e mecanicistas, para práticas de promoção e preservação da saúde,
guiadas por determinantes biológicos e sociais e que em última análise,
visam um aumento da qualidade de vida do trabalhador.
Partindo desta visão integrada de saúde, a odontologia
passa a assumir relevante papel no que tange à saúde do trabalhador,
uma vez que é de conhecimento popular que a saúde começa pela boca,
e que a saúde bucal é parte inseparável da saúde geral. Neste sentido, o
presente trabalho procurou analisar aspectos referentes à saúde dos
trabalhadores, especialmente àqueles voltados a saúde bucal destes
trabalhadores.
78
Como parte das medidas que visam um aumento da
qualidade de vida e segurança do trabalhador, os SESMTs foram
observados em 70,21% das indústrias pesquisadas. Já indústrias que
possuíam CIPA totalizaram 80,25%, este último resultado reflete uma não
observância da legislação, uma vez que a implantação das CIPAs possui
caráter obrigatório, ou seja, independe do número de funcionários ou grau
de risco da empresa (Brasil, 1978; Miranda, 1998).
Embora alguns autores recomendem a participação de
cirurgiões dentistas nos SESMTs e CIPAs (Pimentel, 1976; Guimarães e
Rocha, 1979b; Esteves et al., 1980; Araújo & Gonini Júnior, 1999; Vianna
& Santana, 2001; Barreto, 2002), não fora observado esta participação,
nas empresas pesquisadas.
No que se refere à assistência médica, 36 empresas
(76,6%), oferecem esta modalidade de serviço aos seus trabalhadores,
destas, 21 (58,33%) disponibilizam esta assistência através de convênio
com empresas terceirizadas e 11 empresas (30,56%) disponibilizam tal
serviço na forma de auto-gestão.
Apesar de ser recente a regulamentação da especialidade
odontológica cuja competência reside em atuar no campo da Saúde do
Trabalhador (Brasil, 2002), inúmeras pesquisas relatam a existência de
serviços odontológicos industriais em fins do século XIX e início do século
XX (Pettibone, 1923; Dunning et al., 1941; Walls & Bethehem, 1942;
Dunning & Klein, 1944). Isto devido às vantagens que programas de
79
atenção odontológica voltados aos trabalhadores podem oferecer. Como
exemplo destas vantagens, pode-se destacar: prevenção das doenças
bucais, as quais diminuem a capacidade produtiva dos trabalhadores
(Miller, 1941); facilidade de acesso por parte dos trabalhadores (Silva &
Souto, 1983a; Pinto, 2000); possibilidade de diagnóstico precoce dos
casos de câncer bucal (Schwartz, 1988); aumento da motivação do
empregado, e aumento da sua qualidade de vida (Ferreira, 1997;
Midorikawa, 2000); aumento da eficiência do trabalhador, diminuição dos
riscos de acidentes de trabalho e diminuição do absenteísmo (Goldhorn,
1943; Misher, 1946; Sappington, 1949; Gibson et al., 1950; Camp, 1955;
Guimarães & Rocha, 1979c; Passos & Villela, 1983; Motta & Toledo,
1984; Feaver, 1988; Baroni, 1996).
No presente estudo somente 16 indústrias (34,04%) das
47 pesquisadas disponibilizam serviço de assistência odontológica a seus
trabalhadores, e embora os autores defendam que este serviço seja
oferecido preferencialmente na forma de autogestão e dentro da própria
empresa (Pettibone, 1923; Heacock, 1947; Medeiros & Bijela, 1971;
Schou & Monrad, 1989), apenas quatro indústrias (25%) disponibilizam tal
serviço através desta modalidade de gestão. A oferta dos serviços
odontológicos no próprio local de trabalho traz como vantagens: facilidade
de acesso por parte dos trabalhadores; diminuição do tempo em que o
trabalhador fica afastado da linha de produção; maior integração com os
demais setores responsáveis pela saúde e segurança dos trabalhadores;
80
e, maior conhecimento por parte do cirurgião dentista da rotina de
trabalho e dos processos produtivos realizados pela empresa para assim
elaborar um diagnóstico mais completo. Apesar destas vantagens,
Ferreira (1995) destaca a crescente tendência de terceirização dos
serviços odontológicos voltados ao trabalhador, fato este verificado em
nossa pesquisa, onde 68,75% das indústrias que dispõe de serviço de
assistência odontológica o fazem através da contratação de empresas de
odontologia de grupo.
Observou-se uma correlação positiva entre a
disponibilização de serviços odontológicos e o porte das indústrias
pesquisadas (p=0,00256), é perfeitamente compreensível que indústrias
consideradas de grande porte, que possuem uma estrutura organizacional
mais desenvolvida, apresentem em maior número serviços de assistência
odontológica – 72,73% das indústrias de grande porte pesquisadas
disponibilizam tal serviço a seus funcionários. Contudo, são nas empresas
consideradas de pequeno porte, e naquelas classificadas como micro-
empresas, que a grande massa da população economicamente ativa está
inserida, 7 em cada 10 trabalhadores do estado de São Paulo estão
vinculados à micro-empresas e empresas de pequeno porte (SEBRAE,
2002). É claro que se torna inviável para uma micro-empresa, e até
mesmo para uma empresa de pequeno porte, dispor de um completo
departamento odontológico a disposição de seus funcionários. Uma
medida viável e que contorna este problema é a implantação de serviços
81
odontológicos nos sindicatos e cooperativas empresariais, onde os
trabalhadores possam usufruir destes serviços. Com relação a este
sistema de disponibilização dos serviços odontológicos, Dougherty (1951),
relata a eficiência e satisfação por parte dos usuários de um programa
odontológico implantado por 3 empresas no sistema de cooperativa.
Com relação à oferta de serviços de atenção odontológica
por parte das empresas aos seus trabalhadores, estudo realizado nos
Estados Unidos por Dunning et al. no ano de 1942, constatou que 18,81%
de um total de 869 indústrias americanas já disponibilizavam estes
serviços a seus funcionários. Em pesquisa semelhante, realizada no ano
seguinte, Walls & Bethlehem (1942) verificaram que 23,29% das 498
empresas estudadas possuíam tal serviço a disposição de seus
empregados.
Em recente estudo realizado em Hong Kong, So &
Schwarz (1995) verificaram que somente 16% da amostra pesquisada
disponibilizava serviço de atenção odontológica, e destas 50% mantinham
estes serviços através de convênio com empresas terceirizadas. É
pertinente destacar dois pontos na comparação entre estes estudos,
primeiro, a pesquisa realizada em Hong Kong investigou empresas de
todos os ramos de atuação (prestadoras de serviço, comerciais e
industriais), ao passo que a pesquisa atual utilizou-se para compor a
moldura da amostra somente empresas do setor industrial; o segundo
ponto que merece destaque é o fato da pesquisa realizada em Hong Kong
82
ter sido feita há aproximadamente 10 anos, podendo este quadro ter sido
alterado, especialmente se considerarmos o tempo médio de implantação
dos serviços odontológicos de 5,26 anos nas indústrias estudadas através
da atual pesquisa.
As principais atividades desenvolvidas pelos serviços de
atenção odontológica pesquisados foram atendimentos de urgência e
emergência, e atividades cirúrgico-restauradoras, fato este também
constatado por Rocha (1981), demonstrando assim o caráter
essencialmente assistencialista destes serviços, não diferenciando do
modelo de assistência odontológica a disposição dos usuários adultos no
SUS (Botazzo et al., 1995; Oliveira et al., 1999), e evidenciando uma
necessidade de reorganização das práticas odontológicas
disponibilizadas pelas empresas a seus trabalhadores, esta
reorganização já fora defendida por Ferraz & Bellini (1983) ao estudarem
as condições dentárias de um grupo de trabalhadores adultos no interior
do estado de São Paulo, ainda na década de 80.
Este autor concorda com os demais autores (Medeiros &
Bijella, 1971; Moysés, 1999) que defendem um intenso planejamento das
ações a serem desenvolvidas nos serviços de atenção odontológica
voltados para o trabalhador, para que desta forma este serviço consiga
apresentar impacto epidemiológico e aumento da qualidade de vida dos
trabalhadores. Tal planejamento não foi observado na maioria das
empresas pesquisadas, somente uma empresa (6,25%) das 16 que
83
relataram disponibilizar serviço de atenção odontológica, relatou a
elaboração de um planejamento destes serviços baseado nas prioridades
apresentadas pelos trabalhadores. Observa-se que deste modo a
odontologia é oferecida ao trabalhador apenas como mais um beneficio
de caráter assistencialista como já fora relatado por Midorikawa (2000;
2001), quando na verdade, programas de atenção odontológica deveriam
ser incorporados à área de atuação da Saúde do Trabalhador uma vez
que “Saúde Bucal é parte integrante e inseparável da saúde do indivíduo”
e que o trabalho é um dos fatores condicionantes e determinantes não só
da saúde geral mas também da saúde bucal deste indivíduo (OMS, 1986;
Conferência Nacional de Saúde Bucal, 1986). Além disso, uma das
principais características de programas de atenção à saúde dos
trabalhadores é a integralidade das práticas voltadas a promoção e
recuperação da saúde destes trabalhadores (Dias, 2000), deste modo,
subentende-se que nenhum programa de saúde voltado ao trabalhador
estaria completo sem a inclusão da atenção em saúde bucal.
Ao contrário da recomendação da maioria dos autores
(Kulstad, 1945; Heacock, 1947; Aston, 1948; Pimentel, 1976; Guimarães
& Rocha, 1979b; Araújo & Gonini Júnior, 1999; Vianna & Santana, 2001;
Barreto, 2002), na presente pesquisa somente 1 indústria, 6,25% das 16
que disponibilizam atenção odontológica, apresenta integração dos
profissionais de odontologia com outros setores voltados a saúde dos
trabalhadores.
84
Outra recomendação constante na literatura (Miller, 1941;
Wall & Bethelehm, 1942; Morvay, 1948; Medeiros, 1965; Midorikawa,
2000) destaca a importância da realização de exames odontológicos pré-
adissionais e periódicos com a finalidade de prevenir doenças bucais, e
doenças ocupacionais com manifestações orais, as quais podem diminuir
a capacidade produtiva dos empregados, porém, no presente estudo
somente 2 indústrias (12,5%) das 16 que dispunham de serviço
odontológico, relataram a realização destes procedimentos.
Quando solicitado às indústrias que apontassem quais os
principais motivos/funções do serviço de atenção odontológica industrial,
a seqüência obtida foi a seguinte:
Aumentar a satisfação e colaboração dos trabalhadores
com a empresa;
Diminuir o absenteísmo;
Promover a saúde bucal dos trabalhadores;
Proporcionar tratamento odontológico curativo aos
trabalhadores;
Aumentar a segurança e prevenção de acidentes de
trabalho;
Papel social da empresa;
Melhorara a qualidade da equipe de saúde do trabalhador
através da incorporação de mais uma área de atenção;
Prevenir e diagnosticar doenças sistêmicas.
85
A ordem como estes fatores foram apresentados
possibilitam interpretar que a existência dos serviços de atenção
odontológica está voltada muito mais aos interesses dos empregadores
que dos empregados. Como observou Muñoz (1997), em programas de
atenção a saúde dos trabalhadores, as prioridades da classe trabalhadora
são diferentes das prioridades dos empresários. Enquanto os primeiros
procuram garantir a proteção da saúde, os empresários têm por objetivo
assegurar e aumentar a presença do trabalhador em seu posto de
trabalho.
Finalizando, este estudo não tem a pretensão de elaborar
um novo conceito acerca da odontologia do trabalho, nem selecionar um
dentre os já formulados e defendê-lo. Apenas cabe alertar para que o
modelo de odontologia do trabalho a ser construído não seja um modelo
essencialmente assistencialista. A atenção odontológica deve estar atenta
para as manifestações de doenças ocupacionais porém, não se limitar a
elas, deve procurar respeitar a conceituação de atenção odontológica
como algo que vai além do simples tratamento curativo-restaurador
(Narvai, 1994), e para que isto ocorra, o programa odontológico
empresarial deve atuar integrado com os demais programas de atenção
ao trabalhador, desenvolvidos pela empresa, passando a ter uma visão
holística do processo saúde-doença-trabalho.
86
7 CONCLUSÃO
Após a realização deste estudo, e com base na revista da
literatura efetuada, parece-nos relevante concluir que:
- Somente 34% das 47 empresas estudadas
apresentam algum tipo de programa de atenção odontológica voltado
para seus empregados, sendo o tempo médio de implantação deste
serviço de 5,26 anos;
- Com relação ao perfil dos serviços de assistência
odontológica, observa-se uma correlação positiva entre a oferta destes
serviços e o porte das indústrias analisadas;
- No que se refere à forma de gestão destes serviços
observou-se predomínio de serviços oferecidos por empresas
terceirizadas, somente 25% das 16 indústrias que disponibilizam
programas de assistência odontológica o fazem na forma de autogestão;
- Das 16 empresas que oferecem algum tipo de
assistência odontológica 68,75% (11 empresas), relataram não possuir
nenhum tipo de protocolo para a prestação deste serviço, acusando desta
forma, a ausência de planejamento destes serviços;
- Dentre as atividades desenvolvidas nos serviços
odontológicos das empresas pesquisadas observou-se um predomínio de
atividades cirúrgico-restauradoras, em detrimento as atividades
preventivas de caráter coletivo;
87
- As principais atividades preventivas realizadas,
segundo a presente pesquisa, foram aplicação tópica de fluoretos e
atividades educativas individuais; e 4 empresas (25%) relataram não
realizar nenhum tipo de atividade preventiva;
- Somente uma empresa relatou a realização de
levantamentos epidemiológicos entre os trabalhadores, medida
considerada de fundamental importância para o planejamento de
programas de saúde bucal do trabalhador;
- Os principais motivos, relatados por 64,54% das
empresas pesquisadas, para a não implantação de programas
odontológicos voltados aos trabalhadores, foram os custos e encargos
que tal serviço traria à empresa;
- Os principais motivos apontados para a implantação e
existência destes programas odontológicos voltados aos trabalhadores
foram: aumentar a satisfação e colaboração dos trabalhadores para com a
empresa; diminuir o absenteísmo; e promover a saúde bucal dos
trabalhadores.
88
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABEGG, C. Hábitos de higiene bucal de adultos porto-alegrenses. Rev.
Saúde Pública, v.31, n.6, p.586-93, 1997.
AHLBERG, J., MURTOMAA, H., MEURMAN, J.H. Subsidized dental care
associated with lower mutans streptococci count in male industrial
workers. Acta Odontol. Scand., v.57, n.2, p.83-6, 1999.
AHLBERG, J., TUOMINEN, R., MURTOMAA, H. Subsidized dental care
improves caries status in male industrial workers. Community Dent.
Oral Epidemiol., v.24, n.4, p.249-52, 1996a.
AHLBERG, J., TUOMINEN, R., MURTOMAA, H. Dental knowledge,
attitudes towards oral health care and utilization of dental services
among male industrial workers with or without an employer-provided
dental benefit scheme. Community Dent. Oral Epidemiol., v.24, n.6,
p.380-4, 1996b.
ALBUQUERQUE, R.M. Causas de absenteísmo na indústria têxtil no ano
de 1988. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE
MEDICINA DO TRABALHO, 6, 1989, Recife. Anais... Recife, 1989.
p.129.
AMERICAN DENTAL ASSOCIATION. Committee on economics. Dental
service in industry. J. Am. Dent. Assoc., v.29, p.299-301, 1942.
AMIN, W.M., AL-OMOUSH, S.A., HATTAB, F.N. Oral health status of
workers exposed to acid fumes in phosphate and battery industries in
Jordan. Int. Dent. J., v.51, n.3, p.169-74, 2001.
89
ANAISE, J.Z. Prevalence of dental caries among workers in the sweets
industry in Israel. Community Dent. Oral Epidemiol., v.6, n.6, p.286-9,
1978.
ARAÚJO, M.E. Estudo da prevalência de manifestações bucais
decorrentes de agentes químicos no processo de galvanoplastia: sua
importância para a área de saúde bucal do trabalhador. São Paulo,
1998. 126p. Tese (Doutorado em Odontologia) – Faculdade de
Odontologia, Universidade de São Paulo.
ARAÚJO, M.E., GONINI JÚNIOR, A. Saúde bucal do trabalhador: os
exames admissional e periódico como um sistema de informação em
saúde. Odontol. Soc., v.1, n.1/2, p.15-8, 1999.
ARAÚJO, M.E., MARCUCCI, G. Estudo da prevalência das manifestações
bucais decorrentes de agentes químicos no processo de
galvanoplastia: sua importância para a área de saúde bucal do
trabalhador. Odontol. Soc., v.2, n.1/2, p.20-5, 2000.
ARAÚJO, R.C.S.S., SIQUEIRA, A.R., UDIHARA, M.L., MOTTA, R.M.M.
Saúde bucal em portadores de lesões por esforços repetitivos (LER).
Divulg. Saúde Debate, n.10, p.54-6, 1995.
ASTON, E.R. Dental relations in a state industrial hygiene program. Ind.
Med., v.17, n.1, p.21-3, 1948.
AYER, W.A., SEFFRIN, S., WIRTHMAN, G., DEATRICK, D., DAVIS, D.
Dental health promotion in the workplace. In: CATALDO, M.F.,
COATES, T.J. Health and industry: a behavioral medicine perspective.
New York: John Wiley & Sons, 1986. p.255-69.
BABBIE, E. Métodos de pesquisa de survey. Belo Horizonte: UFMG,
1999. 519p.
90
BALLANTINE, B.N., COSTIGAN, F., ANDERSON, R.J. A survey of the
dental health of the workers on two groups of offshore installations. J.
Soc. Occup. Med., v.40, n.4, p.143-8, 1990.
BARONI, G. A influência da dor de dente. Rev. CIPA, v.17, n.202, p.40-
51, 1996.
BARRETO, V.C. Inserção da saúde do trabalhador no ambiente de
trabalho. Porto Alegre, 2002. 77p. Monografia (Especialização em
Odontologia em Saúde Coletiva) – Escola de Aperfeiçoamento
Profissional, Associação Brasileira de Odontologia, Rio Grande do Sul.
BATAWI, M.A.E. Health problems of industrial workers in Egypt. Ind. Med.
Surg., v.41, n.2, p.18-23, 1972.
BAUM, H.B. Occupational diseases of the mouth. Dent. Cosmos, v.76,
p.247-54, 1934.
BERTOLINI FILHO, C. História da Saúde Pública no Brasil. 4.ed. São
Paulo: Ática, 2000. 71p.
BOTAZZO, C., BERTOLINI, S.R., CORVÊLHO, V.M. Atenção em saúde
bucal: condição atual de acesso a trabalhadores e adultos nos
sistemas locais de saúde. Divulg. Saúde Debate, n.10, p.43-53, 1995.
BRAGA, C.T. Qualidade de vida no trabalho. Curitiba, 1999. 61p.
Monografia (Especialização em Medicina do Trabalho) – Faculdade de
Medicina, Universidade Federal do Paraná.
BRASIL. Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978. Aprova as Normas
Regulamentadoras relativas à segurança e medicina do
trabalho.Brasília, 1978.
91
BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil, de
15 de novembro de 1988. São Paulo: Atlas, 1992. 200p.
BRASIL. Leis, decretos, etc. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário
Oficial da União, Brasília, p.18055, 1990.
BRASIL, Ministério da Saúde. Instrução Normativa de Vigilância em saúde
do Trabalhador no SUS. Brasília, 1998. Disponível em:
<http://www.saude.gov.br/programas/Trabalhador/> Acesso em: 04
abr. 2001a.
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria Número 3.120, de 01 de julho de
1998. Brasília, 1998. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/
programas/Trabalhador/>. Acesso em: 04 abr. 2001b.
BRASIL, Ministério da Saúde. Programa de Saúde do Trabalhador –
Apresentação. Brasília, 2001. Disponível em:
<http://www.saude.gov.br/programas/Trabalhador/>. Acesso em: 04
abr. 2001c.
BRASIL, Conselho Federal de Odontologia. Resolução CFO 22/2001.
Baixa normas sobre anuncio e exercício das especialidades
odontológicas e sobre cursos de especialização. Diário Oficial da
União, Brasília, 25 jan. 2002. Seção 1, p. 269-72.
BROCK, D.W. Industrial dentistry and the general practitioner. Ind. Med.
Surg., v.27, n.5, p.244-8, 1958.
BUREAU OF PUBLIC HEALTH DENTISTRY, BUREAU OF INDUSTRIAL
HYGIENE. Dental programs in industry – suggested principles and
policies. Ind. Med., v.12, n.11, p.780, 1943.
CAMP, H.E. Industrial dentistry. Ind. Med., v.16, n.8, p.401-3, 1947.
92
CAMP, H. Dental service at corning glass works. Ind. Med. Surg., v.24,
n.11, p.499, 1955.
CARVALHO, J.G. Odontologia sanitária e suas implicações ocupacionais.
Rev. Fac. Odont. UFBa, v.1, p.75-86, 1981.
CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL, 1. Brasília, DF, 1986.
Ministério da Saúde - Universidade de Brasília. Relatório Final.
Brasília, Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1986.
COWELL, C.R. The national health service and dentistry in industry. Ind.
Med. Surg., v.35, n.4, p.278-85, 1966.
DIACOV, N., LIMA, J.R.S. Absenteísmo odontológico. Rev. Odontol.
UNESP, v.17, n.1, p.183-9, 1988.
DIAS, E.C. Evolução e aspectos atuais da saúde do trabalhador no Brasil.
Bol. Sanit. Panam., v.115, n.3, p.203-14, 1993.
DIAS, E.C. Organização da atenção à saúde dos trabalhadores. In:
FERREIRA JÚNIOR, M. Saúde no trabalho: temas básicos para o
profissional que cuida da saúde dos trabalhadores. São Paulo: Roca,
2000. cap.1. p.3-28.
DOUGHERTY, H.H. Industrial dental health program sponsored by the
cooperative service, Wyomissing, Pennsylvania. Ind. Med. Surg., v.20,
n.9, p.408-10, 1951.
DOUGHERTY, H.H. The role of the Dental Society in occupational health.
Ind. Med. Surg., v.28, n.7, p.325-6, 1959.
DUFFY, B. Dental problems in the offshore oil and gas industry: a review.
Occup. Med., v.46, n.1, p.79-83, 1996.
93
DUNNING, J.M. Steps in the initiation of an industrial dental service. J.
Am. Dent. Assoc., v.29, n.11, p.1523-7, 1942.
DUNNING, J.M. Dental aspects of industrial absenteeism. Ind. Med. Surg.,
v.21, n.9, p.431-2, 1952.
DUNNING, J.M., KLEIN, H. Saving teeth among home office employes of
the Metropolitan Life Insurance Company. J. Am. Dent. Assoc., v.31,
n.12, p.1633-42, 1944.
DUNNING, J.M., WALLS, R.M., LEWIS, S.R. Prevalence and
characteristics of dental service in industry. J. Am. Dent. Assoc., v.28,
p.492-501, 1941.
ESTEVES, R.C. Manifestações bucais de doenças profissionais. Rev.
Bras. Saúde Ocup., v.10, n.40, p.56-8, 1982.
ESTEVES, R.C., NETTO, J.M.S., MOUCDCY, A. Algumas considerações
sobre manifestações bucais do saturnismo. Rev. Fac. Odont. São
Paulo, v.18, n.1, p.25-34, 1980.
FEAVER, G.P. Occupational dentistry: a review of 100 years of dental
care in the workplace. J. Occup. Med., v.38, n.1-2, p.41-3, 1988.
FERRANDO, P.B., VOGEL, L. Participación de los trabajadores. In:
BENAVIDES, F.G., FRUTOS, C.R., GARCÍA, A.M.G. Salud laboral:
conceptos y técnicas para la prevención de riesgos laborales.
Barcelona: Masson, 1997. p.373-82.
FERRAZ, C., BELLINI, H.T. Condições dentárias de um grupo de
trabalhadores adultos em Jundiaí (SP). Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent.,
v.37, n.4, p.330-5, 1983.
94
FERREIRA, B. Atendimento odontológico cresce 453%. Direito ou
privilégio? Rev. ABO Nacional, v.2, n.5, p.317-24, 1994.
FERREIRA, R.A. O valor da saúde bucal nas empresas. Rev. Assoc.
Paul. Cir. Dent., v.51, n.6, p.96-107, 1995.
FERREIRA, R.A. Odontologia: essencial para a qualidade de vida. Rev.
Assoc. Paul. Cir. Dent., v.51, n.6, p.514-21, 1997.
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP).
Anuário das Indústrias do Estado de São Paulo. São Paulo: Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo, 2002.
FISHWICK, M.R., ASHLEY, F.P., WILSON, R.F. Can a workplace
preventive programme affect periodontal health? Br. Dent. J., v.184,
n.6, p.290-3, 1998.
GARCÍA, A.M.G., BENAVIDES, F.G., FRUTOS, C.R. Salud laboral. In:
BENAVIDES, F.G., FRUTOS, C.R., GARCÍA, A.M.G. Salud laboral:
conceptos y técnicas para la prevención de riesgos laborales.
Barcelona: Masson, 1997. p.35-43.
GARRAFA, V. Odontologia do trabalho. Rev. Saúde Debate, n.18, p.05-
10, 1986a.
GARRAFA, V. Odontologia do trabalho. RGO, v.34, n.6, p.508-12, 1986b.
GIBSON, A., CARLISLE, J.M., HOCH, S.M. Dental program in industry.
Ind. Med., v.19, n.1, p.37-8, 1950.
GOLDHORN, E. Dental infections and the industrial worker. J. Am. Dent.
Assoc., v.29, n.1, p.118-26, 1942.
95
GOLDHORN, E. The role of dentistry in a industrial medical program. Ind.
Med., v.12, n.5, p.322, 1943.
GOLDHORN, E. Industry’s toothache – an industrial dentist explains the
importance of dental care in a industrial health program. Ind. Med.,
v.16, n.3, p.140-5, 1947.
GOMES, E.B., MAGALHÃES, H. Censo bucal na empresa – sua
importância no planejamento da assistência odontológica. Odontol.
Mod., v.8, n.3, p.31-8, 1980.
GREC, W. Odontologia do Trabalho, uma nova especialidade. Jornal ABO
Nacional, v.14, n.77, p.7, 2002.
GUIMARÃES, E., ROCHA, A.A. Odontologia do trabalho – 1ª parte.
Organização dos serviços odontológicos de uma empresa. Odontol.
Mod., v.7, n.7, p.7-12, 1979a.
GUIMARÃES, E., ROCHA, A.A. Odontologia do trabalho – 2ª parte.
Organização dos serviços odontológicos de uma empresa. Odontol.
Mod., v.7, n.8, p.23-6, 1979b.
GUIMARÃES, E., ROCHA, A.A. Odontologia do trabalho – 3ª parte.
Organização dos serviços odontológicos de uma empresa. Odontol.
Mod., v.7, n.9, p.40-50, 1979c.
GUPTA, B.N. Occupational diseases of teeth. J. Soc. Occup. Med., v.40,
n.4, p.149-52, 1990.
HAHN, M.J. The dental status of workers on offshore installations in the
UK oil and gas industry. Br. Dent. J., v.163, n.8, p.262-4, 1987.
96
HEACOCK, L.D. Dental relations in industrial health services. Ind. Med.,
v.16, n.1, p.5-9, 1947.
HOLLISTER, M.C., WEINTRAUB, J.A. The association of oral status with
systemic health, quality of life, and economic productivity. J. Dent.
Educ., v.57, n.12, p.901-12, 1993.
HOOPER, H.A. Dental ill-health – in relation to absenteeism. Ind. Med.,
v.12, n.1, p.3-5, 1943.
JENNY, J., PROSHEK, J.M. Visibility and prestige of occupations and the
importance of dental appearance. J. Can. Dent. Assoc., v.52, n.12,
p.987-9, 1986.
KULSTAD, H.M. The place of dentistry in industry. Ind. Med., v.14, n.3,
p.234-5, 1945.
LIE, T., DUE, N.A., ABRAHAMSEN, B., BÖE, O.E. Periodontal health in a
group of industrial employees. Community Dent. Oral Epidemiol., v.16,
n.1, p.42-6, 1988.
MACKENZIE, G. Dentistry at the Ford Motor Company. Ind. Med. Surg.,
v.20, n.7, p.331-2, 1951.
MARCONI, M.A., LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 1999. 260p.
MASALIN, K., MURTOMAA, H., MEURMAN, J.H. Oral health of workers in
the modern Finnish confectionery industry. Community Dent. Oral
Epidemiol., v.18, n.3, p.126-30, 1990.
MEDEIROS, E.P.G. Exame odontológico pré-admissional. O Incisivo, v.4,
n.1, p.18-22, 1965.
97
MEDEIROS, E.P.G. Conceito de odontologia do trabalho. O Incisivo, v.5,
n.24, p.22-4, 1966.
MEDEIROS, E.P.G., BIJELLA, V.T. Bases para a organização de
programas dentais para operários. Rev. Bras. Odontol., v.27, n.166,
p.303-11, 1970.
MEDEIROS, E.P.G., BIJELLA, V.T. Aplicação racional da odontologia
social no atendimento de operários. Rev. Bras. Odontol., v.28, n.172,
p.276-80, 1971.
MENDES, R. Medicina do trabalho e doenças profissionais. São Paulo:
Sarvier, 1980. 513p.
MENDES, R., DIAS, E.C. Da medicina do trabalho à saúde do
trabalhador. Rev. Saúde Públ., v.25, n.5, p.341-9, 1991.
MIDIRIKAWA, E.T. A odontologia em saúde do trabalhador com uma nova
especialidade profissional: definição do campo de atuação e funções
do cirurgião-dentista na equipe de saúde do trabalhador. São Paulo,
2000. 338p. Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Faculdade de
Odontologia, Universidade de São Paulo.
MIDORIKAWA, E.T. Odontologia em saúde do trabalhador como uma
nova especialidade profissional. Rev. CIPA, v.22, n.258, p.52-69,
2001.
MILLER, E.W. Dental program in industry. Ind. Med., v.10, n.3, p.104-6,
1941.
MIRANDA, C.R. Introdução a saúde no trabalho. São Paulo: Atheneu,
1998. 109p.
98
MISHER, K.W. Practical application of an industrial dental program. Ind.
Med., v.15, n.2, p.113-4, 1946.
MORVAY, L.S. Conservative procedures in the treatment of acute dental
injuries in industry. Ind. Med., v.17, n.3, p.87-8, 1948.
MOTTA, R., TOLEDO, V.L. Avaliação de resultados de plano odontológico
implantado em indústria mecânica. Rev. Bras. Saúde Ocup., v.12,
n.46, p.64-71, 1984.
MOTTA, R.G., ALBUQUERQUE, V.L. Organização e implantação do
serviço odontológico em uma indústria mecânica S.A. Quintessence,
v.10, n.10, p.25-33, 1983.
MOYSÉS, S.J. O conceito de promoção da saúde na construção de
sistemas de atenção em saúde bucal coletiva. In: KRIGER, L. (Coord.)
Promoção de saúde bucal. 2. ed. São Paulo: Artes Médicas, 1999.
cap.16. p.371-407.
MUÑOZ, M.M. Absentismo Laboral. In: BENAVIDES, F.G., FRUTOS,
C.R., GARCÍA, A.M.G. Salud laboral: conceptos y técnicas para la
prevención de riesgos laborales. Barcelona: Masson, 1997. p.351-361.
NARVAI, P.C. Odontologia e saúde bucal coletiva. São Paulo: Hucitec,
1994. 113p.
NOGUEIRA, D.P. Odontologia e saúde ocupaciona l. Rev. Saúde Públ.,
v.6, p.211-23, 1972.
OLIVEIRA, A.G.R.C., ARCIERI, R.M., UNFER, B., COSTA, I.C.C.,
MORAES, E., SALIBA, N.A. Modelos de assistência em saúde bucal
do Brasil: tendências e perspectivas. Ação Coletiva, v.2, n.1, p.9-14,
1999.
99
OLIVEIRA, S. A qualidade da qualidade: uma perspectiva em saúde do
trabalhador. Cad. Saúde Públ., v.13, n.4, p.625-34, 1997.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Carta de Ottawa, de 21 de
novembro de 1986. Primeira Conferência Internacional sobre a
Promoção da Saúde. Ottawa, 1986.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Primary health care an working
population. Genebra, 1982.
PASSOS, A.S., VILLELA, F. Odontologia na saúde ocupacional. Vida
Odontol., v.6, n.15, p.75-80, 1983.
PETERSEN, P.E. Dental health among workers at a Danish chocolate
factory. Community Dent. Oral Epidemiol., v.11, n.6, p.337-41, 1983.
PETERSEN, P.E. Evaluation of a dental preventive program for Danish
chocolate workers. Community Dent. Oral Epidemiol., v.17, n.2, p.53-9,
1989.
PETERSEN, P.E., GORMSEN, C. Oral conditions among German battery
factory workers. Community Dent. Oral Epidemiol., v.19, n.2, p.104-6,
1991.
PETERSEN, P.E., TANASE, M. Oral health status of an industrial
population in Romania. Int. Dent. J., v.47, n.4, p.194-8, 1997.
PETTIBONE, E.L. Industrial dentistry. J. Am. Dent. Assoc., v.10, p.1030-1,
1923.
PETTY, F.F. What is necessary to make industrial dentistry a credit to the
dental profession? J. Am. Dent. Assoc., v.30, p.1418-27, 1943.
100
PIMENTEL, O.J.A. Odontologia do trabalho. Odontol. Mod., v.3, n.2, p.98-
9, 1976.
PINTO, V.G. Saúde bucal coletiva. 4.ed. São Paulo: Ed. Santos, 2000.
541p.
RAJALA, A.L., RAJALA, M., PAUNIO, I. Utilization of dental care in a
Finnish industrial population. Community Dent. Oral Epidemiol., v.6,
n.3, p.121-5, 1978.
REISINE, S.T. Dental disease and work loss. J. Dent. Res., v.63, n.9,
p.1158-61, 1984.
RIBEIRO, A.I. As cinco novas especialidades da odontologia. JAO, v.5,
n.29, p.12-3, 2002.
ROCHA, J.A.D. Absenteísmo ao trabalho por doença e a implicação da
saúde bucal como um dos seus fatores numa indústria metalúrgica da
cidade de Canoas – RS. Porto Alegre, 1981. 88p. Dissertação
(Mestrado em Odontologia Social) – Faculdade de Odontologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
SAPPINGTON, C.O. The functions of industrial hygiene and their
relationship to industrial dentistry. Ind. Med., v.18, n.8, p.347-9, 1949.
SCHOU, L. Oral health promotion at worksites. Int. Dent. J., v.39, n.2,
p.122-8, 1989.
SCHOU, L. Oral health promotion in the workplace. In: SCHOU, L.,
BLINKHORN, A. S. Oral health promotion. Oxford: Oxford Medical
Publication, 1993. p.189-206.
101
SCHOU, L., MONRAD, A. A follow up study of dental patient education in
the workplace; participants’ opinions. Patient Education and
Counseling, v.14, p.45-51, 1989.
SCHWARTZ, E. A proportionate mortality ratio analysis of pulp and paper
mill workers in New Hampshire. Br. J. Ind. Med., v.45, n.4, p.234-8,
1988.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICROS E PEQUENAS
EMPRESAS (SEBRAE). A micro e pequena empresa no Brasil.
Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas, 2002.
Disponível em <http://www.sebrae.com.br/>. Capturado em: 4 jun.
2002.
SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA (SESI). Saúde bucal dos
trabalhadores da construção civil. Rev. CIPA, v.17, n.202, p.52-73,
1996.
SILVA, D.R.A.D. Percepção de condições de saúde bucal em adultos
trabalhadores. São Paulo, 2000. 67p. Dissertação (Mestrado em
Saúde Pública) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São
Paulo.
SILVA, R.B., SOUTO, D.F. Modelo de serviço assistencial em odontologia
ocupacional – 1ª parte. Odontol. Mod., v.10, n.9, p.36-9, 1983a.
SILVA, R.B., SOUTO, D.F. Modelo de serviço assistencial em odontologia
ocupacional – 2ª parte. Odontol. Mod., v.10, n.10, p.39-45, 1983b.
SILVA, R.B., SOUTO, D.F. Modelo de serviço assistencial em odontologia
ocupacional – 3ª parte. Odontol. Mod., v.10, n.11/12, p.27-30, 1983c.
102
SO, F.H.C., SCHWARZ, E. Prevalence and structure of dental benefit
schemes in Hong Kong. Community Dent. Health, v.12, n.1, p.12-7,
1995.
SO, F.H.C., SCHWARZ, E. Demand for and utilization of dental services
among Hong Kong employees and without dental benefit coverage.
Community Dent. Oral Epidemiol., v.24, n.3, p.201-6, 1996.
SRIKANDI, T.W., CAREY, S.E., CLARKE, N.G. Utilization of dental
services and its relation to the periodontal status in a group of South
Australian employees. Community Dent. Oral Epidemiol., v.11, n.2,
p.90-4, 1983.
THOMAS, E.H. Role of oral surgeon in the determination of mouth
infection, including the presence of pulpless teeth, in relation to
systemic disease. J. Am. Dent. Assoc., v.27, p.258-66, 1940.
THOMAS, E.H. Mouth infection in industrial workers: a serious menace to
general health; resultant loss to war production. J. Am. Dent. Assoc.,
V.30, p.1249-62, 1943.
TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. 175p.
TUOMINEN, M., TUOMINEN, R. Dental erosion and associated factors
among factory workers exposed to inorganic acid fumes. Proc. Finn.
Dent. Soc., v.87, n.3, p.359-64, 1991.
TUOMINEN, M.L., TUOMINEN, R.J., FUBUSA, F., MGALULA, N. Tooth
surface loss and exposure to organic and inorganic acid fumes in
workplace air. Community Dent. Oral Epidemiol., v.19, n.4, p.217-20,
1991.
103
VIANNA, M.I.P., SANTANA, V.S. Exposição ocupacional a névoas ácidas
e alterações bucais: uma revisão. Cad. Saúde Públ., v.17, n.6, p.1335-
44, 2001.
WALLS, R.M., BETHLEHEM, P. A dental program for industry. J. Am.
Dent. Assoc., v.29, n.7, p.1083-9, 1942.
WESTERMAN, B. A preventive dental care programme at the workplace.
Aust. Dent. J., v.38, n.3, p.210-5, 1993.
104
ANEXO A – Questionário utilizado para pesquisa de campo
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE ARAÇATUBA DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA INFANTIL E SOCIAL
O presente questionário faz parte do material de Dissertação de Mestrado,
que tem como título “Saúde Bucal no contexto da Saúde do Trabalhador: modelos
de assistência e atenção” e está sendo desenvolvido junto ao Departamento de
Odontologia Infantil e Social da Faculdade de odontologia de Araçatuba–UNESP.
O presente estudo tem por objetivo analisar os modelos de atenção a Saúde
Bucal dos trabalhadores das empresas localizadas nos municípios de Araçatuba e
Birigui/SP. A partir desta pesquisa os serviços de saúde bucal, voltados ao
trabalhador, poderão priorizar e reestruturar sua atenção. Assim como poderá
ocorrer uma racionalização de prioridades e recursos nos serviços de atenção a
saúde bucal do trabalhador
Todos os dados deste questionário serão mantidos sob sigilo e faremos a
apresentação dos resultados obtidos para as empresas que colaborarem no
presente trabalho.
Agradecemos de antemão a colaboração e nos colocamos a disposição para
eventuais esclarecimentos.
Atenciosamente
_____________________________ Eduardo Pizzatto - CD
Mestrando em Odontologia Preventiva e Social pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba / UNESP
____________________________ Profª Drª Cléa Adas Saliba Garbin
Professora Assistente Doutora da Faculdade de Odontologia de Araçatuba / UNESP2
Faculdade de Odontologia de Araçatuba / UNESP Rua José Bonifácio, 1193 – Vila Mendonça CEP 16015-050 – Araçatuba/SP Fone: (018) 620-3250 / (018) 620-3249
105
I - IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA: Nome da empresa:_______________________________________________________________ Ramo de atuação da empresa: ______________________________________________________ Nome do responsável pelas respostas:_______________________________________Sexo:____ Cargo do responsável pelas respostas:________________________________________________ Endereço da empresa: ____________________________________________________________ Bairro:________________________________ Cidade:________________ Estado:___________ II - QUESTIONÁRIO: 01) Número de funcionários da empresa:_____________________________________________ 02) Média salarial dos funcionários:
( ) até 02 SM ( ) de 02 à 05 SM ( ) de 05 à 10 SM ( ) acima de 10 SM 03) A empresa possui uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA?
( ) sim ( ) não 04) A empresa possui um Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho-SESMT? ( ) sim ( ) não 05) Em caso afirmativo qual a sua composição? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 06) A empresa possui um serviço de assistência/atenção médica a disposição dos funcionários? ( ) sim ( ) não. Qual motivo? ______________________________ 07) Em caso afirmativo este serviço pertence: ( ) à própria empresa. ( ) cooperativas/sindicatos. Qual?____________________________ ( ) terceirizada. Qual?_____________________________________ ( ) outro. Qual?__________________________________________ 08) A empresa possui um serviço de assistência odontológica a disposição dos funcionários? ( ) sim ( ) não. Qual motivo? ______________________________ 09) Em caso afirmativo este serviço pertence: ( ) à própria empresa. ( ) cooperativas/sindicatos. Qual?____________________________ ( ) terceirizada. Qual?_____________________________________ ( ) outro. Qual?__________________________________________ 10) Existe algum outro programa de atenção a saúde do trabalhador desenvolvido pela empresa? ( ) Assistente Social ( ) Fonoaudiólogo ( ) Farmacêutico ( ) Nutricionista ( ) Fisioterapeuta ( ) Psicólogo ( ) Outros. Quais? _________________________ 11) Qual a opinião da empresa sobre a saúde bucal dos funcionários:
( ) não faz diferença para o bom desempenho dos funcionários. ( ) é importante para o bom desempenho dos funcionários, mas não é responsabilidade da empresa. ( ) é importante para o bom desempenho dos funcionários e a empresa deve facilitar o acesso do trabalhador aos serviços odontológicos.
105
ATENÇÃO: As questões seguintes referem-se especificamente ao setor odontológico, portanto somente deverão ser respondidas caso a empresa possua tal serviço, ou seja, caso sua resposta para a questão nº 08 tenha sido afirmativa. 12) Existe algum protocolo de atendimento odontológico elaborado específico para sua empresa? ( ) sim ( ) não 13) Como é feito o planejamento dos serviços odontológicos? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14) Formação da equipe odontológica da empresa: ( ) Cirurgião dentista. Nº______ ( ) Atendente de consultório dental. Nº _______ ( ) Técnico em higiene dental. Nº _______ ( ) Outros. Quais?______________________________________________ Nº ________ 15) Número de horas semanais da equipe odontológica: ( ) 40 hs ( ) 20 hs ( ) outro. Qual?____________________________________ 16) Há quanto tempo está implantado o serviço odontológico?____________________________ 17)Qual o critério para inclusão do funcionário no serviço odontológico? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18) Os serviços odontológicos são prestados: ( ) somente aos funcionários. ( ) funcionários e dependentes. ( ) outros. Quais?__________________________________________________________ 19) Quais os critérios para a inclusão dos dependentes? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 20) Atividades desenvolvidas pelos serviços odontológicos: ( ) atendimento de urgências e emergências ( ) atividades preventivas coletivas ( ) atividades preventivas individuais ( ) cirurgia oral maior (ortognáticas; reabilitação de acidentes de trabalho) ( ) endodontias (tratamento de canal) ( ) exames admissionais e periódicos ( ) exodontia (extrações) ( ) implantes ( ) levantamentos epidemiológicos entre os trabalhadores ( ) odontopediatria ( ) ortodontia ( ) periodontia ( ) prótese ( ) restaurações ( ) outros. Quais?__________________________________________________________
106
21) Quais as atividades preventivas desenvolvidas pela equipe odontológica: ( ) aplicação de flúor ( ) atividades educativas coletivas ( ) atividades educativas individuais ( ) profilaxia ( ) selantes ( ) outras. Quais?__________________________________________________________ 22) Exames complementares a disposição dos funcionários da empresa: ( ) biópsias (com histopatológico) ( ) Rx panorâmico ( ) Rx periapical ( ) testes salivares ( ) outros. Quais? _________________________________________________________ 23) Existe uma integração dos profissionais de Odontologia com os demais setores da empresa? ( ) sim. Quais setores?______________________________________________________ ( ) não 24) Quando da necessidade de tratamento odontológico a ser feito dentro da empresa é descontado o afastamento do funcionário? ( ) sim ( ) não 25) E quando o tratamento é efetuado fora da empresa? ( ) sim ( ) não 26)Qual a função/objetivo do programa odontológico dentro da empresa? (marcar cinco alternativas com escores de 1 a 5 conforme o grau de importância da afirmação, sendo que o grau 1 equivale ao mais importante) ( ) aumentar a satisfação e colaboração dos trabalhadores para com a empresa; ( ) aumentar a segurança e prevenção de acidentes de trabalho; ( ) diminuir o absenteísmo (faltas ao trabalho); ( ) diminuir os problemas médicos sistêmicos; ( ) melhorar a qualidade da equipe de saúde do trabalhador através da incorporação de mais uma área da saúde; ( ) papel social da empresa; ( ) possibilidade de abater as despesas com os serviços odontológicos do Imposto de Renda; ( ) prevenir e diagnosticar doenças sistêmicas; ( ) promover a saúde bucal dos trabalhadores; ( ) proporcionar tratamento odontológico curativo aos trabalhadores; ( ) proporcionar uma imagem positiva da empresa perante a sociedade e os clientes;
107
ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
108
PIZZATTO, E. Saúde bucal no contexto da saúde do trabalhador: análise
dos modelos de atenção. Araçatuba, 2002. 110p. Dissertação
(Mestrado em Odontologia Preventiva e Social) – Faculdade de
Odontologia, Campus de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”.
RESUMO
Crescentes modificações no processo produtivo têm alterado
substancialmente o perfil do trabalho e dos trabalhadores, seus
determinantes de saúde-doença, seu quadro epidemiológico, assim como
as práticas de saúde voltadas para os trabalhadores. Neste contexto
procurou-se verificar a existência de programas de atenção em saúde
bucal para os trabalhadores das indústrias do setor privado dos
municípios de Araçatuba e Birigui (SP), analisando sua estrutura clínico-
organizacional, bem como as práticas assistenciais desenvolvidas pelos
mesmos. Foram selecionadas, através de amostra aleatória estratificada,
48 indústrias, sendo que apenas uma recusou-se em participar, a coleta
das informações deu-se por meio de questionários auto-aplicados. No que
se refere aos serviços de assistência odontológica, 16 indústrias (34,04%)
das 47 pesquisadas, apresentaram tal serviço, sendo que sua presença
apresenta uma correlação positiva com o tamanho da indústria. As
principais atividades desenvolvidas nestes serviços foram atendimento de
urgência e emergência, e atividades cirúrgico-restauradoras. A prática
verificada nos serviços odontológicos industriais estudados é
predominantemente curativo-restauradora, com pouca ênfase em
atividades preventivas, além disso, a existência destes serviços parece
estar voltada mais aos interesses dos empregados que dos trabalhadores.
Palavras-chave: Odontologia industrial; serviços de saúde bucal; serviços
de saúde para trabalhadores;
109
PIZZATTO, E. Oral health in the context of the health of employees:
analysis of models of attendance. Araçatuba, 2002. 110p. Dissertação
(Mestrado em Odontologia Preventiva e Social) – Faculdade de
Odontologia, Campus de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”.
ABSTRACT
Crescent changes in the production process have modified substantially
the feature of the employ and its employees, their determinants about
health and disease, its epidemiological picture, as well as the health
services destined to the employee. In this context, we sought to verify the
existence of oral health attendance program for employees of private
industries at Araçatuba and Birigui County (SP), by analyzing the
organizational clinical structure, also their assistance practices developed
by themselves. For this, 48 industries were selected, through a
randomized stratified sample, from which one refused to participate to this
study; the information was collected by means of self-applied
questionnaires. With regard to the services of dental assistance, 16
(34.04%) of those 47 industries presented this kind of service, and this
feature was positively correlated to the structure size of the industry. The
main activities of these services were urgency and emergency attendance,
and surgical-restorative activities, with little emphasis in the prevention.
The availability of dental assistance services in the industries destined to
the employees seems to be an interest of their employers, rather than the
interests of the employees themselves.
Keywords: Occupational dentistry; dental health services; occupational
health services;
110
Autorizo a reprodução deste trabalho.
Araçatuba, 31 de outubro de 2002.
EDUARDO PIZZATTO