a saúde do homem
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Em busca da saúde integralTRANSCRIPT
A SAÚDE DO HOMEM
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------- Autor: Alvino Bonati Chiaramonti maio/2011 [email protected]
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PREFÁCIO
O tema desta matéria está voltado para o inter-relacionamento do espírito
com o corpo físico no processo das doenças às quais está sujeito o biológico,
buscando a origem da saúde do homem e estudando os processos de desequilíbrio
e de reequilíbrio do espírito e da cura orgânica.
Feito o mapeamento da origem das doenças, suas causas e os reflexos no
organismo, torna-se possível pesquisar técnicas e fatores que possibilitem o
reequilíbrio do homem e a conseqüente cura do seu corpo físico.
É fato notório que as doenças de origem predominantemente
psicossomática, as doenças degenerativas, os cânceres e as doenças sociais têm
crescido de forma assustadora e tem escapado ao controle da medicina.
A solução de muitas das dificuldades da área da saúde depende de fatores
sócio-culturais que normalmente extrapolam a própria área médica, havendo
múltiplos e complexos fatores de difícil resolução pelos métodos utilizados
atualmente.
Há grande diferença entre a composição espírito e a composição homem.
Assim, torna-se necessário comparar ambas nas suas diferentes potencialidades,
eis que o homem, espírito encarnado, está sujeito às vicissitudes materiais.
E, para compreender essa questão, devemos observar o inter-
relacionamento dos diversos segmentos da medicina: a alopatia e suas
especialidades como a neurocirurgia e a psiquiatria, a naturopatia, a homeopatia, a
fitoterapia, a acupuntura, a medicina chinesa, a medicina ayurvédica e a psicologia,
que agregam valores sociológicos, filosóficos e religiosos, nos levando, assim, à
medicina do homem integral.
Duas grandes questões devem ser analisadas cientificamente. A primeira
trata dos diversos problemas do cotidiano do ser humano: suas depressões e suas
doenças, suas desarmonias e desequilíbrios orgânicos e mentais, sua falta de
entendimento do mundo espiritual e a falta de autoconhecimento da relação
corpo/espírito e da sua condição de ser cósmico. A segunda se dedica aos
problemas da higiene e do estresse do mundo atual, que envolvem, por
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conseqüência, outras questões ligadas à vocação, à ética e à moral, que
circunstanciam as aptidões e as capacidades latentes no ser, porém não percebidas
pelo indivíduo. Por outro lado, o indivíduo – desinformado – não associa criticamente
as causas e nem os efeitos dos fatores sociais na sua saúde e extrapola com a má
alimentação, com bebidas alcoólicas, com fumo e outras drogas nocivas.
O paciente, por delegar excessivamente a responsabilidade pela
recuperação da sua saúde, passou a ser uma figura passiva diante do médico e dos
medicamentos, obstando o processo de cura natural. Há necessidade de uma
revisão do modelo de estudo e pesquisa utilizada pela medicina atual na busca de
abordagens mais eficientes sobre o assunto.
A sociedade como um todo e, particularmente, cada indivíduo, deve refletir
que além do corpo físico está o ser espiritual, atuante e responsável pelas ações, e
que muitos dos problemas são provocados por se ignorar este fato e, sobretudo, por
não compreender que se trata de problemas possíveis de serem estudados,
entendidos, compreendidos e solucionados.
Há evidências científicas que indicam a existência de caminhos para o
homem obter o melhor aproveitamento do seu tempo espaço, mantendo seu corpo
físico dentro de padrões de saúde que lhe permitam níveis de rendimento biológico e
produção intelectual de forma a se aprimorar no ideal do homem de bem, levando-o
a contemporizar o exercício do autoconhecimento, dando-lhe possibilidades para
manter o equilíbrio do espírito com o perispírito e a matéria, possibilitando-lhe
usufruir a harmonia no universo.
Deve-se fazer um segundo olhar sobre as questões ligadas às chamadas
mentes humana, biológica e espiritual, contextualizando o assunto de forma a
perceber que o espírito é o autor, ator e portador da cultura, procurando desvendar
os tabus existentes, contrapondo pontos de vista e propondo nova visão nesse
complexo sistema de interação espírito-mente-cérebro-corpo.
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O QUE É O ESPÍRITO
O espírito é o ser inteligente do universo1. Caracterizado por individualidade,
consciência, memória, afetividade, sentimentos, valores, princípios morais e
criatividade, dotado de experiência acumulada, é o autor, ator e portador da cultura,
o agente, o núcleo da vida. É o responsável por suas ações no exercício do livre
arbítrio sempre deliberando sobre suas escolhas, suas decisões em um processo
reflexivo e constante de autoconhecimento, sempre na busca do entendimento
cósmico.
Segundo Kardec (1993b), criando os mundos materiais, também criou Deus
seres inteligentes aos quais se dá o nome de espíritos.
Conforme a lei da transauto-organização de cada organismo2, o espírito é
quem projeta vida na matéria. As reencarnações são jornadas que, ao longo do
tempo, vão depurando o espírito mediante as experiências no polissistema material,
alternando alegrias e sofrimentos, vitórias e derrotas, que ao mesmo tempo,
permitem-lhe, acima de tudo, o crescimento. Assim, é importante entender que é ele,
espírito, que especificamente produz todo o organismo, projeta os órgãos, as
funções, e faz o controle central3
A cada reencarnação o espírito acumula vivências e experiências que, em
um processo aberto, vai ampliando o seu conhecimento e, por conseqüência,
alterando sua avaliação crítica, que o leva a mudar – continuamente - sua visão
cósmica. KARDEC (1993a, p.38) assim se referiu: “Para cada nova existência, o
espírito traz o que ganhou em inteligência e em moralidade nas suas existências
pretéritas, assim como os germens das imperfeições de que ainda se não expungiu”.
1 “Há no homem um princípio inteligente e que se chama (KARDEC, 1993 – Primeira Parte, § 2º A
Alma, item 4). ALMA ou ESPÍRITO, independente da matéria, e que lhe dá o senso moral e a faculdade de pensar.” Obras Póstumas 2 Transauto-organização de cada organismo: 1. não se deve esquecer que o espírito é quem projeta a
vida na matéria; 2. que o espírito cria um centro vital de equilíbrio no organismo; 3. que há um equilíbrio, uma interação entre a matéria e o espírito; 4. que o espírito, quando integrado ao chamado reino inteligente, é capaz de fazer projeção de vida, de criar o ciente-inconsciente, o ciente-consciente e o ciente-subconsciente. Cadernos de Psicofonias de 2000. (CRUZ, 2001, p.61).
3 CRUZ (2001, 2003a).
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O espírito é o portador da memória e essa memória faz grafia na matéria, na
mente.4
A faculdade da imaginação permite, faculta ao espírito humano criar,
compor, editar, situações que não estão presentes. Portanto, é sempre a capacidade
de imaginar, colorir, fantasiar, dar formas e editar situações que não estão no
imediato. A faculdade da imaginação permite a cada um elaborar um projeto e editá-
lo antes de materializá-lo no existente. É a fonte extraordinária de todo o novo, de
toda criação.
Os espíritos são os agentes da potência divina; constituem a força
inteligente da natureza e concorrem para a execução dos desígnios do Creador
tendo em vista a manutenção da harmonia geral do universo e das leis imutáveis
que regem a criação. Os espíritos encarnados constituem a humanidade. A alma do
homem é um espírito encarnado.5
O PERISPÍRITO ESTRUTURADOR E ORGANIZADOR DO CORPO FÍSICO
Na Antiguidade a idéia da existência de um sistema intermediário entre a
essência ou espírito puro, de um lado, e corpo físico, de outro, era teoricamente
dedutível pela lógica e também imperativo de ordem técnica, uma vez que somente
assim seria possível a atuação do espírito na matéria. A fixação do espírito no corpo
teria de implicar a existência de um órgão qualquer, muito especial, com plasticidade
bastante para se ajustar às freqüências vibratórias dos dois, acoplando-os.
Esse corpo foi detectado por sensitivos da Antiguidade, cujo assunto era
matéria de currículo nas escolas iniciáticas. Através das épocas e dos povos, várias
foram as denominações e detalhes do perispírito. Na Índia védica, esse mediador
era conhecido como “Mana-maya-kosha”; antigos egípcios o conheciam como “Kha”;
os persas, no Zend-Avesta, como “Boadhas”; e os gregos como “Eidolon”;
Aristóteles o denominava de “Corpo Sutil”; na escola neo-platônica, de Alexandria,
era conhecido como “Astroiedê”, isto é, semelhante aos astros, devido à cor; era o
“Corpo Fluídico para Leibniz e a “Alma” para Paulo de Tarso”. Para o apóstolo
4 CRUZ (2001).
5 KARDEC (1993a).
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Paulo, o Homem é um complexo integrado por três partes distintas – corpo, alma e
espírito – em que a alma tem a nítida função de mediador plástico6.
No cristianismo primitivo havia pensadores, principalmente na Escola de
Alexandria, que defendiam a tese da existência do órgão intermediário entre o
espírito e o corpo; dentre outros, Ambrósio, Atanásio, Arnóbio, Basílio, Fulgêncio,
Orígenes, Justino, Minúcio, Cirilo de Alexandria e Agostinho. Já religiões como o
islamismo, judaísmo e as que integram o cristianismo atual, todas dão o homem
como binário: composto de alma ou espírito e corpo material.
Os sábios que erigiram a sabedoria Vedanta, na Índia, defendiam a idéia do
cetenário, que era a existência de sete corpos vibrando em dimensões espaciais
diferentes.
Somente bem mais tarde, com a codificação do Espiritismo, Allan Kardec
utilizou o termo perispírito para identificar o corpo espiritual, e englobou nessa
definição o cetenário das doutrinas espiritualistas, tornando esse conhecimento do
domínio público – o que era, até então, ensinado apenas aos iniciados.
Uma análise da questão mostra que o espírito está ligado ao corpo físico
pelo elemento denominado perispírito, que possui uma íntima união com o corpo e
desempenha preponderante papel no organismo. Pela sua expansão, o perispírito,
põe o espírito encarnado em relação mais direta com os espíritos livres e também
com os espíritos encarnados. O pensamento do espírito encarnado, ou
desencarnado, atua sobre os fluídos ambientes e são impressos no perispírito, que
os registra e os transmite ao organismo material com o qual se acha em contato
molecular, sejam estes pensamentos bons ou maus7.
O perispírito serve de intermediário ao espírito e ao corpo. É o órgão de
transmissão de todas as sensações. Relativamente às que vêm do exterior, pode-se
dizer que o corpo recebe a impressão, o perispírito a transmite e o espírito, que é o
ser sensível e inteligente, a recebe. Quando o ato é de iniciativa do espírito, pode
dizer-se que o espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa8.
6 AZEVEDO (1991).
7 KARDEC (1995).
8 Esse segundo invólucro da alma, ou perispírito, existe, pois, durante a vida corpórea; é o intermediário de todas as
sensações que o espírito percebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo. Para nos servirmos de uma comparação material, diremos que é o fio elétrico condutor, que serve para a recepção e a transmissão do pensamento; é, em suma, esse agente misterioso, imperceptível, conhecido pelo nome de fluido nervoso, que desempenha tão grande papel na economia orgânica e que ainda não se leva muito em conta nos fenômenos fisiológicos e patológicos. (KARDEC, 1993c, p. 78).
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Vasto campo de análise pode ser observado ao se estudar o perispírito, pois
há que se considerar que a natureza do envoltório fluídico está sempre em relação
com o grau de adiantamento moral do espírito que, ao renascer, traz as faculdades,
as qualidades e as aptidões anteriormente adquiridas, o que certamente exercerá
significativa influência nesse período reencarnatório.
O perispírito é um arquivo das experiências vivenciadas das reencarnações,
impondo na aparelhagem física, desde a concepção, mediante metabolismo
psíquico muito complexo e sutil, as limitações, as coerções e os efeitos causados, ou
faculta amplitude de recursos físicos e mentais, conforme as ações do estágio
anterior, na carne, em que o espírito cometeu erros e/ou construiu pela dignificação
no exercício do bem.9
O perispírito, também denominado de corpo espiritual ou psicossoma é
semi-material, pois pertence à matéria pela sua origem e ao espírito pela sua
natureza etérea, transforma-se em um mediador plástico, um elo inter-existencial e
se constitui no traço de união entre o espírito e o corpo físico. É o espelho da alma e
sustentáculo do corpo, sendo responsável por transmitir e plasmar no corpo todas as
mensagens emanadas da mente e que procedem do espírito.
O perispírito faz do espírito - ser abstrato - um ser concreto, definido,
apreensível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível,
conforme se dá com todos os fluídos imponderáveis, que são os mais poderosos
motores.10
A existência do perispírito não é somente uma revelação dos espíritos, mas
resulta de incansáveis observações dos próprios espíritos que indicam que o espírito
nunca está desligado do seu perispírito tanto na condição de encarnado como na de
desencarnado. O que muda em cada situação é a sua densidade: mais espessa
quando ligado ao corpo físico e mais sutil quando no polissistema espiritual. Esta
condição de densidade está relacionada com as características tanto do estágio de
evolução do espírito como do sistema material onde houve o reencarne.
Pode-se exemplificar o perispírito como um corpo “dégradé”, cuja ligação
com o espírito é feita de forma mais próxima da matéria espiritual, sutil, e a ligação
9 FRANCO (1982).
10 Segundo Allan Kardec (FRANCO, 1982)
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com o corpo físico é feita de forma mais densa, mais grosseira, permitindo o acesso
e o intercâmbio de informações com o organismo material.
Assim, quanto mais evoluído e mais depurado o espírito, menos denso o
seu elo de ligação, principalmente na parte do perispírito que acompanha o espírito
após o desencarne. Pode-se entender que de acordo com o estágio evolutivo de
cada polissistema material, o perispírito terá sua composição mais ou menos densa,
eis que o espírito utiliza da própria matéria do sistema material para compor o seu
perispírito que permita o reencarne naquele planeta. Nos mundos e nos Espíritos
menos evoluídos ele é de natureza mais grosseira e se aproxima muito da matéria
bruta.
O espírito prepara o seu perispírito e este modela o organismo de que o
espírito tem necessidade para o seu projeto reencarnatório, construindo o corpo
biológico adequado e equipando-o com os neurotransmissores capazes de refletir os
fenômenos-resgate indispensáveis para o equilíbrio humano.11
O espírito se revela através dos seus atos, eis que se desconhece sua
natureza íntima; e os seus atos somente são possíveis conhecer através de um
organismo material, portanto, o espírito precisa de matéria para atuar sobre a
matéria, o que só consegue tendo o perispírito como instrumento capaz de realizar
as mais complexas tarefas em relação ao ambiente terreno mediante o corpo físico.
Desta maneira pode-se conceber a ação do espírito sobre a matéria, cujos efeitos
devem ser considerados como fatos absolutamente naturais e desprovidos de
aspectos fenomenais.
Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha
importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos
fenômenos fisiológicos e patológicos.12
O perispírito é parte integrante do espírito como o corpo o é do homem. Mas
o perispírito não é o espírito da mesma forma que só o corpo não constitui o homem.
11
De importância máxima no complexo humano, é o moderno Modelo organizador biológico, que se encarrega de plasmar no
corpo físico as necessidades morais evolutivas, através dos genes e cromossomos, pois que, indestrutíveis, eteriza-se e se purifica durante os processos reencarnatórios elevados. Pode-se dizer que é o esboço, o modelo, a forma em que se desenvolve o corpo físico. É na sua intimidade energética que se agregam as células, que se modelam os órgãos, proporcionando-lhes o funcionamento. Nele se expressam as manifestações da vida, durante o corpo físico e depois, por facultar o intercambio de natureza espiritual. É o condutor da energia que estabelece a duração da vida física, bem como é responsável pela memória das existências passadas que arquiva nas telas sutis do inconsciente atual, facultando lampejos ou recordações esporádicas das existências já vividas. (FRANCO, 1990, p.145).
12 KARDEC (1993a, 1993c).
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O perispírito não pensa e nem tem inteligência. Ele é para o espírito o que o corpo é
para o homem, ou seja, instrumento de sua ação.
Diante dessas reveladoras informações, depreende-se a grande realidade
do inter-relacionamento espírito – perispírito - corpo físico na composição do ser
humano, tal o inquestionável nível de influência exercido na condução da vida
encarnada, seja mediante um bom ou mau pensamento, um conselho médico,
psicológico, religioso ou mesmo de um amigo.
Reforçando essas alusões, Paracelso, já havia concluído que o pensamento
não é criado no cérebro, mas atua por meio do cérebro13. O pensamento é
exteriorização da mente, que independe da matéria e por sua vez é originada no
espírito.14
O pensamento cria imagens fluídicas que se refletem no envoltório
perispirítico, como em um espelho; toma nele corpo e aí, de certo modo, se
fotografa.15
A medicina seguramente poderá ter no perispírito um elemento de
significativa importância para ponderar e apreciar os fatos relativos à saúde e a
doença. Como citou KARDEC (1993a, p.78): “... no conhecimento do perispírito está
a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis”.
Pode-se dizer que a memória se faz através do perispírito, eis que o espírito
imortal somente pode gravar nas células do biológico através do perispírito. A
memória é a lembrança de todas as coisas vividas pelo espírito e registradas no
perispírito. Sem dúvida, o registro de todos os fatos relacionados nas diversas
etapas da vida do espírito está gravado em sua intimidade, mas é por intermédio do
perispírito que se dá tal registro e que podem se manifestar emocional ou
intelectualmente, conforme a intensidade do fato vivido e a importância dele para a
ação da lei de causa e efeito.16
13
MIRANDA (1991 14 FRANCO (1995). 15
KARDEC (1995). 16 SANTOS (1997). Na estrutura do DNA, vai-se gravando as atividades do eu profundo, ou do espírito imortal, naquilo que se destina a externar, em futuro veículo somático, sendo que esses registros são a determinante das etapas necessárias da saúde ou das enfermidades genéticas, conforme as conquistas ou deficiências adquiridas ao longo da caminhada evolutiva. As experiências gravadas diariamente nas estruturas sensíveis do DNA se manifestam, mais tarde, em novas encarnações, conforme a intensidade e a consciência dos desejos, emoções e pensamentos que aí são registrados pela lei do carma, que, através do DNA, se revela de forma inevitável e inflexível. (SANTOS, 1997, p.186-187 item 6).
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O perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo como numa caixa.
Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia-se para o exterior e forma, em
torno do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a força da vontade
podem dilatar mais ou menos. Daí se segue que pessoas há que, sem estarem em
contato corporal, podem achar-se em contato pelos seus perispíritos e permutar
idéias e pensamentos por meio da intuição. O perispírito das pessoas vivas goza das
mesmas propriedades que o dos espíritos. Como já foi dito não se acha confinado
ao corpo: irradia-se e forma em torno deste uma espécie de atmosfera fluídica.17
COMO OCORRE O REENCARNE
O espírito, ao se preparar para o reencarne passa a trabalhar a construção
do seu corpo físico, interferindo decisivamente no comportamento hereditário ao
modelar a forma de que se revestirá o espírito desde o embrião até as expressões
fisionômicas. E, para reencarnar-se, o espírito estrutura um veículo, o corpo físico,
assumindo a posição de alma.18
A composição biológica dos indivíduos é resultante de um processo
sucessivo encarnatório, criando uma identidade entre o ontem, o hoje e o amanhã.
O espírito reencarnante operacionaliza, transmite e plasma na configuração
biológica, as suas necessidades principais, até mesmo faz a pontuação da
especificação de alguns comportamentos que deverão melhorar no concurso do
aprendizado da nova missão, como por exemplo, a profissão, o alcance do
conhecimento universitário e as especificidades da cultura.19
Tendo sua memória reencarnatória parcialmente bloqueada ao reencarnar,
eis que, assim, nessa nova experiência, passa a aprender e a desempenhar novos
papéis na sociedade cultural na qual reencarnou. Neste processo, pelo mecanismo
do esquecimento, deixa de exercer suas totais capacidades adquiridas. Passa então
a viver as situações do cotidiano e pela sua ligação intensa com o corpo físico,
muitas vezes se confunde com o mesmo e passa a agir como um organismo
17 KARDEC (1993a). 18 FRANCO (1982), KARDEC (1993b). 19 CRUZ (2003b).
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essencialmente material. Isto lhe acarreta certos desequilíbrios psicofísicos, cujos
resultados são as ocorrências das mais diversas doenças.
Entretanto, no bojo da sua memória espiritual, permanece toda sua história
de vida, que virá à tona sempre que for buscada tendo em vista as emergências ou
necessidades do homem. Em cada etapa nova da vida remanescem as ocorrências
da anterior, em uma cadeia sucessória natural.20
Quando o espírito reencarna, reencarna em comunhão, sem memória de
imediato do passado. Tem consciência plena, tem percepção, mas não tem
condições de imediatamente fazer da sua percepção uma relação do existente que
está se revelando a ele.21
20
FRANCO (1995). 21
CRUZ (2003 d)
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O HOMEM
O homem é um ser complexo em cuja composição há diversos homens: o
biológico, o espiritual, o social, o econômico, o filosófico e o religioso. A partir deste
complexo, vários são os desdobramentos que a ciência, a filosofia e a religião
passam a trabalhar no sentido de entender a sua origem, seus motivos, seus
objetivos no universo e o seu futuro diante da natureza, do cosmos.
O homem biológico é tido como animal racional, vertebrado, mamífero,
bípede, bímano, da ordem dos primatas, família dos hominídeos, capacitado com a
linguagem articulada, representado pela espécie: Homo sapiens sapiens.
O homem espiritual é a alma, o espírito, o ser inteligente do universo, o
cognitivo, personificado, dotado de consciência, pensamento, memória, vontade,
experiência, conhecimento, reflexão, capaz de decidir suas ações ao exercitar o livre
arbítrio.
O homem social não vive só e o seu viver depende da sociedade à qual
influencia ao mesmo tempo em que é por ela influenciado. O homem social vive em
grupos e compõe a chamada mentalidade coletiva que o faz sentir, pensar e agir de
maneira diversa daquela pela qual sentiria, pensaria e agiria de forma individual.
Assim, conseqüentemente, o homem está em constante movimento influenciando e
sendo influenciado pela cultura humana. O homem sendo evolutivo tem a
necessidade de pertencer a um grupo social, seja a família, a escola, o trabalho, as
artes, ou a política. Está constantemente sofrendo pressões e desafios da sociedade
sob os aspectos econômicos como, por exemplo, os modismos e o consumismo
exacerbado ditados pelo sistema capitalista.
O homem filosófico já foi definido por Marx como o Homem econômico, por
Freud como o Homem instintivo, por Kierkegaard como o Homem angustiado, por
Bloch como o Homem utópico, por Ricouer como o Homem falível, por Gadamer
como o Homem hermenêutico, por Marcel como o Homem problemático e por
Aristóteles, que citou: homem é naturalmente um animal político.
Quando a filosofia o trata como um animal racional não o está tratando
como se fora um quadrado de quatro lados, mas a sua racionalidade está afeta a
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seus pensamentos e a suas ações, impulsionando-o para o processo evolutivo, de
acordo com o seu livre-arbítrio e no sentido de fazer escolhas e de se
responsabilizar pelos seus atos.
Sócrates se referiu ao homem como o objeto mais direto da preocupação
filosófica e Protágoras como a medida de todas as coisas. A partir de Descartes o
racionalismo passou a ver o homem como “o ser pensante por excelência, como a
razão que compreende e explica o mundo e a si mesma”.22
A necessidade da vida social prende-se ao fato de que nenhum homem
dispõe de todas as faculdades humanas. É pelo contato social que os homens se
completam uns aos outros para assegurarem o progresso e o bem-estar. Os mais
fortes auxiliam os mais fracos; os ricos ajudam os pobres; os sábios ensinam os
ignorantes. No isolamento ele fenece e estiola.23
O homem religioso está calcado em um princípio da antropologia cristã, que
se fundamenta em duas sentenças bíblicas que dão o homem criado por Deus, feito
de barro da terra, no qual inspirou o sopro da vida tornando-o alma vivente, e que o
homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Temos, então, a matéria e o
espírito compondo uma unidade na qual há a semente cósmica.
Tomás de Aquino (GREGÓRIO, 2006, item 5.2) assim se referiu ao homem:
“... A “Boa Nova” não é salvação apenas para a alma, mas de todo o homem, porque
nele há o mistério e o sagrado. O mistério, porque o homem é ao mesmo tempo
material e espiritual; sagrado, porque a existência não o atinge senão por sua alma”.
Quando é referido o homem trata-se de ser único e uno, cada indivíduo
sendo único no universo com a sua singularidade, sua história de vida, seu acervo
cultural.
A imaginação desempenha papel dos mais importantes na materialização
dos objetivos do homem e, aliada a ela, o homem possui a intuição como a
faculdade capaz de registrar no existente perceptivo, o existente futuro, fazendo uma
comunicação plena com a vida, assumindo a consciência de o seu próprio ser.
Como cita Kardec no Livro dos Espíritos: “O homem é deste modo, um
conjunto de elementos que se ajustam e interpenetram a fim de condensar-se em
uma estrutura biológica, assim formado pelo espírito – ser eterno, preexistente e
22
(FRANCO, 1990, p.7). 23
(KARDEC, 1995).
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sobrevivente ao corpo somático, - o perispírito – também chamado modelo
organizador biológico, que é o princípio intermediário, substância semi-material que
serve de primeiro envoltório ao espírito e liga a alma ao corpo. Tais, num fruto, o
germe, o perisperma e a casca – e o corpo – que é o envoltório material.” 24
Desde a Antiguidade o conjunto homem-espírito tem sido objeto de estudos
e especulações e o conhecimento sobre a essência do homem era grande
preocupação dos antigos, que tinham mais consciência do que a sociedade atual,
apesar de separada deles por milênios de cultura e a par das mais recentes
conquistas científicas. Os sábios antigos aceitaram a realidade homem-espírito e
investigaram o processo de ligação entre os dois.25
O próprio codificador do Espiritismo, Allan Kardec (KARDEC, 1995),
sintetizou no homem três coisas: o corpo ou ser material análogo aos animais e
animado pelo mesmo princípio vital; a alma ou ser imaterial - espírito encarnado no
corpo - e o laço que prende a alma ao corpo que é o princípio intermediário entre a
matéria e o espírito.
Conclui-se que o homem, o ser vivo, tem que ter percepção, razão, intuição,
memória, imaginação, vontade, ação, livre-arbítrio, moral e, sendo espírito, há que
se falar também de incapacidades e limites, assim como de capacidades e
habilidades. Sua inteligência é espiritual, ou seja, quem quer e pensa, quem age,
quem reflete, quem fala, quem projeta, quem constrói e quem destrói é o espírito.
EQUILÍBRIO E SAÚDE
Todo equilíbrio físico, segundo o Espiritismo, tem origem espiritual. Mesmo
a doença congênita, pois a partir da realidade reencarnatória, o desequilíbrio
espiritual numa existência corpórea pode manter-se no perispírito extrapolando-se
no desequilíbrio do corpo físico numa existência subseqüente.26
Há um núcleo espiritual que organiza a vida, organiza o organismo e
sempre que o homem, pelo seu organismo humano, desrespeitar a produção de
24
FRANCO (1990 p.144 -145). 25
AZEVEDO (1991). 26
BRANCO, GRAÇA FILHO e GRAÇA (1990).
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energia, utilizando energia suja27, ele desorganizará o organismo. Para voltar ao
equilíbrio, se faz necessário sensibilizar o espírito, que tem a potencialidade para a
imanência da vida, da revitalização do organismo, da reorganização e do equilíbrio
móvel.28
Como já visto, o ser humano compõe-se basicamente de espírito, perispírito
e corpo físico. Estas três estruturas têm que trabalhar conjuntamente em plena
harmonia, ou seja, vibrar dentro de uma freqüência que permita às três partes
produzir a vida sinergeticamente e de tal forma que cada uma das partes atinja suas
capacidades visando o equilíbrio e a obtenção da plenitude do ser. Seria como se a
mente, o corpo e o espírito compusessem um tripé forte e inabalavelmente
estruturado.
A verdadeira saúde não se restringe apenas à harmonia e ao
funcionamento dos órgãos, possuindo maior extensão, que abrange a serenidade
íntima, o equilíbrio emocional e as aspirações estéticas, artísticas, culturais e
religiosas.
Portanto, todo ensino tem que ser feito numa linha processual dinâmica que
envolva consciência de si em si, para permitir que o indivíduo faça domínio do seu
próprio mundo e exerça, com firmeza e dignidade, sua titularidade de pessoa e
utilize o referencial existencial com força procedente que lhe permita voltar ao
equilíbrio sempre que o perder.29
A mente equilibrada comandará o corpo em harmonia, e, nesse
intercâmbio, surgirá a saúde ideal. Quando a mente está pronta, parece que todas
as coisas também estão, porque dela dependem o senso crítico, a avaliação, o
discernimento e a razão.30
A máquina vital precisa estar funcionando regularmente para que o homem
se sinta verdadeiramente bem. Outros fatores são preponderantes: o bem-estar
psicológico, os relacionamentos pessoais saudáveis, a capacidade de comunicar as
emoções e gostar genuinamente de si, em suma a saúde é um reflexo mais sensível
de como a vida em geral está funcionando. A doutrina básica da filosofia holística é
27
Energia suja: o animal, o boi, come energia limpa, o capim; o homem come o boi, que é uma energia suja. 28
CRUZ (2001).. 29
CRUZ (2005f). 30
FRANCO (1995).
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que a saúde verdadeira e duradoura pertence ao ser como um todo e o fator oculto
da saúde é muitas vezes o aspecto espiritual.31
Para que o espírito possa viver, movimentar-se, expressar-se, cumprir o seu
projeto a que veio na vida, o corpo deve estar são disposto e vigoroso. Portanto,
deve haver uma transcendência do espírito em todo o biológico. Não há vida isolada
no universo. O espírito e matéria significam a unidade da vida, há imanência
espiritual em toda a matéria viva e sem o espírito não há possibilidade de organismo
vivo.
Sobre a questão (CRUZ32, 2003c) afirma que: “saúde é uma integração
de todos os sistemas do corpo”.
A saúde pode ser vista como adequação da relação existente entre o
“modus vivendi” ideal ao ritmo de vida real e / ou possível. Para tanto é necessário
uma profunda e permanente reflexão sobre o projeto político pedagógico individual e
sobre as questões que envolvem o ser e o ter.
Ainda, aprofundando a questão, a saúde pode ser considerada como a
capacidade do exercício pleno, pelo homem, de todas as suas faculdades
psicofísico-espirituais, permitindo ao espírito bem realizar suas ações no mundo
material, atingindo seu melhor desempenho físico, intelectual e cultural. É a
somatória de diversos fatores que propiciam o equilíbrio do homem:
a) Aspectos genéticos, hereditários;
b) Genética espiritual;
c) Heranças culturais;
d) Emocionais;
e) Disciplina higiênica e educacional;
f) Medicina preventiva;
g) Programa de qualidade de vida;
h) Exercício do amor;
i) Consciência cósmica, fé em um Creador;
j) Auto-indução permanente, pensamentos vitalizadores das aspirações;
31
SHAMES & STERIN (1993). 32
Preleção.
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k) Equilíbrio de comportamento mediante interação do complexo: espírito,
perispírito, mente e cérebro com o corpo físico, cujos resultados dependem e se
inter-relacionam dentro de um processo que envolve o homem na sua percepção de
mundo, ou seja, exercitando permanentemente:
o Suas reflexões,
o Suas ações,
o Os resultados obtidos,
o Suas reações e
o A volta à reflexão e a conseqüência de novas ações mais experientes
e reparadoras.
O responsável pela saúde e a cura das suas doenças é o próprio espírito; o
médico, os remédios, as terapias apenas preparam o paciente, mas quem,
finalmente, realiza - decide a cura - é o espírito.33
Quando nos guiamos pelos ensinamentos de Jesus, fica claro que não
existe moléstia incurável nem saúde e felicidade estáticas. Ninguém nasceu
condenado a nada, sempre há muito a ser feito e, quando se rotula alguém de
incurável, cabe questionar: quem fez essa afirmação? Em que espaço de tempo?
Sob que condições? 34
O enfoque ampliado da saúde vê o indivíduo como uma unidade biopsíquica
onde o conjunto corpo-mente integra-se ao social e ao ambiente. Esta integração
não é estática, é um equilíbrio dinâmico. A saúde é o funcionamento harmônico dos
vários sistemas relacionados ao ser humano que se transformam e se modificam ao
longo do tempo. Estas mudanças contínuas refletem as adaptações do organismo
ao ambiente social e físico. É o processo saúde-doença.35
33
CRUZ (2006b). 34
CANHOTO (2006). 35
BRANCO, GRAÇA FILHO e GRAÇA (1990).
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4 ___________________________________________________________________
A DOENÇA E A SUA ORIGEM
Algumas patologias são conseqüências do próprio processo evolutivo do ser
humano, onde o passado exerce influência na encarnação atual. As doenças de
origem genética podem influenciar o espírito através do biológico e, assim, detonar
um processo patológico, invariavelmente, de difícil solução, eis que o próprio espírito
se convence pela herança do poder genético.
Quanto à questão genética reencarnatória, segundo CRUZ (1979), o corpo
físico pode expressar o que foi registrado na memória do espírito:
A composição biológica dos indivíduos é resultante de um processo sucessivo encarnatório, criando uma identidade entre o ontem, o hoje e o amanhã. Algumas patologias são conseqüências do próprio processo evolutivo (passado), criando no contexto presente dificuldades de comunicação humana, de locomoção, de entendimentos, de participação da massa crítica do grupo. (CRUZ, 1979, p.3).
O espírito por questões contingenciais, ou por situações resultantes do seu
livre-arbítrio e em consonância com o seu projeto político pedagógico, em função do
seu “background” reencarnatório pode viver situações patológicas restritivas o que
para si, espírito, pode constituir-se em importante fator evolutivo, o que, entretanto
aos olhos do homem poderá até parecer um sofrimento em vão.
Pode-se depreender significativo aprendizado desta situação do trânsito da
doença entre o espírito e o corpo mediante a afirmativa de Antonio Grimm: “A
doença só se produz no espírito e a cura também, sendo que a volta ao equilíbrio se
dá sempre através de energia limpa36” (CRUZ, 2001, p.70).
Allan Kardec (FRANCO, 1982) orientava que a origem das doenças estava
diretamente relacionada com os eflúvios da mente, os quais, quando são de boa
natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; quando negativos a impressão é
sofrível. E se forem permanentes e enérgicos, os eflúvios desequilibrantes podem
ocasionar desordens físicas, o que se constitui na causa de certas enfermidades.
36
Energia limpa: o médium integrado ao espírito manifestante produz uma energia limpa que alcança o receptor, que, se em prontidão para processar a energia, como ele está encarnado, é feita num plano primeiro no corpo material, passando pelo mental, pelo perispírito, alcançando o espírito, que, sensibilizado, faz a redistribuição da energia. (CRUZ, 2001, p.59).
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As doenças, portanto, podem resultar do uso inadequado das energias, da
ignorância do ser em relação à vida e à sua finalidade. A doença resulta do choque
entre a mente e o comportamento, o psíquico e o físico, que interagem somatizando
as interferências FRANCO (1995).
Dentre outras causas, o fato de não sabermos por que e para que vivemos é
o que nos adoece CANHOTO (2006).
Todas as doenças de origem física ou psíquica têm a sua origem no espírito
que, impressionando o perispírito, transfere essa mesma doença para o corpo físico
CRUZ (2001).
A origem primária das doenças, segundo a ciência, está no fator hereditário
e na influência do meio ambiente sobre o indivíduo. E, segundo a espiritualidade, a
pouca maturidade espiritual do ser humano é a razão de muitas moléstias e
sofrimento CANHOTO (2006).
A falta de fé faz os homens doentes; quando o indivíduo tem fé, ele,
evidentemente, não cria tanta angústia, tanto sofrimento, é preciso exercício de fé
permanente CRUZ (2006h). A não identificação com os verdadeiros propósitos da
vida coloca o homem em choque entre o negativismo e o positivismo, as dúvidas e
as incertezas passam a permear seus pensamentos e passam a determinar suas
ações37.
DESEQUILÍBRIO
Pode-se considerar desequilíbrio as condições nas quais o espírito e as suas
ações como homem estão em distonia e quando se encontra em situações que não
consegue administrar, gerando insatisfações. Estas situações podem ser as mais
diversas possíveis, desde um simples resfriado, uma rinite alérgica, uma
indisposição intestinal ou gástrica, uma disritmia cardíaca, enxaqueca, índices
sanguíneos fora dos padrões (colesterol, triglicerídeos, secreções glandulares),
perda do humor, nervosismo, ansiedade, medo, estresse, hipertensão e outros
distúrbios, até a presença de uma patologia mais grave. Quando o espiritual entra
em desequilíbrio quebra-se a unidade plena entre espírito e matéria.
37
Os pensamentos e atos programam as atitudes das pessoas. Assim, quando se toma conhecimento de tal possibilidade, elegem-se quais aqueles que devem ser acionados – no campo moral e social – para organizar ou reprogramar a existência. (FRANCO, 1995, p.64).
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Conforme a lei da transauto-administração dos sistemas vivos citada por
Grimm, toda doença é sempre resultante do desequilíbrio do espiritual e que há uma
unidade absolutamente plena entre espírito e matéria, espírito e corpo. Sendo a
mente como que uma subestação do espírito na matéria CRUZ (2001),
O filósofo Sócrates também já havia se manifestado sobre o mesmo ponto
afirmando que se os médicos fracassam na maior parte das doenças, é porque
tratam do corpo sem a alma, e porque, se o todo não se encontra em bom estado, é
impossível que a parte esteja bem KARDEC (2002).
Outro fator relevante que pode ser considerado, e relacionado, nessa
questão da distonia do espírito com o corpo físico foi levantado por MORIN (2005,
p.19): “A disjunção entre a ciência e a filosofia operou uma cisão entre o espírito e o
cérebro38”.
A ciência e a religião já foram vistas por cientistas e religiosos de todos os
tempos, como inimigas, como estranhas e como parceiras. BARBOUR (2004)
classifica e apresenta o relacionamento entre ciência e religião através de uma
tipologia: o conflito, onde são antagônicas; a independência, onde podem coexistir
desde que mantenham uma distância segura entre elas; o diálogo, onde as
semelhanças são encontradas mesmo quando reconhecidas as diferenças e, afinal,
a integração entre as duas disciplinas com a finalidade da busca na natureza a
comprovação da existência de Deus, sendo estes dois últimos tipos de
relacionamentos – o diálogo e integração – os que mais tem aproximado a ciência
da religião.
A DOENÇA ORGÂNICA COMO REFLEXO
Os processos intelectuais e os emocionais, que se passam em toda e
qualquer parte do cérebro, bem como todas as emoções passivas afetam o corpo,
tais como: os desgostos, o sentimento de fracasso e a cólera reprimida, podem levar
a alteração do sistema imunológico. Tanto as emoções, como as palavras dão ao
38
A rarefação das comunicações entre ciências naturais e humanas, o fechamento disciplinar (apenas corrigido pela insuficiente interdisciplinaridade), o crescimento exponencial dos saberes separados, levam cada um, especialista ou não, a ignorar cada vez mais o saber existente... (MORIN, 2005, p.19, 20).
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corpo físico aquilo que dele esperamos; quando imaginamos certas mudanças,
contribuímos para que o organismo as produza SIEGEL (1989).
Na raiz, portanto, de qualquer enfermidade encontra-se a distonia do
espírito, que deixa de irradiar vibrações harmônicas, rítmicas FRANCO (1995).
Este fato denota que o espírito ao vibrar em determinada situação grava o
resultado no perispírito, que se encarrega de apresentá-lo fielmente no biológico,
conforme cita ZIMMERMANN (2006, p.27).
Verifica-se, então, que vários fatores podem ser traduzidos em doenças
orgânicas, desde os hereditários até os emocionais e os culturais. Indivíduos que
são dirigidos na vida e que, desprovidos de autonomia, atingem o “tédio mental”, e
em outros casos os motivos podem ser a pobreza, o luto, o alcoolismo na família, as
vocações e as aspirações reprimidas, a raiva contida, o ódio, o ciúme e as perdas
significativas, tais como: morte, demissão, falência, os sentimentos de impotência e
de desprezo, falta de perspectivas financeiras, conflitos familiares, desilusões
amorosas, revolta contra a sociedade na qual vive e com a qual não concorda, falta
de amor, falta de reconhecimento ou perda do sentido da vida.
Sabe-se que as doenças, para surgirem, necessitam de vários fatores
combinados, quais sejam: tendências genéticas inatas, predisposição, educação,
cultura, condições de habitat, hábitos, vícios e, sempre, de um estímulo que faz o
desencadeamento. Então, tratam-se de condições que vão se acumulando, pouco a
pouco, imperceptivelmente, e que ao encontrarem ambiente favorável acabam se
manifestando em forma de doenças. Além dos fatores já citados, há que se
considerar a ingestão de produtos tóxicos embutidos nos alimentos da atualidade,
conservantes, corantes e os agentes infecciosos, bactérias, vírus, fungos, além dos
vícios, das drogas e dos medicamentos em uso inadequado e exagerado.
CANHOTO (2006).
Além disso, a medicina atual é plena conhecedora que a tensão mental
causa problemas e sugerem os mais diversos distúrbios no fisiológico
ZIMMERMANN (2006).
O Que é a Doença
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A observação de uma alteração na força vital ou a incapacitação
involuntária do indivíduo ou mesmo a presença de um mal-estar, a sensação de
desconforto ou dor, são fatores que indicam a presença de uma doença.
De acordo com GOLDSMITH (2004, p.43) “A doença é a criação do homem,
e ela só pode ser abolida por meio de um estado de consciência espiritual altamente
desenvolvido.” A doença não está na esfera criadora de Deus, portanto, não é
inerente a nenhuma lei, causa, substância ou realidade intrínseca.
Pode-se ver a doença como o resultado da desarmonia entre o ideal
desejado e o realmente vivido no dia-a-dia e, também, como má interpretação das
mensagens vindas do corpo – e do ambiente – via perispírito. A seguir alguns fatores
significantes são indicados:
a) Aspectos genéticos;
b) Desordens físicas;
c) Processo reencarnatório – uma doença congênita pode ter sua origem,
segundo o Espiritismo, no desequilíbrio espiritual numa existência
corpórea anterior, progredindo em nível de perispírito na existência atual;
d) Crenças infundadas nas doenças hereditárias;
e) Medos, tabus, conhecimento popular exacerbado;
f) Descontrole emocional;
g) Seqüelas psicológicas;
h) Incapacidade de se reequilibrar diante dos desequilíbrios;
i) Mau uso do livre arbítrio em relação aos aspectos higiênicos, morais e
físicos;
j) Má qualidade de vida: alimentação inadequada, trabalho excessivo,
repouso inadequado, não prática de exercícios ao ar-livre, sedentarismo;
k) Ausência de medicina preventiva;
l) Reação exacerbada do organismo aos desafios da vida através de
alterações biológicas e psíquicas. Estas alterações são mais evidentes diante das
dificuldades que a pessoa não consegue resolver de imediato. Elas são particulares
a cada pessoa, atingindo-a globalmente, mas são inespecíficas em relação ao ente
desencadeante. São reações que o organismo apresenta ao buscar sua adaptação
às mudanças. Estas reações são chamadas de estresse. As agressões sejam
físicas, químicas, biológicas, microbiológicas ou psicossociais, provocam respostas
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no organismo animal, que lhe permitem enfrentar a situação através de reações
como luta ou fuga. Há grande gasto de energia nesta atividade BRANCO, GRAÇA
FILHO e GRAÇA (1990).
Há doenças porque há doentes, ou seja, a doença é um efeito de distúrbios
profundos no campo da energia pensante ou espírito. O individuo quando doente,
muitas vezes, não associa criticamente as causas e os efeitos, os motivos, havendo
desinformação quanto aos fatores deflagradores, como por exemplo, se excede com
bebidas alcoólicas, fumo e outras drogas ou mesmo com a alimentação e não faz a
relação com a doença.
5
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A CURA/REEQUILÍBRIO
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Após pesquisas sobre as questões que envolvem a cura do corpo humano,
observou-se que há um mecanismo natural no homem que opera todo um sistema
de auto-cura, constituindo-se no vigilante da saúde natural responsável pela
manutenção da vida mesmo nas piores condições fisiológicas e ambientais. Este
mecanismo de defesa da vida trabalha intermitentemente desde o nascer do
indivíduo até a finitude do seu corpo físico. E, mais: este mecanismo não é só uma
exclusividade do ser humano, mas está presente em toda espécie de vida animal ou
vegetal. Assim como a vida do homem persiste na sua continuidade, a pequena
plantinha também luta para irromper da semente em meios nem sempre favoráveis e
às vezes totalmente inóspitos ao seu crescimento. É a centelha da vida dando curso
ao projeto do Creador!
Apoiando essa idéia constataram-se alguns pensadores que, de formas
diferentes, abraçaram a mesma tese:
BRANCO, GRAÇA FILHO e GRAÇA, em recente trabalho sobre o processo
saúde doença, assim se referiram a esse mecanismo da auto-cura:
O organismo possui uma força inerente de cura que busca manter a sua homeostasia, ou seja, um equilíbrio orgânico dinâmico que dê condições para o indivíduo realizar o seu processo evolutivo. É um equilíbrio envolvendo o próprio organismo, o meio social e o ambiente. Esta força que mantém e recupera a saúde depende de uma variedade muito grande de fatores. Na atualidade, os que mais tem influenciado o processo saúde-doença são a alimentação, a atividade física, o lazer, a motivação e a expectativa do indivíduo quanto à sua vida presente e futura. (BRANCO, GRAÇA FILHO e GRAÇA, 1990, item 6).
MORIN (2005, p.49), em sua obra Método 3, trata esse mecanismo como a
computação viva, tendo sinalizado: “a computação viva regenera e reorganiza sem
parar a máquina viva...” A computação viva é uma computação vital. Sua tarefa
principal é repelir a morte, ou como dizia Bichat39: “A vida é o conjunto de funções
que resistem à morte”. (MORIN, 2005, p.264).
Morin entende o ser celular como um ser-máquina computante40
, cujas
configurações moleculares estão inscritas no DNA, constituindo um sistema de
diferenças/identidades quase codificadas com valor simbólico/informacional, que
transforma esse registro, que é inativo, no programa, ativo, que dirige as interações
39
“A vida é o conjunto das funções que resistem à morte.” Método 3 (MORIN, 2005. p.264). 40
A atividade computante do ser celular constitui a fonte do conhecimento. Método 3 (MORIN, 2005. p.264).
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moleculares do citoplasma41. A computação viva produz a vida e obedece à sua
demanda de resolver incessantemente os problemas de reproduzir-se, viver e
sobreviver, ou seja, o ser produz o seu próprio processo e o processo produz o seu
próprio ser42.
Toda organização viva: célula, espermatozóide, embrião, organismo,
funciona em função e em virtude de um cômputo43. Há um programa informacional
inscrito na estrutura molecular do DNA: o programa genético. A fonte de todo
conhecimento encontra-se no cômputo do ser, celular, indissociável, da qualidade do
ser vivo, do individuo.
Hipócrates (460 - 377a.C.) já havia se referido ao processo de auto-cura
afirmando que “o organismo tem a capacidade de retorno ao equilíbrio natural. O
princípio de tudo é o mesmo; não há, assim, senão um fim, e o fim e o princípio são
uma só coisa.” E “o que causa a doença artificial deve curar a doença real”
(MIRANDA, 1991, p. 9).
O organismo possui os mecanismos naturais de defesa. Pode-se perceber
esses mecanismos na prática, observando-se um individuo que apresenta algum
sintoma comum de tosse, diarréia transpiração excessiva, febre ou outros sintomas.
O terapeuta médico conhecedor de que esses sintomas são reações de defesa do
organismo, irá concluir rapidamente que o organismo está passando por algum
desequilíbrio oculto e irá localizá-lo.
Paracelso (1493 -1541) foi o seguidor das idéias de Hipócrates, e trabalhou
a idéia do mecanismo de cura natural, tendo preconizado a desmaterialização dos
agentes terapêuticos até transformá-los em energia para que, como tal, possam
41
Há uma “analogia” entre as operações computantes de associação/separação dos elementos simbólicos/informacionais extraídos da memória genética e as operações de separação/associação físico-químicas decorrentes (dissociação das moléculas assimiladas, esvaziamentos dos elementos não-assimiláveis, constituição de cadeias moleculares, etc.). Método 3 (MORIN, 2005. p.264). 42
Computação viva e auto-organização viva estão fundamentalmente ligadas. A originalidade da computação viva é ao mesmo tempo a originalidade da auto-organização viva. Além disso, as categorias claras e distintas que aplicamos ao universo das maquinas artificiais deixam de ser pertinentes face às maquinas vivas. Assim, as noções de computador, de máquina e de ser são confundidas. A bactéria é ao mesmo tempo um ser, uma máquina, um computador. O computador não é um aparelho distinto na máquina, e maquina não é distinta no ser. A dimensão cognitiva da computação está indiferenciada da do ser vivo. A organização da maquina é ao mesmo tempo o produto e o produtor da sua organização: a computação produz a organização que produz a computação. A maquina produz o ser que produz a maquina. O ser produz o seu próprio processo e o processo produz o seu próprio ser. Método 3, (MORIN, 2005, p.3). 43
A computação viva, própria ao ser celular, é uma computação de si, a partir de si, em função de si, para si em si. Por isso, podemos propor a noção de cômputo para definir o ato computante de „si/para si”. Método 3, (MORIN, 2005, p.3).
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atuar no corpo físico através do perispírito. Tinha idéias próprias que muito diferiam
dos conceitos da Medicina clássica da época, cheia de remédios repugnantes, de
sangrias irracionais, de métodos que não se apoiavam na experiência e na
observação, mas numa tradição jamais reexaminada em seus fundamentos
MIRANDA (1991).
Hahnemann (1755–1843), seguindo os princípios e pensamentos de
Hipócrates e Paracelso, foi o responsável pelo desenvolvimento de uma nova
medicina, a Homeopatia, cujo princípio é a cura pelos similares MIRANDA (1991).
Assim, percebe-se que a cura deve ser realizada segundo as vias naturais e
espontâneas, pois é sempre um processo interno, ou seja, é de dentro para fora e,
considerando que os principais desequilíbrios são de ordem moral, o reequilíbrio
deve passar por uma retomada dos próprios valores do individuo. A cura se trata de
apenas uma transmutação obtida por modificação contínua de um ritmo desfavorável
da vida para um ritmo favorável.
Compreende-se, conseqüentemente, que a vida material está diretamente
ligada e na dependência da vida espiritual, sendo fundamental que os currículos
mediúnicos, de educação mediúnica, trabalhem o Espiritismo como visão sistêmica,
na qual o espírito é o agente primeiro da vida. Não há vida sem o espiritual.
Nessa visão sistêmica a vida é o conjunto integrado de espírito, perispírito,
mente e corpo material. A Doutrina dos Espíritos entende que o espiritual é imanente
em toda a matéria. A medicina espírita está vinculada ao entendimento pelo qual
quem faz interação em toda a vida é o espírito. Portanto, a saúde e a doença
dependem da interação do equilíbrio espiritual CRUZ (2001).
Cita-se, ainda, a lei da transauto-organização de cada organismo, que
lembra que é o espírito que projeta a vida na matéria; que cria um centro vital de
equilíbrio no organismo e que há um equilíbrio, uma interação entre a matéria e o
espírito. O ser humano, utilizando seu livre-arbítrio, tem a liberdade de transgredir ou
de observar a lei da transauto-administração dos sistemas vivos, contudo, arcando,
sempre, com o próprio desequilíbrio biótico quando houver a transgressão. É
importante lembrar que essa lei está associada à massa biomática de cada
organismo e que, nessa massa, existe uma intensidade de microorganismos, de
seres vivos, que interatuados pela força biomática, fazem equilíbrio dos órgãos, de
subsistemas e equilíbrio geral do organismo.
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A harmonia mental é responsável pela saúde, pelo poder, por toda a beleza
conhecida, por toda a felicidade vivida e querida, e consiste tão somente na união
com o Creador CRUZ (1985).
Essa harmonia mental é uma condição que pode ser obtida pelo espírito em
cujo organismo é latente a força inerente de cura.
Todo esforço e cuidado para com a saúde, todo investimento na vida física
é altamente compensador no espiritual, pois o espírito sempre terá melhores
condições de influir num corpo sadio CRUZ (2003c).
No entanto, muitas são as situações nas quais é necessário o uso dos
medicamentos e das cirurgias com a finalidade de restabelecer o equilíbrio na
tentativa de obter-se a saúde. Principalmente nos casos onde os cuidados
saudáveis foram relegados ao longo do tempo e a situação já se tornou crônica
mediante um organismo debilitado e em condições de difícil sobrevivência. Nestas
condições, a cirurgia, os medicamentos e outros procedimentos clínicos serão
altamente necessários com a finalidade de restabelecer a saúde do individuo para
uma posterior busca das causas verdadeiras e conseqüente terapia de reequilíbrio
físico, mental e espiritual.
MEDICAMENTOS
A tecnologia de produção de medicamentos encontra-se em um estágio
bastante evoluído, colocando à disposição dos médicos uma variada e extensa
gama de produtos que propiciam o alívio dos sintomas, das dores e dos sofrimentos
do homem, atuando como controladores das doenças físicas e psicossomáticas,
contribuindo para o reequilíbrio e a cura definitiva dos pacientes.
Entretanto, há que se tomar os devidos cuidados a fim de evitar-se o uso
inadequado e indiscriminado das drogas, as quais podem acarretar outros distúrbios
biológicos, levando o organismo a vícios e dependências químicas, bem como a
“mascarar” uma doença crônica.
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5.2 CIRURGIAS
Quando a situação de desequilíbrio é tal que o problema físico é aparente e,
em contrapartida, responde negativamente ao espírito e em muitas formas de
doenças localizadas no corpo, a cirurgia pode ser a única atitude terapêutica eficaz,
pois, sendo a saúde um processo, a necessidade de cirurgia indica que houve falha
na utilização de recursos capazes de promover o reequilíbrio antes do aparecimento
de alterações estruturais no organismo.
PROCESSO PENSAMENTO-AÇÃO
Como apresentado nos trechos anteriores, o espírito comanda ações
biológicas através do perispírito no sentido do reequilíbrio e da manutenção da
saúde como um todo. Este processo se faz de forma constante e ininterrupta em
uma conexão de duas mãos, ou seja, tanto envia como recebe mensagens do corpo
físico. Mas como se faz o acesso biológico?
A mente humana compõe a subestação do pensamento do espírito na
matéria (CRUZ, 2001) e é a responsável pela administração da vida do homem
encarnado. A mente, através do espírito que pensa, que raciocina, que se
impressiona e tem sentimentos, que quer e projeta, faz planos, organiza, absorve
experiências, comunica-se, interage e aumenta conhecimentos, enfim, dimensiona e
redimensiona as ações do homem, tanto no campo subjetivo como no consciente,
enfim, a mente compõe o laboratório central do homem-espírito. O cérebro reage
conforme os imperativos da mente, que por ele se exterioriza FRANCO (1995).
CAPRA (1995, p.130), na teoria dos sistemas vivos, assim se referiu à mente:
De acordo com a teoria dos sistemas vivos, a mente não é uma coisa, mas sim um processo – o próprio processo da vida. Em outras palavras, a atividade organizadora dos sistemas vivos, em todos os níveis da vida, é a atividade mental. As interações de um organismo vivo – planta, animal ou ser humano – com seu meio ambiente são interações cognitivas, ou mentais. Desse modo, a vida e a cognição se tornam inseparavelmente ligadas. A mente – ou, de maneira mais precisa o processo mental – é imanente na matéria em todos os níveis da vida.
Conforme Gregory Bateson (CAPRA, 1995, p.131): “A mente é a essência
do estar vivo”.
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É importante considerar que a mente, pela sua força criadora, é fonte
geradora tanto da saúde como da doença, como cita (XAVIER, 1965, pp. 17 e 18):
“a mente é mais poderosa para instalar doenças e desarmonias do que todas as
bactérias e vírus conhecidos”.
Alguns autores ampliam o estudo da mente, interpretando-a como um
corpo, ao qual denominam de Corpo Mental, como citou o neurocirugião Facure:
“Usando como método a semiologia neurológica, procuramos demonstrar a
existência de um corpo mental que se revela em diversas situações clínicas como na
histeria, na hipnose, na narcolepsia, no membro fantasma e nas chamadas
experiências fora do corpo” FACURE44 (2007).
O Corpo Mental é a forma pela qual se expressa o espírito imortal, ou eu
profundo ou o psiquismo puro, em dimensão superior àquela na qual se manifesta o
perispírito. É o corpo ou veiculo mais evoluído de que se reveste a individualidade
espiritual e onde se processa o raciocínio puro, elaborado, e de onde procede,
igualmente, a formação dos outros corpos menos evoluídos, através dos quais se
manifesta o espírito no mundo material. É nessa dimensionalidade em que se
manifesta o Eu mais profundo e onde são elaboradas as percepções objetivas ou as
idéias abstratas, as sínteses e as elucubrações filosóficas do ser imortal, o espírito.
Esse corpo é a fonte de toda manifestação intelectual do espírito no
polissistema material. Os fenômenos da memória, do intelecto e da cognição do
espírito são aí elaborados com vistas à sua expressão fenomênica.
No Corpo Mental são registradas as impressões captadas pelo perispírito e
enviadas ao espírito, ou do espírito para o exterior, impressões essas que se
transformam em impulsos elétricos e magnéticos via sistema nervoso.
O corpo mental reflete atributos mais sutis e elevados do espírito, inclusive
as comunicações mediúnicas. Sua natureza vibrátil é alta e a sua freqüência varia de
acordo com a natureza do pensamento emitido. Ou seja, nos pensamentos
elevados, portanto equilibrados, sua freqüência e vibração são mais amplas e
irradiam para freqüências também altas, equilibradas, benéficas. Pensamentos
desequilibrados (por exemplo: ódio, inveja e ciúme) irradiam-se com sintonia e
reforço de freqüências assemelhadas.
44
Texto.
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Dessa forma, o potencial mental de qualquer ser encontra-se intimamente
relacionado com a qualidade da fonte pensante, sendo impossível dissociar a
questão moral do potencial mental, no que se refere ao avanço do espírito no
universo.
O Corpo Mental tem a sua existência em uma dimensão além dos limites do
nosso espaço-tempo – três dimensões. Como exemplo, citam-se os considerados
sensitivos de todas as épocas como os que - pelas suas profecias - transpuseram os
limites vibratórios das três dimensões SANTOS (1997).
Todo pensamento do espírito desdobra-se no corpo mental de forma
correspondente à natureza do mesmo pensamento. O corpo mental graças ao
impulso do pensamento exterioriza uma fração de si mesmo que toma forma
correspondente ao perfil vibratório, sendo que este estado vibratório tem a
propriedade de sintonizar-se com outras vibrações análogas à sua, ou seja, tudo que
vibrar com o mesmo padrão BOZZANO (2006).
Jesus, espírito altamente evoluído, conhecia as capacidades inerentes aos
espíritos e recomendou aos seus apóstolos, ao seu povo, que praticassem
constantemente a higiene mental, ou seja, a manutenção de bons pensamentos,
construídos pela bondade, pela caridade e pelo amor, pois, sabia que assim agindo
eles vibrariam em freqüências altas e estariam recebendo boas intuições, boas
interações mediúnicas, em equilíbrio e em condições de curar outras pessoas, como
bem disse sobre os propalados milagres ao afirmar que os apóstolos, ou qualquer
ser humano, cristão ou não, poderia realizar tudo o que ele fez e até mais do que os
seus considerados milagres.
Assim, a partir do espírito, criando-se uma determinada condição mental,
com o ajuste das freqüências no perispírito, é feita a conexão de determinado
pensamento, impulso ou emoção, com o cérebro, que sempre os recebe como
sendo ordens a serem cumpridas.
Este processo é realizado a partir da mente, que é relacionado com os lobos
frontais do cérebro e a hipófise, exercendo influência decisiva sobre as demais
partes do Sistema Nervoso Central, fazendo interconexões com o Sistema
Endócrino e o Sistema Imunológico.
Também pela projeção do espírito no cérebro, transmitindo-lhe seus
pensamentos, suas vontades e orientações, feita a conexão de determinado
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pensamento, impulso ou emoção no cérebro, este a recebe como sendo uma ordem
verdadeira e se encarrega de tomar as devidas ações para cada determinado
pensamento ou pensamentos, cujas providências se fazem pelo Sistema Nervoso
Central, pelo Sistema Endócrino e Sistema Imunológico, que fazem a ligação aos
órgãos humanos e às células.
Pode-se considerar o mesmo mecanismo que realiza – em sentido contrário
– a comunicação, por exemplo, de uma alfinetada em uma mão, cuja espetadela é
simultaneamente recebida pelo espírito sob a condição de dor física. Considere-se
para isso que o corpo, o cérebro não sente e, sim, o espírito é que tem a sensação
de dor, condição específica do espírito encarnado.
Em uma situação onde o homem é submetido a um iminente perigo que lhe
ponha em risco a vida, como por exemplo, a inesperada aparição de um cão feroz, o
processo de conexão se faz via sentidos da audição pelo latido do cão e pela visão
do animal enfurecido. O automatismo do processo se faz primeiramente pelas
informações visuais e auditivas pelo cérebro que as retransmite ao
perispírito/espírito, este leva o choque retornando o impulso pela sua mente
projetando no perispírito/cérebro a emoção na forma de medo. Imediatamente e de
acordo com o tipo de mensagem recebida, haverá a liberação dos hormônios
necessários, que no presente caso poderá ser uma alta dose de adrenalina no
sangue que permitirá ao indivíduo uma reação na forma de fuga em velocidade ou
de ataque ao animal em questão.
Demonstram-se assim os caminhos percorridos pelas mensagens recebidas
e emitidas pelo espírito na administração, controle e/ou descontrole do seu
organismo biológico.
O indivíduo para auto-acionar este processo, que também podemos chamar
de pensamento-ação45, deve antes de tudo e baseado na fé racionalizada, ter a
intenção e o desejo de querer curar-se, passando assim a potencializar o poder de
organização do sistema psicofísico-espiritual CHOPRA (1994).
45
Processo pelo qual os pensamentos depois de criados pelo espírito – na mente – provoca intensa vibração no complexo mente/cérebro acionando os Sistemas Nervoso Central, Endócrino e Imunológico, além de interagir com outras mentes.
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HICKS e HICKS (2007b, p.46) assim se referiram sobre o pensamento:
“Você consegue aquilo em que pensa, querendo ou não” e “Quando mudamos a
forma de ver as coisas, as coisas mudam”.
O pensamento e a vontade exercem prevalente papel no processo de cura,
sendo a fé a potencialização dessa ação. Conforme BERBEL (2003, p.398):
“Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também aí está, pois é a alma
quem pensa. O pensamento é um atributo”.
Pensar bem e corretamente é o primeiro item de um bom programa de
saúde. Os pensamentos produzem efeitos certos no equipamento fisiológico de
quem os produz, que recebe, assim, forças semelhantes.
A Lei de Atração46 tem como premissa básica responder a todos os
pensamentos e, considerando que o ser humano está pensando o tempo todo, está
ininterruptamente criando sua própria realidade, portanto, sua vida. Uma maneira
simples de comprovar esta lei é relacionar o que se está obtendo nas experiências
próprias com o que se tem pensado (HICKS e HICKS, 2007a).
Segundo CRUZ é necessário sempre estar fazendo retro alimentação,
utilizando-se de pensamentos fortes e saudáveis, como por exemplo: vou bem! O
pensamento é a força mais poderosa que o homem pode dispor. Compreendê-lo é
alcançar equilíbrio, consciência da significação da vida, integração com o universo
cósmico inteligente CRUZ (1987).
A Doutrina dos Espíritos entende que como o pensamento é do espírito,
não há pensamento independente do cognitivo espiritual, do afetivo espiritual, da
psicomotricidade espiritual e do processo conativo espiritual. Desta feita, é
importante dizer que o cognitivo representa o conhecimento, o seu status fundante47,
portanto, todas as experiências que viabilizaram o indivíduo àquele estado
consciencial em que este se encontra CRUZ (2003b).
SANTOS (1997, p.248, item 62), em sua obra Medicina da Alma, comenta sobre os efeitos do pensamento:
Em estudos mais aprofundados, poderão observar que a mente possui poder de plasmar aquilo que pensa, de acordo com a intensidade e a força da vontade que gerou. Baseado
46
Todo pensamento vibra, todo pensamento emite um sinal e todo pensamento recebe de volta um sinal correspondente. (HICKS e HICKS, 2007b, p.44). 47
Status Fundante – Condição necessária para criação e sustentação continuada de idéias, conceitos, valores, linguagens, instituições e estrutura social. Caderno de Psicofonias de 1994. (CRUZ, 2005, p.159).
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nisso, é lógico raciocinar que mantendo um padrão mental superior, alimentando a mente com pensamentos elevados, de saúde, de equilíbrio, de otimismo e segurança, naturalmente as forças psíquicas irão moldar o estado compatível com a qualidade do pensamento que abriga, entendendo, no entanto, que a mente não é nenhuma caixa de Pandora, de onde se tira constantemente soluções mirabolantes para males que muitas vezes guardam sua gênese em vivências passadas. Tudo deve ser visto com equilíbrio.
Segundo FRANCO (1995, p.64) “Os pensamentos e atos logo após
arquivados na mente programam as atitudes das pessoas”.
Os pensamentos, as emoções, as angústias, os traumas e outros conflitos
de natureza emocional, se traduzem por uma vibração energética que influi, de
maneira intensa, no magnetismo peculiar das células físicas, através dos Plexos48,
traduzindo-se em situações as mais variadas para o corpo físico SANTOS (1997).
O PROCESSO DA FÉ
Desde a antiguidade e passando por todas as idades da civilização
encontram-se sinais do exercício da fé por todos os povos. Uma das importantes
manifestações da fé evidente aconteceu na época cristã, onde os eventos
conhecidos por milagres exerceram significativos efeitos junto às populações,
principalmente para os seguidores de Jesus Cristo.
Os resultados obtidos pela fé, mesmo que ocorridos há muitos milênios,
persistem até os dias atuais. Muitas religiões têm sido criadas e mantidas sob a
esperança e o fascínio exercido pela fé num Creador, que para uns é único e para
outros são vários.
Uns admitem a chamada fé cega, outros defendem a fé racional e terceiros
não admitem nem a existência de um Creador.
Que poder tem a fé? Que ação exerce sobre o homem? Sobre sua vida, sua
saúde, por exemplo?
Quanto maior for a fé do homem em Deus, mais intensa será a sua relação
com todo o universo da criação CRUZ (1987). A fé constrói a esperança e a
esperança estrutura os sonhos e abre espaços para a realização de ações
objetivas no sentido da concretização dos projetos humanos.
48
Plexos são feixes nervosos do corpo físico onde há maior concentração de nervos. Os centros de força são também denominados de discos energéticos e centros vitais, mas são vulgarmente conhecidos pelo nome de chacras, por causa das filosofias orientais. (KULCHESKI, 2007, item 3).
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A fé admitida racionalmente transforma-se em convicção. É a certeza da
realização do ainda não realizado. É o caminho que cria, constrói e realiza o futuro
no presente. É a materialização do abstrato no concreto.
CRUZ49 (1987) afirma: “Todos caminhamos na direção e no movimento das
nossas convicções”.
Jesus Cristo apregoou: A fé remove montanhas!
Mas, na prática, como funciona o processo da fé no organismo humano?
Como um Ser abstrato age na matéria? Ele, o ser abstrato só age quando
solicitado? E todos os que pedem são atendidos? Por que uns são curados e
outros continuam doentes, apesar de também confessarem a fé?
São muitas as indagações que podem ser feitas e os entendimentos são os
mais diferentes possíveis. O Evangelho Segundo o Espiritismo (KARDEC, 2002)
trás o seguinte texto:
O poder da fé tem aplicação direta e especial na ação magnética. Graças a ela, o homem age sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá impulso por assim dizer irresistível. Eis porque aquele que alia, a um grande poder fluídico normal, uma fé ardente, pode operar unicamente por sua vontade dirigida para o bem, esses estranhos fenômenos de cura e de outra natureza, que antigamente eram considerados prodígios, e que, entretanto não passam de conseqüências de uma lei natural. Essa a razão porque Jesus disse aos seus apóstolos: se não conseguistes curar, foi por causa de vossa pouca fé KARDEC (2002, p.244, item 5).
Os milagres de Cristo e dos apóstolos demonstraram o quanto pode o
homem que tem fé, a vontade de querer. Aqueles milagres eram, sem dúvida,
efeitos do Magnetismo, força inerente ao homem, mas que eram desconhecidos
àquela época. Deve-se observar que Cristo sempre que realizava uma cura,
aduzia ao final: A tua fé te curou! E, também, antes da cura perguntava ao doente:
queres ser curado?
Cristo estava sintonizando-se no corpo mental do individuo – espírito
encarnado – e, assim, o preparava, facilitando que sua fé promovesse a cura.
Então, percebe-se que a vontade do espírito que apresentava o desequilíbrio era
preponderante na realização da cura. Cristo, cuja moral para o exercício das curas,
era indiscutível, obtinha sempre o resultado almejado, ou seja, a cura.
49
Preleção.
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“O magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé, quando posta
em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos estranhos que,
antigamente, foram qualificados de milagres” KARDEC (2002, p.249).
Depreende-se que a fé trata-se de poderosa alavanca que se for bem
utilizada pelo homem poderá o mesmo realizar os chamados milagres que, na
verdade, nada mais são que a perfeita utilização dessa faculdade humana. É
necessário, entretanto, que o espírito, encarnado ou desencarnado, tenha a plena
convicção da existência dessa faculdade e exerça sua vontade de forma
irrepreensível, eis que a vontade é a mola mestra dos fenômenos magnéticos,
sendo, também, significativo lembrar-se e ter em mente a máxima popular: querer
é poder!
Encontram-se muitas pessoas que alegam não terem fé, mas que gostariam
muito de encontrá-la. Esses indivíduos aguardam que a fé chegue até eles de uma
forma mágica. Porém, sabe-se que a fé não é prescrita e nem cedida, pelo contrário,
a fé se adquire, basta abrir os ouvidos e os olhos diante da exuberância da natureza
e ir catalogando todas as provas da existência de Deus. Todos os seres humanos
têm acesso à fé, pois ela faz parte do processo da criação.
Lê-se no Evangelho (KARDEC, 2002, p.245): “Não, a fé não se prescreve,
mas se adquire, e não há ninguém que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre
os mais refratários”.
A ação da fé no corpo biológico tem como princípio o espírito. A partir do
instante no qual o espírito, pela convicção, pela forte vontade, acionou os
mecanismos da fé há um intenso movimento de vibração no complexo mental, que
imediatamente interage com o cérebro e as funções endócrinas, fazendo a conexão
com os neurotransmissores e os plexos, conforme o processo pensamento-ação
estudado em capítulo precedente.
O conhecido efeito placebo50, que é o efeito da sugestão, age no fisiológico
mediante a utilização do mesmo princípio da fé na auto-cura FISH (1988).
Esse potencial mental do homem está intimamente ligado às suas condições
morais, não sendo possível dissociar essa relação da sua capacidade de acessar o
universo. Ou seja, condições morais duvidosas indicam fracas possibilidades do
50
Placebo: substância na qual os pacientes acreditam haver potência para curá-los de suas enfermidades; entretanto, trata-se de substâncias inócuas (pílulas de açúcares). (FISH, 1988, p.15).
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exercício pleno da fé, acarretando dificuldades na realização da auto-cura ou mesmo
na cura de outro ser.
Vale repetir a necessidade da higiene mental constante e a vigilância com os
pensamentos, pois se tratam de instrumentos que detonam os processos mentais da
criação, sejam bons ou maus, querendo ou não o indivíduo pensante.
A cura espiritual total consiste em não ceder à realidade de uma situação
negativa, no caso a doença. Há que se ter a consciência de que Deus e suas obras,
seu universo, suas criaturas, o homem, são tão reais e verdadeiros que nenhum
mal51, nenhuma negação, podem coabitar com esse universo do Creador.
O UNIVERSO QUE VIBRA
A doutrina dos espíritos, quando trabalha a lei da transauto-administração
dos sistemas vivos, procura demonstrar que há um equilíbrio no universo,
conseqüentemente há um equilíbrio em cada organismo vivo CRUZ (2001).
Ao contemplar a natureza pode-se observar a simplicidade dentro da
complexa movimentação e do relacionamento de todos os seres e coisas. Tudo tem
uma razão de ser e de existir. Uns complementando outros. Alguns existindo para
que outros vivam. Outros desaparecendo para que alguns vivam. É um
encadeamento de vidas sem fim. Tudo em torno de um processo: evolução!
O pássaro, a formiga, o cão, o homem, o riacho, o peixe, a grama, as
árvores, a bactéria, as pedras, a montanha, as nuvens, a luz, a escuridão, o vento, a
chuva, a lua e o sol compondo a vida na esfera terrestre. Ninguém está sozinho no
mundo. Há uma interdependência geral. Tudo é movimento e todo movimento gera
outros movimentos desencadeando ações interconectivas. A lua está na terra e a
51
Tornamos a frisar, para efeito de maior clareza, que os males, embora não existam realmente no plano da creação divina, existem, contudo no plano da nossa creação humana; porquanto o nosso ego-consciente tem a força de crear “fantasmas”; e, depois de creados o fantasma do mal, o ego crê firmemente na realidade das suas creações – e vira o feitiço contra o feiticeiro! As creações fantásticas do nosso ego atuam, depois, como tiranos desse mesmo ego. Não adianta lutar contra esses fantasmas – é necessário des-crear o que foi creado. Quem confunde o Teo-real com o ego-realizado, nunca sairá do seu ciclo vicioso de males ego-creados e ego-temidos. Não se trata de destruir esse pseudo-objeto – é necessário retificar o próprio sujeito que projetou ao espaço essas miragens do deserto. ”A Arte de Curar pelo Espírito”. (GOLDSMITH, 2004, p.62).
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terra está no sol e o sol está na galáxia, que está no universo e que está no cosmo
que está no Creador que está no cosmo.
O universo é uma grande rede de informações e conexões. Tudo está
interligado. Tudo está vibrando!
Este é um universo de vibração. Como Einstein observou uma vez: nada
acontece até que algo se mova! Ou seja, tudo vibra em uma determinada
freqüência mensurável HICKS e HICKS (2007b).
Nada é por acaso. Tudo é racional. Há uma lei no cosmo que descreve toda
a vida existente, chamada transauto-administração dos sistemas vivos (CRUZ,
2001). Esta lei administra desde um sistema de protozoários, uma manada de
búfalos selvagens, uma família de orquídeas, até um grupo de pessoas e/ou
espíritos no espaço. Trata-se de um conceito de vida integrada pelo processo da
imanência espiritual na matéria e da transcendência espiritual do ser inteligente,
criando equilíbrio entre os reinos mineral, vegetal, animal e humano.
Toda a vida do homem se desenvolve em redes sociais de conhecimento,
de comunicação e informação CRUZ (2001).
No que concerne aos organismos vivos, a organização de cada um está sob
os efeitos da transauto-organização dos organismos. O espírito cria um centro vital
de equilíbrio no organismo interagindo entre a matéria e o espírito. Cada organismo
passa a ter um meio próprio de se comunicar com todos os sistemas vivos.
Dentro desta visão do universo que vibra e que interliga todos os seres,
podem-se conceber os eventos das comunicações, da telepatia, da intuição e da
mediunidade. É o pensamento, a mente, em total interação com as mentes de todos
os seres do universo. Pode-se, em conseqüência deste conhecimento, compreender
melhor o processo da fé, da doença e da cura do homem.
Cruz 52 (1987) assim se pronunciou sobre esse processo: “Quanto maior for
a fé do homem em Deus, mais intensa será a sua relação com todo o universo da
criação”.
Entendendo o universo que vibra amplia-se a visão sobre as questões aqui
estudadas, quais sejam, o processo pensamento-ação, o processo da fé e a atuação
52
Preleção.
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dos plexos, podendo-se relacionar ao exercício da vontade e da convicção, o querer
é poder, as emoções e o livre-arbítrio.
Assim passa a ter significativa importância o controle e a vigilância de todo
tipo de pensamento e de emoção, eis que se constituem em forte instrumento de
comunicação com as outras mentes do universo, como muito propriamente se
referiram HICKS e HICKS (2007b, p.43) “... As emoções são os mais sofisticados
intérpretes das vibrações”.
Complementando esta idéia, HICKS e HICKS (2007a, p.40) colocam: “A Lei
de Atração afirma: coisas e vibrações semelhantes se atraem”, ou melhor dizendo:
coisas semelhantes fazem ressonância.
6
___________________________________________________________________
AUTOCONHECIMENTO
Pode-se referir ao conhecimento como o ato ou a atividade de conhecer,
realizado por meio da razão e/ou da experiência.
Tem algumas origens conhecidas, como os inatos que estão na razão do
homem desde toda sua história de vida. Os empíricos que são adquiridos através
dos sentidos físicos; os obtidos por autoridade, ou seja, que vêm de outros sujeitos
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mais bem informados, consultas a compêndios, enciclopédias e especialistas em
vários domínios; os obtidos por experiências religiosas e os científicos obtidos por
métodos experimentais científicos e comprovados através da lógica pelos métodos
dedutivo e indutivo.
As informações nos chegam via os meios mais diversos possíveis, como
jornal, televisão, revista, rádio, internet, amigos e desconhecidos. Trata-se de uma
enxurrada de informações sobre todos os atos da sociedade na qual vivemos. As
informações são as mais variadas e o processamento desses dados são realizados
no cérebro humano, que após processo seletivo são arquivados e passam a fazer
parte do conhecimento geral do espírito. Para que passem a fazer parte da memória
espiritual é necessário que cada dado que veio, seja pela informação, pela intuição
ou por outros meios, seja compreendido e aceito - introjetado – podendo assim fazer
parte do conhecimento do espírito. Aqueles pensamentos, informações, dados que
não foram assimilados não se constituem em conhecimento e, simplesmente, são
descartados. O processo do autoconhecimento passa a funcionar a partir deste
ponto e quando o indivíduo passa a conhecer, a conceber, a aceitar determinado
conhecimento como seu, de sua propriedade, então esse novo conhecimento passa
a fazer parte do seu autoconhecimento, ou seja, é o conhecimento de si mesmo
sobre aquele assunto, que fica incorporado ao seu ser como um todo e já não é
mais uma informação que veio de fora, agora é um conhecimento de dentro para
fora, ou seja, é o autoconhecimento.
Ao se perguntar a uma pessoa, um fumante, por exemplo, se ela sabe que o
ato de fumar faz mal à saúde, ela certamente responderá que sabe perfeitamente
que o fumo é nocivo à sua saúde e, ainda, acrescentará que parar de fumar é muito
difícil, que se trata de um vício muito forte e, assim, encontrará diversos argumentos
para apoiar sua fraqueza humana e a conseqüência é continuar fumando. Então,
pode-se verificar que esse conhecimento que essa pessoa possui ainda é
superficial, intelectivo, ela tem apenas uma informação que ainda não foi “digerida” e
como tal não assimilada pelo seu eu interior e, portanto, não faz parte do seu
autoconhecimento.
Essa questão trata-se de uma equação simples: não se transformou em
autoconhecimento → nenhuma providência foi tomada a favor do ato de parar de
fumar. E, assim, seguem-se todas as demais informações - em relação a todas as
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questões que afligem o ser humano - que nos chegam diariamente, momento a
momento, por todos os canais da comunicação, inclusive os da própria experiência
que são os acontecimentos fortuitos ou não fortuitos. É um continuum processo:
informações aceitas → conhecimento → autoconhecimento → ação. Informações
não aceitas → descarte → não conhecimento → nenhuma mudança → nenhuma
ação positiva.
Segundo MORIN (2003) a comunicação não garante a compreensão e há
duas formas de compreensão: a intelectual objetiva e a compreensão humana
intersubjetiva. Compreender significa intelectualmente apreender em conjunto,
passando pela inteligibilidade e pela explicação, que é necessária para a
compreensão intelectual ou objetiva.
“A compreensão humana vai além da explicação. A explicação é bastante
para a compreensão intelectual ou objetiva das coisas anônimas ou materiais. É
insuficiente para a compreensão humana. Esta comporta um conhecimento de
sujeito a sujeito” MORIN (2003, p.94).
Há que se fazer profundas reflexões nas áreas do autoconhecimento: como
estou em relação à minha família? Como está minha família em relação ao meu eu?
E em relação aos meus amigos? Em relação ao Governo? Ao meu país? Em relação
ao universo? Em relação à minha saúde? Como está a relação com Deus?
O processo de autoconhecimento representa consciência critica de
transdiciplinaridade, uma vez que o pensamento representa integração com as
chamadas redes de informação, de comunicação, de conhecimento e de virtualidade
prática, não há como fazer autoconhecimento, desconhecendo a identidade com a
vida CRUZ (2001).
Autoconhecimento, ou conhecimento de si, busca a explicação de como e o
que é conhecido; leva o sujeito a ser mestre de si mesmo, melhorando-se como ser
humano. Um dos meios para se autoconhecer é a meditação e a reflexão para
desvendar o íntimo.
Alguns filósofos como Platão, Spinoza, Freud, viram o autoconhecimento
como a realização que leva à saúde e a liberdade. Sócrates, com a sua máxima
“Conhece-te a ti mesmo” expressou com propriedade o autoconhecimento. Sobre
esta questão assim se pronunciou Agostinho (KARDEC, 1993b, p.423):
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“Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está
precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo53?
O autoconhecimento é uma interpretação e uma realização de si mesmo.
Tanto Spinoza, como Nietzsche, Heidegger ou Sartre enxergaram o
autoconhecimento como uma autocrítica, ou seja, uma profunda reflexão sobre a
existência do próprio ser objetivando uma ampla reforma íntima. O caminho capaz
de atingir o autoconhecimento é a profunda reflexão das experiências obtidas na
vida, analisando o próprio comportamento e compreendendo as próprias ações e,
assim, evitar os erros já cometidos anteriormente.
Nesse processo de reflexão, é preciso reconhecer as falhas, os erros, as
potencialidades e as qualidades, pois, conhecendo os próprios limites e as áreas
nas quais está falhando é que se pode iniciar o processo de autoconhecimento. Se
for detectado orgulho, há que desenvolver a humildade; se for detectado o egoísmo,
há que ser mais generoso; se houve traição deve-se aprender a perdoar e assim por
diante.
O homem deve se conscientizar, compreendendo, que deve fazer a
concepção crítica de um projeto político pedagógico individual, que esteja em
consonância com a sua sociedade e que o leve a fazer autoconhecimento mediante
a disciplina pessoal e a percepção da complexidade como ser, sua inteligência, o
seu pensamento e o seu possível na relação com os seus pares, o seu universo, ou
seja, tendo uma visão ampliada da vida CRUZ (2005f).
Deve-se salientar que ninguém chega ao autoconhecimento sem muitas
indagações ao seu próprio interior, sendo que a primeira indagação a ser
recomendada deverá ser sempre esta: o que eu posso fazer para mim neste
momento? CRUZ (2005f).
53
“Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar”. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocassem todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado”? “O Livro dos Espíritos” (KARDEC, 1993, p.423, pergunta 919).
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O autoconhecer é significativamente importante no processo evolutivo do
homem, pois muda o seu comportamento humano, tornando-o a cada momento
mais ético diante da vida (CRUZ, 1999), transformando sua composição mental de
forma a permitir maior alcance e domínio das suas emoções e, conseqüentemente,
das suas ações, o que será traduzido em melhores condições morais, em
serenidade e equilíbrio, portanto, em saúde física, mental e espiritual.
TÉCNICAS E ORIENTAÇÕES REEQUILIBRANTES
Este tópico é dedicado ao ser que tenha despertado, ou que queira
despertar, e esteja no caminho da busca do autoconhecimento; ao indivíduo que
compreendeu o homem como um ser integral, sujeito às reencarnações e, portanto,
sujeito às doenças, e que conhecedor dos processos de cura e reequilíbrio e dos
processos da mente e da fé relacionados com o universo que vibra, e nesse patamar
de autoconhecimento queira trabalhar a construção do seu próprio equilíbrio psico-
bio-espiritual.
Considerando o nível do conhecimento científico-filosófico-religioso a que
chegou o homem, e pelo exposto neste trabalho, entende-se que o indivíduo, o
homem atual, tendo em vista os diversos fatores que influenciam sua saúde e os
problemas relacionados ao viver, à sociedade moderna, aos fatos que originam o
desequilíbrio e as conseqüentes doenças, deve e tem necessidade de interessar-se
mais e objetivamente pela manutenção da saúde do ser como um todo.
É preciso que o indivíduo se arvore e se constitua no principal líder da sua
própria vida, da sua existência terrena, assumindo a liberdade e o poder que tem de
administrar o seu corpo fisiológico em consonância com o seu próprio “eu” como
espírito, eis que, além do Creador, quem mais se interessa pelo homem é o próprio
homem. Isto quer dizer que se o individuo não se interessar por si próprio, nessa
questão da saúde, quem na verdade se interessará mais do que ele mesmo?
Assumir o leme do seu próprio barco é uma questão de necessidade, de
autoconhecimento e, acima de tudo uma questão ética, humanitária, pois, a melhora
do homem representa a melhora da humanidade, que redunda na própria melhora
do homem.
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Assim, cada indivíduo, dentro das suas próprias características, únicas no
universo, deve se tornar capaz de melhor conhecer suas condições existenciais que
envolvam sua saúde. É preciso que se procure, que se pesquise, que se localize
melhores condições de atingir alto grau de qualidade de vida, que se exercite para
isso, que estude todas as condições existentes, todas as variáveis possíveis e que
objetivamente escolha para o cuidado da sua saúde os profissionais que estejam
alinhados com o seu modo de pensar, que tenha o seu médico de família, o qual,
evidentemente, é o que mais o conhecerá, que consulte profissionais especializados
sempre que for necessário, consultando mais de um nos casos de dúvidas e que,
assim, chegue a uma conclusão sobre qual caminho tomar, quais orientações seguir,
quais medicamentos são absolutamente necessários e se há mesmo a necessidade
de uma cirurgia ou procedimento médico para o caso em questão.
Há que se ter consciência que os profissionais médicos, as medicinas, as
terapias existentes, os medicamentos, sejam alopatas, homeopáticos ou
fitoterápicos são necessários para o encaminhamento do indivíduo ao reequilíbrio,
porém, cada caso é um caso diferente do outro e o que é bom para um indivíduo
poderá não ser bom para outro determinado indivíduo.
Então, é preciso que cada um administre sua qualidade de vida de acordo
com as condições da sua própria vida, como citaram os médicos SHAMES e
STERIN (1993, p.204): “Há uma grande beleza e liberdade em sermos o nosso
próprio médico-terapeuta-mestre. Ao aceitar quem você é e o que você é, o seu
caminho será sempre em direção ao seu bem-estar total”.
A presente pesquisa pretende propor que é possível ao homem administrar
e curar muitas das suas doenças orgânicas através da observação de alguns
questionamentos, técnicas e ações que propiciarão o reequilíbrio do homem a partir
do espírito:
1. Autoconhecimento – estudado no item seis.
2. Aceitar e procurar entender a complexidade do homem como o ser inteligente do
universo, composto por espírito, mente, cérebro, perispírito e corpo físico.
3. Que o homem está inserido dentro de um contexto cultural, sujeito às vicissitudes
da sociedade na qual vive.
• Procurar saber que o que agrava a dificuldade de conhecer o mundo é o modo
de pensar que atrofiou no ser humano a aptidão de contextualizar e de globalizar,
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uma vez que a exigência da era planetária54é pensar sua globalidade, a relação
todo-partes, sua multidimensionalidade, sua complexidade, nos remetendo à
reforma do pensamento, necessária para conceber o contexto, o global, o
multidimensional e o complexo (MORIN, 2003).
• Praticar o exercício da meditação com freqüência diária, preferencialmente,
duas vezes ao dia, em torno de quinze a vinte minutos por sessão. Nestas
sessões podem se fazer as primeiras indagações: Quem sou eu? De onde vim?
Para onde vou?
• Esta técnica visa dar ao indivíduo a oportunidade de reencontrar-se com os
seus talentos, explorando-os no sentido de prestar benefícios à humanidade,
além de trazer-lhe a realização do seu objetivo como espírito encarnado DAVIS
(1978).
4. Exercitar a auto-reflexão. Estou em paz com a minha consciência?
• O homem, ser vivo consciente, traz no seu bojo reencarnatório toda a
experiência acumulada das suas vivências anteriores, assim como a memória de
todas as construções do seu conhecimento que o trouxeram até o presente.
Muitas das suas ações lograram êxitos, outras, muitos fracassos, e outras tantas
acarretaram o acúmulo de questões morais negativas, imputando-lhe ansiedade
e dúvidas no seu comportamento, desequilibrando-o. A reflexão visa redescobrir
esses fatores para poder resgatá-los mediante ações positivas.
5. Projeto Político Pedagógico - Como está o meu projeto de vida? Estou no
caminho certo? Onde devo mudar? Quando mudarei?
• Construir o projeto político pedagógico55 da sua vida. Rever tudo o que foi
realizado e o não realizado até então. Traçar bases sólidas mediante metas e
54
...O império dos Incas e o Império dos Astecas dominam nas Américas e Cuzco, assim como Tenochtilán, ultrapassa em população, monumentos e esplendor as cidades de Madri, Lisboa, Paris, Londres – capitais de jovens e pequenas nações do oeste europeu. Entretanto, a partir de 1492, são estas jovens e pequenas nações que se lançam à conquista do Globo e, por meio de aventuras, guerras e morte, engendram a era planetária que, desde então, leva os cinco continentes à comunicação para o melhor e o pior. ...Assim, a era planetária abre-se e desenvolve-se na e pela violência, pela destruição, pela escravidão e pela exploração feroz das Américas e da África. (Edgard Morin, 2003, p.65-66). 55
Instrumento para transformar idéias em ação. Ele define estratégias que possibilitam alcançar os objetivos escolhidos. É político porque se refere à capacidade do homem administrar-se no espaço, programar o devir. E é pedagógico porque envolve a capacidade das pessoas fazerem escolhas em função das suas experiências e evoluírem com isto. Antonio Grimm, Caderno de Psicofonias de 2004. (CRUZ, 2005, p.166).
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objetivos plausíveis e alcançáveis a curto, médio e a longos prazos. Objetivar
somente aquilo que é necessário para o seu crescimento como homem livre e
desvencilhado das futilidades materialistas e/ou mundanas.
6. Consciência cósmica - Estou atendendo minha vocação principal e minhas
aspirações? E os meus anseios íntimos? O que estou fazendo é o que devo
mesmo fazer? Como está a realização do meu sonho?
• Deve-se considerar que todo ser humano é dotado de talentos os mais diversos
e cada um tem, especificamente, um talento no qual pode expressar da melhor
forma suas capacidades e suas habilidades de maneira única, original e
inigualável entre os seus pares, como afirma CHOPRA (1994, p.87): “A lei do
darma diz que todo ser humano tem um talento único. Você tem um talento só
seu. Ele é único em sua expressão e tão específico que ninguém mais em todo o
planeta tem um, igual, ou maneira parecida de expressá-lo”. Ou seja, ele é a sua
singularidade.
• “O médium não poderá nunca deixar de perceber que há no seu ser a
consciência da vocação, cada ser humano tem uma significação insubstituível
cosmicamente para toda a humanidade, cada um de nós somos essencialmente
nós na força de nossa identidade, na expressão de nossa consciência e assim
seremos evolutivamente ao longo da passagem do tempo.” CRUZ56 (2003 d).
• Então se entende que o homem interessado no seu equilíbrio deve a todo custo
buscar o encontro com o seu talento natural sob a pena de ao não o estar
utilizando sujeitar-se às insatisfações do seu ego diante das suas aspirações
vocacionais, o que certamente lhe acarretará transtornos somáticos.
7. Cuidados com o corpo físico - Como está minha qualidade de vida? Como estou
em termos de higiene alimentar? Estou mantendo um programa de manutenção
física?
• Refletir sobre as condições corporais, se está abaixo ou acima do peso,
procurando enquadrar-se no peso ideal mediante processo disciplinar pessoal;
• Fazer uma revisão detalhada das condições alimentares do seu cotidiano
estabelecer metas para uma alimentação sadia, preferindo os alimentos naturais,
orgânicos, dos quais conhece as origens produtivas;
56
Aula.
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• Eliminar as bebidas artificiais - refrigerantes e sucos com compostos químicos –
atualmente até determinados tipos de águas57engarrafadas, com sabores, não
mais se tratam da formulação natural H²o, pois adicionaram mais alguns
elementos químicos estranhos; beber pelo menos dois litros de água pura,
natural por dia;
• Exercícios físicos – imprescindível ao organismo as caminhadas ao ar-livre58,
adicionadas com academia, natação, hidroginástica ou qualquer outro esporte
que preferir; caso não pratique nenhum esporte, as caminhadas tornam-se ainda
mais necessárias, pois é o exercício natural do ser humano, não sendo
aconselhável prescindir delas;
• Programa geral de saúde – se necessário solicite a um ou mais profissionais da
saúde e faça um programa pessoal que abranja a alimentação e a prática de
exercícios físicos;
• Com referência ao ato de comer, Benjamin Franklin (KELDER, 2001, p.53) fez o
seguinte comentário: “Para aumentar tua vida, diminua tuas refeições”.
8. Aspectos filosóficos religiosos – não importa qual seja o credo adotado, ou
mesmo que não tenha nenhuma religião, é importante refletir sobre algumas
questões:
• Tenho confiança na existência de um Creador?
• Estou exercendo os caminhos do bem e da caridade?
• Reconheço no meu semelhante a identidade com o Creador?
• Amo o meu próximo como a mim mesmo?
• Já aprendi a perdoar e a não guardar ódio ou ressentimentos?
9. Cidadania, Ética e Moral – fazer auto-análise como cidadão:
• Estou cumprindo com minhas responsabilidades sociais e estou ciente dos
meus benefícios?
• Tenho conhecimento do que seja a Ética?
• Tudo o que faço é baseado nos princípios elevados da Moral?
10. O exercício do pensamento – administrar e controlar sua mente:
57
Aquarius Lemon contém: água, acidulante ácido cítrico, aroma sintético idêntico ao natural, seqüestrantes hexametafosfato de sódio e edta cálcio dissódico, edulcorantes artificiais ciclamato de sódio e sacarina sódica, conservantes benzoato de sódio e sorbato de potássio. Fonte: The Coca Cola Company, 2007. 58
Contato com a natureza pode ser um ingrediente essencial para a “Dieta Total”. (SHAMES & STERIN, 1993, p.137).
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• Tenho o devido cuidado com os meus pensamentos? São construtivos?
• Meus pensamentos beneficiam aos outros e a mim mesmo?
• Estou pensando bem e corretamente?
• “Ao ajustar sua vida às idéias mantidas em sua mente a realidade exterior se
manifestará de acordo com o seu ideal” DAVIS (1978, p.26).
• O pensamento é tão importante na vida do homem que esta atividade ele tem
que trabalhar o tempo todo, não se descuidando um momento sequer. O
pensamento é ação que demonstra sua integridade, seu equilíbrio, fortalecendo-
o ou trazendo-lhe dificuldades imensas pelo ato de não pensar corretamente
CRUZ (2003a).
• Lembre-se que o homem é uma máquina pensante e, conseqüentemente, uma
máquina criadora que está vibrando vinte e quatro horas por dia, a vida toda, com
todos os seres e coisas do universo e procure cuidar muito bem dos seus
pensamentos, pois a interação com o cosmo é sua e é total.
11. Medicina – refletir profundamente:
• Estou ciente que a Medicina muito fará por mim se eu for o primeiro interessado
em cumprir toda a orientação médica necessária e que pouco poderá fazer se eu
deixar de observá-la?
12. Capital de vida – Fazer conscientização:
• De acordo com o projeto reencarnatório houve uma reserva de energia para o
corpo somático realizar o projeto de vida individual de cada ser;
• O capital de vida é como se fosse uma bateria elétrica, que ao esgotar sua
carga “apaga-se” como uma lâmpada ao queimar-se;
• Quem utilizar bem e racionalmente sua bateria poderá utilizar todo o seu capital
de vida, ou até mais da energia reservada, ao passo que a má utilização do
mesmo acarretará a interrupção do projeto de vida antes de completá-lo;
• Não é possível dilapidar o capital de vida com uma vida sedentária, inútil e sem
objetivos ou, na pior das hipóteses, buscando objetivos escusos e, por exemplo,
pedir a Deus que cure suas doenças, trate seus sofrimentos e alongue sua vida.
Será muito mais plausível administrar muito bem sua vida e seus objetivos
terrestres e, depois, pedir a Deus que permita energia e sabedoria para resolver
os problemas do cotidiano;
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• Sobre esta questão, sábio conselho encontra-se na Bíblia: O discípulo de
Moisés procurou-o durante a noite, no acampamento, em pleno deserto, onde se
avizinhava uma temível tempestade de areia e disse-lhe: “Senhor, pedi a Maomé
que proteja meu camelo, eis que forte tempestade irá assolar nosso
acampamento durante esta noite e temo que meu camelo pereça!” Ao que lhe
respondeu Moisés: “Primeiramente, procure um lugar seguro e protegido e
amarre bem o seu camelo, depois ajoelhe-se diante de Deus e aí peça-lhe
proteção para o seu animal”.
7
___________________________________________________________________
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa traz o tema da saúde do homem a um debate aberto entre as
áreas das medicinas, da filosofia e da religião, despertando para a realidade do
homem integral composto de espírito, perispírito e corpo físico, eis que todos
compõem o ser homem. O homem para desfrutar da saúde integral necessita do
equilíbrio e bom nível de comunicação, respostas e entendimento entre o espírito
pensante e o corpo físico com a mediação do perispírito, podendo, desta forma,
almejar a sonhada saúde perfeita, que está sujeita aos diversos fatores inerentes
aos complexos mecanismos aos quais se submete o reencarnado neste planeta,
quer sejam de ordem física, genética, social, econômica, política ou puramente
pessoal.
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A análise parte da origem do espírito como forma de colocar o leitor a
partilhar uma visão ampliada sobre a questão da doença, da sua origem e a
importância do perispírito no contexto do processo da saúde. Percebe-se que não há
saúde física exclusiva e, nem tampouco, somente a espiritual, como apregoam
alguns seguimentos da sociedade. Tratam-se de duas alas antagônicas: alguns na
defesa irredutível da medicina mecanicista e alguns espiritualistas fincando âncoras
na medicina espiritual. Entretanto, o que se observa é que a saúde depende de
todos os fatores conhecidos, quais sejam os científicos, os genéticos, os
psicossomáticos e os espirituais, havendo um entrelaçamento entre eles e nada
deve ser desprezado pelo pesquisador e interessado na cura dos males que afetam
o homem desde a sua existência.
Mais do que uma pesquisa sobre doença, a cura e a obtenção da saúde,
apresentou-se um ensaio voltado ao encontro do homem contemporâneo com o
homem natural, o homem integral citado pelos espíritos Joanna de Angelis59 e por
Antonio Grimm60. O homem como ser complexo abrangendo os diversos homens: o
biológico, o espiritual, o social, o econômico, o filosófico e o religioso, em cujos
desdobramentos a ciência, a filosofia e a religião passam a trabalhar no sentido de
entender a sua origem e os seus objetivos no universo.
São avaliadas algumas técnicas para aplicação na vida cotidiana do
indivíduo com a finalidade de trazê-lo para a realidade da necessidade de uma
ordem de disciplina pessoal na qual ele é o maior interessado e o grande
responsável pelas suas condições saudáveis ou não saudáveis. Neste aspecto, esta
pesquisa, coloca o leitor a fazer profunda reflexão sobre o seu modo de vida, seus
comportamentos mundanos e o leva, também, a refazer seu projeto de vida visando
atingir o nível ideal de qualidade de vida necessário para a recuperação e a
manutenção da sua saúde total, ou seja, equilibrada. Analisou também esta questão
do equilíbrio, eis que há que considerar-se a ausência de um equilíbrio permanente
no universo, sobre o que a ciência tem demonstrado que a busca do equilíbrio só se
59
Jesus, superando todos os limites do conhecimento, fez-se o biótipo do Homem Integral, por haver desenvolvido todas as aptidões herdadas de Deus, na condição de ser mais perfeito de que se tem notícia. (FRANCO, 1990, p.8). 60
O homem integral é aquele que atinge coerência entre a sua vivência e a verdade que alcançou. (CRUZ, 2000, p.166).
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faz mediante a existência do desequilíbrio com a conseqüente ação de reequilíbrio,
portanto, no universo o equilíbrio é móvel e não estático.
Apresentam-se os aspectos que envolvem o processo de reencarne do
espírito desde a preparação no polissistema espiritual, principalmente quanto à
construção do corpo a partir da concepção do embrião, as condições hereditárias, a
composição físico-familiar, o meio ambiente de encarnação quanto ao grupo social e
as dificuldades iniciais encontradas, fatores estes que passam a compor o ser
individual na sua nova caminhada e que influenciam significativamente as questões
da doença e da saúde.
São trabalhadas as questões do que é a doença e as suas origens,
buscando as questões reencarnatórias, as origens genéticas, os desequilíbrios do
homem, o mau uso do livre-arbítrio e a falta de autoconhecimento que, por reflexo,
desencadeiam as doenças orgânicas.
A pesquisa apresenta importantes informações sobre o processo
pensamento/ação mostrando o caminho percorrido pelo pensamento desde sua
ocorrência no espírito, a passagem pelo complexo mente/cérebro, a conexão via
perispírito e suas ações de efeito no corpo físico, bem como, uma análise das
mensagens e das respostas enviadas pelo corpo físico, pelo mesmo caminho, ao
espírito. Compõem essa conexão os plexos energéticos, os neurotransmissores e o
sistema nervoso central.
O processo da fé é visto sob importante ângulo, que desmistifica seu efeito
milagroso e transcendental, levando-o a um encadeamento, uma confluência, com o
processo pensamento/ação, onde ambos os processos interagem com a mente, o
corpo mental, donde se desenvolve todas as ações do homem no sentido do seu eu
individual, do seu existencial, do seu presente futuro, sem deixar, entretanto, de
considerar e valorizar os aspectos da fé imanente e transcendente na interação
físico-espiritual, no qual a mente está permanentemente sintonizada com o
polissistema espiritual61 numa relação criatura-Creador.
O autoconhecimento é referido como agente de profunda significação
transformacional, que oportuniza ao individuo conceber a possibilidade de
61
Polissistema material e polissistema espiritual – Sistema cultural dos espíritos encarnados e desencarnados, respectivamente; envolvem os eixos político, econômico, social e cultural, e aspectos, valores, técnicas, conhecimentos universais, alternativos, especialistas e individuais. Cadernos de Psicofonias de 1994 (CRUZ, 2000, p.172).
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administrar-se como homem que conhece a si mesmo e conhece o mundo, portanto,
capaz de acessar a auto-cura na busca do seu reequilíbrio, da sua saúde.
São mostrados aspectos de um universo que vibra, onde todos os seres e
coisas estão em constante interação. Entendendo-se esse universo que vibra
amplia-se a visão do homem sobre as questões aqui estudadas, passando a melhor
compreender o processo pensamento/ação e o processo da fé como as ferramentas
essenciais ao bom exercício do livre-arbítrio, principalmente no que tange à
administração dos pensamentos.
Encabeçando os tópicos da pesquisa são apresentadas algumas técnicas e
orientações que possibilitam a cura, ficando claro que há indivíduos que necessitam
de apenas uma delas, outros de nenhuma, outros de todas juntas, e outros além de
buscarem todas, assim mesmo não resolverão seu problema e poderão desencarnar
com determinada doença.
Tudo é uma questão da individualidade de cada um, pois a questão da cura
está diretamente ligada à capacidade do indivíduo acreditar que pode se curar e
acreditar, acima de tudo, na saúde como um todo. Além de acreditar na saúde,
precisa praticá-la no dia a dia. Precisa, também, “querer” a cura de corpo e alma.
Finalmente, a presente pesquisa concluiu que a origem da saúde do homem
está diretamente ligada ao espírito encarnado que, através do seu complexo mental,
está equipado com todos os instrumentos necessários para exercer sua condição de
ser inteligente do universo como construtor da humanidade, da qual faz parte
integrante e, como tal, é responsável pela cultura e, conseqüentemente, pela sua
saúde: a saúde do homem.
Há que se considerar, entretanto, as dificuldades ao pleno exercício da
saúde humana pelo espírito, eis que depende de intrincados e complexos
mecanismos inerentes às questões evolutivas do ser, os quais nem sempre está
apto a exercitar na condução da vida terrena62. Entretanto, constitui-se em meta a
ser atingida pelo homem, tendo em Jesus Cristo o maior exemplo a seguir.
62
Ora, a chave de qualquer cura, como se aprende, cada vez mais, está justamente no poder mental, ainda que sejam muito raros, de fato, os que podem dele dispor plenamente, diante das inumeráveis variáveis em jogo. Por exemplo, as nossas reais condições perispiríticas, fruto do nosso passado e do nosso presente, o nosso grau de harmonização com o bem e o conseqüente peso das culpas, já comparecem, em si, como poderosos fatores autolimitantes dos potenciais psíquicos. Assim, por mais desenvolvida se encontre a mente no exercício da vontade, por mais que pretenda conhecer a realidade psicológica, a vida espiritual ou os recursos do magnetismo, sua possibilidade real de
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Se há doentes, eles existem pelo mau uso do livre-arbítrio, mas resta
sempre a esperança de que, querendo, o homem pode reequilibrar-se e manter-se
equilibrado à medida que consegue exercitar a sua vontade colocando a saúde
como a prioridade primeira da vida física. Ao manter-se com saúde, o homem estará
em melhores condições para realizar outras conquistas nos diversos campos das
ciências, da intelectualidade e das artes, que são fortes indícios de evolução
espiritual.
8
___________________________________________________________________
REFERÊNCIAS
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comando do corpo, consciente e subconscientemente, dependerá sempre do seu estado evolutivo, a dizer, do grau de amorosidade e de integração com a Humanidade que alcançou, a definir... seu merecimento...sua capacidade. (ZIMMERMANN, 2006, p.372).
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----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------- Autor: Alvino Bonati Chiaramonti maio/2011 [email protected]
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A SAÚDE DO HOMEM
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------- Autor: Alvino Bonati Chiaramonti maio/2011 [email protected]
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