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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Microbiologia A SEGURANÇA ALIMENTAR E RELATOS DE SURTOS ALIMENTARES POR Staphylococcus spp. Elisia Gomes da Silva Belo Horizonte 2014

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Page 1: A SEGURANÇA ALIMENTAR E RELATOS DE SURTOS … · 2019-11-14 · Shakespeare RESUMO O gênero Staphylococcus pertence à família Staphylococcaceae e possui atualmente, 47 espécies

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Biológicas

Programa de Pós-Graduação em Microbiologia

A SEGURANÇA ALIMENTAR E RELATOS DE SURTOS

ALIMENTARES POR Staphylococcus spp.

Elisia Gomes da Silva

Belo Horizonte

2014

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Elisia Gomes da Silva

A SEGURANÇA ALIMENTAR E RELATOS DE SURTOS

ALIMENTARES POR Staphylococcus spp.

Monografia apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Microbiologia do

Instituto de Ciências Biológicas da

Universidade Federal de Minas Gerais,

como requisito parcial para obtenção do

título de Especialista em Microbiologia

aplicada a Ciências da Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Ary Corrêa Júnior

Co-orientador: Prof. Dr. Luiz Simeão do Carmo

Belo Horizonte

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2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Biológicas

Programa de Pós-Graduação em Microbiologia

A SEGURANÇA ALIMENTAR E RELATOS DE SURTOS

ALIMENTARES POR Staphylococcus spp.

ELISIA GOMES DA SILVA

Belo Horizonte, 03 de Fevereiro de 2014

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof. Dr. Ary Corrêa Júnior

(ORIENTADOR)

________________________________________

Prof. Dr. Luiz Simeão do Carmo

(CO-ORIENTADOR)

________________________________________

Profª. Drª. Simone Gonçalves dos Santos

(MEMBRO)

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, pela saúde, inteligência, ousadia e coragem, por me olhar devagar, quando

muitos às vezes me olham depressa demais.

A Minha família, por me ajudarem em cada segundo que eu precisei respirar além do

que merecia… especialmente “Cabo Lili”, por me acolher tão bem.

Ao Prof. Ary Corrêa, por aceitar participar em um dos meus sonhos.

Ao Prof. Luiz Simeão, pelos ensinamentos e conselhos tão valiosos.

À Prof.ª Simone, pelo seu infindável conhecimento, o qual absorvi o quanto pude.

Aos Professores ao longo da especialização pela dedicação e conhecimento nas

disciplinas, de maneira especial a Prof.ª Edel pelas aulas de Virologia, foram

sensacionais...

Aos meus colegas da especialização por fazerem parte de mais uma de minhas vitórias.

Se os seus sonhos estão nas nuvens,

Eles estão no lugar certo.

Agora construa os alicerces…

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Shakespeare

RESUMO

O gênero Staphylococcus pertence à família Staphylococcaceae e possui atualmente, 47

espécies e 24 subespécies, sendo que três delas aparecem com frequência como agentes

importantes em bacteriologia médica, S.aureus, S.epidermidis e S.saprophyticus. S.

aureus, é um dos agentes mais comuns responsáveis por surtos de intoxicação

alimentar, devido à produção de enterotoxinas, normalmente transmitidos aos alimentos

através de manipuladores. Estudos têm demonstrado que algumas linhagens de espécies

coagulase negativas são potencialmente produtoras de enterotoxinas in vitro e há

registros de surtos de intoxicação alimentar, inclusive no Brasil, associados a espécies

não produtoras da enzima. É comprovado que a maioria dos casos de toxinfecções

alimentares ocorre devido à contaminação dos alimentos através de manipuladores, os

quais podem estar eliminando microrganismos patogênicos, comprometendo os

alimentos por hábitos inadequados de higiene pessoal ou até mesmo por

desconhecimento das práticas sanitárias. Mesmo os manipuladores sadios abrigam

bactérias que podem contaminar os alimentos pela boca, nariz, garganta e trato

intestinal. Assim, um ambiente onde se manipula alimentos precisa ser sempre

vistoriado a fim de incentivar o uso de técnicas apropriadas de lavagem das mãos,

medidas profiláticas e treinamento dos profissionais envolvidos no preparo,

armazenamento e distribuição de alimentos; com o intuito de quebrar o elo da cadeia de

contaminação e oferecer uma alimentação mais saudável aos seus usuários, diminuindo

os riscos de incidência e prevalência acentuada de Staphylococcus spp. na população.

Palavras-chave: Manipuladores de alimentos, surtos alimentares, medidas profiláticas.

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ABSTRACT

Staphylococcus genus belongs to the family and Staphylococcaceae currently has for 47

species and 24 subspecies, three of which appear frequently as important in medical

bacteriology agents, S. aureus, S. epidermidis and S. saprophyticus isolates S. aureus,

coagulase positive, is one of the most common agents responsible for outbreaks of food

poisoning by production of enterotoxins, usually transmitted to food by handlers.

Studies have shown that some strains of coagulase-negative species are potentially

producing enterotoxins in vitro and there are records of outbreaks of food poisoning,

including Brazil, associated with non- producing species of the enzyme. It is proven that

most cases of food poisoning due to contamination occurs through food handlers, which

may be eliminating pathogens, compromising food by inadequate personal hygiene

habits or even lack of sanitary practices . Even healthy handlers harbor bacteria that can

contaminate food by mout, nose, throat and intestinal tract. An environment where food

handling must always be surveyed in order to encourage the use of proper techniques

for washing hands, prophylactic measures and training of professionals involved in the

preparation, storage and distribution of food, in order to break the link in the chain

contamination and provide healthier food to its users, reducing the risks of incidence

and prevalence of severe Staphylococcus spp. in population.

Keywords: Food handlers, food outbreaks, prophylactic measures

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LISTA DE TABELA

TABELA 1 – Os gêneros dos Staphylococcus ............................................................... 19

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Impetigo: lesão cutânea localizada. . ......................................................... 25

FIGURA 2 - Furúnculo estafilocócico. . ........................................................................ 25

FIGURA 3 - Síndrome Estafilocócica da Pele Escaldada em Recém-Nascido. ............ 26

FIGURA 4 - Contaminação dos alimentos na cadeia alimentar 28/12/2005. ................ 33

FIGURA 5 - Teste da coagulase Tubo 1 (positivo) e Tubo 2 (negativo). ...................... 52

FIGURA 6 - Teste de Termonuclease: Formação de halo róseo ao redor do inóculo. .. 52

FIGURA 7 - Microrganismos pertencentes ao gênero Staphylococcus spp. característica

morfotintorial pela técnica de coloração de Gram.......................................................... 53

FIGURA 8 - Representação da prova da catalase com cultura de S. aureus .................. 54

FIGURA 9 - Representação da prova da catalase em cultura de S. aureus. ................... 54

FIGURA 10- Meio ágar sais-manitol semeado com S. aureus . .................................... 55

FIGURA 11 - Colônias Staphylococcus spp. em ágar Baird-Parker .............................. 56

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Proporção dos surtos de DTA por região no Brasil, 2000 – 2013. ......... 42

GRÁFICO 2 - Surtos de DVA no Brasil entre os anos de 2000 e 2011 ......................... 43

GRÁFICO 3 - principais locais de ocorrência dos surtos de DTAs, no Brasil .............. 43

GRÁFICO 4 - Agentes mais freqüentes nos surtos no Brasil no período de 2000 a 2011

........................................................................................................................................ 44

GRÁFICO 5 - *Other, include the categories; Other (5,5%), Camp/Picnic (0,6%), take-

away/fast-food outlet (0,5%), Mobile retailer/market/street vendor (0,3%), Temporary

mass catering (0,3%), Aircraft/Ship/Train (0,1%). ........................................................ 48

GRÁFICO 6 - Resultados encontrados quanto ao agente etiológico do surto. Brasil.

2000-2011. ...................................................................................................................... 51

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABERC ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE REFEIÇÕES COLETIVAS

AGAR BP AGAR BAIRD PARKER

AIDS SINDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA AGUDA

ANVISA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

APPC ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE

BHI CALDO

GC CALDO DE INFUSÃO CÉREBRO-CORAÇÃO

CGDT CALDO GIOLITTI E CANTONI

DEVEP DEPARATAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

DNA ACIDO DESOXIRIBONUCLEICO

DNASE DESOXIRRIBONUCLEASE

DTA DOENCAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS

ECN ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGATICA

ECP ESTAFILOCOCOS COAGULASE POSITIVA

EE ENTEROTOXINA

EEA GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA A

EEB GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA B

EEC GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA C

EED GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA D

EEE GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA E

EEF GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA F

EEG GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA G

EEI GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA C

EELM GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA “LIKE” M

EELN GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA “LIKE” N

EELO GENE CODIFICADOR DA ENTEROTOXINA “LIKE” O

ELISA ENZYME LINKED IMMUNO SORBENT ASSAY

IN INSTRUÇÃO NORMATIVA

MAPA MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

MBP MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

NACL CLORETO DE SÓDIO

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NMP METODO DO NÚMERO MAIS PROVÁVEL

OMS ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

PCR REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE

PH POTENCIAL HIDROGENIÔNICO

POP PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

RDC RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA

SaPIS ILHAS DE PATOGENICIDADE

SE ENTEROTOXINA ESTAFILOCÓCICA

SIH SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES

SINAN SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO

SISAN SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

SVS/MS SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE – MINISTÉRIO DA SAÚDE

TNASE TERMONUCLEASE

TSB-NP CALDO SOJA TRIPTONA COM SAL - PIRUVATO DE SÓDIO CPS

TSS DO INGLÊS, TOXIC SHOCK SYNDROME

TSST-1 TOXINA DA SÍNDROME DO CHOQUE TÓXICO 1

UFC UNIDADES FORMADAS DE COLÔNIAS

UHA UNIDADE DE DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HIDRICA E ALIMENTAR

UTI UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2. HIPÓTESES ............................................................................................................ 16

3. OBJETIVOS............................................................................................................ 17

3.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 17

3.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 17

4. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 18

5. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 19

5.1 O GÊNERO Staphylococcus spp. ......................................................................... 19

5.2 FATORES DE VIRULÊNCIA E MECANISMOS DE PATOGENICIDADE ... 23

5.3 AS CONDIÇÕES DE HIGIENE SANITÁRIA ................................................... 29

5.4 O PONTO CRITICO DOS ALIMENTOS ........................................................... 32

5.5 MEDIDAS DE PROFILAXIA ............................................................................. 35

5.6 RELATOS DE SURTOS ...................................................................................... 41

5.7. IDENTIFICAÇÃO E ISOLAMENTO DE Staphylococcus spp. ........................ 51

5.7.1 TESTE DA COAGULASE ............................................................................... 51

5.7.2 TERMONUCLEASES ...................................................................................... 52

5.7.3 COLORACAO DE GRAM ............................................................................... 53

5.7.4 PRODUÇÃO DE CATALASE ......................................................................... 53

5.7.5 MANITOL ......................................................................................................... 54

5.7.6 BAIRD-PARKER .............................................................................................. 55

5.7.7 ENRIQUECIMENTO EM CALDO BHI .......................................................... 57

5.7.8 METODO DE NÚMERO MAIS PROVÁVEL ................................................ 57

5.7.9 MÉTODO ELISA .............................................................................................. 58

5.7.10 REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE ................................................. 58

6. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 59

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 61

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1. INTRODUÇÃO

O gênero Staphylococcus pertence à família Staphylococcaceae e possui atualmente 47

espécies e 24 subespécies, sendo que três delas aparecem com freqüência como agentes

importantes em bacteriologia médica, S.aureus, S.epidermidis e S.saprophyticus

(TAPONEN et al. 2012; HAUSCHILD et al. 2012).

S. aureus é um dos agentes mais comuns responsáveis por surtos de intoxicação

alimentar, por produção de enterotoxinas, normalmente transmitidos aos alimentos

através de manipuladores, portadores assintomáticos, uma vez que este faz parte da

microbiota transitória e residente do homem, e de animais como o gado leiteiro portador

de mastite (STAMFORD et al., 2006). No entanto, outras espécies de estafilococos

também se mostram potenciais produtores de enterotoxinas, como S. chromogenes, S.

epidermidis, S. haemolyticus, S. hyicus, S. intermedius, S. lentus, S. saprophyticus, S.

sciuri e S. warneri (VALLE et al., 1990).

Em 1878, Robert Kock, descreveu pela primeira vez o encontro Staphylococcus spp a

partir de material purulento humano. Em 1880, o cirurgião escocês, Alexander Ogston,

em suas publicações, relatou que coccus em formato de cacho de uva, eram a causa de

um grande número de doenças piogênicas no homem. Subseqüentemente, em 1882, ele

chamou este organismo de Staphylococcus, nome derivado da palavra grega staphylé,

que tem o significado de cacho de uva (BAIRD-PARKER, 1990).

O gênero Staphylococcus apresenta-se em forma de cocos Gram positivos, com 0,5 a

1,5 mm de diâmetro, formando cachos devido à sua divisão ocorrer de maneira aleatória

e em vários planos. São imóveis, não esporuladas e suas colônias são relativamente

grandes, com 1 a 2 mm de diâmetro. As colônias são opacas, convexas, cremosas e suas

cores variam do branco a vários tons de amarelo, dependendo da espécie (KLOSS;

LAMBE, 1991).

As bactérias pertencentes a este gênero são catalase e termonuclease positivas,

coagulase positivas ou negativas dependendo da espécie. Somente as espécies S. aureus,

S. delphini, S. intermedius, S. schleiferi coagulans e algumas cepas de S. hyicus são

coagulase positiva. A maioria das espécies de Staphylococcus é coagulase negativa

(BAIRD-PARKER, 1990).

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A temperatura de crescimento para Staphylococcus spp é na faixa de 7ºC a 47,8ºC, no

entanto, as enterotoxinas estafilocócicas são produzidas entre 10ºC e 46ºC, com um

ótimo entre 40ºC e 45ºC, sendo que os extremos de temperatura estão na dependência

dos demais parâmetros que deve encontrar-se em condições ótimas. As bactérias deste

gênero são tolerantes a concentrações de 10% a 20% de NaCl e a nitratos, o que torna os

alimentos curados veículos potenciais para as mesmas. Em relação ao pH,

Staphylococcus crescem na faixa de 4° a 9,8°, com um ótimo entre 6° 15,7°. Em relação

à atividade de água, o valor mínimo necessário para o microrganismo se desenvolver é

0,86, embora sob condições ideais, esta bactéria já tenha se desenvolvido em atividade

de água de 0,83 (FRANCO; LANDGRAF, 2002).

As células bacterianas dos Staphylococcus spp. são destruídas por tratamento térmico,

mas suas enterotoxinas permanecem ativas nos alimentos, por isso consideradas

termoestáveis, sendo um risco em potencial para a saúde pública (CARMO, 1997).

A legislação brasileira (BRASIL, 2001) preconiza apenas contagens de Staphylococcus

coagulase positiva, relacionando o fator de virulência – produção de coagulase – com o

risco de síntese de enterotoxinas estafilocócicas. Contudo, já foi comprovado que a

relação entre esses dois fatores não é absoluta. Além disso, estudos têm demonstrado

que algumas linhagens de espécies coagulase negativas são potencialmente produtoras

de enterotoxinas in vitro e há registros de surtos de intoxicação alimentar, inclusive no

Brasil, associados a espécies não produtoras da enzima (ANDRADE et al 2011).

Os estafilococos coagulase-negativa (ECN) podem ser divididos em dois grupos de

acordo com a sensibilidade ou resistência a novobiocina; os estafilococos sensíveis

incluem: Staphylococcus epidermidis, S. haemolyticus, S. hominis e S. lugdunensis;

entre os resistentes: S. saprophyticus e S. xylosus (HEILMANN; PETERS, 2000; von

EIFF et al., 2002).

Os ECN constituem um dos maiores grupos componentes da microbiota anfibiôntica de

mucosas e pele humana (SILVA et al., 2000). Portanto, a pele pode constituir um

reservatório para estas bactérias, inclusive àquelas resistentes aos antimicrobianos

(ARCHER, 1991; ARCHER & CLIMO, 1994).

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Algumas linhagens de Stahylococcus spp. foram implicadas como agentes causadores

da Síndrome do Choque Tóxico (TSS, do inglês, Toxic Shock Syndrome). Os sintomas

incluem febre, diarreia, vômitos, choque sistêmico e, ocasionalmente, morte. O choque

tóxico resulta indiretamente da ação de uma exotoxina denominada Toxina da Síndrome

do Choque Tóxico 1 (TSST-1), correspondendo a um superantígeno liberado pelos

estafilococos durante a multiplicação e que estimula um grande número de linfócitos T,

culminando em respostas inflamatórias sistêmicas (MADIGAN et al., 2010).

É comprovado que a maioria dos casos de toxinfecções alimentares ocorre devido à

contaminação dos alimentos através de manipuladores, os quais podem estar eliminando

microrganismos patogênicos, comprometendo os alimentos por hábitos inadequados de

higiene pessoal ou até mesmo por desconhecimento das práticas sanitárias (GÓES et al.,

2001). Segundo GOLDMANN (1992) os resultados de cultura permitem detectar até

80% de portadores, a maioria de forma intermitente, e 20% a 40% permanecem

colonizados por meses ou anos, freqüentemente com a mesma estirpe.

Um alimento inoculado com células de Stahylococcus spp. oriundas de um manipulador

infectado pode ocorrer o rápido crescimento bacteriano e a produção de enterotoxinas.

Mesmo que os alimentos contendo toxinas sejam submetidos ao reaquecimento antes do

consumo, a toxina permanecerá ativa, visto ser relativamente termoestável (SANTOS,

2003). Mesmo os manipuladores sadios abrigam bactérias que podem contaminar os

alimentos pela boca, nariz, garganta e trato intestinal. O desconhecimento de princípios

de higiene pessoal e de cuidados na preparação dos alimentos facilita a infecção e

predispõe a reinfecção em áreas endêmicas (ANDRADE et al., 2010).

Diante disto, é correto afirmar que alguns aspectos, referentes aos manipuladores,

devem ser observados e controlados para que os manipuladores não constituam um fator

de contaminação alimentar, como controle de saúde dos manipuladores, grau de

instrução, hábitos pessoais de higiene corporal, utilização de procedimentos

operacionais padronizados, utilização de boas práticas de fabricação e hábitos pessoais

dos manipuladores (REIS; CARNEIRO, 2007).

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2. HIPÓTESES

Os alimentos são passíveis de contaminação por diferentes agentes etiológicos, podendo

levar a doenças, manifestadas por ação de microrganismos patogênicos ou por suas

toxinas. Todos os alimentos deveriam ser objeto de exames microbiológicos, que

refletiriam as condições higiênicas relacionadas com a produção, armazenamento,

transporte e manuseio, a fim de elucidar a ocorrência de enfermidades transmitidas por

meio deles.

Podem se constatar maiores índices de intoxicação alimentar por Staphylococcus spp.

associados às condições higiênicas sanitárias.

A frequência de Staphylococcus spp. pode, inclusive, ser considerada como parâmetro

de precariedade de higienização e está bem estabelecido que ele seja considerado a mais

silenciosa, senão, a mais preocupante fonte de microrganismos responsáveis por

infecções.

O controle das enterotoxicoses só será possível desde que se observem as boas práticas

sanitárias de higiene nos estágios de obtenção, produção, estocagem e manuseio de

alimentos, pois a proteção contra esta enfermidade é considerada uma obrigação dos

profissionais da área de alimentos e de saúde.

A falta de controle higiênico dos alimentos por meio de pessoas que os manipulam,

constitui uma das principais fontes de disseminação de microrganismos. Contudo esses

manipuladores de alimentos necessitam estar cientes da adequada educação sanitárias e

submetidos a exames microbiológicos periódicos, principalmente àqueles com sintomas

clínicos inespecíficos.

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Relatar a prevalência de Staphylococcus spp. em manipuladores de alimentos.

3.2 Objetivos específicos

Conhecer os fatores de virulência dos Staphylococcus spp.

Conhecer os mecanismos de patogenicidade associados à Staphylococcus spp.

Demonstrar a importância dos manipuladores na disseminação de

microrganismos nos alimentos.

Verificar falhas nas condições de higiene sanitária.

Propor medidas de profilaxia.

Apresentar relatos de surtos com Staphylococcus spp.

Definir isolamento e identificação do microrganismo.

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4. JUSTIFICATIVA

É sobejamente conhecido o envolvimento do Staphylococcus spp. nos casos ou surtos

de intoxicação, ocasionados pela ingestão de alimentos contendo enterotoxinas

produzidas por essa bactéria, haja vista o grande número de indivíduos afetados

(principalmente crianças, idosos e pessoas debilitadas), as várias alterações orgânicas

que podem provocar e o percentual expressivo de linhagens multirresistentes.

A contaminação com Staphylococcus spp. pode ocorrer durante os estágios de produção

ou estocagem do alimento, por estirpes de origem ambiental ou humana. Em condições

favoráveis de temperatura, o microrganismo cresce, produzindo toxinas.

O S. aureus é um dos agentes patogênicos mais comuns, responsáveis por surtos de

intoxicação alimentar. As peculiaridades do seu habitat tornam sua presença largamente

distribuída na natureza, sendo transmissíveis aos alimentos por manipuladores, na

maioria, portadores assintomáticos. Podem causar ainda uma série de infecções

superficiais e profundas em humanos e animais, como furúnculos, impetigo, abcessos,

celulite, osteomielites, artrites, pneumonias, empiemas, meningites, bacteremia,

septicemias, endocardites e síndrome da pele escaldada (KLOOS; JORGENSEN, 1985).

Ainda que o risco de um manipulador contaminar os alimentos dependa do grau de

contato com estes produtos é necessário considerar a importância desses manipuladores

como potenciais transmissores de microrganismos.

Um ambiente onde se manipula alimentos precisa ser sempre vistoriado a fim de

incentivar o uso de técnicas apropriadas de lavagem das mãos, medidas profiláticas e

treinamento dos profissionais envolvidos no preparo, armazenamento e distribuição de

alimentos; com o intuito de quebrar o elo da cadeia de contaminação e oferecer uma

alimentação mais saudável aos seus usuários, diminuindo os riscos de incidência e

prevalência acentuada de Staphylococcus spp. na população.

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5. REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 O GÊNERO STAPHYLOCOCCUS

Os Staphylococcus são cocos GRAM positivos e fazem parte da microbiota normal da

pele e mucosas de mamíferos e aves. O principal reservatório, no homem, são as fossas

nasais e a incidência nesta área é tamanha, que parece ser impossível sua eliminação. Os

fatores que mais predispõem à contaminação vêm da inadequada manipulação dos

produtos, resultando em contaminação cruzada na exposição dos produtos a

temperaturas adequadas ao crescimento bacteriano (MACHADO et al, 2009).

As bactérias do gênero Staphylococcus são habitantes usuais da pele, mucosas, trato

respiratório e intestino do homem, destacando-se, dentre elas, o S. aureus, o de maior

patogenicidade e responsável por considerável proporção de infecções humanas,

notadamente no âmbito hospitalar, sendo que, sua presença em alimentos é interpretada

como indicativo de contaminação (MARTINEZ et al, 2001).

O gênero Staphylococcus possui atualmente de 47 espécies e 24 subespécies (Tabela 1)

e a maioria delas nunca foram associadas a qualquer tipo de infecção, contudo, algumas

espécies causam uma variedade de doenças através da produção de enzimas e toxinas,

da invasão de células e tecidos do hospedeiro, e da habilidade de escapar do sistema

imunológico (TAPONEN et al., 2012), (HAUSCHILD et al., 2012). A principal função

destas proteínas pode ser a de converter os tecidos locais do hospedeiro em nutrientes

necessários para o crescimento bacteriano (ZELL et al., 2008).

TABELA 1

S. arlettae

S. aureus S. aureus subsp aureus S. aureus subsp anaerobius

S. auricularis S. capitis

S. capitis subsp capitis S. capitis subsp urealyticus

S. caprae S. carnosus

S. carnosus subsp carnosus S. carnosus subsp utilis

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S. caseolyticus S. chromogenes

S. cohnii S. cohnii subsp cohnii

S. condimenti S. delphini

S. epidermidis S. equorum

S. equorum subsp equorum S. equorum subsp linens

S. felis S. fleurettii

S. gallinarum S. haemolyticus

S. hominis S. hominis subsp hominis

S. hominis subsp novobiosepticus S. hyicus

S. hyicus subsp chromogenes S. hyicus subsp hyicus

S. intermedius S. kloosii

S. lentus S. lugdunensis

S. lutrae S. microti

S. muscae S. nepalensis

S. pasteuri S. pettenkoferi

S. piscifermentans S. pseudintermedius

S. pulvereri S. saccharolyticus

S. saprophyticus S. saprophyticus subsp bovis

S. saprophyticus subsp saprophyticus S. schleiferi

S. schleiferi subsp coagulans S. schleiferi subsp schleiferi

S. sciuri S. sciuri subsp carnaticus

S. sciuri subsp lentus---------------- ---------> S. lentus

S. sciuri subsp rodentium S. sciuri subsp sciuri

S. simiae S. simulans

S. succinus S. succinus subsp casei

S. succinus subsp succinus S. vitulinus

S. warneri S. xylosus

FONTE: TAPONEN et al. 2012; HAUSCHILD et al. 2012.

Quase todas as estirpes produzem enzimas e citotoxinas que incluem hemolisinas,

nucleases, proteases, lipases e hialuronidase. A principal função destas proteínas pode

ser a de converter os tecidos locais do hospedeiro em nutrientes necessários para o

crescimento bacteriano (DINGES; ORWIN; SCHLIEVERT, 2000).

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As hemolisinas, por exemplo, são exotoxinas que provocam a lise dos eritrócitos de

algumas espécies animais (ZELL et al., 2008). As nucleases, proteases e lipases

degradam, respectivamente, os ácidos nucleicos, as proteínas e os lipídeos do

hospedeiro (MADIGAN et al., 2010). A enzima hialuronidase provoca a degradação do

ácido hialurônico que compõem a matriz extracelular do tecido conjuntivo, facilitando,

assim, a disseminação dos microrganismos pelos tecidos. Já a catalase converte

peróxido de hidrogênio em água e oxigênio. O peróxido de hidrogênio é produzido pelo

organismo como mecanismo de lise bacteriana (ROSSI; CECCON; KREBS, 2005).

Algumas espécies de Staphylococcus produzem a coagulase, uma enzima que estimula a

conversão do fibrinogênio em fibrina, que resulta na formação de coágulos de fibrina no

plasma de mamíferos (MCDEVITT; VAUDAUX; FOSTER, 1992). A coagulase é

apontada como a primeira linha de defesa e principal responsável pela virulência dos

estafilococos (MARTINEZ et al., 2001). Essa enzima promove a deposição de fibrina

ao redor das células bacterianas, isolando a área infectada e dificultando a ação dos

mecanismos de defesas do hospedeiro.

Todavia, só uma espécie patogênica para os humanos é capaz de produzi-la,

Staphylococcus aureus. Desta forma, esta enzima torna-se importante na identificação

desta espécie (KLOOS; LAMBE, 1991).

A capacidade em produzir coagulase classifica as espécies em dois grupos: os

estafilococos coagulase positivos (ECP), incluindo as espécies: S. aureus subsp aureus;

S. aureus subsp anaerobius; S. hyicus; S. lutrae; S. intermedius; S. pseudintermedius; S.

schleiferi subsp coagulans e S. delphini e os estafilococos coagulase negativos (ECN),

incluindo todas as demais espécies (KLOOS; BANNERMAN, 1994; CUNHA et al.,

2002; CHANG et al., 2003; ROSS et al., 2005; SINGHAL et al., 2006).

É importante destacar S. aureus como a principal fonte de ocorrência de surtos de

doenças veiculadas por alimentos no mundo, originária de manipuladores portadores de

estirpes enterotoxigênicas, sendo as fossas nasais o principal reservatório desse

microrganismo (BRYAN, 1998).

Os ECN eram considerados bactérias não patogênicas até a sua descoberta como

agentes causadores de infecções alimentares e também nosocomiais (KLOOS;

BANNERMAN, 1994; VERMONT et al., 1998). Recentemente, a emergência da

multirresistência aos antimicrobianos em ECN exige que grande atenção seja

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direcionada para estes microrganismos principalmente em ambiente hospitalar

(NUNES, 2000; SINGHAL et al., 2006).

CORDEIRO em 2007, afirma que entre as espécies de ECN, S. epidermidis é a mais

prevalente e persistente na pele e membranas mucosas. S. hominis é a segunda mais

frequente, enquanto que S. saccharolyticus é a única espécie anaeróbia estrita residente

da microbiota da pele. Outras espécies de ECN, menos frequentes e membros da

população residente encontradas transitoriamente na pele são os S. haemolyticus, S.

xylosus, S. simulans, S. lugudunensis e S. cohnii. Existem espécies localizadas em

nichos específicos com o S. capitis (cabeça), S. auricularis (canal auditivo) e S.

saprofhyticus (geniturinário).

O s S. epidermidis é o agente mais associado com as infecções, especialmente com as

bacteremias, inclusive no Brasil (KLOOS; BANNERMAN, 1994; CUNHA et al., 2002;

CHANG et al., 2003).

Por outro lado, as espécies S. carnosus e S. equorum desempenham um papel

importante como componente natural da microbiota de humanos e outros animais, bem

como de alimentos. Por esse motivo, são considerados importante nos processos de

fabricação de varios produtos derivados de carnes, especialmente salames, onde são

usados como culturas starter atuando como iniciadores de fermentação para garantir a

qualidade e segurança do produto final (PLACE et al., 2003; CORBIÈRE et al., 2007;

LEROY et al., 2010).

Considerados por longo tempo como contaminantes inofensivos, espécies do grupo dos

ECN recentemente, emergiram como capazes de causar várias infecções humanas, que

frequentemente conduzem a uma infecção persistente, principalmente após cirurgia de

implantes; também, são responsáveis por doenças em pacientes imunocomprometidos

(BERNARDI; PIZZOLITTO; PIZZOLITTO, 2007).

Existem alguns fatores de virulência dos estafilococos, associados à sua capacidade

enterotoxigênica, importantes para o fechamento das conclusões de um processo de

investigação epidemiológica. Entre estes fatores de virulência utiliza-se a pesquisa da

coagulase e da termonuclease (Tnase) como os indicadores mais aceitos quanto à

presuntiva evidência da sua propriedade enterotoxigênica (PEREIRA et al., 2000).

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A termonuclease é uma fosfodieterase globular que apresenta estabilidade térmica

constituída de uma cadeia polipeptídica simples, sendo produzida pela maioria dos

estafilococos coagulase positivo e negativo. O método mais utilizado para a detecção da

produção de Tnase depende da mudança do indicador azul de toluidina para a cor

vermelha pela partição do DNA realizada pela Tnase. A formação de anéis vermelhos

em volta dos orifícios é considerada resultado positivo para a produção da Tnase

(BERGDOLL, 1990).

Segundo BERGDOLL (1989), uma estirpe positiva para a produção das enzimas

coagulase e termonuclease (Tnase) pode ser considerada como potencialmente

produtora de enterotoxinas. No entanto, o fato de uma estirpe ser coagulase negativo

não significa que ela não possa ser enterotoxigênica.

5.2 FATORES DE VIRULÊNCIA E MECANISMOS DE PATOGENICIDADE

Os Staphylococcus spp. produzem diversos fatores de virulência, como várias toxinas,

adesinas e componentes de evasão imunológica (GILL et al., 2005), podendo também

ser equipadas por pequenas ilhas de patogenicidade denominadas SAPIS.

Em S. aureus, diversos genes codificadores de fatores de virulência estão presentes em

elementos genéticos móveis, tais como ilhas de patogenicidade (SAPI), profagos e

plasmídeos (JARRAUD et al., 2001).

Tais ilhas podem carrear superantígenos e outros genes de virulência que são

responsáveis por algumas moléstias, entre as quais a síndrome do choque tóxico

(UBEDA et al., 2007). A Síndrome do Choque Tóxico (TSS) é uma enfermidade aguda,

severa e multi-sistêmica que acomete homens e animais colonizados por linhagens de

Staphylococcus spp. capazes de produzir e liberar a toxina denominada TSST-1,

responsável pelos sinais e sintomas característicos da doença.

A Síndrome do Choque Tóxico é uma doença aguda mediada pela Toxina 1 da

Síndrome do Choque Tóxico, a TSST-1 (BERGDOLL et al., 1981). Seu quadro clínico

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é caracterizado por febre, rachaduras cutâneas, descamação principalmente dos pés e

das palmas das mãos, hipotensão e envolvimento multiorgânico (DINGES et al., 2000).

Algumas espécies produzem um muco ou slime (polissacarídeo extracelular) que

permite a bactéria aderir às superfícies, sendo importante para a colonização. A

produção de slime é considerada um fator de virulência (TENOVER et al., 1988;

VEENSTRA et al., 1996; VUONG & OTTO, 2002). O slime pode reduzir também a

resposta imune aos fagócitos, interferindo com os mecanismos de defesa do hospedeiro.

Apesar de a produção de enterotoxinas por outras espécies coagulase positivas (S.

intermedius e S. hyicus) e por espécies coagulase negativas já ter sido relatada, os surtos

de intoxicação alimentar geralmente estão relacionados com a contaminação de

alimentos por S. aureus enterotoxigênicos (ZOLI et al., 2002).

S. aureus é o patógeno humano mais importante entre os estafilococos. É encontrado no

ambiente externo e em narinas anteriores de 20-40% dos adultos, enquanto que 60% dos

humanos podem ser colonizados temporariamente (BANIA et al., 2006). É uma bactéria

do grupo dos cocos gram-positivos que faz parte da microbiota humana, mas que pode

provocar doenças que vão desde uma infecção simples, como espinhas e furúnculos, até

as mais graves, como pneumonia, meningite, endocardite, síndrome do choque tóxico e

septicemia, entre outras.

Essa bactéria foi uma das primeiras a serem controladas com a descoberta dos

antibióticos, mas, devido a sua enorme capacidade de adaptação e resistência, tornou-se

uma das espécies de maior importância no quadro das infecções hospitalares e

comunitárias (SANTOS et al.; 2007).

São patógenos oportunistas e a maioria das estirpes produzem hemolisinas, que são

enzimas que lisam as hemácias. São desoxirribonuclease (DNAse) e nuclease

termoestável positivos, novobiocina sensíveis e fermentam manitol. Comumente

encontrados nas fossas nasais, garganta, intestino, pele humana e em mucosas, tais

como bucal, nasal e auricular. As infecções estafilocócicas podem ser causadas por

bactérias do próprio indivíduo, de outros doentes ou de portadores sadios; ocorre por

contato direto ou indireto e pode ocasionar impetigo (Figura 1), foliculite, furunculose,

carbunculose (Figura 2), quando na pele S. aureus pode produzir até 22 enterotoxinas

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(EE), sendo considerado, por esse motivo, um potencial agente biológico capaz de

causar enfermidades alimentares em humanos (SATO et al 2005).

FIGURA 1: Impetigo: lesão cutânea localizada.

Fonte: Santos-Filho (2003).

FIGURA 2: Furúnculo estafilocócico.

Fonte: Santos-Filho (2003).

Estirpes de staphylococcus produtoras de toxinas, podem causar a Síndrome

Estafilocócica da Pele Escaldada, também conhecida como “doença de Ritter” e

“doença de Lyell” ou necrose tóxica epidérmica em crianças, esta acontece

esporadicamente e em surtos (MIMS et al., 1999), a qual foi descrita pela primeira vez

por um médico alemão chamado Baron Gotfried Ritter von Rittershain, observando 297

casos da doença em crianças, em um período de 10 anos. Porém este, não conseguiu

determinar a causa da enfermidade na época (LADHANI et al., 2001).

Atualmente, sabe-se que a doença é causada por determinadas linhagens de

estafilococos produtoras de toxinas chamadas de esfoliativas A (ETA) e B (ETB,

moléculas diferentes em termos bioquímicos e imunológicos, porém atividades

biológicas similares (KONEMAN et al., 2001). A doença é caracterizada pela formação

de bolhas em extensas áreas corpóreas, com posterior aparecimento de escaras, muito

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observada em recém-nascidos e lactentes (figura 3), ou crianças com desenvolvimento

incompleto de anticorpos, embora adultos com infecções latentes também sejam

susceptíveis (BLYTH; ESTELA; YOUNG, 2007),

FIGURA 3: Síndrome Estafilocócica da Pele Escaldada em Recém-Nascido.

Fonte: Tortora, Funke e Case (2005).

As EE podem ser produzidas em grandes quantidades e são relativamente estáveis à

inativação física e química, sendo que uma pequena quantidade (<1μg) já é suficiente

para causar os sintomas clínicos de intoxicação alimentar estafilocócica. Merecem

destaque as EE clássicas, denominadas EEA, EEB, EEC, EED e EEE por serem

responsáveis por até 95% dos casos e surtos de intoxicação alimentar, e as EE

codificadas pelos genes pertencentes ao agrupamento egc, as quais são denominadas

EEG, EEI, EElM, EElN e EElO, por serem emergentes e cujo relacionamento com

estirpes de S. aureus isoladas de alimentos de origem animal e participação em casos de

surtos de intoxicação alimentar tem aumentado nos últimos anos. À medida que foram

sendo descobertas, as EE foram sequencialmente denominadas com as letras do

alfabeto, sendo descritas e purificadas (BALABAN & RASOOLY, 2000).

HENNEKINNE, J. A.; DE BUYSER, M. L.; DRAGACCI em 2012 verificaram que as

enterotoxinas produzidas pelos estafilococos são proteínas resistentes ao calor, ao

congelamento, ao pH baixo e à inativação por enzimas proteolíticas do trato intestinal

humano, mantendo sua atividade no sistema digestório após ingestão.

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Em 1981, BERGDOLL et al. identificaram uma toxina produzida por Staphylococcus

aureus, causadora de síndrome do choque tóxico, a qual, pela ordem de descobrimento

portaria a sigla “EEF”. No entanto, essa toxina foi renomeada com a sigla TSST-1

devido à ausência de atividade emética em macacos (SU e WONG, 1997; FUEYO,

MENDOZA e MARTIN, 2005).

Apenas os superantígenos estafilocócicos que são capazes de induzir vômitos após

administração oral em macacos-modelo são denominadas enterotoxinas, enquanto

outras toxinas relacionadas são denominadas superantígenos SE-like (JAY, 2005).

Duas das características mais importantes das EE são: primeiro, a resistência à

inativação por proteases gastrintestinais, bem como à ação da pepsina, o que explica sua

capacidade de permanecer ativa após a ingestão, e a manutenção de sua atividade em

certos alimentos; e, segundo, sua termoestabilidade, extremamente importante em

termos de segurança de alimentos, uma vez que elas permanecerão ativas no alimento

mesmo após seu processamento térmico (BALABAN e RASOOLY, 2000;

ATANASSOVA, MEINDL e RING, 2001; SORIANO et al., 2002; BENNETT, 2005),

como no caso de leite pasteurizado e leite tratado por ultra alta temperatura (UHT).

As enterotoxinas estafilocócicas são proteínas extracelulares de baixo peso molecular,

hidrossolúveis e resistentes à ação de enzimas proteolíticas do sistema digestivo,

permanecendo ativas após a ingestão. Outra característica importante é sua

termoestabilidade, sendo capaz de resistir a tratamentos térmicos como a pasteurização

e a ultrapasteurização (BORGES et al, 2007).

Muitos fatores de virulência dos estafilococos estão ligados à parede celular e são

geralmente mencionados como fatores de superfície ou somáticos. Tais fatores são

importantes, principalmente, na interação do microrganismo com o hospedeiro durante

o processo inicial de colonização (adesão e invasão), nos mecanismos de evasão (fuga)

das defesas do hospedeiro e na modulação da resposta imune. Além disso, esses

microrganismos podem secretar uma ampla variedade de proteínas conhecidas como

exoproteínas (SALYERS & WHITT, 2002).

Os principais sintomas da intoxicação estafilocócica são vômito e diarréia, podendo

ocorrer náuseas, cólicas abdominais e sudorese, variando com o grau de

susceptibilidade do indivíduo e com a concentração da enterotoxina ingerida, sendo

necessária cerca de 106 de células por grama de alimento para que a toxina seja

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acumulada em níveis capazes de provocar intoxicação alimentar (RODRIGUES et al.,

2004).

Aproximadamente 10% dos doentes são internados para hidratação venosa e apoio

eletrolítico, no entanto, a taxa de mortalidade é relativamente baixa em indivíduos

saudáveis, ocorrendo normalmente em pessoas mais susceptíveis à desidratação, como

crianças, idosos e pessoas acometidas de doenças crônicas imunossupressoras (CARMO

et al., 2004; HENNEKINNE; DE BUYSER; DRAGACCI, 2012).

Geralmente, os idosos são mais susceptíveis à morbidade e mortalidade por

gastroenterite de origem alimentar do que pessoas mais jovens (BALABAN;

RASOOLY, 2000).

Em indivíduos debilitados por doenças crônicas, traumas físicos, queimaduras ou

imunossupressão, esse microrganismo pode causar infecções de caráter mais grave.

Entre as infecções profundas destacam-se a osteomielite, a bacteremia (freqüentemente

associada à abcessos metastáticos), a endocardite, a pneumonia e, ocasionalmente, a

meningite e a artrite bacteriana. A osteomielite pode ser primária ou hematogênica, e

secundária. No primeiro caso, a doença surge em conseqüência da disseminação do S.

aureus a partir do foco de infecção, geralmente localizada na pele. A osteomielite

secundária é decorrência de traumas penetrantes, processos cirúrgicos ou da presença de

um foco de infecção contíguo. A bacteremia pode ter origem de qualquer infecção

estafilocóccica localizada, tais como abscesso, pneumonia e outros (SILVA et al.;

2007).

O período de incubação da intoxicação estafilocócica é curto, variando de 15 minutos a

6 horas após a ingestão do alimento contaminado (CARMO, 2001). Os sintomas variam

de acordo com a susceptibilidade individual, sendo mais graves em recém-nascidos,

idosos e pessoas acometidas de doenças crônicas imunossupressoras (CLIVER, 1994).

O restabelecimento ocorre geralmente em período de um a dois dias (BERGDOLL,

1989).

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5.3 AS CONDIÇÕES DE HIGIENE SANITÁRIA

Existem relatos que no ano 2000 a.c, Moisés determinou algumas leis sobre os

alimentos que poderiam, ou não, ser consumidos, bem como sugestões de preparo de

alimentos e orientação de higienização das mãos antes das refeições (SVS/MS, 2005).

Os alimentos estão sujeitos a diversas fontes de contaminação ao longo do seu cultivo e

processamento, nesse sentido, os que são consumidos crus como os vegetais apresentam

grande potencial para atuarem como veículos de microrganismos causadores de

toxinfecções alimentares, quando comparados a outros gêneros submetidos a

processamento térmico (PALU et al, 2002).

OLIVEIRA et al em 2003 afirmam que a alimentação é uma das condições essenciais

para a promoção e manutenção da saúde, desde que a produção e a manipulação dos

alimentos se dê dentro de padrões higiênico-sanitários satisfatórios. Afirmam ainda que

a deficiência de controle desses padrões seja um dos fatores responsáveis pela

ocorrência de surtos de doenças transmitidas por alimentos, pois os manipuladores

podem ser portadores assintomáticos de várias enfermidades e contaminarem os

mesmos, desencadeando surtos de toxinfecções alimentares.

Estudos indicam como uma das principais causas de surtos de doenças de origem

alimentar o despreparo dos manipuladores de alimentos, relacionando-se diretamente

com a contaminação dos alimentos, decorrente de doenças, de maus hábitos de higiene e

de práticas inadequadas na operacionalização do sistema produtivo de refeições

(CAVALLI; SALAY, 2007).

Todas as pessoas que trabalham com alimentação são consideradas “Manipuladores de

Alimentos”, ou seja, quem produz, vende, transporta, recebe, prepara e serve o

alimento.

Dentre as fontes de contaminação microbiológica, sítios anatômicos do manipulador de

alimentos tais como axilas, cabeça, pernas e braços constituem-se em ambientes

propícios à multiplicação microbiana. O manipulador representa, portanto, um

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indiscutível elo na cadeia epidemiológica da intoxicação alimentar (PEREIRA et al.,

1999), o que o torna um elemento incisivo no processo de disseminação dos patógenos.

Esse profissional, como todo ser humano, é portador de microrganismos na parte

externa do seu corpo (mãos, pele e cabelos), na parte interna (boca, garganta e nariz) e

nas suas secreções (fezes, urina, saliva e suor) (VASCONCELOS et al 2008).

O microrganismo pode ser transmitido de pessoa para pessoa (infecção cruzada), através

do contato indireto (via aérea) ou por contato direto, sempre na dependência da presença

de uma fonte - doentes ou portadores (ROUQUAYROL; VERAS, 1994).

Adicionalmente, grande parte das pessoas envolvidas em manipulação de alimentos

carece de conhecimentos sobre medidas básicas de higiene a serem empregadas com

produtos alimentícios, bem como desconhecem a possibilidade de serem portadores

assintomáticos de microrganismos (GERMANO et al., 2000).

Desta forma, portadores assintomáticos de algum agente podem contaminar alimentos

ou infectar outras pessoas que continuarão a participar de uma contaminação contínua

em toda a cadeia alimentar (SILVA, 1999).

Um alimento tocado com as mãos está sujeito a uma contaminação bacteriana

proporcional ao grau de saúde física e higiene pessoal daquele que o prepara, bem como

ao grau de limpeza das cozinhas, equipamentos e utensílios. A expectativa de vida das

diferentes classes sociais tende a variar em função de uma alimentação apropriada, ou

pelo menos não deficitária, e está associada a boas condições de higiene pessoal,

principalmente nas cozinhas (SORCINELLI, 1998).

S. aureus habita frequentemente a mucosa nasal, a partir das quais contaminam as mãos.

Ele também é uma causa frequente de infecções cutâneas nas mãos. Destas fontes, pode

facilmente penetrar o alimento (TORTORA; FUNKE; CASE, 2005).

O portador são tem sido representado pelo indivíduo que alberga agentes infectantes,

passíveis de invadirem o organismo de outro ser vivo, embora se apresente destituído de

sintomatologia. Dentre os membros patogênicos da microbiota normal, distingue- se

Staphylococcus aureus, responsável por infecções piogênicas como furúnculos,

foliculites, osteomielites, endocardites, pneumonias, septicemias fatais e outros tipos de

manifestações, podendo ser encontrado em várias partes do corpo, principalmente na

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pele e nas mucosas, tais como fossas nasais, mãos, garganta, intestino (DARINI &

COSTA, 2002).

A transmissão de Staphylococcus aureus ocorre principalmente pelo contato direto

(mãos contaminadas dos profissionais ou pacientes) ou indireto (através de superfícies

contaminadas). Neste contexto, enfatiza-se a importância da colonização, que se

caracteriza pela presença do microrganismo no hospedeiro, porém sem evidências de

infecção ou sem resposta clínica. Ou seja, o individuo atua como carreador do

microrganismo (OLIVEIRA; PAULA, 2012).

A principal forma de contaminação dos alimentos são os manipuladores, pois a

microbiota das mãos e roupas podem ser provenientes do solo, água, poeira e muitos

outros ambientes (CAPUANO et al., 2002; CARNEIRO, 2007).

Os manipuladores de alimentos têm um importante papel na prevenção das toxinfecções

e nas demais doenças de origem alimentar. A higiene alimentar está geralmente

associada à higiene pessoal que, na maioria das vezes, é limitada aos cuidados com as

mãos (BASTOS et al. 2002).

Um alimento isento de qualquer agente patogênico ou de suas toxinas caracteriza-se por

uma atribuição primária de segurança na manipulação de alimentos. Dessa maneira,

alimentos com qualidade microbiológica aceitável garantem produto seguro e sem risco

ao consumidor. A higiene do ambiente e as condições do local da cozinha podem

contribuir decisivamente para manutenção da qualidade original dos alimentos, podendo

atuar como fonte de contaminantes e/ou condições ambientais que agem como

coadjuvantes no processo de contaminação e deterioração dos alimentos (KOCHANSKI

et al.; 2009).

A alimentação é uma das condições básicas para promoção e manutenção da saúde,

desde que a produção e a manipulação dos alimentos se deem dentro de padrões

higiênico-sanitários satisfatórios. A deficiência no controle desses padrões é um dos

responsáveis pela ocorrência de surtos de doenças transmitidas por alimentos. Sendo

assim, uma alimentação de qualidade pode ser assegurada com a educação e

treinamento adequado dos manipuladores (MACHADO et al.; 2009).

A patente contaminação do extrato subungueal já foi comprovada como importante via

de transmissão para inúmeros parasitas, fator favorecido pela ausência de frequente e

adequada higienização por parte dos manipuladores de alimentos. O homem é, portanto,

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um dos principais vetores ou reservatórios do processo de contaminação dos alimentos

por microrganismos patogênicos, assim como por parasitas (JÚNIOR et al., 2001).

“O processo de higienização tem como objetivo eliminar ou reduzir a contaminação

microbiológica, minimizando os riscos de transmissão de agentes causadores de

doenças” (JÚNIOR, 2007).

MIRANDA; DAMASCENO E CARDONHA (2002) avaliaram também as condições

higiênico sanitárias dos panos utilizados na secagem de utensílios de mesa e das mãos

de manipuladores em restaurantes tipo self-service da cidade de Natal, RN, realizando

ainda acompanhamentos visuais dos procedimentos dos manipuladores e análises

microbiológicas das mãos dos mesmos e dos panos de prato. Dos resultados obtidos,

constataram-se falhas consideradas de alto risco ao consumidor, sendo que 70,8% das

amostras de panos apresentaram-se com valores insatisfatórios com alta contagem de

bactérias aeróbicas mesófilas e 46,2% das amostras de mãos apresentaram S.aureus,

evidenciando condições insatisfatórias de higiene.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 70% dos casos de

enfermidades transmitidas pelos alimentos têm origem no seu manuseio inadequado

(VENTURI et al 2004).

5.4 O PONTO CRITICO DOS ALIMENTOS

A partir da suspeita de ocorrência de um surto de Doenças Transmitidas por Alimentos

(DTA) e do planejamento conjunto das ações da atividade de campo, a equipe de

vigilância sanitária promove inspeções nas diversas etapas da cadeia alimentar. Essa

ação tem como objetivo identificar os fatores de risco aos quais o alimento foi exposto,

apontar pontos críticos, bem como avaliar as boas práticas de produção anteriormente

adotadas, visando à sua reorientação.

No Brasil, foi criado o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

(SISAN) em 15 de setembro de 2006 através da lei de N° 11.346, o qual traz uma

definição de segurança alimentar que abrange também a garantia da qualidade sanitária

dos alimentos e o uso sustentável dos recursos naturais (BRASIL, 2006). O SISAN tem

por objetivos formular e implementar políticas e planos de segurança alimentar e

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nutricional, estimulando a integração dos esforços entre governo e sociedade civil, bem

como promover o acompanhamento, o monitoramento e a avaliação da segurança

alimentar e nutricional no pais.

Devido à preocupação com a segurança alimentar, muitos produtores de alimentos

optaram por aplicar um sistema mais lógico, prático, sistemático, dinâmico e

compreensivo para controlar a segurança do produto, sendo o método denominado

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) (DESTRO, 1998).

A APPCC é um sistema preventivo de controle de qualidade reconhecido

mundialmente, utilizado na área de alimentos para o gerenciamento da segurança e da

qualidade dos produtos alimentícios. O APPCC visa à obtenção de alimentos seguros

com análise de pontos críticos de controle, constitui um método embasado na aplicação

de princípios técnicos e científicos de caráter preventivo, aplicável em toda cadeia

alimentar, sendo, portanto, realizadas análises de produção do campo à mesa, desde o

plantio à colheita, processamento até comercialização e/ou uso de um determinado

produto alimentício (ABERC, 2003).

FIGURA 4: Contaminação dos alimentos na cadeia alimentar.

Fonte: Boletim eletrônico epidemiológico. Ano: 5, n°6, 28/12/2005. Ministério da Saúde. Secretaria de

Vigilância em Saúde.

No início da década de sessenta, foi feita a primeira aplicação do sistema APPC pelos

Estados Unidos, desenvolvendo alimentos para seu programa espacial. Eles objetivavam

aproximar de 100% a garantia contra a contaminação por bactérias patogênicas e vírus,

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toxinas e riscos químicos e físicos que poderiam causar doenças ou ferimentos para os

astronautas. O APPCC restituiu o teste do produto final para promover garantia na

segurança dos alimentos e promover um sistema preventivo para produção segura de

alimentos o qual teve aplicação universal (CORLETT, 1993).

O sistema APPCC passou a ser exigido nas indústrias de alimentos nos diferentes

continentes (Directiva 93/94/CEE), e inclusive em nosso país, através da Portaria n°

1428 do Ministério da Saúde, de 26/11/93 (TERRA, 1998). Em 1997, o Ministério da

Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), formalizou a adoção do sistema como

mecanismo auxiliar do sistema clássico de inspeção industrial e sanitária dos produtos

de origem animal (CONTRERAS; BROMBERG, 2003).

É um sistema que se aplica a indústrias de alimentos, fornecedores de matérias-primas,

insumos, produtos de limpeza/sanitização, serviços em geral, ou melhor, todas as áreas

relacionadas ao produto em foco, ou seja, da origem da matéria-prima até o produto

final na mesa do consumidor (HUSS, 1993).

A avaliação por análise de perigos em pontos críticos de controle é composta de sete

etapas fundamentais, a primeira delas é a identificação dos perigos potenciais

associados à produção do alimento em todos os seus estágios: produção da matéria-

prima, manufatura, distribuição, entre outros. É importante reconhecer os pontos críticos

que podem ser controlados para eliminar os perigos ou minimizar a possibilidade de sua

ocorrência, são estes os chamados pontos críticos de controle, para que a fiscalização

estabeleça os limites críticos, de contaminação aceitáveis para um determinado produto.

As demais etapas são:

Organizar um sistema para monitorar o controle dos pontos críticos por meio de

testes ou observações pré-determinadas;

Elaborar ações corretivas a serem tomadas pela área de produção sempre que o

monitoramento indicar pontos críticos fora de controle;

Criar procedimentos de verificação que abranjam testes suplementares e

procedimentos para confirmar se o sistema está funcionando de maneira adequada;

E, por fim, elaborar um histórico de produção por meio de documentação descritiva dos

procedimentos executados na elaboração do produto (CONTRERAS, 1999).

SILLIKER (1986) afirma que o monitoramento dos APCCs, permite uma avaliação

integral da eficácia do controle. Os procedimentos utilizados para o monitoramento

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devem produzir resultados com rapidez para que as correções possam ser feitas antes do

desenvolvimento de riscos microbiológicos mais sérios.

A monitoração pode ser classificada em cinco tipos: visual, química, física, sensorial e

microbiológica. (BRYAN, 1998).

HUSS (1993) considera que a maior vantagem é a de que o APPCC constitui uma

abordagem sistemática, estrutural, racional, multidisciplinar, adaptável e pouco custosa

da garantia preventiva de qualidade que se for apropriadamente implantado, não existe

outro sistema ou método que possa fornecer o mesmo grau de segurança da qualidade e

o custo diário de aplicação.

Devido à necessidade de estabelecer critérios e padrões microbiológicos para alimentos,

foi criada a Resolução – RDC N° 12 de Janeiro de 2001, essa RDC estabelece as

análises que são necessárias para garantir a qualidade microbiológica do alimento de

acordo com sua natureza. Essa RDC informa quais os microrganismos devem ser

analisados em cada alimento, indicando a contagem limite de cada microrganismo e a

amostragem que deve ser realizada (BRASIL, 2001).

5.5 MEDIDAS DE PROFILAXIA

A incidência real das toxinfecções é desconhecida por diversas razões, incluindo

respostas imprecisas das vítimas às entrevistas realizadas pelos serviços de saúde; erros

de diagnóstico devido à similaridade dos sintomas em relação a outras doenças; coleta

inadequada de amostras para análise laboratorial e exames laboratoriais impróprios

(BENNETT, 2005, citado por NEWSOME, 1988). Devido às falhas ocorrentes nos

serviços de vigilância epidemiológica e à falta de conscientização da população frente

às doenças veiculadas por alimentos, apenas uma pequena porcentagem do número real

de surtos de toxinfecções alimentares são confirmados.

Existe um número reduzido de pesquisas relacionadas aos conhecimentos e práticas dos

manipuladores de alimentos frente à manipulação higiênica dos alimentos o que

dificulta o planejamento adequado de medidas de intervenção, na educação destes

profissionais (ÇAKIROGLU & UÇAR, 2008).

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TABAI em 2002, afirma que problemas de toxinfecção alimentar observados na

população brasileira ocorrem devido, em parte, à falta de prioridade dos órgãos públicos

em defesa da saúde. A importância da conscientização dos funcionários é item

fundamental, uma vez que a maioria deles tem pouco conhecimento sobre aspectos

importantes do trabalho e não reconhecem seu papel como agentes transmissores de

toxinfecções. Assim, uma das maneiras utilizadas para se garantir a qualidade higiênico-

sanitária dos alimentos são a realização de programas de educação continuada para os

manipuladores, a realização periódica de exames microbiológicos desses indivíduos e o

fortalecimento do sistema de vigilância sanitária para fiscalização de alimentos

oferecidos à população, incluindo a elaboração de uma legislação que regulamente a

ocupação destes profissionais.

Na cidade de Santos, SP, GONZALEZ et al (2009) investigaram o perfil

socioeconômico e educacional de 59 manipuladores de alimentos, bem como de seus

conhecimentos e percepções sobre higiene alimentar através de um questionário

contendo 26 perguntas abertas e fechadas. Os resultados da análise do perfil destes

manipuladores de alimentos mostraram que 51% eram do sexo masculino; 64% tinham

entre 17 e 38 anos; 2,62% possuíam ensino médio completo; 7% ingressaram em curso

nível superior e 2% eram analfabetos. Do total 46% nunca participaram de treinamento

em Boas Práticas de Fabricação e 3% relataram que o receberam há menos de seis

meses.

A manipulação dos alimentos mostra-se como um fator que, caso não seja gerenciado e

controlado, pode provocar contaminações e comprometer a segurança dos alimentos. Ou

seja, a manipulação inadequada dos alimentos pode provocar toxinfecções,

comprometimento da imagem do estabelecimento, abertura de processos judiciais,

multas e até o fechamento.

Práticas higiênicas eficientes são necessárias em todas as etapas da cadeia produtiva dos

alimentos. A higienização inclui as etapas de limpeza e sanitização das superfícies de

alimentos, ambientes de processamento, equipamentos, utensílios, manipuladores e ar

de ambientes de processamento. A etapa de limpeza consiste na remoção de resíduos

orgânicos e minerais aderidos às superfícies por meio do uso de agentes detergentes. A

etapa de sanitização consiste da aplicação de agente químico ou físico, tendo como

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objetivo eliminar microrganismos patogênicos e reduzir o número de microrganismos

alteradores para níveis considerados seguros (CAMPDEPADRÓS et al., 2012).

Assim, a produção, preparação, distribuição, armazenamento e comercialização de

alimentos, com segurança, são atividades que exigem cuidados especiais com o

ambiente de trabalho, com equipamentos e utensílios, com os alimentos propriamente

ditos, com as instalações sanitárias, com o controle de pragas e principalmente com os

manipuladores de alimentos (SILVIA, 2002).

Independentemente da causa, a prevenção e o controle de DTA, são baseados nos

mesmos princípios, tais como evitar a contaminação dos alimentos e a propagação ou

multiplicação dos contaminantes. Finalmente, a prevenção depende da conscientização

dos manipuladores sobre as práticas adequadas na cozinha, armazenamento de

alimentos e higiene pessoal (HEYMANN, 2004).

Para evitar a contaminação dos alimentos, através da manipulação, um treinamento

inicial do manipulador é indispensável. Existem regras básicas que o manipulador de

alimentos deve seguir. Regras que devem ser colocadas em prática não só durante o

trabalho, mas durante a rotina diária quando trabalhamos em casa, pois nela também

preparamos a nossa alimentação e de toda a família.

O treinamento de manipuladores em segurança alimentar é uma exigência legal,

devendo ser realizado periodicamente para possibilitar a mudança de comportamento

dos manipuladores através de atitudes e práticas que não contribuam para o risco de

DTA. Entretanto, estudos em diferentes estados do País indicam o despreparo dos

manipuladores de alimentos relacionando-o diretamente com a contaminação dos

alimentos, decorrentes de doenças, de maus hábitos de higiene e de práticas inadequadas

no processo produtivo de refeições (SILVA, 2002; MARTINS et al., 2009).

Todo manipulador, consciente da responsabilidade que é preparar e oferecer um

alimento com qualidade deve observar, diariamente, antes e durante seu trabalho,

algumas regras importantes e fundamentais, para que o resultado seja sempre excelente.

São princípios básicos de higiene:

Tirar barba ou bigode;

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Usar os cabelos presos ou cobertos por redes ou toucas;

Evitar conversar, cantar, tossir ou espirrar sobre os alimentos, para que não caia

saliva sobre os mesmos;

Fumar apenas em locais permitidos;

Manter roupas e aventais sempre limpos, trocando-os diariamente e sempre que

necessário;

Não manipular alimentos quando estiver doente (ex: resfriado) ou apresentar algum

tipo de lesão nas mãos e unhas;

Manter as unhas sempre curtas e limpas, sem esmalte e anéis;

Não usar adornos (brincos, pulseiras, anéis, aliança, piercing, etc.)

Lavar bem as mãos com água e sabão:

Ao sair do banheiro ou vestiário;

Ao tocar o nariz, cabelo, sapatos, dinheiro e cigarro;

Após tocar alimentos podres e estragados;

Após carregar o lixo;

Sempre e antes de tocar em qualquer utensílio e equipamento, ou seja, tudo que for

entrar em contato com o alimento.

É necessário que todas as superfícies da cozinha e do local destinado à distribuição dos

alimentos estejam perfeitamente limpas, pois os alimentos se contaminam com muita

facilidade. Não adianta cuidar da higiene dos alimentos se forem colocados em

utensílios e equipamentos mal lavados.

Todo manipulador de alimentos deve participar de treinamentos específicos para a sua

área. É muito importante o contato com a teoria e a prática da função que desempenha

ou desempenhará.

A mudança permanente de pessoal manipulador acarreta sempre novas necessidades de

treinamento, implicando também em deslocamentos e esforços muitas vezes

desnecessários.

O treinamento inicial deve ser obrigatório em todos os locais onde se produzem e

distribuem as refeições, devendo ser atualizado sempre que necessário.

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Lembrar sempre que é preocupação e responsabilidade de todos a segurança dos

alimentos, desde seu adequado recebimento, preparo e distribuição para o consumo.

As Boas Práticas de manipulação estão fundamentadas em algumas normas, dentre elas

é possível citar:

RDC n° 275, de 21 de outubro de 2002 - Dispõe sobre o Regulamento Técnico de

Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos

Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas

de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos.

SVS/MS nº326, de 30 de julho de 1997 - Regulamento Técnico; "Condições

Higiênicos-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos

Produtores/Industrializadores de Alimentos"

RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004 - Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas

Práticas para Serviços de Alimentação.

Portaria n° 15, de 23 de agosto de 1988 - Determinar que o registro de produtos

saneantes domissanitários com finalidade antimicrobiana seja procedido de acordo com

as normas regulamentares anexas à presente.

Portaria nº 518, de 25 de março de 2004 - Estabelece os procedimentos e

responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo

humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências.

Decreto-Lei n.º 33/87 de 17 de Janeiro - Aprova o Regulamento do Exercício da

Indústria de Panificação;

Portaria n.º 329/75 de 28 de Maio - Estabelece medidas de higiene respeitantes ao

consumo de produtos alimentares;

Portaria n.º 425/98 de 25 de julho - Fixa as características a que devem obedecer os

diferentes tipos de pão e de produtos afins do pão e regula alguns aspectos da sua

comercialização.

A produção de alimentos está intimamente ligada à saúde pública, cabe ao responsável

quer seja de uma escola ou restaurante, entre outros locais de manipulação de alimentos,

implantar e manter um sistema que garanta a qualidade dos seus produtos. Para que

ambos os requisitos sejam cumpridos, é indispensável a criação de um Manual de Boas

Práticas (MBP), bem como um Procedimento Operacional Padronizado (POP).

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O Manual de Boas Práticas é um documento que descreve o trabalho executado no

estabelecimento e a forma correta de fazê-lo. Nele, podem-se ter informações gerais

sobre como é feita a limpeza, o controle de pragas, da água utilizada, os procedimentos

de higiene e controle de saúde dos funcionários, o treinamento de funcionários, o que

fazer com o lixo e como garantir a produção de alimentos seguros e saudáveis.

O POP é um documento que descreve passo-a-passo como executar as tarefas no

estabelecimento. O POP destaca as etapas da tarefa, os responsáveis por fazê-la, os

materiais necessários e a freqüência em que deve ser feita. Como os POP são

documentos aprovados pelo estabelecimento, por meio do responsável, é dever de cada

manipulador segui-los.

É imprescindível uma área com cartaz de orientação aos manipuladores sobre a correta

lavagem e anti-sepsia das mãos e demais hábitos de higiene, afixados em locais de fácil

visualização, inclusive nas instalações sanitárias e lavatórios (RDC ANVISA nº 216).

Quanto aos uniformes, estes devem estar completos, bem conservados, limpos e com

troca diária, sua utilização deve ser feita somente nas dependências internas do

estabelecimento; os sapatos devem ser fechados, antiderrapantes e devem estar em boas

condições de higiene e conservação; uso de proteção na cabeça de forma a cobrir

completamente os cabelos (SILVIA, 2002).

Uma higienização rigorosa das mãos é sempre a melhor solução. O uso de luvas

descartáveis é recomendado em caso de lesão nas mãos ou até mesmo quando

manipular alimentos prontos para consumo, mas sempre por períodos curtos.

O dinamismo da atualidade, a necessidade de refeições rápidas, a opção por refeições

mais baratas promoveram nos centros urbanos o surgimento de uma grande quantidade

de serviços de alimentação, porém, junto com esse contexto tem crescido o conceito de

Segurança de Alimentos, que deixa grande parte da população em dúvida quanto a

alimentação, pois não basta apenas alimentar-se e sim alimentar-se com qualidade.

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É notório que o controle de qualidade dos alimentos tem sofrido profundas

modificações nestes últimos anos para a melhoria da qualidade nutricional e para a

garantia higiênico-sanitária não só dos produtos como para alimentos prontos para o

consumo.

Assim, uma das maneiras utilizadas para se garantir a qualidade higiênico-sanitária dos

alimentos é a realização de programas de educação continuada para os manipuladores, à

realização periódica de exames microbiológicos desses indivíduos e o fortalecimento do

sistema de vigilância sanitária para fiscalização de alimentos oferecidos à população,

incluindo a elaboração de uma legislação que regulamente a ocupação destes

profissionais. Uma maior atenção na área da segurança alimentar é evidente (NOLLAI,

CANTOS, 2005).

5.6 RELATOS DE SURTOS

Um surto alimentar é definido como dois ou mais casos de doença similar resultante da

ingestão de um alimento comum (DANIELS et al., 2002).

Surtos de intoxicação alimentar são frequentemente relatados e os causados por

Staphylococcus aureus são os mais comuns, pois havendo no alimento condições

favoráveis à sua multiplicação, em poucas horas, certas linhagens produzem uma toxina

termoestável que é responsável pelo quadro clínico. Os sintomas, que aparecem dentro

de 1-6 horas após a ingestão do alimento, são caracterizados por náusea, vômito,

espasmo abdominal e diarréia (RADII; LEITE; MENDONÇA, 1988).

As doenças veiculadas por alimentos representam um importante problema de saúde

pública, pois, estima-se que milhões de pessoas em todo o mundo sejam acometidas por

estas (MAGALHÃES; CARVALHO; FREITAS, 2010).

Doenças transmitidas por alimentos são todas as ocorrências clínicas decorrentes do

consumo de alimentos contaminados por microrganismos patogênicos (infecciosos ou

toxinogênicos), toxinas ou substâncias químicas, tais como metais pesados e muitos

compostos orgânicos. Usualmente, as causas de doenças alimentares são as toxinas

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elaboradas durante o crescimento bacteriano no alimento (Clostridium botulinum,

Bacillus cereus e Staphylococcus aureus) e as infecções bacterianas, virais ou

parasitárias (HEYMANN, 2004).

Doenças de origem alimentar é um problema de saúde pública generalizado, tanto nos

países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento (SOWMYA; THAKUR;

MANONMANI, 2012). Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (2007), só

em 2005, mais de 1,8 milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria das quais são

crianças, são sucumbidas à morte por causa de contaminação microbiana dos alimentos

e água.

Nos últimos anos, muita atenção tem sido dada à produção, processamento, embalagem,

transporte e armazenamento de alimentos (CARMO et al., 2003).

De acordo com CARMO et al. (2005), os dados do Sistema de Informações

Hospitalares (SIH) do Ministério da Saúde mostram a ocorrência de 3.410.048

internações por doenças transmitidas por alimentos (DTA’s) de 1999 a 2004, com

média de 568.341 casos/ano, sendo que as regiões Sul e Sudeste detêm as maiores taxas

de incidência.

GRÁFICO 1: Proporção dos surtos de DTA por região no Brasil, 2000 – 2012.

Fonte: SINAN NET/SVS/MS *Dados sujeitos a alteração

No Brasil, entre os anos de 2000 e 2011 foram notificados 8.663 surtos de doenças

veiculadas por alimentos (Figura 2) com 163.425 pessoas doentes e 112 óbitos

(SVS/MS, 2012). Sabe-se que, no Brasil, não há o hábito consolidado de procura pelo

centro de saúde em casos de diarréias, salvo em casos graves ou persistentes. Esse

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aspecto poderia explicar a aparente baixa prevalência de intoxicações alimentares

envolvendo S. aureus.

GRÁFICO 2 : Surtos de DTA no Brasil entre os anos de 2000 e 2011.

Fonte: UHA/CGDT/DEVEP/SVS/MS, 2011.

Entre os principais locais de ocorrência dos surtos de DTAs, no Brasil, estão as

residências (3.409), restaurante (1.319) e instituições de ensino (725). Segundo

conclusões de NESTI; GOLDBAUM (2007), crianças que freqüentam creches

apresentam risco de duas a três vezes maior de contrair infecções.

GRÁFICO 3: Principais locais de ocorrência dos surtos de DTAs, no Brasil.

Fonte: SINAN NET/SVS/MS *Dados sujeitos a alteração

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Os agente mais frequentes nos surtos no Brasil no período de 2000 a 2011, foram:

Salmonella spp. Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Bacillus cereus e Clostridium

perfringens.

GRÁFICO 4: Agente mais frequentes nos surtos no Brasil no período de 2000 a 2011

Fonte: Agentes etiológicos identificados por surto. Brasil, 2000-2011 UHA/CGDT/DEVEP/SVS/MS

No estado do Paraná, entre os anos de 1978 a 2000, foram notificados 1195 surtos de

DTA’s causadas por agentes bacterianos. O maior número de casos (492) foi originado

por S. aureus, Os fatores que mais implicaram na ocorrência das DTA’s foram a matéria

prima contaminada, manipuladores contaminados, equipamentos contaminados e

contaminação cruzada. O trabalho não fez referência ao número de pessoas doentes

nestes surtos, nem citou os sintomas das mesmas (AMSON; HARACEMIV; MASSON,

2006).

Na década de 1980, uma epidemia de TSS (Toxic shock syndrome) ocorreu entre

mulheres americanas e praticamente todos os casos foram associados à menstruação, ao

uso de absorventes higiênicos internos e à presença de S. aureus na região cervical ou

vaginal. A ausência de bacteremia nas pacientes sugeriu que a TSS resultou de

intoxicação com produtos elaborados por S. aureus. Atualmente, TSST-1 é aceita como

a causa de 100% dos casos de TSS associada à menstruação (DINGES; ORWIN;

SCHLIEVERT, 2000).

FERNANDES et al. (1998) relataram um surto de intoxicação alimentar no município

de Contagem, MG, onde a contaminação dos alimentos por S. aureus teve origem nos

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manipuladores, pois o material coletado da orofaringe e sub-ungueal dos treze

cozinheiros, mostrou que 84,6 % das amostras tinham enterotoxinas do tipo A, B, C e

D.

No ano de 1999, CARMO et al (2002) verificaram 2 surtos relacionados a linhagens de

S. aureus enterotoxigênicos em Manhuaçu e Passa-Quatro, MG, Brasil. No primeiro

surto, 50 indivíduos ficaram doentes pelo consumo de queijo Minas e, no segundo 328

indivíduos foram afetados após consumirem leite cru. As enterotoxinas específicas

encontradas em cada surto levaram a concluir que a contaminação do primeiro surto

estava relacionada com os manipuladores de alimentos, e o segundo, com mastite

bovina. Em 2003, os mesmos autores relataram outro surto de intoxicação alimentar

relacionada ao S. aureus, envolvendo 42 pessoas que se alimentaram num restaurante

em Passos, MG, Brasil. Os resultados dos estudos apontaram que os manipuladores de

alimentos teriam sido os causadores da contaminação da comida, pois eram portadores

desse microrganismo.

Em Brodowsky–SP, no ano de 1998, RIBEIRO et al (1999) afirmam que um surto

atingiu 180 pessoas. Estas apresentaram náuseas, vômitos e diarréias, de uma a duas

horas após a refeição. A investigação do caso determinou que a maionese de legumes, o

frango e o macarrão servidos possuíam uma contagem de S. aureus superior a permitida

por lei e, que foram isoladas estirpes deste microrganismo de 4 manipuladores. Este fato

implica que o descuido dos manipuladores de alimentos, juntamente com a falta de

refrigeração dos mesmos ocasionou o surto de DTA.

Rio de Janeiro ano 2000, VIANNA et al. (2003) analisaram a ocorrência de 53 surtos de

DTA notificados na cidade. Segundo os autores, estes surtos acometeram 461

indivíduos, com ocorrência de óbito, sendo que a maioria dos surtos ocorreu em

restaurantes e residências. O agente bacteriano mais prevalente nestes surtos foi S.

aureus, sendo este o responsável por 13% dos casos, que envolveram 39 indivíduos.

Um surto de doença alimentar ocorrido em Pernambuco, na cidade de Paulista em 2001,

também teve como principal causa à incorreta higiene e cuidados dos manipuladores de

alimentos (FUNASA/MS, 2002).

WEI; CHIOUS (2002) identificaram que o surto causado por Staphylococcus aureus,

que atingiu 10 estudantes de uma escola tailandesa, após a realização do desjejum, foi

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proveniente de um manipulador de alimentos que apresentava lesão em uma das mãos.

Esse resultado vem reforçar a importância desses profissionais na contaminação dos

alimentos.

Um estudo realizado por LAGAGGIO et al (2002) pesquisou microrganismos

patogênicos nas mãos dos manipuladores de alimentos do Restaurante da Universidade

Federal de Santa Maria antes e após a orientação quanto ao procedimento correto de

higienização das mãos. Antes da orientação, 100% das amostras estavam contaminadas

e, depois, constatou-se a redução para 22,22% de mãos contaminadas. Os autores

apontam que a capacitação quanto à forma correta de higienização das mãos foi uma

medida eficaz na redução da contaminação dos alimentos servidos aos estudantes.

Ainda no mesmo ano, em uma escola municipal da cidade de Uberlândia em Minas

Gerais aconteceu um surto de toxinfecção alimentar no ano de 2002, onde 129

indivíduos adoeceram, tiveram sintomas de cólicas, diarréia e vômito, 2 horas após o

consumo de pavê. A análise microbiológica deste alimento confirmou a presença de S.

aureus no mesmo (SÁ; BOTELHO, 2003).

Dois anos após RODRIGUES et al (2004) investigaram um surto de intoxicação

alimentar envolvendo 58 pessoas em um restaurante institucional no Rio Grande do Sul.

Após a ingestão de uma refeição que continha sanduíche de galinha, refresco de laranja

e pudim de leite, as pessoas doentes apresentaram vômito, diarréia, dores abdominais,

prostração, febre e cefaléia. As análises bacteriológicas revelaram a presença de

Staphylococcus aureus produtor de enterotoxina SEA em quantidade igual a 2 x 108

UFC/g no sanduíche de galinha.

CARMO et al no mesmo ano, relataram um surto de toxinfecção alimentar acontecido

em 1998, numa festa na ordenação de um padre católico, com a presença de

aproximadamente 8.000 pessoas no estado de Minas Gerais. Com o fim do almoço,

4.000 indivíduos apresentaram quadro de gastroenterite, dentre esses indivíduos cerca

de 2.000 (50%) pessoas procuram atendimento médico, 28 sendo que 396 (20%)

necessitaram de hospitalização, onde 81 (20%) foram internados no UTI. Dos pacientes

internados na UTI, 16 pessoas sofreram choque sistêmico irreversível e faleceram. As

análises microbiológicas indicaram a presença de enterotoxinas de S. aureus nos

alimentos e, foi constatado que essa contaminação ocorreu porque alguns

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manipuladores de alimentos eram portadores de S. aureus e, o alimento contaminado

que provocou o surto foi o feijão tropeiro.

No ano de 2005, ocorreu em Guarulhos, um surto de DTA envolvendo 12 pessoas em

um evento. Após um período médio de incubação de 10 horas e 45 minutos, os

indivíduos foram acometidos de sintomas como diarréia, vômito e empanzinamento. Os

cálculos do inquérito epidemiológico concluiu que as pessoas que ingeriram quiabo com

angu tiveram uma maior probabilidade de desencadear a doença, no entanto foi

constatada a presença de outros alimentos contendo S. aureus. Fato implicante, ao que a

contaminação dos alimentos deve ter ocorrido por meio do manipulador (CARVALHO

FILHO; TAKIMOTO; OLIVEIRA, 2006).

Em 2006, enquanto as doenças resultantes da infecção pelo vírus da AIDS mataram 14

mil pessoas, no mesmo ano, nos Estados Unidos, apenas uma bactéria resistente a

antimicrobianos, Staphylococcus aureus, matou 18,9 mil americanos.

Portugal em 2006, quase metade dos surtos (46,4%) resultou do consumo de refeições

preparadas em casa. Seguiram-se as refeições consumidas em restaurantes, cafés, bares,

pubs (19,8%), em locais desconhecidos (12,0%), outros (picnic, take away/fast food,

transportes, catering temporário, etc. - 7,3%), escolas e creches 6,2%, hospitais e

centros de saúde (4,3%), instituições residenciais (2,3%), cantinas e cafeterias dos locais

de trabalho (1,7%).

GRÁFICO 5: SURTOS ALIMENTARES, 2006.

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Fonte: Relatório comunitário de síntese sobre as tendências e origens das zoonoses, dos

agentes zoonóticos, resistência antimicrobiana e surtos de origem alimentar na União

Européia em 2006, The EFSA Journal, 130.

Dados de XAVIER et al em 2007, em relação a colonização por S. aureus, em

manipuladores de alimentos das creches da cidade de Natal RN, sugerem que os

manipuladores de alimentos são importantes fontes de contaminação por S. aureus,

sendo necessário adotar boas práticas de manipulação dos alimentos para prevenir

contaminação e intoxicação alimentar. A presença de estafilococos coagulase negativa

ou positiva foi pesquisada em 82 manipuladores de alimentos de 3 cozinhas industriais

diferentes, de onde foram analisados os esfregaços de fossas nasais e das mãos, com

isolamento e identificação de 62 cepas coagulase-negativa (75,6%) e 20 cepas coagulase

positiva (24,4%). Essa diferença entre o número de isolamentos de ECN e ECP foi

estatisticamente significativa.

Na Austrália, no período de 2001 a 2008, foram relatados um total de 55 surtos de

toxinfecções por Staphylococcus aureus (KIRK; LALOR; RAUPACH, 2011).

Um estudo realizado nos Estados Unidos revelou que 80% dos casos de surtos de

doenças veiculadas por alimentos, estavam relacionados ao consumo de alimentos

prontos, seja ele em comércio de rua ou restaurantes (BRONER et al., 2010). Já Howes

et al em 2006, em um estudo publicado e realizado no mesmo local, sugeriram que as

práticas inadequadas dos manipuladores contribuíram para cerca de 97% das DTA em

estabelecimentos de refeições coletivas e residências (HOWES et al., 1996).

Mais um caso de intoxicação estafilococócica foi o relatado por MUSTAFA; JAIN;

AGRAWAL em 2009, onde após almoço em base militar 94 militares foram

acometidos. As amostras de vômito e fezes dos pacientes apresentaram colônias de

Staphylococcus aureus coagulase positiva. Os swabs coletados dos manipuladores e

ambientais (tomada da geladeira, chão, prateleiras da cozinha) mostraram presença de

S.aureus.

Problemas na manipulação dos alimentos foram identificados também como sendo a

principal causa para surtos de doenças veiculadas por alimentos em diversos relatos

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(BRONER et al., 2010; GIRAUDON et al., 2009; CALCIATI et al., 2012; FARMER et

al., 2012; LITTLE et al., 2012).

A colonização extensiva por Staphylococcus aureus vem sendo uma constante

preocupação, devido ao aumento do numero de indivíduos portadores ou colonizados,

visto que o fato de estar colonizado pode causar infecções e resultar em indesejáveis

complicações adicionais incluindo necessidade de terapia antimicrobiana (CARVALHO

et al, 2005; CAVALCANTI et al, 2005) .

A pesquisa realizada por MELLO em 2009, que avaliou as condições higiênico-

sanitárias de 10 Restaurantes Públicos Populares a partir da aplicação de um roteiro de

inspeção sanitária, em que foram considerados os aspectos que estavam em

conformidade com a legislação sanitária (RDC 216/2004), aponta inadequação das

condições higiênico-sanitárias desses estabelecimentos, visto que 10% foram

classificados como bom; 50% como regular e 40% como deficiente.

A convivência prolongada em um ambiente restrito, como ocorre em creches, pode ser

um importante fator para a disseminação de microrganismos patogênicos, colocando em

risco a saúde destas crianças. Rotineiramente estes indivíduos podem carrear

microrganismos patogênicos sem apresentarem sintomas, caracterizando o portador

assintomático. Porém, estes portadores podem se tornar fontes propagadoras de

patógenos, constituindo um importante elo epidemiológico das doenças infecciosas

(BRAOIOS et al 2009).

Em novembro de 2009, ocorreu um surto alimentar em uma escola municipal de Belo

Horizonte, segundo o Inquérito de Surto Alimentar, 25 crianças apresentaram sinais e

sintomas e duas foram internadas, estes foram: cólica, vômito, mal estar e diarréia, e

iniciaram três horas após o consumo de uma torta de sardinha preparada e servida na

escola (BASTOS, 2008). O Serviço de Fiscalização e Vigilância Sanitária foi até a

escola para coletar amostra do alimento suspeito e solicitou que a torta de sardinha fosse

armazenada sobre temperatura de congelamento até que o resultado da análise do

produto ficasse pronto, uma vez que serviria como contraprova.

No dia 18 de novembro de 2009, foi apresentado o resultado da análise ao vice-diretor

da escola, o resultado apontou que o produto estava impróprio para consumo, uma vez

que apresentava Staphylococcus spp. coagulase positiva superior a 2,1x107 UFC/g e

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Coliformes a 45°C superior a 1,1x103 NMP (número mais provável)/g, o produto foi

classificado como impróprio para consumo segundo a Resolução n°12/01 da ANVISA

(BASTOS, 2008).

Em âmbito geral é grande a necessidade de melhorar a qualidade dos produtos e

serviços, assim como capacitar os manipuladores de alimentos para que adquiram

hábitos higiênico-sanitários adequados e os apliquem no dia a dia. De acordo com a

RDC 216/2004 (ANVISA, 2004), os responsáveis pelas atividades de manipulação dos

alimentos devem ser comprovadamente submetidos a curso de capacitação, que deve

abordar, no mínimo, assuntos como: contaminantes alimentares, doenças transmitidas

por alimentos, manipulação higiênica dos alimentos e boas práticas de manipulação.

A ocorrência de surto de DTA é de notificação compulsória para todo o território

nacional, sendo dever de todo cidadão comunicar à autoridade de saúde a ocorrência de

surto. A notificação é obrigatória para médicos e profissionais de saúde no exercício da

profissão, bem como, para os responsáveis por hospitais, laboratórios, consultórios e

demais serviços de saúde públicos e privados.

No entanto, a inobservância da obrigatoriedade de notificação de surtos e a aceitação

tanto de parte da população como de profissionais de saúde de que a ocorrência de

diarréia é um fato corriqueiro têm contribuído para o insucesso no seu controle e para a

instalação de surtos de grandes proporções como demonstra o gráfico 6 (PEREIRA,

2006).

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GRÁFICO 6: Resultados encontrados quanto ao agente etiológico do surto. Brasil. 2000-2011.

Fonte: UHA/CGDT/DEVEP/SVS/MS * Dados sujeitos a alterações

5.7. IDENTIFICAÇÃO E ISOLAMENTO DE Staphylococcus spp.

No Brasil, para a identificação de S. aureus, são recomendados os testes de produção de

coagulase, termonuclease, coloração de Gram e catalase permitindo diferenciar o S.

aureus de S. intermedius e S. hycus. Alguns autores relacionam testes bioquímicos,

como a produção da coagulase, termonuclease, hemólise e fermentação de manitol com

a capacidade das linhagens de Staphylococcus spp. e S. aureus em produzirem

enterotoxinas.

5.7.1 TESTE DA COAGULASE

O primeiro relatório de coagulase atividade foi por LOEB em 1904. Ele relatou que os

estafilococos eram capazes de influenciar no processo de coagulação do sangue. Em

seus experimentos, ele inoculou pequenos volumes mistos de caldo de carne em caldo

de culturas de bactérias. Depois de incubação, observou que Staphylococcus aureus

foram capazes de causar a coagulação do sangue. Esta versão do teste de coagulase é

agora feita em tubo de ensaio. Nove espécies de bactérias foram testadas S. aureus foi o

que produziu uma resposta forte e rápida.

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O teste de coagulase em tubo ainda é o ensaio mais tradicional utilizado na identificação

de ECP, contudo, vários grupos têm empregado a análise molecular de coagulase como

um teste preciso, utilizando iniciadores específicos direcionados a fragmentos com

diferentes pesos moleculares (VIEIRA-DA-MOTTA; FOLLY; SAKYIAMA, 2001).

FIGURA 5: Teste da coagulase Tubo 1 (positivo) e Tubo 2 (negativo).

Fonte: Laborclin (2013).

5.7.2 TESTE DAS TERMONUCLEASES

Um método alternativo, o teste da termonuclease, detecta a produção de nucleases

termoestáveis. Nucleases em geral têm a função de hidrolisar o DNA para produzir

oligonucleotídeos e nucleotídeos (CHEESBROUGH, 2000). Em 1972, LACHICA,

HOEPRICE E RIEMANN descreveram que S. aureus são capazes de produzir

nucleases termorresistentes, uma propriedade, até então, não identificada em outros

microrganismos. Estudos de MADISON, BASELSKI (1983) sugerem a produção desta

enzima como uma importante característica para identificação de S. aureus.

FIGURA 6: Teste de Termonuclease: Formação de halo róseo ao redor do inóculo.

Fonte: Circular Técnica Embrapa, Sobral, CE

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5.7.3 COLORACAO DE GRAM

O método tintorial predominante utilizado em bacteriologia é o método de Gram. A

coloração recebeu este nome em homenagem a seu descobridor, o médico dinamarquês

Hans Cristian Joaquim Gram, ao observar em 1884, bactérias adquirindo cores

diferentes quando tratadas com diferentes corantes, permitindo classificá-las em Gram

positivas (as quais se coram de roxo) e as Gram negativas (coram-se em vermelho). Os

Staphylococcus, como bactérias Gram positivas, coram-se em roxo conforme figura 7.

(OPLUSTIL, 2004). O método utiliza os corantes cristal-violeta, lugol e safranina, além

do álcool etílico (99,5° Gay Lussac) (MURRAY, 2006).

A bacterioscopia, após coloração pelo método de Gram com diagnóstico presuntivo, de

triagem, ou até mesmo confirmatório em alguns casos, constitui peça importante e

fundamental na erradicação de muitas doenças. É uma técnica simples, rápida e tem

capacidade de resolução, permitindo o correto diagnóstico em cerca de 80% dos

pacientes em caráter de pronto atendimento. Os custos com investimento e manutenção

são consideravelmente baixos diante da eficácia alcançada com os resultados imediatos

dos testes (REIMER; CARROL, 2003).

FIGURA 7: Microrganismos pertencentes ao gênero Staphylococcus spp. Característica

morfotintorial pela técnica de coloração de Gram.

Fonte: Tortora, Funke e Case (2005).

5.7.4 PRODUÇÃO DE CATALASE

Esta enzima atua sobre a água oxigenada (peróxido de hidrogênio 3 a 5%)

desdobrando-a em oxigênio e água. A prova é feita colocando uma gota de solução

aquosa de peróxido de hidrogênio a 3-5% numa lâmina e, em seguida, com uma alça de

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platina, colocar uma porção do crescimento bacteriano sobre a gota. Ou de outra forma,

adicionando-se 0,5 ml da mesma solução a uma cultura em meio líquido ou em ágar

inclinado (CUNHA et al., 2002). A prova é considerada positiva quando há

borbulhamento ou efervescência devido à liberação do oxigênio. A catalase é produzida

por muitos microrganismos e é usualmente empregada para diferenciar Staphylococcus,

que são catalase positivos de Streptococcus, catalase negativos, ou os bacilos Gram

positivos catalase negativos Lactobacillus e Erysipelothrix de Listeria e a maioria dos

Corynebacterium catalase positivos (KONEMAN et al., 2008

FIGURA 8: Representação da prova da catalase com cultura de S. aureus.

Fonte: Santos-Filho (2003).

FIGURA 9. Representação da prova da catalase em cultura de S. aureus.

Fonte: Santos-Filho (2003).

5.7.5 CRESCIMENTO EM ÁGAR MANITOL

O ágar hipertônico manitol é um meio de cultura seletivo, no qual crescem apenas

bactérias halófilas, ou seja, que suportam grande concentração de sal. Além disso, é um

meio diferencial, pois possui indicador de pH vermelho de fenol, que se torna vermelho

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em meio básico e amarelo em meio ácido. Dessa forma, é possível identificar espécies

fermentadoras de manitol, que liberam no meio, produtos ácidos da fermentação,

tornando o meio amarelo, como é o caso de algumas espécies de Staphylococcus.

Portanto, a degradação do manitol é um indicativo da presença de Staphylococcus

aureus. Cerca de 20 a 80% da população apresenta Staphylococcus aureus em sua mi-

crobiota normal da cavidade nasal como mostra a figura 9, o resultado positivo para o

teste de manitol (OPLUSTIL, 2004); (ANVISA, 2013).

FIGURA 10: Meio agar sais-manitol semeado com S. aureus.

Fonte: Kent State University (2008).

5.7.6 ÁGAR BAIRD-PARKER

Para pesquisa de Staphylococcus spp. existem diversos meios de cultura, cada um com

suas particularidades, desenvolvidos por diversos pesquisadores.

Inicialmente, o isolamento do micro-organismo a partir de alimentos incriminados em

surtos de intoxicação alimentar era a única prova de seu envolvimento. Metodologias

específicas também são utilizadas para a identificação das enterotoxinas produzidas

pelos micro-organismos (CARMO et al., 2003). Entretanto, a metodologia mais

utilizada pelos laboratórios emprega o ágar Baird-Parker, meio desenvolvido por um

pesquisador de mesmo nome e que permite a recuperação de células injuriadas. Ao

longo do tempo, foram desenvolvidos outros métodos que tomam como base o ágar

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Baird-Parker, visando melhorar a sensibilidade e especificidade deste, bem como

reduzir o tempo requerido para análise.

O ágar Baird-Parker foi desenvolvido pelo pesquisador Baird-Parker, a partir do meio

de ZEBOVITZ, EVANS E NIVEN JR. em 1955, composto basicamente por telurito e

glicina.

De acordo com a Instrução Normativa (IN) 62 (BRASIL, 2003), a enumeração de

Staphylococcus spp. deve ser feita em Agar Baird-Parker, com realização subsequente

da prova de coagulase e de testes complementares. Utilizando-se esta metodologia, são

necessários quatro dias de análise para obtenção dos resultados, visto que a amostra

permanece no Baird-Parker por dois dias, um dia no caldo BHI e outro no teste da

coagulase.

A composição do meio mencionada por AIELLO; MAYS (2001) consiste de telurito de

potássio e o cloreto de lítio que atuam como agentes seletivos, inibindo o crescimento

da microbiota acompanhante, enquanto o piruvato e a glicina atuam estimulando o

crescimento de S. aureus. A gema de ovo e o piruvato são responsáveis pela

regeneração de células injuriadas e a redução do telurito pelo microrganismo confere às

colônias características uma coloração negra, brilhante, rodeada por uma zona clara,

resultante da hidrólise da lipovitelina, a proteína da gema de ovo.

FIGURA 11: Colônias Staphylococcus spp. em ágar Baird-Parker

Fonte: http://www.revitec.com.br/meios_de_cultura.htm

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5.7.7 MEIO DE ENRIQUECIMENTO EM CALDO BHI

O caldo de infusão cérebro-coração (BHI) é um meio enriquecido dos nutrientes de

cérebro e coração, além da peptona e glucose. As peptonas e as infusões são fontes de

nitrogênio orgânico, carbono, enxofre, vitaminas e substâncias pequenas. A glicose é a

fonte de hidratos de carbono que os microrganismos utilizam por ação fermentadora. O

meio é tamponado através da utilização do fosfato dissódico. A infusão de cérebro-

coração provou ser eficaz na cultura de uma grande variedade de microrganismos,

incluindo diversos tipos de agente patogênicos. O caldo BHI é atualmente recomendado

como meio universal para a bacteriologia aeróbia e para a recuperação primária de

alguns fungos (BECTON, 2003).

As colônias selecionadas nas placas de Agar BP são transferidas para caldo BHI. Os

tubos ficam incubados em estufa a 36 ± 1ºC por 24 horas para posterior realização da

prova de coagulase (ANVISA, 2013).

5.7.8 METODO DE NÚMERO MAIS PROVÁVEL

O método de Número Mais Provável (NMP) de S. aureus também é reconhecido como

método oficial pela IN 62, o qual é aplicado em amostras de alimentos nas quais os

limites de aceitação determinados pela legislação encontram-se abaixo de 100 UFC/g ou

mL. Este método baseia-se na inoculação das diluições desejadas das amostras sob teste

em caldo telurito manitol glicina segundo Giolitti e Cantoni (caldo GC), ou caldo soja

triptona com sal 10%- piruvato de sódio 1% (TSB-NP), com posterior confirmação em

ágar Baird Parker (ANVISA, 2013).

Métodos genéticos para a detecção e identificação de micro-organismos e suas

enterotoxinas ganham cada vez mais importância na higiene alimentar. Quando

comparados com técnicas clássicas de cultura, os métodos moleculares são mais

rápidos, sensíveis e muitas vezes mais práticos, proporcionando melhores resultados em

termos de 24 reprodutibilidade e discriminação de espécies (ATANASSOVA;

MEINDL; RING, 2001; BONAÏTI, PARAYRE e IRLINGER, 2006).

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5.7.9 MÉTODO ELISA

O ELISA vem sendo um método empregado nas pesquisas de detecção de toxinas de S.

aureus, por ser um método rápido, sensível e que permite analisar um grande volume de

amostras simultaneamente. Em contradição, existem limitações ao uso, como a

necessidade de equipamentos especiais para a visualização dos resultados, relativamente

caro para a análise de um pequeno número de amostras e além de alguns de seus

componentes poderem reagir inapropriadamente de acordo com a composição da

amostra utilizada (ZOCCHE, 2005).

5.7.10 REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE

A introdução da PCR (reação em cadeia da polimerase) em diagnóstico microbiano veio

potencializar métodos de análise baseados em seqüências de ácidos nucléicos,

estabelecendo uma alternativa viável aos métodos tradicionais de cultura e testes

imunológicos utilizados para a detecção e caracterização de S. aureus enterotoxigênicos.

Embora esta técnica apresente algumas desvantagens, tais como equipamentos e

insumos de alto custo, necessidade de mão de obra especializada e a presença de

inibidores da reação oriundos de alimentos, apresenta, por outro lado, diversas

vantagens em relação aos métodos convencionais, como maior poder de tipificação e

discriminação, maior rapidez, bom limite de detecção, maior seletividade,

especificidade e potencial para automação, para sua adequada execução, é necessário

um DNA de qualidade, sem a presença de possíveis agentes que possam interferir na

reação (ERTAS et al., 2010; PELISSER et al., 2009).

Exemplo da eficácia da PCR pode ser demonstrada no trabalho de Zoche et al 2005, eles

objetivavam desenvolver duas PCR multiplex (PCRm) para a detecção dos genes das

enterotoxinas estafilocócicas (EE) A (sea), B (seb), C (sec) e D (sed) em

Staphylococcus aureus isolados de alimentos de origem animal, bem como relacionar a

presença desses genes com a origem do microrganismo. As duas PCRm foram

padronizadas utilizando-se cepas de S. aureus cuja capacidade toxigênica foi

previamente confirmada através de ELISA indireto, com o uso de toxinas e soros

antitoxinas de referência. Em seis (12%) dos 50 isolados de S. aureus foi possível

detectar um ou mais genes de EE, sendo que um isolado albergava os genes sea e seb,

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três isolados albergavam seb e dois albergavam sed. As duas PCRm desenvolvidas

foram eficientes na detecção dos genes de EEA, EEB, EEC e EED de Staphylococcus

aureus e permitiram verificar que a prevalência de S. aureus portadores dos

genes sea, seb, sec e sed era baixa em alimentos de origem animal.

6. CONCLUSÃO

Analisando os relatos epidemiológicos neste estudo, percebe-se que grande parte dos

surtos alimentares estão relacionados a erros de manipulação e estocagem dos

alimentos, decorrentes do despreparo dos manipuladores, juntamente com o descuido da

permanência dos alimentos em temperatura inviáveis. Com base nestes relatos torna-se

necessário a importância de promover programas que qualifiquem e disseminem as boas

práticas de manipulação, estocagem e preparação dos alimentos, e que estas práticas

atinjam o ambiente domiciliar que também constitui um dos grandes focos de surtos. A

divulgação dos resultados encontrados na investigação dos surtos, bem como a

realização de levantamentos epidemiológicos auxiliarão na divulgação das medidas de

controle e prevenção resultando na promoção de saúde da população.

Staphylococcus coagulase positiva, dentre os S. aureus, sãos os principais responsáveis

pelos inúmeros relatos de surtos, como mostra o gráfico 4, sendo menor somente da

Salmonela sp. No entanto, através de estudos recentes, constatou-se a presença de

Staphylococcus coagulase negativa envolvidos em número considerável de surtos. Nota-

se no gráfico 1, o quão envolvida está a Região Sudeste em relatos de surtos, estes

confirmados pelo gráfico 3, ocorrendo efetivamente em residências.

O Sistema APPCC ligado a dados epidemiológicos desde a vigilância até a avaliação do

risco de DTA, deve identificar as medidas preventivas e de controle em seus processos

operacionais que são críticos para a segurança do alimento e assegurar que estes

procedimentos estejam corretamente implementados, monitorados e periodicamente

revistos.

As varias técnicas e ferramentas descritas para isolamento e identificação dos

Staphylococcus spp., trazem vantagens e desvantagens. Os métodos biológicos apesar

de serem técnicas empregadas nas primeiras investigações de EE, ainda são muito

utilizados, entretanto são inutilizáveis quando se deseja determinar a classe da toxina

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em questão e na detecção de enterotoxinas em um grande número de amostras. Na

avaliação da melhor escola para a detecção de EE os métodos imunoquímicos como

Elisa ou PCR, além de serem mais modernos, são mais sensíveis, embora necessitem de

certos equipamentos e de padrões para resultados confiáveis.

Constitui um dos grandes desafios das equipes de vigilância de surtos de origem

alimentar a criação de medidas padronizadas de relatos. Não menos importante, os

centros de pesquisa e as Universidades têm papel fundamental e vital para a formulação

de hipóteses e busca de respostas necessárias aos serviços de vigilância e saúde pública.

Isto acarretaria em relatos epidemiológicos mais confiáveis e como consequência, as

ações preventivas e de monitoramento impedirão a ocorrência de novos surtos e sendo

mais eficazes.

Vários pesquisadores e especialistas da área de saúde argumentam que uma cadeia

multidimensional de fatores pessoais, sociais e ambientais influenciam as práticas dos

manipuladores de alimentos e que estes fatores devem ser abordados nos programas de

formação dos manipuladores. Melhorias nos métodos de processamento dos alimentos e

a conscientização a respeito da segurança alimentar de todos os envolvidos na cadeia de

produção destes com certeza reduziriam a incidência de surtos, pois muitas práticas

inadequadas que ocorrem durante o processamento permitem as contaminações, a

sobrevivência e multiplicação de microrganismos patogênicos nos alimentos.

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