[a] suicídio. literatura e sociologia

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     Por ANTONIO OZAÍ

    DA SILVADocente naUniversidadeEstadual deMaringá (UEM),membro do Núcleode Estudos SobreIdeologia e LutasSociais (NEILS –PUc/SP), do

    Conselho Editorialda Revista MargemEsquerda e Doutor em Educação pelaUniversidade deSão Paulo

     

    Suicídio, Literatura e Sociologia 

    Para Marcelo, Toni e Fábio 

    “Eu fico com pureza da resposta das crianças.É a vida. É bonita, e é bonita!”

    (Gonzaguinha) 

    “Simplesmente, era-lhe impossível continuar a viver! “Deus não quis!” diria apobre moça, e matou-se depois de rezar uma oração. Tudo isso parece

    simples, mas nos persegue como pesadelo; chegamos até a sofrer com isso,

    como se houvesse acontecido por nossa culpa”.(F. Dostoiévski: s.d., p. 103)

    “E depois foi necessário ver morrer. Sabe que há pessoas que se recusam amorrer? Já ouviu alguma vez uma mulher gritar “Nunca!” no momento de

    morrer? Eu já. E descobri então que não conseguia me habituar. (...)Simplesmente, não me habituei a ver morrer”.

    (Albert Camus: s.d., p. 90)

     

    O suicídio é um tema sempre presente na literatura. Nela, ospersonagens buscam a morte voluntária motivados por razõesaparentemente individuais. O amor impossível e/ou não correspondidoé um dos seus motes preferidos. A fonte da literatura é a realidade, ocontexto histórico, cultural, social, político e econômico em cadaépoca e espaço territorial. Assim, para além das motivações individuaisque induzem ao suicídio, é preciso compreender as sociedades nasquais se inserem estes indivíduos, isto é, o espaço-tempo. E isto nemsempre a literatura fornece em sua plenitude: é preciso recorrer à

     

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    história, à sociologia, etc. Contudo, a literatura continua importantepara a compreensão da alma humana, dos seus dilemas universais.Neste sentido, ela nos permite atingir o substrato dos indivíduosimaginários e nos ajuda a compreender melhor os indivíduos reais.Vejamos, então, alguns exemplos literários sobre determinados

    indivíduos em situações suicidas. Posteriormente, procuremos compreendê-los para além das razõesindividuais, numa perspectiva sociológica.

    O indivíduo

    No século XVIII, mais precisamente em 1774, J. W.Goethe publicou Die Leiden des jungen Werther ( AsMágoas do Jovem Werther ). Nesta obra, o jovemWerther, abraça voluntariamente a morte:

    “Veja Carlota, que não tremo ao pegar a fria e terrível taçapor onde quero beber a embriaguez da morte! É vocêquem ma apresenta e eu não hesito um só momento. Éassim que se consumam todos os votos, todas asesperanças da minha vida, todas! Quero bater, gelado erígido, à porta de bronze da morte!” (GOETHE, 2003: 348)

    Era meia-noite e suas últimas palavras foi um adeus àamada: “Um vizinho viu o clarão da pólvora e ouviu o estampido, mas como tudo voltou ao completosilêncio, não se inquietou mais”. (Id.) O jovem Werther não morreu imediatamente. Amanheceu, seucriado encontrou-o ensangüentado no chão e chamou o médico. Não havia mais o que fazer eWerther expirou ao meio-dia. Enterraram-no no local escolhido por ele: “O corpo foi conduzido por trabalhadores. Nenhum padre o acompanhou”. (Id.: 350)

     Após a publicação do romance de Goethe ocorreram vários casos de suicídios de jovens; a obra

    chegou a ser proibida em determinadas regiões. Daí surgiu o termo “Efeito Werther”[1], utilizado naliteratura técnica para designar os suicídios que seguem um modelo, isto é, são imitativos.

    Victor Hugo, em Os Trabalhadores do Mar , descreve a morte voluntária de Gilliatt, personagemprincipal da sua obra. Desiludido diante da impossibilidade de se casar com a amada Déruchette, por quem enfrentou os maiores perigos do mar, ele escolhe a imensidão das águas marítimas como asua “grande tumba”. Gilliatt dirige-se para o mar “fugindo aos encontros, evitando as estradas cheiasde caminhantes”. Quando ele chegou próximo à sua “grande tumba”, uma pescadora, sem saber dassuas intenções, gritou-lhe: “Cuidado. A maré está enchendo”. Ele prosseguiu. Torneando o rochedo,chegou ao local almejado: a Cadeira Gild-Holm-‘Ur . “Contemplou-a por um momento, apoiou a mão

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    nos olhos e fê-la passar de uma a outra sobrancelha, gesto com que parece que se apaga opassado, depois assentou-se na cava da rocha, com o grande declive por trás de si, e o oceano aospés”. O mar aproxima-se, ele espera. “De súbito uma agitação de água e uma sensação de frioobrigaram-no a olhar para baixo. A água tocava-lhe os pés”. Ele abaixa os olhos e levanta-os paraobservar o navio que se aproxima e que leva a sua amada, recém-casada. Déruchette tem aimpressão de ver um homem no rochedo e Gilliatt escuta seu comentário a Ebenezer, com quem elase casa. As águas já estavam à altura dos joelhos de Gilliatt. O Cashmere afasta-se e ele, absorto,observa-o atentamente. O tempo não pára!. “A água chegava-lhe à cintura. A maré levantava-se. O

    tempo corria”. Gilliatt com os olhos fixos no horizonte. “Ao mesmo tempo que a água infinita subia àroda do rochedo Gild-Holm-‘Ur, ia subindo a imensa tranqüilidade da sombra nos olhos profundos deGilliatt”. Agora, o navio estava quase imperceptível. Pouco a pouco, torna-se apenas uma mancha:“Depois diminuiu. Depois dissipou-se. No momento em que o navio dissipava-se no horizonte, acabeça desaparecia debaixo da água. Tudo acabou; só restava o mar” (HUGO, 2003: 359-366).

    Fez-se a sua vontade! Gilliatt jazia em paz em sua “grande tumba”!

    O escritor Nikos Kazantzakis, em Zorba, O Grego, também escolhe o mar como morada eterna paraPavli, um jovem de vinte anos perdidamente apaixonado por uma viúva da aldeia. Pavli afoga-se e seucorpo é resgatado; o mar o devolveu à terra. Eis como o autor descreve este momento:

    “Que é que há, Mimito? – gritei.

    Ele se afogou! Ele se afogou! – respondeu-me, sem se deter.

     – Quem?

     – Pavli, o filho de Mavrandoni.

     – Por quê?

     – A viúva...

     A palavra ficou pairando no ar. Surgiu da noite o corpo leve e perigoso da viúva.Eu tinha chegado aos rochedos onde toda a aldeia estava reunida. Os homens estavamsilenciosos, de cabeça descoberta; as mulheres, com lenços nos ombros, puxavam oscabelos, soltando gritos estridentes. Lívido e inchado, jazia um corpo na areia. De pé, imóvel,contemplava-o o velho Mavrandoni. Apoiava-se na bengala, com a mão direita. A esquerdacofiava a barba crespa e grisalha.

     – Maldita sejas, criminosa – diz de súbito uma voz penetrante, – hás de pagar por isto aobom Deus!” (KAZANTZAKIS, 1978: 157).

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    Homens e mulheres culpam a viúva pelo suicídio e ela é assassinada pelos homens da aldeia quandose dirigia à igreja. Apenas Zorba tem coragem de defendê-la.

    Estes exemplos ilustram uma das causas mais comuns de suicídio encontradas na literatura e navida real. Há os casos de quase suicídio, ou seja, situações em que o indivíduo planeja a própriamorte, porém, por motivos vários, não executa o plano. E há também os acidentes, isto é, casos emque o suicida não desejava a morte, mas apenas chamar a atenção. Este parece ser o caso deSylvie, personagem criada por Simone de Beauvoir. A mãe de Sylvie, desesperada, urra: “SylvieSylvie por que você fez isso comigo?” Paralisada e desnorteada diante do cadáver da filha, ela lê o

    bilhete deixado para o pai. Ela conclui que o bilhete não significa nada, que era parte da encenação.Ela conhece a filha e está convicta de que Sylvie não queria matar-se. Mas todos a culpam pelamorte da filha: “Os colegas os professores depositaram buquês sobre o seu caixão sem me dizer uma palavra; se uma filha se mata a mãe é culpada; é dessa maneira que eles raciocinam de ódiocontra a própria mãe”. Ela sabe que não tem culpa, mas no fundo se questiona: “Eu repetia comigomesma: “Se eu tivesse levantado às sete horas... Se eu tivesse ido beijá-la quando cheguei emcasa...” (BEAUVOIR, 2003: 85-86)

    O conto de Josué Montello,  A aposentadoria, nos apresenta uma situação de quase suicídio.Guilhermino, após 35 anos de dedicação ao serviço público, desempenhando a mesma função

    burocrática, vê-se diante da imposição de se aposentar. Longe de alegrar-se com a aposentadoria,ele deprime-se. Sua vida perde o sentido, e as coisas que faz carecem de utilidade. Apartaram-no doseu mundo, a repartição:

    “A repartição constituía o seu verdadeiro mundo: somente ali, na sua mesa limpa, diante deprocessos que lhe cumpria informar e minutar, com o chefe de seção à vista e o diretor escondido numa saleta ao fundo, Guilhermino experimentava a sensação ambiental deplenitude que há de gozar o peixe na água e o pássaro nos ares”. (MONTELLO, 1960: 267)

    Funcionário exemplar, disciplinado e cumpridor dos seus deveres, Guilhermino primava pelapontualidade, sem faltar um dia sequer ao trabalho. Sua vida era guiada pela rotina e seu

    envolvimento com o trabalho. A condição de aposentado desloca-o do cotidiano incorporado por tantos anos. Ele se desespera e, “num relance trágico”, entrevê no bonde “a solução ideal de seudesespero”:

    “Num instante, tudo lhe pareceu extremamente fácil. Por que continuar sofrendo noite e dia,se dispunha de um recurso infalível, ao alcance da sua vontade? E o velho escriturário, que otormento moral avelhantara ainda mais, recobrou o ânimo, sentido que, agora, sim, tinhadiante de si um caminho estreito que lhe daria, dentro em pouco e para sempre, o sossego ea redenção”. (Id.: 295)

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    Pesando os riscos e acometido por diversas dúvidas, Guilhermino titubeia. Em meio à angústiapercebe que alguém lhe chama:

    “E só nesse instante, refluindo vagarosamente do atordoamento que o envolvera, Guilherminocompreendeu que as suas pernas de burocrata, acostumadas durante trinta e cinco anosconsecutivos ao caminho do Departamento das Águas e Patrimônio, sem um dia de licença,sem uma falta, sem uma entrada tarde, haviam restituído o velho escriturário ao remanso desua repartição”. (Id.: 296)

    Todos os recebem calorosamente. Guilhermino, perguntado se já se acostumou à vida deaposentado, desaba e cai em prantos. Então, ele fica sabendo que o querem de volta, que o tempofora da repartição será considerado como férias e que ele é indispensável ao trabalho. Guilherminoretorna à sua família e, radiante, declara à filha: “...eu não sou um inútil: meu chefe me pediu que eunão me aposentasse”. E exagerando para fazer-se mais feliz: – Sem mim, a repartição não anda!”(Id.: 297)

    No dia seguinte, Guilhermino se apresentou na repartição e assinou o livro de ponto. Dirigiu-se àmesa de trabalho com dificuldades de conter os passos tamanha a alegria que sentia. Sua vidarecomeçava, era como se ressuscitasse ou retornasse de um pesadelo. O velho Guilherminomorreria feliz em pleno trabalho: “E nesse dia o ponto era facultativo”. (Id.: 299)

    Sociologia

    Seja o amor não correspondido, o apego ao trabalho ou outra causa qualquer, os exemplos literáriosapresentam-nos a morte voluntária como resultante de motivações individuais. E assim também sedá quando se trata de casos reais de suicídio. A primeira dificuldade consiste em definir o suicídio.“Como saber que móbil determinou o agente, como saber se, ao tomar a sua resolução, desejavaefetivamente a morte, ou tinha outro fim em vista? A intenção é algo demasiado íntimo para poder ser atingida do exterior, a não ser por aproximações grosseiras”, escreve Durkheim. (1983: 166)

    O jovem que se mata por amor; a jovem que deixa dúvidas se realmente tinha intenção de dar cabo à

    vida; o velho funcionário que pensa em suicidar-se; o indivíduo que se mata por vergonha diante dafalência; o soldado que se sacrifica pelos demais; o samurai que se mata em nome da honra; arenúncia desesperada à vida, etc. São inúmeras as s ituações em que comumente se adota adesignação de suicídio. Portanto, é preciso caracterizá-lo. Adotemos a definição de Durkheim:

    “Chama-se suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, ato que a vítima sabia produzir esteresultado. A tentativa de suicídio é o ato assim definido, mas interrompido antes que a mortedaí tenha resultado”. (Id.: 167)

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    Na literatura predomina o viés individual e psicologizante do suicídio; na vida real, também. È sandicenegar os fatores individuais e psicológicos. Não obstante, não é sensato restringir-se ao indivíduo eao psiquismo. Como observa Durkheim:

    “Visto que o suicídio é um ato do indivíduo que apenas afeta o indivíduo, dir-se-ia quedepende exclusivamente de fatores pessoais e que o estudo de tal fenômeno se situa nocampo da psicologia. E, aliás, não é pelo temperamento do suicida, pelo seu caráter, pelosseus antecedentes, pelos acontecimentos da sua vida privada que normalmente este ato seexplica? (DURKHEIM, 1983: 168)

    Se os suicídios podem ser explicados apenas pelos fatores psicológicos, então,desresponsabilizamos a sociedade. Quantos Gilliatt, Werther, Sy lvie, Pavli e Guilhermino existem nomundo? No entanto, nem todos os que sofrem por amor, ou outro motivo qualquer, se matam. Por que outros resistem e não sucumbem ao ato suicida? A resposta está na própria sociedade. É istoque Durkheim demonstra em seu clássico estudo sobre o suicídio  enquanto um fenômenoeminentemente social. Não que ele desconsidere a psicologia; ele apenas enfatiza os fatoressociais. “Cada sociedade tem portanto, em cada momento da sua história, uma aptidão definida parao suicídio”, afirma (Id.: 169) Ou seja, em cada sociedade há um número constante de suicidas, umataxa de suicídio  relacionada a cada grupo social, a qual “não se pode explicar nem através da

    constituição orgânico-psíquica dos indivíduos nem através da natureza do meio físico”. (Id.: 177) As causas do suicídio não estão, portanto, nos indivíduos – e naquilo que eles declaram no momentodesesperado em que abraçam a morte. Os indivíduos apenas sucumbem à tendência  suicidogêneadisseminada na sociedade enquanto um estado geral, isto é, como um fator exterior aos indivíduos eindependentes deles.[2]

    “As razões com que se justificam o suicídio ou que o suicida arranja para si próprio paraexplicar o ato, não são, na maior parte das vezes, senão as causas aparentes. Não só nãosão senão as repercussões individuais de um estado geral, mas exprimem-no muitoinfielmente, dado que permanecem as mesmas e que ele difere. Estas razões marcam, por 

    assim dizer, os pontos fracos do indivíduo, através dos quais a corrente que vem do exterior para incitá-lo a destruir-se se introduz mais facilmente”. (Id.: 182)

    Em cada sociedade há uma tendência coletiva para o suicídio, uma força exterior aos indivíduos, masque se manifesta através destes. Esta tendência é especifica a cada sociedade e está vinculada aosdiferentes hábitos, costumes, idéias, etc. Sua intensidade é também determinada socialmente, istoé, a partir do contexto de cada sociedade específica. Observe-se que as sociedades não sãocompostas apenas por indivíduos, mas também por fatores físicos materiais independentes destes eque também influenciam a vida social. A intensidade com que se manifesta a tendência suicidogêneadepende dos seguintes fatores:

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    “...primeiro, a natureza dos indivíduos que compõem a sociedade; segundo, a maneira comoestão associados, ou seja, a natureza da organização social; terceiro, os acontecimentospassageiros que perturbam o funcionamento da vida coletiva, sem alterar no entanto aconstituição anatômica desta, tais como as crises nacionais, econômicas etc.” (Id.: 199)

    Em suma, são as condições sociais que explicam, por exemplo, que o fenômeno suicida semanifeste diferentemente nas diversas sociedades . Isto explica também porque o número de mortosvoluntários e a sua dist ribuição entre as diversas faixas etárias e grupos sociais se mantémconstantes em cada sociedade específica e que só se modifique este quadro quando mudam ascondições sobre as quais se sustenta a sociedade.

     A relação entre o indivíduo e a sociedade determina as correntes suicidogêneas. Assim, quantomenos o individuo se encontra integrado à sociedade, maior a possibilidade do suicídio egoísta semanifestar:

    "Quanto mais se enfraqueçam os grupos sociais a que ele (indivíduo) pertence, menos eledependerá deles, e cada vez mais, por conseguinte, dependerá apenas de si mesmo parareconhecer como regras de conduta tão-somente as que se calquem nos seus interesses

     particulares. Se, pois, concordarmos em chamar de egoísmo essa situação em que o euindividual se afirma com excesso diante do eu social e em detrimento deste último, podemosdesignar de egoísta o tipo particular de suicídio que resulta de uma individuaçãodescomedida”  (Durkheim, O Suicídio, apud NUNES, 1998.)

    Por outro lado, quanto maior a integração do indivíduo à sociedade, maior a manifestação de outrotipo de suicídio: o altruísta. Se o individualismo excessivo pode induzir ao suicídio, a absorção doindivíduo pela coletividade pode ter o mesmo efeito. “Quando desligado da sociedade, o homem semata facilmente, e se mata também quando está por demais integrado nela”, afirma Durkheim. (Id.)

    Há outro tipo de suicídio analisado por Durkheim: o anômico. Este resulta de desequilíbrios sociaisocasionados por crises econômicas e políticas que modificam as condições sociais sob as quais se

    sustentavam os indivíduos. Nestas circunstâncias, rompe-se a autoridade sustentada nas normastradicionais e os indivíduos ficam sem referências. A crise produz deslocamentos financeiros, gerafalências e processos de enriquecimento que fazem surgir os novos ricos. De um lado, a dificuldadeem aceitar a situação material inferior; de outro, a cobiça diante da nova riqueza. E, em meio à crise,a moral não mais se sustenta e os indivíduos são obrigados a se educarem numa nova moraladaptada à nova situação. Este processo é doloroso e coloca em movimento a tendênciasuicidogênea anômica.

    Durkheim esclarece que, em condições normais, as correntes suicidogêneas  (egoísta, altruísta eanômica) “se compensam mutuamente”. Assim, o indivíduo se encontra num “estado de equilíbrio

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    que o preserva de qualquer idéia de suicídio. Mas, se uma delas ultrapassar um certo grau deintensidade em prejuízo das outras, tornar-se-á, ao individualizar-se e pelas razões expostas,suicidogênea”. (DURKHEIM, 1983: 199)[3]

    Indivíduo e sociedade

    Do ponto de vista literário, é de uma beleza admirável como Victor Hugo descreve o ato de Gilliatt.Suas palavras envolventes parecem dar razão ao personagem. Este surge como o único responsávelpela decisão tomada. Parece indiscutível que a sua opção é plenamente racional. Porém, fica apergunta: seria ele o único responsável por esta atitude extremada? A leitura de Os Trabalhadores doMar  em sua totalidade fornece elementos sobre o personagem e o contexto social que permitem umareflexão para além das motivações individuais. Gilliatt fora estigmatizado desde a infância e osparoquianos o viam com desconfiança e estranheza. Gilliatt “tinha o hábito feroz do ente que não se

     julga estimado; andava de longe. Ainda criança, vendo pouco agasalho no rosto dos homens, tomouo costume, que depois tornou-se-lhe instinto, de andar sempre afastado”. (HUGO, 2003: 359)

     A comunidade isolou-o; ele afastou-se dela. Seus hábitos pareceriam estranhos aos supersticiosos eintolerantes.

    “Gilliatt não era estimado em sua paróquia. Antipatia natural. Sobravam motivos. O primeiro,

    acabamos de explicá-lo, era a casa em que morava. Depois a origem dele. Quem era aquelamulher [sua mãe]? E este menino? A gente não gosta de enigmas a respeito deestrangeiros. Depois, trajava uma roupa de operário, tendo aliás com que viver, embora nãofosse rico. Depois, o jardim, que ele conseguia cultivar e donde colhia batatas, apesar dosventos de equinócio. Depois, os alfarrábios que lia”. (Id.: 30).

     A ignorância era uma muralha que impedia aos demais compreendê-lo. Sua morte solitária sela oestilo de vida que teve. De qualquer forma, a opção pela morte voluntária tem como fator detonador uma paixão sem esperanças. O mesmo ocorre com os jovens Werther e Pavli. Nestes casos, ficaainda mais evidente que o suicídio resulta apenas de motivações individuais: a atração fatal pelanoiva do amigo e a paixão não correspondida pela viúva. O movimento da paixão arrasta estescorações para o desespero e, imersos na melancolia, parece restar-lhes apenas a alternativa damorte voluntária. Porém, é necessário observar que a obra escrita por Goethe sintetiza umadeterminada concepção do suicídio, a qual só pode ser compreendida se levarmos em consideraçãoo movimento romântico. Por sua vez, o romantismo, enquanto corrente filosófica e literária, só podeser plenamente assimilado no contexto da época.[4]  Não é possível, neste espaço, analisar esteprocesso; queremos apenas observar que as motivações individuais são insuficientes e que é precisoir para além da própria obra de J. W. Goethe.

    O mesmo podemos afirmar quanto ao personagem de Nikos Kazantzakis. A reação, por exemplo,

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    dos aldeães ao suicídio do jovem Pavli, e o conseqüente assassinato da mulher que, na interpretaçãodestes, fora a causa da desgraça do jovem suicida, exige o estudo da cultura camponesa nocontexto histórico e social da uma pequena aldeia grega. É possível justificar a ira dos homens destaaldeia diante da viúva? “Qual é a responsabilidade desta mulher?, pergunta alguém. (KAZANTZAKIS,1978: 157). Não lhe respondem. Estava decidido!

     A mulher desiludida que sofre diante da morte da filha faz, na verdade, um balanço da sua vida. Tentacompreender as razões que a levaram a este precipício. A leitura da obra fornece elementos quepermitem reconstruir o seu trajeto e nos ajuda a compreender o momento relatado. Também é

    possível observar dados sobre a percepção da sociedade diante do suicídio da jovem Sylvie. E opróprio fato da mãe buscar justificavas para a culpa que lhe imputam, indica o peso da opiniãopública sobre o caso. Contudo, também aqui é necessário estudar a sociedade francesa da época.

    E o que dizer de Guilhermino e seus pensamentos suicidas? Só é possível compreender o desesperodo velho funcionário se levarmos em conta a concepção que a sociedade tem sobre o trabalho esobre o não-trabalho. Uma sociedade fundada no trabalho só pode acarretar culpa a quem não temmais condições de exercer uma atividade profissional. Daí o aposentando se sentir um inútil – e naverdade, as pessoas, ainda que inconscientemente, o tratam como tal. De fato, o sofrimento deGuilhermino resulta não de uma predisposição a sofrer, mas sim de um sentimento disseminado na

    sociedade. E, por outro lado, ainda que a sociedade não lhe culpe por se aposentar, e até reconheçaeste direito, ela não o prepara e nem lhe dá as condições necessárias para viver a nova situação. Écompreensível que um ser humano acostumado a trabalhar durante 35 anos, de forma repetitiva ealienante, se sinta deslocado, desencaixado, ao se aposentar. O que não é compreensível é que asociedade não se preocupe com os seus idosos, com os seus aposentados, isto é, que nãodesenvolva formas de reencaixá-los  para que eles não sofram diante da nova situação e se sintamvivos e atuantes.

    Guilhermino superou o pensamento suicida, mantendo-se preso ao trabalho e à repartição. Esta nãoé uma solução, mas uma imposição. Observe-se que ele morreu na mesa do trabalho e num dia emque era ponto facultativo. Ou seja, as opções não são as melhores: morrer trabalhando ou viver sobreo signo da culpa e do sentimento de inutilidade. Afinal, a aposentadoria é um direito ou um fardo paraa sociedade? Parece que esta vê os seus idosos como fardos a carregar – e, o pior, estes tambémterminam por se vêem desta forma. A solução que a sociedade encontra é prolongar o tempo detrabalho; e os que conseguem se aposentar, têm que continuar, por necessidade, a procurar emprego.

    Concluindo

    O suicídio é um ato racional e humano. Suas motivações se manifestam individualmente – seja pelasdeclarações dos indivíduos suicidas, seja pelas interpretações que surgem em cada caso específico.

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    Um certo psicologismo tende a desconsiderar que o indivíduo vive em sociedade e que, portanto,suas atitudes não estão desvinculadas do meio em que vivem. Um certo sociologismo tende adesprezar os fatores psíquicos e individuais, como se fosse possível encarar a dor e o sofrimento dosque abraçam a morte voluntária e dos seus próximos apenas se reportando aos fatores sociais.

     Ambos tendem ao determinismo.

     A literatura contribui para compreendermos os sonhos, sofrimentos e angústias dos indivíduos, algotão universal quanto a própria existência. Os grandes escritores, as obras primas, têm a capacidadede colocar ao alcance de todos, e em palavras simples, a essência do ser humano. Se isto nos

    permite conhecer o gênero humano, também colabora para o maior conhecimento do nosso próprioser e dos dilemas da humanidade. Afinal, se o suicídio não nos atinge diretamente, ele nos dizrespeito. A sociedade não é algo abstrato, a morte também não é uma abstração. Se aceitarmos ecompreendemos esta realidade, podemos viver melhor e nos resignarmos à certeza da finitude.Dessa forma, é possível superar os tabus e o moralismo que envolve temas como o suicídio.

    O mérito de Durkheim está em demonstrar que o suicídio é um fenômeno social e que é possívelestudá-lo e compreendê-lo a partir da compreensão da sociedade. O suicídio é um fenômenopresente em todas as sociedades humanas, mas sob as condições da modernidade ele assumeuma intensidade nunca vista. A responsabilidade é social e não apenas individual. As diversas áreas

    do conhecimento podem contribuir, mas é necessário que se respeite as suas especificidades elimites, sem que, por isso, neguem-se mutuamente. Este é outro mérito de Durkheim. Finalizo comas suas palavras:

    “Eis portanto o ponto essencial em que divergem as opiniões do clínico e do sociólogo. Oprimeiro só vê os casos particulares, isolados uns dos outros. Assim, constata muitas vezesque a vítima era um nervoso ou um alcoólico e explica o ato por um destes estadospsicopáticos. Num certo sentido tem razão; porque, se o sujeito se matou mais cedo do queos seus vizinhos, é freqüentemente por este motivo. Mas não é por este motivo que, de umamaneira geral, há indivíduos que se matam, nem, sobretudo, é por este motivo que sematam, em cada sociedade, e num espaço de tempo determinado, um número definido deindivíduos. A causa produtora do fenômeno escapa necessariamente a quem só observa osindivíduos; porque ela é exterior aos indivíduos. Para a descobrir é necessário ir além dossuicídios particulares e aperceber o que determina a unidade destes”. (Durkheim, 1983: 201)

    [1] O “Efeito Werther” expressa a difícil relação entre formas de comunicação e suicídio. Comotrabalhar esta questão de forma a não estimular e/ou oferecer modelos aos suicídios? Estapreocupação levou a Organização Mundial de Saúde (Departamento de Saúde Mental) a divulgar um texto para ajudar os profissionais da mídia. Trata-se de: “Prevenir o Suicídio – Um Guia paraProfissionais dos Mídia” . Este texto está disponível em: http:/ /www.socialgest.pt/suicidio.pdf Em

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    tempos de Internet, por exemplo, há sites que se propõem a ajudar propensos suicidas aefetivarem seus intentos. Em contraposição, há sites e instituições cujo objetivo é fazer prevalecer a vida. Um bom exemplo é o Centro de Valorização da Vida. Fundado em 1962, emSão Paulo, e atualmente presente em todo o território nacional, o CVV, através de trabalhovoluntário, procura dar apoio emocional aos indivíduos angustiados e com tendências suicidas. Éum trabalho preventivo. O site do CVV é: http://www.cvv.com.br 

    [2] Isto está relacionado á concepção que Durkheim tem do fato social . Para ele, o fato social ,isto é, aquilo do que deve se ocupar a sociologia, se caracteriza por: 1) a coerção social  exercida

    sobre os indivíduos; 2) sua exterioridade em relação aos indivíduos; e, 3) a generalidade.Durkheim mostra que os fatos sociais têm existência própria e independem do que pensam ou daação dos indivíduos considerados isoladamente. Embora todos tenhamos personalidadeindividual, o modo como nos comportamos e agimos obedece a um padrão de condutas e deidéias, valores morais e hábitos, determinados pela sociedade. Esta desenvolve um conjunto decrenças e de sentimentos comuns: a consciência coletiva. Esta consciência não é a simplessoma das consciências individuais ou de grupos específicos. Ela é partilhada, em maior ou menor grau, por todos os indivíduos e expressa o tipo psíquico da sociedade, o qual é imperativo esobrevive às gerações.

    [3] O Suicídio foi publicado em 1897. A tipologia durkheimiana permanece atual. Jennifer Zwahr-Castro, analisando este fenômeno na sociedade norte-americana, utiliza a sociologia de Durkheime conclui que, entre os jovens norte-americanos, o mais comum é o suicídio egoístico. (Ver oartigo O suicídio entre adolescentes americanos). Também a socióloga Kayoko Ueno nota que ashipóteses durkeimianas “podem ser ainda relevantes no Japão contemporâneo”. (Ver: O suicídio éo maior produto de exportação do Japão? Notas sobre a cultura de suicídio no Japão).

    [4]Do ponto de vista filosófico, o romantismo representou a reação ao iluminismo. Seus principaisrepresentantes foram Johann Gottlieb Fichte (1762-1814), Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling(1775-1854), Friedrich von Schlegel (1772-1829) e o teólogo alemão Friedrich Ernst DanielSchleiermacher (1768-1834). Na literatura, o romantismo expressou a crítica ao estilo dos autores

    clássicos e a ênfase ao individualismo, lirismo, sensibilidade e o predomínio da imaginação sobrea razão.

    Bibliografia

    BALZAC. Honoré de. Eugênia Grandet. São Paulo: Abril Cultural, 1971.

    BEAUVOIR, Simone de. A Mulher Desiludida. Rio de Janeiro: O Globo; São Paulo: Folha de S.Paulo, 2003.

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    DOSTOIÉVSKI, F. Diário de um Escritor . Rio de Janeiro: Ediouro, s.d.

    DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social; As regras do método sociológico; O suicídio; As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Os Pensadores)

    GOETHE, J. W. Fausto – Werther . São Paulo: Nova Cultural, 2003.

    HUGO, Victor. Os Trabalhadores do Mar. São Paulo: Nova Cultural, 2003.

    KAZANTZAKIS, Nikos. Zorba, o Grego. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira. 1978.

    MONTELLO, Josué. A aposentadoria. In: MAGALHÃES JÚNIOR, R. O Conto da Vida Burocrática.Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1960, pp. 263-299.

    NUNES, Everardo Duarte. Durkheim's Suicide: reassessment of a classic from 19th-centurysociological l iterature. Cad. Saúde Pública. [online]. Jan./Mar. 1998, vol.14, no.1 [cited 24December 2004], p.7-34. Available from World Wide Web: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1998000100002&lng=en&nrm=iso >. ISSN 0102-311X.

    OMS (Departamento de Saúde Mental). Prevenir o Suicídio – Um Guia para Profissionais dos

    Mídia. (Acessado em 24.12.04)

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