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SÍLVIA CAROLINA LEBRÓN A TÉCNICA DE MULTI GRELHA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE LUBRIFICAÇÃO ELASTO-HIDRODINÂMICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÀNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA 2001

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SÍLVIA CAROLINA LEBRÓN

A TÉCNICA DE MULTI GRELHA NA SOLUÇÃO

DE PROBLEMAS DE LUBRIFICAÇÃO

ELASTO-HIDRODINÂMICA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÀNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

2001

SÍLVIA CAROLINA LEBRÓN

A TÉCNICA DE MULTI GRELHA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE

LUBRIFICAÇÃO ELASTO-HIDRODINÂMICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Engenharia Mecânica da

Universidade Federal de Uberlândia, como parte

dos requisitos para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Área de Concentração: Transferência de Calor e

Mecânica dos Fluidos.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Ribeiro.

UBERLÂNDIA (MG)

2001

FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação

L453t

Lebrón, Sílvia Carolina, 1957-

A técnica de multi grelha na solução de problemas de lubrificação

elasto-hidrodinâmica / Sílvia Carolina Lebrón. - Uberlândia, 2006.

151f. : il.

Orientador: Carlos Roberto Ribeiro.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Pro-

grama de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.

Inclui bibliografia.

1. Mecânica dos fluidos - Teses. 2. Lubrificação e lubrificantes - Te-

ses. I. Ribeiro, Carlos Roberto. II. Universidade Federal de Uberlândia.

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. III. Título.

CDU: 532

iii

A mis padres,

Mimimi y Papilo

iv

Meus agradecimentos,

Aos meus filhos Bruno, Lili e Nani.

À minha família.

Aos professores Dr. Carlos Roberto Ribeiro e Dr. Aristeu Silveira Neto.

Aos colegas da pós-graduação.

Aos funcionários do DEEME.

Ao CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa) pelo apoio financeiro.

v

Lebrón, S. C., 2001, “A Técnica de Multi Grelha na solução de Problemas de

Lubrificação Elasto-Hidrodinâmica”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal

de Uberlândia, MG.

RESUMO

O estudo da Lubrificação Elasto Hidro Dinâmica (LEH) está relacionado às situações

onde a deformação elástica dos corpos em contato hidrodinâmico não pode ser

desprezada. Para analisar a LEH em contatos elípticos é necessária a solução

simultânea da equação de Reynolds para a pressão e da equação da elasticidade.

Para a deformação complementa-se esta formulação com a adoção de uma relação

exponencial da viscosidade com a pressão, o que torna o sistema de equações

acopladas altamente não-linear. O objetivo deste trabalho é o de analisar a LEH em

contatos elípticos, resolvendo-a com o auxilio da técnica de Multi Grelha, que é um

acelerador de convergência dos sistemas lineares gerados na discretizacão das

equações que regem o fenômeno.

___________________________________________________________________

Palavras-chave: Multi Grelha, Lubrificação Elasto- Hidrodinâmica, Métodos

Computacionais.

vi

Lebrón, S. C., 2001, “Multigrid Method in Elastohydrodynamic Lubrication”, M. Sc.

Dissertation, Universidade Federal de Uberlândia, MG.

ABSTRACT

The subject of elastohydrodynamic lubrication is identified with situations in which

elastic deformation plays a significant role in the hydrodynamic lubrication process.

To analyze the elastohydrodynamic lubrication (LEH) of elliptical contacts it is

necessary to solve simultaneously the Reynolds equation for pressure and the

elasticity equation. The greatest shortcoming of this approach is the dependence

exponential between the viscosity and the pressure which is, so that the coupled

equations system becomes highly nonlinear. The objective of this work is to analyze

LEH in elliptical contacts by means of multi grid algorithms (used for modeling and

simulating complex dynamic systems) to solve them.

___________________________________________________________________

Keywords: Multi-Grid, Elasto Hydrodynamic Lubrication, Computational Methods.

vii

LISTA DE SÍMBOLOS

Letras Gregas

α Fator de relaxação para a correção iterativa do campo de pressão

η Viscosidade do lubrificante

λ Relação entre os raios de curvatura (Ry/Rx) dos corpos em contato elástico

ρ Densidade do lubrificante

Letras Latinas

A Matriz dos coeficientes de um sistema linear

a Semi-eixo na direção y de uma elipse determinada por um contato elástico

b Semi-eixo na direção x de uma elipse determinada por um contato elástico

D Matriz de influência da deformação elástica

e Erro algébrico da aproximação ũ frente à solução exata u em um sistema linear

f Vetor fonte do sistema linear

h(x,y) Separação superfícies em contato ou altura da película de fluído entre 2 corpos

k Relação entre semi-eixos a e b de uma elipse determinada por contato elástico

p Campo de pressão que surge entre os contatos lubrificados

r Resíduo ou estimativa do erro de um sistema linear

Ry Raio na direção y de um corpo submetido a contato elástico

U Velocidade adimensional das superfícies deslizantes

u Vetor de incógnitas de um sistema linear

ũ Solução aproximada de um sistema linear

w Carga a que está submetido um contato elástico

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

CAPÍTULO I: CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.1.Considerações Prel iminares .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.2.Questão temát ica e hipóteses teóricas .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.3.Principais antecedentes e premissas adicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.4.Estrutura da dissertação ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

CAPÍTULO II: MULTI GRELHA (MG) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.1.Considerações Prel iminares .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.2.Métodos iterat ivos para a solução de sistemas l ineares .. . . . . . . . . . . . . . . 18

2.2.1.Método de Jacobi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . 18

2.2.2.Método de Gauss-Seidel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . 19

2.2.3.Método de Sobre Relaxação (SOR) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2.2.4.Aceleração Pol inomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 22

2.2.5.Método do Gradiente Conjugado (CG) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.2.6.Aceleração de Chebyshev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 27

2.3.A Técnica de Mult i Grelha (MG) ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

2.3.1.Equação residual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . 28

2.3.2.O processo iterat ivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 30

2.3.3.Operadores de transferência entre malhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.3.4.Ciclos Mult i Grelha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . 33

2.4.Resultados na ut i l ização do Mult i Grelha .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.4.1.Caso unidimensional permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.4.2 Solução bidimensional de transferência de calor . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 39

2.4.3.Lubr if icação Hidro Dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

CAPÍTULO II I: LUBRIFICAÇÃO ELASTO-HIDRODINÂMICA (EHD) . . . . . . . . 45

3.1.Considerações Prel iminares .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.2.Contato Hertziano ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

3.2.1.Geometria dos sól idos elást icos em contato seco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

3.2.2.Campo de pressão Hertziano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

3.2.3.Deformação elást ica do campo de pressão em meio inf inito . . . . 55

3.3.Equação de Reynolds .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

3.4.Relação entre a separação das superf ícies (h) e a pressão ... . . . . . . . 58

3.5.Efeito da pressão na viscosidade ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

3.6.Dependência da densidade com a pressão ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

ii

CAPÍTULO IV: IMPLEMENTAÇÃO NUMÉRICA - EQUAÇÕES DE EHD . . . 64

4.1.Equações dimensionais .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

4.2.Adimensionalização ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.3.Discret ização da equação de Reynolds .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

4.4.Discret ização da deformação elást ica .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

4.5.Tipos de malhas ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

4.5.1.Malha da pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . 87

4.5.2.Malha da deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . 88

4.5.3.Transferência dos resultados entre as malhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

4.6.Descr ição geral do algor itmo ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

CAPÍTULO V: RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

5.1.Modelos numéricos: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

5.1.1.Modelo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

5.1.2.Modelo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

5.1.3.Modelo 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

5.2.Ref inamento de malhas ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

5.3.Estudo da var iação de parâmetros do contato lubr if icado ... . . . . . . . . . 109

5.3.1.Var iação da superfície de contato (k) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140

5.3.2.Var iação da carga (W) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . 142

5.3.3.Var iação da velocidade (U) .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 143

CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 149

INTRODUÇÃO

Em muitos contatos entre elementos de máquinas transmitem-se forças

através de f inos - embora contínuos - f i lmes de f luido. Estes f i lmes de f lu idos

têm sido bem compreendidos já há muito tempo quando relacionados à

lubr if icação hidrodinâmica de mancais e os resultados experimentais

conf irmam a teoria. Nos anos 20 do século passado, já se percebia que

muitos contatos carregados, tais como rolamentos e engrenagens,

provavelmente se comportavam como se fossem hidrodinâmicamente

lubr if icados. Ao contrário do que ocorr ia com os mancais, a lubr if icação

hidrodinâmica de engrenagens e rolamentos difer ia substancialmente de

resultados exper imentais. Somente nos últ imos anos é que a deformação

elást ica dos contatos foi acoplada à hidrodinâmica fornecendo uma melhor

aproximação da teor ia com os experimentos.

Considerando que a Lubrif icação Hidrodinâmica caracteriza uma

condição de lubr if icação plena (a película ou cunha de óleo separa

completamente as superf ícies em movimento relat ivo), tem-se em princípio

que a teoria da Lubrif icação Elasto-Hidrodinâmica (EHD) difere da teor ia

hidrodinâmica clássica por levar em consideração a inf luência da pressão na

viscosidade e nos materiais.

Deste princípio, originou-se o objet ivo principal deste trabalho, qual

seja, o de anal isar a EHD em contatos elípt icos, resolvendo-a com o auxil io

da técnica de Mult i Grelha, qual seja, uma técnica or ientada para a solução

numérica dos sistemas l ineares que se levantam freqüentemente das

equações diferenciais. Esta técnica alterna o uso das grades de vár ias

def inições, conseguindo uma convergência mais rápida do que computações

em malhas f inas e, quanto à exat idão, melhor do que computações em

malhas grosseiras/ ir regulares.

A propósito, a mestranda já portava uma familiar idade com esta

técnica (centrada na resolução de sistemas l ineares de grande porte - IV

POSMEC da UFU) com apl icação em dinâmica de f luídos (LEBRÓN &

RIBEIRO, 2000), além de uma intensa dedicação aos descr itores de

simulação numérica computacional, s istemas l ineares, equações diferenciais

e métodos iterat ivos, somada à convivência com a l inguagem de

11

programação or ientada para objetos (C++ para Windows), o que alavancou

sua motivação para empreender esta pesquisa.

O estudo da Lubr if icação Elasto-Hidrodinâmica (EHD) está relacionado

às situações onde a deformação elást ica dos corpos em contato

hidrodinâmico não pode ser desprezada. Para anal isar a EHD em contatos

elípt icos é necessár ia a solução simultânea das equações da pressão e da

elast ic idade e, para a deformação, complementa-se esta formulação com a

adoção de uma relação exponencial da viscosidade com a pressão, o que

torna altamente não- linear o sistema de equações acopladas.

Para a consecução do objet ivo proposto, empreendeu-se uma revisão

conceitual de autores clássicos - desde Hertz (1881) e Barus (1893) - até

autores contemporâneos como Lepikult (1997, descrevendo o Método Gauss-

Seidel de Jacobi) dentre outros, sabendo-se que alguns estudos mais

recentes (VENNER, 1994; SMEETH E SPIKES, 1997; JANG E TICHI, 1995)

revelam tentat ivas através de diferentes métodos de solução, sem que,

contudo, este problema apresente uma resolução completamente

sat isfatória.

Tem-se como premissa que os campos de pressão podem exigir uma

malha extremamente ref inada na região do contato e, caso a mesma seja

del ineada com um número grande de pontos distr ibuídos regularmente, isto

pode inviabi l izar o projeto em razão do elevado custo de processamento. No

entanto, é provável que com a ut i l ização de duas malhas, uma regular e a

outra irregular, este problema pode ser contornado, ou seja, tendo como

coadjuvantes a discret ização proposta por Hamrock e Downson (1981) e o

auxil io da técnica de Mult i Grelha (MG) para possib i l i tar o emprego de

malhas f inas na região do contato e sendo assim, como a MG acelera a

convergência de grandes sistemas l ineares, o custo computacional

decorrente permanece em l imites aceitáveis.

Nesta direção, espera-se que a técnica de Mult i Grelha com malhas

irregulares apl icadas em um sistema altamente não-l inear seja

comprovadamente rápida, precisa e ef icaz, evidenciando-se como uma das

contr ibuições específ icas deste trabalho.

CAPÍTULO I

CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

1.1 Questão temática e hipóteses teóricas

Embora envolva alguns questionamentos secundários que serão

levantados no decurso do estudo, a questão central deste trabalho pode ser

resumida em uma única pergunta: é possível s imular numericamente, sob

condições isotérmicas, os contatos elípt icos com lubr if icação EHD onde há

grandes dif iculdades exper imentais associadas a um problema sem solução

analít ica?

Como precedente para a formulação de hipóteses, tem-se que a EHD

possui uma característ ica altamente pontual, com grandes gradientes para a

pressão, o que leva à necessidade de malhas extremamente f inas, gerando

assim sistemas de ordem elevada que, associados à não- linear idade

numérica, tendem a produzir soluções instáveis. Os campos de pressão

exigem uma malha extremamente ref inada na região do contato e, se a

mesma for feita com um número grande de pontos distr ibuídos regularmente,

inviabi l iza o projeto pelo elevado custo de processamento.

Considerando as recomendações metodológicas de Marconi & Lakatos

(1996) em que na pesquisa “as conclusões devem estar vinculadas à

hipótese de invest igação, cujo conteúdo foi comprovado ou refutado”. (1996,

p. 37), mesmo que advenham hipóteses adicionais no decurso da pesquisa,

as principais são:

1) Com a ut i l ização de duas malhas, uma regular e a outra

irregular, este problema relacionado aos contatos elípt icos com

lubr if icação EHD onde há grandes dif iculdades exper imentais

pode ser contornado.

2) Nesse contexto, o emprego da técnica de Mult i Grelha com

malhas irregulares num sistema altamente não- l inear pode

apresentar maior rapidez de processamento, precisão e

ef iciência.

13

1.2 Principais antecedentes e premissas adicionais

Dois corpos sólidos separados por uma f ina camada de f luído

lubr if icante, com uma velocidade relat iva entre eles diferente de zero e

submetidos a uma carga que os induz a uma deformação elást ica

caracter izam a lubr if icação Elasto-Hidrodinâmica (EHD).

A anál ise da EHD requer a solução simultânea das equações da

elast ic idade e da hidrodinâmica (equações de Reynolds). O sistema

acoplado de equações que compõem a solução dos problemas de

lubr if icação EHD possui como característ icas que ao se def inir a espessura

de f i lme leva-se em conta a deformação elást ica do contato. Neste caso,

deve ser levado em consideração que tanto a viscosidade quanto a

densidade dependem da pressão, resultando num problema altamente não-

linear.

A maior ia dos trabalhos em EHD versa sobre contatos l ineares e,

nesse sentido, Grubin, em 1949, foi o primeiro a tentar uma solução do

problema de EHD linear isotérmico. Esta anál ise revelou que a forma,

elast icamente deformada dos sól idos, num contato lubr if icado, altamente

carregado, era a mesma que a forma produzida num contato seco

(Hertziano).

Esta hipótese faci l i tou a solução da equação de Reynolds na região de

entrada do contato e permit iu o cálculo da separação dos sól idos, porém, a

referida análise de Grubin não apresentou resultados compatíveis com a

real idade.

O que caracteriza a não-l inearidade das equações que regem a EHD

está na equação de Reynolds que possui na sua formulação os valores da

densidade, a viscosidade e da altura da película lubrif icante que por sua vez

são funções da pressão transformando o problema num sistema acoplado de

equações diferenciais.

Deve ser observado que pelo caráter exponencial do calculo da

viscosidade, esta é fortemente inf luenciada com a var iação da pressão e,

mesmo que permaneça constante a altura de separação entre as superf íc ies

e também a densidade do lubrif icante, em função da pressão, a equação de

Reynolds cont inua altamente não- l inear.

14

1.3 Procedimentos metodológicos

Para uma solução completa do problema de EHD devem ser tratadas

simultaneamente as seguintes equações: a equação de Reynolds, a relação

entre a viscosidade e a pressão e as equações da elast ic idade, o que foi

feito por Dowson e Higginson, em 1959, obtendo a solução do problema por

métodos inversos que apresentaram bons resultados para casos

unidimensionais.

Por sua vez, Hamrock e Downson (1981), apresentaram métodos

iterat ivos de solução da EHD obtendo alguns resultados sat isfatórios, cujos

princípios serão aqui aproveitados na fase comparat iva. Estudos mais

recentes (VENNER, 1994; SMEETH E SPIKES, 1997; JANG E TICHI, 1995)

tentam diferentes métodos de solução, porém este problema não pode ser

considerado completamente resolvido.

Como recursos apropriados para sustentação da base metodológica,

serão também empregados a discret ização proposta por Hamrock e Downson

(1981) e o auxi l io da técnica de Mult i Grelha (MG) para possibi l i tar o

emprego de malhas f inas na região do contato posto que, como a MG acelera

a convergência de grandes sistemas l ineares, o custo computacional

decorrente permanece em l imites aceitáveis.

Como ferramenta coadjuvante para a obtenção e anál ise de resultados

foi desenvolvido um pacote de programas aplicat ivos construídos pela

pesquisadora com uti l ização da l inguagem C++ (de Stroustrup), cujas

l istagens dos códigos-fonte estão contidas no ANEXO inser ido no apêndice

do presente trabalho.

Os primeiros resultados concentram-se na comparação entre os três

modelos, assim como nos diferentes valores de suas var iáveis. O objet ivo

específ ico desta fase consiste em localizar um modelo e um valor adequado

para que, ao mesmo tempo em que forneça resultados sat isfatórios, não

represente um alto custo tanto em tempo de processamento quanto em

capacidade de armazenamento. Para at ingir tal a meta adotar-se-á como

padrão de comparação os resultados obt idos por Hamrock e Dowson (1981),

Jang e Tichy (1995) e Venner (1994).

Na busca do modelo e do valor apropriados de γ , diferentes

combinações foram executadas. Para γ foram escolhidos os valores: 0, 1,

1.5 (valor adotado por Hamrock e Dowson em 1981) e 2.

15

Nos resultados obtidos para estes diferentes casos pode ser

analisado, além dos perf is das pressões após 1000 iterações, o

comportamento específ ico de cada caso com 10 e 100 iterações de modo a

visual izar como o caso em questão se comporta a caminho da convergência.

Os procedimentos (passo a passo) adotados para a obtenção desses

resultados estão minuciosamente descritos no Capítulo 4 ( item 4.6 -

Descr ição geral do algoritmo) com o respectivo f luxograma.

1.4 Estrutura da dissertação

No Capitulo I , que ora se encerra, conf igura-se uma visão contextual

desta pesquisa, incluindo o encaminhamento das hipóteses teóricas e uma

abordagem superf ic ial acerca dos métodos de solução numérica de sistemas

l ineares de grande porte assim como as diferentes possibi l idades da sua

solução iterat iva.

Por conseguinte, no Capítulo I I , a técnica de Mult i Grelha (MG) é então

abordada como recurso de aceleração da convergência na aproximação da

solução numérica à exata, sendo que cada etapa do processo de MG é

detalhada para fornecer ao leitor a possibi l idade de implementação e uso

desta poderosa ferramenta de trabalho. Final izando esta seção, são

apresentados alguns resultados que val idam e comprovam a ef icácia da

técnica de MG uti l izada.

No Capítulo I I I é abordado o problema f ís ico, qual seja inerente ao

principal descritor desta pesquisa, a Lubr if icação EHD. Para o

aprofundamento desta questão, são traçadas considerações inic iais que tem

por objet ivo situar o leitor no problema abordado. Posteriormente é descr ito

o contato seco com deformação elást ica, denominado de contato Hertziano

cuja formulação é semelhante à do EHD, com a inserção de algumas

hipóteses simpl if icat ivas. A equação que fornece o campo de pressão em

contatos elípt icos, equação de Reynolds é f inalmente abordada. Para

entender a relação que Reynolds estabelece na sua formulação os valores

da densidade, a viscosidade e da altura da película lubrif icante, tais

equações são apresentadas e estudadas também neste capítulo.

O Capítulo IV trata da implementação numérica das equações de EHD.

Part indo-se das equações dimensionais e de suas respectivas

16

adimensional izações, são abordadas diferentes formas de discret ização. O

Capítulo também aborda a implementação numérica das equações que regem

o fenômeno assim como o esquema iterat ivo ut i l izado na sua solução.

Por sua vez, o Capítulo V apresenta os resultados obtidos. Inicia-se

com um estudo sobre diferentes modelos numéricos que foram

implementados e comparados. A questão de ref inamento de malhas é então

abordada visando local izar a que melhor se adapta ao problema, levando-se

em conta a necessidade de um grande número de pontos em contraste ao

custo de processamento dos mesmos. Este capítulo também i lustra os

resultados obtidos perante a var iação de alguns parâmetros tais como a

carga (w) a que os corpos estão submetidos, a variação da velocidade de

rotação (u), e a geometria da superf ície de contato (k), levantando as

respect ivas discussões.

Por f im, são apresentadas as conclusões alcançadas - tendo em vista

os objet ivos propostos e as dif iculdades encontradas, incluindo alguns

complementos ao trabalho real izado, bem como a formulação de sugestões

para continuidade do tema em trabalhos futuros. A pesquisa é f inal izada com

o relato de alguns aspectos conclusivos observados no seu desenvolvimento

e real izando uma adequação da questão e das premissas com os resultados

encontrados.

CAPÍTULO II

MULTI GRELHA (MG)

2.1 Considerações Preliminares

Os métodos iterat ivos de solução de sistemas l ineares do t ipo

apresentado abaixo (na Equação 2.1) ou na forma matr icial (Equação 2.2),

tais como o de Gauss-Seidel, de Jacobi, do Gradiente Conjugado, do

Gradiente Bi-Conjugado ou das Relaxações Sucessivas (SOR), possuem em

comum a caracter íst ica de convergirem rapidamente no inic io do processo,

mas, assim que as osci lações bruscas do erro são el iminadas nos estágios

inic iais, a ef iciência destes métodos decai s ignif icat ivamente tornando-os

excessivamente lentos.

fuA = (2.1)

=

=

n

i

1

n

i

1

NN3N2NNI

N3333231

N2232221

N1131211

f

f

f

u

u

u

a...aaa

...............

a...aaa

a...aaa

a...aaa

A

M

M

M

M

(2.2)

Para superar este obstáculo surge a técnica Mult i Grelha, que ut i l iza a

caracter íst ica desta rápida convergência inicial dos métodos iterat ivos e, a

part ir do ponto de colapso, transfere os cálculos para uma malha mais

grosseira, onde os benef íc ios da convergência inicial são readquir idos. A

seguir os resultados da malha grosseira são transferidos de volta à malha

mais f ina. Este processo de transferência de informações entre malhas é

real izado durante alguns cic los, ut i l izando-se esquemas de interpolação.

18

2.2 Métodos iterativos para a solução de sistemas lineares

Dada uma matriz inversível Q, pode rescrever-se o s istema de

equações (2.1) como,

( ) ( )uAQIfQufuQQA 11 −− −+=⇒=−+ (2.3)

onde I é a matr iz identidade de ordem N.

A part ir de (2.3) obtêm-se uma expressão geral para os métodos

iterat ivos básicos que são denominados de pr imeiro grau posto que cada

iteração depende exclusivamente da iteração anterior,

...,2,1,0nku~Gu~ n,1n =+=+ (2.4)

onde u~ é uma aproximação do vetor u, G é a matr iz de iteração do método,

AQIG 1−−= (2.5)

e k é um vetor def inido como,

fQk 1−= (2.6)

Observe-se que nem G nem k dependem da iteração n, motivo pelo qual

os métodos que dependem da def inição dada na equação (2.4) são ditos

métodos iterat ivos estacionár ios. O fato de G e k não dependerem do vetor

u~ torna estes métodos l ineares (BITTENCOURT, 1996).

2.2.1 Método de Jacobi

Este método é dito de deslocamento simultâneo posto que a ordem pela

qual as incógnitas são atual izadas não interfere no resultado das mesmas.

Resolve todas as var iáveis de uma vez, é de fáci l compreensão e

implementação, porém de convergência muito lenta. Part indo de uma solução

inic ial u~ 0 ; o método de Jacobi obtém para cada passo i os valores u~ i , para

i=1,. . .N (sendo N o número de var iáveis).

19

O procedimento iterat ivo do método, a part ir da equação (2.2) segue a

seguinte formulação (LEPKULT, 1997),

n...,,1ia

u~af

u~ii

n

ij1j

njiji

1ni =

=

∑≠=

+

(2.7)

Este método é ef ic iente na redução das amplitudes das componentes

de alta f reqüência da aproximação u~ n , o que o torna apropriado como

suavizador na técnica de Mult i Grelha (BITTENCOURT, 1996).

Geralmente a convergência do Método de Jacobi se dá quando a

matr iz A é de dominância diagonal, isto é, quando o valor absoluto da

diagonal em cada l inha for maior que a soma dos valores absolutos dos

demais elementos da l inha em questão (SHEWCHUK, 1996). Para resolver o

sistema apresentado na equação (2.1) pelo método de Jacobi, há

necessidade de armazenamento dos valores da matr iz A, dos valores dos

vetores u~ n , u~ n+ 1 e f .

2.2.2 Método de Gauss-Seidel

Conhecido como método de deslocamentos sucessivos, este método é

semelhante ao método de Jacobi com a diferença de que ut i l iza os valores

calculados na mesma iteração, o que o torna um pouco mais rápido de

convergência. O procedimento iterat ivo do método, a part ir da equação (2.2)

segue a seguinte formulação (LEPKULT, 1997),

n...,,1ia

u~au~af

u~ii

n

1ij

njij

n

1j

1njiji

1ni =

−−

=

∑∑+==

+

+

(2.8)

Geralmente o cálculo do resíduo para a aferição de convergência exige

um vetor adic ional. Deste modo, o espaço de memória e o custo por iteração

são os mesmos do método de Jacobi. O número de iterações necessár ias

para a convergência é inferior ao requerido pelo método de Jacobi.

Esclarece-se que tanto no método de Jacobi e como no de Gauss-Seidel, a

20

transição da est imativa ni

ni u~u ≅ do sistema (2.1) para a próxima est imat iva

1ni

1ni u~u ++ ≅ pode ser descrita matr ic ialmente (LEPKULT, 1997), procedendo-se

à decomposição LU (“Lower”, “Upper”) clássica da matr iz A, isto é,

UDLA ++= (2.9)

onde A, L, D e U são respectivamente,

NN3N2NNI

N3333231

N2232221

N1131211

a...aaa

...............

a...aaa

a...aaa

a...aaa

A =

0...aaa

...............

0...0aa

0...00a

0...000

L

3N2NNI

3231

21

=

NN

33

22

11

a...000

...............

0...a00

0...0a0

0...00a

D =

0...000

...............

a...000

a...a00

a...aa0

U N3

N223

N11312

=

O algoritmo de Jacobi pode ser representado por,

fu~Nu~M nj

1nj +=+ (2.10)

onde,

U)-(LNeDM jj +==

e o algoritmo de Gauss-Seidel por,

fu~Nu~M ng

1ng +=+

onde,

-UNeLDM gg =+=

21

2.2.3 Método de Sobre-Relaxação

O método de Sobre-Relaxações Suscitas (SOR) é o método de Gauss-

Seidel com a introdução de um parâmetro w visando acelerar a

convergência.

De forma geral tem-se,

( )

n...,,1ia

u~aw1u~au~afw

u~ii

niii

n

1ij

njij

n

1j

1njiji

1ni =

−−

−−

=

∑∑+==

+

+

(2.11)

Se w=1, obtém-se o método de Gauss-Seidel; para w<1 e w>1 tem-se

respect ivamente, sub e sobre-relaxação (BITTENCOURT, 1996).

Para facil i tar a convergência do método, pode se fazer a atual ização da

var iável u~ i através da seguinte equação, em função do fator de relaxação,

n...,,1i

a

a1

wn

ij1j ii

iji =≤

∑≠=

(2.12)

Porém, se por simplicidade for ut i l izado um único w para todas as

equações, de forma que este seja menor que todos os w i calculados o

método apresentará bons resultados.

A implementação do SOR é análoga à do Gauss-Seidel, devendo-se

considerar apenas as mult ipl icações por w a cada passo. A memória

requerida por este método é a mesma do que a do método estudado

anteriormente.

Observe-se o exemplo a seguir,

−=−−

=+−

=++

1xxx

1xxx

3xxx

321

321

321

cuja solução é (1, 1, 1), tem-se:

22

−+=

++−=

−−=

+++

++

+

1n2

1n1

1n3

n3

1n1

1n2

n3

n2

1n1

xx1x

xx1x

xx3x

:SeidelGauss

( ) ( )( ) ( )( ) ( )

−++−=

++−+−=

−−+−=

+++

++

+

wxx1w1xx

wxx1w1xx

wxx3w1xx

:SOR1n

21n

1n

31n

3

n3

1n1

n2

1n2

n3

n2

n1

1n1

Part indo-se do vetor ( )0,0,0u~n = e com w = 1 (método de Gauss-Seidel)

e w = 0.5 (sub relaxação) têm-se os seguintes resultados:

Gauss-Seidel SOR

n X1 X2 X3 X1 X2 X3

0 0 0 0 0 0 0

1 3 2 2 1.5 0.25 1.125

2 -1 0 0 1.5625 0.9687 1.3593

3 3 2 2 1.1171 1.2226 1.1269

4 -1 0 0 0.8837 1.1166 0.9470

5 3 2 2 0.9100 0.9868 0.9350

6

-1 0 0

1.0040 0.9580 0.9855

Tabela 2.1: Convergência dos métodos de Gauss-Seidel e SOR.

Observar que com Gauss-Seidel, ocorrem osci lações periódicas nas

var iáveis u~ i , enquanto que com o SOR converge-se para a solução (1, 1, 1).

2.2.4 Aceleração Polinomial

A aceleração polinomial visa aumentar a taxa de convergência dos

métodos iterat ivos vistos anter iormente determinando uma nova seqüência

de aproximações, tomando combinações l ineares dos vetores obt idos nas

iterações do método em questão (Bit tencourt, 1996). Supondo-se que o

método considerado seja completamente consistente, simétr ico e def inido

por,

23

...,2,1,0nku~Gu~ 1nnn =+= − (2.13)

então, sendo u a solução exata, o vetor do erro e é def inido como,

...,2,1,0nuu~e nn =−= (2.14)

e sat isfaz a relação,

...,2,1,0neGe 0nn == (2.15)

A convergência das aproximações u~ , é acelerada com o auxi l io de uma

nova seqüência v que é calculada como sendo a combinação l inear,

...,2,1,0nu~v nn

0i

ni

n =α=∑=

(2.16)

tal que,

...,2,1,0n1n

0ii,n ==α∑

=

(2.17)

Considerando-se ê o erro cometido pela aproximação de u por v,

subtraindo-se de ambos os lados da equação (2.16) os valores da solução

exata u e ut i l izando o resultado fornecido pela equação (2.15), obtém-se,

( ) 0n

0in

0i

ni

in

0i

ni

n eGQeGeê =α=α= ∑∑==

(2.18)

onde,

( ) nn,n1,n0,nn GGIGQ α++α+α= L (2.19)

é um pol inômio matr icial.

Tomando-se a equação 2.20 como o polinômio algébrico associado a ( )GQn

observa-se que ( ) 11Qn = .

24

( ) nn,n1,n0,nn xxxQ α++α+α= L (2.20)

A part ir das equações (2.16) e (2.17) verif ica-se que 00 eê = pelo que

se conclui que o erro para ên também pode ser calculado pela equação

(2.18) isto é,

( ) 0n

n êGQê = (2.21)

A equação (2.21) dá o nome de aceleração polinomial ao método que a

ut i l iza. No entanto, adotar este procedimento, como exposto, não é viável

posto que o custo computacional torna-se muito elevado devido à equação

(2.16), o que é resolvido construindo-se o polinômio ( )xQn a part ir da relação

de recorrência abaixo (2.22), onde iγ e iρ são números reais.

( )

( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1nxQ1xQ1xxQ

1xxQ

1xQ

1n1nn1n11n1n1n

111

0

≥ρ−+γ−+γ−γρ=

+γ−γ=

=

−+++++

(2.22)

Além disso, ( ) 0n11Qn ≥∀= . Com ( )xQn dado pela equação (2.22), as

aproximações u~ n da equação (2.4) podem ser determinadas assim:

( ) ( )

( ) ( ) ( ) 1nu~1u~1ku~Gu~

u~1ku~Gu~

1n1n

n1n

n1n1n

1n

01

01

1

≥ρ−+γ−++γρ=

γ−++γ=

−−+++

+

(2.23)

(2.24)

Existem vár ias seqüências de pol inômios ( ) xQn que sat isfazem a

equação (2.22), entre elas estão as associadas aos métodos do Gradiente

Conjugado e ao de Chebyshev.

25

2.2.5 Método do Gradiente Conjugado (CG)

O nome deste método deve-se ao fato de que o mesmo gera uma

seqüência de vetores conjugados (or togonais). Estes vetores são os

gradientes de um funcional quadrát ico (ou seja, n=2 da equação (2.22)) cuja

minimização é equivalente a resolver o sistema linear.

Se a equação (2.1) for redef inida como sendo,

u~Af)u~(r −= ou mudando a notação , xAf)x(r −= (2.25)

Então, o alvo da solução do sistema linear descr ito na equação (2.1)

seria determinar x tal que r(x) seja igual a zero.

Isto pode ser feito local izando-se o mínimo de uma função q(x) def inida por,

fxxAx21

)x(q −= (2.26)

desde que,

)x(r)x(q =∇ (2.27)

Ao procurar iterat ivamente uma solução de (2.1), em geral tem-se,

pxx n1n α+=+ (2.28)

onde α é um escalar e p a direção de um vetor. Evidentemente, se o escalar

α for igual a zero, a solução de (2.1) já foi encontrada o que implica em que

o vetor x não mais sofre modif icações, isto é, uu~ ≡ .

A idéia do CG é dar um passo numa direção (p) que seja perpendicular

(conjugada) a todos os passos anter iores e localizar α da equação (2.28) de

modo que minimize a função ( )pxq α+ .

Para selecionar a direção do vetor p em cada passo, o CG uti l iza a

regra inscrita na seguinte equação (2.29):

26

( ) ( )[ ]( )[ ]2n

n21n1n1n

xr

pxrxrp

+++ +=

(2.29)

onde, pn é a direção anterior e r como def inido na equação (2.25).

Isto feito, o problema (2.1) transforma-se em uma busca

unidimensional, isto é a minimização da função a (na equação 2.30), com

uma única var iável e mais, uma função que possui representação analít ica

de classe ∞C por se tratar de um polinômio, tendo portanto solução analít ica

conhecida.(Vanderplaats)

f)px()px(A)px(21

)px(q α+−α+α+=α+ (2.30)

.O CG é um método extremamente ef iciente quando a matr iz dos

coef icientes é simétr ica, posit iva e def inida, e requer o armazenamento um

número l imitado de vetores, resultando em mais 4N posições de memória

(Barret, 1994). No entanto, na sua ut i l ização juntamente com o método de

Mult i Grelha, não demostrou ser tão ef iciente quanto os métodos iterat ivos

estacionár ios, o que não é uma contradição posto que a ef iciência isolada de

um determinado método está relacionada com a rapidez com que o mesmo

converge para a solução procurada e, portanto no modo deste reduzir as

altas f reqüências do erro.

Há variações do GC como as citadas a seguir e que ut i l izam

basicamente o mesmo principio acima descrito: Gradiente Bi-Conjugado

(BiCG), Gradiente Conjugado Quadrado (CGS), e Gradiente Bi-Conjugado

Estabil izado (BI-CGSTAB).

O Gradiente Bi-Conjugado (BiCG) é um método que gera duas

seqüências de vetores, de modo análogo à gerada pelo CG. A pr imeira é

baseada na matr iz dos coef ic ientes originais do sistema, e a segunda

baseia-se na matr iz transposta dos mesmos. Em vez de ortogonal izar cada

seqüência, as mesmas são geradas de modo a serem mutuamente ortogonais

ou bi-ortogonais. Do mesmo modo que o CG, este método necessita de

espaço l imitado para seu armazenamento. É geralmente ut i l izado quando a

matr iz não é simétr ica nem singular, no entanto a convergência pode vir a

27

ser irregular. BiCG requer a mult ipl icação entre os coef icientes da matr iz e

os da sua transposta a cada iteração.

Já o Gradiente Conjugado Quadrado (CGS) é uma var iação do BiCG

que aplica as operações de atual ização para as seqüências da matr iz dos

coef icientes e para as da sua transposta a part ir do mesmo vetor. Em

principio, a taxa de convergência estar ia sendo duplicada mas, na prát ica a

convergência pode vir a ser muito mais ir regular do que a do BiCG levando a

resultados incorretos. Uma vantagem prát ica é a de que este método não

necessita da mult ipl icação entre os coef icientes da matr iz e os da sua

transposta a cada iteração.

Por sua vez, o Gradiente Bi-Conjugado Estabi l izado (BI-CGSTAB): é

outra variação do BiCG mas se vale de diferentes atual izações para as

seqüências relacionadas à matr iz transposta dos coef icientes a f im de

suavizar a convergência (Barret, 1994).

2.2.6 Aceleração de Chebyshev

A Iteração Recursiva de Chebyshev determina pol inômios cujos

coef icientes são escolhidos para minimizar a norma dos resíduos no sent ido

dos máximos e mínimos. O pol inômio ( ) xQn como descr itos no item 2.1.4 é

tal que o raio espectral,

( )( )( ) ( )

( )inGMxGm

n QmaxGQS µ=≤≤

(2.31)

seja pequeno, onde iµ ( i = 1, . . . , N) são os autovalores de G. Como todo o

espectro de G é raramente conhecido, trabalha-se com o raio espectral

vir tual dado por,

( )( )( ) ( )

( )xQmaxGQS nGMxGm

n≤≤

= (2.32)

Como ( ) ( )[ ]GM,Gmi ∈µ , tem-se que,

( )( ) ( )( )GQSGQS nn ≤ (2.33)

28

Logo, neste método procura-se minimizar ( )( )GQS n através da escolha

adequada da seqüência ( ) xQn .

Os coef icientes da matr iz devem de ser posit ivos e def inidos e requer

o conhecimento dos autovalores nas extremidades. Este método possui

ainda a vantagem adicional do não efetuar produtos internos durante sua

execução (Barret, 1994).

Para resolver o sistema apresentado na equação (2.1) por este método

há necessidade de 5N posições de memória.

2.3 A Técnica de Multi Grelha (MG)

2.3.1 Equação residual

Seja u~ uma aproximação da solução exata u da equação (2.1), em uma

iteração qualquer, isto é

= + f)u~ (eA (2.34)

Onde nn u~ue −= , (equação (2.14)), é o desvio, ou erro algébr ico, da

aproximação u~ em relação à solução exata u. A norma deste erro e é

def inida como:

jNj1

emaxe≤≤∞

= e 2

1N

1j

2j2

ee

= ∑=

(2.35)

Evidentemente o valor exato deste erro é tão inacessível quanto o

valor da solução exata o que impossibi l i ta a ut i l ização da equação (2.35)

como critér io de convergência precisando portanto haver uma est imat iva do

mesmo, no caso, o resíduo r como na equação (2.25), ou seja,

u~Af)u~(r −= (2.36)

pode ser calculado indicando quanto a aproximação u~ deixa de sat isfazer a

equação (2.1) (Br iggs, 1987). A norma do resíduo r pode ser calculada de

29

modo análogo ao da equação (2.35). Note-se que, caso o resíduo seja igual

a zero, a solução exata do problema foi encontrada, isto é, u ≡ v, o que torna

o erro igualmente nulo. Na prát ica, num processo iterat ivo, não se chega a

um resíduo r=0, mas interrompe-se o processo quando o mesmo for

suf icientemente pequeno, da ordem de 10 - 8 por exemplo.

Reorganizando a equação (2.36) como,

fru~A −= (2.37)

e efetuando a subtração entre as equações (2.1) e (2.37) tem-se,

( ) ru~-uA = (2.38)

que, com a inserção da relação (2.14) f ica,

= r eA (2.39)

A equação (2.39) é denominada equação do resíduo, indicando que o erro e

sat isfaz o mesmo conjunto de equações que a solução u quando f é

substituído por r, ou seja, resolver o sistema da equação (2.39) é

exatamente análogo a resolver o sistema da equação (2.1). A ut i l ização da

equação residual é apropriada para o método de Mult i Grelha pois os valores

de e, por se situarem em torno de zero em um processo iterat ivo, são mais

adequados aos processos de interpolação que transferem resultados entre

as malhas. Assim, dada uma aproximação u~ , obt ida por algum método

iterat ivo, pode-se calcular o resíduo r pela equação (2.36). Para melhorar u~ ,

determina-se o erro e pela equação residual (2.39) e corr ige-se a solução u

pela equação (2.14) (BRIGGS, 1987).

Observa-se que o custo para a solução exata de (2.39) é da mesma

ordem do sistema or iginal (2.1), o que torna viável o procedimento anterior.

Entretanto, como será visto posteriormente, busca-se a solução na malha

f ina, empregando-se os demais níveis apenas como esquemas de correção,

não havendo necessidade de resolver-se de forma exata as respect ivas

equações de resíduo nestas malhas.

30

2.3.2 O processo iterat ivo

Seja Ωh uma malha discret izada com uma dimensão caracter íst ica h e

Ω2h uma malha mais grossa com dimensão caracter íst ica 2h.

De uma forma geral o método Mult i Grelha segue o seguinte processo

iterat ivo:

1) relaxar algumas vezes hhh fuA = (equação (2.1)) na malha Ωh obtendo

um valor inic ial u~ h ,

2) calcular o resíduo )u~A(fr hhhh −= (equação (2.36)),

3) transferir os valores deste resíduo r h para a malha mais grossa Ω2h ,

com auxíl io de funções interpoladoras obtendo-se r 2 h .

4) relaxar algumas vezes a equação residual 2h2h2h reA = (equação

(2.39)) na malha Ω2h , obtendo-se valores para e2h ,

5) transferir os valores deste erro e2 h para a malha mais f ina Ωh , com

auxíl io de funções interpoladoras obtendo-se eh .

6) corr igir a aproximação da malha f ina com hhh eu~u +← (equação 2.14),

1) hhh fuA = → u~ h

2) )u~A(fr hhhh −=

3) 2hh2hh rrI =

Ωh

4) 2h2h2h reA = → e2 h

5) hh2hh2 eeI =

6) hhh eu~u +←

Ω2h

Figura 2.1: processo iterat ivo

31

2.3.3 Operadores de transferência entre malhas

Os elementos pr incipais vistos anter iormente revelam a necessidade

de operadores para transferir informações entre as malhas. Inic ialmente

assume-se que a malha grossa possui a metade do número de incógnitas da

malha f ina ou ainda que o tamanho dos elementos grossos é o dobro

daqueles da malha f ina. Assim a malha grossa está contida na f ina, ou seja,

estão aninhadas (nested meshes) (Bit tencourt, 1996).

2.3.3.1 Operador de restrição

A prát ica tem demonstrado que o mecanismo de transferência de

informações (passo 3 do sub capítulo 2.3) da malha f ina Ωh para a grossa

Ω2h pode ser realizado l inearmente, com bons resultados. Denotando esta

operação, chamada restr ição, por 2hhI (Briggs, 1987), tem-se:

h2j

2hj

2hh2hh

h2h2hh

rronderrI

:I

==

Ω→Ω

(2.40)

Observe-se que, o operador da equação (2.40) é um operador injet ivo, isto é,

os pontos da malha grossa assumem os valores correspondentes da malha

f ina.

2.3.3.2 Operador de prolongação

A transferência dos valores das funções (passo 5 do sub capítulo 2.3)

da malha mais grossa Ω2h para a mais f ina Ωh , é denominada prolongação ou

interpolação, sua denotação é dada por hh2I . Bi-dimensionalmente pode ser

real izada do seguinte modo,

hh2hh2 :I Ω→Ω

hh2hh2 eeI =

(2.41)

32

onde,

h2j,i

hj2,i2 ee =

(2.42)

( )h2j,1i

h2j,i

hj2,1i2 ee

21

e ++ +=

( )h21j,i

h2j,i

h1j2,i2 ee

21

e ++ +=

( )h21j,1i

h21j,i

h2j,1i

h2j,i

h1j2,1i2 eeee

41

e ++++++ +++=

com

12M

i0 −≤≤

12M

j0 −≤≤

onde M é o número de pontos em x e y.

Estes procedimentos, i lustrados para duas malhas podem ser

estendidos recursivamente até se at ingir a malha mais grosseira possível,

isto é, a de 3 pontos, e daí retornando-se à mais f ina, onde reside af inal a

solução do problema original (BRIGGS, 1987).

Figura 2.2: transferências de dados entre malhas

h2Ω

h2hI

h2Ω

hh2I

33

2.3.4 Ciclos Multi Grelha

O percurso de descida e subida pode ser real izado de formas

diferentes, surgindo daí os diversos t ipos de cic los Mult i Grelha. O

parâmetro mc no algoritmo do MG determina o número de chamadas

recursivas dos níveis mais grosseiros. Para mc = 1, ver if ica-se uma descida

simples até o fundo com retorno imediato à superf íc ie (Figura 2.3), é o

chamado cic lo V.

Figura 2.3: mc = 1, cic lo em V

O ciclo W é (Figura 2.4) é geralmente mais robusto do que o ciclo V,

além de ser mais fáci l a sua anál ise na teoria de convergência clássica do

MG. No entanto, é mais caro, e em apl icações de ref inamento local (ou em

1D) pode não apresentar resultados suf ic ientemente precisos. Os ciclos W

são especialmente caros em algoritmos paralelos. Como o próprio nome o

sugere, este cic lo, desce da malha mais f ina para a mais grosseira, como no

cic lo V, porém no retorno interrompe a subida em uma malha intermediária,

voltando novamente ao fundo, para só então retornar def init ivamente à

superf ície.

Figura 2.4: mc = 2, Ciclo em W

Figura 2.5: Ciclo misto

34

A f igura precedente (Fig. 2.5) mostra a possibil idade de também criar

cic los da junção dos anter iores. A idéia consiste em monitorar o progresso

da iteração em algum sentido e poder decidir como ou quando realizar o

deslocamento entre as malhas (RUEDE, 1995).

2.4 Resultados na util ização do Multi Grelha

2.4.1 Caso unidimensional permanente

Para o estudo do comportamento do MG num caso unidimensional, foi

abordado o escoamento de Poiseui l le em um canal plano completamente

desenvolvido, em regime permanente.

Fenômeno f ísico:

O escoamento isotérmico completamente desenvolvido no inter ior de um

canal plano bidimensional (escoamento de Poiseuil le), é governado pelas

seguintes equações :

Cont inuidade: 0xu

=∂

(2.43)

Momentum: 0y

uxP

2

2

=∂

∂η+

(2.44)

com,

tetanconsxP

=∂

∂−

(2.45)

onde u é a velocidade do escoamento e P a pressão do f luido.

Adimensional isando as variáveis tem-se:

hy

y * = (2.46)

35

u

dxdP

hu

2

* η−=

(2.47)

onde o sinal do lado direito da equação depende do gradiente de pressão (-1

para gradiente negativo e 1 para gradiente posit ivo). Se a f ronteira superior

do canal se movimenta, tem-se um escoamento de Couette-Poiseui l le, cujas

condições de contorno são:

0 u(0)

u u(2h)

=

=

(2.48)

LPP

xP 12 −

=∂

(2.49)

Figura 2.6: Escoamento de Poiseuil le

Solução analít ica:

O problema proposto torna-se então:

dxdp1

dy

ud2

2

η

−= 0 ≤ y ≤ 2h

(2.50)

36

com as seguintes condições de contorno:

0)0(u = (2.51)

0)h2(u = (2.52)

Tomando-se

cdxdp1

(2.53)

onde c é uma constante que, a modo i lustrat ivo, tomará o valor –1, tem-se

então:

bayy21

uaydydu

1dy

ud 22

2

++−=⇒+−=⇒−= (2.54)

Apl icando-se as condições de contorno e tomando h=0.5 tem-se:

1a0)1(u)h2(u

0b0)0(u

=⇒==

=⇒=

(2.55)

Assim sendo, a solução analít ica do problema proposto é:

y21

y21

u 2 +−= (2.56)

onde y pertence ao intervalo [0,1].

Solução numérica:

Para se resolver numericamente o problema será ut i l izado o método de

diferenças f in itas centrais como a seguir :

37

⇒= cdy

ud2

2

⇒=

c

dydu

dydu

como,

y2uu

dydu 1i1i

i∆

−≈ −+

( )⇒

−+≈

−≈ −+−+

2i1i1i1i1i

2

2

y

u2uuy2uu

dyd

dy

ud

( )c

y

u2uu2

i1i1i =∆

−+ −+

ou na forma matr icial, Au=c, onde,

( ) ( )

( ) ( ) ( )

( ) ( )

( )2

22

222

22

y

2...000

...............

0...y

2

y

10

0...y

1

y

2

y

1

0...0y

1

y

2

A

∆∆

∆∆

=

com c = -1 e u a solução procurada do sistema.

Note-se que a matr iz A é tr id iagonal, s imétr ica, posit iva de dimensão

(N-1) x (N-1), onde N é o número de pontos da malha principal. Os

resultados a seguir servem de comparação para atestar a ef iciência do MG,

onde é notável a capacidade e faci l idade do MG em l idar com malhas

extremamente f inas.

Gauss-Seidel Gauss-Seidel+MG

Número de pontos 1024 1024

Número de iterações 220343 12

Tempo de execução 605 segundos 1 segundo

Tabela 2.2: Resultados de convergência para diferentes métodos de

relaxação

38

Na Figura 2.7 é analisado o desempenho do MG em relação ao tempo

de execução, onde Nv é o número de malhas ut i l izadas (sub-níveis) e w é o

fator de relaxação. Se w=1 tem-se o método de Gauss-Seidel. Se w>1 tem-

se o SOR (Sucessive Over Relaxation). A Figura 2.8 mostra a var iação no

número de iterações do MG em função da variação do fator de relaxação.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Numero de sub-niveis (Nv)

0

500

1000

1500

2000

tem

po

(seg

un

do

s)

W=1

Figura 2.7: I terações = f (Nv)

0 0.25 0.5 0.75 1 1.25 1.5 1.75 2fator de relaxacao

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

itera

coes

Figura 2.8: I terações = f (W)

Nota-se que o número mínimo de iterações ocorre nas proximidades de

w = 1, isto é, o SOR, para este problema, não desempenha a contento o seu

papel de suavizador quando acoplado ao MG (PRESS et al, 1992).

39

0 0.25 0.5 0.75 1y

0

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

0.06

0.07

0.08

0.09

0.1

0.11

0.12u

(y)

num ericaanalitica

Figura 2.9: Perf i l parabólico da velocidade no escoamento de Poiseui l le

2.4.2 Solução bidimensional de transferência de calor

Para o estudo do comportamento do MG num caso bidimensional

el ípt ico transiente, foi abordado um problema teórico de condução de calor

bidimensional:

0t1y01x0TT 2t ≥≤≤≤≤∇= (2.57)

com temperatura imposta igual a zero em todos os lados e condição inic ial

dada por :

)y4(sin)x4(sin)0,y,x(T ππ= (2.58)

e cuja solução exata é dada por:

t32 2

e)y4(sin)x4(sin)t,y,x(T π−⋅π⋅π= (2.59)

40

-1

-0.5

0

0.5

1

Tem

per

atu

ra

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

X

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Y

Figura 2.10: Condição inic ial do problema 2-D de val idação referente às

equações (2.57) e (2.58).

Part indo de uma malha quadrada e visando determinar o número de

pontos da malha conveniente ao problema, foi feita uma análise do erro

apresentado pelo MG, em relação à solução exata e o tempo de CPU

necessário para o processamento em cada caso. Os resultados obtidos

podem ser visualizados nas Figuras 11 e 12, onde M é o número de pontos

da malha

100 200numero de pontos

0

0.001

0.002

0.003

0.004

0.005

0.006

no

rma

eu

clid

ian

ad

os

resi

du

os

Figura 2.11: Erro = f (M)

41

100 200numero de pontos

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

tem

po

de

CP

U

Figura 2.12: CPU = f(M)

Na Figura 2.13, a ef ic iência do MG pode ser constatada no tempo de

processamento necessár io (CPU) em função do número de sub-níveis

ut i l izados. Convém sal ientar que para um número nulo de sub-níveis, o

método de solução do sistema nada mais é que o de Gauss-Seidel ou o SOR,

dependendo do valor de relaxação w. O erro permaneceu aproximadamente

em 7 10 - 6 para todos os sub-níveis.

Na anál ise do fator de relaxação w, constatou-se novamente a

conveniência em ser usado w igual a um, isto é, o Método Iterat ivo de

Solução de Gauss-Seidel, o que pode ser facilmente verif icado observando-

se a Figura 2.14.

0 1 2 3 4 5 6numero de sub-niveis

0

50

100

150

200

250

tem

po

de

CP

U

Figura 2.13: Tempo = f (sub-níveis)

42

0.5 1 1.5W

100

150

200

250

300

350

400

450

tem

po

de

CP

U

Figura 2.14: Tempo = f (W)

2.4.3 Lubrif icação Hidrodinâmica

A lubrif icação hidrodinâmica entre dois contatos é governada pela

equação clássica de Reynolds (HAMROCK & DOWSON, 1981):

( ) ( ))h(

t2

hvv

y2

huu

xyP

12h

yxP

12h

xbaba

33

ρ∂

∂+

∂+

∂=

η

ρ

∂+

η

ρ

(2.60)

onde,

p é o campo de pressão que surge entre os contatos lubrif icados

h(x,y) é a separação geométrica entre as superf ícies

ρ a densidade

η a viscosidade

ua e ub va e vb são as velocidades das superf ícies desl izantes. Usualmente

ua = u e ub = va = vb = 0.

em regime permanente,

0t

=∂

(2.61)

Quando se ignora a deformação elást ica introduzida pela pressão, h é

calculada levando-se em conta somente grandezas de caráter geométrico.

Normalmente ρ e η dependem da pressão o que torna a equação de

Reynolds não-l inear e de dif íc i l solução.

43

Os resultados da tabela a seguir foram obtidos para o problema l inear

simples, onde ρ e η são constantes com h independente da pressão:

Tempo de CPU (segundos)

Com MG Sem MG

SOR 4 517

Gauss-Seidel 6 530

Gradiente Bi-Conjugado 16 664

Tabela 2.2: Tempo de CPU na lubr if icação hidrodinâmica para cada método

de solução.

Erro máximo

Com MG Sem MG

SOR 10 - 1 0 10 - 8

Gauss-Seidel 10 - 1 1 10 - 4

Gradiente Bi-Conjugado 10 - 9 10 - 6

Tabela 2.3: Erro na lubrif icação hidrodinâmica para cada método de solução.

10 20 30 40 50X

10

20

30

40

Y

Figura 2.15: Curvas de nível da pressão

44

0 50 100 150 200X

0

2E-07

4E-07

6E-07

8E-07

1E-06

P

Figura 2.16: Pressão em y=ymédio.

CAPÍTULO III

LUBRIFICAÇÃO ELASTO-HIDRODINÂMICA (EHD)

3.1 Considerações Preliminares

Em muitos contatos entre elementos de máquinas transmitem-se forças

através de f inos, embora contínuos f i lmes de f lu ido. Estes f i lmes de f lu idos

tem sido bem compreendidos já há muito tempo quando relacionados à

lubr if icação hidrodinâmica de mancais e os resultados experimentais

conf irmam a teoria. Em 1916 Mart in já havia percebido que muitos contatos

carregados, tais como rolamentos e engrenagens, provavelmente se

comportam como se fossem hidrodinâmicamente lubrif icados. Ao contrár io do

que ocorr ia com os mancais, a lubr if icação hidrodinâmica de engrenagens e

rolamentos difer iam substancialmente de resultados experimentais. Somente

nos últ imos anos é que a deformação elást ica dos contatos foi acoplada à

hidrodinâmica fornecendo uma melhor aproximação da teoria com os

exper imentos. De fato, as teorias mais antigas de lubr if icação de contatos

pontuais admit iam que as superf íc ies eram indeformáveis e que o lubrif icante

era iso-viscoso (KAPITZA, 1955). Entretanto, tais teorias apl icam–se

somente às mais leves cargas.

A Lubr if icação Elasto-Hidrodinâmica (EHD) trata da lubr if icação de

contatos elást icos. A anál ise requer a solução simultânea das equações da

elast ic idade e da hidrodinâmica (equações de Reynolds). A Lubr if icação

Elasto-Hidrodinâmica difere da teoria de lubrif icação hidrodinâmica

convencional nos seguintes aspectos:

• ao se def inir a espessura de f i lme, leva-se em conta a deformação

elást ica do contato,

• a viscosidade e densidade dependem da pressão.

Quando dois sólidos estão em contato sob carga nula, dois t ipos

dist intos de contatos são possíveis. O primeiro é o contato pontual, no qual

os dois sólidos tocam-se num ponto, como ocorre em rolamentos. O segundo

é um contato l inear, no qual os dois sól idos tocam-se ao longo de uma linha

46

reta ou curva, como num rolamento ci l índr ico. Após a apl icação da carga

num contato pontual, o ponto expande-se numa el ipse e a l inha num

retângulo. Embora estejamos interessados em contatos carregados, é

conveniente dist inguir as situações acima se referindo às mesmas como

contato pontual ou contato l inear.

A maior ia dos trabalhos em EHD versa sobre contatos l ineares. Grubin,

em 1949, foi o primeiro a tentar uma solução do problema de EHD l inear

isotérmico. Na anál ise de Grubin admit iu-se que a forma, elast icamente

deformada dos sól idos, num contato lubrif icado, altamente carregado, era a

mesma que a forma produzida num contato seco (Hertziano). Esta hipótese

facil i tou a solução da equação de Reynolds na região de entrada do contato

e permit iu o cálculo da separação dos sólidos.

Para i lustrar as idéias expostas anteriormente, considere-se o caso de

um cil indro rolando sobre um plano. A geometria da combinação ci l indro-

plano é mostrada na Figura 3.1:

Figura 3.1 Geometr ia e nomenclatura do cil indro plano

h0

h(θ)

X

θ

U2

Y

U1

47

Seja h0 a separação mínima entre o cil indro inf initamente longo de

raio R e o plano; então numa posição angular genérica θ , a espessura de

f i lme é dada por:

( )θcosnn

h += 1R

- (3.1)

onde,

Rn

+=

0h

R-

(3.2)

Para um ci l indro longo a equação de Reynolds reduz-se a

dx

dhU

dx

dph

dx0

3

d=

(3.3)

onde

210 UUU += (3.4)

apl icando-se a condição de contorno de Swif t-St ieber,

cavPp0p

==∂

θ

(3.5)

obtém-se a distr ibuição de pressões ao longo da circunferência do ci l indro.

Isto feito, pode-se calcular o componente da força do lubrif icante que atua

normalmente ao plano. Se P y representa esta força por unidade de

comprimento tem-se,

∫=2

1

x

xy dxpP (3.6)

48

0hR

cavθ (graus)

0

yy

U

PP

µ=

10 11.3105 1.3985 10

102 3.8200 2.2140 102

103 1.2166 2.4103 103

104 0.3850 2.4423 104

105 0.1220 2.4444 105

106 0.0385 2.4473 106

Tabela 3.1: Componentes da força do lubrif icante que atua normalmente ao

plano do ci l indro i lustrado na Figura 3.1

Da Tabela 3.1 pode-se inferir a seguinte aproximação,

y

00

PU

45.2h µ

=R

(3.7)

Est imando-se a espessura mínima para o contato do dente de uma

engrenagem t ípica,

s.Pa075.0=µ (3.8)

s/m10Us/m5UU 021 =→== (3.9)

cm/KN5.26Py = (3.10)

resultando,

60 1069.0=hR

(3.11)

Admit indo-se um raio R=2.5 cm,

49

60 1072.1h −= (3.12)

Este valor é pequeno quando comparado até mesmo com os melhores

acabamentos superf iciais encontrados na prát ica. Até o acabamento

superf icial de uma esfera de rolamento t ípica chega a superar em dobro o

valor acima, isto sem levar-se em conta a pista de rolamento cujo

acabamento é bem mais grosseiro do que o da esfera. Para engrenagens

hel icoidais ter-se- ia a superf íc ie ret if icada e pol ida em torno de 2 10 - 5 a 4 10 -

5 cm. Isto tudo conduz à conclusão de que a teoria hidrodinâmica clássica é

incapaz de expl icar a existência de um f i lme contínuo em contatos altamente

carregados.

Nem a deformação elást ica nem a dependência da viscosidade à

var iação da pressão podem isoladamente produzir o aumento desejado ho/R.

Para uma solução completa do problema de EHD deve-se sat isfazer

simultaneamente as seguintes equações:

• A equação de Reynolds,

• A relação entre a viscosidade e densidade com a pressão,

• As equações da elast icidade.

Descobre-se logo que o esquema iterat ivo convencional representado

na f igura 3.2 nem sempre converge.

Figura 3.2: Esquema iterat ivo convencional da EHD

Pressão

Forma do f i lme Deformação

50

Isto ocorre part icularmente quando a deformação elást ica das

superf ícies é grande. Para contornar este percalço, Dowson e Higginson

(1959) propuseram a chamada solução inversa.

A essência da solução inversa reside no cálculo da forma do f i lme que

uma determinada distr ibuição de pressões irá impr imir. Esta distr ibuição de

pressões é também empregada no cálculo da deformação elást ica

superf icial. O restante do processo computacional consiste numa alteração

sistemát ica da distr ibuição até que se consiga a coincidência entre a forma

do f i lme hidrodinâmico e a superf íc ie deformada.

Dowson e Higginson (1959) obtiveram a seguinte fórmula para a

espessura mínima do f i lme:

( )13.0

43.003.07.00

6.0

W

R'Eu6.1h

µα=

(3.13)

onde, apl icando-se esta fórmula à engrenagem típica estudada tem-se,

40 108.1h −= (3.14)

que é 100 vezes maior do que o valor obt ido através da teoria clássica.

3.2 Contato Hertziano

Dois sólidos elást icos, com diferentes raios de curvatura num par de

planos pr incipais (x e y) passando através do contato entre os sól idos,

tocam-se num único ponto na ausência de carga externa.

Esta condição é chamada de contato pontual e é i lustrada na Figura 3.3

exibi da a seguir. Por conseguinte, mostra-se uma análise na qual foi

adotada uma curvatura posit iva para superf ícies convexas (como a da

mencionada Figura 3.3) e também da curvatura negativa para superf íc ies

côncavas.

51

Figura 3.3: geometria do contato elást ico sól ido pontual

Def ine-se a soma de curvaturas (HAMROCK, 1981) como:

yx R1

R1

R1

+= (3.15)

e a diferença das curvaturas como

−=Γ

yx R1

R1

R (3.16)

X

Y

Rb x

Rb y

Ra x

Ra y

Y

X

F

F

52

onde,

byayy rrR

111+=

(3.17)

bxaxx r1

r1

R1

+= (3.18)

Quando os sól idos da Figura 3.3 têm uma força normal apl icada, três

importantes aspectos devem ser anal isados,

• A geometria do contato.

• O surgimento de um campo de pressão e

• A deformação dos sól idos.

3.2.1 Geometria dos sól idos elást icos em contato seco

A deformação dos sól idos da Figura 3.3 sob a ação de uma força F,

expande o ponto de contato em uma elipse de semi-eixo maior a e semi-eixo

menos b. Esta el ipsóide mostrada na Figura 3.4 é def inida como:

ba

k = (3.19)

Figura 3.4: El ipse de contato

a

b