a transposição didática e articulada dos conteúdos de...
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A transposição didática e articulada dos conteúdos de Filosofia.
Encontro Pedagógico SEED/NREs. 1° semestre - 2012
DEB – FILOSOFIA.
Edson André Pegoraro.Valeria Arias.
Técnicos Pedagó[email protected]
Telefone. (41) 33401720
Vídeo 1: http://www.youtube.com/watch?v=NLSz67ON7EE&feature=related
Texto 1: “Ensino: Tablets invadem a sala de aula.”
“Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura experiência, feito, que leva em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe transformar-se em sujeito de sua própria história.”(FREIRE, Paulo. A educação na cidade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001,p.16.)
“A amplitude da Filosofia, de sua história e de seus textos desautoriza a falsa pretensão do esgotamento de sua produção, seus problemas, sua especificidade e complexidade. Por reconhecer essa condição, as Diretrizes fazem a opção pelos seguintes conteúdos estruturantes: Mito e Filosofia; Teoria do Conhecimento; Ética; Filosofia Política; Filosofia da Ciência e Estética.
A escolha desses conteúdos não significa, porém, que as Diretrizes Curriculares excluam a possibilidade de trabalhar com a história da filosofia. Pelo contrário, elas partilham a ideia de que sem uma consideração histórica dos temas filosóficos, a filosofia corre o risco de tornar-se superficial. No entanto, o que essas Diretrizes Curriculares desencorajam é a organização meramente cronológica e linear dos conteúdos.” (DCE, Filosofia. p.40)
Sempre que determinamos os conteúdos realizamos uma opção e organizamos um recorte nos saberes constituídos. Por esta razão estes conteúdos devem chegar a sala de aula recodificados e resignificados de maneira que os estudantes possam lidar com eles visando ao próprio aprendizado. É a necessidade de ensinar o conhecimento que nos leva à modificá-lo.
Ou seja, é necessário a transformação dos saberes construídos ao longo da história da Filosofia em saberes para serem ensinados.É através da transposição didática destes conteúdos ou saberes que o professor entende e deve conduzir o processo de ensino-aprendizagem. O professor, através de sua experiência, reconstrói aquilo que é prescrito para ser ensinado.
O papel do professor é evitar que a transmissão do saber/conteúdo/conhecimento seja uma mera reprodução de informações e saberes já existentes, mas fazer a articulação destes com o cotidiano dos estudantes construindo junto ao educando a apropriação dos saberes ensinados e enriquecendo o processo de ensino aprendizagem
“Trata-se de garantir que o ensino de filosofia não perca algumas características essenciais da disciplina, como por exemplo, a capacidade de dialogar de forma crítica e mesmo provocativa com o presente.
As experiências com abordagem estritamente cronológica e linear não costumam favorecer esse necessário diálogo.” (DCE – Filosofia. p.42).
“É preciso que o professor tenha uma ação consciente para não praticar uma leitura em que o texto seja um fim em si mesmo. (...) O trabalho do professor poderá assegurar ao estudante a experiência daquilo que é específico da atividade filosófica, ou seja, a criação de conceitos. Esse exercício poderá manifestar-se ao refazer o percurso filosófico. O professor propõe problematizações, leituras e análise de textos, organiza debates, sugere pesquisase sistematizações.” (DCE – Filosofia. p. 53)
“• o ensino de Filosofia não se confunde com o simples ensino de conteúdos;
• como disciplina análoga a qualquer outra, tem nos seus conteúdos elementos mediadores fundamentais para que possa desenvolver o caráter específico do ensino de Filosofia: problematizar, investigar e criar conceitos.” (DCE – Filosofia. p. 55).
“A aprendizagem de conteúdos por meio de textos está articulada necessariamente à atividade reflexiva do sujeito, que aprende enquanto interroga e age sobre sua condição. O ensino de Filosofia não se dá no vazio,no indeterminado, na generalidade, na individualidade isolada, mas requer do estudante compromisso consigo, com o outro e com o mundo.
Como mediadores do ensino de Filosofia, os conteúdos devem estar vinculados à tradição filosófica, de modo a confrontar diferentes pontos de vista e concepções, para que o estudante perceba a diversidade de problemas e de abordagens. Num ambiente de investigação, análise e descobertas podem-se garantir aos educandos a possibilidade de elaborar, de forma problematizadora, suas próprias questões e tentativas de respostas. Com esse objetivo, estas Diretrizes buscam justificar e localizar cada conteúdo estruturante e indicam possíveis recortes a partir dos problemas filosóficos com os quais os estudantes podem se deparar.”(DCE – Filosofia. p.55-56).
A partir destas fundamentações, iremos refletir sobre os Conteúdos que se encontram nos Livros Didáticos que estão a disposição dos estudantes do Ensino Médio. (texto 2 e 3). -{30 min}Fazer com que os professores relatem as suas experiencias de trabalho com os livros didáticos.Como eles selecionam/escolhem os conteúdos a serem trabalhados com os estudantes? (15 min)
“A transposição depende de condições objetivas como um ambiente educativo vivo, que permita dúvidas, diálogo, trocas sem a presença do medo. Para tanto, é preciso que os professores desenvolvam as chamadas habilidades pedagógicas, que são necessárias para que transposição didática se efetive.”(http://educacao.uol.com.br/resenhas/transposicao-didatica.jhtm)
“A contextualização dos conteúdos se torna então a arma mais poderosa a favor da transposição didática e a linguagem pode servir como mediadora entre o conhecimento científico e o conhecimento escolar, cabendo ao professor proporcionar aos seus alunos uma aprendizagem sem sofrimento.”(http://educacao.uol.com.br/resenhas/transposicao-didatica.jhtm)
Organizar uma atividade onde os professores fundamentem as relações dos conteúdos
estruturantes, básicos e específicos. (aproximadamente 30 min)
Apresentações dos conteúdos específicos selecionados e uma justificativa para a escolha
do mesmo. (aproximadamente 30 mim)
A transposição didática ocorre permanentemente, por exemplo, quando: * O conteúdo é selecionado ou recortado de acordo com o que o professor considera relevante para constituir as competências consensuadas na proposta pedagógica;
* alguns aspectos ou temas são mais enfatizados, reforçados ou diminuídos;
* o conhecimento é dividido para facilitar a sua compreensão e depois o professor volta a estabelecer a relação entre aquilo que foi dividido;
* distribui-se os conteúdos no tempo para organizar uma seqüência, um ordenamento, uma série linear ou não linear de conceitos e relações;
* determina-se uma forma de organizar e apresentar os conteúdos, como por meio de textos, gráficos, entre outros.
É preciso ter a clareza dos procedimentos a serem tomados para o ensino específico de cada conteúdo.
Elementos fundamentais para a transposição didática dos conteúdos.
1) Fazer os recortes e os aspectos, segundo sua relevância, pertinência e significância para o Conhecimento Filosófico do aluno de Ensino Médio.2) Dominar o conhecimento em questão, de modo articulado, incluindo o modo característico e específico pelo qual esse conhecimento éconstruído.
3) Saber relacionar o conhecimento em questão com os de outras áreas.4) Saber como contextualizar o conhecimento.5) Estabelecer estratégias que incentivem e mobilize os estudantes a desenvolverem um processo de aprendizagem efetivo do conhecimento proposto.
6) Planejar e realizar junto com os estudantes atividades diversas para fixação dos conteúdos.7) Utilizar diferentes formas de avaliação e a partir de seus resultados, formular propostas de intervenção didática. 8) Fazer uso de novas linguagens e tecnologias com a finalidade de promover de maneira eficaz o processo de ensino aprendizagem.
A CONTEXTUALIZAÇÃO COMO ELEMENTO INDISPENSAVEL AO PROCESSO DE
TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS.
A contextualização ajuda os estudantes a atribuir significado aos conhecimentos. Isto é trazer o conhecimento escolar ao cotidiano do estudante, como a própria DCE de Filosofia estabelece (p.50): “O ensino de Filosofia deve estar na perspectiva de quem dialoga com a vida, por isso é importante que, na busca da resolução do problema, haja preocupação também com uma análise da atualidade, com uma abordagem que remeta o estudante à sua própria realidade.”
“O texto filosófico que ajudou os pensadores
a entender e analisar filosoficamente o problema em questão será trazido para o presente com o objetivo de entender o que ocorre hoje e como podemos, a partir da Filosofia, atuar sobre os problemas de nossa sociedade.”(DCE – Filosofia. p. 60). O ensino de Filosofia sem esta perspectiva da transposição didática e da contextualização com a realidade se torna completamente chato e sem propósito para o estudante do Ensino Médio.
As diretrizes de Filosofia apresentam 4 momentos metodológicos importantes e indispensáveis a transposição didática e contextualização dos conteúdos. A saber:
a mobilização para o conhecimento;• a problematização;• a investigação;• a criação de conceitos.
Estes 4 momentos interligados e relacionados reúnem os aspectos necessários ao saber filosófico e principalmente ao processo de ensino aprendizagem efetivo. São as estrategias metodológicas que asseguram a verdadeira transposição didática dos conteúdos, e os encaminhamentos das DCEs de Filosofia apontam um caminho para a que isto ocorra, mas é o professor a partir de suas prática e experiência que constrói os meios necessários para a transposição didática.
“É imprescindível que o ensino de Filosofia seja permeado por atividades investigativas individuais e coletivas que organizem e orientem o debate filosófico, dando-lhe um caráter dinâmico e participativo.… Ao trabalhar determinado conteúdo a partir de problemas significativos para estudantes do Ensino Médio, é importante evitar a superficialidade e o reducionismo e possibilitar as mediações necessárias para realizar o processo de ensino proposto nestas Diretrizes.” (DCE – Filosofia. p. 61).
“Tão importante quanto o ensino dos conteúdos é a minha coerência entre o que digo, o que escrevo e o que faço.” (FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.)
“O espaço pedagógico é um texto para ser constantemente lido, interpretado, escrito e reescrito.” (FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 109.)
Demonstrando a transposição didática de conteúdo.
ÉTICA
Conteúdo Estruturante
Conteúdo Básico
5) Liberdade: autonomia do sujeito e a necessidade das normas.
Conteúdo Específico
Sartre – A angústia das escolhas.
Mobilização
É importante ressaltar que os recursos escolhidos para tal mobilização− filme,música, texto e outros − podem ser retomados a qualquer momento do processo de aprendizagem. (DCEs – Filosofia. p.61)
1) Imagens.
Imagem: escolhas - azul
http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSnWErXPNory_NBTkQQmh9DVfjPD12-6HM3DHJcHSyK8RJvMZrtFpArLuOkzw
http://www.tudoleia.com.br/site/pagina_interna.asp?nID=4489
Imagem: dados (sim; não; talvez)
Tirinha Mafalda: Miguelito espera algo para a sua vida...
http://www.sempretops.com/diversao/tirinhas-da-mafalda/
Ver o que os estudantes têm a argumentar sobre as imagens.
1) Por que o ato de escolha é tão difícil?2) Por que podemos afirmar que muitos
escolhem não escolher?
Problematização
Ver com os estudantes
- Suas principais angústias quanto às escolhas.
- Que escolhas eles já fizeram ou estão prestes a fazer?
- Como pensam e refletem sobre suas escolhas?
O processo investigativo pode ter como ponto de partida o capítulo 28 “A Liberdade” do livro Iniciação à Filosofia – Autora – Marilena Chaui.
O capítulo 19 “Podemos ser Livres?” (p.242 até 245) do livro Filosofando – introdução à Filosofia. Autoras – Maria de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins.
O capítulo 10 “Liberdade em Sartre” - Livro Didático Público (SEED-PR), segunda edição.
Investigação
O ideal é fazer uma articulação entre estes três materiais, fazendo os recortes que o professor julgue pertinentes e mais adequados ao perfil de suas turmas ou seus estudantes.
Vídeo.http://www.youtube.com/watch?v=Jr-
b3_p4tKU&feature=related
Retomar a mobilização
Volta a investigação
Usar texto de Sarte: “O existencialismo é um humanismo” da Antologia de textos Filosóficos – produzido pela SEED-PR, p.616 até 639. ou se preferir um recorte menor selecione um dos fragmentos que julgue mais pertinente a realidade de seus estudantes. (Recorte utilizado página 620 à 627.)
Criação de conceitos
Ao final do processo investigativo e da leitura e analise do texto de Sartre os estudantes terão condições de comparar, socializar ideias e conceitos dos textos trabalhados, sendo capaz de formular conceitos e construir seu discurso Filosófico.
Segundo o que determina a própria DCE de
Filosofia.“O que deve ser levado em conta é a atividade
com conceitos, a capacidade de construir e tomar posições, de detectar os princípios e interesses subjacentes aos temas e discursos. Assim, torna-se relevante avaliar a capacidade do estudante do Ensino Médio de trabalhar e criar conceitos, sob os seguintes pressupostos: • qual discurso tinha antes; • qual conceito trabalhou; • qual discurso tem após; • qual conceito trabalhou.” (p.62)
“A avaliação de Filosofia se inicia com a mobilização para o conhecimento, por meio da análise comparativa do que o estudante pensava antes e do que pensa após o estudo. Com isso, torna-se possível entender a avaliação como um processo.” ( DCE – Filosofia. p. 62).
ALMEIDA, G. P. de. Transposição didática:por onde começar? São Paulo: Cortez, 2007
FÁVERI, J. E. de. Filosofia da educação: O ensino da filosofia na perspectiva freireana. Petrópolis: Vozes, 2005.
KOHAN, W.. Ensino de filosofia: perspectivas Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
MORIN, E. A Cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
REFERÊNCIAS
LIPMAN, M. ; SHARP, A. M. ; OSCANYAN, F. S. A Filosofia na sala de aula. São Paulo: Nova Alexandria, 2006.