a utilização do telemóvel em contexto educativo:
DESCRIPTION
A escola enfrenta hoje um dos seus maiores desafios, o desafio digital. De um ladoestão os alunos, nativos digitais, que nasceram com as novas tecnologias. Do outro, osprofessores, imigrantes digitais, obrigados a adaptar-se àquilo que essas novastecnologias trouxeram e aos novos hábitos que surgiram no seio da comunidade escolar.Presença assídua junto dos jovens e também da classe docente, o telemóvel surge comoum equipamento capaz de fazer emergir as mais variadas representações face à suautilização, enquanto recurso educativo. Mesmo sendo interdito dentro da sala de aula,por imposição das próprias escolas e dos normativos legais ele permanece activo, masem silêncio, junto dos alunos e dos professores.TRANSCRIPT
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Departamento de Educao e Ensino a Distncia
Mestrado em Comunicao Educacional Multimdia
Joo Antnio Marques da Costa Batista Carrega
Lisboa, 28 de Junho 2011
A utilizao do telemvel em contexto educativo: um estudo de caso sobre as representaes de alunos
e de professores dos 9 e 12 anos de escolaridade
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Mestrado em Comunicao Educacional Multimdia
A utilizao do telemvel em contexto educativo: um estudo de caso sobre as representaes de alunos
e de professores dos 9 e 12 anos de escolaridade
Joo Antnio Marques da Costa Batista Carrega
Dissertao apresentada para obteno de Grau de Mestre em Comunicao Educacional Multimdia
Orientador: Professor Doutor Antnio Quintas-Mendes
Lisboa, 28 de Junho 2011
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II
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III
Resumo
A escola enfrenta hoje um dos seus maiores desafios, o desafio digital. De um lado
esto os alunos, nativos digitais, que nasceram com as novas tecnologias. Do outro, os
professores, imigrantes digitais, obrigados a adaptar-se quilo que essas novas
tecnologias trouxeram e aos novos hbitos que surgiram no seio da comunidade escolar.
Presena assdua junto dos jovens e tambm da classe docente, o telemvel surge como
um equipamento capaz de fazer emergir as mais variadas representaes face sua
utilizao, enquanto recurso educativo. Mesmo sendo interdito dentro da sala de aula,
por imposio das prprias escolas e dos normativos legais ele permanece activo, mas
em silncio, junto dos alunos e dos professores.
esta a realidade que a escola encontra. O telemvel tornou-se num acessrio de uso
quase obrigatrio pelas geraes mais novas e utilizado numa srie de situaes
dirias, desde as aulas, aos tempos ldicos e aos tempos passados com a famlia ou com
os amigos (E-Generation, 2007).
Mas que representaes tm os alunos e professores quanto ao uso do telemvel em
contexto educativo? Para respondermos a esta questo realizmos um estudo de caso
transversal, j que a recolha de dados junto do universo a estudar foi realizada atravs
de tcnicas de registo (questionrio), aplicadas apenas num dado momento. Deste modo
construmos, validmos e aplicmos um questionrio junto de 179 alunos e 88
professores do 9 e do 12 ano de duas escolas EB3/Secundrias de Castelo Branco.
Os resultados indicam que, embora tenham representaes diferentes, a maioria dos
alunos e professores inquiridos no se revela muito receptiva utilizao do telemvel
em contexto educativo. Os alunos dos dois anos de escolaridade afirmam no conseguir
apresentar uma situao em que os professores os pudessem ensinar melhor um assunto
atravs do telemvel, nem to pouco conseguem imaginar uma situao em que
pudessem aprender melhor um assunto atravs do telemvel. Por outro lado, uma
percentagem significativa dos docentes no reconhece vantagens pedaggicas na sua
utilizao.
Palavras-chave: telemvel e contextos educativos; TIC e educao; m-learning;
literacia digital; representaes de docentes; representaes de alunos; comunicao na
escola.
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IV
Abstract Nowadays school faces one of its biggest challenges, the digital challenge. On one side
the students, digital natives, who were born with new technologies. On the other side,
the teachers, digital immigrants, forced to adapt not only the new technologies uses but
also to the new habits emerged within the school community. Always present among
young people as well as in the teaching group, the mobile phone appears as a device
able to generate the most various representations regarding its use, as an educational
resource. Even being forbidden in the classroom, according to the school rules and the
legal laws, it remains active, but in silence, by students and teachers.
This is the reality that school faces. The mobile phone became an almost mandatory
accessory use by younger generations and it is used in a variety of everyday situations,
from classes to free time activities and time spent with family or friends (E-Generation,
2007).
But which representations do students and teachers have about the use of the mobile
phone in an educational environment?
In order to answer this question we conducted a transversal case study, since the
collection of data from the universe to study was performed through techniques of
record (questionnaire), applied only at a given time. So we built, validated and
implemented a survey with 179 students and 88 teachers from 9th and 12th grade in two
EB3/Secondary Schools of Castelo Branco.
The results show that, although they have different representations, most of the
surveyed students and teachers do not reveal much receptivity to the use of mobile
phone in an educational environment. The students from these two years of schooling
couldnt refer a situation where a subject could be better taught through the mobile
phone, not even imagine a situation where they could learn a subject better through
mobile phone. On the other hand, a significant percentage of teachers do not recognize
pedagogical advantages in its use.
Key-words: mobile phone and educational environment; ICT and education; digital
literacy; teachers representations; students representations; communication at school.
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V
Dedicatria
Ao meu filho Afonso,
que os teus sonhos de criana
se concretizem quando cresceres.
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VI
Agradecimentos
Quando partimos para esta caminhada sabamos da exigncia da tarefa e dos
sacrifcios que o nosso trabalho exigiria de ns e daqueles que nos esto prximos, a
comear pela famlia e pelos amigos.
As muitas horas que roubei Florinda e ao Afonso so razo mais que suficientes
para que os primeiros agradecimentos sejam para eles. Os sacrifcios tambm foram
vossos. Sem a vossa ajuda e motivao tudo seria mais difcil.
Ao meu orientador, professor doutor Antnio Quintas-Mendes pelo apoio que nos
prestou ao longo desta caminhada. boa maneira beir, o nosso Bem Haja.
Sempre defendemos a formao ao longo da vida como uma forma de crescermos
enquanto pessoas e enquanto profissionais. A elaborao desta dissertao surgiu
nessa perspectiva. Para alm da nossa determinao, trabalho e empenho, h
momentos em que o apoio daqueles que nos esto prximos determinante.
O professor doutor Joo Ruivo partilhou connosco alguns dos momentos mais
marcantes das nossas vidas e voltou a estar ao nosso lado para mais um
acontecimento que nos importante. A simpatia das nossas palavras ser curta para
lhe agradecermos todo o seu apoio. Obrigado amigo!
Os incentivos do Vitor Tom. Desde a primeira hora que os teus conselhos,
disponibilidade e amizade, tornaram esta tarefa mais fcil e, ao mesmo tempo, mais
exigente. Bem haja Vitor!
Agradecemos ao Jlio Cruz, companheiro de luta, amigo nos bons e maus
momentos, que sempre esteve ao nosso lado, garantindo-nos a tranquilidade
necessria para concretizarmos este nosso objectivo.
Quando abramos este desafio sabamos que teramos que o realizar mantendo, em
simultneo, a nossa vida profissional. A equipa da RVJ Editores e do Ensino
Magazine, sempre soube articular comigo as tarefas prprias das organizaes
modernas. Ao meu pai, Carine Pires, Eugnia Sousa, ao Gonalo Ins, ao Rui
Salgueiro e ao Rui Rodrigues, um agradecimento pelo vosso empenho.
Tambm o Reconquista, que sempre defendeu a formao superior dos seus
quadros, esteve connosco neste percurso. Agradeo por isso ao Vitor Serra. Ele sabe
que o Reconquista contar sempre comigo.
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VII
De volta famlia. Parte do que sou devo-o aos meus pais. O seu apoio,
disponibilidade e preocupao tambm moldaram o nosso trabalho. Sei do vosso
orgulho. A vossa satisfao tambm a minha.
Gostaria ainda de agradecer minha irm Ana, ao Valter, e, em especial, aos meus
afilhados Maria, Ins e Pedro. Tambm os meus sogros, Manuel e Justina, que
partilham a nossa satisfao.
A realizao deste trabalho de investigao no seria possvel sem a disponibilidade
das duas escolas onde efectumos a recolha dos dados. Agradeo, por isso, aos
professores Margarida Baptista e Joo Belm, bem como a todos os docentes e
alunos que colaboraram com as direces das escolas e que participaram no estudo.
Tambm na validao dos questionrios contmos com o apoio dos docentes Helena
Mesquita, Antnio Trigueiros, Paulo Afonso, Jos Rafael e Rosrio Quelhas. Para
eles o nosso bem haja extensivo ao professores Paulo Silveira pela sua pacincia,
disponibilidade e preocupao, e Jacinta Belm.
O nosso obrigado ainda para a equipa da Rdio Condestvel e para todos aqueles
que colaboraram connosco neste nosso percurso.
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VIII
ndice Resumo ........................................................................................................................... IIIAbstract........................................................................................................................... IVDedicatria .......................................................................................................................VAgradecimentos .............................................................................................................. VIndice ............................................................................................................................VIIIndice de quadros............................................................................................................ IXndice de grficos .............................................................................................................XIntroduo......................................................................................................................... 1Captulo I .......................................................................................................................... 3
1 - Enquadramento terico ........................................................................................... 32 - Utilizao do telemvel........................................................................................... 43 - Representaes de professores e alunos sobre a utilizao do telemvel em contexto educativo........................................................................................................ 94 - Questo de investigao........................................................................................ 12
Captulo II....................................................................................................................... 131 - Metodologia .......................................................................................................... 132 - Instrumento de recolha de dados........................................................................... 143 - Amostra ................................................................................................................. 154 - Caracterizao dos sujeitos ................................................................................... 17
4.1 - Caracterizao dos alunos .............................................................................. 174.1.1 Concluso ............................................................................................... 23
4.2 - Caracterizao dos professores ...................................................................... 244.2.1 - Concluso................................................................................................ 30
Captulo III - Apresentao dos resultados .................................................................... 311 - Utilizao do telemvel em diferentes contextos - Alunos................................... 31
1.1 - Contexto educativo/Institucional ................................................................... 311.1.1 - Concluso................................................................................................ 41
2.1 - Contexto entre pares/amigos/famlia - Alunos............................................... 422.1.1 - Concluso................................................................................................ 50
3 - Vantagens da utilizao do telemvel em contexto educativo.............................. 513.1 - Vantagens da utilizao do telemvel em contexto educativo (Alunos) ....... 51
3.1.1 - Concluso................................................................................................ 624 - Utilizao do telemvel em diferentes contextos (Professores)............................ 64
4.1 - Contexto educativo/Institucional ................................................................... 644.1.1 - Concluso................................................................................................ 72
4.2 - Contexto entre pares/amigos/famlia.............................................................. 734.2.1 - Concluso................................................................................................ 81
5 - Vantagens da utilizao do telemvel em contexto educativo (Professores)........ 825.1 - Vantagens da utilizao do telemvel em contexto educativo....................... 82
5.1.1 - Concluso................................................................................................ 986 - Concluses ............................................................................................................ 99
Bibliografia................................................................................................................... 104Anexos ............................................................................................................................... I
Anexo 1 Carta aos alunos ........................................................................................ IIIAnexo 2 Questionrio Alunos ...................................................................................VAnexo 3 Carta professores...................................................................................XVIIAnexo 4 Questionrio Professores ....................................................................... XIX
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IX
ndice de quadros Quadro 1 - Amostra do estudo........................................................................................ 16Quadro 2 - Nmero total de indivduos que responderam ao questionrio .................... 16
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X
ndice de grficos Grfico 1 - Alunos com telemvel ................................................................................. 17Grfico 2 - Idade em que os alunos tiveram o seu primeiro telemvel .......................... 18Grfico 3 - Tipo de dispositivos mveis que os alunos possuem em %......................... 19Grfico 4 - Caractersticas dos telemveis dos alunos ................................................... 19Grfico 5 - Envio semanal de SMS's.............................................................................. 20Grfico 6 - Outras formas de comunicao/informao utilizadas ................................ 22Grfico 7 - Idade dos professores ................................................................................... 24Grfico 8 - Anos de docncia dos professores ............................................................... 24Grfico 9 - Tipo de dispositivos que os professores possuem........................................ 25Grfico 10 - Caractersticas dos telemveis dos professores ......................................... 26Grfico 11 - Envio semanal de SMS's............................................................................ 27Grfico 12 - Nmero de anos em que os professores tiveram o primeiro telemvel ..... 28Grfico 13 - Outras formas de comunicao/informao............................................... 28Grfico 14 - % de professores de facultam o n de telemvel aos alunos ...................... 29Grfico 15 - Estado do telemvel dentro da sala de aula ............................................... 31Grfico 16 - SMS's enviados e recebidos dentro da aula ............................................... 33Grfico 17 - Captao de fotografias a colegas pelo telemvel dentro da aula.............. 34Grfico 18 - Recurso ao youtube para recolha de informao para os testes................. 36Grfico 19 - Utilizao do telemvel para telefonar e tirar dvidas junto de colegas ... 37Grfico 20 - Envio de SMS's para tirar dvidas junto de colegas .................................. 38Grfico 21 - Utilizao do telemvel para tirar dvidas junto de outros colegas .......... 39Grfico 22 - Captar fotografias para um trabalho da escola........................................... 40Grfico 23 - Percentagem de alunos que conhecem colegas que copiaram pelo telemvel ........................................................................................................................ 41Grfico 24 - Percentagem de alunos que dizem ter sido vtimas de bullying atravs do envio de filmes/fotos pelo telemvel e % de alunos que afirmam conhecer casos de colegas vtimas desse tipo de bullying ........................................................................... 43Grfico 25 - Percentagem de alunos que dizem ter sido vtimas de bullying atravs do envio de SMS's pelo telemvel e % de alunos que afirmam conhecer casos de colegas vtimas desse tipo de bullying ........................................................................................ 44Grfico 26 - Percentagem de alunos que telefonam para colegas sobre assuntos da escola ou fora da escola .................................................................................................. 45Grfico 27 - Percentagem de alunos que enviam SMS's para colegas sobre assuntos relacionados com a escola e no relacionados com a escola.......................................... 46Grfico 28 - Percentagem de alunos contactam a famlia, telefonando do telemvel e enviando mensagens....................................................................................................... 47Grfico 29 - Percentagem de alunos que utilizam o e-mail para contactar questes de trabalho com os colegas.................................................................................................. 48Grfico 30 - Percentagem de alunos que utilizam o telemvel para enviar SMS's aos colegas sobre questes de trabalho................................................................................. 48Grfico 31 - Percentagem de alunos que utilizam o telemvel para telefonar aos colegas sobre questes de trabalho.............................................................................................. 49Grfico 32 - Percentagem de alunos que utilizam o telefone fixo para telefonar aos colegas sobre questes de trabalho................................................................................. 49Grfico 33 - Percentagem de alunos que conseguiram apresentar alguma situao em que os professores pudessem ensinar melhor um assunto pelo telemvel ..................... 51
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XI
Grfico 34 - Utilizao do telemvel dentro da sala de aula.......................................... 52Grfico 35 - Utilizao do telemvel como calculadora ................................................ 53Grfico 36 - Utilizao do telemvel para escrever pequenos textos............................. 54Grfico 37 - Utilizao do telemvel para elaborao de pequenos filmes ou vdeos... 54Grfico 38 - Visitas de estudo fora da escola ................................................................. 55Grfico 39 - Aceder internet a partir do telemvel...................................................... 56Grfico 40 - Utilizao do telemvel como agenda ....................................................... 56Grfico 41 - Utilizao do telemvel para captar fotografias para trabalhos escolares . 57Grfico 42 - Utilizao do telemvel para tirar notas nas aulas..................................... 58Grfico 43 - Utilizao do telemvel como auxiliar de memria nos testes.................. 59Grfico 44 - Utilizao do telemvel como auxiliar de memria para trabalhos em sala de aula............................................................................................................................. 60Grfico 45 - Utilizao do telemvel para gravar as aulas............................................. 60Grfico 46 - Utilizao do telemvel para tirar dvidas com colegas e professores...... 61Grfico 47 - Utilizao do telemvel para trocar SMS's nas avaliaes........................ 62Grfico 48 - Estado do telemvel dentro da sala de aula ............................................... 64Grfico 49 - Autorizao da utilizao do telemvel em contexto escolar .................... 65Grfico 50 - Envio de mensagem em contexto escolar .................................................. 66Grfico 51 - Apresentao de contedos escolares, pelo telemvel, aos alunos............ 66Grfico 52 - % de professores que autoriza os alunos a utilizar o telemvel nas aulas . 67Grfico 53 - Utilizao de plataformas de ensino a distncia pelos professores como recurso na preparao de aulas ....................................................................................... 69Grfico 54 - Utilizao do youtube pelos professores como recurso na preparao de aulas ................................................................................................................................ 69Grfico 55 - % de professores que retiraram, ou no, o telemvel aos alunos............... 71Grfico 56 - Razes por que os professores retiraram os telemveis aos alunos........... 71Grfico 57 - Conhecimento de casos de bullying nos alunos potenciados pelo uso do telemvel ........................................................................................................................ 74Grfico 58 - Utilizao do telemvel para telefonar a colegas sobre matrias da escola74Grfico 59 - Envio de SMS's a colegas e amigos sobre assuntos relacionados e no relacionados com a escola .............................................................................................. 75Grfico 60 - Como os professores contactam a famlia: telefonar versus SMS's........... 76Grfico 61 - Utilizao do e-mail para contactar colegas sobre questes da escola ...... 77Grfico 62 - Telefonar aos colegas por telemvel e telefone fixo.................................. 78Grfico 63 - Envio de SMS's para contactar colegas sobre questes de trabalho .......... 79Grfico 64 - Envio de e-mails aos alunos por telemvel e por computador .................. 80Grfico 65 - Telefonemas aos alunos por telemvel e pelo telefone fixo ...................... 81Grfico 66 - Opinio dos professores sobre a vantagem pedaggica na utilizao do telemvel ........................................................................................................................ 83Grfico 67 - Nmero de professores que no se importavam de experimentar o telemvel enquanto recurso educativo ........................................................................... 83Grfico 68 - Nmero de professores que no se importam que o telemvel seja utilizado como calculadora............................................................................................................ 84Grfico 69 - Benefcio do telemvel para as competncias lingusticas ........................ 85Grfico 70 - Utilidade do telemvel para elaborao de pequenos filmes..................... 86Grfico 71 - Utilidade do telemvel em visitas de estudo.............................................. 86Grfico 72 - Utilidade do telemvel para aceder internet em contexto educativo ...... 87Grfico 73 - Utilizao do telemvel como agenda de trabalhos dos alunos................. 88Grfico 74 - Utilizao do telemvel como agenda para os testes que os alunos tm que fazer ................................................................................................................................ 88
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XII
Grfico 75 - Utilizao do telemvel para tirar fotografias para trabalhos escolares .... 89Grfico 76 - Utilizao do telemvel para tirar notas nas aulas..................................... 90Grfico 77 - Utilizao do telemvel para gravar as aulas............................................. 90Grfico 78 - Utilizao do telemvel factor de distraco .......................................... 91Grfico 79 - Percentagem de professores que no vem nenhuma vantagem na utilizao do telemvel na sala de aula .......................................................................... 92Grfico 80 - Utilidade do telemvel fora da sala de aula ............................................... 93Grfico 81 - Telemvel fonte de distrbios na escola .................................................... 94Grfico 82 - Percentagem de professores que consegue apresentar, ou no, alguma situao em que pudesse ensinar algo mais aos seus alunos pelo telemvel ................. 94Grfico 83 - Utilizao do telemvel noutra disciplina.................................................. 95Grfico 84 - A escola sem telemvel.............................................................................. 96Grfico 85 - Telemvel: tipo de instrumento ................................................................. 96Grfico 86 - Iliteracia enquanto factor de aposentao precoce dos docentes ............... 97
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1
Introduo
Com a evoluo das novas tecnologias, os telemveis deixaram de ser utilizados apenas
para telefonar ou enviar mensagens. Os telemveis de hoje garantem o acesso internet
e permitem elaborar vdeos, captar fotografias, registar memorandos de voz ou
comunicar atravs de mensagens escritas (SMS). Ou seja, constituem um poderoso meio
de comunicao que no deve ser ignorado pela escola.
Todas aquelas caractersticas e possibilidades que a utilizao do telemvel fornece
podero ser aproveitadas para o desenvolvimento de actividades educativas na escola.
Mas estaro a escola, os professores e alunos prontos para isso?
O uso do telemvel dentro das salas de aula proibido na maioria dos estabelecimentos
de ensino europeus. Alguns, limitam mesmo a sua utilizao dentro do recinto escolar.
Em Portugal, cabe a cada estabelecimento de ensino, ou agrupamento de escolas,
decidir sobre essa questo, embora o Estatuto do Aluno refira que este no deve
"transportar quaisquer materiais, equipamentos tecnolgicos, instrumentos ou engenhos,
passveis de, objectivamente, perturbarem o normal funcionamento das actividades
lectivas, ou poderem causar danos fsicos ou morais aos alunos ou a terceiros" (Lei 38,
2010: artigo15).
Apesar dessa proibio, muitos alunos continuam a utiliz-los de forma dissimulada
(Kukulska-Hulme et al, 2009). Esta nova realidade com que a escola confrontada faz
com que a utilizao do telemvel como recurso educativo nas escolas seja um tema
cada vez mais actual junto da comunidade educativa.
A presente dissertao procura definir o tipo de utilizao que professores e alunos dos
9 e 12 anos de duas escolas secundrias, em Castelo Branco, do ao telemvel em
diferentes contextos, e descrever quais as representaes que alunos e professores tm
sobre a utilizao do telemvel em contexto educativo.
A dissertao est dividida em trs captulos. No primeiro apresentamos um
enquadramento terico, onde procuramos abordar a questo da utilizao do telemvel
pelos jovens e pelos professores e as representaes que ambos tm sobre a sua
utilizao. Neste captulo apresentamos tambm um retrato da utilizao do telemvel
em contexto educativo em Portugal e noutros pases da Europa e da Amrica. A
descrio apresentada no primeiro captulo resulta de uma reviso de literatura de
autores/investigadores considerados de referncia neste domnio.
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2
Nos segundos e terceiros captulos apresentamos a metodologia seguida para a
realizao deste estudo, os resultados apurados, bem como as concluses do estudo.
A presente dissertao apresenta ainda as referncias bibliogrficas a que nos
socorremos para elaborar o estudo, e os anexos onde inclumos os instrumentos de
pesquisa utilizados.
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3
Captulo I 1 - Enquadramento terico
A escola debate-se, hoje, com um dos seus maiores desafios: o desafio digital. Os
professores, sobretudo estes, mas tambm toda a comunidade educativa, devem saber
encontrar os caminhos certos para tirar partido das novas tecnologias, e das diferentes
plataformas de aprendizagem que esto a emergir. Blsquez (2009) refere que com as
novas tecnologias de informao e comunicao est a formar-se uma nova sociedade.
E a Escola tem que se adaptar aos novos desafios.
Hoje, os jovens que frequentam as nossas escolas so nativos digitais. Isto , nasceram
com as novas tecnologias, possuem conhecimentos em determinadas reas. Conseguem
receber e comunicar informao, atravs de vrios meios tecnolgicos tradicionais,
como a TV ou a rdio, e digitais, como o telemvel, internet, mail, SMS1, redes sociais,
de forma sncrona e assncrona (Ruivo, 2007).
Preferem claramente o texto catico, ou seja, o hipertexto, no qual o leitor escolhe o
caminho de leitura em funo dos seus interesses, no tendo de obedecer a uma
estrutura de um documento definida pelo autor, como acontece, por exemplo, num livro.
Para eles, escrever no apenas escrever com palavras, em suporte papel. Escrever pode
ser escrever com palavras, com imagens estticas ou em movimento. Aderem, por isso,
a novas linguagens e, frequentemente, adaptam-se facilmente a novos conceitos de
ortografia (ex: SMS, chat).
Este novo tipo de estudante considera que a sua evoluo acontece atravs da partilha
de conhecimento e no da aquisio individual do conhecimento. Assim, aprender um
acto mais social que individual. Quanto mais partilha e mais informao partilham com
ele, maior o seu poder, porque mais informao domina.
Por isso, estes alunos convivem mal com uma escola em que o professor se assume
como transmissor de toda a informao, enquanto o aluno se remete passividade de a
receber (Blsquez, 2009).
1 Short message service - mensagem de texto curta
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2 - Utilizao do telemvel
A utilizao do telemvel como recurso educativo j comeou a ser equacionada h
vrios anos. Oliveira et al (2003) lembra-nos que o avano registado nas tecnologias
permite que, actualmente, seja possvel aceder a informao em tempo real,
independentemente do local onde o utilizador se encontre. Myers & Beigl (2003)
reforam a ideia de que as tecnologias de computao mvel se encontram em grande
evoluo, e que esto condenadas a transformarem-se no novo paradigma dominante.
A escola tem pela frente um grande objectivo que passa por contrariar esta espcie de
bullying tecnolgico (Blsquez, 2009). O mesmo autor refere, ainda, ser necessrio
elaborar alternativas pedaggicas inovadoras que respondam s exigncias da sociedade
democrtica. A escola inovadora ser aquela que pela cultura de colaborao seja uma
organizao que tambm aprenda. Uma escola que tenha a ousadia de aprender tambm
com os seus alunos, e que tambm consiga reconstruir o saber experiencial desses
estudantes.
E se no presente esta j uma questo pertinente, no futuro ser, porventura, uma
questo chave. Um estudo desenvolvido pela Kaiser Family Foundation (2010), nos
Estados Unidos, revela que as crianas so hoje responsveis por conduzir o mundo
para a transio digital. So essas crianas que sero os futuros estudantes, os quais
certamente no concebem a escola sem os meios digitais.
Hoje o telemvel pode ser encarado pela escola como um instrumento que melhore a
aprendizagem e no como um aparelho que deve ser desligado entrada da escola.
Um estudo da Universidade do Porto (2007), refere-nos que h alunos que, por semana,
enviavam mais de duas mil mensagens SMS.
Um outro estudo, realizado pelo Centro de Investigao e Estudos em Sociologia do
Instituto Superior de Cincias do Trabalho e da Empresa (E-Generation, 2007), salienta
que a esmagadora maioria dos jovens, de idades compreendidas entre os oito e os 18
anos (num universo de 1353), tem telemvel. S no terceiro trimestre de 2004 foram
enviadas, atravs das trs redes mveis nacionais, 635 milhes de mensagens.
E nesta realidade que as novas geraes se vo socializando e crescendo, uma realidade que se instalou nos seus quotidianos e nas suas prticas dirias. O telemvel tornou-se num acessrio quase obrigatrio e transportado para uma srie de situaes dirias, desde as aulas, aos tempos ldicos e aos tempos passados com a famlia ou com os amigos, (E-Generation, 2007: 167).
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A Entidade Reguladora da Comunicao (2008) num estudo sobre Recepo dos Meios
de Comunicao Social revela-nos que crianas e jovens dos 9 aos 17 anos tm um uso
considervel de telemveis.
O telemvel aparece naquele estudo nacional como o segundo meio tecnolgico mais
transversalmente presente entre os jovens dos 15 aos 17 anos. Verifica-se, ainda, que
mais de 25% dos jovens possuem telemvel com acesso Internet (ERC, 2008:188).
Verificamos, portanto, que o uso das tecnologias mveis (TM) pelos jovens uma
realidade incontornvel. Quinn (2000) considera que essas tecnologias esto a fazer
emergir um novo paradigma educacional a que se d o nome de mobile learning (m-
learning). Ou seja, a aprendizagem atravs de dispositivos mveis, como o telemvel,
PDAs, Pocket PC ou Tablet PC.
Actualmente, so vrias as definies para o m-learning e os seus conceitos entraram
claramente na agenda dos temas educacionais (Rodrigues, 2007). Shuler (2009)
acrescenta que o m-learning pode constituir-se como uma fronteira nova para os alunos
do pr-escolar ao ensino secundrio.
McLean (2003) considera o m-learning como um conceito usado para cobrir um
conjunto de possibilidades criadas com o surgimento das novas tecnologias mveis,
infra-estruturas e protocolos de redes de comunicao sem fios e os crescentes
desenvolvimentos na rea do e-learning.
De acordo com Brown (2003), m-learning uma extenso natural do e-learning. O autor
considera que so vrias a vantagens do m-learning, e que passam pelo seu potencial em
aumentar a produtividade, tornando a aprendizagem disponvel em qualquer lugar e em
qualquer momento. Ou seja, permite que os alunos participem em actividades
educativas sem as restries de lugar e tempo.
O facto de em todo o mundo existirem mais de 1,5 bilhes de telefones mveis a ser
utilizados, o que corresponde a trs vezes mais do que o nmero de computadores
pessoais (Attewell, 2005; Prensky, 2004), potencia ainda mais a importncia da
utilizao do telemvel em contexto educativo.
Brown (2003) adianta que as tecnologias mveis tm o poder de tornar a aprendizagem
mais acessvel e disponvel do que os actuais ambientes de e-learning. As vantagens da
utilizao do telemvel em contexto educativo so tambm subscritas por outros
investigadores. Faux, McFarlane, Roche, e Facer (2006), apresentam-nos vrios
argumentos, dos quais destacamos o facto de encorajar a personalizao da
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6
aprendizagem, de aumentar a responsabilidade, de aumentar a concentrao e confiana
dos alunos, bem como a melhoria das interaces sociais.
A estes factores Knight (2005) junta a portabilidade e conectividade do telemvel - o
que permite a sua utilizao em qualquer lugar -, a motivao dos alunos e a promoo
de experincias de aprendizagem.
A utilizao do telemvel em contexto educativo vai ainda ao encontro daquilo que
Rodrigues (2007:13), defende: a essncia do m-learning encontra-se no acesso
aprendizagem da utilizao de dispositivos mveis com comunicaes sem fios, de
forma transparente e com elevado grau de mobilidade.
Goh & Kinshuk (2004) enumeram um conjunto de caractersticas que consideram
essenciais para a aplicao e utilizao do m-learning. Caractersticas que passam pelo
facto dos contedos poderem ir desde simples SMS at contedos mais sofisticados,
como acontece com as imagens multimdia. Alm disso, afirmam, as aplicaes mveis
devem ser simples, pois a maioria dos aparelhos utiliza o software de origem existente
no prprio telemvel.
O avano das novas tecnologias e a evoluo que os telemveis apresentam em cada dia
que passa, tornam-nos mais do que simples aparelhos que servem para falar ou enviar
mensagens.
Moura (2009:2) explica que:
as Tecnologias Mveis esto cada vez mais integradas, omnipresentes e conectadas, a par do reforo de capacidades de interaco social, conscincia de contexto e conexo Internet. Este conjunto de caractersticas faz com que se apresentem como ferramentas com potencial educativo.
A utilizao das TM pode permitir que a aprendizagem se possa fazer, cada vez mais,
fora da sala de aula e dentro de ambos os ambientes dos estudantes - real e virtual. A
aprendizagem tornar-se- mais situada, pessoal, colaborativa e ao longo da vida. Os
ambientes de m-learning podero proporcionar formas de aprendizagem situada em
contextos autnticos. (Moura, 2009: 2).
A evoluo tecnolgica transformou os telemveis em aparelhos completos (os quais
so capazes de competir, em algumas aplicaes, com os pequenos computadores
portteis, tendo a vantagem de ser mais pequenos e permitir estabelecer contactos de
forma mais rpida e imediata).
-
7
quelas caractersticas, Naismith et al (2004:9) definem algumas das caractersticas que
os dispositivos mveis para fins educativos devero possuir:
- Portabilidade. O facto destes dispositivos serem pequenos e leves permitem que os
seus utilizadores os levem para todo o lado, sem qualquer dificuldade.
- Interaco social. Os investigadores pressupem a troca de dados e colaborao com
outros utilizadores.
- Sensibilidade ao contexto, pois permitem responder aos dados reais ou simulados no
local, ambiente e tempo.
Naismith et al (2004:9) falam ainda de outra caracterstica importante, a conectividade.
a conectividade que possibilita, por um lado, a criao de redes partilhadas,
conectando dispositivos mveis a dispositivos de recolha de dados ou outros
dispositivos, e por outro, de uma rede comum.
Apesar da maioria das escolas europeias proibirem a utilizao dos telemveis dentro
das salas de aula, muitos estudantes continuam a utiliz-los de forma dissimulada
(Kukulska-Hulme et al, 2009).
Em Portugal, cabe s escolas autorizar ou no a sua utilizao, atravs do seu
regulamento interno. A realidade demonstra que para os jovens a comunicao digital
to natural como a comunicao face-a-face.
Green & Hanon (2007) falam mesmo em vidas digitais, referindo-se ao espao que as
tecnologias e diferentes formas de comunicao digital ocupam na vida dos jovens.
A utilizao do telemvel em contexto educativo, apesar das proibies da sua
utilizao, por muitas escolas (na Frana e Itlia, por exemplo, essa proibio est
expressa na Lei), ganha mais fora.
A evoluo tecnolgica faz com que surjam no mercado recursos que potenciam a
utilizao do telemvel em contexto educativo, casos do Flickr (www.flickr.com) - que
permite fazer a importao de fotografias directamente do telemvel para o Flickr, e ao
mesmo tempo colocar notas de textos e informao geogrfica do local onde as imagens
foram captadas (Low, 2007).
Ferreira (2009) d-nos o exemplo o Google Mobile (que permite o acesso ao correio
electrnico -gmail-, a mapas -google maps- e partilha e visionamento de vdeos,
atravs do youtube).
Os recursos que hoje se encontram disponveis para serem utilizados nos telemveis
so, no entanto, mais vastos. Permitem por exemplo fazer uploads (importao) de
contedos udio, direccionando-os directamente para um blog (Filemobile,
-
8
http://www.filemobile.com). H outros que possibilitam ao utilizador transformar os
ficheiros escritos em ficheiros udio (Talkr, http://www.talkr.com), ou permitem a
criao de pginas de internet em formato adequado aos telemveis (Low, 2006). As
prprias redes sociais como o Facebook ou o Twiter permitem que o acesso seja feito
atravs de telemvel.
Apesar da evoluo tecnolgica e das inmeras possibilidades que os telemveis hoje
permitem, a sua utilizao em contexto educativo est associada a um conjunto de
dificuldades que Sharples (2006) diz serem difceis de ultrapassar. O autor fala-nos das
dificuldades em gerir equipamentos com diferentes potencialidades; em coordenar um
grupo de aprendizagem dentro da sala de aula; ou em se colmatar o fosso existente entre
a educao formal e informal.
O mesmo autor refere ainda as dificuldades em se apresentarem e disponibilizarem
contedos curriculares atravs de um equipamento com um ecr to reduzido. A questo
sobre como pode ser feita a avaliao da aprendizagem realizada em contexto extra-
escolar outra das dificuldades apontadas por Sharples (2006).
quelas dificuldades juntam-se outras de ordem tcnica, que variam de aparelho para
aparelho, como o tamanho do ecr, o tipo de teclado, a autonomia da bateria, a
capacidade de memria e o tipo de recursos que cada telemvel possui.
A utilizao do telemvel em contexto educativo pode levantar ainda questes de
direito privacidade e a utilizao indevidas, surgindo o bullying como uma das
questes que preocupam os jovens, os pais e os encarregados de educao.
O Eurobarmetro 248 (2008), um estudo desenvolvido na Europa sobre o tema Rumo
a uma utilizao mais segura da Internet pelas crianas da Unio Europeia a
perspectiva dos pais, revela uma elevada preocupao dos pais, sobre o facto dos seus
filhos poderem vir a sofrer bullying pela internet, ou pelo telemvel.
Um estudo, citado pelo jornal Estado de S. Paulo desenvolvido pela Universidade de
Navarra (2008), em parceria com a Fundao Telefnica, verificou que 8,4% dos 4.205
estudantes brasileiros inquiridos, de 6 a 18 anos, j haviam utilizado o telemvel para
ofender algum.
No Reino Unido, os resultados do British Crime Survey demonstram que o bullying, em
especial quando praticado com recurso s novas tecnologias, um fenmeno que se est
a espalhar naquele territrio. Os dados, citados pelo dirio Pblico (2011) revelam que
-
9
uma em cada quatro vtimas relatou que recebeu mensagens que no queria, tanto por
email como por telemvel, assim como comentrios em sites.
Ainda no Reino Unido, a organizao no governamental britnica Beatbullyng revelou
que mais de um tero dos alunos do secundrio recebem mensagens e fotos no
solicitadas e comprometedoras, de cariz sexual, atravs dos telemveis e uma parte
desses ficheiros vai parar s redes sociais.
3 - Representaes de professores e alunos sobre a utilizao do telemvel em contexto educativo
Em Portugal desenvolveram-se j algumas experincias sobre a utilizao do telemvel
em contexto educativo, em diferentes disciplinas. O ensino da literatura portuguesa, no
Ensino Secundrio, constituiu uma experincia desenvolvida por Moura (2008), numa
lgica clara de envolver os alunos, de forma intensa, no processo de aprendizagem. Em
vez de procurarmos imagens ou filmes na Internet, fazemos com que os alunos faam
parte desse processo, com os seus prprios contedos".
A mesma investigadora adianta que, deste modo, se apresenta a viso do aluno, o qual
assim tambm se acha mais importante, pois participa activamente na abordagem dos
temas. Usamos as SMS para construir um poema a vrias mos e cada um d o seu
contributo, (Moura, 2008).
A participao dos alunos nesse processo passa tambm pela apresentao de propostas
e o sucesso da utilizao do telemvel enquanto recurso educativo est relacionado com
o tipo de representaes que alunos e professores tm dessa utilizao.
Ferreira (2009) partiu de uma premissa clara: Gostava que as escolas perdessem o
medo de cada vez que um telemvel est nas mos de um adolescente". Em vez de ser
uma ameaa porque no transformar o aparelho num aliado dos professores?.
A investigao de Ferreira (2009) decorreu de um estudo de caso com jovens e
professores do 3 ciclo de escolaridade de uma escola de Setbal, onde foram abordadas
as representaes e prticas relacionadas com a utilizao do telemvel em contexto
escolar.
-
10
A investigadora (2009: 50) explica que tanto os alunos como os professores
confirmaram as potencialidades educativas dos telemveis:
Os alunos foram capazes de sugerir exemplos significativos de possveis usos dos telemveis para actividades escolares, mesmo sem terem tido experincias prvias de utilizao deste equipamento digital como recurso educativo. Os professores, embora manifestassem algumas resistncias iniciais, tiveram uma atitude global positiva e foram receptivos s propostas feitas pelos alunos.
As representaes que os alunos evidenciaram no estudo de Ferreira (2009) sobre
utilizao do telemvel em contexto educativo, levou-os a apresentarem propostas sobre
o uso do telemvel enquanto instrumento facilitador de aprendizagem. Propostas que
variaram entre a utilizao da cmara do aparelho para fotografar o quadro com o
resumo da matria; produo de vdeos para o registo das visitas de estudo; marcar os
testes na agenda do telemvel; configurar o alarme do aparelho para os avisar que tm
trabalho de casa para realizar; utilizao do bloco de notas para recolha de
apontamentos; utilizao do gravador para reproduzir a aula em casa; ou a transferncia
de informao entre os pares atravs do bluetooth. Os prprios professores
reconheceram que se enviarem contedos atravs de sms, eles no resistem e vo ler".
As representaes que alunos e professores possuem sobre a utilizao do telemvel
enquanto recurso educativo tm-se evidenciado como uma das questes de trabalho de
diferentes investigadores e instituies. Surgem por isso, na Europa, tambm vrios
estudos que procuram reflectir sobre essas mesmas representaes.
No Reino Unido, a Universidade de Nottingham, a pedido da Becta - Agncia Britnica
para a Tecnologia de Aprendizagem -, elaborou um estudo sobre as representaes que
os alunos tinham da utilizao do telemvel em contexto educativo.
Aquele estudo, citado por Attewell, J. (2005), envolveu 2611 crianas, com idades entre
os 8 e os 11 anos, de 27 escolas. Os resultados revelaram que a representao que
aqueles alunos tm da utilizao do telemvel vai para alm do simples acto de
telefonar: 33% dos crianas j tinham enviado uma mensagem de texto na escola,
relacionada com assuntos escolares, 24% j tinham tirado uma foto, enviando-a
posteriormente para um outro telemvel e 36% confirmaram aceder internet pelo
telemvel que a escola lhes disponibilizou.
Em 2001/2002 o Standford Research Institute (SRI) desenvolveu um trabalho que
envolveu 102 instituies de ensino nos Estados Unidos, com o intuito de aferir a
-
11
importncia da utilizao do telemvel em contexto educativo, e que tipo de
representaes teriam os docentes dessa utilizao.
As concluses desse estudo revelavam que os dispositivos mveis podem oferecer
benefcios nicos para os alunos. Alm disso, um nmero significativo de educadores
era da opinio que existe um papel til resultante do uso dos dispositivos mveis na
educao, mostrando-se tambm favorveis ao uso de computao mvel nas suas
salas de aula.
Rodrigues (2007) apresenta-nos algumas das mais importantes concluses desse estudo
desenvolvido pelo Standford Research Institute, que procuram reflectir as
representaes e a utilizao do telemvel em contexto educativo, por parte de docentes
e alunos, das quais destacaramos as seguintes:
- Cerca de 90% dos docentes reconheceram que os dispositivos mveis so eficientes
ferramentas de ensino;
- Mais de 90% dos docentes so da opinio que os dispositivos mveis podem ter um
impacto positivo na aprendizagem dos alunos;
- 90% dos docentes pretende no futuro continuar a utilizar os dispositivos nas suas
aulas;
- 62% dos docentes acha que um dos factores mais importantes para a integrao o
fornecimento de software especializado para docentes (exemplo: programa para auxlio
na classificao);
- Dos alunos, 66% acharam confortvel o uso dos dispositivos mveis para
aprendizagem
A utilizao do telemvel em contexto educativo no constitui uma novidade em
Portugal, embora no sejam muitas as ocasies em que isso suceda. Assim, no nosso
pas foram desenvolvidos j alguns projectos com vista utilizao do telemvel como
recurso educativo, dos quais destacamos:
- Gerao Mvel, da Escola Secundria Carlos Amarante, em Braga
(sites.google.com/site/geramovel2/telemovel) - onde foram definidas diferentes
actividades escolares para os alunos desenvolverem com o recurso ao telemvel, como
captar fotografias ou registar datas de testes, por exemplo -;
-
12
- SchoolSenses@internet (http://schoolsenses.dei.uc.pt/Default.aspx) - projecto
aplicado no 1 ciclo, e desenvolvido em torno da ideia central da criao de informao
multi-sensorial e geo-referenciada, utilizando o telemvel como um dos seus recursos;
- mLearning (http://nonio.eses.pt/mlearning/conteudos.asp?cod_seccao=1&cod_sub=1)
- desenvolvido pela Escola Superior de Educao de Santarm para produo de
programas educativos para serem utilizados em telemveis, so bons exemplos daquilo
que tem sido desenvolvido no nosso pas.
Na Europa, a Comisso Europeia financiou, no mbito do Programa Leonardo da Vinci,
projectos de aprendizagem mvel, com o objectivo de apoiar a educao e formao
profissional com o recurso a telefones mveis para a entrega de contedos de
aprendizagem.
Destes projectos, Agnes et al (2009) destacam o From e-Learning to m-Learning, o
qual permitiu desenvolver aces de formao para alunos, recorrendo aos PDA's e a
telefones celulares.
No Reino Unido surgiu o Learning2Go, o qual envolvia, em 2009, 18 instituies de
ensino (do bsico ao secundrio), num universo de mil alunos (incluindo estudantes
com necessidades educativas especiais. O projecto incorporou tecnologia avanada de
aprendizagem e fomenta a aprendizagem colaborativa Agnes et al (2009).
Em resumo, a utilizao do telemvel enquanto instrumento educativo um desafio que
as escolas, de diferentes graus de ensino, comeam a abraar. As representaes que os
professores e alunos tm do uso do telemvel em contexto educativo indiciam que a sua
utilizao possvel. Tanto a Unio Europeia, como os Estados Unidos esto atentos a
essa questo, como o demonstram os projectos e estudos desenvolvidos que aqui
apresentmos.
4 - Questo de investigao
Pretendemos com este estudo dar resposta ao seguinte problema de investigao: Quais
as representaes de professores e de alunos do 3 ciclo do ensino bsico e secundrio
quanto ao uso do telemvel em contexto educativo?
-
13
Para a sua realizao optmos por efectuar um Estudo de Caso transversal, j que a
recolha de dados junto do universo a estudar foi realizada atravs de tcnicas de registo
(questionrio), aplicadas apenas num dado momento. Deste modo construmos,
validmos e aplicmos um questionrio junto de alunos e professores (anexos 2 e 4)
dos 9 e 12 anos de duas escolas EB3/Secundrias de Castelo Branco, o qual procurou
dar resposta aos seguintes objectivos de investigao: Que diferenas de representaes
tm professores e estudantes sobre a utilizao do telemvel em contexto educativo?
Como podero vir a ser rentabilizados os telemveis num ambiente escolar?
Captulo II
1 - Metodologia
O estudo realizado configura uma investigao emprica, de carcter no experimental e
transversal. Consideramo-la como no experimental, dado no haver lugar
aleatorizao dos sujeitos, nem manipulao de variveis junto de um qualquer grupo
experimental, em comparao com um grupo de controlo. Entendemo-la como
transversal dado que a recolha de dados junto do universo a estudar foi realizada atravs
de tcnicas de registo (questionrio), aplicadas apenas num dado momento, no
havendo lugar ao acompanhamento da evoluo dessa realidade numa linha diacrnica.
(Arnal, Rincn & Latorre, 1992).
A pesquisa enquadra-se, ainda, no que a literatura convencionou em designar por
Estudo de Caso, j que este tipo de estudo parece ser o mais adequado concretizao
dos objectivos que propomos. No se pretende pois proceder a uma anlise
correlacional dos dados obtidos (Yin, 2005).
Trata-se, pois, de um Estudo de Caso, exploratrio e descritivo, porque se pretende
descrever, de forma densa e detalhada, os resultados obtidos (Yin, 2005). Havendo
tambm a inteno de compreender, de alguma forma, como que os factos ocorrem,
uns em funo dos outros, a pesquisa constitui tambm a um Estudo de Caso explicativo
(Yin, 2005) e, finalmente, tendo como objectivo analisar uma dada realidade e
incentivar a tomada de decises mais oportunas para a mudar, trata-se tambm de um
Estudo de Caso transformador (Coutinho & Chaves, 2002). Os dois autores referem-nos
ainda que este tipo de estudo "se adapta bem a diversas situaes de investigao em
-
14
Tecnologia Educativa, podendo produzir conhecimento de grande valor e preciosos
insights".
Afonso (2005) refere tambm que, no estudo de caso, o que o investigador pretende
estudar o que particular, especfico e nico. (:70). Mas Stake (2007) tambm
menciona que, em cada caso, alm da sua singularidade, podemos encontrar
semelhanas a outros casos. Tal no significa que tenhamos inteno de extrapolar as
nossas concluses, atribuindo-lhes a capacidade de serem generalizveis, j que o
mesmo autor salienta que o estudo de caso parece ser uma base pouco slida para a
generalizao (:23). Ou seja, este revela-se como mantendo uma forte validade interna,
dado um maior controlo das variveis em causa, mas obrigando a uma restrita validade
externa.
2 - Instrumento de recolha de dados
Para a realizao de qualquer investigao torna-se necessrio proceder a seleces,
dado que impossvel abordar todos os aspectos de uma determinada realidade
(Evertson e Green, 1986). Significa isto que importante seleccionarmos a questo em
estudo, o instrumento ou ferramenta para recolha de dados e aquilo que iremos
pesquisar.
No desenvolvimento do nosso estudo tivemos em conta esses factores. A ferramenta
escolhida surge como mediadora entre o investigador e a realidade (Evertson e Green,
1986).
Para efeitos da recolha de dados elabormos, validmos e aplicmos um questionrio,
com utilizao de escalas de tipo Likert (Tuckman, 2000).
A escala de Likert apresenta cinco nveis, com igual amplitude. A anlise dos dados
provenientes deste tipo de escala baseia-se em resultados somados a partir de um
nmero de itens (Freixo M., 2010).
O questionrio tem vindo a ser referido como um dos instrumentos mais utilizados e
mais importantes nas pesquisas, podendo ser definido como a tcnica de investigao
composta por um nmero mais ou menos elevado de questes apresentadas por escrito
s pessoas, tendo por objectivo o conhecimento de opinies, crenas, sentimentos,
interesses, expectativas, situaes vivenciadas, etc. (Gil, 1991, p.124).
As vantagens da utilizao do questionrio prendem-se com o facto de este ser um
instrumento relativamente simples de administrar, podendo ser aplicado a um grande
-
15
nmero de pessoas, num curto perodo de tempo, garantindo o anonimato das respostas,
permitindo que os inquiridos respondam no momento em que julgarem mais
conveniente e no expondo os sujeitos influncia das opinies do investigador (Pinto,
1990; Gil, 1991).
Os questionrios foram construdos segundo as regras da investigao cientfica
(Tuckman, 2000). Para a sua realizao foram definidos os indicadores de leitura, os
quais foram agrupados por dimenses/categorias, de acordo com os problemas e
objectivos da pesquisa. Procedeu-se depois elaborao do questionrio tendo em conta
os problemas e objectivos da investigao.
Com o questionrio elaborado, fomos valid-lo qualitativamente atravs de um corpo
de juzes (Tuckman, 2000). Essa validao foi efectuada por quatro
professores/investigadores doutorados em Cincias da Educao, de duas instituies de
ensino superior e de dois centros de investigao.
Ainda antes de passarmos sua aplicao, realizmos um pr-teste presencial a quatro
professores e quatro alunos que no foram includos na amostra do estudo. Elabormos
de seguida, e tendo em conta os resultados desse pr-teste, o questionrio definitivo
(anexos 2 e 4), seguindo-se a sua aplicao em duas escolas secundrias de Castelo
Branco. Os questionrios, acompanhados de uma carta nossa dirigida a professores e
alunos (anexos 1 e 3), foram entregues nos dois estabelecimentos de ensino, os quais os
distriburam, e recolheram junto de alunos e professores do 9 e 12 anos.
Procedemos posteriormente ao tratamento estatstico dos dados.
3 - Amostra
Para a aplicao dos questionrios escolhemos duas escolas da cidade de Castelo
Branco, estabelecimentos de ensino que so os nicos que possuem, em simultneo,
turmas de 9 e 12 anos. So tambm duas escolas, do ponto de vista de estratificao
social dos alunos, muito semelhantes. As duas escolas esto bem equipadas
tecnologicamente.
A escolha intencional destas escolas deve-se ainda ao facto de ambas nos facilitarem
totalmente o acesso aos sujeitos para efeitos da aplicao dos questionrios.
Neste estudo pretendemos identificar as representaes de professores e de alunos dos
9 e 12 anos de escolaridade quanto ao uso do telemvel em contexto educativo.
-
16
Para a aplicao do questionrio definimos como grupos amostrais a totalidade dos
professores do 9 e 12 anos, e dos alunos do 9 ano. Dado que os alunos do 12 ano
constituam um nmero muito superior aos do 9 ano, foi constituda uma amostra de
120 alunos, de um total de 430 sujeitos, de acordo com uma tabela de amostragem
(Freixo, 2010).Assim sendo, os grupos amostrais ficaram constitudos de seguinte
forma:
Sujeitos Ano de escolaridade
Professores
Alunos
9 Ano de escolaridade
20
84
12 Ano de escolaridade
77
120
Total 97 204 Quadro 1 - Amostra do estudo
Aplicados os questionrios, foi possvel recolher 88 questionrios de professores, e 179
questionrios de alunos, o que constituiu uma taxa de retorno de 90,72% (docentes) e de
87,74% (alunos), o que consideramos significativa para a prossecuo do estudo.
Verificamos tambm que a maioria dos indivduos, quer os professores, quer os alunos,
do sexo feminino, como demonstra o quadro 2, onde se apresenta o nmero total de
indivduos que responderam ao questionrio.
Quadro 2 - Nmero total de indivduos que responderam ao questionrio
Alunos
Professores
Ano Sexo
9 Ano
12 Ano
9 Ano
12 Ano
Masculino
30
42
6
27
Feminino
37
70
19
36
Total
67
112
25
63
Total Global
179
88
-
17
4 - Caracterizao dos sujeitos
Para podermos responder s questes de investigao, procurmos numa primeira parte
do questionrio caracterizar os indivduos inquiridos no que respeita aos hbitos de
utilizao do telemvel, ao tipo de aparelho que possuem e a forma como o utilizam.
4.1 - Caracterizao dos alunos
As idades dos alunos variam entre os 14 e os 21 anos, o que corresponde aos dois anos
de escolaridade (9 e 12) que o estudo analisa.
Alunos com telemvel
,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
9 Ano 12 Ano
Ano de escolaridade
% d
e al
unos
SimNo
Grfico 1 - Alunos com telemvel
Procurmos ainda registar que outros dispositivos mveis os indivduos possuem e
utilizam, bem como apurar a idade com que os alunos tiveram o seu primeiro telemvel.
Dos 179 alunos que responderam ao questionrio, apenas dois afirmaram no ter
telemvel (um em cada ano lectivo analisado). Isto revela que 98,5% dos alunos do 9
ano e 99,1% dos de 12 ano possuem telemvel.
-
18
Idade do primeiro telemvel
,0%5,0%
10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%
4 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Idade dos alunos
% d
e al
unos
9 Ano12 Ano
Grfico 2 - Idade em que os alunos tiveram o seu primeiro telemvel
Os dados revelam-nos, ainda, que os jovens tm o seu primeiro telemvel cada vez com
menos idade. Dos inquiridos h quem tenha recebido o seu primeiro aparelho aos quatro
anos de idade, mas tambm h quem s aos 16 anos tenha tido o seu primeiro
telemvel. As respostas a esta questo demonstram, ainda, que a maioria dos jovens
inquiridos teve o seu primeiro telemvel aos 10 anos de idade. Revelam-nos tambm
que os estudantes do 12 ano tiveram o seu primeiro telemvel mais tarde do que os
alunos do 9 ano de escolaridade.
Os jovens de hoje nasceram com as novas tecnologias. So nativos digitais. O tipo de
dispositivos que os jovens hoje possuem demonstra-nos que estamos perante uma
gerao que est perfeitamente ligada s novas tecnologias.
Alm do telemvel, 83,8 por cento dos inquiridos afirma ter computador porttil, 49,2
por cento diz possuir MP4 e 53,1 por cento garante ter MP3. A PlayStation ou consolas
de jogos tambm fazem parte do universo dos alunos inquiridos, com 40,8 por cento a
afirmarem ter esse aparelho.
O Grfico 3 mostra-nos ainda que h alguns alunos que tambm possuem PDA e iPod.
At mesmo o IPad j surge referenciado, embora com uma percentagem mnima.
-
19
Dispositivos mveis
0102030405060708090
MP4 MP3 PC Porttil PSP PDA iPod iPad
tipo de aparelhos
% d
e al
unos
912
Grfico 3 - Tipo de dispositivos mveis que os alunos possuem em %
A anlise a esta questo revela-nos que tanto os alunos do 9 ano de escolaridade, como
os de 12 possuem diferentes tipos de aparelhos, sendo o computador porttil aquele que
mais os jovens possuem. Nos alunos do 9 ano verifica-se tambm que o MP3 mais
comum, seguido do MP4, enquanto que os alunos do 12 ano possuem mais aparelhos
MP4 que MP3. O iPad s referenciado no 12 ano.
Caractersticas do telemvel
828486889092949698
100102
Capta
r Foto
s
Grav
ar V
deos
Aced
er Int
ernet
Ouvir
Ms
ica/R
dio
Grav
ar So
ns
Envia
r/rece
ber S
MS's
Envia
r MM'
s
% d
e al
unos
9 ano12 ano
Grfico 4 - Caractersticas dos telemveis dos alunos
As caractersticas dos telemveis salientam-nos que os alunos do 12 ano possuem
aparelhos mais evoludos do que os do 9 ano. Dos sete itens inquiridos, os alunos do 9
ano apenas tm uma ligeira vantagem nos telemveis capacitados para enviar e receber
SMS's e no acesso internet. Em todas as outras caractersticas os alunos do 12 levam
-
20
vantagem, o que revela que quanto mais avanados nos estudos se encontram os
inquiridos melhores aparelhos possuem.
Um dos aspectos que considermos importante para a elaborao deste estudo
frequncia de utilizao que alunos do 9 e 12 anos de escolaridade fazem do telemvel
e para qu o utilizam.
Assim verifica-se que a maioria dos alunos de 9 e de 12 anos de escolaridade utiliza
diariamente o telemvel, para fazer ou receber chamadas.
O envio ou recepo de SMS's surge, tambm, com valores dirios elevados. No total
157 alunos (57 do 9 ano, de um total 66 alunos; 100 do 12 ano, de um total de 112)
envia ou recebe mensagens diariamente. Nesta questo verifica-se que 86,36 por cento
dos estudantes do 9 ano - o equivalente a 57 alunos - envia ou recebe mensagens
diariamente pelo telemvel. Estes valores sobem ligeiramente nos alunos do 12 ano,
onde 89,28% dos quais (100 inquiridos) envia ou recebe SMS's.
Tal como os SMS's, tambm a utilizao do telemvel para ouvir rdio ou msicas
elevada nos dois anos de escolaridade: 62,90 por cento dos alunos do 9 ano e 42,34 por
cento do 12 afirmam faz-lo diariamente.
Envio semanal de SMS's %
05
1015202530354045
0-20 21-50 51-99 100-199 200-299 300 oumais
nmero de mensagens
%
Ano 9 anoAno 12 ano
Grfico 5 - Envio semanal de SMS's
Verifica-se, ainda, que a quantidade de mensagens SMS's enviadas semanalmente pelos
jovens elevada. A maioria dos alunos envia mais 300 SMS's por semana. Tanto os
alunos do 9 ano como os do 12 evidenciam uma utilizao elevada do telemvel para
-
21
o envio de SMS's. Ainda assim, verifica-se que cerca de 15 por cento dos alunos do 9
ano enviam, apenas, entre 0 e 20 mensagens por semana.
O uso do telemvel para o acesso internet foi outro dos parmetros analisados, tendo-
se verificado que 26,9 por cento do total de alunos tem no seu telefone celular um meio
de aceder diariamente internet. 27,7 por cento dos alunos do 9 ano responderam
aceder diariamente internet atravs do seu telemvel, enquanto apenas 25 por cento
dos estudantes do 12 o fizeram. No entanto, o acesso internet atravs do telemvel
no constitui um hbito da maioria dos alunos: 55 por cento do total dos alunos acede
raramente internet atravs do telemvel.
Imputando os valores aos dois anos de escolaridade, verificmos que 58,06 por cento
dos alunos do 9 ano acede raramente internet atravs do seu telemvel. No 12 ano
essa percentagem de 53,21.
As respostas dos alunos revelam-nos, ainda, que a maioria dos estudantes raramente
utiliza o telemvel para captar fotografias, num total de 43,3 por cento dos alunos que
responderam a esta questo. No 9 ano verifica-se que 40,98 por cento do total dos
alunos que responderam questo, raramente captam fotografias com o seu telemvel,
enquanto no 12 ano esse valor de 44,54% entre os 110 alunos.
No entanto, 27,86 por cento dos alunos do 9 ano de escolaridade utilizam diariamente o
telemvel para captar fotografias, enquanto apenas 6,36 por cento dos estudantes do 12
o fazem todos os dias. Esta tendncia inverte-se na captao de fotografias pelo
telemvel apenas uma vez por semana: 11,47 por cento do total de alunos de 9 ano que
responderam questo tirar fotografias apenas uma vez por semana, enquanto 29,09 dos
estudantes de 12 asseguram faz-lo. Em ambos os anos de escolaridade, cerca de 20
por cento, afirmam captar imagens pelo telemvel trs vezes por semana.
E se a utilizao do telemvel para captar fotografias parece constituir uma opo para
muitos jovens, a gravao de vdeos no tem muitos adeptos entre os alunos inquiridos.
No total 64,3 por cento afirma efectuar filmagens raramente. No 9 ano de escolaridade
essa percentagem de 62,29 por cento. Um valor que sobe nos alunos do 12 ano para
65,45 por cento. Dos alunos do 9 ano apenas 21,31 por cento refere fazer vdeos com o
telemvel uma vez por semana, enquanto no 12 ano apenas 25,45 por cento o admite
fazer.
Inquirimos, ainda, os alunos se utilizavam o telemvel para gravar conversas ou
entrevistas. A maioria dos inquiridos revelou que raramente o fazia (92,44 por cento),
sendo que 92,54 por cento dos alunos do 9 ano e 91,81 por cento dos de 12 ano s
-
22
raramente faz vdeos pelo telemvel. A utilizao do telemvel para guardar
apontamentos tambm no muito significativa junto dos alunos inquiridos, pois 92,44
por cento dos estudantes afirmam faz-lo raramente. No 9 ano esse valor de 73 por
cento, enquanto no 12 ano de 65,17 por cento. Da mesma forma, escrever textos pelo
telemvel no uma tarefa da qual os alunos nutrem simpatia: 65,07 por cento dos
alunos do 9 ano e 86,60 por cento dos de 12 ano, afirmam que raramente o fazem.
Verifica-se, portanto, que os estudantes do 9 ano como os do 12 utilizam o telemvel
de forma semelhante, embora surjam ligeiras diferenas, como acontece no envio de
SMS's, onde se registam mais envios dirios no 12, ou na audio de contedos
musicais, aqui com vantagem para os alunos do 9 ano.
Formas de comunicao/informao
0
20
40
60
80
100
9 Ano 12 Ano
Anos de escolaridade
% d
e al
unos
Sites InternetPlataforma MoodleSkypeRedes SociaisBlogsMessenger
Grfico 6 - Outras formas de comunicao/informao utilizadas
Para alm da utilizao do telemvel, procurmos saber que outras formas de
comunicao/informao, os alunos utilizam. As respostas revelam uma tendncia
semelhante em ambos os anos de escolaridade para o recurso aos sites da internet e
redes sociais, embora a percentagem dessa utilizao seja superior nos alunos do 12
ano. No messenger a utilizao elevada em ambos os anos de escolaridade, mas os
alunos do 9 apresentam mais 4,3 por cento que os do 12.
A utilizao do Skype mais frequente junto dos alunos do 12 ano (18,8%) enquanto
que no 9 ano essa percentagem apenas de 9%. Tambm a plataforma Moodle mais
utilizada pelos alunos do 12 ano (16,1%) contra os 11,9 por cento de utilizao pelos
alunos do 9 ano.
J o recurso aos blogs idntico em termos percentuais nos dois anos de escolaridade.
-
23
4.1.1 Concluso
Desta anlise conclumos que os estudantes do 12 ano tiveram o seu primeiro
telemvel mais tarde que os do 9 ano de escolaridade, embora a grande maioria dos
alunos de ambos os anos tivessem tido o seu primeiro aparelho entre os 10 e os 12 anos
de idade. Verificamos, tambm, que para alm do telemvel, a maioria dos jovens de ambos os
anos de escolaridade possuem computador porttil, e uma percentagem menor tem
MP4, MP3 ou PSP. A frequncia muito semelhante nos dois anos de escolaridade.
Os dados revelam-nos ainda que os alunos do 12 ano possuem aparelhos mais
modernos e com mais capacidade.
No que respeita ao envio e recepo de SMSs os alunos do 9 e 12 anos obtm
frequncias elevadas, sendo que a maioria dos alunos envia mais de 300 mensagens por
semana.
Em sentido contrrio, a utilizao do telemvel para a captao de fotografias no
elevada, embora nos alunos de 12 esse valor seja ligeiramente superior. No caso da
captao de filmes ou de gravao de apontamentos em nenhuns dos anos de
escolaridade se verificam grandes frequncias.
Os alunos do 12 ano e do 9 ano revelam ainda uma elevada utilizao de sites de
internet, messenger e redes sociais.
-
24
4.2 - Caracterizao dos professores
Idade dos professores
,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
9 Ano 12 Ano Total
ano de docncia
% d
e pr
ofes
sore
Entre 26 e 35Entre 36 e 45Entre 46 e 5455 ou mais
Grfico 7 - Idade dos professores
A maioria dos professores inquiridos tm idades entre os 36 e os 45 anos, embora exista
uma percentagem elevada de docentes com idade entre os 46 e 54 anos. Esta , de resto,
a tendncia verificada junto do grupo de professores do 12 ano. No 9 ano, verifica-se
que a maioria dos docentes tem entre 26 e 35 anos. Neste grupo de docentes h uma
uniformizao entre os intervalos [46-54 anos] e [55 ou mais].
Anos de docncia
,0%5,0%
10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%
9 ano 12 ano Total
% d
e pr
ofes
sore
s
Menos de 5Entre 6 e 15Entre 16 e 25Entre 26 e 3536 ou mais
Grfico 8 - Anos de docncia dos professores
-
25
Globalmente, a maioria dos professores tem 36 ou mais anos de docncia, o que vai ao
encontro do grupo de docentes do 12 ano. Nesse nvel de ensino h ainda uma
percentagem significativa de docentes que se encontram entre os 6 e os 15 anos de
servio e entre os 26 e 35 anos de servio. No 9 ano, a maioria dos docentes tem entre
6 e 15 anos de servio, embora haja um nmero elevado de docentes que se encontram
com 36 anos ou mais de servio. No 9 ano no h nenhum docente no intervalo entre os
16 e os 25 anos de servio.
Os professores inquiridos abrangem a maioria dos grupos disciplinares existentes nas
duas escolas em anlise. Do mesmo modo, representam praticamente todas as unidades
curriculares que so leccionadas nesses dois estabelecimentos de ensino. Verifica-se que
uma percentagem significativa dos docentes responsvel por unidades curriculares de
lnguas (portugus, francs, ingls e espanhol), de matemtica, cincias/biologia,
educao fsica e psicologia/filosofia.
Verifica-se ainda que 56,8% do total dos professores exerce cargos nas escolas, sendo
que destes a maioria desempenha o cargo de director de turma. No 9 ano de
escolaridade, 40% dos docentes exerce cargos, sendo que 80% destes so directores de
turma e 20% desempenham cargos de gesto ou coordenao. No 12 ano 63,5% dos
professores desempenham cargos, 73,4% dos quais so directores de turma e 24,06%
tm cargos de gesto ou coordenao.
Dispositivos mveis
020406080
100120
Telem
vel
MP4
MP3
PC Po
rttil
PSP
PDA
iPOD
iPAD
Tipos de dispositivos
% d
e pr
ofes
sore
s
9 Ano12 Ano
Grfico 9 - Tipo de dispositivos que os professores possuem
A maioria dos professores inquiridos possui telemvel (96% no 9 ano e 90,5% no 12)
e uma percentagem significativa (84% no 9 ano e 88,9% no 12) tambm possui
-
26
computador porttil. Verifica-se que no existem diferenas marcantes no tipo de
dispositivos que os professores do 9 ano e do 12 possuem. O MP3 surge como o
terceiro dispositivo que os professores possuem (12% no 9 ano e 23,8% no 12). Os
restantes no apresentam grande expresso.
Caractersticas do telemvel
020406080
100120
capt
ar fo
tos
Gra
var v
deo
s
Ace
der
inte
rnet
Ouv
irm
sic
a/r
dio
Gra
var s
ons
envi
ar/re
cebe
rS
MS
's
envi
ar/re
cebe
rM
M's
Funes do telemvel
% d
e pr
ofes
sore
s
9 Ano12 Ano
Grfico 10 - Caractersticas dos telemveis dos professores
No que respeita s caractersticas dos telemveis verificamos que a maioria dos
docentes possui telemveis tecnicamente evoludos. Para alm do envio dos SMS's (nos
docentes do 9 ano todos os telemveis o fazem), registamos que apenas o acesso
internet, a possibilidade de ouvir rdio e msica e de enviar MM's, nos docentes do 9
surge abaixo dos 50%. No 12 todas as caractersticas surgem com valores elevados, de
onde se conclui que o tipo de telemvel utilizado pelo professor possui as principais
caractersticas dos modernos aparelhos.
A questo que importava apurar era se, apesar de possurem telemveis tecnicamente
evoludos, a utilizao que era feita recorria a todas as possibilidades que esses
aparelhos possuem.
Oitenta e oito por cento dos docentes do 9 ano e 87,3% do 12 utilizam o telemvel
diariamente para efectuarem chamadas telefnicas, um nmero que baixa para os 66,7%
(9 ano) e 54,1% (12 ano) no que respeita ao envio dirio de SMS's.
A captao de fotografias ou vdeos raramente ou nunca feita pelos docentes de ambos
os anos de escolaridade.
-
27
Nos outros itens como acesso internet, gravar entrevistas, guardar apontamentos, ouvir
msica ou escrever textos, a maioria dos docentes do 9 e 12 anos de escolaridade
afirma que nunca utilizam o telemvel para isso.
Envio de SMS's
,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%
9 Ano 12 Ano
Ano de docncia
% d
e pr
ofes
sore
s 0-2021-5051-99100-199200-299300 ou mais
Grfico 11 - Envio semanal de SMS's
Ao contrrio do que sucede com os alunos, que a maioria envia semanalmente 300 ou
mais mensagens, nos professores acontece precisamente o contrrio. 80% dos docentes
do 9 ano e 69,8% dos do 12 enviam entre 0 a 20 mensagens por semana. No 12 no
h nenhum professor que envie 300 ou mais mensagens, e no 9 ano apenas 4% o
admitem fazer. Esta tendncia regista-se tambm na utilizao semanal do Facebook,
onde 77,3% dos professores do 9 ano e 91,8% dos de 12 assegura que s frequenta
essa rede social entre 0 a 20 vezes por semana.
-
28
H quantos anos utiliza o telemvel
,0%5,0%
10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%50,0%
1 2
Ano de docncia
% d
e pr
ofes
sore
s,005,006,007,008,0010,0011,0012,0013,0014,0015,0017,0018,0020,00
Grfico 12 - Nmero de anos em que os professores tiveram o primeiro telemvel
Na caracterizao dos professores entendemos ser importante para o estudo saber h
quantos anos os docentes utilizam o telemvel. Os resultados revelam-nos que no 9 ano
43,5% dos professores tm telemvel h 10 anos. Registamos ainda que h uma
percentagem significativa (13%) de docentes que tem o telemvel h 14 anos. No 12,
por seu lado, 24,6% dos professores assegura ter telemvel h 15 anos, enquanto que
19,7% afirma t-lo h 10 anos e 14,8% h 12 anos. No 12 ano surge ainda a
curiosidade de 1,6% dos professores s este ano ter adquirido o seu primeiro telemvel.
Formas de comunicao/informao
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
9 Ano 12 Ano
Ano de docncia
% d
e pr
ofes
sore
s InternetMoodleSkypeRedes sociaisBlog'sMessenger
Grfico 13 - Outras formas de comunicao/informao
-
29
Depois de verificarmos que a maioria dos docentes utiliza o telemvel para telefonar e
para enviar (ainda que poucas vezes) SMS's, questionmos os professores sobre que
outras formas de comunicao/informao utilizavam. Verifica-se que a maioria dos
docentes do 9 ano (72%) e do 12 (79,4%) utiliza sites de internet. H tambm um
nmero significativo de docentes que utiliza a plataforma de ensino a distncia Moodle
(44% no 9 ano e 57,1% no 12). Este dado no deixa de ser curioso, j que por parte
dos alunos essa utilizao muito menor (16,1% no 12 ano e 11,9% no 9 ano).
H ainda por parte dos docentes alguma utilizao das redes sociais (36% no 9 ano de
escolaridade e 27% no 12), nos Blogs (20% no 9 ano e 23,8% no 12) e no messenger
(36% no 9 ano e 27% no 12).
Disponibilizao do n de telemvel aos alunos
,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
Sim No
% d
e pr
ofes
sore
s
9 Ano12 Ano
Grfico 14 - % de professores de facultam o n de telemvel aos alunos
Confrontados com a questo de saber se disponibilizam o seu nmero de telemvel aos
alunos, os professores do 9 e 12 anos tiveram um comportamento diferente nas
respostas. A maioria dos docentes do ensino bsico (68%) referiu que no
disponibilizam o seu nmero. Em contra-ponto, 52,4% dos professores do 12
asseguram disponibilizar o seu nmero de telemvel.
A mesma questo foi colocada, mas para a disponibilizao do nmero de telemvel aos
encarregados de educao dos seus alunos. Curiosamente registou-se uma diminuio
na percentagem de professores de 12 face disponibilizao desse nmero aos alunos
(de 52,4%, na disponibilizao aos alunos, passou para 45,2% aos encarregados de
educao). No caso do 9 ano, 48% dos docentes admitem ceder o seu nmero de
-
30
telemvel aos encarregados de educao, o que ainda assim no constitui a maioria dos
inquiridos.
4.2.1 - Concluso
Verificamos pois que a esmagadora maioria dos professores inquiridos (96% no 9 ano
e 90,5%) possui telemvel, o que ainda assim no deixa de ser curioso, pois regista-se
uma percentagem, embora muito pequena, de docentes que no possui este meio de
comunicao.
Entre os dois anos de escolaridade, verificamos que a idade dos professores mais
baixa no 9 ano (a maioria tem entre 26 e 35 anos) e mais elevada no 12 ano, onde a
maioria se situa nos intervalos [36-45 anos] e [46-54 anos]. Isto faz com que cerca de
40% dos docentes do 9 ano tenha um tempo de servio situado entre os 6 e os 15 anos.
Em contrapartida no 12 ano a maioria dos professores tem mais de 36 anos de servio,
embora haja uma percentagem significativa de docentes no intervalo [26-35 anos].
Apesar destas diferenas, e de entre os inquiridos existirem docentes de 19 grupos
disciplinares diferentes e de 21 disciplinas (a maioria de cincias/Biologia,
Matemtica e lnguas), verifica-se que nos docentes dos dois anos lectivos no h
diferenas significativas nos pontos analisados para a sua caracterizao. Assim, ambos
possuem dispositivos de comunicao semelhantes: a maioria tem telemvel e
computador porttil. Neste captulo h uma ligeira diferena na propriedade de MP3, j
que 12% dos docentes do 9 ano possuem esse dispositivo, enquanto no 12 ano essa
percentagem chega aos 23,8%.
Alm disso, a maioria dos docentes dos dois anos de escolaridade utilizam diariamente
o telemvel para telefonar e para enviar SMS's, embora a quantidade de mensagens
enviadas semanalmente se situe, na sua maioria, entre as 0 e 20 mensagens (ou seja o
oposto do que registmos nos alunos).
Outra semelhana diz respeito utilizao da internet como forma de comunicao ou
de aquisio de informao. A maioria dos docentes do 9 (72%) e do 12 (79,4%)
assegura consultar sites de internet. A utilizao da plataforma Moodle tambm
utilizada por ambos os professores, o mesmo sucede com as redes sociais e o
messenger.
-
31
Na cedncia do nmero de telemvel aos alunos que se verificam diferenas entre os
professores do 9 e 12 anos. No ensino bsico 68% dos professores diz no ceder o seu
nmero de telemvel, enquanto que 52,4% dos do 12 ano diz faz-lo. J a divulgao
desse nmero aos encarregados de educao mais elevada junto dos professores do 9
(52,4%) do que nos de 12 (45,2%).
Captulo III - Apresentao dos resultados
1 - Utilizao do telemvel em diferentes contextos - Alunos Com este estudo pretendemos dar resposta ao seguinte problema de investigao: Quais
as representaes de professores e de alunos do 3 ciclo do ensino bsico e secundrio
quanto ao uso do telemvel em contexto educativo? Por isso, numa segunda parte do
questionrio procurmos apurar que tipo de utilizao feita pelos alunos de 9 e 12
anos de escolaridade.
Uma das primeiras respostas que procurmos obter foi a de saber se durante as aulas o
telemvel se encontrava ligado, se algum dos sujeitos j o tinha utilizado dentro da sala
de aula e em que circunstncias.
1.1 - Contexto educativo/Institucional
Estado do telemvel dentro da sala de aula
0
20
40
60
80
100
9 ano 12 ano
Ano de escolaridade
% d
e al
unos Sempre ligado
Ligado, mas no silncioSempre desligado
Grfico 15 - Estado do telemvel dentro da sala de aula
-
32
Embora a maioria dos alunos (74,2% de 9 ano, e 72,3% do 12) refira que a escola s
permite utilizar o telemvel nos intervalos, verifica-se que uma grande percentagem dos
estudantes de ambos os anos de escolaridade tem sempre o telemvel ligado, mas no
silncio durante as aulas. 91,1 por cento dos alunos do 12 ano afirmam ter o telemvel
ligado, mas no silncio dentro das salas de aula. Uma percentagem que tambm se
mantm elevada nos alunos do 9 ano (84,8%).
As respostas dos alunos a esta questo revelam ainda que 10,3 por cento dos alunos de
9 ano e 8 por cento do 12 ano, tm o telemvel ligado dentro da sala de aula, sem estar
no silncio.
Isto significa que a quase totalidade dos alunos tem sempre o telemvel ligado na sala
de aula (95,1 dos alunos de 9 ano, e 99,4 dos de 12).
Os dados revelam-nos ainda que 78,8 por cento dos alunos do 9 ano e 73,2 por cento
dos estudantes de 12 ano utilizam o telemvel dentro da sala de aula, sendo que a
maioria dos alunos (66% no 9 ano, e 62,5% no 12) no efectua chamadas dentro da
sala de aula. Os valores invertem-se no que respeita recepo de chamadas. 61,4 por
cento dos alunos do 9 ano afirmam t-lo feito, sendo que 34% destes alunos o fez
raramente e 13,2 por cento algumas vezes. No 12 ano, 48,8 por cento dos alunos nunca
recebeu qualquer chamada, o que significa que houve uma percentagem significativa
que o fez, sendo que 22 por cento s raramente aceitou chamadas e 13,4 por cento
poucas vezes as recebeu.
Para o apuramento destes dados utilizmos uma escala de tipo Likert (Tuckman, 2000).
A escala de Likert apresenta cinco nveis, com igual amplitude. A anlise dos dados
provenientes deste tipo de escala baseia-se em resultados somados a partir de um
nmero de itens (Freixo M., 2010). Neste caso, a escala variou entre Muitas Vezes e
Nunca.
-
33
SMS's enviados e recebidos dentro da sala de aula
0
10
20
30
40
50
60
9 ano 12 ano 9 ano 12 ano
SMS's enviados SMS's recebidos
% d
e al
unos
Muitas vezesAlgumas vezesPoucas VezesRaramenteNunca
Grfico 16 - SMS's enviados e recebidos dentro da aula
E se o nmero de chamadas recebidas e efectuadas dentro da sala de aula no muito
elevado, o mesmo no se poder afirmar no envio e recepo de mensagens instantneas
(SMS's). Dentro da aula apenas 5,7 por cento dos alunos do 9 ano afirma nunca ter
enviado qualquer SMS's. Significa isto que 94,3 por cento dos alunos revela ter envia