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A VIDA APÓS A VIDA
testemunhos de uma passagem
Projeto Expositivo
Museu de Arqueologia e Etnologia da USP
Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo
Palácio dos Bandeirantes
São Paulo 2009
A VIDA APÓS A VIDA – TESTEMUNHOS DE UMA PASSAGEM
Projeto Expositivoi
Introdução
O Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do
Governo promoverão a exposição temporária A Vida após a Vida – Testemunhos de uma
Passagem, visando a tornar pública a decisão da Justiça Federal de dar a guarda de coleções
arqueológicas e etnográficas ao MAE/USP. Essas recém-incorporações ocorridas entre 2006 e
2009, provenientes de instituição privada, ampliaram o acervo do MAE/USP constituído, até
então, por cerca de 120 mil peças de culturas diversas oriundas da América – em especial do
Brasil – África e Médio Oriente.
As responsabilidades de um museu universitário são conhecidas – aquelas que integram o
processo curatorial – e, para o público a mais visível é a exposição. Nesse sentido, nada mais
pertinente do que uma exposição para comunicar à sociedade sobre essa decisão judicial que,
em síntese, promove o cidadão e a preservação do patrimônio cultural.
A exposição A Vida após a Vida – Testemunhos de uma Passagem é a demonstração de que
as instituições museológicas públicas são as mais habilitadas à comunicação pública do
patrimônio cultural, com vistas à educação e construção de memórias e identidades.
Apresentação do tema
No museu, o profissional deve estar apto à interpretação dos anseios do visitante. Nos museus
arqueológicos e etnográficos os anseios são por temas profundos, porque conhecer outras
culturas passa por conhecer a si mesmo
É comum que a criança ou o adolescente entrem no MAE – Museu de Arqueologia e
Etnologia da USP procurando por “caveiras” e “esqueletos”. No uso de palavras que remetam
mais a estórias em quadrinhos ou desenhos animados, eles demonstram que se identificam
com módulos expositivos, tópicos e temas ligados à morte: sepultamentos, oferendas, urnas e
artefatos funerários. Mesmo que às vezes expresse esse desejo por meio de uma forma
simples, como "caveiras" e "esqueletos", o nosso público jovem, sabemos, quer discutir temas
profundos que satisfaçam suas necessidades simbólicas e filosóficas.
Um museu é uma das poucas instituições que podem interpretar esses anseios do jovem e
oferecer a ele uma experiência de qualidade com um tema tão complexo como é a morte.
Cabe ao profissional de museu promover o sujeito que o jovem é. Há por trás dos esqueletos e
das caveiras outras preocupações, o que pretendemos evidenciar e explorar com a exposição
A Vida após a Vida – Testemunhos de uma Passagem.
Público Velórios y Santos Vivos - Comunidades
Negras Afrocolombianas, Raizales y Palenqueras, Museu Nacional da Colômbia _ Fotos Marília XCury
Justificativa
A morte é um tema universal com manifestações diversas. Por exemplo, algumas culturas
determinam datas para festejar a morte em torno da rememoração de familiares. Essas
festividades unem famílias em torno de um indivíduo querido, e grupos em torno do evento
dedicado aos ancestrais. Para muitas culturas, celebrar os mortos é situar os antepassados na
obra que se realiza no presente, ou entender o presente como uma obra iniciada pelos
antepassados. Nesse sentido, a morte e os antepassados participam da construção da memória
e da identidade, pois ao rememorar os ancestrais mortos estabelecemos relações íntimas e
poderosas entre mortos e vivos, e com aqueles que ainda não nasceram (SMITH, 1998, p. 76).
Há lugares especiais dedicados à morte. Dependendo dos motivos que levaram à morte e
como ocorre, ela se torna um fato histórico, as pessoas envolvidas tornam-se heróis
exemplares e os lugares onde morreram tornam-se célebres. Há monumentos e memoriais
dedicados à morte, espaços com função comemorativa, ritualística e social.
O sentimento da morte atinge todos e é um sentimento dos vivos em relação aos mortos. O ser
humano relaciona-se com a morte, a dos outros e a sua própria, mesmo que acredite na vida
após a morte e na reencarnação, porque para que isto ocorra é necessário passar pela etapa de
morrer para reviver. É um duplo: morte/renascimento.
A morte é um mistério para todos. É uma experiência que não pode ser transmitida e é
inevitável. É passagem para aqueles que se foram e para aqueles que permanecem vivos. A
morte é esperada porque faz parte da biologia humana. O homem sabe que vai morrer, mas
mesmo assim se surpreende com ela. É não-morte quando socialmente os mortos vivem na
memória das pessoas. A morte dá medo, medo de morrer e medo de perder um ente querido.
Morte é um sentimento com relação ao desconhecido e é um sentimento de perda que pode
atingir qualquer pessoa de qualquer idade. Um bebê que perde a mãe carrega consigo um
sentimento que ele codifica de alguma maneira, como sentimento de rejeição ou abandono, de
solidão, de ausência, um sentimento de que falta algo que o persegue por toda a vida. Uma
criança pode perder um parente muito próximo ou um animal de estimação. À vezes, esse
sentimento de perda é vivido de maneira violenta, limitando as pessoas a vivenciarem outras
experiências semelhantes. A perda se expressa no choro, em doenças, em depressão, revolta, e
de muitas outras formas até opostas, como a serenidade, a compaixão, o alívio, ou
simplesmente a tristeza.
O cemitério é um lugar especial não só porque aí estão enterrados os mortos, mas, sobretudo,
porque são pensados e construídos como lugares especiais. Sob o aspecto de produtos
culturais, os cemitérios e os sepultamentos falam muito sobre como eram as culturas que os
construíram, como se realizavam os enterramentos, como morreram as pessoas e o sentimento
que tinham em relação à morte. São os cemitérios que abrigam os sepultamentos, lugares de
distintos sentimentos e evocações. O cemitério é um resumo simbólico da sociedade
(GAURPE, 2002, p. 3) e um território comportamental no qual podemos entender costumes
pelas formas de cultuar os mortos (idem, p. 27). O cemitério é o lugar para os mortos que
reflete o mundo dos vivos. Ocorre em todas as culturas de maneiras diferentes e, por isso, é
um tema para discutirmos diversidade cultural e para exercitarmos a tolerância pelo respeito
ao direito de todos de cultuarem seus mortos.
Cemitério Judaico Zizkov, Praga
O sepultamento é constitutivo de um ritual, e por isso é uma síntese social para aqueles que
dele participam. No entanto, o sepultamento pode revelar o que há de desigual em um grupo,
como hierarquia, privilégios e posições clânicas e de linhagem, status social, político ou
religioso, no passado e no presente. Os sepultamentos como parte do ritual envolvem
oferendas e a disposição de objetos pessoais dos mortos consigo, e esse conjunto representa a
posição do morto em seu grupo. No passado pré-colonial os enterramentos podiam ser
primários ou secundários, e envolviam com freqüência festins com música, danças e
banquete. Os corpos eram dispostos seguindo padrões pré-definidos. O todo, o ritual e as
opções culturais de enterramento são manifestações de religiosidade ligadas a uma
cosmologia, e não é nada trivial entender esse todo, mas é certamente um excelente exercício
de tolerância analisá-lo se estivermos motivados a compreender o sentimento de morte do
Outro a fim de construirmos o nosso. A partir daí, é possível estabelecer vínculos entre
culturas, alimentando pontos de contato e reconhecimento, respeitando as diferenças.
Viver o sentimento de morte é viver um paradoxo. O ser humano em sua individualidade
odeia a morte, mesmo a natural. O indivíduo vive uma inadaptação à morte permanentemente.
Por outro lado, as sociedades buscam a sua adaptabilidade à morte. O paradoxo está no
desenvolvimento mútuo e recíproco entre indivíduos e sociedade, inadaptação e adaptação, o
que torna um funeral ou outro ritual de sepultamento um complexo dialético (MORIN, 1970,
p. 73).
A morte é a infinita capacidade do ser humano de se fazer perguntas, mesmo sabendo da
impossibilidade de formular e/ou obter respostas. Por isso, consiste em um tema profundo a
ser discutido com os nossos receptores de museus arqueológicos e etnográficos. Estar ávido
por esqueletos e caveiras é ser ávido por refletir e compartilhar sentimentos e valores
constitutivos da nossa sociedade.
Cemitério Jardim da Eternidade, Mangabeira, BA
Cemitério Virtual Alemão, com usuários virtuais
:.
Objetivos
A Vida após a Vida – Testemunhos de uma Passagem tem como objetivos:
- apresentar à sociedade as recém-incorporações ao acervo do MAE/USP de coleções
arqueológicas e etnográficas,
- valorizar o patrimônio cultural e o seu uso público,
- refletir temas do cotidiano a partir de abordagens arqueológicas e etnográficas,
- valorizar a diferença e a diversidade cultural
- exercitar a tolerância.
Local
A exposição está sendo concebida para o espaço do 1º. Piso do Palácio dos Bandeirantes, São
Paulo.
Período
Pela importância do propósito (divulgar as recém-incorporações ao acervo do MAE/USP) e
relevância do tema, esta exposição temporária ficará aberta ao público entre 22 de abril e 27
de julho de 2009.
Ação Educativa
As equipes do MAE/USP e do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo conceberão
conjuntamente um projeto educativo para atender ao público, em especial o escolar.
Associada à ação educativa serão disponibilizados folders, para o público em geral, e
publicação educativa, para o professor.
Público
O tema morte veio da inspiração da maneira como jovens interagem com sepultamentos
em exposições arqueológicas ou antropológicas, seja no MAE/USP e em outros museus.
A título de exemplo, o Museu Água Vermelha em Ouroeste, São Paulo, realizou
pesquisa de recepção, quando a relação estabelecida entre jovens e o tema ficou
evidenciada de maneira especialii.
Outro exemplo refere-se à exposição Velórios y Santos Vivos - Comunidades Negras
Afrocolombianas, Raizales y Palenqueras, em exibição no Museu Nacional de
Colômbia no segundo semestre de 2008. Esta belíssima exposição foi concebida de
forma cooperativa entre antropólogos e membros das comunidades apresentadas.
De outra perspectiva, o tema é de interesse de qualquer faixa etária. E a possibilidade de
viver uma experiência com esse tema compartilhada entre diversas faixas etárias
potencializa a proposta educativa museológica.
Montagem da exposição temporária Velórios y Santos Vivos - Comunidades Negras Afrocolombianas,
Raizales y Palenqueras, 2008, Museu Nacional de Colômbia
Módulo a Morte _ Foto Marília XCury
o Enterro
a Novena _ Foto Marília XCury
Espaço e circuito
O circuito da exposição abrange grande parte do 1º. Piso do Palácio dos Bandeirantes,
local onde ocorrem as exposições temporárias organizadas pelo Acervo Artístico-
Cultural dos Palácios.
A área disponível apresenta-se abaixo, considerando os espaços de número 1, 2, 3, 4, 5,
8, 9, e 10:
Para a organização do circuito expositivo, outra numeração foi definida e considerada.,
conforme plantas, a seguir.
Desenvolvimento conceitual
A exposição temporária A Vida após a Vida – Testemunhos de uma Passagem tem a
seguinte estrutura conceitual e circuito de visitação (vide plantas).
Espaço 0 zero – Apresentação da exposição
Título, texto, ficha técnica
Mapa do circuito expositivo
Espaço 1 – Introdução: Mosaico cultural
Palavras-chaves: diversidade e diferença
Recursos
- fotografias de funerais em diversas culturas
- objetos do acervo que remetem a questão da morte e rituais de sepultamento
Índia – cremação de corpo _ Foto Eric Martin
México – Dia dos Mortos _ Foto R. Grillard
México – Dia dos Mortos, altar montado em praça pública de Mérida _ Foto Marília XCury
México – Dia dos Mortos, altar montado no Museu-Casa _ Foto Marília XCury
México – crianças festejando o Dia dos Mortos _ Foto Marília XCury
Espaço 2 – Módulo I – Quarup: Uma homenagem
Palavras-chave: homenagem, honraria, ancestrais
Recursos
- acervo: 3 postes cerimoniais funerários, cintos, cocares de penas, colares de caramujos
- fotos do ritual
- projeção de vídeo do ritual
- mapa de localização do Xingu
- grupos que vivem no Xingu (Yawalapiti, Mehinaku, Waurá xx)
Quarup (kuarup), nome de madeira e do ritual que celebra os mortos ilustres. Celebrado pelos
povos indígenas do Xingu, o Quarup é uma honraria a uma pessoa falecida, que adquire um
status igual aos ancestrais das narrativas míticas, o status daqueles que conviveram com
Mawutzinim.
O ritual começa com danças para recepcionar os convidados de outras aldeias. Depois, alguns
índios buscam um tronco de Kuarup, a madeira, que personifica o homenageado. O tronco é
colocado em frente à casa dos homens sob uma cabana de palha. Em seguida, é decorado com
cantos de elogio ao ilustre homenageado, como se ele estivesse vivo. O tronco é como uma
pessoa humana. Primeiro ele é colocado em pé, descascado para receber a pintura própria de
chefes importantes (de sapo) e ornado com objetos masculinos (cintos de algodão colorido,
colar de caramujo e cocar de penas).
A ressurreição acontece à noite entre cantos – vozes masculinas dos cantadores que louvam a
recriação – e o choro ritual das carpideiras – repetido, tristíssimo e baixo, lembrando a
impossibilidade da recriação – que só terminam ao raiar do dia. Durante o dia há competições
entre os campeões das diversas tribos (huka-huka) e lutas grupais.
O chefe anfitrião oferece peixe e beiju aos convidados de outras aldeias. Em seguida,
acontece o ritual de troca, quando cada grupo oferece os seus melhores produtos.
O ritual termina com o lançamento do tronco na água, lembrando que a recriação só é possível
pela ação dos próprios homens. Ou seja, aquilo que Mawutzinin almejava, de acordo com o
mito da recriação dos mortos, foi contestada pelo método biológico de criação da vida. Os
homens se opõem ao Demiurgo, Deus no sentido ocidental, para reafirmar a sua obra divina
de criação dos seres humanos e da sociedade. A humanidade nega Deus para reafirmá-lo.
Os homens negaram a ressuscitação para permitir que o Demiurgo desse a eles o poder
de decidir sobre a vida.
Postes cerimoniais funerários (números de inventário 1387, 1388 e 1389 – Memorial da América Latina)
O mito original
Mawutzinin, Demiurgo, ser eterno, antropomorfo, responsável pela criação dos primeiros
seres humanos a partir de troncos de árvore. É também o criador da sociedade. De troncos
criou suas filhas, dando-as em casamento às onças. Deus, na concepção ocidental.
Mawutzinin queria ressuscitar os mortos. Para tanto, pegou três troncos de Kuarup para
personificarem os mortos e trazê-los à vida. Fincados no centro da aldeia, os troncos foram
pintados e adornados com penachos, colares, fios de algodão e braçadeiras de penas de arara.
Aí ele, duas cotias e dois sapos cururu cantaram. Os maracá-êp (cantadores) tocavam
chocalhos e cantavam sem parar em frente aos troncos chamando-os à vida. Não era permitido
o choro aos mortos, pois estes viveriam novamente.
Peixes e beiju foram distribuídos aos membros da aldeia que, curiosos e incrédulos, queriam
ver a transformação dos troncos em gente.
Na manhã do segundo dia, Mawutzinin não permitiu que todos vissem a transformação. A
transformação demorou, virando a noite. As pessoas não podiam ver a mudança que ocorria
lentamente, os troncos começaram a se mexer e tomar forma de corpo humano. As cotias e
sapos seguiam cantando para que a transformação se concluísse e as pessoas fossem se banhar
após a ressuscitação. Quando a transformação estava quase completa (somente a parte
debaixo era pau, era mais gente do que pau), faltando apenas que as figuras se soltassem do
chão, Mawutzinin permitiu que o povo se aproximasse – rir alto, fazer barulho, gritar,
promover alegria –, exceto aqueles homens que mantiveram relações sexuais na noite
anterior. A ordem foi desrespeitada por um homem. Quebrado o encanto, os troncos pararam
de se mexer e voltaram às suas formas originais de madeira.
Desde então, Mawutzinin resolveu que os mortos não mais reviveriam e o ritual passaria a ser
uma festa. Os troncos pintados e ornados foram lançados na água ou na mata, conforme as
ordens de Mawutzinin.
Kuarup, a madeira, pintada e adornada de acordo com a insígnia masculina e o status do ilustre homenageado.
A pintura (de sapo) segue o status dos grandes chefes.
Os convidados de outras aldeias chegam dançando, sendo que as mulheres dançam enfileiradas em
paralelo aos homens
Foto Sol Manzutti
Huka-huka, luta entre os campeões de todas as aldeias. Os grandes campeões têm a deferência de desafiar
o grande chefe personificado no Kuaup, tirando o seu cinto de algodão _ Foto Sol Manzutti
Os maracás que acompanham as cantorias _ Foto Manchete
Espaço intermediário – Área educativa: espaço para conversa – técnica de plumária
Elaboração de artefato plumário. Gavião de Rondônia.
Elaboração de artefato plumário. Rikbaktsa.
Espaços 2.1 e 3.1 – Área intermediária entre culturas
Recursos
- frases de estímulo à reflexão
- grafismos Alto Xingu e Bororo
Espaço 3 – Módulo II – Bororo: A restauração do equilíbrio
Palavras-chave: reconstrução, (des)equilíbrio, coletivo, sociedade, esplendor,
(des)figuração, orgulho, tradição
Recursos
- acervo: conjunto ornamental bororo (representante do morto), diademas transversais,
grampos da cabeleira, cabaças
- foto aérea ampliada de aldeia bororo
- apresentação das etapas do ritual de sepultamento: fotos legendadas
- maquete de aldeia bororo
- apresentação de vídeo de H. Schultz
A dualidade marca fortemente a cultura Bororo, seja na organização social, constituída por
duas partes que se complementam (dos clãs ecerae e tugarege), seja nos eventos vida e morte,
cujo impacto pelo fim do ciclo vital transforma-se em coesão social e transcendência para um
outro lugar – onde há uma aldeia dos mortos, à semelhança daquela dos vivos – e de onde se
sai para caçar para os seus pais rituais – o que significa que o morto continua presente na
aldeia dos vivos.
Não há vida sem morte na sociedade Bororo e a morte é o principal evento no ciclo da vida, o
mais celebrado.
O funeral bororo é um processo que dura três meses, dividido em momentos.
Primeiramente, o aviso da morte é dado pelos gritos das parentas que demonstram profunda
tristeza. O moribundo recebe as marcas do pertencimento clânico (corte de cabelo, pinturas no
corpo e rosto, uso de adornos plumários). Ao sinal de perda do sopro vital ele se transforma
em aroe (alma). Seu rosto é coberto por uma bandeja de palha para que as mulheres e crianças
não o vejam. O corpo é enrolado em uma esteira e amarrado pelo seu substituto recém-
escolhido, e enterrado em cova rasa (a 40 centímetros de profundidade, no máximo) no páteo
central da aldeia. O corpo é posicionado no eixo leste-oeste, com a cabeça mais próxima à
parede ocidental da casa central e olhando para o poente. É regado diariamente por homens
(da metade oposta à do finado) para acelerar o processo de decomposição, pois a carne é a
aparência. Os objetos do morto são queimados ou destruídos ritualmente (quebrados,
enterrados ou jogados no rio), pois não têm mais utilidade e não podem ser dados como
herança. São guardados alguns, para serem cobertos de plumas e ostentados pelo
representante do morto no funeral. Tudo o que for perecível, incluindo a sua carne, deve
desaparecer. O bope – espírito a quem cabe as grandes transformações naturais – come a
carne do morto. Até o nome do finado é suprimido da vida dos demais, deve desaparecer
assim como outros traços da sua vida.
São muitos os cantos até o sepultamento definitivo: na casa do morto, na casa dos homens e
no páteo central. Tocam-se maracás e flautas e alimentos são oferecidos às almas. Uma
cabacinha (powari aroe) é um instrumento musical, cujo som representa a voz do finado. É
fabricado pelo pai ritual e é tocado pelo representante do morto em momentos rituais. São
muitos os rituais, envolvendo a aldeia toda e convidados entre a morte e o funeral. Os
principais seriam aqueles relacionados à caça e pesca, sempre coletivos e masculinos São as
caçadas e pescarias “das almas”, ações periódicas, quando o representante do morto participa
tocando a cabacinha e coletando alimentos para prover os seus pais rituais. A pesca com
timbó é um dos principais rituais, sendo que o sentimento de coletividade prevalece antes,
com cantos, e durante a pesca. Durante esses rituais os Bororo deixam de ser gente, passam a
ser aroe. Essas atividades cotidianas passam, no processo do funeral, a ser ritualísticas. O
caráter coletivo reforça o sentido da sociedade posta em desequilíbrio pela morte de um de
seus integrantes. As marcas e insígnias clânicas são reforçadas, também em rituais.
O aroe maiwu, “alma nova”, é o representante do morto, ou seja, da sua categoria social. O
preterido deve pertencer à metade oposta a do morto, sendo escolhido pelo conselho dos
homens, após ouvir os mais velhos do clã do falecido. O aroe maiwu tem um casal de pais
rituais.
A alma nova é uma construção simbólica, segredo absoluto para as mulheres e crianças. Ele é
literalmente construído na casa dos homens. Sua identidade é suprimida a partir do
ocultamento do seu corpo com penas e artefatos que ostenta, como o pariko e a viseira de
penas de japu. Essa é mais uma forma de apagar os traços de vida do finado, o que já ocorreu
com seus objetos pessoais e seu nome.
A alma nova tem diversas tarefas – muitas e árduas –, sendo uma das principais a caça de um
felino – onça-pintada, parda ou jaguatirica – que é ofertado à família do finado, como forma
de vingar a perda. Ele caça o animal e oferece aos parentes a pele, as garras e os dentes. Outra
obrigação é lavar os ossos do morto enfeitá-los com urucum e plumas e colocá-los no cesto
funerário para o sepultamento definitivo. No ritual de sepultamento a alma nova passa a ser o
representante ou substituto do morto, segurando um objeto seu não destruído (arco se for
homem, bandeja ou abano se for mulher, brinquedo para criança). É o finado personificado no
objeto e refigurado, podendo, então, morrer. Desfiguração (da carne, dos objetos e pertences)
e figuração (do finado que morre e muda-se para a aldeia dos mortos). A aldeia dos mortos é
estruturalmente idêntica à aldeia dos vivos. É para onde vão morar as almas após a escolha da
sua cabana.
Os ossos do morto são desenterrados e lavados em rio fora da aldeia pelo aroe maiwu. Após a
cuidadosa lavagem, eles são entregues a mãe ritual em um cesto. O cesto é levado à casa dos
homens.
O cesto funerário e as bandejas são preparados pelas irmãs do representante do morto e
entregues a sua mãe ritual, ficando descansando por alguns dias antes do funeral. O crânio e
os ossos maiores do finado são pintados, de acordo com as insígnias do seu clã, em
tabernáculo dentro da casa dos homens. É dada uma atenção maior ao crânio que, além de
pintado é ornado com plumas. O crânio é colocado sobre uma bandeja junto aos pregos que
decorarão o cesto. As mulheres cortam-se e batem palmas para o crânio. Os objetos de corte
são colocados no cesto. No interior do cesto vão os restos das plumas usadas pelo aroe maiwu
e as cinzas dos objetos queimados do finado, além dos ossos. As bandejas separam os ossos
dos demais componentes do cesto funerário. O cesto funerário (Aroe J’aro) está pintado e
recoberto por sangue coagulado e lágrimas dos enlutadas. É fechado pelo substituto do morto
que costura o cesto com uma agulha de madeira, com a ajuda de seus irmãos. O xamã evoca
as almas de outros mortos para ajudarem o finado a passar para a aldeia dos mortos. A mãe
ritual carrega o cesto passando pela casa dos homens, o grande páteo central e todo o círculo
de casas da aldeia. Ela, então, leva o cesto para sua casa, onde descansa por alguns dias, antes
de ser levado a uma baía e enterrado pelo representante do morto. É interessante notar que a
mãe ritual faz com o cesto o caminho contrário àquele que a mãe faz com a criança logo após
receber o seu nome. A morte é o caminho contrário ao nascimento. Ainda, a nominação é
tornar uma alma em boe (ente Bororo) e a morte é tornar o boe em aroe (alma). Outro fato a
ser mencionado é que durante o processo de funeral há a iniciação de jovens, o reforça a idéia
de que a sociedade se faz e refaz permanentemente.
A casa do indivíduo morto é queimada e outra é construída em seu lugar.
O luto só se encerra quando o representante do morto entrega aos parentes do falecido a pele,
as garras e os dentes de um felino caçado por ele. Ao ser morto, o sopro vital do felino se
aloja na cabacinha mortuária (objeto feito pelo pai do morto) e é tocada pelo caçador. Essa
cabacinha será tocada em outros funerais, trazendo para esses eventos a presença de quem já
se foi para o mundo dos mortos. A morte do indivíduo não significa perda de identidade social
que é recuperada.
A morte entre os bororo é uma ruptura e o funeral restaura o equilíbrio. A morte é uma perda
e a sociedade busca se reorganizar A partir da perda do sopro vital, toda a aldeia se prepara
para o sepultamento. São meses de rituais, quando são lembrados os valores mais profundos
da tradição ancestral e quando a sociedade se reafirma coletivamente. Os Bororo precisam da
morte para a unificação de gerações, e entre os vivos e os mortos.
O rito funerário reúne a sociedade dos vivo à dos mortos. É o encontro de todos os vivos e
todos os mortos. É quando todos os mortos são lembrados por seus parentes e pelas
cabacinhas tocadas pelos seus representantes. Todos os mortos são pensados, todos os vivos
têm a quem lembrar.
Aldeia bororo Córrego Grande _ Foto Sylvia Caiuby Novaes
Diadema vertical rotiforme (inventário Memorial da América Latina)
Diadema vertical rotiforme. Artefato esplendoroso como o astro sol, abriga a alma do morto _ Foto
Wagner Souza e Silva
À esquerda, grampos da cabeleira. À direita, peitoral _ Fotos Wagner Souza e Silva
Seqüência do funeral bororoiii
Espaço 4 – Módulo III – Luto
Palavras-chave:
Recursos
- acervo: Máscaras do Alto rio Negro
- fotos
Espaço 5 – África
Palavras-chave:
Recursos
- acervo:
- fotos
- pintura artística
Espaço 6 – Apresentação da exposição
Título, texto, ficha técnica
Mapa do circuito expositivo
- acervo: grande urna
Espaço xx – Área educativa: espaço para conversa – técnica da cerâmica e decoração de
urnas + fotos de sítios arqueológicos
Espaço 10 – Módulo IV – Sambaqui
Palavras-chave: comunal, monumentalidade, eventos, simbolismo
Recursos
- acervo: zoólitos, machados, adornos
- foto ampliada de um sambaqui
- cenografia
Sambaqui, palavra Tupi que significa amontoado de conchas, o que é certo, mas nem tanto.
São, de fato, sucessivas camadas de conchas, restos de peixes, areia ou terra. As conchas
funcionam como “tijolos” e os resíduos de peixes são as evidências da base alimentar de um
povo adaptado a condições ambientais litorâneas, com disponibilidade de alimentos do mar,
dos mangues, lagoas e matas circunvizinhas.
A idéia de tijolos para as conchas é oportuna, pois os sambaquis eram construções realizadas
pelo trabalho comunal, em camadas elevadas durante o tempo (às vezes há diferenças de
datações entre a base e o topo de 1000 anos), e as conchas têm papel importante na
sustentação dos montes.
As camadas podem ser entendidas como eventos, pois cada uma delas teve uma motivação
para ser erguida. Um sepultamento é uma motivação e, muitas vezes, os sambaquis têm
função funerária, ou seja, são cemitérios. Por exemplo, em Santa Catarina foi encontrado um
sambaqui com dezenas de milhares de pessoas enterradas ao longo de 500 anos. É um
cemitério em camadas, ou seja, cada sepultura é coberta por espessa camada de conchas, onde
outros sepultamentos acontecem.
Estes cemitérios sambaquieiros são peculiares, assim como os sepultamentos realizados neles.
A partir de pesquisas arqueológicas nesse tipo de sambaqui foram encontrados sepultamentos
em covas e sobre estas se encontram fogueiras e montículos de restos alimentares e outras
coisas, são cercadas por jiraus de madeira como, talvez, marcações de túmulos, o que denota
uma delimitação do espaço onde o corpo foi enterrado e a realização de um festim. É comum
encontrarem-se objetos junto com os esqueletos – relativos à propriedade, como machado,
adornos, ou à status diferenciado, como zoólito –, sinais de ocre – utilizado para pintura do
finado. Os sepultamentos encontrados nos sambaquis têm padrões diversos. Ora são simples
estruturas de enterramento associadas à rituais, ora estão associados a “oferendas” ou têm
uma camada de argila pintada, a semelhança de um sarcófago. Todos estes aspectos
mencionados sinalizam para o caráter simbólico inerente ao ato ritualístico ou não de sepultar
os mortos. Outra peculiaridade é a posição dos corpos, fletida, e a presença de sepultamentos
duplos ou vários próximos, como uma aproximação familiar.
Esses dados que a arqueologia evidencia são reveladores da complexidade social dos grupos
sambaquieiros, o adensamento populacional que atingiram e sua permanência por séculos, no
litoral brasileiro.
Zoólito _ Fotos Wagner Souza e Silva
Sambaqui em Santa Catarina _ Foto: Paulo De Blasis
À esquerda, vista aérea do sambaqui Cubatão I, SC.
À direita, sepultamento em sambaqui, SC. O corpo está em posição fletida _ Foto Paulo De Blasis
Espaço climatizado – Módulo V – Amazônia e Tupi
Palavras-chave: unidade cultural, complexidade social, identidade, representação
Recursos
- fotografias de escavações/sítios arqueológicos com sepultamentos
- mapas de localização
- apresentação das tradições
Este módulo apresentará sociedades agrícolas e ceramistas. A cerâmica é a característica
arqueológica mais marcante, seja pelo amplo uso cotidiano ou pelo cerimonial por essas
sociedades com essa base econômica.
Considerando os sepultamentos, os mortos eram, mais comumente, colocados em urnas
cerâmicas e eram enterrados primária ou secundariamente, ou seja, há um primeiro enterro
para a remoção das partes moles e, posteriormente, o enterro definitivo, agora com os ossos.
A cerâmica é um dos traços de uma cultura, pois seus artefatos possuem usos, formas e
decorações diferenciadas. Quando a cerâmica é antropomorfa, podemos dizer que há uma
auto-reapresentação, “... maneira particular pela qual um grupo social concebe e expressa
através de técnicas corporais, sonoras, construtivas ou plásticas a imagem física e espiritual
que possui de si – em função de suas diferenças com relação a outros grupos humanos e seres
da natureza. Estudando esta auto-imagem podemos identificar algo que é característico e
particular em cada cultura – o estilo estético” (SCHAAN, 1999, p. 2).
Antropomorfa, como é o caso das urnas cerâmicas da Amazônia, ou não, como são as urnas
funerárias Tupi e Guarani, estes objetos são traços identitários fortíssimos de culturas, assim
como são as formas de enterrar seus mortos e os rituais envolvidos.
Espaço 7 – Tupi e Guarani
Palavras-chave: unidade cultural, complexidade social
Recursos
- acervo: urnas
- fotografias de escavações/sítios arqueológicos com sepultamentos
- mapas de localização
- apresentação das tradições
Nas sociedades Tupi e Guarani os enterramentos podiam ser primários em terra, primário em
urna e secundário.
Os sepultamentos em terra são raramente encontrados (somente no sul do Brasil), pois não se
preservaram. Consiste no enterro do corpo direto em cova.
O sepultamento primário em urna, encontrados no interior e sul do Brasil, é aquele em que o
corpo é colocado, em posição fletida, diretamente em uma grande urna. Essas urnas são
cerâmicas e comumente recebem rica decoração. Há uma tampa em forma de tigela,
separando o corpo da terra. É comum a presença de objetos, dentro ou fora da urna, como
tembetás, cerâmicas menores, lâmina de machado, o que denominamos como mobiliário
funerário. Essas urnas eram enterradas fora da casa e, raramente dentro dela. É comum
encontrar concentrações de sepultamentos primários em urnas na praça central da aldeia ou a
alguns metros dela em área específica.
O enterramento secundário em urna, encontrados no litoral nordeste e sudeste do Brasil,
consiste em dois sepultamentos, sendo que o segundo é realizado com os ossos colocados em
urnas cerâmicas rasas, em forma retangular e ricamente decorada.
Espaço 8 – Amazônia
Palavras-chave: identidade, representação
Recursos
- acervo: urnas
- fotografias de escavações/sítios arqueológicos com sepultamentos
- mapas de localização
- apresentação das tradições
O início da ocupação humana da Amazônia deu-se a mais de 11000 anos atrás. Eram grupos
de caçadores, pescadores e coletores, como demonstrou a arqueologia após escavação na
Caverna da Pedra Pintada, município de Monte Alegre, PA, sítio datado em 9200 aC.
A partir de 7000 aC encontramos uma ocupação maior e diversificada: serra dos Carajás, PA,
bacia do rio Jamari, RO, região do rio Caquetá (Japurá), Colômbia, baixo rio Negro,
proximidades de Manaus, AM, alto Orinoco, Venezuela. Estes grupos, embora pudessem ser
classificados como caçadores e coletores, praticavam também o manejo de plantas, testando
processos de cultivo de plantas.
Entre 6000 e 1000 anos aC a Amazônia estava ocupada por populações de economia baseada
na caça, pesca, coleta e em agricultura de baixa intensidade. Há indícios de aldeias de grande
população – centenas de habitantes por século –, sedentárias, o que permite a formulação da
hipótese de economia agrícola. O fato é, associamos sociedades agrícolas à produção de
cerâmica, visto que há a necessidade de tecnologia que sustente o armazenamento e a cocção
de alimentos para sociedades sedentárias de alto adensamento populacional. Apesar dessa
correlação que fazemos comumente, na Amazônia as datações para as cerâmicas mais antigas
são anteriores àquelas dos grupos agricultores, o que confirmaria a hipótese arqueológica de
que foi mantido o mesmo padrão de economia diversificada, baseada na exploração dos ricos
recursos disponíveis e obtidos com a caça, pesca e coleta além do manejo de alimentos em
busca de espécies mais adequadas às necessidades que se colocavam.
É da Amazônia brasileira as cerâmicas mais antigas das Américas e todas elas são
encontradas no estado do Pará, em sítios com datações de 6000-5000 aC1 (Pedra Pintada,
Monte Alegre), 5000 aC a mais antiga da Américas – (baixo Amazonas, próximo à Santarém,
sambaqui Taperinha, próximo à ilha do Ituqui) e 3500 aC (região de Salgado, PA, fase
“Mina”, no litoral atlântico).
A partir do século IV dC inicia-se o florescimento de culturas regionais que resultaram em
uma riquíssima diversidade na Amazônia, o que podemos constatar hoje por meio de uma
cerâmica elaborada e sofisticada que indica o alto grau de sofisticação organizacional de
sociedades complexas.
Pelos relatos de viajantes dos séculos XVI e XVII confirmados pelas pesquisas arqueológicas,
sabemos que essas sociedades organizavam-se como cacicados: grandes aldeias com alguns
milhares de habitantes comandadas por chefes, caciques que comandavam, também, outras
aldeias, formando um sistema.
Essas sociedades, que se relacionavam entre si, perduraram por séculos, sendo que algumas
delas tiveram o seu declínio após o início da colonização.
A produção cerâmica da Amazônia é diversificada e sofisticada. Cada cultura desenvolveu um
estilo próprio, uma estética sua, como um gesto revelador de identidade. As urnas funerárias
são indicadores dessa rica diversidade cultural e da complexidade social desses grupos. Os
enterramentos eram realizados em urnas antropomorfas, à semelhança do morto ou de figuras
míticas. Cada sociedade com sua forma de representação humana. Às vezes as urnas
demarcavam o espaço funerário.
1 Esta datação é questionada e precisa ser averiguada com estudos complementares.
Apresentaremos na exposição representantes de duas tradições cerâmicas da Amazônia: Incisa
e Ponteada (com a Fase Tapajônica) e Policroma (com as Fases Marajoara e Guarita), ambas
tradições contemporâneas entre si, mas situadas em áreas diferentes.
Espaço 8.1 – Amazônia - Fase Tapajônica – 900-1600 dC
Essa fase recebe também a denominação Santarém porque se situava onde hoje se encontra a
cidade de mesmo nome. A abrangência territorial dessa cultura, entretanto, abarca a região do
baixo rio Tapajós com seus lagos, rios e igarapés.
Há muitos dados sobre a sociedade Tapajônica graças a dados históricos dos séculos XVI e
XVII. Essa civilização produziu uma sofisticada cerâmica e contava com organização social
hierarquizada. Havia grandes aldeias sedentárias, com populações numerosas, comandadas
por caciques.
A cerâmica Tapajônica ou de Santarém faz parte da Tradição Incisa e Ponteada. Trata-se de
cerâmica bastante sofisticada, com formas complexas, elaboradas por técnicas de produção. A
pintura e o modelado se destacam. Há grande diversidade de representação de animais
(motivos zoomorfos) e forte presença de representação humana (antropomorfo).
Os motivos zoomorfos prevalecem nos vasos cariátides e de gargalo, representados por
modelados. As cariátides possuem representações humanas também.
Podemos comentar a forma naturalista como representavam a figura humana por meio da
cerâmica. São famosas as estatuetas Santarém, peças de tamanhos variados, que apresentam
figuras de ambos os sexos e diferentes idades, com corpos pintados (pintura corporal) e
ornados (braçadeiras, diademas, muiraquitãs, brincos, alargadores de orelha), figuras
penteadas. São comuns as estatuetas de mulheres grávidas ou nuas e adornadas, com base
semilunar.
As urnas funerárias apresentam essa característica naturalista.
Urna antropomorfa Tapajônica _ Foto: Wagner Souza e Silva
Espaço 8.2 – Amazônia - Fase Marajoara – 300-1400 dC
Os primórdios da cerâmica policroma da ilha do Marajó remetem a 1000 aC e 800 dC. A
denominada Fase Marajoara da cerâmica policroma de Marajó é uma entre outras que
compõem a Tradição Policroma da Amazônia, sendo que a Fase Marajoara é a mais antiga
representante da policromia amazônica.
As sociedades da Fase Marajoara contavam com organização social hierarquizada em torno
de cacicado. Entre os séculos IV a XIV dC (datações que precisam ser confirmadas) essa
civilização construiu grandes aterros artificiais chamados de tesos, com dezenas de metros de
altura e centenas de comprimento. Localizam-se na parte leste de Marajó, onde há áreas
alagadiças em campos. Esses aterros serviam como habitação, mas como cemitérios também.
Os sepultamentos ocorriam em urnas que, além dos ossos continham objetos de uso pessoal,
como pequenos potes, colares, tangas e instrumentos. Os tamanhos das urnas variavam de
acordo com o prestígio do morto, pois, como vimos, tratava-se de uma sociedade
hierarquizada.
Quanto à pintura, ocorria sempre em preto, vermelho e laranja sobre fundo branco que
funcionava como engobo. É comum o modelado e técnicas de excisão e incisão.
As urnas são representações antropomorfas que lembram figuras femininas. Sua iconografia
apresenta animais (serpentes, urubu-rei, escorpiões e outros) e traços humanos, realistas ou
abstratos. As urnas encontradas enterradas nos tesos são femininas, mas lembram corujas, o
que é interpretado como representação da morte, por ser usual em algumas culturas
amazônicas esse significado. Em muitos casos os olhos são redondos, apresentam-se em alto
relevo e estão semi-abertos.
Quanto à iconografia das urnas, elas são humanas e de animais, sendo que a representação do
animal funde-se ao corpo, como na pintura corporal, ou o homem e o animal estão
representados no mesmo corpo cerâmico como um hibridismo, ou, ainda, o animal está no
mesmo corpo da representação humana de forma complementares.
Inserir desenhos Schaan
Urnas funerárias Marajoara _ Fotos: Wagner Souza e Silva
Urnas funerárias Marajoara _ Fotos: Marília Xavier Cury
Espaço 8.3 – Amazônia - Fase Guarita – ca. 900-1600 dC
A cerâmica Guarita é encontrada em vasta área desde a foz do Amazonas até os formadores
do alto Amazonas e seus afluentes (Peru, Equador e Colômbia).
A cerâmica Guarita faz parte da Tradição Policroma da Amazônia. Entre suas características
destacamos o uso do acanalado e vasilhas com flanges mesiais.
A urna antropomorfa caracteriza-se pela policromia peculiar e pela forma: a urna tem forma
cilíndrica (sendo o corpo humano) e apliques em forma de cobra. A tampa tem a forma de
cabeça (naturalista assim como os membros e a genitália) e a função de fechar os restos
mortais em seu interior.
Urna funerária Guarita _ Foto: Wagner Souza e Silva
Espaço 9 – Módulo VI – A Casa da Eternidade
Palavras-chave: ciclo
Recursos
- cenografia
- acervo: 2 sarcófagos, 3 relevos, vaso canopo, escaravelhos, ushabtis
- descrição do processo de mumificação
Para os egípcios a morte era o início de uma nova existência, semelhante à anterior, mas livre
de problemas, em uma terra governada pelo deus Osíris chamada”Campo de Oferendas” ou
“Terra dos Bem-aventurados”.
A mumificação é a preservação do corpo para sua perpetuação após a morte. Nos túmulos,
associados às múmias, eram depositados alimentos, bebidas e os objetos mais preciosos, que
acompanhariam o falecido ao Outro Mundo. As pinturas nas paredes das tumbas eram cenas
boas que acompanhariam o morto na outra vida.
A mumificação era feita por sacerdotes na “Tenda da purificação” ou “Bela Casa”. O método
empregado dependia das posses da família.
Em síntese, o processo de mumificação se dava pela retirada do cérebro pelo nariz e das
vísceras pelo abdômen. As vísceras, após tratadas, eram guardadas em vasos canopos.
Todo o corpo era limpo e perfumado com óleos. Após a secagem (cerca de 40 dias) o corpo
era preenchido com tecido ou palha. Os olhos eram preenchidos para melhor aparência. O
corpo, então, é todo enfaixado. Entre as faixas de tecidos eram colocados amuletos e orações,
para facilitar a travessia para o Outro Mundo.
Durante o processo um sacerdote mascarado como chacal – representando o deus Anúbis,
condutor das almas dos mortos – ora. Sobre o corpo enfaixado é colocado uma máscara do
rosto do morto e, então, a múmia era colocada em um caixão, com a forma do morto,
decorado com textos e imagens dos deuses.No interior do caixão era colocado o “Livro dos
Morto”, papiro com orações e fórmulas mágicas. A partir daí seguiam as homenagens dos
familiares. O caixão era colocado em um sarcófago de pedra no interior de uma tumba,
lacrada em seguida ao funeral.
Para o morto, sua trajetória para o Outro Mundo se iniciava. Antes era julgado por 42 deuses
para saber se cometeu algum crime. O seu coração era pesado pelo deus Anúbis. Quanto mais
pesado fosse, mais pecados teria o morto cometido em vida, o que levava ao impedimento de
seguir para a nova vida no paraíso. A alma só era liberada para o reino de Osíris se fosse leve.
A “Casa da Eternidade” ou tumbas eram os espaços para proteção da múmia, guarda dos
objetos que o acompanhariam ao Outro Mundo e de culto. As tumbas eram construídas na
“Terra Sagrada”, à margem esquerda do Nilo (preferencialmente), a oeste, onde o sol se põe,
isto porque o deus sol viajava pelos céus e as almas seguiam com ele em um barco até o
poente.
Os túmulos mais freqüentes para faraós e nobres eram as mastabas (Antigo Império). Estas
inspiraram a construção das pirâmides. Como as pirâmides passaram a ser muito visadas, os
faraós passaram a ser sepultados no interior de montanhas em Tebas (hoje Luxor), o “Vale
dos Reis”. A montanha era escavada formando corredores e salas. Essas salas eram decoradas,
ao contrário das salas das pirâmides. As câmaras eram todas decoradas com cenas do faraó
chegando ao Mundo dos Mortos e escritas com textos religiosos.
Tampa de Sarcófago egípcio recém-incorporado ao acervo do MAE/USP
Lateral externa de Sarcófago egípcio
Baixo relevo, peça recém-incorporada ao acervo do MAE/USP
Baixos relevos, peças recém-incorporadas ao acervo do MAE/USP
Espaço 10 – Módulo Fotográfico
Palavras-chave: cemitérios arqueológico, diversidade e diferença
Recursos
Relação do Acervo
A equipe responsável pelo projeto expositivo A Vida após a Vida – Testemunhos de uma
Passagem adotou como procedimento inicial a consulta ao acervo, visando ao levantamento
dos objetos relativos a funerais e sepultamentos. Simultaneamente, iniciamos um
levantamento bibliográfico, buscando subsídio quanto à informação científica referente à
arqueologia e etnologia e à conceituação museológica e educacional relativo à temática morte.
A listagem a seguir é preliminar. Foi elaborada após árduo trabalho de consulta à
documentação disponível, a saber:
- fichas catalográficas das coleções etnográficas oriundas do Museu Paulista
- fichas catalográficas das coleções etnográficas oriundas da FLCH/USP, Acervo Plínio
Ayrosa
- catálogo da exposição Brasil 50 Mil Anos – Uma Viagem ao Passado Pré-Colonial
- catálogo da exposição A Escrita da Memória
- inventário das coleções arqueológicas do extinto ICBS, MAE/USP
- inventário as coleções etnográficas do extinto ICBS, Memorial da América Latina
Esse levantamento nos permitiu a organização de conjuntos por grupos culturais, etnias e
áreas de conhecimento, subsidiando as decisões quanto à conceituação da exposição A Vida
após a Vida – Testemunhos de uma Passagem, conforme apresentado no Desenvolvimento
Conceitual.
A lista que se apresenta será adequada ao formato definitivo da exposição, por isso seu caráter
processual.
Por meio do código de cores (vide legenda), é possível avaliar a inserção de artefatos recém-
incorporados ao acervo do MAE/USP, explicitando que, embora as novas incorporações
sejam significativas, o acervo deste Museu é de grande relevância nacional, sendo, agora,
ampliado.
Bibliografia
A bibliografia está subdividida em Conteúdos arqueológicos e etnográficos e Conteúdos
museológicos e educacionais, para melhor explicitar a maneira como um processo
expográfico é construído. A seguir, apresentamos os itens levantados, considerando que a
bibliografia está em processo de construção.
Conteúdos arqueológicos e etnográficos
ALBISETTI, César, VENTURELLI, Ângelo Jayme. Enciclopédia Bororo. Campo Grande:
Museu Dom Bosco, v. 1, 1962.
ARAÚJO, Fátima Ribeiro, GRUPIONI, Luís Donisete Benzi, NOVAES, Sylvia Caiuby. Os
Bororo. Quando a vida passa pela morte; catálogo. São Paulo: USP: CODAG, 1987. 29 p.2
BIENAL DE SÃO PAULO. Exposição arte plumária do Brasil; catálogo. São Paulo: 17ª.
Bienal de São Paulo, 1983. 76 p. color.
CARNEIRO, Carla Gibertoni et al. Guia temático para professores. Programa de educação
patrimonial do levantamento arqueológico do Gasoduto Coari-Manaus. São Paulo: MAE, n. 1,
2008.
CARNEIRO, Carla Gibertoni (Coord.). Levantamento arqueológico no município de
Manaus – Educação Patrimonial. [Manaus]: IPHAN, 2006. 20 p. il.
DORTA, Sonia F. A arte do expressar. In: DORTA, Sonia F., CURY, Marília X. A Plumária
indígena brasileira no acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. São Paulo:
Edusp: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2000. p. 417-465 (Uspiana – Brasil 500
anos).3
ENCICLOPÉDIA DOS POVOS INDÍGENAS. Instituto Socioambiental. Disponível em:
www.socioambiental.org.br.
2 Referência para Status Cerimonial Bororo.
3 Referência para Status Cerimonial Bororo.
FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA. Arte plumária do Brasil; catálogo. Brasília,
1980. 78 p. il. color.
GOMES, Denise Maria Cavalcante. Cerâmica arqueológica da Amazônia. São Paulo:
EDUSP, IMESP, 2002.
MUSEU DE ARTE MODERNA. Arte plumária do Brasil; catálogo. São Paulo, 1980. 44 p. il.
color.
NEVES, Eduardo Góes. Arqueologia da Amazônia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. 86 p.
il. (Descobrindo o Brasil).
NEVES, Eduardo Góes. História da Amazônia antes da conquista.Manaus: IPHAN, 2005.
38 p. il. Mapas. (Cadernos de Arqueologia Amazônica, n. 2).
NOVAES, Sylvia Caiuby. Funerais entre os bororo. Imagens da refiguração do mundo.
Revista de Antropologia, v. 49, n. 1, p.283-315, 2006.4
RIBEIRO, Marily Simões. Uma abordagem historiográfica da arqueologia das práticas
mortuárias. 2002. 211 p. Dissertação (Mestrado) – FFLCH, USP. São Paulo.
SCHAAN, Denise Pahl. A representação humana na arte marajoara. Belém: Museu de Arte de
Belém, 1999. 9 p. Disponível em: www.marajoara.com.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Origens e expansão das sociedades indígenas.
Formas de humanidade. 2ª. ed. São Paulo: MAE, 2008. 20 p. il. (Série Guia Temático para
Professores).
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. África: culturas e sociedades. Formas de humanidade.
2ª. ed. São Paulo: MAE, 2008. 28 p. il. (Série Guia Temático para Professores).
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Mediterrâneo e Médio Oriente na Antiguidade: Pré-
História Européia, Egito, Mesopotâmia. Formas de humanidade. São Paulo: MAE, 2004. 28 p.
il. (Série Guia Temático para Professores).
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Mediterrâneo: Grécia e Roma. Formas de
humanidade. São Paulo: MAE, 2001. 28 p. il. (Série Guia Temático para Professores).
4 Referência para Status Cerimonial Bororo.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Brasil 50 mil anos. Uma viagem ao passado pré-
colonial. São Paulo: MAE, s/d. 28 p. il. (Série Guia Temático para Professores).
VINCENT, W. M. Máscaras: objetos rituais do Alto Rio Negro. In: RIBEIRO, B. (Org). Arte
Índia – Suma Etnológica Brasileira. Petrópolis: Vozes / FINEP, v. 3, 1986 p. 153.5
Conteúdos museológicos e educacionais
ÁRIES, Philippe. O homem diante da morte. Tradução Luiza Ribeiro. Rio de Janeiro: F.
Alves, 1989. 2v.
ÁRIES, Philippe. História da morte no ocidente: da Idade Média a nossos dias. Trad.
Priscila Vianna de Siqueira. Rio de Janeiro: F. Alves, 1977. 182 p.
AUGÉ, Marc. O sentido dos outros: atualidade da antropologia. Tradução de Francisco
Manoel da Rocha Filho. Petrópolis: Vozes, 1999. 172 p.
______. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Tradução de
Maria Lúcia Pereira. Campinas: Papirus, 1994. 111 p. (Coleção Travessia do Século).
CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. Tolerância e seus limites: um olhar latinoamericano
sobre diversidade e desigualdade. São Paulo: Editora UNESP, 2003. 209 p.
CHELIKANI, Rao V. B. Reflexões sobre a tolerância. Tradução de Catarina Eleonora F. da
Silva e Jeane Sawaya. Rio de Janeiro: Garamond, 1999. 74 p.
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FREIRE, Maria Helena (Org.). Mrtyukãla. Hora da morte. São Paulo: Centro de Estudos
Nãrãyãna: CCJCentro de Capacitação da Juventude, 2003. 288 p.
5 Referência para Máscaras Antropomorfas do Rio Negro S/ RG (EAM 35 e 36); etnia Kobéwa / grupo
Tukano.
GARCÍA CANCLINI, Nestor. A globalização imaginada. Tradução Sérgio Molina. São
Paulo: Iluminuras, 2003. 223 p.
GRUPIONI, Luis Donizete Benzi; FISCHMANN, Roseli; VIDAL, Lux (Orgs.). Povos
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2001. 230 p. (Seminários 6; Ciência, Cientistas e Tolerância II).
GUARPE, Luiz Fernando Pereira. Cartografia da memória. O cemitério enquanto espaço
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Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.
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Expediente
Governador do Estado de São Paulo: José Serra
Secretário-Chefe da Casa Civil, Presidente do Conselho do Acervo Artístico-Cultural dos
Palácios: Aloysio Nunes Ferreira Filho
Curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios: Ana Cristina Carvalho
Universidade de São Paulo
Reitora: Suely Vilela
Vice-Reitor: Franco Maria Lajolo
Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária: Ruy Alberto Corrêa Altafim
Museu de Arqueologia e Etnologia
Diretor: José Luiz de Morais
Vice-Diretora: Maria Cristina Oliveira Bruno
Chefe da Divisão Científica: Marisa Coutinho Afonso
Chefe da Divisão de Difusão Cultural: Marília Xavier Cury
Presidente da CCEX: Maria Cristina Oliveira Bruno
Presidente da CPG: Fabíola Andréa Silva
Presidente da CPq: Maria Isabel D’Agostino Fleming
Presidente da CG: Marisa Coutinho Afonso
Diretora de Serviço Técnico de Curadoria: Célia Maria Cristina Demartini
Diretora de Serviço Técnico de Musealização: Judith Mader Elazari
Ficha Técnica
A Vida após a Vida – Testemunhos de uma Passagem
Concepção e coordenação geral: José Luiz de Morais, Maria Isabel D’Agostino Fleming,
Marília Xavier Cury e Camilo de Mello Vasconcellos
Coordenação administrativa: Fábio Batista dos Santos
Coordenação técnica: Carla Gibertoni Carneiro, Célia Maria Cristina Demartini e Sandra
Maria Christiani de La Torre Lacerda Campos
Assistente de Museologia: Joana Montero Ortiz
Desenho expográfico: Kátia Huerta
Expografia: Maria Aparecida Alves, Renato Gomes
Educação: Camilo de Mello Vasconcellos, Marilia Xavier Cury, Carla Gibertoni Carneiro,
Judith Mader Elazari
Pesquisa de material para professores: Thomas Johannes Schrage
Conservação: Silvia Cunha Lima, Ana Carolina Delgado Vieira, Luiz Carlos Borges Pinto,
Regivaldo Leite da Silva, Caio Nogueira Ghirardello
Notas
i Atualizado em 13/03/2009.
ii Para maiores informações, ver CURY, Marília Xavier. Comunicação museológica. Uma perspectiva
teórica e metodológica de recepção. 2005. iii
As fotos da seqüência foram extraídas de Sylvia Caiuby Novaes, Funerais entre os Bororo. Imagens da
refiguração do mundo. Revista de Antropologia, v. 49, n. 1, p. 283-315, 2006.