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ABASTECIMENTO DE ÁGUA Pedro Junior Geógrafo Especialista em Gestão Ambiental Urbana Mestrando do PPgES Analista de Regulação em Saneamento Básico - ARSBAN

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ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Pedro JuniorGeógrafo

Especialista em Gestão Ambiental UrbanaMestrando do PPgES

Analista de Regulação em Saneamento Básico - ARSBAN

Introdução

Sistema de abastecimento d’água é um serviço público constituído de um conjunto de sistemas hidráulicas e instalações responsável pelo suprimento de água para atendimento das necessidades da população de uma comunidade.

Ruínas arqueológicas mesopotâmicas demonstram que por volta de 2500 a. C. já se construíam aquedutos e canalizações para a condução da água dos rios e lagos até as cidades. Mais tarde, o sistema foi aperfeiçoado pelos romanos e gregos, tanto no que diz respeito às técnicas de abastecimento quanto à irrigação das áreas cultivadas.

Foi, no entanto, a partir da segunda metade do século XIX, com a revolução industrial, que os sistemas de abastecimento de água aos núcleos populacionais sofreu modificações profundas. O crescimento demográfico urbano, conseqüência dessa revolução, determinou a necessidade de se estabelecer uma infra-estrutura que assegurasse o consumo, a distribuição e a salubridade tanto da água potável quanto daquela destinada a usos industriais ou agrícolas.

Tipos de Abastecimento

Sistema Convencional: Captação, adução, tratamento, armazenado, distribuído. O abastecimento rudimentar: nas áreas rurais ou periféricas as soluções individuais prevalecem e não devem ser desprezadas do ponto de vista sanitário, pois serão úteis, enquanto se aguardam soluções gerais de grandes gastos e mais morosas. Estas soluções individuais quando caracterizadas por falta de um emprego prévio de técnicas efetivas de condicionamento apropriado da água bruta, são chamadas de abastecimento rudimentar . O abastecimento rudimentar compreende:

captação manual

transporte pessoal ou com tração animal

armazenamento em tonéis, potes, jarras, etc.

Abastecimento urbano:Fornecimento de água

Quando a densidade demográfica em uma comunidade aumenta, a solução mais econômica e definitiva é a implantação de um sistema público de abastecimento de água. Sob o ponto de vista sanitário, a solução coletiva é a mais indicada, por ser mais eficiente no controle dos mananciais, e da qualidade da água distribuída à população. O fornecimento de água para ser satisfatório deve ter como princípios a seguinte dualidade: quantidade e qualidade. Em quantidade de modo que atenda todas as necessidades de consumo e em qualidade adequada as finalidades que se destina.

Sistema de Abastecimento de Água

Mananciais

CaptaçãoSistema

Produtor/ETAs

Reservatórios de Distribuição

Rede de Distribuição

Objetivos do abastecimento Um sistema de abastecimento urbano de água deve funcionar ininterruptamente fornecendo água potável para que as seguintes perspectivas sejam alcançadas:

controle e prevenção de doenças;

melhores condições sanitárias (higienização intensificada e aprimoramento das tarefas de limpeza doméstica em geral);

conforto e segurança coletiva (limpeza pública e instalações antiincêndio);

desenvolvimento de práticas recreativas e de esportes;

maior número de áreas ajardinadas, parques, etc;

desenvolvimento turístico, industrial e comercial.

Doenças relacionadas com a água

A água mal condicionada pode ser responsável pela transmissão de uma série de enfermidades ao consumidor. Estas doenças podem ser classificadas em dois grupos, de acordo com o modo de transmissão: primárias e secundárias.

Doenças primáriasSão aquelas cujo processo de transmissão tem a água como veiculação. As mais conhecidas são:

cólera (doença infecciosa aguda provocada pelo vibrião colérico);

febre tifóide (Doença infecciosa causada pela Salmonella Typhi, e que se prolonga por várias semanas e inclui em seu quadro clínico cefaléia, febre contínua, apatia, esplenomegalia, erupção cutânea maculopapular, podendo, eventualmente, ocorrer perfuração intestinal);

febre paratifóide (provocada pelo bacilo Salmonella paratyphi, comuns em esgotos e efluentes em época de epidemia);

disenterias bacilares (disenteria provocada por várias bactérias do gênero Shigella, tendo nas águas poluídas as principais fontes de infecção);

amebíases (disenteria difundida por águas contaminadas, provocada pela Entamoeba histolytica, muito comum em climas tropicais).

Doenças secundáriasSão enfermidades em geral endêmicas, cujo agente infeccioso necessita de um hospedeiro intermediário entre o indivíduo portador e o a ser contaminado. Também se enquadram nesta condição as deficiências orgânicas causadas pelo consumo insuficiente ou exagerado de certos elementos necessários ao desempenho de determinadas funções do corpo humano. As mais comuns são:

ascaridioses (infecções provocadas por Ascaris Lumbricoides, verme nematódeo perigoso ao homem, originário de efluentes de esgotos);

cáries (carência de flúor);

bócio (carência de iodo);

ancilostomose (provocada pelo nematódeo Ancylostoma duodenale ou Necator americanus, doença conhecida como amarelão);

esquistosomose (do Schistosoma, nematódeo que tem o caracol como hospedeiro intermediário deste parasito do intestino e de veia porta);

poliomielite, hepatite (inflamações provenientes de Vírus, cujo exato modo de transmissão ainda é desconhecido, sendo encontrados nos efluentes de tratamentos biológicos de esgotos);

solitária (parasito do intestino que usa hospedeiros intermediários e tem ovos muito resistentes, sendo a Taenia linnaeus do porco e a Taenia sagnata do boi, presentes nos efluentes de esgotos e transmitido por águas poluídas);

leptospirose ou Doença de Weil (transmitida por ratos de esgotos, portadores da Leptospira Iceterohaemorrhagie);

tuberculose(do Mycrobacterium tuberculosis - encontrado em despejos de esgotos e rios poluídos, devendo-se ter cuidados com esgotos e lodos provenientes de sanatórios),

Ganhos econômicosO consumo de água saudável implica em menores possibilidades de pessoas doentes na comunidade, ou mesmo períodos mais curtos para recuperação de pessoas enfermas. Conseqüentemente, ter-se-á:

uma maior vida média por pessoa;

menor índice de mortalidade (principalmente mortalidade infantil);

maior produtividade (as pessoas terão mais disposição para trabalhar);

mais horas de trabalho (menos horas de internações ou de repousos domésticos devido a enfermidades infecciosas e/ou contagiosas).

Usos da águaNo dia a dia das comunidades urbanas o abastecimento de água deve suprir as diversas modalidades de consumo. O destino da água distribuída, em geral, é o seguinte:

uso doméstico (bebida, banhos, limpezas em geral);

gasto público (edifícios públicos, fontes ornamentais, proteção contra incêndios);

consumo comercial e industrial (unidades comerciais, consumo industrial, centrais de condicionamento de ar);

perdas e desperdícios (deficiências das instalações e má utilização).

Concepção de Sistema de Abastecimento de Água

• Caracterização da área de estudo– Caracterização física– Uso e ocupação do solo– Aspectos sociais e econômicos– Infra-estrutura

• Análise do sistema existente (estudos e planos)• Estudos demográficos• Estudos de mananciais• Demanda de água (residencial, comercial, pública,

indústrial e especial)– Estudo de demanda– Cálculo de demanda média e máxima diária e horária

ÁGUA: LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

LEI 9433/97 Lei dos Recursos Hídricos

• PORTARIA MS 518/2004

• RESOLUÇÃO CONAMA 357

LEI 6938/81 Política Nacional do Meio Ambiente

ABNT

Certificações Séries ISO 9000, 14000, 8008

LEI n° 11.445/07: Lei do Saneamento Básico

Parâmetros

Projetos

Art. 3º SANEAMENTO BÁSICO

LEI DO SANEAMENTO. Lei 11445/2007

Conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações operacionais de:

a)abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações, desde captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

b) esgotamento sanitário: coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: ...coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;

d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: ...drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;

Captações de água para abastecimento

Sistema de Abastecimento de Água

Mananciais

CaptaçãoSistema

Produtor/ETAs

Reservatórios de Distribuição

Rede de Distribuição

Captações: princípiosO tratamento da água começa na sua captação.A captação tem por finalidade criar condições para que a água seja retirada do manancial abastecedor seja:

em quantidade capaz de atender o consumo permanentemente;

em qualidade tal que dispense tratamentos ou os reduza ao mínimo possível.

Tipo de mananciaisSuperficiais:

rios e lagos

Subterrâneos:fontes naturais, galerias filtrantes, poços.

Águas pluviais:captações de água de chuva em telhados e terraços.

Captações superficiais

Captações superficiaisLocalização da captação em curso d’água

Captações superficiais

Captações superficiais

Captações superficiaisPequenas vazões e grande variação de nível

Captações superficiais

Captações superficiaisEm reservatórios de acumulação

Captações subterrâneasGalerias filtrantes

Captação de água subterrânea

Fonte d’água subterrânea Poço raso

Poço artesiano

Tubulação

Equipamentos de bombeamento

Captações de água de chuva

Vazão máxima outorgávelBahia: 80% da Q90Rio Grande do Norte: 90% da Q90Minas Gerais: rios perenes ... 30% da Q7,10

Tratamento de água

Sistema de Abastecimento de Água

Mananciais

CaptaçãoSistema

Produtor/ETAs

Reservatórios de Distribuição

Rede de Distribuição

Água bruta Características da água bruta:

pH (ácido pH < 7,0; neutro pH = 7,0; base pH > 7,0)

Cor

Turbidez

Oxigênio consumido (DBO)

Microorganismo – coliformes termotolerantes

Outras características: Resolução Conama 357/2005: estabelece as classes de corpos de água, estabelece diretrizes para a sua classificação e impõe condições e padrões para o despejo de efluentes, entre outras medidas.

Propriedades da água potávelOrganolépticas: não possui odor e sabor objetáveis;Físicas: ser de aspecto agradável; não ter cor e turbidez acima do padrão de potabilidade;Químicas: não conter substâncias nocivas ou tóxicas acima dos limites de tolerância para o homem;Biológicas: não conter germes patogênicos.

Tratamento de água (ETA): etapas

1) Captação2) Pré-filtração3) Coagulação

(sulfato de alumínio)

4) Floculação5) Decantação6) Filtração7) Cloração e

fluoretação8) Correção de

pH

Estação de tratamento de água (ETA)

Etapas do processo de tratamento

Coagulação: quando a água na sua forma natural (bruta) entra na ETA, ela recebe, nos tanques, uma determina quantidade de sulfato de alumínio. Esta substância serve para aglomerar (juntar) partículas sólidas que se encontram na água como, por exemplo, a argila. Floculação - em tanques de concreto com a água em movimento, as partículas sólidas se aglutinam em flocos maiores. Decantação - em outros tanques, por ação da gravidade, os flocos com as impurezas e partículas ficam depositadas no fundo dos tanques, separando-se da água. Filtração - a água passa por filtros formados por carvão, areia e pedras de diversos tamanhos. Nesta etapa, as impurezas de tamanho pequeno ficam retidas no filtro. Desinfecção - é aplicado na água cloro ou ozônio para eliminar microorganismos causadores de doenças. Fluoretação - é aplicado flúor na água para prevenir a formação de cárie dentária em crianças. Correção de PH - é aplicada na água uma certa quantidade de cal hidratada ou carbonato de sódio. Esse procedimento serve para corrigir o PH da água e preservar a rede de encanamentos de distribuição

Estação de tratamento simplificado água

Clique para editar os estilos do texto mestreSegundo nível

● Terceiro nível● Quarto nível

● Quinto nível

Estação completa de tratamento de água

Pré-tratamentoPré-cloração: adição de cloro assim que a água chega à estação para facilitar a retirada de matéria orgânica e metais.Pré-alcalinização: adição de cal ou soda à água para ajustar o pH aos valores exigidos para as fases seguintes do tratamento

Coagulação e floculaçãoCoagulação: adição de sulfato de alumínio, cloreto férrico ou outro coagulante, seguido de uma agitação violenta da água para provocar a desestabilização elétrica das partículas de sujeira, facilitando sua agregação.Floculação: mistura lenta da água para provocar a formação de flocos com as partículas

Tanques de floculação e coagulação

Decantação e filtração

Decantação: passagem da água por grandes tanques para decantar os flocos de sujeira formados na floculação.Filtração: passagem da água por tanques que contêm leito de pedras, areia e carvão antracito para reter a sujeira que restou da fase de decantação.

Héctor Sanín Ángel

Decantadores e filtros

Decantação

Após sair do floculador a água segue para a unidade de decantação.Na floculação espera-se que os flocos tenham adquirido tamanho e peso suficientes para que possam sedimentar e serem separados da água através da decantação. .

A sedimentação ocorre em unidades denominadas decantadores.

Decantação

É a deposição de materiais em suspensão pela ação da gravidade.Se consegue tornando as águas tranqüilas, reduzindo a velocidade a ponto de causar a deposição destas partículas em determinado tempoO decantador é um tanque com inclinação no fundo e dispositivo de entrada e de saída da água.

FiltraçãoTem a função no tratamento de clarificar a água, removendo algumas de suas impurezas através de sua porosidade.Este meio poroso é a areia preparada sob as quais existem seixos e um sistema de dreno.O leito filtrante faz:remove materiais em suspensão e coloidesremove certa quantidade de bactériasaltera característica da água

Filtração

Após decantada a água em tratamento é encaminhada aos filtros que tem a finalidade de reter as partículas que não foram removidas na decantação.

Tipos de filtros

De acordo com o tipo de material do meio filtrante:de areia

de carvão ou antracito

de carvão e areia

de carvão e areia granulada

de terra diatomácea (sedimento amorfo - diatomito)

De acordo com a disposição do material no leitoEm camadas superpostas de areia e carvão com granulometria (tamanhos)

diferentes

Em camadas superpostas de areia com granulometria diferentes

De carvão e areia misturados.

Tipos de filtros

Filtro rápido Composto de areia lavada e peneirada em camadas, o fundo com cascalho e

em cima areia fina. A água passa da areia para o cascalho e é recolhida por drenos ou cripinas subterrâneas. A lavagem é por reversão com água que é recolhida nas calhas.

Filtro Lento Para água de até 50 NTU de turbidez, sem processo de coagulação.

Filtra de 2 a 6 m³/m²/dia, para pequenas comunidades. é constituído de um tanque, onde é colocada uma camada de areia fina, com espessura entre 0,90 e 1,20 m, sobre uma camada de cascalho, com espessura entre 0,20 e 0,45 m. Sob a camada de cascalho, é previsto um sistema de drenagem, para recolhimento da água filtrada.

Filtro Rápido descendente

Desinfecção

É o processo que provoca a destruição dos microorganismos patogênicos.A desinfecção comumente na ETA é feita pelo cloro.É uma medida corretiva e preventiva visto que o longo percurso até o consumidor pode contaminá-la.Tipos de desinfetante a base de cloro:

Cloro gasoso – (Cl 2)

Hipoclorito de sódio – (NaOCl)

Cal clorada

Desinfecção por cloração

Cloração simples: É a aplicação do cloro até obter-se um residual desejado. Aplica-se o cloro e após um tempo verifica-se a quantidade existente e faz ajustes se necessário.Pré-cloração: É a aplicação do cloro antes de qualquer tratamento com a finalidade de controlar microorganismos, melhorar a condição de coagulação e redução do número de bactérias em águas muito poluídas. Pós-cloração: Consiste na aplicação do cloro após o tratamento, antes da correção do pH.Recloração : É a aplicação de cloro em um ou mais pontos da rede depois da pós cloração.

Cloração

Cloração da água é usado para desinfecção da água eliminando os microrganismos que podem prejudicar a saúde.

Clorador

Desinfecção

A Portaria 518/2004 – “Norma de Qualidade para Consumo Humano estabelece:

Ausência de Escherichia coli em 100 mL;

Após a desinfecção, a água deve conter um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L, sendo obrigatória a manutenção de 0,2 mg/L em qualquer ponto da rede de distribuição;

Recomenda-se o teor máximo de cloro residual livre em qualquer ponto do sistema de abastecimento igual a 2,0 mg/L

Desinfecção

A E. coli assume a forma de um bacilo e pertence à família das Enterobactriaceas. São aérobias e anaerobias facultativas.

O seu habitat natural é o lúmen intestinal dos seres humanos e de outros animais de sangue quente.

presença da E.coli em água ou alimentos é indicativa de contaminação com fezes humanas (ou mais raramente de outros animais).

A quantidade de E.coli em cada mililitro de água é uma das principais medidas usadas no controlo da higiene da água potável municipal, preparados alimentares e água de piscinas.

Esta medida é conhecida oficialmente como índice coliforme da água.

Correção de pH

A correção é feita geralmente em dois pontos:Calha Parshall – para gerar um pH ótimo para floculação – 5,0 a 8,0.

Após a cloração – pH ótimo entre 7,0 e 7,2.

Fluoretação

Adição de flúor à água para a prevenção de cáries.Atua na prevenção das cáries dentárias na faixa etária de 0 a 14 anos.No Brasil, a fluoretação d água em sistemas de abastecimento em que existe estação de tratamento é obrigatória, de acordo com a Lei Federal n0 6050, de 24 de maio de 1974.

Fluoretação

A concentração ideal do flúor tem uma relação com a temperatura média da localidade.(0,6 a 0,8 ppm)Algumas águas tem concentração natural de flúor e quando em excesso deve-se diluir, pois flúor em alta concentração pode produzir fluorose.O produto usado para fluoretação é o ácido fluossilícico na forma líquida.

Adição de flúor

Reservatórios de flúor

Verificação do teor

l Caixa de entrada

Reservatório de distribuição

Objetivo

Os reservatórios dos sistemas de abastecimento de água têm basicamente duas finalidades principais:

Assegurar as reservas de água para os diversos tipos de demandas, principalmente daquelas relativas aos picos de consumo;

Garantir as pressões normalizadas para adequado atendimento aos usuários e segurança sanitária na rede.

Quanto ao Consumo, os reservatórios se destinam a atender às seguintes categorias de demandas:

i) normais;ii) emergenciais;iii) devido a populações flutuantes;iv) especiais;v) para combate a incêndios;Consideram-se demandas normais as seguintes:a) domésticos;b) comercialc) industriald) públicoe) perdas e desperdícios

RELATIVAMENTE ÀS PRESSÕES NA REDE

Objetivando regularizar as pressões na rede de distribuição de água, os reservatórios podem ser classificados em “de montante” e “de jusante”, estes últimos também chamados de reservatório “de compensação”. Os reservatórios de montante ficam situados entre a estação de tratamento/bombeamento e a rede. Já os reservatórios de jusante recebem o excedente de água que não é consumido na rede, ou seja, são alimentados quando o consumo na rede é menor que o volume injetado na mesma

Reservatório de montante

Linha piezométrica variável em reservatórios de montante

h

LP

AMT2

AMT1

Reservatório de jusante

Linha piezométrica variável em reservatório de jusante

Cidade

Elevatória

AMT1

AMT2NA1

NA2

LP1

LP2

h

Pressão mínima

Situação LP2 = Reservatório armazenado águaSituaçãoLP1 = Consumo maior que a produção de água

Quanto aos Tipos de Reservatórios

a) Reservatório enterrado

b) Reservatório semi-enterrado

c) Reservatório apoiado d) Reservatório elevado

Os reservatórios podem ser construídos segundo os mais diversos arranjos, formas, combinações, e com os mais diversos tipos de materiais, dependendo das condições topográficas e de disponibilidades financeiras. Quanto à posição em relação ao terreno, os reservatórios podem ser enterrados, semi-enterrados, apoiados e elevados, conforme esquemas respectivos, a, b, c e d, mostrado na Ilustração

Sistema de Abastecimento de Água

Mananciais

CaptaçãoSistema

Produtor/ETAs

Reservatórios de Distribuição

Rede de Distribuição

Rede de distribuição de água

Rede de distribuição de águaParte do sistema de abastecimento formada por tubulações e acessórios, destinados a colocar água potável à disposição dos consumidores, de forma contínua, em quantidade, qualidade, e pressão adequadas.

Ø CUSTO DA REDE: 50 a 75% do custo total do sistema de abastecimento de água.

Héctor Sanín Ángel

Héctor Sanín Ángel

Héctor Sanín Ángel

Tipos de redesQuanto ao porte e função das tubulações:

Rede principal (primária, tronco ou mestra): são tubulações de maiores diâmetros que tem por finalidade abastecer as canalizações secundárias.

Rede secundária: são tubulações de menores diâmetros e tem a função de abastecer diretamente os pontos de consumo do sistema de abastecimento de água.

Tipos de redes

Rede Ramificada: o traçado é aberto, semelhante a uma árvore, grelha ou espinha de peixe, cada ponto da rede é atendido por um caminho único desde o reservatório ou outra fonte de suprimento (se um trecho é interrompido, fica isolada toda a rede a jusante).

Rede Malhada ou em Anéis: fechada, a rede forma anéis com múltiplos caminhos para o escoamento (maior flexibilidade para atender diferentes distribuições da demanda e para manutenção da rede).

Mista

Rede ramificada

Héctor Sanín Ángel

Rede malhada

Rede mista

Traçado da rede

Rede principal:formar rede malhada

direcionadas às zonas de maior demanda

localizadas em vias ou áreas públicas

vias sem pavimentação, sem tráfego intenso, sem interferências significativas, com solo adequado

Rede secundária:rede simples ou dupla (localização no passeio)

comprimento máximo de 600 m

atendida pelas duas extremidades

formar rede malhada

Fornecimento de água para a rede

Diferentes alternativas podem e são utilizadas para o fornecimento de água para uma rede:

através de um único reservatório de montante

com elevatória a montante ou em linha atendendo parte da rede (booster)

com reservatório de sobras (a jusante)

sistemas complexos com múltiplos reservatórios, boosters, válvulas redutoras de pressão, etc

Fornecimento de água para a rede

Fornecimento de água para a rede

Fornecimento de água para a rede

Fornecimento de água para a rede

Pressões máximas e mínima

Devem ser atendidos nas redes os seguintes limites:Pressão estática máxima: 500 kPa (50 mca) calculada em condição de vazão nula e imposta pelo nível d’água máximo nos reservatórios ou pressões máximas nas elevatórias presentes no sistema

Pressão dinâmica mínima: 100 kPa (10 mca) calculada com demanda de pico no dia e hora de maior consumo e reservatórios nos níveis mínimos

Ø Para atender esses limites é comum ser necessária a divisão da rede em zonas de pressão (por exemplo alta, média e baixa) e o uso combinado de reservatórios apoiados ou elevados em diferentes cotas, boosters e válvulas redutoras de pressão.

Atendimentos & zonas de pressão

Atendimentos & zonas de pressão

Vazão global do sistema

Q: vazão, L/sK1: coeficiente do dia de maior consumoK2: coeficiente da hora de maior consumoP: população final para a área a ser abastecida, habq: consumo per capita final de água, L/(hab.dia)

Vazões de cálculo das tubulações

Alternativas:pelo número de lotes atendidos em cada quadra e quantidade média de habitantes em cada um;

considerando a vazão específica por unidade de comprimento das ruas, distribuição em marcha (L/s/km), concentra-se metade da vazão obtida em cada trecho em cada nó de extremidade (com o devido ajuste no caso de redes duplas);

considerando a vazão específica por unidade de área (L/s/ha), e as áreas de influência de cada nó, ajustadas conforme áreas de densidades diferentes;

mais as vazões concentradas para consumidores especiais.

Critérios de projetoPressão mínima a ser atendida.Limites de velocidade (NBR 12218/1994):

Velocidade mínima: 0,6 m/s;

Velocidade máxima: 3,5 m/s;

Antiga PNB 594/1977 da ABNT:Perda unitária máxima de 8 m/km (0,8 %)

Velocidade máxima 2,0 m/s

Velocidade máxima recomendada (Porto,1998): Vmax=0,6+1,5D

Diâmetro mínimo: 50 mmDiâmetro recomendado:

D = 48,525.Q0,413

Recomendações de projeto

Diâm. Velocidademáxima

Vazãomáxima

Diâm. Velocidademáxima

Vazãomáxima

D(mm) V(m/s) Q(L/s) D(mm) V(m/s) Q(L/s)

50 0,675 1,3 450 1,275 202,8

75 0,713 3,1 500 1,350 265,1

100 0,750 5,9 600 1,500 424,1

150 0,825 14,6 700 1,650 635,0

200 0,900 28,3 800 1,800 904,8

250 0,975 47,9 900 1,950 1240,5

300 1,050 74,2 1000 2,100 1649,3

350 1,125 108,2 1100 2,250 2138,2

400 1,200 150,8 1200 2,400 2714,3 0 500 1000 1500 2000 2500 30000

200

400

600

800

1000

1200

1400

f(x) = 48,52 x^0,41

Vazão em L/s

Diâ

metr

o e

m m

m

Dimensionamento de rede

uma rede é representada como um conjunto de nós e trechos:para cada nó: equação da continuidade

para cada trecho: perda de carga

na simulação, deve-se determinar as cargas em cada nó (se conhecidas as vazões concentradas de demanda, ou as vazões no caso de reservatórios onde se conhece a carga definida pelo nível d’água) e as vazões em cada trechono dimensionamento, os diâmetros (classes e materiais) também devem ser determinados, atendendo critérios de projeto e minimização de custos

A quantidade de água disponível para uso doméstico tem influência direta nas práticas básicas de higiene pessoal, domiciliar e no preparo dos alimentos. O comprometimento dessas práticas pode acarretar agravos à saúde.

A condição da disponibilidade da água também é fator de risco e contribui para os efeitos à saúde. Esses fatores podem favorecer o incremento da incidência de doenças de transmissão hídrica, pois tanto a coleta de água, como seu transporte e armazenamento, caso necessários, podem ser realizados de forma inadequada.

A coleta, quando efetuada em vasilhames sujos ou mal lavados e com práticas de higiene duvidosas, pode tornar-se fonte de contaminação da água, a qual será repassada aos usos que se fizerem dela.

O armazenamento domiciliar também pode ocorrer em locais impróprios, sem proteção contra as intempéries ou contra o acesso de animais – especialmente vetores de doenças –, pois geralmente são situados fora de áreas cobertas do domicílio, onde são comuns condições precárias de saneamento, como proximidade de lançamento de dejetos a céu aberto e disposição inadequada de lixo.

O não acesso à água potável e segura ou o acesso de forma intermitente induzem à busca de água em fontes alternativas, de qualidade sanitária duvidosa, ao uso de vasilhames não apropriados para seu acondicionamento e a condições inadequadas de transporte e armazenamento da água (RAZZOLINI; GÜNTHER, 2008)

.

Considerações Finais