ação civil alair

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1 BRANDÃO ADVOCACIA Dr. Wellington Gomes Rosa da Costa – OAB/MG 104.822 Dr. José Pereira Brandão – OAB/MG 43.254 Dra.Carla Cristina Soares de Sousa - OAB/MG 129.668 __________________________________________________ __________ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA ÚNICA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE PATOS DE MINAS - MG AUTOS: 1054-44.2012.4.01.3806 ALAIR PEREIRA LOPES, brasileiro, filho de Inácio Domingos Lopes e Onesina Pereira, casado, aposentado, portador da CI M- 2858536 SSP/MG, inscrito no CPF sob o n° 094.715.616-04, residente e domiciliado na Rua Padre Rafael, nº 244, bairro Residencial Geraldo Marques, São Gotardo - MG, vem por seu advogado que esta subscreve, procuração em anexo, a respeitosamente à presença de V.Exa., apresentar como efetivamente apresenta, CONTESTAÇÃO, à Ação Civil Pública que lhe move o Ministério Público Federal, pelos fatos e fundamentos que segue: DAS PRELIMINARES Rua Doutor Marcolino, nº 280 - Centro – PATOS DE MINAS – MG CEP: 38700-160 Tele-fax: (34) 3821-1099 – E-mail: [email protected]

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Page 1: Ação Civil Alair

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BRANDÃO ADVOCACIA

Dr. Wellington Gomes Rosa da Costa – OAB/MG 104.822

Dr. José Pereira Brandão – OAB/MG 43.254

Dra.Carla Cristina Soares de Sousa - OAB/MG 129.668____________________________________________________________

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA ÚNICA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE PATOS DE MINAS - MG

AUTOS: 1054-44.2012.4.01.3806

ALAIR PEREIRA LOPES, brasileiro, filho de Inácio Domingos Lopes e Onesina Pereira, casado, aposentado, portador da CI M- 2858536 SSP/MG, inscrito no CPF sob o n° 094.715.616-04, residente e domiciliado na Rua Padre Rafael, nº 244, bairro Residencial Geraldo Marques, São Gotardo - MG, vem por seu advogado que esta subscreve, procuração em anexo, a respeitosamente à presença de V.Exa., apresentar como efetivamente apresenta, CONTESTAÇÃO, à Ação Civil Pública que lhe move o Ministério Público Federal, pelos fatos e fundamentos que segue:

DAS PRELIMINARES

DA EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO

Às fls. 43 dos autos V. Exa., determinou que o autor apresentasse prova documental da existência do dano alegado sob pena de extinção do feito sem resolução do mérito.

Em suposto cumprimento à determinação de V. Exa., o autor acostou nos autos um CD contando com 4 documentos em PDF (Manual DNIT PBT e CMT; TESE DOUTORADO SOBRE DANOS CAUSADOS ÀS RODOVIAS POR EXCESSO; Estudo UFRGS - Prof. João Albano e Planilha Excesso de Peso - Operação Inicial) e 51

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arquivos em JPEG, alegando que as fotos ali presentes seriam dos danos causados na rodovia e no trecho mencionado.

Contudo, a autuação do réu se deu na data de 16/03/2010 e as fotos apresentadas pelo autor foram tiradas em 08/01/2007 (fotos nº 36, 37, 38, 39, 41), 16/02/2009 (fotos nº 1, 2, 3, 7), 05/03/2009 (fotos nº 4, 5, 6, 8, 9, 10, 28, 29, 30, 31) e 14/09/2010 (fotos nº 14), 17/11/2010 (fotos nº 11, 12, 13, 16, 19, 20, 21, 23, 24, 25, 26, 27, 32, 33, 34, 35, 40, 42, 43, 44, 45, 48,49); 03/12/2010 (fotos nº 17, 18, 22, 46, 47, 50); 12/01/2011 (fotos nº 15).

Tais informações foram obtidas por meio de programas para a leitura dos EXIF, ou Exchangeable Image File Format, que são dados gerados automaticamente pela maioria das câmeras fotográfica, este grava informação junto à imagem com os dados técnicos utilizados no momento em que a foto é tirada.

O EXIF é capaz de registar uma grande variedade de informação como a data e hora em que foi gravada, velocidade do obturador, abertura, número de pixéis usados, modo de medição da exposição, modo de exposição, compensação da exposição usada e zoom.

Existe uma grande variedade de programas que permitem visualizar a informação EXIF, como por exemplo o Windows Vista, Proxel EXIF Tool, ActiveMetaData, entre outros editores de imagem.

Destaca-se também que conforme foi amplamente comprovado, o réu trafegou pela BR 365 do KM 413 (Posto da Polícia Rodoviária Federal) até o KM 389 (PPV 0607), sendo que desta forma somente as fotos 34, 35, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49 e 50 foram supostamente tiradas em data posterior à autuação no trecho onde o réu realmente trafegou.

Contudo, o dano demostrado nestas fotos, jamais poderia ter sido causado pelo veículo do autor por dois simples motivos: 1º - as fotos (34, 35, 42, 43, 44, 45, 48 e 49) acostadas nos autos foram retiradas 8 meses após a autuação do réu e as fotos (46, 47e 50) e 2º - danos como os apresentados nas fotos levam meses para ocorrem e dependem ainda do trafego e condições climáticas, sendo certo, até mesmo para um leigo que, a passagem de um caminhão uma única vez JAMAIS seria capaz de causar os danos que o autor tenta de maneira a atentar com a inteligência de V. Exa, imputar ao réu.

Não obstante estes fatos manifesta-se mais uma vez que, o réu somente trafegou no trecho compreendido entre o km 413 e o KM 389 por imposição da autoridade policial, não podendo assim ser responsabilizado por qualquer suposto dano causado neste trecho.

Desta forma, como o autor não se desincumbiu de cumprir de forma satisfatória a ordem emanada por V. Exa. (demonstrar documentalmente os danos

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causados pelo réu) deve a presente lide ser extinta sem julgamento do mérito para os devidos fins legais.

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO SEGUNDO RÉU

Não obstante o BO lavrado pela PRF e o Aviso de Ocorrência de Excesso de Peso, trazerem em seu bojo a informação de que o segundo réu Alair Pereira Lopes é o proprietário do veículo autuado não condizem com a realidade fática, vez que, na data de 17/05/2005 foi realizada a venda e TRADIÇÃO deste veículo ao réu Geraldo Marques Lopes, passando assim o mesmo a ser o proprietário deste veículo, conforme contrato de compra venda em anexo.

Ocorre que, na data da autuação em questão o réu Geraldo Marques Lopes ainda não havia transferido para si o veículo de placas GUN 6512.

Diante deste fato, outras multas foram atribuídas erroneamente ao co-réu, sendo que, diante da quantidades de multa foi instaurado um processo administrativo junto ao DETRAN/MG visando a suspensão do direito de dirigir do réu Alair.

Por esse motivo o co-réu Alair acionou o judiciário por meio dos autos 0480.12.006598-6 visando a transferência das pontuações e multas atribuídas ao veículo desde 17/05/2005 para o réu Geraldo, bem como o cancelamento do processo administrativo.

Na data de 14 de dezembro de 2012 foi proferida a sentença (anexo) nos citados autos transferindo para o réu Geraldo as multas atribuídas erroneamente ao có-réu Alair.

Assim, resta cabalmente comprovado que o proprietário fático do veículo autuado na data da autuação (16/03/2010), era o réu Geraldo Marques Lopes e não o co-réu Alair Pereira Lopes.

Desta forma, como restou comprovado judicialmente que o segundo réu não era o proprietário fático do veiculo quando da autuação em questão o mesmo não possuía nenhuma responsabilidade sobre o veículo motivo pelo qual, deve ser declarada a ilegitimidade passiva do segundo réu, devendo ser o mesmo excluído do polo passivo da preste lide.

BREVE RELATO DOS AUTOS

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O nobre representante do Ministério Público Federal, em sua inicial argumenta que busca a defesa do direito dos cidadãos-usuários das rodovias federais à vida, a integridade física e a saúde; a segurança pessoal e patrimonial, e ainda os direitos difusos e coletivos referentes à preservação do patrimônio público federal consubstanciado na rodovia federal e nos serviços de transporte, à ordem econômica e, ainda ao meio ambiente equilibrado.

A inicial foi recebida e a liminar pleiteada indeferida, ante a ausência de interesse do autor e foi dado prazo de 10 dias para que o autor emendasse a inicial informando o trecho danificado, bem como a prova documental do dano alegado, sob pena de extinção do feito sem resolução do mérito.

Diante do despacho de V. Exa., o nobre representante do MPF apresentou emenda à inicial informando que o trecho específico da rodovia federal danificado seria do KM 408, trevo da BR-365 X BR 354 ao KM 368 divisa entre os municípios de Patos de Minas e Varjão de Minas, bem como juntou um CD contando com 4 documentos em PDF e 51 arquivos em JPEG.

Petição e documentos estes recebidos por V. Exa, como emenda à inicial, e determinou que o CD-ROM fosse acautelado no cofre, e as fotos fossem extraídas e juntadas aos autos.

DOS FATOS

Na data de 16/03/2010 o réu foi contratado pela embarcadora MANOEL

RODRIGUES GALVÃO JÚNIOR – ME, para realizar o transporte de uma carreta de terra da localidade de contendas para a Estrada da Servidão, ambas localidades na cidade de Patos de Minas.

Assim, o réu deslocou seu caminhão até a localidade de contendas (doc. 3) para que o caminhão a carga pudesse ser embarcada. Quando a carga foi colocada no veículo o autor, (imaginando que a carga estaria dentro dos limites legais, conforme as resoluções pertinentes do CONTRAN) se deslocou até a BR 365 passando pela estrada vicinal conhecida como “Serrinha” e passou diante do Posto da Polícia Rodoviária Federal no KM 413 também da BR 365.

Destaca-se que no local onde ao caminhão foi carregado pelo embarcador, não possui balança, não sendo percebido pelo réu qualquer tipo de característica no veiculo para presumir excesso de carga.

Há que se salientar também que o réu é motorista autônomo e tem sua subsistência obtida pela realização de fretes, sendo sempre fiel cumpridor de suas obrigações legais, sendo que nunca buscou lucrar em prejuízo de terceiros como sustentado na inicial.

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Ao passar pelo Posto da Polícia Rodoviária Federal no KM 413 da BR 365, o réu foi abordado pelos policiais que pediram a nota fiscal da carga transportada. Ato contínuo o réu informou que a nota fiscal se encontrava com o embarcador, mas, que entraria em contato com ele para que a nota fosse levada até o posto policial.

Ocorre que, o embarcador não levou a nota fiscal para o réu, motivo pelo qual os policiais rodoviários federais, ordenaram que réu se deslocasse até a PPV 0607 (“Balança” do DNIT) no KM 389 da BR 365, escoltado por uma viatura da PRF, para que fosse realizada a pesagem do veículo, vez que não se poderia identificar o peso da carga, ante ausência da nota fiscal.

Assim em CUMPRIMENTO A ORDEM emanada pela autoridade policial, o réu se deslocou 24 quilômetros até o PPV 0607, onde o agente do DNIT Hélio da Conceição Barradinho, matricula 10022, realizou a pesagem onde foi identificado que o embarcador havia colocado no caminhão 71.430 Kg de terra, sendo que, o mesmo somente poderia transportar 47.250 Kg, já acrescido do limite de tolerância, restando assim um excesso de peso de 24.180 Kg.

Diante desta constatação foi lavrado o Aviso de Ocorrência de Excesso de Peso nº B070013849. Destaca-se que, não obstante o mesmo ter o campo identificação do embarcador, ele não pôde ser preenchido devido ao fato do réu não estar de posse da nota fiscal do material transportado.

Após a lavratura do Aviso de Ocorrência de Excesso de Peso o réu foi orientado a retirar o excesso de carga do veículo para que o mesmo pudesse retornar a Patos de Minas, ato este realizado, o réu foi liberado.

DO DIREITO

DA RESPONSABILIDADE PELO EXCESSO DE CARGA

Conforme fora demonstrado nos fatos, evidente é que, a medição e embarque da carga, é de responsabilidade exclusiva do embarcador (MANOEL RODRIGUES GALVÃO JÚNIOR - ME) , sendo que o transportador somente leva a carga ao destino.

O que de fato ocorreu Exa., foi um encontro de fatores que chegaram ao presente feito, quais sejam: o embarque realizado de forma errônea pela firma vendedora do produto, e a falta de balança no local do embarque, e a inercia do embarcador em entregar a nota fiscal do produto ao transportador e ausência de envio da notificação da multa ao transportador.

Tal responsabilidade exclusiva está evidenciada em nosso código de trânsito que menciona em seu artigo 257 e §§ 4º, 5º e 6º, transcrito na integra a seguir:

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“Art. 257 CTB. As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao transportador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e deveres impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressamente mencionados neste Código.§4º O embarcador é responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou no peso bruto total, quando simultaneamente for o único remetente da carga e o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for inferior àquele aferido. (GN)§5º O transportador é o responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou quando a carga proveniente de mais de um embarcador ultrapassar o peso bruto total.”§6º O transportador e o embarcador são solidariamente responsáveis pela infração relativa ao excesso de peso bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for superior ao limite legal.

Logo depreende-se que o embarcador somente não foi responsabilizado devido ao fato do réu não estar de posse da nota fiscal do produto transportado, contudo, como o réu chamou ao processo o embarcador, o mesmo está dessa forma devidamente amparado pela legislação, não existindo nos autos elementos que justifiquem a sua responsabilidade e que possam alicerçar um juízo condenatório.

DOS PEDIDOS DE CONDENAÇÃO DOS RÉUS AO PAGAMENTO SOLIDÁRIO DOS DANOS MORAIS COLETIVOS

A inicial também traz em seu bojo cinco pedidos de condenação dos réus ao pagamento solidário dos seguintes danos morais coletivos: dano moral coletivo pela violação ao patrimônio público federal consubstanciado na qualidade do serviço de transporte; dano moral coletivo pela violação do direito à vida, à integridade física e à saúde dos cidadãos-usuários da rodovia federal; do dano moral coletivo pela violação do direito à segurança pessoal e patrimonial dos cidadãos-usuários da rodovia federal; do dano moral coletivo pela violação ao meio ambiente e finalmente ao pagamento solidário do dano moral coletivo pela violação à ordem econômica e concorrencial.

Contudo, o autor não apresenta qualquer tipo de prova plena dos danos morais transindividuais, mas tão somente, espera que os mesmos se comprovem por mera presunção.

Novamente o réu faz uso das palavras proferidas por este juízo acerca deste tema, nos autos supracitados:

“Na prática forense, as lides que envolvem o dano moral em

geral têm sua instrução dirigida para a questão específica da sua

comprovação nos autos, por variados meios. Nesta matéria, a

jurisprudência tem avançado para tornar crescente o conjunto de

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hipóteses em que o dano moral é presumido a partir da mera

demonstração do fato que lhe deu ensejo (dano moral in re ipsa).

Assim sucede, por exemplo, nos casos de inscrição indevida do nome

de correntistas, consumidores ou mutuários em cadastros de

inadimplentes.

Na espécie, todavia, há uma questão que precede a indagação

acerca da existência, nos autos, de provas (ou da possibilidade da

presunção) do dano moral cuja reparação se requer. Esta questão é:

há fundamentos jurídicos válidos para se pleitear danos morais

coletivos?

(...)

O fundamento constitucional do direito à reparação pelo

dano moral encontra-se no art. 5o, incisos V e X, da CRFB.

Estes incisos se inserem logo no início deste extenso rol de

direitos que é o Capítulo I, do Título II, da CRFB e tais direitos não

são listados ao acaso, mas obedecem a um critério topológico que

enumera, por primeiro, os direitos individuais - igualdade, liberdade

de consciência, de crença, de expressão e de locomoção, direito ao

sigilo das correspondências, de dados e das comunicações telefónicas,

dentre tantos outros - para, só mais à frente, tratar de entidades

associativas, cooperativas, entidades sindicais, partidos etc. Afigura-

se, assim, que a ordem constitucional parece ter pretendido conectar

a reparação por dano moral a direitos que integram o patrimônio

jurídico do indivíduo, em específico.

Mas o critério topológico, deve-se reconhecer, é apenas mais

um instrumento auxiliar de interpretação da norma constitucional.

Mostra-se especialmente mais relevante que este critério a vinculação

expressamente estabelecida, no art. 5o, X, da CRFB, entre direitos os

direitos da personalidade -intimidade, vida privada, honra e imagem

"das pessoas" - e o direito à reparação por danos morais. Tenho que

ao fazer tal vinculação a CRFB conferiu uma feição própria ao dano

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moral, deu-lhe uma identidade e estabeleceu, para o julgador, um

critério prático de avaliação da existência, ou não, de dano desta

natureza.

A adoção deste entendimento torna mais clara a

compreensão da matéria que, não raro, tem-se mostrado suscetível de

variados equívocos, alguns dos quais deram ensejo à proliferação de

pedidos inteiramente despidos de fundamento e a excessos que

podem, inclusive, pôr em risco a dignidade do instituto.

Com efeito, no contexto do movimento que se convencionou

denominar de "repersonalização do direito civil" - a pessoa, e náo o

patrimônio, como fundamento das relações civis o dano moral deve

ser visto como um consectário da violação de um ou mais dos direitos

da personalidade. Não há, portanto, dano moral indenizável se não

houver ofensa a, pelo menos, um daqueles direitos da personalidade

arrolados, embora não exaustivamente, na Constituição Federal e no

Código Civil. Então, não há que se cogitar de dano moral em razão,

exclusivamente, de uma alegada e difusa "dor espiritual" ou

psicológica, sem que tenha havido uma violação objetiva e

identificável à vida, à liberdade, à honra, à integridade física ou

psíquica, à privacidade, à imagem, à identidade pessoal ou a

qualquer outro direito desta natureza.

O que todos estes direitos da personalidade têm em comum?

São absolutos, no sentido de que oponíveis erga omnes; são

relativamente indisponíveis, já que o seu titular deles não pode dispor

em caráter definitivo; são imprescritíveis; são extrapatrimoniais e são

também - e isto nos parece essencial à compreensão da matéria -

vitalícios e imprescritíveis, além de pertencerem à esfera mais íntima

da pessoa.

Sem ignorar a existência de respeitáveis defensores de

entendimento diverso, não vislumbro como conciliar esta feição dos

direitos da personalidade, a que nos referimos acima, com a ideia de

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um dano moral que transcenda a esfera do indivíduo para alcançar a

coletividade ou, ainda mais, como aqui se pretende, uma coletividade

indeterminada, como aquela que titulariza os direitos difusos.

Com efeito, no contexto do movimento que se convencionou

denominar de "repersonalização do direito civil" - a pessoa, e náo o

patrimônio, como fundamento das relações civis o dano moral deve

ser visto como um consectário da violação de um ou mais dos direitos

da personalidade. Não há, portanto, dano moral indenizável se não

houver ofensa a, pelo menos, um daqueles direitos da personalidade

arrolados, embora não exaustivamente, na Constituição Federal e no

Código Civil. Então, não há que se cogitar de dano moral em razão,

exclusivamente, de uma alegada e difusa "dor espiritual" ou

psicológica, sem que tenha havido uma violação objetiva e

identificável à vida, à liberdade, à honra, à integridade física ou

psíquica, à privacidade, à imagem, à identidade pessoal ou a

qualquer outro direito desta natureza.

O que todos estes direitos da personalidade têm em comum?

São absolutos, no sentido de que oponíveis erga omnes; são

relativamente indisponíveis, já que o seu titular deles não pode dispor

em caráter definitivo; são imprescritíveis; são extrapatrimoniais e são

também - e isto nos parece essencial à compreensão da matéria -

vitalícios e imprescritíveis, além de pertencerem à esfera mais íntima

da pessoa.

Sem ignorar a existência de respeitáveis defensores de

entendimento diverso, não vislumbro como conciliar esta feição dos

direitos da personalidade, a que nos referimos acima, com a ideia de

um dano moral que transcenda a esfera do indivíduo para alcançar a

coletividade ou, ainda mais, como aqui se pretende, uma coletividade

indeterminada, como aquela que titulariza os direitos difusos.

Como é comum em temas que se situam na fronteira entre o

direito e a filosofia, a jurisprudência, também aqui, parece dividida.

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Em apoio ao entendimento ao qual me filio, importa referir relevante

julgado do Superior Tribunal de Justiça (REsp 598281/MG. DJ

01.06.2006), em cujo voto condutor o Min. Teori Zavaski anotou: "A

vítima do dano moral é, necessariamente, uma pessoa. Não parece ser

compatível com o dano moral a ideia da "transindividualidade" (= da

indeterminabilidade do sujeito passivo e da indivisibilidade da ofensa e

da reparação) da lesão". Tais fundamentos foram utilizados como

razão de decidir, mais recentemente, no julgamento, pelo STJ, do

REsp 971844/RS, DJe 12/02/2010 e, no âmbito do TRF 1a Região, no

julgamento da AC 200439020007799, 5a Turma, e-DJF1 07.02.2012.”

Assim, deve ser afastada a alegação de que, tendo a condenação por dano moral um duplo caráter, reparar o dano e punir o ofensor, o dano moral coletivo se fundaria na busca pela valoração da segunda vertente, de modo a não deixar "sem resposta" uma demanda da sociedade por punição ao transgressor da norma. Pois assim, surgiria, um risco grave para a segurança jurídica, na medida em que, assim, o efeito pretendido (punir como forma de prevenção geral) é que guia o julgador, e não, como deve ser, o raciocínio lógico-jurídico que identifica o fato, faz o seu cotejo com o ordenamento jurídico e extrai a norma para o caso concreto. Não é sem razão que os que abraçam este entendimento reconhecem que a coletividade é desprovida de conteúdo próprio da personalidade e que, portanto, falta ao "dano moral coletivo" fundamento ontológico.

Desta forma, diante da inexistência de danos morais que não possam ser diretamente vinculados aos direitos da personalidade e que ultrapassem a esfera do indivíduo para se estenderem a coletividades indeterminadas, os pedidos de de condenação dos réus ao pagamento solidário do dano moral coletivo pela violação ao patrimônio público federal consubstanciado na qualidade do serviço de transporte; pela violação do direito à vida, à integridade física e à saúde dos cidadãos-usuários da rodovia federal; pela violação do direito à segurança pessoal e patrimonial dos cidadãos-usuários da rodovia federal; pela violação ao meio ambiente e pela violação à ordem econômica e concorrencial devem ser julgados improcendentes.

DOS VALORES ATRIBUÍDOS A CADA UM DOS PEDIDOS

O autor em seus pedidos de pagamento solidário dos danos materiais e dos danos morais coletivos atribue o absurdo valor total de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), contudo, em momento algum dos autos o mesmo explicita os parâmetros usados

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para atribuir valores a cada um dos pedidos, motivo pelo qual o réu impugna o valor atribuido a todos eles.

Contudo, na remota hipótese de V. Exa., entender que existem danos a serem reparados pelos réus, pugna o autor que os mesmos sejam fixados tendo como parâmetro o valor do produto transportado, em conformidade com a nota fiscal acostada pelo réu nos autos.

DO DIREITO

Diante dos fatos e fundamentos supracitados pugna o réu que V. Exa., se digne a:

a) Conceder os benefícios da justiça gratuita ao réu;

b) Extinguir o feito sem julgamento do mérito, ante descumprimento da ordem emanada para o autor de apresentar prova documental do dano alegado, vez que as fotos constantes no CD apresentado pelo autor não comprovam o dano alegado;

c) Extinguir o feito em face do réu por ilegitimidade passiva;

d) Julgar totalmente improcedentes todos os pedidos aduzidos pelo autor, condenando o mesmo ainda ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.

Pretende provar o alegado por meio de todas as provas admitidas em direito, em especial a prova documental, testemunhal e pericial.

Nestes termos,Pede deferimento.

Patos de Minas, 01 de março de 2013.

Wellington Gomes Rosa da CostaOAB/MG 104.822

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