ação de indenização defeito carro novo

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  • ADVOCACIA & CONSULTORIA JURDICA

    ILDSON ALMEIDA MARTINS

    __________________________________________________________________________________________________________

    Rua 03, Qd 02 Lt 01, Setor Nogueira, Porangatu GO Fone (62) 3367 2413 / 8622 2256

    E-mail: [email protected] 1/23

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1 VARA CVEL DA

    COMARCA DE TAGUATINGA-TO

    C P FABRICACAO DE PADROES DE ENERGIA

    LTDA, pessoa jurdica de direito privado inscrita no CNPJ sob o n 08.350.934/0001-65, com

    sede situada na Av. Par, Qd 03 Lt 02 n 1.022, centro, Gurupi-TO, CEP 77403-010, representada

    neste ato por seu scio RICARDO AGUIAR GLRIA, brasileiro, casado, mdico veterinrio,

    portador do RG 1.095.682 e CPF 380.490.071-20 , residente e domiciliado na Rua 14, QD 33, LT

    05 na cidade de Taguatinga-To, por intermdio de seu advogado e procurador que esta subscreve,

    com endereo profissional descrito no rodap, vem, respeitosamente a presena de Vossa

    Excelncia, com fundamento nos artigos 81, 83 e 101, todos da Lei n 8.078/90 (Cdigo de Defesa

    do Consumidor) cumulado com o art. 94 do CPC e art. 75, IV do CC, propor:

    AO DE INDENIZAO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS CUMULADA COM

    LUCROS CESSANTES

    Contra a concessionria da Mercedes-Benz ANADIESEL, pessoa jurdica de direito privado,

    inscrita sob o CNPJ n 01.018.332/0010-57, situada na Rodovia To 050 ASR-SE 105, QI-I L 1

    E 18 Setor Textil / Couro / Caladista, Palmas-To, CEP: 77150-020 e contra MERCEDES-

    BENZ DO BRASIL LTDA, inscrita no CNPJ sob o n. 59.104.273/0001-29, com sede na

    Avenida Alfred Jurzykowski, 562, Bairro Vila Paulicia, CEP 09680-900 - So Bernardo do

    Campo SP, pelas razes de fato e de direito a seguir apontadas:

    1. SUMRIO DOS FATOS

    1. O Autor, no dia 09/02/2012 adquiriu um caminho da marca

    Mercedes-Benz, modelo AXOR2644S/33 da empresa ANADIESEL. No mesmo ato foi celebrado

    um contrato de garantia pelo prazo de 02 (dois) anos contra defeitos no motor e cmbio.

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    2. Ocorre que j na primeira reviso, o veculo apresentou barulho

    diferenciado no cmbio. Mesmo diante da reclamao do Autor, a contratada no se empenhou

    com a devida diligncia a fim de solucionar o problema. Aps idas e vindas e diante da

    persistncia do defeito, em ocasio da reviso feita em 07/06/2013, a referida empresa, enfim,

    mostrou real interesse em fazer uma investigao mais acurada. Nesse sentido, gravou um udio

    com o som anmalo do cmbio a fim de envi-lo para a fbrica da Mercedes para que

    identificassem o supracitado defeito.

    3. Em conversa amistosa, o Sr. Jonas, que mecnico da

    concessionria, chegou a afirmar que o cmbio deste modelo de caminho tinha um extenso

    histrico de defeito de fbrica.

    4. No obstante ao momentneo interesse demonstrado pela R,

    nenhuma providncia foi tomada em relao a substituio da pea, mas to somente tomaram

    medidas que se demonstraram paliativas no decorrer dos acontecimentos. Ao se aproximar do

    trmino do contrato de garantia, o Autor voltou a contatar o Sr. Joo Marcelo (gerente geral) e o

    Sr. Fabrcio (chefe de oficina) que se aproveitando da relao de confiana estabelecida entre as

    partes, tranquilizaram o Autor informando que a empresa possua o histrico do defeito

    apresentado pelo veculo e que por ser prematuro, a Mercedes arcaria com todas as despesas

    correlatas.

    5. No ano de 2014, o veculo passou a apresentar um defeito que

    seria uma evoluo do defeito anteriormente detectado. O cmbio comeou a pular a terceira e a

    quinta marcha. Depois de alguns procedimentos realizados na oficina da concessionria em

    questo, o veculo voltou a funcionar em aparente normalidade. Ocorre que passados pouco mais

    de dois meses, voltou a apresentar o mesmo defeito. No dia 01/09/2014, o Autor procurou a

    empresa Rodobens Caminhes Cirasa, que tambm concessionria e assistncia autorizada da

    Mercedes-Benz relatando os defeitos. A Rodobens concluiu pela necessidade da troca do cmbio,

    porm, no foi autorizado pelo Autor visto que o caminho estava em garantia.

    6. O Autor mais uma vez procurou a R e desta vez o Sr. Fabrcio

    informou que a fbrica substituiria o cmbio sob a condio de o Autor arcar com 20% das

    despesas. Relutante em aceitar, mas sob a sombra do prejuzo de se manter o veculo parado, a

    contragosto, aceitou a proposta com o nico intuito de diminuir o prejuzo que se somava a cada

    dia, mas intimamente convicto de que empreenderia a defesa de seus direitos em juzo.

    7. O cmbio foi pedido no mesmo dia e o caminho foi liberado

    para utilizao em servios leves enquanto aguardava a chegada da pea. Findando o ms de

    fevereiro, o Sr. Fabrcio, ligou informando que o cmbio j se encontrava na concessionria. Em

    decorrncia dos contratos assumidos, o Autor perguntou se poderia levar o veculo no dia

    20/04/2015 e obteve resposta positiva, pois, nas palavras do Sr. Fabrcio, no haveria nenhum

    problema, pois, o cmbio j se encontrava na oficina.

    8. Ocorre que quando o veculo se deslocava para a ANADIESEL,

    em Palmas, o Sr. Fabrcio, no dia 17/04/2015, ligou informando que a fbrica no realizaria a

    substituio do cmbio sob a alegao de ter transcorrido mais de 30 dias sem que o caminho

    fosse apresentado para a referida substituio. O Autor no foi informado da existncia de

    qualquer prazo que se no cumprido impediria a substituio do cmbio. O Sr. Joo Marcelo

    ratificou as informaes no sentido de que a Mercedes-Benz no trocaria a pea.

    9. Ante a negativa da Concessionria, o Autor, no dia 20/04/2015

    entrou em contato com a fabricante atravs do nmero 0800 970 9090 para registrar uma

    reclamao e foi informado que o cmbio foi recolhido e que no seria substitudo s custas da

    fabricante. A reclamao foi registrada sob o nmero de protocolo 13911883.

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    10. O Autor continuou a tentar resolver o impasse

    extrajudicialmente, e para tanto, registrou reclamaes nos sites www.reclameaqui.com.br e no

    site www.reclamao.com.

    11. Ante o insucesso com as reclamaes nos sites mencionados, sem

    sada, o Autor, em 05/05/2015, pagou o valor de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) pela

    substituio do cmbio.

    12. Na tentativa de obter o histrico de manuteno do caminho

    junto a R, o Autor solicitou a entrega das Ordens de Servios referentes a manuteno no cmbio,

    porm foi informado por mensagem de texto via celular que essas informaes somente poderiam

    ser cedidas pela fbrica. Quanto ao udio gravado com som anmalo do caminho, segundo o Sr.

    Joo Marcelo, a empresa perdeu o backup do computador em que o referido udio estava

    armazenado, o que lhe bastante conveniente.

    2. DO DIREITO

    2.1 DA RELAO DE CONSUMO

    2.1.1 DO FORNECEDOR

    13. O Cdigo de Defesa do Consumidor traz em seus art. 2 e 3

    normas interpretativas no qual estabelecem expressamente os conceitos de consumidor e de

    fornecedor:

    Art. 2. Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire

    ou utiliza produto ou servio como destinatrio final

    Art. 3. Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou

    privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes

    despersonalizados, que desenvolvem atividades de produo,

    montagem, criao, construo, transformao, importao,

    exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou

    prestao de servios.

    1. Produto qualquer bem, mvel ou imvel, material ou

    imaterial.

    2. Servio qualquer atividade fornecida no mercado de

    consumo, mediante remunerao, inclusive de natureza bancria,

    financeira, de crdito e securitria, salvo as decorrentes das

    relaes de carter trabalhista.

    14. Pelo disposto nos artigos acima colacionados, no resta dvida

    de que a Anadiesel se enquadra no conceito de fornecedor, haja vista ser pessoa jurdica de direito

    privado que comercializa produtos, a saber veculos automotores e peas, e ainda atua na

    prestao de servio de manuteno e reviso dos veculos ali comercializados ou mesmo de outra

    procedncia.

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    2.1.2 DO CONSUMIDOR

    2.1.2.1 DA TEORIA FINALISTA

    15. No h controvrsia quanto a aplicao da teoria finalista

    relao de consumo. O art. 2 do CDC enftico ao conceituar o consumidor como aquele que

    utiliza produto ou servio como destinatrio final, seja pessoa fsica ou pessoa jurdica. Por

    destinatrio final, entende-se por aquele que adquire um produto para utilizao prpria. Difere

    do consumo intermedirio cujo o produto adquirido retorna para as cadeias de produo e

    distribuio, compondo o custo de um novo produto.

    16. O ministro Ari Pargendler, em ocasio do julgamento do Resp n.

    716.877, realizado em 2007, na Terceira Turma, afirmou em seu voto que a noo de destinatrio

    final no unvoca. A doutrina e a jurisprudncia vm ampliando a compreenso da expresso

    destinatrio final para aqueles que enfrentam o mercado de consumo em condies de

    vulnerabilidade, disse.

    A noo de destinatrio final no unvoca. Pode ser entendida

    como o uso que se d ao produto adquirido. Sob esse vis, seria

    consumidora a pessoa jurdica que utilizasse o produto para

    fins no econmicos. Isso poderia reduzir a proteo legal do

    consumidor a pessoas jurdicas sem finalidade lucrativa. A

    doutrina e a jurisprudncia, por isso, vm ampliando a

    compreenso da expresso "destinatrio final" para aqueles

    que enfrentam o mercado de consumo em condies de

    vulnerabilidade. (Grifo nosso)

    (Texto extrado do voto do EXMO. SR. MINISTRO ARI

    PARGENDLER (Relator) do RECURSO ESPECIAL N

    716.877 - SP (2005/0004852-3))

    17. Trata-se do que a doutrina vem denominado de finalismo

    aprofundado, visto que a vulnerabilidade constitui princpio motor da poltica nacional da relao

    de consumo expressamente fixada no art. 4, I do CDC.

    2.1.2.2 DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR

    18. Como bem disse o ministro Pargendler, o conceito de destinatrio

    final est intimamente relacionado a noo de vulnerabilidade daquele que adquire um produto

    ou servio e desse binmio se extrai o conceito de consumidor. Ordinariamente, a vulnerabilidade

    pode ser tcnica, jurdica, contbil ou econmica e ftica. Atualmente o STJ tem reconhecido a

    vulnerabilidade informacional que protege o consumidor de dados insuficientes sobre o produto

    ou servio capazes de influenciar no processo decisrio de compra.

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    2.1.2.2.1 DA VULNERABILIDADE TCNICA

    19. Consiste na falta de conhecimento tcnico relacionado ao

    produto ou servio prestado. a contraposio ao domnio da tcnica. Dominar a tcnica consiste

    no alto nvel de conhecimento a respeito de algo ao ponto de ser capaz de controlar todos os

    processos envolvidos em uma determinada atividade.

    20. Essa no a verdade que se extrai do caso em tela. Ser

    proprietrio de um veculo automotor qualquer que seja a finalidade, no faz do proprietrio um

    especialista no assunto. Tambm no obriga o proprietrio a manter em seu quadro de

    funcionrios um que seja especialista no assunto. Diante dessa realidade, a prpria concessionria

    oferece servio especializado para manuteno dos produtos que vende. Na verdade, esse o

    diferencial alegado pelas prprias concessionrias em face das mais diversas oficinas presentes

    em todas as cidades do pas.

    21. O fato que o Autor proprietrio de um caminho e no

    possui conhecimento tcnico sobre o produto adquirido e que em decorrncia disso, diante

    da vulnerabilidade tcnica, utiliza os servios especializados da oficina da concessionria

    em questo. Ora, se possusse o domnio da tcnica, qual seria a necessidade de buscar os

    servios de manuteno da concessionria?

    22. Dessa feita, o Autor preenche um dos requisitos no-cumulativos

    da vulnerabilidade, por tanto, se enquadra no conceito de consumidor e obrigatoriamente impe

    que a defesa de seu interesse seja feita nos termos do Cdigo de Defesa do Consumidor.

    2.1.2.2.2 DA VULNERABILIDADE JURDICA

    23. Embora vigore no ordenamento jurdico brasileiro o princpio de

    que ningum pode beneficiar-se da prpria torpeza, existe uma preocupao na atualidade do

    Direito em relao ao Direito contratual no que diz respeito ao seu contedo, quanto ao

    cumprimento da funo social aliado a manuteno da equivalncia material e a presena da boa-

    f objetiva.

    24. Dessa anlise a lei passou a presumir juridicamente

    vulnervel o trabalhador, o inquilino, o consumidor, o aderente de contrato de adeso. Por

    vulnerabilidade, segundo o dicionrio Aurlio, Diz-se do lado fraco de um assunto ou de uma

    questo, ou do ponto pelo qual algum pode ser atacado ou ferido.

    25. A lei busca resguardar a parte fraca da relao contratual que por

    vezes se encontra inserido num contexto que no est preparado para enfrentar. Presumir

    juridicamente a vulnerabilidade do consumidor, pressupe, em regra, que este no rene

    condies para analisar as consequncias jurdicas tratadas em cada clusula contratual e na

    mesma proporo, a consequncia dos atos praticados. Do contrrio, nesse aspecto, todos

    deveramos ser, no mnimo, Bacharis em Direito.

    26. Analisando os fatos, de fcil percepo a vulnerabilidade

    jurdica do Autor. Desde o ato da compra, estabeleceu-se uma relao de confiana entre as

    partes, obviamente que do ponto de vista do Autor. Em todas as oportunidades em que se deu

    entrada do caminho na oficina da concessionria, havia a certeza de que seria prestado um

    servio especializado e que aquele seria o melhor lugar em que o caminho poderia estar para

    manuteno. Isso demonstra a confiana e zelo pelo produto, haja vista que os preos praticados

    em oficinas de concessionrias so historicamente superiores aos de outras oficinas comerciais.

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    27. Pela confiana, nunca se exigiu da parte contratada um laudo

    que descrevesse os servios realizados para cada oportunidade em que o caminho esteve

    em manuteno. O que ordinariamente ocorria era o destacamento do motorista para levar

    o caminho at a oficina e retir-lo ao trmino do servio. O Autor acompanhava por

    telefone sob a confiana de que todos os possveis defeitos seriam verificados e prontamente

    corrigidos.

    28. Dentro da relao de confiana estabelecida, o Autor foi levado

    a acreditar que receberia toda assistncia possvel, haja vista se tratar de um defeito prematuro

    apresentado quando o caminho estava dentro do prazo de garantia e de que a Anadiesel possua

    todo histrico do defeito capaz de comprovar tal condio.

    29. Tal comportamento demonstra a vulnerabilidade jurdica do

    Autor. Se a vulnerabilidade no existisse, ter-se-ia reunido todos os documentos probatrios e

    essa ao no seria de indenizao por perdas e danos, mas ao cominatria, ou seja, ao de

    obrigao de fazer.

    30. Por esta razo o Autor juridicamente vulnervel e faz jus que a

    defesa de seus direitos seja feita nos termos do CDC.

    2.2 DA PRERROGATIVA DO FORO DO DOMICLIO DO CONSUMIDOR

    31. Pelas regras gerais, a determinao do foro competente para

    ajuizamento da ao surge da integrao do Cdigo Civil e do Cdigo de Processo Civil. Segundo

    o art. 94 do CPC, as aes fundadas em direito pessoal e em direito real devero ser propostas no

    foro do domiclio do ru, vejamos:

    Art. 94. A ao fundada em direito pessoal e a ao fundada em

    direito real sobre bens mveis sero propostas, em regra, no

    foro do domiclio do ru.

    32. Doutra sorte, o art. 75, IV, diz que excepcionada a Fazenda

    Pblica, paras as demais pessoas jurdicas o domiclio ser o lugar onde funcionarem as

    respectivas diretorias e administraes, ou onde elegerem domiclio especial no seu estatuto ou

    atos constitutivos. No caso de mais de um estabelecimento, o 1 do referido artigo prev que

    cada um deles ser considerado domiclio para os atos nele praticados, vejamos:

    Art. 75. Quanto s pessoas jurdicas, o domiclio :

    [...]

    IV - das demais pessoas jurdicas, o lugar onde funcionarem as

    respectivas diretorias e administraes, ou onde elegerem

    domiclio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.

    1 Tendo a pessoa jurdica diversos estabelecimentos em

    lugares diferentes, cada um deles ser considerado domiclio

    para os atos nele praticados.

    [...]

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    33. O art. 12, VI do CPC, trata da representao da pessoa jurdica

    em juzo ativa ou passivamente. Segundo o referido dispositivo legal, as pessoas jurdicas sero

    representadas por quem os respectivos estatutos designarem, ou, no os designando, por seus

    diretores. Vejamos:

    Art. 12. Sero representados em juzo, ativa e passivamente:

    [...]

    VI - as pessoas jurdicas, por quem os respectivos estatutos

    designarem, ou, no os designando, por seus diretores;

    34. Assim, o foro competente ser o do lugar do domiclio do Ru e

    o domiclio do Ru, dentre outros, poder ser o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias

    e administraes ou se no caso de diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles

    ser considerado domiclio para os atos nele praticados.

    35. A competncia para as aes que envolvam relaes de consumo

    deve ser aquela que mais favorece ao consumidor, dentro dos parmetros estabelecidos no art. 94,

    do Cdigo de Processo Civil, e art.75, IV, do Cdigo Civil interpretados sob a gide do 101 e

    incisos, da Lei 8.078/90 Cdigo de Defesa do Consumidor. Nesse sentido est a jurisprudncia,

    vejamos:

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DECLNIO DE

    COMPETNCIA. AO DE REVISO DE CLASULAS

    CONTRATUAIS. RELAO DE CONSUMO.

    PROPOSITURA DA AO NO DOMICLIO DO RU.

    MERA FACULDADE. INTELIGNCIA DOS ARTS. 101,

    INCISO I DO CDC E ART. 94 DO CPC C/C ART. 75, 1

    DO CDIGO CIVIL. 1. Nas aes que versam sobre relao

    de consumo, o Autor tem a faculdade de propor a demanda

    no foro do seu domiclio, consoante regra inserta no art. 101,

    I, do CDC, ou no foro do domiclio do ru, com base na regra

    geral, nos termos do art. 94 do Cdigo de Processo Civil c/c

    art. 75, pargrafo 1 do Cdigo Civil. 2. Ao distribuda no

    Frum Central, de acordo com o interesse do agravante/Autor,

    opo pelo ajuizamento no lugar onde se situa o domiclio do

    agravado/ru. Possibilidade. Precedentes jurisprudenciais do

    TJERJ. 3. Recurso provido, na forma do artigo 557, 1-A, do

    CPC, para determinar o prosseguimento do feito em seu Juzo de

    origem.

    (TJ-RJ , Relator: DES. ADOLPHO CORREA DE ANDRADE

    MELLO JUNIOR, Data de Julgamento: 30/07/2013, NONA

    CAMARA CIVEL)

    36. A lgica sistmica de ampla proteo ao consumidor e a

    facilitao da defesa consumerista prevista no art. 6, VIII c/c o art. 101, I, ambos do CDC,

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    condiciona a prerrogativa do foro do domiclio do consumidor sob pena de inviabilizao de sua

    defesa. Vejamos:

    Art. 6 So direitos bsicos do consumidor:

    [...]

    VIII - a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a

    inverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,

    a critrio do juiz, for verossmil a alegao ou quando for ele

    hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincias;

    Art. 101. Na ao de responsabilidade civil do fornecedor de

    produtos e servios, sem prejuzo do disposto nos Captulos I e

    II deste ttulo, sero observadas as seguintes normas:

    I - a ao pode ser proposta no domiclio do Autor;

    37. No que se refere a jurisprudncia, tem-se decidido pela

    preservao do foro do domiclio do consumidor, haja vista ser a parte hipossuficiente da relao

    jurdica. Vejamos:

    Julgado 01:

    "DIREITO CIVIL. CDIGO DE DEFESA DO

    CONSUMIDOR. CONTRATO DE ADESO. ARTIGO 535, II,

    CPC. VIOLAO. NO-OCORRNCIA. EXAME DE

    MATRIA CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE

    EXAME NA VIA DO RECURSO ESPECIAL.

    COMPETNCIA TERRITORIAL ABSOLUTA.

    POSSIBILIDADE DE DECLINAO DE

    COMPETNCIA. AJUIZAMENTO DA AO.

    PRINCPIO DA FACILITAO DA DEFESA DOS

    DIREITOS. COMPETNCIA. FORO DO DOMICLIO DO

    CONSUMIDOR.

    (...)

    3. O magistrado pode, de ofcio, declinar de sua competncia

    para o juzo do domiclio do consumidor, porquanto a

    Jurisprudncia do STJ reconheceu que o critrio determinativo

    da competncia nas aes derivadas de relaes de consumo de

    ordem pblica, caracterizando-se como regra de competncia

    absoluta.

    4. O microssistema jurdico criado pela legislao

    consumerista busca dotar o consumidor de instrumentos que

    permitam um real exerccio dos direitos a ele assegurados e,

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    entre os direitos bsicos do consumidor, previstos no art. 6,

    VIII, est a facilitao da defesa dos direitos privados.

    5. A possibilidade da propositura de demanda no foro do

    domiclio do consumidor decorre de sua condio pessoal de

    hipossuficincia e vulnerabilidade.

    6. No h respaldo legal para deslocar a competncia de foro em

    favor de interesse de representante do consumidor sediado em

    local diverso ao do domiclio do Autor.

    7. Recurso especial no-conhecido."

    (STJ, 4. T, Resp n. 1.049.639, Min. Joo Otvio, j. 16.12.2008,

    DJ 2.2.09)

    (Grifo nosso)

    Julgado 02:

    "PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE CONSRCIO.

    CLUSULA DE ELEIO DE FORO. NULIDADE.

    DOMICLIO DO CONSUMIDOR. PARTE

    HIPOSSUFICIENTE DA RELAO. FORO ELEITO.

    1. A jurisprudncia do STJ firmou-se, seguindo os ditames do

    Cdigo de Defesa do Consumidor, no sentido de que a clusula

    de eleio de foro estipulada em contrato de consrcio h que

    ser tida como nula, devendo ser eleito o foro do domiclio do

    consumidor a fim de facilitar a defesa da parte

    hipossuficiente da relao.

    2. Agravo regimental desprovido."

    (STJ, AgRg no Ag 1070671/SC, Rel. Ministro JOO OTVIO

    DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 27/04/2010,

    DJe 10/05/2010)

    (Grifo nosso)

    38. Analisando o caso em tela nos termos das regras de

    competncia, o foro ser o do lugar onde est situada a administrao da Pessoa Jurdica

    consumidora, na pessoa de seu administrador. Ora, a regra geral determina que o foro

    competente , dentre outros, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrao

    e ao se aplicar a norma do art. 101, I do CDC, inverte-se o foro competente passando a ser o do

    domiclio do Autor. No caso de a Pessoa Jurdica se enquadrar como consumidora, o foro

    competente ser o do seu domiclio assim considerado, nos termos do art. 75, IV do CC c/c o art.

    101, I do CDC e art. 12, VI do CPC, qual seja o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias

    e administrao, na pessoa de seu administrador.

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    39. Como o proprietrio administrador reside na cidade de

    Taguatinga TO, ante ao exposto, o foro competente ser o da Comarca de Taguatinga TO.

    2.3 DA RESPONSABILIDADE SOLIDRIA

    40. O art. 18 do CDC enftico ao determinar que a responsabilidade

    solidria entre fabricante e o comerciante de veculos no caso por vcios de qualidade ou

    quantidade que os tornem o produto imprprios ou inadequados ao consumo a que se destinam

    ou lhes diminuam o valor, in verbis:

    Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo durveis ou

    no durveis respondem solidariamente pelos vcios de

    qualidade ou quantidade que os tornem imprprios ou

    inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam

    o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com

    a indicaes constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem

    ou mensagem publicitria, respeitadas as variaes decorrentes

    de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituio das

    partes viciadas.

    (Grifo nosso)

    41. Dessa forma, tanto a concessionria Anadiesel quanto o

    fabricante Mercedes-Benz do Brasil so responsveis pelo vcio do produto podendo ambas

    figurarem no polo passivo da ao.

    2.4 DA INVERSO DO NUS DA PROVA

    42. Em decorrncia da responsabilidade objetiva, o consumidor no

    tem mais a responsabilidade de provar dolo ou culpa do agente, bastando provar o fato

    constitutivo do seu direito. O j colacionado inc. VIII do art. 6 inclui nos direitos bsicos do

    consumidor a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova

    que consiste na inverso do encargo atribudo ao Autor de provar o alegado.

    2.5 DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

    43. A responsabilidade civil a obrigao de reparar o dano causado

    outra pessoa. O CDC adotou a responsabilidade objetiva do tipo risco da atividade que se traduz

    na obrigao de indenizar outra pessoa independente de dolo ou culpa, ou seja, ainda que o

    fornecedor no tenha contribudo para o vcio ter a obrigao de indenizar e com muito mais

    razo ter a mesma obrigao se tiver contribudo para tal, conforme dispe os arts. 12 e 14,

    ambos do CDC. Vejamos respectivamente:

    Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou

    estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da

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    existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos

    consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricao,

    construo, montagem, frmulas, manipulao, apresentao ou

    acondicionamento de seus produtos, bem como por informaes

    insuficientes ou inadequadas sobre sua utilizao e riscos.

    1 O produto defeituoso quando no oferece a segurana que

    dele legitimamente se espera, levando-se em considerao as

    circunstncias relevantes, entre as quais:

    I - sua apresentao;

    II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

    III - a poca em que foi colocado em circulao.

    [...]

    3 O fabricante, o construtor, o produtor ou importador s no

    ser responsabilizado quando provar:

    I - que no colocou o produto no mercado;

    II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito

    inexiste;

    III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

    Art. 14. O fornecedor de servios responde, independentemente

    da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos

    consumidores por defeitos relativos prestao dos servios,

    bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre

    sua fruio e riscos.

    1 O servio defeituoso quando no fornece a segurana que

    o consumidor dele pode esperar, levando-se em considerao as

    circunstncias relevantes, entre as quais:

    I - o modo de seu fornecimento;

    II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

    III - a poca em que foi fornecido.

    [...]

    3 O fornecedor de servios s no ser responsabilizado

    quando provar:

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    I - que, tendo prestado o servio, o defeito inexiste;

    II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

    4 A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais ser

    apurada mediante a verificao de culpa.

    44. Portanto, diante da responsabilidade objetiva disciplinada pelo

    CDC, seja pelo defeito de fbrica ou pelo vcio de qualidade, a R responde independentemente

    de dolo ou culpa.

    2.6 DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO VCIO DO PRODUTO

    45. O caput do art. 26 e o seu 3 do CDC, preveem a

    responsabilidade do fornecedor tanto para os casos de vcios ocultos, isto , pelo vcio redibitrio,

    quanto para o vcio aparente, ou seja, pelo vcio de fcil constatao. J o art. 18 do mesmo codex

    prev que o vcio ocorre quando o produto ou servio apresenta uma inadequao quanto a sua

    qualidade, quantidade ou informao, tornando o produto imprprio ou inconveniente para o

    consumo. Seno vejamos respectivamente:

    Art. 26. O direito de reclamar pelos vcios aparentes ou de fcil

    constatao caduca em:

    [...]

    3 Tratando-se de vcio oculto, o prazo decadencial inicia-se no

    momento em que ficar evidenciado o defeito.

    Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo durveis ou

    no durveis respondem solidariamente pelos vcios de qualidade

    ou quantidade que os tornem imprprios ou inadequados ao

    consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim

    como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicaes

    constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou

    mensagem publicitria, respeitadas as variaes decorrentes de

    sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituio das

    partes viciadas.

    46. Quem aliena um bem tem o dever de responder pelo seu perfeito

    estado. uma garantia implcita presente em todo contrato bilateral oneroso, portanto, independe

    de meno expressa no contrato e no importa se est sob a gide do Cdigo Civil ou do Cdigo

    de Defesa do Consumidor.

    47. O 3 art. 26 que trata do vcio redibitrio e merece ser tratado

    em tpico especfico.

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    2.7 DO VCIO REDIBITRIO

    48. Trata-se dos defeitos ocultos que diminuem a utilidade ou o valor

    do bem, de modo que o contrato no se teria realizado caso fossem conhecidos. Possui como

    requisito para adequao: que a coisa seja recebida em virtude de um contrato bilateral

    comutativo, ou de doao onerosa; que o defeito seja oculto, ou seja, imperceptvel pelo homem

    mdio da sociedade; que o vcio existia antes da entrega do bem; e que o defeito seja grave a

    ponto de prejudicar o uso da coisa ou diminuir o seu valor.

    49. Como visto em linhas pretritas, o CDC em seu art. 26, 3,

    protege o consumidor contra os vcios ocultos, que nada mais que o vcio redibitrio. O defeito

    oculto elemento conceitual do vcio redibitrio. Embora o CDC o trate de forma mais benfica

    ao consumidor, a tipificao a mesma, e em ambos os casos o fabricante e o revendedor, haja

    vista se tratar de responsabilidade solidria, continuam sendo responsveis pelo produto,

    respondendo pelo seu perfeito estado de funcionamento independentemente da garantia.

    50. No caso em apreo, o Autor desde a primeira reviso informou

    sobre o barulho do cmbio, porm a contratada s se empenhou em investigar o possvel defeito

    apenas na reviso efetuada no dia 07/06/2013. O contrato de garantia contemplava justamente o

    cmbio e o motor. Normalmente, as empresas se utilizam da garantia como estratgia de

    marketing para atestar a qualidade do produto oferecido. A grosso modo, seria como se a

    fabricante dissesse: eu tenho o melhor motor e o melhor cmbio do mercado, estou to certo disso

    que garanto que em caso de defeito nos prximos dois anos, eu o conserto sem nenhum custo

    adicional.

    51. Ocorre que ainda nos primeiros 5000 Km, o cmbio j havia

    apresentado anomalia. Foi dada a oportunidade para que a empresa verificasse o problema

    precocemente e assim fosse evitado a troca da pea. Sem dar a devida ateno, o problema no

    cmbio se agravou e a concessionria j no mais sabia diagnosticar o defeito, passando a recorrer

    a fabricante. Alguns procedimentos foram realizados, porm incapazes de sanar o defeito. O

    problema se agravou ao ponto de o cmbio pular a 3 e a 5 marcha e a partir da a fabricante

    reconheceu que havia a necessidade de substituio completa do cmbio. Esse comportamento

    denuncia o fato de que foi instalada uma pea defeituosa no caminho quando ainda estava na

    fbrica, ou seja, o Autor comprou um veculo com defeito de fbrica.

    52. Por tanto, a R se omitiu ao no atender prontamente as

    impresses negativas do Autor a respeito do veculo; tratava-se de um defeito oculto, visto que

    nem mesmo os tcnicos da oficina se quer o perceberam; o defeito anterior a entrega do bem,

    pois o simples uso no condiz com o defeito apresentado e para corroborar com essa constatao,

    a prpria fbrica assumiu a maior parte dos custos da troca da pea, como pode ser verificado no

    pargrafo 6 deste instrumento.

    53. Pelo exposto, resta configurado o vcio redibitrio, qual seja, o

    defeito de fabricao do cmbio do veculo. Nos termos do art. 26, 3 combinado com o art. 14,

    ambos do CDC e todos combinados com o art. 442 do Cdigo Civil, o Autor poderia rejeitar a

    coisa redibindo o contrato ou reclamar o abatimento do preo. Vale ressaltar que o Cdigo Civil

    interage com o CDC por vezes numa relao de complementariedade e em outras de

    subsidiariedade.

    54. Diante da negativa do Ru em responder pelas obrigaes

    consumeristas previstas no CDC, o Autor realizou a substituio do cmbio as prprias custas

    com a inteno de diminuir o prejuzo, mas, j convicto de demandar a questo em Juzo.

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    2.8 DO VCIO REDIBITRIO SOB A TICA DO CDIGO CIVIL DE 2002

    55. Como dito no tpico anterior, a tipificao do vcio redibitrio

    no Cdigo Civil a mesma que ocorre no CDC, porm o cdigo consumerista amplia a proteo

    ao consumidor. Conjugando os artigos 441 e seguintes, a legislao civilista busca proteger o

    adquirente e responsabilizar o fornecedor por vcios ocultos que tornem o produto imprprio ao

    uso a que destinado, ou lhe diminuem o valor, inclusive quando o vcio, por sua natureza, s

    puder ser conhecido mais tarde. O adquirente ainda pode rejeitar a coisa, redibindo o contrato ou

    reclamar abatimento no preo.

    56. Quanto ao prazo para reclamar o defeito, o art. 446 do CC/02

    prev expressamente que no corre prazo para reclamao quando na vigncia de clusula de

    garantia, salvo os trinta dias contados do conhecimento do defeito. Vejamos:

    Art. 446. No correro os prazos do artigo antecedente na

    constncia de clusula de garantia; mas o adquirente deve

    denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu

    descobrimento, sob pena de decadncia.

    57. Da inteligncia do referido art. 446, dada a vigncia do contrato

    de garantia quando ocorreu a reclamao do defeito por parte do Autor, este se encontra

    acobertado pela regra exposta e diante do vcio de qualidade, ainda lhe sobra razes para ver

    acolhida a pretenso resistida, a saber, a substituio do cmbio nos termos do contrato de garantia

    firmado entre as partes.

    2.9 DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO VCIO DO PRODUTO SOB A TICA DO

    CDIGO CIVIL DE 2002

    58. A regra geral prevista no Cdigo Civil a da responsabilidade

    subjetiva, ou seja, h a necessidade da demonstrao da culpa, conforme disciplina os arts. 186

    927 do Cdigo Civil. Porm, a luz do art. 931, todo empresrio individual e todas as empresas

    respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos seus produtos postos em

    circulao. Vejamos:

    Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria,

    negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a

    outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito.

    Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar

    dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.

    Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os

    empresrios individuais e as empresas respondem

    independentemente de culpa pelos danos causados pelos

    produtos postos em circulao.

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    59. Assim, seja sob a gide do CC ou CDC, a R deve responder

    pelos danos causados independentemente de culpa, haja vista que o seu produto posto em

    circulao causou danos de ordem material e moral ao Autor. Material, uma vez que mesmo diante

    do defeito de fbrica durante o prazo de garantia, o Autor foi obrigado a pagar pela troca do

    cmbio. Moral, devido ao desgaste emocional causado pelo problema que se estende desde a

    compra em 2012.

    2.10 DA GARANTIA

    60. No mesmo ato de compra, foi celebrado um contrato de garantia

    pelo prazo de 02 (dois) anos contra defeitos no motor e cmbio. Tendo o veculo apresentado

    defeito j nos primeiros meses aps a compra, torna-se despropositada a discusso sobre a

    manuteno ou no da garantia, visto que o objeto do pedido e a causa de pedir antecedem o

    decurso da vigncia da garantia. Vejamos:

    APELAES CVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL.

    VECULO NOVO. VCIO DE QUALIDADE DO

    PRODUTO. FALHA NO CONSERTO. PERSISTNCIA

    DOS DEFEITOS. DEVER DE QUALIDADE NO

    OBSERVADO. DANOS MORAIS. CONFIGURAO.

    VALOR DA INDENIZAO. MANUTENO. Defeitos

    identificados pela prova pericial, ainda que no na extenso

    proclamada na inicial. Danos morais devidos, na medida em que

    a situao pela qual passou a Autora supera um mero

    aborrecimento e atinge a esfera de sua personalidade, frustrando

    sua justa expectativa com a aquisio de seu veculo zero

    quilmetro, que naturalmente pressupe maior durabilidade e

    desperta maior confiana no consumidor. Cuida-se de dano in re

    ipsa. Manuteno do quantum estabelecido pela sentena que se

    impe, pois fixado de acordo com as peculiaridades do caso

    concreto, bem como observada a natureza jurdica da condenao

    e os princpios da proporcionalidade e razoabilidade (APC

    70052218195). APELO DESPROVIDOS. (Apelao Cvel N

    70052453727, Nona Cmara Cvel, Tribunal de Justia do RS,

    Relator: Marilene Bonzanini Bernardi, Julgado em 10/04/2013)

    (TJ-RS, Relator: Marilene Bonzanini Bernardi, Data de

    Julgamento: 10/04/2013, Nona Cmara Cvel)

    (Grifo nosso)

    61. Alm de respaldado pelo contrato de garantia, o defeito

    apresentado corresponde a um vcio redibitrio que pode ser arguido mesmo aps o decurso

    da vigncia do contrato de garantia. Seja pela garantia ou em razo do vcio redibitrio, a R

    tem a obrigao de garantir o perfeito funcionamento do veculo. Trata-se da responsabilidade do

    fornecedor quanto ao vcio de qualidade.

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    2.11 DO VCIO DE QUALIDADE

    62. perfeitamente admissvel que um produto, ainda que novo,

    apresente problema de fabricao. Tambm compreensvel que esse defeito seja de difcil

    reparao, porm, imprescindvel que haja a responsabilizao do fornecedor e do fabricante

    quanto ao produto defeituoso. Vcio de qualidade est tipificado no j mencionado art. 18 do

    CDC e aquele vicio que se no for observado, acaba tornando o produto imprprio ou

    inadequados para o consumo a que se destinam ou acabam por diminuir-lhe o valor.

    63. O cmbio defeituoso torna o veculo imprprio para consumo e

    ao mesmo tempo diminui o valor. obvio que a destinao do veculo a locomoo, no caso

    em apreo, locomoo de cargas. Sem muita dificuldade de cognio, percebe-se que se o veculo

    est impossibilitado de se locomover, logo no cumpre o fim a que se destina, diminui o valor e,

    por conseguinte, resta configurado o vcio de qualidade.

    64. A prpria fbrica reconheceu a responsabilidade pelo vcio

    quando props a substituio do cmbio sob a condio de o Autor arcar com 20% dos

    valores envolvidos na substituio da pea. Sem atermos as irregularidades desta proposta,

    o que dela se extrai o reconhecimento da responsabilidade pelo vcio do produto.

    65. Como dito nos pargrafos de 6 a 8 deste instrumento, o Autor

    aceitou a proposta, pois seu prejuzo somava-se a cada dia. A fbrica mandou o cmbio que

    permaneceu por mais de trinta dias na oficina, o que a motivou a solicitar o retorno da pea para

    seu estoque, no mais autorizando a substituio. Essa alegao consubstanciado no retorno da

    pea para a fbrica, em nada diminui a responsabilidade do fornecedor sobre o vcio de qualidade.

    66. Essa deciso no encontra respaldo jurdico. Ao contrrio do

    direito alegado pela R, o Autor que tem direito de ver o vcio sobre o seu produto ser sanado

    em 30 dias. o que determina o 1 do art. 18 do CDC e no h possibilidade de se inverter o

    destinatrio da norma. Seno vejamos:

    Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo durveis ou

    no durveis respondem solidariamente pelos vcios de qualidade

    ou quantidade que os tornem imprprios ou inadequados ao

    consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim

    como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicaes

    constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou

    mensagem publicitria, respeitadas as variaes decorrentes de

    sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituio das

    partes viciadas.

    1 No sendo o vcio sanado no prazo mximo de trinta dias,

    pode o consumidor exigir, alternativamente e sua escolha:

    I - a substituio do produto por outro da mesma espcie, em

    perfeitas condies de uso;

    II - a restituio imediata da quantia paga, monetariamente

    atualizada, sem prejuzo de eventuais perdas e danos;

    III - o abatimento proporcional do preo.

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    (Grifo nosso)

    67. Em nenhum momento o artigo faz meno a possibilidade do

    fornecedor deixar de sanar o vcio de qualidade se o Autor no apresentar o produto para

    manuteno.

    68. Ainda que a R opte por alegar a razoabilidade do tempo para

    justificar tal atitude, mais uma vez no encontra respaldo no CDC ou mesmo no CC/02. O j

    colacionado art. 26 do CDC trata da decadncia e da prescrio, e se fosse tomado como

    paradigma no atenderia as expectativas da R. O referido artigo concede ao consumidor o prazo

    de 90 dias para reclamar dos vcios apresentados em produtos durveis.

    69. Qualquer elucubrao em nome da razoabilidade tentando

    aplicar tal prazo apresentao do produto para manuteno e considerando que tal aplicao

    fosse possvel, o Autor no ultrapassou esse prazo. Porm se houvesse ultrapassado apontaria

    para a vulnerabilidade jurdica do Autor, visto que nas palavras do Sr. Fabrcio (gerente da

    oficina), no haveria nenhum problema, pois, o cmbio j se encontrava na oficina.

    70. Tambm no h que se falar em Supressio visto que este se

    verifica quando, pelo modo como as partes vm se comportando ao longo da vida contratual,

    certas atitudes que poderiam ser exigidas originalmente passam a no mais poderem ser exigidas

    na sua forma original. O que houve de fato foi resultado de uma relao de confiana pois o Autor

    apresentava o veculo para manuteno e o retirava plenamente convicto que este estava em

    perfeito estado de funcionamento.

    2.12 DOS SITES DE RECLAMAO

    71. Na tentativa de resolver a questo pela via extrajudicial, o Autor

    registrou reclamaes nos sites www.reclameaqui.com.br e www.reclamao.com. Esses home

    pages de reclamao tm se mostrado verdadeiros centros virtuais de conciliao. As empresas

    numa tentativa de defender sua marca e demonstrar ao cliente a preocupao com a qualidade dos

    servios prestados, na maioria dos casos no s respondem as reclamaes como tambm

    solucionam os problemas. So sites srios que fazem ranking das empresas que mais solucionam

    os problemas por aquela via e as que mais respondem s reclamaes de seus clientes.

    2.13 DA M-F

    72. O Autor foi levado a crer que tinha se estabelecido uma

    relao de confiana com a R. No momento em que se entra numa concessionria para

    comprar um veculo de custo elevado como o que foi adquirido, essa impresso que a

    empresa quer passar para o comprador. Trata-se de uma verdadeira operao para ganhar

    o cliente. Nesse processo, os vendedores so altamente treinados para demonstrar que

    possuem o melhor veculo do mercado, a melhor assistncia tcnica e a melhor relao

    cliente/empresa. Para fortalecer a imagem positiva, ainda oferecem a garantia como meio

    persuasivo para concretizar a venda.

    73. Quando o Autor optou pela Anadiesel para finalizar a

    compra, ele no estava comprando apenas o caminho da marca Mercedes-Benz, modelo

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    AXOR2644S/33, mas todo o pacote oferecido pelo vendedor, qual seja, o melhor caminho

    da categoria, a melhor assistncia tcnica e o melhor relacionamento cliente/empresa.

    74. Essa relao de confiana durou at a negativa da empresa em

    honrar o contrato de garantia consubstanciado na prestao da devida assistncia tcnica para a

    troca do cmbio. Em todos os momentos anteriores em que o veculo esteve na oficina, o

    Autor creu que todos os possveis defeitos tinham sido verificados e corrigidos, isso porque

    no momento da compra foi convencido de que a empresa assim agiria: com presteza,

    dedicao, profissionalismo e com a verdade.

    75. Amargo engano. A R se aproveitando da confiana

    conquistada, e em ntida m-f, conduziu a situao para evitar a substituio do cmbio s

    expensas da empresa. Sempre solcita, operou manutenes paliativas at a expirao do

    prazo de garantia. Porm, ciente das obrigaes decorrentes do defeito de fbrica, tentou

    impor de forma abusiva e de m-f, que o Autor assumisse 20% dos valores envolvidos na

    substituio da referida pea.

    76. A R autorizou que o veculo realizasse trabalhos leves, que

    mesmo com a chegada do cmbio oficina no final de fevereiro, autorizou que o Autor

    levasse o veculo somente em 20/04/2015 em decorrncia dos trabalhos assumidos

    envolvendo o caminho. Tudo isso entendendo que se a referida pea de substituio

    permanecesse por mais de um ms na oficina, isentaria a R da responsabilidade pelo vcio

    do produto e pelo vcio de qualidade. Foi nessa esperana que a R autorizou o Autor a

    permanecer por mais de 30 dias trabalhando com o caminho. Tal medida ardilosa no

    encontra respaldo jurdico como demonstrado no item 2.7 e deve ser rechaada por este

    juzo.

    77. importante ressaltar que numa nica visita a Rodobens, que

    tambm concessionria e assistncia autorizada da Mercedes-Benz, foi constato a necessidade

    de substituio do cmbio.

    2.14 DOS DANOS MORAIS

    78. A clusula geral de tutela da pessoa humana consagrada no art.

    5, V e X, eleva a dignidade da pessoa humana a ncleo do ordenamento jurdico assegurando

    direito a indenizao por danos morais e materiais quando da sua violao.

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer

    natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros

    residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade,

    igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    [...]

    V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,

    alm da indenizao por dano material, moral ou imagem;

    [...]

    X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a

    imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo

    dano material ou moral decorrente de sua violao;

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    79. A indenizao por dano moral no um meio de restituio, mas

    to somente de compensao ante a ofensa aos bens de ordem moral sofridos pelo Autor. A R

    usando de m-f provocou a humilhante situao de desamparo e abandono causando angstia e

    desequilbrio ao bem-estar do Autor. No se trata apenas de um dessabor.

    80. Como visto em linhas pretritas, desde os primeiros meses de

    contrato o Autor vem sofrendo com o descaso da R, tendo que dispor de seu caminho para

    manuteno e ainda destacar um funcionrio para levar o veculo at a concessionria que proveu

    somente solues meramente paliativas. Tal comportamento, seja por imprudncia ou por

    impercia, agrava o grau de culpa e a intensidade do dolo do ofensor, j que se tivesse promovido

    uma investigao mais acurada do defeito, teria evitado o agravamento do dano e, por

    conseguinte, a necessidade de substituio total do cmbio.

    2.15 DA PUNIO E DESESTMULO

    81. Trata-se de ofensor pessoa jurdica com 05 (cinco) filiais

    compreendidas nos estados de Gois, Bahia e Tocantins e so concessionrios da multinacional

    fabricante veculos, Mercedes-Benz. patente a vultuosa capacidade econmica do Ofensor, e

    por tal, possui estrutura departamental para evitar situaes como a que se apresenta. Ocorre que,

    mesmo ciente das ofensas ao Cdigo de Defesa do Consumidor e ao Cdigo Civil, como

    extensivamente demonstrado neste instrumento petitrio, o Ofensor tentou isentar-se de custear a

    substituio do cmbio na esperana que o Autor no empreendesse sua defesa em juzo.

    82. Ora, a matemtica simples. As dez pessoas que no buscam

    ressarcimento de seus prejuzos e ainda pagam pelos servios da concessionria para a

    manuteno que estava compreendida na garantia, compensa as aes promovidas por duas

    pessoas. O Poder Judicirio no pode corroborar com esse comportamento e deve arbitrar os

    danos morais em um valor que desestimule esse comportamento ardil. O arbitramento dos danos

    morais deve considerar a extenso do dano de modo que proteja os futuros hipossuficientes desse

    comportamento ardiloso, mesquinho, abusivo e ilegal.

    2.16 DO LUCRO CESSANTE

    83. Nos termos do art. 402 do Cdigo Civil, as perdas e danos

    tambm abrangem os valores que razoavelmente deixou de lucrar. Vejamos:

    Art. 402. Salvo as excees expressamente previstas em lei, as

    perdas e danos devidos ao credor abrangem, alm do que ele

    efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

    84. Soma-se 60 dias em que o veculo ficou parado em decorrncia

    do problema apresentado no cmbio. Conforme relatrio, em mdia, 15 dias parado, o Autor

    deixa de receber R$ 20.000,00, o que corresponde ao montante de R$ 80.000,00 a ttulo de lucro

    cessante.

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    3. DAS PROVAS

    85. Segue o conjunto probatrio:

    a) Nota fiscal da Anadiesel referente compra do veculo

    caminho da marca Mercedes-Benz, modelo AXOR2644S/33

    no valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais);

    b) Nota fiscal da Anadiesel referente compra do conjunto

    cambio no valor de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais);

    c) Nota Fiscal do servio no cmbio no valor de R$ R$ 2.500,00

    (dois mil e quinhentos reais);

    d) Conjunto composto por 04 (quatro) Ordens de Servios da

    Anadiesel referente de prestao de servios no caminho;

    e) Ordem de servio da empresa Rodobens caminhes

    determinando a troca do cmbio;

    f) Conjunto de 04 (quatro) controles de inspeo de reviso

    realizadas na Anadiesel, inclusive com a reviso feita no

    cmbio;

    g) Relatrio do lucro cessante;

    h) Termo de garantia do veculo;

    i) Registro da reclamaes feitas nos sites do gnero;

    j) Mensagens de celular que demonstram o alegado.

    4. DOS PEDIDOS

    86. Por tudo que foi exposto e inequivocamente demonstrado,

    requer:

    Reconhecimento da procedncia de todos os pedidos objetos da

    presente ao para o fim de...

    a) Que a R seja citada para que querendo conteste a exordial

    sob pena dos efeitos da revelia e confisso quanto matria

    de fato;

    b) Que seja reconhecida a relao de consumo e a inverso do

    nus da prova, com fulcro no art. 6, inc. VII do CDC;

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    c) Que haja a condenao do requerido ao ressarcimento

    imediato da quantia paga no cmbio, no valor de R$

    19.000,00 (dezenove mil reais), a ttulo de ressarcimento pela

    troca de pea com defeito de fbrica dentro do prazo de

    garantia, e R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) a ttulo

    de manuteno no cmbio do veculo caminho da marca

    Mercedes-Benz, modelo AXOR2644S/33, placa MXD 7759,

    e que a todos os valores sejam acrescidos ainda de juros e

    correo monetria;

    d) Que seja a R condenada a pagar ao Autor um quantum a

    ttulo de danos morais, a ser arbitrado por Vossa Excelncia,

    em ateno s condies das partes, a m-f e principalmente

    o potencial econmico-social da lesante, a gravidade da leso,

    sua repercusso e as circunstncias fticas e a ttulo de

    punio e desestmulo;

    e) Que seja a R condenada a pagar ao Autor a ttulo de lucro

    cessante, o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) conforme

    demonstrado na tabela das atividades do caminho do veculo

    caminho da marca Mercedes-Benz, modelo

    AXOR2644S/33, placa MXD 7759;

    f) Que seja a R condenada a pagar os honorrios advocatcios

    de sucumbncia, a serem fixados por Vossa Excelncia, alm

    das custas e despesas processuais;

    g) Que seja determinado que a Mercedes-Benz do Brasil junte

    ao processo uma cpia da gravao da ligao telefnica feita

    ao SAC (Servio de Atendimento ao Consumidor) da

    Mercedes-Benz, nmero 0800 970 9090, referente a

    reclamao registrada sob o nmero de protocolo 13911883

    realizada no dia 20/04/2015;

    h) Que seja determinado s Rs junte ao processo uma cpia do

    udio da gravao do som anmalo do cmbio do veculo

    caminho da marca Mercedes-Benz, modelo

    AXOR2644S/33, placa MXD 7759, feito pela Anadiesel com

    intuito de envia-lo Mercedes-Benz;

    i) Que as Rs apresentem a nota fiscal demonstrando o envio e

    o retorno do conjunto do cmbio entre a Anadiesel e a Fbrica

    da Mercedes-Benz, referente a operao demonstrada no

    pargrafo 6 e 7 deste instrumento petitrio;

    j) Que a Anadiesel apresente todas as ordens de servios

    referente aos servios realizados no cmbio do veculo

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    caminho da marca Mercedes-Benz, modelo

    AXOR2644S/33, placa MXD 7759;

    k) Que seja determinado Secretaria da Fazenda do Estado do

    Tocantins a liberao do acesso a movimentao de notas

    fiscais originrias da Fbrica da Mercedes-Benz CNPJ

    59.104.273/0001-29 para a Anadiesel CNPJ

    01.018.332/0010-57 no perodo de 15/01/2015 a 01/04/2015

    com o valor aproximado de R$19.000,00, referente ao

    cmbio.

    l) Que seja expedida carta precatria para que se d a citao

    dos Rus nos seus respectivos endereos anotados no

    prembulo desta exordial;

    m) A intimao do ROL DE TESTEMUNHAS, nos termos do

    art. 407 do CPC, a comparecer audincia designada por

    Vossa Excelncia, advertindo-as sobre as consequncias do

    no comparecimento (art. 412 do CPC). Para tanto que seja

    expedida carta precatria para que se proceda a citao das

    testemunhas JOO MARCELO PINELLI DE ABREU,

    FABRCIO FERREIRA e JONAS nos seus respectivos

    endereos anotados no rol de testemunhas.

    87. Requer, desde j, provar o alegado por todos os meios admitidos

    em lei, principalmente atravs de testemunhas, cujo rol segue abaixo; da prova documental e,

    ainda, atravs do depoimento pessoal da r, sob pena de confesso.

    D-se presente o valor de R$ 101.500,00 (cento e um mil e quinhentos reais).

    Termo em que pede e espera deferimento.

    Taguatinga TO, 14 de Julho de 2015

    __________________________

    Ildson Almeida Martins

    OAB/GO N41267

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    E-mail: [email protected] 23/23

    ROL DE TESTEMUNHAS:

    JOO MARCELO PINELLI DE ABREU, gerente da Anadiesel, endereo profissional

    situada na Rodovia TO 050 ASR-SE 105, QI-I L 1 E 18 Setor Textil / Couro / Caladista,

    Palmas - TO;

    FABRCIO FERREIRA, chefe da oficina da Anadiesel, endereo profissional situada na

    Rodovia TO 050 ASR-SE 105, QI-I L 1 E 18 Setor Textil / Couro / Caladista, Palmas - TO;

    JONAS, mecnico na oficina da Anadiesel, endereo profissional situada na Rodovia TO 050

    ASR-SE 105, QI-I L 1 E 18 Setor Textil / Couro / Caladista, Palmas-TO;

    FELISMARIO DE FREITAS OLIVEIRA, Av. Jose Joaquim de Almeida, Vila Santa Maria,

    N 03, Taguatinga - TO;

    OZIEL EVANGELISTA DE OLIVEIRA, Av. Jose Joaquim de Almeida, Vila Santa Maria,

    N 03, Taguatinga - TO;