ação popular contra o prefeito marcel de mato rico

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE PITANGA VARA CÍVEL DE PITANGA - PROJUDI R. Manoel Ribas, 411 - Centro - Pitanga/PR - CEP: 85.200-000 - Fone: (42) 3646-1272 Autos nº. 0000074-19.2000.8.16.0136 Processo: 0000074-19.2000.8.16.0136 Classe Processual: Ação Popular Assunto Principal: Dano ao Erário Valor da Causa: R$200,00 Autor(s): MINISTÉRIO PUBLICO DA COMARCA DE PITANGA - PARANÁ Réu(s): MARILYN JAYRE MENDES MUNICÍPIO DE MATO RICO MARCEL JAYRE MENDES SENTENÇA Vistos e examinados estes autos, I – RELATÓRIO. Trata-se de ação popular ajuizada no dia 20.03.2000 por NILDA ZMIEVSKI (posteriormente substituída pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ) contra MARCEL JAYRES MENDES DOS SANTOS, prefeito municipal do Município de Mato Rico à época, MARILYN JAYRE MENDES DOS SANTOS e MUNICÍPIO DE MATO RICO, com pleitos de ressarcimento aos cofres públicos a importância de R$ 23.797,74(vinte e três mil, setecentos e noventa e sete reais e setenta e quatro centavos), corrigidos monetariamente desde 31.01.1997, bem como a decretação da perda do cargo público e a suspensão dos direitos políticos, nos termos do art. 12 da Lei 8.429/92. Narra a parte autora que, no dia 01.01.1997 o requerido Marcel tomou posse ao cargo de prefeito municipal e que, em 31.01.1997, trinta dias após ter tomado posse, depositou na conta de sua irmã Marilyn Jayre Mendes dos Santos a importância de R$ 23.797,74 (vinte e três mil, setecentos e noventa e sete reais e setenta e quatro centavos). Afirmou que, em 11.03.1999, o vereador Luis José Hey solicitou ao requerido Marcel informações a respeito do depósito feito a título de antecipação ao Município com a finalidade de pagamento de salário atrasado, o qual acabou por informar que fora autorizada antecipação de receita autorizada no valor de R$ 90.000,00 (noventa mil reais), sendo que houve repasse no valor de R$ 89.550,00 (oitenta e nove mil, quinhentos e cinquenta reais), face aos descontos de encargos financeiros, que se destinou a saldar folhas de pagamentos dos funcionários e prestadores de serviços atrasados, bem como rescisão e acertos trabalhistas. Deixou o requerido Marcel, entretanto, de se manifestar acerca da autorização de depósito para a conta de sua irmã. Juntou procuração e documentos (eventos 1.2 e 1.3). O requerido Marcel apresentou contestação (evento 1.4), alegando, em preliminar, a carência de ação. No mérito, sustentou a legalidade do ato, asseverando que o numerário foi utilizado para Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em http://portal.tjpr.jus.br/projudi - Identificador: PJVQS CRNTV CVE93 DJYH3 PROJUDI - Processo: 0000074-19.2000.8.16.0136 - Ref. mov. 75.1 - Assinado digitalmente por Adriano Eyng:16250, 05/12/2013: JULGADA PROCEDENTE EM PARTE A AÇÃO. Arq: Sentença

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Page 1: Ação popular contra o prefeito marcel de mato rico

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁCOMARCA DE PITANGA

VARA CÍVEL DE PITANGA - PROJUDIR. Manoel Ribas, 411 - Centro - Pitanga/PR - CEP: 85.200-000 - Fone: (42) 3646-1272

Autos nº. 0000074-19.2000.8.16.0136

Processo: 0000074-19.2000.8.16.0136Classe Processual: Ação PopularAssunto Principal: Dano ao Erário

Valor da Causa: R$200,00Autor(s):  MINISTÉRIO PUBLICO DA COMARCA DE PITANGA - PARANÁ

Réu(s): 

MARILYN JAYRE MENDESMUNICÍPIO DE MATO RICOMARCEL JAYRE MENDES

 

SENTENÇA

 

Vistos e examinados estes autos,

 

I – RELATÓRIO.

Trata-se de ação popular ajuizada no dia 20.03.2000 por NILDA ZMIEVSKI(posteriormente substituída pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ) contraMARCEL JAYRES MENDES DOS SANTOS, prefeito municipal do Município de Mato Rico à época,MARILYN JAYRE MENDES DOS SANTOS e MUNICÍPIO DE MATO RICO, com pleitos deressarcimento aos cofres públicos a importância de R$ 23.797,74(vinte e três mil, setecentos e noventa esete reais e setenta e quatro centavos), corrigidos monetariamente desde 31.01.1997, bem como adecretação da perda do cargo público e a suspensão dos direitos políticos, nos termos do art. 12 da Lei8.429/92.

Narra a parte autora que, no dia 01.01.1997 o requerido Marcel tomou posse ao cargo deprefeito municipal e que, em 31.01.1997, trinta dias após ter tomado posse, depositou na conta de suairmã Marilyn Jayre Mendes dos Santos a importância de R$ 23.797,74 (vinte e três mil, setecentos enoventa e sete reais e setenta e quatro centavos).

Afirmou que, em 11.03.1999, o vereador Luis José Hey solicitou ao requerido Marcelinformações a respeito do depósito feito a título de antecipação ao Município com a finalidade depagamento de salário atrasado, o qual acabou por informar que fora autorizada antecipação de receitaautorizada no valor de R$ 90.000,00 (noventa mil reais), sendo que houve repasse no valor de R$89.550,00 (oitenta e nove mil, quinhentos e cinquenta reais), face aos descontos de encargos financeiros,que se destinou a saldar folhas de pagamentos dos funcionários e prestadores de serviços atrasados, bemcomo rescisão e acertos trabalhistas. Deixou o requerido Marcel, entretanto, de se manifestar acerca daautorização de depósito para a conta de sua irmã.

Juntou procuração e documentos (eventos 1.2 e 1.3).

O requerido Marcel apresentou contestação (evento 1.4), alegando, em preliminar, acarência de ação. No mérito, sustentou a legalidade do ato, asseverando que o numerário foi utilizado para

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o pagamento de prestador de serviço Banda Contabilidade e Serviços Ltda., licitado e empenhado nagestão do ano de 1996, pelo certame na modalidade de carta-convite 007/96, no valor de R$ 24.180,00(vinte e quatro mil, cento e oitenta reais) homologada pelo prefeito municipal à época, Luiz Bini,conforme notas de empenho juntadas nas sequências 1.4 e 1.5. Ressaltou, ainda, que o pagamento se deuem nome de Marilyn Jayre Mendes dos Santos, irmã do requerido, por ser sócia da empresa contratada,naquela oportunidade.

No evento 1.6, a parte autora apresentou impugnação à contestação, alegando que, aoanalisar a referida ata do procedimento licitatório, um dos citados na comissão, qual seja, Nelson Batistados Santos, nunca obteve conhecimento de tal licitação, bem como nunca assinou a referida ata e que,provavelmente, as outras assinaturas também sejam falsificadas, entre outras fraudes.

Alegou a parte autora, também, que a imã do requerido Marcel deixou de fazer parte dapessoa jurídica Banda Contabilidade e Serviços Ltda em 14.11.1996, afastando a legitimidade parareceber qualquer quantia dos cofres públicos na data de 30.01.1997.  A par disso, afirmou que a quantiadenunciada como desviada não confere com o valor do objeto da licitação, visto que aquela é R$23.297,74 (vinte e três mil, duzentos e noventa e sete reais e setenta e quatro centavos), enquanto esta, R$24.180,00 (vinte e quatro mil, cento e oitenta reais).

Nos eventos 1.7 a 1.36 foram juntados documentos.

O requerido Marcel manifestou-se acerca da impugnação à contestação (evento 1.37),renovando os argumentos já expostos à contestação.

O Ministério Público requereu a inclusão de Marilyn Jayme Mendes dos Santos no polopassivo (mov. 1.37), o que foi deferido pelo Juízo.

No evento 1.37, a requerida Marilyn Jayme Mendes dos Santos apresentou contestação,utilizando para si os argumentos apresentados pelo requerido Marcel Jayme Mendes dos Santos.

Determinou-se no evento 1.38 a citação do Município requerido, na pessoa de seurepresentante legal, nos termos do art. 6º da Lei 4.717/65, o qual apresentou contestação, reiterando oalegado pelo requerido Marcel Jayme Mendes dos Santos.

O feito foi saneado ao mov. 1.38,  com o deferimento da realização de prova pericial, bemcomo o depoimento pessoal das partes e prova testemunhal.

O laudo foi apresentado pelo Perito (mov. 1.39), verificando a impossibilidade darealização de confronto gráfico das assinaturas de Nelson Batista dos Santos, pois necessitava de períciagrafotécnica.

O laudo de exame documentoscópico foi juntado no mov. 1.42, concluindo que aassinatura de Nelson Batista dos Santos é produto de falsificação.

Sobreveio decisão de abandono da causa por parte da autora, prosseguindo o feito sobtitularidade do Ministério Público (evento 1.45).

Realizou-se audiência de instrução e julgamento, sendo colhido o depoimento dosrequeridos Marcel e Marilyn, de três informantes (Nilson Padilha, João Fernando Jaskiu e Ilson José Bini)e de duas testemunhas (Nelson Batista dos Santos e Davi do Lago Costa),  e das testemunhas arroladas aoevento 1.46.

O Ministério Público requereu a juntada aos autos de cópia da licitação e do contratoadministrativo, antes do oferecimento das alegações finais, sendo deferido pelo Juízo ao evento 1.46.

O Município de Mato Rico informou não ter encontrado os documentos pleiteados peloMinistério Público ao evento 1.46.

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O Tribunal de Contas do Estado do Paraná informou não ser possível diligenciar conformepleiteado pelo Ministério Público (seq. 1.49).

Em 25.06.2013, os autos foram digitalizados e inseridos ao Sistema Projudi (evento 3.1).

No dia 07.08.2013, Odair Dal Santo requereu seu ingresso no feito, como demandante dapresente Ação Popular (mov. 18.1).

O Ministério Público (seq. 19.1) manifestou-se pelo indeferimento do pedido formuladopor Odair Dal Santo, porém, caso este apresentasse comprovante de cidadania, sugeriu que o fosseingressado como assistente, na forma do art. 6º, §5º da Lei Popular.

À sequência 22.1 foi indeferido o pedido de Odair Dal Santo para ingressar no polo ativoda demanda, entretanto, facultou-se o ingresso na condição de assistente na forma do art. 6º, §5º da Lei4717/65. Ainda, determinou-se que as partes apresentassem suas alegações finais.

O Ministério Público apresentou suas alegações finais no evento 38.1, onde,preliminarmente, afastou o pedido formulado na inicial de perda de cargo público e suspensão dos direitospolíticos, previsto na Lei 8429/92, por serem juridicamente impossíveis em sede de ação popular.

No mérito, alegou verificar a existência de ato lesivo à moralidade administrativa,observando claramente que houve um direcionamento familiar para que a despesa fosse paga comprioridade dentre todas que compunham a cifra dos “restos a pagar”, dentre outras irregularidades.

Por fim, requereu o Ministério Público, nos termos do art. 11 da Lei da Ação Popular, aprocedência do pedido, a fim de que fosse decretada a invalidade do pagamento ilegal, bem como oressarcimento de R$ 23.797,74  (vinte e três mil, setecentos e noventa e sete reais e setenta e quatrocentavos) corrigidos monetariamente desde o dia 31.01.1997, em favor do Município de Mato Rico/PR.

  Os requeridos Marcel e Marilyn apresentaram alegações finais (mov. 72.1), alegandoinexistir pagamento ilegal, ante a efetiva prestação do serviço contratado e a regularidade do empenho dadespesa, como restou comprovado na instrução, não resultando lesão ao patrimônio público de ordemeconômica. Asseverou que eventual vício no procedimento licitatório não pode contaminar o requeridoMarcel, pois não teve qualquer participação, enquanto que a segunda requerida não participou oupromoveu qualquer ato ilegal no referido certame.

Afirmou, ainda, que o pagamento se deu de forma regular, como exposto pelo laudopericial contábil, pontificando que “...o débito era legítimo e devidamente empenhado, e foi  pago àex-sócia da empresa contratada...”, enquanto que os serviços foram efetivamente executados, pois, comoreconhece o laudo pericial de que “o contrato  firmado entre as partes era para a prestação de serviços

”.de assessoria técnica e apoio administrativo para o exercício de 1996

Alegou, portanto, que não fora contratado os serviços profissionais para a escrituraçãocontábil do Contratante, mas sim para dar apoio técnico e administrativo, não havendo nenhumdocumento oficial que tenha que ser subscrito pelos contratados, restringindo o trabalho aaconselhamentos à administração municipal e a servidores ligados à administração.

Consoante o alegado pelo Ministério Público, no sentido de que houve o direcionamentofamiliar, afirmaram os requeridos que não houve o direcionamento, mas sim o pagamento legal de débito,a credor que há mais de um ano prestou serviços e não foi pago. Alegou que a ação popular não podeprosperar, visto que a ação popular em seu objetivo específico trata de lesividade ao patrimônio público,exclusivamente de ordem econômica, enquanto que a ação civil pública ou de improbidade administrativaé que poderia perquirir tal matéria, de ordem moral.

Ao final, postularam os requeridos Marcel e Marylin para que a presente ação fosse julgadaimprocedente, ante a efetiva prestação do serviço contratado. Juntou documentos ao eventos 72.2 e 72.3.

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O Município de Mato Rico não apresentou alegações finais.

Vieram os autos conclusos para sentença.

É o relato do essencial.

 

II – FUNDAMENTAÇÃO.

1 – Preliminares.

Já analisadas e deliberadas no despacho saneador.

 

2 – Mérito.

Trata-se de ação popular cujo objeto divide-se em dois pleitos principais, a saber, (i) aperda do cargo público, com a suspensão dos direitos políticos do requerido Marcel, nos termos do art. 12da Lei nº 8.429/1992; (ii) o ressarcimento ao Erário do valor de R$ 23.797,74 em decorrência de supostoato lesivo ao patrimônio público municipal.

Passo a analisar separadamente cada pedido.

 

2.1. Perda do cargo público, com a suspensão dos direitos políticos do requeridoMarcel, nos termos do art. 12 da Lei nº 8.429/1992.

É cediço que o dado a uma ação não é o que define sua natureza jurídica. Nãonomen iurishá, igualmente, dúvidas de que à parte incumbe trazer ao Juiz os fatos controvertidos, dentro das máximas

e . da mihi factum, dabo tibi jus jura novit curia A mera intenção da parte, frise-se, não é o que norteia, sendo certo que o magistrado aplicará ao fato as normas pertinentes contidasa atividade jurisdicional

no ordenamento jurídico. A respeito, cite-se:

“(...) LIBERDADE DO JULGADOR PARA QUALIFICAR JURIDICAMENTE OSFATOS NARRADOS NA INICIAL. BROCARDO DA MIHI FACTUM, DABO TIBI JUSE PRINCÍPIO JURA NOVIT CURIA (....) a liberdade do julgador para qualificar osfatos expostos na inicial advém da Teoria da Substanciação do Pedido, adotada peloSistema Processual Brasileiro (artigo 282, III, do CPC), segundo a qual se exige, paraa identificação do pedido, a dedução dos fundamentos de fato (causa de pedir próxima)e dos fundamentos de direito (causa de pedir remota) da pretensão. (...)” (STJ - REsp:886509 PR 2006/0152369-2, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento:02/12/2008, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 11/12/2008)”

“(...)À luz do princípio iura novit curia, a qualificação legal que a parte estipula àfundamentação jurídica da inicial não vincula o juiz, ao qual cabe enquadrar adescrição dos fatos nas disposições normativas que entender condizentes com a

Nesse sentido: REsp 1.140.420/SC, Rel. Ministro Mauroresolução da controvérsia.Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 5.5.2011; e REsp 711.644/SP, Rel. MinistroLuis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe 3.8.2010. 3. Ofensa ao art. 535 do CPC nãoconfigurada. 4. Agravo Regimental não provido. (AgRg no AREsp 186.614/RJ, Rel.Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe11/09/2012)”

Diante disso, conclui-se que não apenas o atribuído à demanda é irrelevantenomen iurispara sua natureza jurídica, mas também o é a intenção da parte em que se aplique esta ou aquela norma ao

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caso fático levado ao Poder Judiciário. – aíA natureza da lide será caracterizada pela causa de pedirincluídos os fatos e os fundamentos de direito – , senão vejamos:e pelo pedido

DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. (…) AÇÃO DECLARATÓRIACOM PEDIDO DE NATUREZA CONDENATÓRIA. (…) É firme a jurisprudênciadeste Superior Tribunal no sentido de que "a natureza jurídica da ação é definida por

não tendo relevância o nomen iuris dado pelameio do pedido e da causa de pedir,parte autora" (AgRg no REsp 594.308/PB, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, SegundaTurma, DJe 20/8/09).

                        Nesse ponto, a pretensão encampada via ação popular pretende, indevidamente, imiscuir-seem objeto não autorizado pela lei, vez que falece competência ao cidadão para o ajuizamento de ação porimprobidade administrativa.

                        Dispõe o art. 17 da Lei 8.429/92 que a ação principal poderá ser manejada “pelo Ministério”, sendo certo que a legitimidade desta – pessoa jurídicaPúblico ou pela pessoa jurídica interessada

interessada – depende do interesse material afetado pelo ilícito (federal, estadual ou municipal). É patenteque a Lei 8.429/92 não conferiu legitimidade ativa ao cidadão para tal ação, tratando-se, por certo, desilêncio eloquente da norma.

Com efeito, não é possível a cumulação dos pedidos da ação popular com os pleitospróprios positivados na Lei de Improbidade Administrativa, porquanto carece o cidadão de legitimidadeativa para ajuizar ação de improbidade administrativa, cujo polo ativo deve ser integrado apenas peloMinistério Público ou pessoa jurídica interessada

Nesse sentido, confira-se:

2. À luz dos referidos cânones, ressalvadas as hipóteses de aplicação subsidiáriatextual de leis é inaplicável a sanção, prevista em determinado ordenamento à hipótesesde incidência de outro, por isso que inacumuláveis as sanções da ação popular com ada ação por ato de improbidade administrativa, mercê da distinção entre alegitimidade ad causam para ambas e o procedimento o que inviabiliza, inclusive, a

.3. A analogia sancionatória encerra integração da lei in malamcumulação de pedidospartem, além de promiscuir a coexistência das leis especiais, com seus respectivos tipose sanções.(STJ, REsp 704.570/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, Rel. p/Acórdão Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/05/2007, DJ04/06/2007, p. 302).

                                              O fato de o polo passivo da ação popular, posteriormente ao ajuizamento, ter sidoassumido pelo Ministério Público, na qualidade de sucessor processual, a teor do art. 9º da Lei nº4.717/1965, não tem o condão de sanar irregularidade ocorrida na gênese da demanda.

A despeito do entendimento encampado pelo Ministério Público, pela impossibilidadejurídica do pedido, entendo que não se trata de carência da aludida condição da ação, vez que pedido épossível dentro do ordenamento jurídico, porém foi manejado por via inadequada e por pessoa semlegitimidade ativa, restando ausentes, pois, o interesse jurídico e a legitimidade ativa .ad causam

De todo modo, , mesmo que se entenda pela impossibilidadead argumentandum tantumjurídica do pedido ou ausência de outra condição da ação, a extinção do feito com resolução do mérito éimperiosa.

O Juízo recebeu a inicial, por entender presentes todas as condições da ação, tendo por baseas alegações contidas na exordial, à luz teoria da asserção. Ocorre que a instrução processual relevou aausência das condições da ação, qual seja, a ausência de interesse jurídico e a ilegitimidade ativa ad

, de modo que, aplicando-se a teoria da asserção, deve se extinguir o julgamento com resolução docausammérito, fulcro no art. 269, inciso I, do Código de Processo Civil.

Sobreleva notar que o Superior Tribunal de Justiça adota a teoria da asserção ou da

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a respeito das condições da ação, segundo a qual o exame acerca do preenchimento dasprospettazionecondições da ação deve ocorrer no momento de sua propositura, na forma da petição inicial, sendo que, seocorrer cognição profunda sobre as alegações contidas na inicial, após esgotados os meios probatórios,haverá julgamento de mérito.

Assim, de acordo com a teoria da asserção, se o magistrado verificar a ausências dascondições da ação no início do processo, haverá sentença sem resolução do mérito. Por outro lado, caso ojuiz verifique a ausência após a instrução probatória, haverá extinção do processo com resolução demérito.

Nesse ponto é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE.CONDIÇÕES DA AÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. STATUS ASSERTIONES.JULGAMENTO DE MÉRITO. POSSIBILIDADE. 1. Inviável o reconhecimento de violaçãoao art. 535 do CPC quando não verificada no acórdão recorrido omissão, contradição ouobscuridade apontadas pela recorrente. 2. O Tribunal de origem não deixou de apreciar aquestão da ilegitimidade passiva do recorrido, aventada nas contrarrazões de apelação,por entendê-la preclusa. Pelo contrário, ela foi analisada e rejeitada. 3. Sempre que arelação existente entre as condições da ação e o direito material for estreita ao ponto daverificação da presença daquelas exigir a análise deste, haverá exame de mérito. 4. Sob oprisma da teoria da asserção, se o juiz realizar cognição profunda sobre as alegaçõescontidas na petição, após esgotados os meios probatórios, terá, na verdade, proferido

5. Negado provimento ao recurso especial. (REspjuízo sobre o mérito da questão.1125128/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em11/09/2012, DJe 18/09/2012)

                        Destarte, a pretensão contida na inicial, nesse ponto, deve ser julgada improcedente.

 

2.2. Ressarcimento ao Erário do valor de R$ 23.797,74 em decorrência de suposto atolesivo ao patrimônio público municipal.

Nos termos dos artigos 1º e 11 da Lei nº 4.717/1964, o objeto da ação popular restringe-seà anulação do ato lesivo ao patrimônio público e respectivo ressarcimento da lesão, :vide

Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaraçãode nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados,dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a Uniãorepresente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos,de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público hajaconcorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receitaânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dosEstados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidadessubvencionadas pelos cofres públicos.

Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade doato impugnado, ao pagamento de perdas e danos os condenará responsáveis pela sua

, ressalvada a ação regressiva contra os funcionáriosprática e os beneficiários delecausadores de dano, quando incorrerem em culpa.

    O art. 14º, c/c §2º, da Lei nº 4.717/1964, outrossim, dispõe:caput

Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da causa, será indicado nasentença; se depender de avaliação ou perícia, será apurado na execução.

§ 1º Quando a lesão resultar da falta ou isenção de qualquer pagamento, a condenação

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imporá o pagamento devido, com acréscimo de juros de mora e multa legal oucontratual, se houver.

§ 2º Quando a lesão resultar da execução fraudulenta, simulada ou irreal de contratos, .a condenação versará sobre a reposição do débito, com juros de mora

§ 3º Quando o réu condenado perceber dos cofres públicos, a execução far-se-á pordesconto em folha até o integral ressarcimento do dano causado, se assim mais convierao interesse público.

§ 4º A parte condenada a restituir bens ou valores ficará sujeita a seqüestro e penhora,desde a prolação da sentença condenatória.

                        A jurisprudência caminha no sentido da plena viabilidade da ação popular buscar oressarcimento ao erário oriundo do ato lesivo ao patrimônio público. Confira-se:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. . MINISTÉRIOAÇÃO POPULARPÚBLICO. UTILIZAÇÃO DA GRÁFICA DO SENADO EM BENEFÍCIO DECAMPANHA ELEITORAL DE SENADOR. IMPRESCRITIBILIDADE. LESIVIDADEAO PATRIMÔNIO PÚBLICO E MORALIDADE ADMINISTRATIVA COMPROVADOS.RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. APELAÇÃO QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. "Nostermos do art. 37, § 5º, da Constituição da República de 1988, é imprescritível a açãode ressarcimento por prejuízo causado ao erário. Precedentes do STJ e do STF." (STJ,MS 200602774949, Min. Eliana Calmon, Primeira Seção, DJ de 03/06/2009) 2. A açãopopular é instrumento de dignidade constitucional que se destina à desconstituição dedeterminados atos (art. 5º, LXXIII, CF; art. 1º da Lei 4.717/65) e à condenação dosresponsáveis a repararem os prejuízos causados ao erário (art. 11 da Lei 4.717/65). 3.Lídima a sentença que condenou o réu a restituir os prejuízos ocasionados com osgastos da confecção de material gráfico voltado, exclusivamente, para a divulgação

. 3. Apelação improvida. (TRF-1 - AC: 21693 DFda campanha eleitoral do ex-senador2003.01.00.021693-4, Relator: JUIZ FEDERAL MARCIO BARBOSA MAIA, Data deJulgamento: 19/03/2013, 4ª TURMA SUPLEMENTAR, Data de Publicação: e-DJF1p.81 de 10/04/2013)

 

AÇAO RESCISÓRIA COMO SUCEDÂNEO DE RECURSO - DESCABIMENTO - - NULIDADE DE CONTRATO ADMINISTRATIVO - AÇAO POPULAR

. 1) A ação rescisória não pode ser utilizada comoRESSARCIMENTO AO ERÁRIOsucedâneo de recurso, tendo lugar apenas nos casos em que a transgressão à lei éflagrante. 2) Não é admissível a utilização de ação rescisória que, por via transversa,busca perpetuar a discussão sobre matéria já decidida, de forma definitiva. 3) Corretaé a manutenção da sentença que determinou o ressarcimento ao erário e declarounulo 10 (dez) contratos administrativos efetivados sem a observância da realização de

4) Ação rescisóriaconcurso público, ou seja, com base em decretos estaduais.improcedente. (TJ-AP - AR: 8400620108030000 AP , Relator: DesembargadorAGOSTINO SILVÉRIO, Data de Julgamento: 12/01/2012, SECÇÃO ÚNICA, Data dePublicação: no DJE N.º 34 de Sexta, 17 de Fevereiro de 2012)

A par disso, passo a examinar a situação fático-jurídica destes autos.

Em que pese a defesa de interesses extrapatrimoniais seja aceita mediante a ação popular(STJ, AgRG no REsp 1166011/RJ, DJe 11.03.2013), entendo que, no caso concreto, os efeitos do ato

.lesivo ao patrimônio público vão da moralidade administrativamuito além

É fato nos autos que, no dia 31.01.1997, o requerido Marcel, na qualidadeincontroversode Prefeito de Mato Rico/PR, realizou depósito no valor de R$ 23.797,74 em favor de sua irmã (conta nº7420-2 – Banco Banestado), requerida Marilyn.

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Page 8: Ação popular contra o prefeito marcel de mato rico

Discute-se a regularidade ou irregularidade na transferência desse numerário, supostamenteproveniente da licitação cujo objeto consistiria na prestação de serviçosTomada de Preços nº 007/1996,de assessoria técnica e apoio administrativo.

O requerido Marcel tomou posse no cargo de Prefeito do Município de Mato Rico/PR nodia 1º.01.1997, tendo sido reeleito em 2000, encerrando seus dois mandos no ano de 2004.

Antes disso, o requerido Marcel integrou a equipe de governo do anterior PrefeitoMunicipal, Luiz Bini (gestão 1993/1996), .sogro do requerido Marcel

O cargo ocupado pelo era de extrema envergadura e relevância narequerido MarcelAdministração Pública Municipal, qual seja, . Além disso, o requeridoSecretário Executivo MunicipalMarcel figurava como suplente da comissão permanente de licitação, conforme Portaria nº 001/96 doMunicípio de Mato Rico, tendo sido substituído apenas em 03.07.1996, por meio da Portaria nº 062/1996(evento 1.22). Frise-se que o requerido Marcel constou como responsável pelo Departamento Pessoal naauditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná no ano de 1995 (evento 1.35).

Pelos documentos juntados pelos requeridos (evento 1.4), infere-se que a ata da reunião dacomissão de licitação da Tomada de Preços nº 007/1996 fora realizada em 09.02.1996, com ahomologação em 19.02.1996. A primeira nota de empenho é data de 29.02.1996 no valor integral de R$2.015,00.

Ocorre que, pelas notas fiscais juntadas, emitidas pela empresa Banda Contabilidade eServiços Ltda, depreende-se que teria havido a suposta prestação de serviços desde o mês de janeirode 1996, muito embora apenas no final de fevereiro de 1996 tenho havido a finalização da suposta

, conforme a nota fiscal nº 051, juntada à fl. 44 do evento 1.5. Além disso, no mês de fevereirolicitaçãode 1996, foi pago a quantia integral pelos serviços supostamente prestados, conquanto, como dito, alicitação somente foi encerrada no final do aludido mês.

Como dito, o requerido Marcel era, à época da licitação Tomada de Preços nº 07/1996,membro suplente da comissão permanente de licitação. A empresa vencedora, cujo quadro societário éintegrado pelo , não poderia ter participado do certame, haja vista apai e irmão do requerido Marcelrelação de parentesco com o então Secretário Executivo e membro suplente da comissão permanente delicitação.

                        A relação de parentesco entre todos os envolvidos (ex-Prefeito Luis Bini, requerido corrobora a frustração da licitude da licitação, por ausência deMarcel, requerida Marilyn)

.imparcialidade e isonomia na disputa ocorrida no certame licitatório

                        O escopo do impedimento é a preservação da lisura, da isonomia e da moralidade docertame licitatório. Nesse ponto, Marçal Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações e ContratosAdministrativos.  p. 154/158, 13ª ed., Ed.Dialética):

“ Considera um risco a existência de relações pessoais entre os sujeitos quedefinem o destino da licitação e o particular que licitará. Esse relacionamentopode, em tese, produzir distorções incompatíveis com a isonomia. A simplespotencialidade de dano é suficiente para que a lei se acautele(…).”

                        Insta realçar que, por aplicação dos princípios constitucionais da Administração Pública, asvedações decorrentes das relações de parentesco devem aplicar-se às contratações realizadas pelo

, adotando como parâmetro o Enunciado Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal,Poder Públicosegundo o qual:

 

A NOMEAÇÃO DE CÔNJUGE, COMPANHEIRO OU PARENTE EM LINHA, COLATERAL OU POR AFINIDADE, ATÉ O TERCEIRO GRAU,RETA

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Page 9: Ação popular contra o prefeito marcel de mato rico

INCLUSIVE, DA AUTORIDADE NOMEANTE OU DE SERVIDOR DA MESMAPESSOA JURÍDICA INVESTIDO EM CARGO DE DIREÇÃO, CHEFIA OUASSESSORAMENTO, PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU DECONFIANÇA OU, AINDA, DE FUNÇÃO GRATIFICADA NA ADMINISTRAÇÃOPÚBLICA DIRETA E INDIRETA EM QUALQUER DOS PODERES DA UNIÃO,DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS,COMPREENDIDO O AJUSTE MEDIANTE DESIGNAÇÕES RECÍPROCAS,

.VIOLA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

                        O Tribunal de Contas do Estado do Paraná perfilha do entendimento exposto, :vide

As mesmas regras aplicam-se na contratação de prestação de serviços comempresa que venha a contratar empregados com incompatibilidades com asautoridades contratantes ou ocupantes de cargos de direção ou de assessoramento,devendo essa condição constar do edital de licitação.” (Acórdão 1127/2009,Conselheiro Relator Fernando Augusto Mello Guimarães, j. 26.11.2009)

As irregularidades não param nessa proibição da participação da referida empresa nalicitação Tomada de Preços nº 07/1996. Vai além!

Na realidade, a instrução probatória logrou comprovar que nunca houve a referidalicitação e a prestação de serviços, mas sim foi forjado um procedimento licitatório para legitimar o

.desvio de dinheiro público em prol do núcleo familiar do requerido Marcel

No laudo juntado no evento 1.42, o perito judicial concluiu pela falsidade da assinatura deNelson Batista dos Santos, então membro da comissão de licitação, na ata da reunião referente à licitação

(evento 1.4, fl. 29):juntada pelos requeridos Marcel e Marilyn

“Face ao exposto, sente-se o Perito suficientemente seguro para expender conclusãocategórica de que a assinatura questionada é produto de falsificação, não sendo,portanto, originária do gesto gráfico da pessoa cujos padrões foram encaminhados,

”identificada como NELSON BATISTA DOS SANTOS.

A testemunha , em depoimento, afirmou que no ano de 1997Nelson Batista dos Santostrabalhava no setor administrativo da Prefeitura de Mato Rico/PR. Disse que não tem conhecimentopreciso da prestação de serviços contábeis pela empresa Banda Contabilidade Serviços, não

sabendo precisar no que consistiriam os serviços. Relatou que a assinatura na ata da comissão delicitação não é do depoente e que não estava presente no dia, afirmando que alguém assinou em

. Afirmou que participava de outras licitações, porém da licitação em questão não participounome deleem nenhum momento. Relatou que nas licitações que participou sempre houve a participação de todos osmembros da comissão de licitação.

No evento 1.48, foram juntados documentos que explicam a ausência de até o momento, , não ter havido a juntada da íntegra do procedimento licitatório Tomada depassados mais de uma década

Preços nº 07/1996.

À fl. 958 do evento 1.45, consta relação das licitações realizadas no ano de 1996. Da leituraatenta do documento, depreende-se que a licitação nº 007/1996 possui como empresa vencedora

, e não a empresa Banda Contabilidade e Serviços.Cimauto/PR Diesel

Juntou-se à fl. 960 do evento 1.48 a real ata da reunião da licitação nº 07/96 doMunicípio de Mato Rico/PR, cujo objeto consiste na contratação de serviços de revisão de cubos e

., com despacho de homologação em 09.02.1996retífica de motor em veículos

Há, inclusive, parecer jurídico firmado (evento 1.48, fl.pelo defensor dos ora requeridos962), , opinando pela homologação do .datado de 09.02.1996 real certame licitatório nº 07/1996

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Page 10: Ação popular contra o prefeito marcel de mato rico

Sobreleva notar que, além da inexistência do procedimento licitatório Tomada de Preços nº07/1996, .os serviços supostamente contratados foram prestadosnão

A requerida Marilyn, em depoimento pessoal, informou que o depósito foi realizado na suaconta pessoal, prestados à Prefeitura, por meio da empresa Bandarelativo a serviços de contabilidadeContabilidade Serviços. Indagada sobre quais serviços foram prestados, relatou que era de assessoriacontábil, de auxílio na contabilidade, .porém não assinava os balanços e demais documentos contábeis

Afirmou a requerida que a empresa não possuía conta bancária, razão pela qual o depósitofora feito em sua conta pessoal. Disse que foi a primeira vez que o depósito foi realizado dessa forma.Afirmou que quem tratava do pagamento era o outro sócio, pai da requerida e do requerido Marcel, nãosabendo precisar se era o primeiro pagamento realizado pela Prefeitura. Disse que o valor depositado erarelativo a um ano de prestação de serviço, sendo que o valor da prestação mensal era de aproximadamenteR$ 2.000,00, embora tenha sido pago apenas em 1997 de forma única, mediante o depósito questionadonestes autos. Relatou que, antes de 1996, os serviços eram prestados pelo seu pai, outro sócio da citadaempresa, que era funcionário da Prefeitura. Informou que o Prefeito na época era o Luiz Bini, sogro dorequerido Marcel.

A testemunha relatou que na época prestava assessoria contábil para aDavi do Lago CostaPrefeitura de Mato Rico/PR. Disse que foi contador no ano de 1995 em diante no Município de Pitanga, játendo prestado serviço como pessoa física e por empresa terceirizada. Afirmou que a Marilyn prestou

. Disse que Nelson Batista dosserviços à Prefeitura de Mato Rico/PR, não sabendo precisar o períodoSantos também prestava serviços de contabilidade, como técnico de contabilidade. Indagado sobre adistribuição dos serviços de contabilidade entre o depoente, Nelson Batista dos Santos e a empresaBanda Contabilidade não sou explicar como era realizado, afirmando apenas que o depoenterealizava na área contábil.

O requerido Marcel, em depoimento pessoal, relatou que a empresa Banda ContabilidadeServiços, cuja sua irmã é sócia-proprietária, prestou serviços durante a gestão de 1993, 1994, 1995 e1996, época em que não era Prefeito e . Oocupava o cargo de Secretário Executivo do Municípiopagamento à empresa foi realizado no ano de 1997, durante a gestão do requerido Marcel, na conta

. Indagado sobre os critérios sobre a ordem de pagamento, relatou que era apessoal da sua irmã, Marilynfolha de pagamento e os prestadores de serviço, conforme notas de empenho.

Além disso tudo, há também a prioridade conferida ao pagamento realizado à empresa pelo requerido Marcel quando do seu primeiroBanda Contabilidade, integrada pelo seu pai e irmã,

mandato.

Em 31.12.1996, a Prefeitura Municipal de Mato Rico possuía em todas as contas bancáriaso valor total de (evento 1.21, fl. 426), com apenas R$ 28.806,45 um passivo de restos a pagar de R$

(evento 1.34, fls. 676/689).832.489,31

No dia , creditou-se na conta do Poder Público Municipal o valor de 28.01.1997 R$, a título de antecipação de receita pelo Banestado, para a finalidade de pagamento de folha89.550,00

salarial de funcionários, prestadores de serviços e rescisões trabalhistas. ,Ato contínuo, em 31.01.1997houve o depósito do valor de R$ 23.797,74 na conta bancária pessoal da irmã do Prefeito, que não eramais sócia da empresa. Antes desse depósito, apenas outro fora realizado no valor de R$ 500,00,conforme extrato bancário juntado à fl. 18 do evento 1.3.

O absurdo da contratação é evidenciado, ainda, pelo valor da prestação mensal do contrato,quando comparado com o subsídio percebido pelo Prefeito Municipal. No evento 1.13, consta como remuneração líquida do Prefeito Municipal no ano de 1996 os valores de 1.561,61 até o mês de abril de

.1996 e, após, de R$ 1.727,60

Não se deve olvidar que o , até maio de 1996, era de apenas , desalário mínimo R$ 100,00maneira que, após maio de 1996, passou para .R$ 120,00

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Page 11: Ação popular contra o prefeito marcel de mato rico

O valor mensal da contratação para a prestação de serviços genéricos de   “assessoria”, por outro lado, foi de técnica e apoio administrativo R$ 2.015,00, superior à remuneração do Prefeito

.e quase vinte vezes superior ao salário mínimo vigente

Cumpre registrar, ademais, que o pagamento pelos supostos serviços prestados foirealizado na , pessoa física que conta pessoal da irmã do requerido Marcel nem sequer mais integrada

, vez que se retirou da sociedade empresarial emo quadro societário da empresa contratada14.11.1996, ao passo que o pagamento foi realizado em 31.01.1997, conforme 2ª alteração contratual.

Ora, um serviço de assessoria técnica extremamente caro para os padrões de um, como Mato Rico/PR, aproximadamente vinte vezes superior ao saláriomunicípio de diminuto porte

mínimo da época, não soube ser explicado no que consistia pela requerida Marilyn e testemunha Davi,”.tampouco se apresentou um único documento relativo a essa prestação de serviço de “assessoria técnica

A prova da inexistência de prestação dos serviços, caso atribuída à parte autora, trata-se deprova diabólica, por se tratar de alegação de fato negativo. Sobreleva notar que, pela regra processual dadistribuição dinâmica do ônus da prova, este deve ser atribuído àquela parte com maiores condições deproduzi-la, :  vide

 

(...) 7. Embora não tenha sido expressamente contemplada no CPC, uma interpretaçãosistemática da nossa legislação processual, inclusive em bases constitucionais, confereampla legitimidade à aplicação da teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova,segundo a qual esse ônus recai sobre quem tiver melhores condições de produzir a

. (REsp 1286704/SP, Rel. Ministraprova, conforme as circunstâncias fáticas de cada casoNANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 28/10/2013)

No caso dos autos, , entendo que a parte requerida possuía maiores condiçõesnesse pontode provar a prestação do serviço. Explico.

Como explicitado acima, o requerido Marcel exerceu dois mandatos eletivos no cargo dePrefeito do Município de Mato Rico, de maneira que, quando citado para se defender no ano de 2000,

, o que encerrou apenas no final de 2003.ainda estava no exercício do cargo

Relativamente ao procedimento licitatório Tomada de Preços nº 007/1996, embora pudessepromover a juntada de farta documentação a respeito da aludida licitação, porquanto possuía todos osdocumentos da Prefeitura ao seu dispor, o requerido Marcel a juntar apenas cópia da ata darestringiu-sereunião da comissão municipal de licitação, datada de 09.02.1996, com uma assinatura

, a decisão de homologação/adjudicação de 19.02.1996, notas de empenho ecomprovadamente falsanotas fiscais (eventos 1.4 e 1.5). Nada mais! Nem um único comprovante de efetiva prestação de

.serviço

A cidadã Nilda Zmievski, pelo contrário, mesmo não ocupando mais cargo de provimentoem comissão na Prefeitura, promoveu a juntada após a contestação de inúmeros procedimentos licitatóriosrealizados no ano de 1996 na íntegra (eventos 1.22 e seguintes). Além disso, o próprio Ministério Públicopromoveu a juntada de mais documentos que o então Prefeito Municipal, inclusive a real licitação nº07/1996.

Considerando (todas as circunstâncias fáticas do presente caso parentesco entre osenvolvidos; fraude comprovada no procedimento licitatório, com a assinatura falsa na ata de licitação ena existência de um verdadeiro procedimento licitatório nº 07/1996; pagamento realizado em parcelaúnica na conta pessoal da irmã do requerido Marcel, a qual não integrava mais a empresa contratada;os depoentes não souberam minimamente explicar o objeto da prestação de serviços; notas fiscais deprestação de serviços nos meses janeiro e fevereiro de 1996, quando a licitação somente forahomologada no final de fevereiro de 1996; valor excessivo da prestação de serviços de “assessoria

), técnica”, quando comparado ao valor da remuneração do Prefeito e o salário mínimo da época

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Page 12: Ação popular contra o prefeito marcel de mato rico

permite concluir pela inexistência de efetiva prestação de serviços e, por conseguinte, na.configuração de ato lesivo ao patrimônio público

Devidamente atestado a lesividade do ato ao patrimônio público, é imperiosa a condenaçãodos requeridos à restituição integral da lesão aos cofres públicos no montante de R$ 23.797,74.

                       

3. Litigância de má-fé.

Importante registrar que a parte requerida Marcel e Marilyn tentam alterar a verdade sobreos fatos, ao promover a juntada aos autos de documentos falsos e fabricados para legitimar a dilapidaçãodo patrimônio público. Comprovou-se que a real licitação nº 07/1996 não era aquela juntada pelosrequeridos, mas sim aquela que se sagrou vencedora a empresa Cimauto/PR Diesel, inclusive tendo

parecer jurídico do próprio defensor dos requeridos. Ademais, houve a juntada de documento contendoassinatura comprovadamente falsa.

Com essas condutas, os requeridos Marcel e Marilyn alteram a verdade dos fatos, opondoresistência injustificada ao andamento processual, de maneira que se impõe a aplicação da multa porlitigância de má-fé, previsto no art. 17, incisos II e IV, do CPC. No julgamento do AI 806981 AgR-AgR,2ªT., j. 12.06.2012, Dje 01.08.2012, o Ministro Relator Celso de Mello, de modo irretocável, assentou que(obs.: destaques no original):

O ordenamento jurídico brasileiro práticas incompatíveis com orepelepostulado ético-jurídico da lealdade processual. , o processo ,Na realidade deve ser vistoem sua expressão instrumental, como um importante meio destinado a viabilizar o acessoà ordem jurídica justa, , por isso mesmo, queachando-se impregnado de valores básicoslhe ressaltam os fins eminentes a que se acha vinculado. O processo sernão podemanipulado para viabilizar o abuso de direito, essa é uma ideia que se revelapoisfrontalmente contrária ao dever de probidade que se impõe à observância das partes. O

– trate-se de parte pública de parte privada – ter a sua condutalitigante de má-fé ou devesumariamente pela atuação jurisdicional dos juízes e dos tribunais, que repelida não

como prática descaracterizadora da essência ética dopodem tolerar o abuso processualprocesso.

Assim, faz-se imprescindível a aplicação da sanção como forma de repudiar ocomportamento processual inaceitável, o qual, inclusive, configurou crime, embora já prescrito, diante dademora na tramitação do presente feito de mais de década.

 

4. Retificação do valor da causa.

Analisando os autos, verifico que o valor atribuído à causa pela parte autora não é razoávele não encontra respaldo legal no art. 258 e seguintes do Código de Processo Civil, eis que atribuído deforma aleatória. É imperiosa, pois, a sua retificação de ofício.

Isso porque o valor da causa deve guardar adequação à pretensão econômica deduzida emJuízo, vedando-se a atribuição de valor excessivamente superior ou consideravelmente inferior ao valoreconômico almejado, com o nítido escopo de burlar regras processuais de pagamentos de custas,distribuição de competência etc.

Consoante jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é possível ao Magistrado, de, modificar o valor atribuído ao feito, nas hipóteses em a estimativa da parte autora não observe osofício

ditames legais e seja dissociada do verdadeiro conteúdo econômico da pretensão. Nesse sentido,confira-se:

 

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05/12/2013: JULGADA PROCEDENTE EM PARTE A AÇÃO. Arq: Sentença

Page 13: Ação popular contra o prefeito marcel de mato rico

PROCESSO CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - NEGATIVA DE PROVIMENTO -AGRAVO REGIMENTAL - SEPARAÇÃO JUDICIAL CONSENSUAL - ARTS. 463, 467 E468 DO CPC - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO - FIXAÇÃO DO VALOR DACAUSA DE OFÍCIO PELO MAGISTRADO - QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA -DESPROVIMENTO. 1 - Não enseja interposição de Recurso Especial matérias (arts. 463,467 e 468, CPC) não ventiladas no v. julgado atacado, estando ausente requisitoindispensável do prequestionamento. Aplicação da Súmula 211/STJ. 2 - Ainda quesuperado tal óbice, a conclusão adotada pelo Egrégio Tribunal a quo encontra-se emconsonância com a jurisprudência desta Corte, no sentido de que o juiz pode proceder àretificação do valor da causa quando existir uma discrepância relevante entre o valordado à causa e o seu efetivo valor econômico, de modo a causar gravame ao erário

Precedentes (REsp n.ºs 168.292/GO, Rel. Ministro ANTÔNIOpúblico, que é indisponível.DE PÁDUA RIBEIRO, DJU de 28.05.2001 e 55.288/GO, Rel. Ministro CASTRO FILHO,DJU de 14.10.2002). 3 - Agravo Regimental desprovido. (AgRg no Ag 512.956/SP, Rel.Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, julgado em 17/03/2005, DJ09/05/2005, p. 410)

No caso dos autos, a pretensão da parte autora, nesse ponto, é o ressarcimento ao erário dovalor do ato lesivo, consistente em R$ 23.797,74. A despeito disso, atribuiu-se à causa o valor ínfimo deR$ 200,00.

O valor da causa, a teor do art. 259 do Código de Processo Civil, deve corresponder àpretensão econômica da ação, a qual, no caso, é aquela do ressarcimento ao erário no montante de R$23.797,74.

 

III – DISPOSITIVO.

Ante o exposto, julgo a pretensão veiculada pela parteparcialmente PROCEDENTEautora, extinguindo o processo com resolução de mérito, fulcro no art. 269, inc. I, do Código ProcessoCivil, diante do ato lesivo ao patrimônio público municipal, para condenar os requeridos MARCELJAYRES MENDES DOS SANTOS e MARILYN JAYRE MENDES DOS SANTOS, de forma solidária,ao ressarcimento ao erário municipal do valor de R$ 23.797,74 (vinte e três mil, setecentos e noventa esete reais e setenta e quatro centavos).

O valor do ressarcimento ao erário do Município de Mato Rico/PR deverá ser corrigidomonetariamente pela média do INPC/IBGE e IGP-DI desde a data de 31.01.1997 (Súmula nº 43, STJ),acrescido de juros simples de 1%, a partir do evento danoso, 31.01.1997 (Súmula nº 54, STJ, e art. 14º,caput c/c §2º, da Lei nº 4.717/1964).

Retifico, de ofício, o valor da causa de R$ 200,00 para R$ 23.797,74. Anotações eretificações a cargo da Escrivania.

Condeno os requeridos MARCEL JAYRES MENDES DOS SANTOS e MARILYNJAYRE MENDES DOS SANTOS ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios novalor de 20% do valor total da condenação, atendidos os requisitos do art. 20, §3º, do Código de ProcessoCivil, considerando o tempo de duração do feito, a ser revertido em favor do Fundo Municipal da Criançae do Adolescente do Município de Mato Rico.

Condeno os requeridos MARCEL JAYRES MENDES DOS SANTOS e MARILYNJAYRE MENDES DOS SANTOS, solidariamente, ao pagamento de multa de 1% do valor atualizado dacausa, a título de litigância de má-fé, na forma do art. 17, inc. II e IV, do CPC, conforme exposto nafundamentação, em favor do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente do Município de Mato Rico.

A título de indenização à parte contrária em decorrência da litigância de má-fé, condenosolidariamente os requeridos MARCEL JAYRES MENDES DOS SANTOS e MARILYN JAYRE

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Page 14: Ação popular contra o prefeito marcel de mato rico

MENDES DOS SANTOS no valor 20% sobre o valor atualizado da causa, na forma do art. 18 do CPC,em favor do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente do Município de Mato Rico.

Justifica-se a reversão dos valores de honorários advocatícios e multa por litigância de má-fé ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente do Município de Mato Rico, eis que, no caso

destes autos, a parte autora atua como substituto processual de toda a coletividade, de maneira que osvalores devem reverter em prol da própria sociedade, mostrando-se adequada tal destinação, fulcro naprioridade constitucional conferida às políticas públicas em prol da criança e do adolescente.

Cumpram-se as disposições do CNCGJ, inclusive procedendo às comunicaçõesnecessárias, visto se tratar de processo inserido na Meta 18/2013 estabelecida pelo ConselhoNacional da Justiça – CNJ.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Ciência ao Ministério Público.

Cumpra-se as disposições do CNCGJ.

Pitanga, 5 de Dezembro de 2013.

 Adriano EyngJuiz de Direito

 

 

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PROJUDI - Processo: 0000074-19.2000.8.16.0136 - Ref. mov. 75.1 - Assinado digitalmente por Adriano Eyng:16250,

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