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Liliana Ernestina Silva Ferreira Alves
Acções Extra-Esqueléticas da
Vitamina D
2009/2010
Abril, 2010
Liliana Ernestina Silva Ferreira Alves
Acções Extra-Esqueléticas da Vitamina D
Mestrado Integrado em Medicina
Área: Reumatologia
Trabalho efectuado sobre a Orientação de:
Professor Doutor Carlos Vaz
Revista: Acta Reumatológica Portuguesa
Abril, 2010
2
Acções Extra-Esqueléticas da V itamina D
Resumo
A vitamina D é um precursor hormonal esteróide, lipossolúvel, encontrada sob duas
formas, o colecalciferol ou vitamina D3 (sintetizada na pele) e o ergocalciferol ou vitamina D2
(proveniente da dieta de origem vegetal). A sua síntese inicia na epiderme e derme levando a
formação da forma biologicamente activa, a -dihidroxivitamina D ( -(OH) 2D3 ou
calcitriol), que actua sobre o receptor da vitamina D e exerce a sua acção biológica. Sabe-se
actualmente que este receptor e a enzima, q -(OH) 2D3, estão
presentes em inúmeras células do organismo, não envolvidas no metabolismo ósseo,
nomeadamente, as células do sistema imunológico, do sistema cardiovascular, do cólon, da
mama, entre outras. A síntese extra renal da hormona actua de forma parácrina na regulação,
na proliferação, na maturação e na apoptose das células. Assim sendo, influencia o
desenvolvimento das doenças auto-imunes, cardiovasculares e neoplásicas. Existem inúmeros
estudos que evidenciam a elevada prevalência de baixos níveis de vitamina D em indivíduos
saudáveis e não saudáveis, e que relacionam estes níveis à uma maior incidência e prevalência
de doenças crónicas como as auto-imunes, as neoplásicas e as cardiovasculares. Também se
associam à um maior risco de mortalidade. Procurou-se, neste trabalho, fazer uma revisão da
literatura onde se descrevam as acções extra-esqueléticas da Vitamina D, nomeadamente, ao
nível do sistema imunológico, a sua acção anti-neoplásica e os seus benefícios
cardiovasculares.
Palavras-chave: Vitamina D; Doenças auto-imunes; Doenças cardiovasculares; Neoplasias;
Deficiência;
3
Nonskeletal Actions of V itamin D
Abstract
Vitamin D is a fat-soluble steroid hormone precursor found in two different kinds, the
cholecalciferol or vitamin D3 (synthesized in the skin) and ergocalciferol or vitamin D2 (from
vegetable diets). Their synthesis begins in the epidermis and dermis leading to formation of
the biologically active form, the 1 25-dihydroxyvitamin D (1 , 25-(OH) 2D3 or calcitriol),
which acts on the vitamin D receptor and exerts its biological action. Currently it is known
that this receptor and the enzyme that catalyzes the synthesis of 1 , 25-(OH) 2D3 are present
in many cells of the organism not involved in bone metabolism including the immune system
cells, the cardiovascular system cells, the colon and breast cells among others. This extra
renal synthesis of the hormone acts in a paracrine way to regulate proliferation, maturation
and apoptosis of cells. Thus, influences the development of autoimmune diseases,
cardiovascular diseases and cancer. There are many studies which show a high prevalence of
low vitamin D levels in healthy and unhealthy individuals and relate these levels to a higher
incidence and prevalence of chronic diseases such as autoimmune diseases, cancer and
cardiovascular diseases. It also associated with an increased risk of mortality. This article
reviews the literature which describes the nonskeletal actions of vitamin D, primarily at the
immune system level, its anti-cancer actions and its cardiovascular benefits.
K ey-words: Vitamin D; Autoimmune diseases; Cardiovascular diseases; Neoplasms;
Deficiency.
4
Ìndice
Lista de abreviaturas e siglas ...................................................................................................... 5
Introdução ................................................................................................................................... 7
Métodos .................................................................................................................................... 10
Acções imunológicas da vitamina D ........................................................................................ 11
Acções antineoplásicas da vitamina D ..................................................................................... 17
Benefícios cardiovasculares da vitamina D ............................................................................. 20
Níveis adequados de vitamina D .............................................................................................. 22
Conclusão ................................................................................................................................. 24
Bibliografia ............................................................................................................................... 25
5
L ista de abreviaturas e siglas
APC antigen presenting cell
AR artrite reumatóide
DII doença inflamatória intestinal
DM1 diabetes mellitus tipo 1
DM2 diabetes mellitus tipo 2
EAE encefalite auto-imune experimental
EDSS - expanded disability status scale
EM esclerose múltipla
HTA hipertensão arterial
LES lúpus eritematoso sistémico
NOD nonobese diabetic mice
TGF - transforming growth factor
TLR toll-like receptor
UV ultravioleta
VDBP vitamin D binding protein
VDR vitamin D receptor
VDRE vitamin D responsive elements
- (OH) 2D3 - -dihidroxivitamina D
7
Introdução
A vitamina D é um precursor hormonal esteróide, lipossolúvel, encontrada sob duas
formas, o colecalciferol ou vitamina D3 (sintetizada na pele) e o ergocalciferol ou vitamina D2
(proveniente da dieta de origem vegetal).1
Mais de 90% das necessidades do organismo em vitamina D são supridas pela
exposição solar.2 Sob a acção da radiação ultravioleta (UV) B, o 7-dehidrocolesterol presente
na membrana plasmática das células da epiderme e da derme é fotoconvertido em pré-
vitamina D3.3 Esta sofre isomerização térmica em vitamina D3 que se liga à proteína de
ligação à vitamina D (VDBP- vitamin D binding protein
fígado.4 Tanto a vitamina D3 como a D2 são hidroxiladas no fígado a 25-hidroxivitamina D
25-(OH) D , o indicador mais fiável do status de vitamina D no organismo.5 A 25-(OH) D
transportada para o rim e metabolizada pela enzima 25-(OH) D- -hidroxilase (CYP27B1) a
-dihidroxivitamina D -(OH) 2D3, ou calcitriol , a forma biologicamente activa da
hormona.4,6 A produção renal de calcitriol é regulada pelos níveis plasmáticos de cálcio, de
fósforo, de para -(OH) 2D3, por mecanismos de feedback
negativo.5,6,7
Após entrar na circulação sanguínea, o calcitriol alcança os seus órgãos-alvo (o
intestino delgado, o osso, a paratireóide e o próprio rim) e desempenha um papel importante
na homeostasia do cálcio, do fósforo e, consequentemente, no metabolismo ósseo.7
Até há algumas décadas, estas eram as únicas funções conhecidas da vitamina D no
organismo.
T -(OH) 2D3 depende da sua ligação ao receptor da
vitamina D (VDR- vitamin D receptor ndente do ligando,
pertencente à superfamília de receptores nucleares para hormonas esteróides.7 A ligação da
8
-(OH) 2D3 ao VDR promove a heterodimerização do complexo formado ao receptor do
retinóide X.7,8,9 Este heterodímero regula a expressão de genes por acção directa sobre as
regiões promotoras dos genes responsivos à vitamina D, ligando-se aos elementos responsivos
à vitamina D (VDRE- vitamin-D- ), ou por interacção com
determinados factores de transcrição.10
Ao longo do tempo, têm sido publicados inúmeros estudos que associam a exposição
solar diminuída à susceptibilidade ou ao aumento da mortalidade por doenças crónicas como
as auto-imunes, as cardiovasculares e o cancro.
Actualmente, conhecem-se numerosas células não envolvidas na homeostasia do
cálcio, que expressam a CYP27B1, os VDRs e que possuem capacidade de síntese e de
resposta à forma activa da vitamina D, nomeadamente, as do cólon, da próstata, da mama, do
endotélio, do sistema imunológico, entre outras.2,5,6,7,11,12,13.
A produção extra renal de calcitriol é independente dos mecanismos que regulam a
síntese renal, estando sujeita a regulação por citocinas e factores de crescimento locais.7
Assim sendo, a sua concentração tecidual depende principalmente da síntese local pelas
células que expressam a CYP27B1.5
Sabe-se, então, que as acções da -(OH) 2D3 e do seu receptor não se resumem na
regulação da homeostasia do cálcio. A produção de calcitriol e a presença de VDR, em
tecidos não envolvidos na regulação de minerais, levaram à descoberta de outras funções da
vitamina D. A hormona produzida localmente actua de forma parácrina/autócrina e, uma vez
concluída a função, é degradada em metabolitos inactivos, não influenciando os níveis
-(OH) 2D3.14
Ela inibe a proliferação, induz a diferenciação e a apoptose das células, bem como,
diminui a angiogénese, acções favoráveis à inibição da carcinogénese.6,8,15 Possui efeitos
9
imunomoduladores directos sobre as células do sistema imunológico, contribuindo na
regulação autócrina/parácrina da resposta imune inata e adaptativa.4,8 As suas acções anti-
inflamatórias e as antiproliferativas sobre as células musculares lisas, a inibição da síntese
renal da
doenças cardiovasculares.6,8
Propõe-se, neste trabalho, uma revisão da literatura onde se descrevam as acções
extra-esqueléticas da Vitamina D, nomeadamente, ao nível do sistema imunológico, sua acção
antineoplásica e os seus benefícios cardiovasculares.
10
Métodos
Para a revisão foram pesquisados artigos científicos na base de dados da PubMed e
Science Direct. As palavras-chave utilizadas foram
11
Acções imunológicas da vitamina D
As células apresentadoras de antigénios (APC- antigen presenting cell
linfócitos B e T respondem à forma activa da vitamina D, bem como, a sintetizam.6 -
(OH) 2D3 actua, de forma parácrina/autócrina, na regulação da proliferação e da função destas
células e, consequentemente, na resposta imune.8,9,11 Ela inibe a diferenciação dos monócitos
em células dendríticas imaturas e a sua maturação terminal, assim como, a expressão de suas
moléculas co-estimuladoras, induzindo células com propriedades tolerogénicas.8 Também,
inibe a secreção, pelas células dendríticas e outras APCs, de citocinas importantes para o
recrutamento e activação dos linfócitos Th1, como a IL-12, e, consequente, propagação da
resposta imunológica celular.4 A hormona não só inibe a IL-12 como, também, estimula a
produção, pelas APCs, da IL-10, que inibe a resposta Th1.9 Ela induz a formação de células T
reguladoras CD4 + e CD25 +, aumenta a sua capacidade supressora, promovendo a tolerância
aos auto-antigénios e ao transplante.8,9
Dado à extensa acção sobre as células dendríticas, estas parecem ser o alvo primário
- (OH) 2D3 na regulação imunológica, porém, a hormona possui acção directa sobre as
células T.9 Ela inibe a proliferação dos linfócitos Th1 e a produção de citocinas pró-
inflamatórias (IL- -
diferenciação de linfócitos Th2 e a secreção de citocinas anti-inflamatórias.9,11 Possui efeitos
moderados na expressão constitutiva das citocinas Th1 e Th2 e aparenta inibir primariamente
as células pró-inflamatórias (Th1/Th17) e, em condições apropriadas, favorecer a resposta
anti-inflamatória (Th2).5,8
-(OH) 2D3 influencia não só a imunidade adaptativa como também a inata. Os
receptores Toll-like (TLR- -like receptor ) têm um papel fundamental no início da
resposta imune inata. Ao interagirem com padrões moleculares associados aos patogénios,
como os lipopolissacarídeos, induzem a expressão de defensinas, como a catelicidina, que é
12
codificada por genes responsivos à vitamina D e regulada positivamente pela mesma.8 Os
macrófagos e as células epiteliais possuem VDRs e sintetizam a hormona.16 Nestas células, a
activação inicial dos TLRs por peptídeos patogénicos é necessária para induzir a expressão
dos VDRs, da CYP27B e da -(OH) 2D3. A última induz de forma autócrina a expressão
da catelicidina e da síntase do óxido nítrico, promovendo a morte do microrganismo.11,16
-(OH) 2D3 inibe a expressão de TLRs induzida pelos peptídeos
patogénicos, o que atenua a activação final das células Th1.11
Os queratinócitos, ao contrário dos macrófagos, não expressam constitutivamente os
TLRs.11 Nestas células, o transforming growth factor (TGF) actua como uma via
alternativa, na -(OH) 2D3, que induz a produção de
catelicidina, a expressão dos TLR2 e do seu co-receptor CD-14.8 Este mecanismo parece
conferir protecção contra as infecções durante a cicatrização das lesões cutâneas.8
Nas inflamações cutâ -(OH) 2D3 produzida, localmente, pelas células
dendríticas da epiderme, influencia o recrutamento dos linfócitos T.11 A hormona estimula as
células T a expressar epidermiotropic chemokine receptor CCR 10, o que promove a
migração/retenção destas células CCR+ para a pele, em resposta à quimiocina CCL27,
secretada pelos queratinócitos.11
-(OH) 2D3 sobre o sistema imunológico parece ser consistente
com inúmeros estudos, que associam a deficiência da vitamina D à prevalência aumentada de
certas doenças auto-imunes, mediadas por células Th1, como a esclerose múltipla (EM), a
artrite reumatóide (AR), o lúpus eritematoso sistémico (LES), a diabetes mellitus tipo 1
(DM1) e a doença inflamatória intestinal (DII). As mesmas parecem ter uma distribuição
geográfica relacionada com a exposição solar.15,17 A EM é praticamente desconhecida nas
regiões equatoriais e, de acordo inúmeros estudos epidemiológicos, a sua prevalência é
13
elevada nas regiões do hemisfério norte, devido à exposição solar diminuída e à baixa
disponibilidade da vitamina D.17,18,19 Alguns estudos realizados evidenciaram uma associação
significativa entre a exposição solar elevada, na infância e na adolescência, e o risco
diminuído de EM.20,21 Existe uma forte associação entre as estações do nascimento e a
incidência de EM, com excesso de casos nos meses de primavera, o que poderá ser explicado
pelas variações sazonais da concentração materna de calcitriol.22,23 Diversos estudos
evidenciaram flutuações sazonais da gravidade da EM, com exacerbações mais frequentes no
final do inverno, altura em que os níveis circulantes de calcitriol são mais baixos.18 Existem
estudos prospectivos que relacionam o status de calcitriol e a EM. Um estudo caso-controlo,
onde se quantificou os níveis séricos de 25-(OH) D, evidenciou uma diminuição de risco nos
indivíduos com níveis elevados, principalmente, nos que foram quantificados antes da idade
dos 20.24 Num estudo em que se incluiu indivíduos com e sem EM verificou-se, em mulheres,
uma relação inversa entre os níveis séricos de 25-(OH) D e o risco da doença, associada à
uma diminuição de 19% deste a cada aumento de 10 nmol/L de 25-(OH) D sérica.25 Foi
observada uma correlação negativa entre os níveis da 25-(OH) D e a escala EDSS (Expanded
Disability Status Scale), usada para quantificar a incapacidade nos indivíduos com EM.25,26,27
Os níveis da 25-(OH) D também se relacionam com actividade da doença, sendo
significativamente mais baixos durante a exacerbação.28 A forma progressiva da doença foi
associada a níveis mais baixos da 25-(OH) D, em relação à forma recorrente/remitente.27
Munger et al. (in Vitamin D intake and incidence of multiple sclerosis), citados por Mullin e
Dobs, mostraram num grande estudo observacional que, mulheres que ingeriram quantidades
elevadas de vitamina D, em forma de suplemento, diminuíram em 40% o risco de EM.4
Outros estudos mostraram o papel benéfico de uma dieta rica em vitamina D na EM.21
Verificou-se um aumento dos níveis séricos de TGF- indivíduos com EM, após 6
meses de suplementação com vitamina D.29 A TGF- -inflamatória, que
14
se demonstrou ter um papel importante em modelos animais de EM, Encefalite Auto-imune
Experimental (EAE), ao suprimir os sintomas e o desenvolvimento da doença.29 Demonstrou-
-(OH) 2D3 previne o desenvolvimento e a progressão da EAE, e que esta
inibição era reversível.30 -(OH) 2D3 e o seu análogo não hipercalcémico inibem a
resposta Th1 dependente da IL-12 e a EAE.31
A AR, o LES, a DM1 e a DII, também, têm sido descritos como sendo mais
prevalentes nas regiões de maior latitude e associados à deficiência da vitamina D.19,32,33,34
Patel, S. et al demonstraram num estudo, incluindo indivíduos com AR, que baixos
níveis séricos de 25-(OH) D se associam, no início da evolução da doença, à um maior
número de marcadores da incapacidade funcional e da actividade da doença.35 Ao fim de 1
ano, os doentes com níveis séricos mais elevados de metabolitos da vitamina D tinham um
baixo score na escala de Health Assement Questionnaire.35 Num estudo de coorte prospectivo,
incluindo mulheres sem AR, a ingestão de vitamina D proveniente da dieta ou de suplementos
esteve associada à menor incidência da doença.36 Andjelkovic, Z. et al (in Disease modifying
),
citados por Nagpal et al., demonstraram que, em indivíduos tratados com a terapêutica
standard para a AR, os análogos de vitamina D possuem efeitos benéficos na actividade da
doença em 89% dos doentes.10
Em modelos animais -(OH) 2D3 e seu análogo diminui
os sintomas e inibe a progressão da doença.9
A deficiência da vitamina D em indivíduos com LES tem sido descrita em vários
estudos.32,37,38,39 Num estudo caso-controlo, incluindo indivíduos com diagnóstico recente da
doença, demonstrou-se uma tendência para níveis séricos muito baixos de 25-(OH) D, nestes,
comparativamente ao grupo controlo.37 Entre os casos, o nível sérico médio de 25-(OH) D foi
15
de 21ng/ml, tendo sido encontrado valores excessivamente diminuídos (< 10 ng/ml) em 18%
dos indivíduos.37 Além de níveis séricos baixos de 25-(OH) D, em indivíduos com LES,
demonstrou-se que a estes valores bastante diminuídos associam-se um score elevado nas
escalas utilizadas para avaliar a incapacidade funcional e a actividade da doença,
comparativamente aos doentes com níveis séricos considerados normais neste estudo.38 Num
estudo transversal, incluindo doentes com uma mediana de 7 anos de duração da doença,
demonstrou-se que aos níveis muito baixos de 25-(OH) D (<10ng/ml) se associam um maior
grau de fadiga, no entanto, não se verificou nenhuma associação com a duração e severidade
da doença.39
Sheng, S. et al demonstraram que os indivíduos com LES, particularmente, os com
maior actividade da doença e anticorpos antinucleares positivos, tinham baixos níveis de
-(OH) 2D3.32
Esta inibe a proliferação, a diferenciação e a produção de imunoglobulinas,
e induz a apoptose dos linfócitos B, o que atenua a hiperactividade destas células no LES.32
Em modelos animais que espontaneamente desenvolvem LES o tratamento com agonistas dos
VDRs atenuou os sintomas e melhorou a sobrevida.8
A DM1 caracteriza-se por destruição auto-
produtoras de insulina.10 E estudos experimentais, em modelos animais de diabetes auto-
i -(OH) 2D3 possui acções anti-inflamatórias e
imunomoduladoras sobre as células dos ilhéus pancreáticos.40 Nos nonobese diabetic mice
(NOD), modelos animais que desenvolvem espontaneamente a DM1, o tratamento com a
-(OH) 2D3 e seus análogos, antes das 3 semanas de idade, inibe o desenvolvimento da
insulite e da diabetes, enquanto que nos NOD adultos apenas inibe a progressão da doença.4,8,9
Foi demonstrada que a suplementação da vitamina D, em doses elevadas (2000 UI), durante
primeiro ano de vida, diminui o risco de desenvolvimento da DM1.40 Também, confere um
efeito protector em relação ao desenvolvimento de diabetes auto-imune em crianças, que as
16
mães receberam doses elevadas de vitamina D durante a gestação.40 Existem vários estudos
que confirmam este efeito protector da vitamina D, relativamente DM1.19,40
Estudos experimentais em modelos animais para DII têm demonstrado a importante
influência da vitamina D na patogénese da doença.33 A deficiência de vitamina D diminui a
supressão da resposta Th1 associada a DII.5
17
Acções antineoplásicas da vitamina D
As células do cólon, da mama, da próstata e de muitos outros tecidos do organismo
expressam a CYP27 -(OH) 2D3.2,14 Esta actua nos VDRs das
células normais e neoplásicas, regula o ciclo celular e desempenha acções favoráveis à
inibição da carcinogénese, através de vários mecanismos biológicos.4 Por acção sobre os
factores de crescimento, os proto-oncogenes e os genes supressores tumorais induz a
apoptose, a diferenciação e inibe a proliferação celular, assim como, a angiogénese, a invasão
e a metástase tumoral.4
Há algumas décadas, associou-se ao facto de se viver em latitudes elevadas um risco
maior de desenvolver e morrer por alguns tipos de cancro como o do cólon, da mama,
próstata, entre outros.2,4,15 Grant concluiu que essa disparidade pode ser atribuída às variações
na exposição à radiação solar UVB e na disponibilidade da vitamina D.41 Evidenciou-se,
ainda, uma correlação inversa entre a radiação solar UVB e a incidência e mortalidade por
cancros da bexiga, do esófago, do rim, do pâncreas, do pulmão, do estômago, do recto, do
ânus, do corpo e colo do útero, da vulva, do ovário, do linfoma não-Hodgkin, entre outros.41,42
Num estudo de coorte realizado entre 1986 e 2000, um aumento de 25nmol/L do nível
sérico de 25-(OH) D esteve associado, respectivamente, à uma diminuição de 17% e de 29%
na incidência e na mortalidade total por cancro, nos homens, com grande impacto sobre
cancros do tracto digestivo.43 Ducloux, D. et al (in Pretransplant Serum Vitamin D Levels and
Risk of Cancer After Renal Transplantation), citados por Wang, evidenciaram, em
transplantados renais, uma relação inversa entre a incidência de cancro e os níveis séricos de
25-(OH) D previamente ao transplante.44
Observou-se uma redução de 60%, da incidência total de cancro em mulheres em pós-
menopausa, saudáveis, que receberam suplemento diário de cálcio/vitamina D3
18
(1000mg/1100UI) durante 4 anos, comparativamente aos grupos que receberam apenas cálcio
ou placebo.45 Grant, WB. et al (in An estimate of cancer mortality rate reductions in Europe
and the US with 1,000 IU of oral vitamin D per day), citados por Pérez lópez, concluíram
haver uma redução significativa da mortalidade por cancro, em ambos os sexos, na Europa e
nos Estados Unidos com a ingestão diária de 1000UI de vitamina D.46
Inúmeros estudos que associam a ingestão de vitamina D e de cálcio ao risco de
cancro do cólon foram publicados ao longo dos anos, com resultados variáveis. Alguns
mostraram uma associação positiva ou pouco significativa, enquanto noutros não se
observaram qualquer associação.44 Vários factores podem explicar esses resultados
controversos, entre os quais a duração do estudo e a suplementação insuficiente da vitamina
D, uma vez que na grande maioria dos estudos foram usados doses diárias de 400-500UI.44
Garland, et al (in Serum 25-Hydroxyvitamin D and Colon cancer: Eight-year
Prospective Study), citados por Holick, observaram que os indivíduos com concentrações
séricas de 25- 20ng/ml o risco de cancro de cólon diminuía até 3 vezes.3 Uma
metanálise, baseada em estudos que associam 25-(OH) D ao cancro colorectal, concluiu que
47
O status de vitamina D associa-se inversamente ao risco de adenomas colorectais, de
progressão e de recorrência.48 Estudos em modelos experimentais também evidenciaram uma
associação positiva entre o status vitamina D e o cancro do cólon.4
Diferentes desenhos de estudo evidenciam benefícios significativos da vitamina D no
cancro da mama.44 Num estudo recente, randomizado e duplo cego, a suplementação diária de
cálcio e de 1100UI de vitamina D esteve associada à um menor risco de cancro da mama,
comparativamente ao grupo que recebeu apenas cálcio ou placebo.45
19
Apesar da associação positiva entre o cancro da próstata e a exposição à radiação solar
UVB, a maioria dos estudos em que se avaliaram a ingestão e o status da vitamina D não
obtiveram o mesmo resultado.44 São necessários mais estudos para melhor esclarecer a relação
entre o cancro da próstata e a vitamina D. Entretanto, num ensaio clínico com calcitriol e o
antineoplásico docetaxel no cancro metastático da próstata não-dependente do androgénio
demonstrou-se que, em combinação, têm melhores resultados, inclusive na sobrevida,
comparativamente ao tratamento apenas com docetaxel.49
Actualmente, têm-se levantado questões quanto ao papel de análogos de calcitriol na
prevenção/tratamento de neoplasias do endométrio, do ovário e do colo do útero.46
20
Benefícios cardiovasculares da vitamina D
A deficiência de vitamina D é considerada um importante factor de risco
cardiovascular, que predispõe à inflamação vascular crónica, à hipertensão arterial (HTA), à
pré-eclampsia, à diabetes mellitus tipo 2 (DM2), à hipertrofia ventricular esquerda e à
insuficiência cardíaca congestiva.50,51,52,53 Através de VDRs, presentes no sistema
cardiovascular, e por meio de vários mecanismos, inibe os processos envolvidos na
calcificação e na proliferação do músculo liso vascular.54 Regula, negativamente, o sistema
renina angiotensina reduzindo a actividade plasmática da renina, os níveis da angiotensina II e
a pressão arterial.54
Rostand demonstrou que a pressão arterial era mais elevada nas regiões mais afastadas
do equador, nos meses de inverno e nos indivíduos de pele escura, que vivem em regiões de
clima temperado.55 Também foi observada que a incidência de doença cardíaca isquémica é
maior nas latitudes mais elevadas.54 E essas variações poderiam dever-se às alterações no
status de vitamina D, consequentes à baixa radiação solar UVB.54,55
Num estudo transversal, observou-se uma redução de 20% na elevação da pressão
arterial sistólica associada à idade, em caucasianos com concentrações elevadas de 25-(OH)
D.56 Os níveis séricos de 25-(OH) D <30ng/ml associaram-se à maior prevalência de doenças
cardiovasculares, nomeadamente, a doença coronária, o enfarte do miocárdio, a insuficiência
cardíaca e o acidente vascular cerebral.57
Num estudo prospectivo, seguido por 5 anos, incluindo indivíduos sem antecedentes
de doenças cardiovasculares, observou-se uma incidência mais elevada de eventos
cardiovasculares naqueles com níveis séricos de 25-(OH) D <15ng/ml, sendo maior o risco
nos indivíduos com défice de vitamina D e HTA associada.58 Os baixos níveis séricos de 25-
(OH) D também têm sido associados à uma maior incidência de DM2.59
21
Relativamente à doença cardiovascular já estabelecida, demonstrou-se um aumento do
risco de mortalidade em doentes com baixos níveis séricos de 25-(OH) D, comparativamente
aos níveis mais elevados.60
A exposição de indivíduos hipertensos ligeiros não tratados à radiação UVA e UVB,
três vezes por semana, resultou em diminuição da pressão arterial sistólica e diastólica de
6mmHg e aumento significativo do nível sérico da 25-(OH) D, no grupo exposto a UVB.61
Sugden, JA. et al (in Vitamin D improves endothelial function in patients with Type 2 diabetes
mellitus and low vitamin D levels), citados por Lee et al, demonstraram num estudo
randomizado, incluindo indivíduos com baixos níveis séricos de 25-(OH) D e DM2, que uma
dose única de 100000 UI reduz significativamente a pressão arterial sistólica e melhora a
função endotelial.50
, a suplementação oral diária de vitamina D, em doses
superiores a 800 UI, diminuiu em cerca de 23% o risco de diabetes, em mulheres,
comparativamente às doses diárias inferiores a 200 UI.62
A suplementação oral de vitamina D resultou em redução significativa da mortalidade
global, inclusive da mortalidade de causa cardiovascular, em doentes renais crónicos, em
hemodiálise, onde a deficiência de vitamina D é muito prevalente e associada à mortalidade
cardiovascular precoce.63,64 Não obstante, num estudo randomizado por 7 anos, incluindo
mulheres em pós-menopausa, a suplementação com cálcio+vitamina D (500mg+200UI) não
resultou em diminuição do risco cardiovascular.65
22
Níveis adequados de vitamina D
Tem-se demonstrado cada vez mais a importância da vitamina D e o impacto de
baixos níveis séricos na saúde em geral. Inúmeros estudos têm comparado o status (a
deficiência/insuficiência e suficiência) da vitamina D à susceptibilidade ou mortalidade
aumentada por doenças crónicas como as auto-imunes, as cardiovasculares e o cancro. No
entanto, não existe uma definição precisa quanto ao nível sérico óptimo da vitamina D.6,66,67 A
25-(OH) D é a forma biológica usada para determinar o status da vitamina D no organismo.66
Demonstrou-se num estudo, incluindo adultos com níveis séricos de 25-(OH) D entre 25 e
60nmol/L (11 e 25ng/ml), que a suplementação oral com cálcio e vitamina D em doses de
50000UI, semanalmente durante 8 semanas, resulta em diminuição da concentração sérica da
paratohormona, em cerca de 35% nos indivíduos com níveis séricos mais baixos de 25-(OH)
D (entre 27.5 a 39.9nmol/L).68 Nos indivíduos com níveis mais elevados de 25-(OH) D (entre
50 e 60nmol/L) a diminuição não foi significativa, apesar do aumento em 66% da
concentração sérica da 25-(OH) D.68 Concluiu-se, neste estudo, que é necessária uma
concentração sérica mínima de 25-(OH) D de 50nmol/L (20ng/ml) para atingir a concentração
sérica óptima da paratohormona e prevenir as consequências do hiperparatireoidismo
secundário.68 Um estudo mais recente evidenciou que os níveis da paratohormona atingem um
a partir de concentrações séricas de 29.8ng/ml de 25-(OH) D, em mulheres em pós-
menopausa.69 Heaney et al (in calcium absorption varies within the reference range for serum
25-hydroxyvitamin D), citados por Holick, evidenciaram que a elevação da concentração
sérica média de 25-(OH) D de 20 para 32 ng/ml resulta num aumento de 65% na absorção
intestinal de cálcio.66 Estes estudos, entre outros, levaram a que, a grande maioria dos autores,
concordassem em definir a deficiência de vitamina D como valores séricos de 25-(OH) D
<20ng/ml, a insuficiência como valores entre 21 a 29 ng/ml e a suficiência> 30ng/ml.66
Considera-se que concentrações séricas da 25-(OH) D> 30ng/ml são necessárias para
24
Conclusão
-(OH) 2D3 influencia a função de vários órgãos e sistemas biológicos
independentemente da sua acção endócrina. Diminui o risco de desenvolvimento de doenças
auto-imunes, cancerígenas e cardiovasculares. A prevalência, a incidência e a mortalidade
destas doenças foram relacionadas com a exposição à radiação solar UVB (a principal fonte
da vitamina D), com as concentrações séricas da vitamina D e com a própria suplementação
desta, obtendo-se resultados significativos quanto aos benefícios da vitamina D na saúde em
geral. No entanto, serão necessários mais estudos prospectivos follow up
melhor se perceba o papel da suplementação da vitamina D na prevenção/tratamento de
doenças.
Com os resultados obtidos nos estudos abordados, neste trabalho, torna-se importante
que se defina de forma precisa o nível sérico óptimo da vitamina D, quando e em que
indivíduos rastrear a sua deficiência, e adequar as recomendações da sua suplementação para
um maior benefício na saúde.
25
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