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Aconselhamento Cristão de Crianças
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Éverton Procópio de Souza
Aconselhamento Cristão de Crianças
1
SUMÁRIO
Introdução
02
Capítulo 1 - Dom de exortação, de encorajamento ou de aconselhamento?
04
Capítulo 2 - Alguns sinais encontrados nos cristãos que têm o dom espiritual de
aconselhamento
07 Capítulo 3 - Para aconselhar é preciso ter o dom de aconselhamento?
08
Capítulo 4 - O conselheiro cristão de crianças
09
Capítulo 5 - Direcionamentos para o estudo eficaz da bíblia
15
Capítulo 6 – Conduzindo uma criança a Cristo Capítulo 7 - Comentários sobre alguns aspectos sócio-emocionais do
comportamento infantil
18
21 Capítulo 8 - Técnicas de aconselhamento cristão de crianças
26
Capítulo 9 - Estratégias lúdicas para desenvolver o diálogo com a criança
29
Considerações finais
33 Bibliografia consultada
34
João Pessoa-PB
2011
Aconselhamento Cristão de Crianças
2
Introdução
le será chamado Maravilhoso Conselheiro” (Isaías 9:6) era como o profeta Isaías
estava se referindo a Jesus Cristo nessa passagem bíblica. Jesus é o “Maravilhoso
Conselheiro”. A Ele pertencem o conselho e o entendimento, diz Jó no capítulo 12 verso 13. O
salmista afirma que é Ele quem nos dirige com seu conselho, em Salmo 73:24: “Tu me diriges com o
teu conselho”.
Quando Jesus chamou Seus discípulos, eles receberam a incumbência de não somente
pregar as boas-novas pelo mundo, mas para assumir responsabilidades ainda maiores, tais como: ir ao
encontro das necessidades das pessoas, expulsar os espíritos imundos e curar todas as doenças e
enfermidades das pessoas, conforme descrito em Mateus 10:1. Vale salientar que nessa passagem bíblica
Jesus Cristo deu autoridade aos seus discípulos para cumprirem todas essas atividades. Pode-se ressaltar,
ainda, nesse mesmo texto que, curar todas as doenças, implica dizer que são todas as doenças que se
manifestam em diversas áreas das nossas vidas, sejam elas doenças físicas ou emocionais das pessoas,
inclusive das crianças.
Temos a tendência de deixar exclusivamente para os profissionais ou aos pastores a
responsabilidade de ajudar o outro. Mas, deve ser responsabilidade de todos aqueles que são discípulos
do Maravilhoso Conselheiro.
Liderar crianças requer a plena consciência de que não estamos apenas influenciando vidas,
mas que estamos sendo cooperadores na formação do seu caráter ético-cristão.
As crianças a todo instante têm sofrido investidas do inimigo, tornando-se vítimas pelo
mundo. Por isso, cada uma dessas crianças precisa de restauração, libertação, cura, atenção e salvação, a
fim de que elas possam cumprir o propósito de Deus em suas vidas, fazendo a diferença no mundo.
É evidente que, a criança hoje em dia tem sido bastante influenciada pela mídia, cujo meio
de comunicação instiga na criança a ter um comportamento consumista e de imitação dos adultos, seja
na forma de vestir-se, entreterem-se e de relacionar-se com o sexo oposto.
Manter a infância dos filhos tem sido um grande problema para os pais, pois à criança se
apresentam ideias cada vez mais complexas para assimilarem e isto pode acabar provocando nela uma
perturbação mental, levando-a a ter um sentimento de incapacidade, podendo até desenvolver nelas
desajustes emocionais.
Além disso, muitas crianças têm vivido crises por diversos motivos: divórcio dos pais,
doença, baixa auto-estima, discriminação de colegas, abusos, morte de pessoas queridas ou de um
“E
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animal de estimação, acidentes, vícios, excesso de responsabilidades e violência no âmbito familiar.
Diante disso, é possível que diversas crianças possam estar entrando e saindo de nossas salas (da igreja)
sofrendo em silêncio uma dessas situações elencadas.
Então, como discípulos de Cristo e como líderes de crianças que as amam, o que temos
feito em nossas igrejas para minimizar essa problemática? Que papel a igreja desempenha no resgate
dessas crianças, bem como em apoio aos pais?
O fato é que, como líderes de crianças nós podemos e devemos ser um instrumento nas
mãos de Deus para oferecer à criança apoio amoroso, alívios as suas ansiedades, angústias e
preocupações, fazendo com que ela se sinta amada e cuidada pelo Senhor, a fim de que ela possa
desfrutar um relacionamento autêntico com Jesus Cristo.
Portanto queridos, como homens e mulheres chamados pelo Senhor para exercer o
ministério com crianças, precisamos desenvolver um ministério de aconselhamento adequado às
necessidades delas, para que vivam com dignidade e sejam frutíferas no mundo.
Que este material possa ajudar aos líderes de crianças a ficarem mais bem preparados para
lidarem de maneira prática com os sofrimentos vivenciados pelas crianças, a fim de que exerçam com
excelência seu papel para o qual foram chamados por Deus, porque, talvez, a igreja seja o único abrigo
que a criança tenha em meio ao seu sofrimento.
“Consolem, consolem o meu povo, diz o Deus de vocês”. (Isaías 40:1)
Deus abençoe a sua vida mais e mais!
Éverton Procópio de Souza
Formado em Psicologia pela UFPB; Líder de Crianças do Ministério Infantil –
Cidade Kids, da Igreja Cidade Viva
Aconselhamento Cristão de Crianças
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Capítulo 1
Dom de exortação, de encorajamento ou de aconselhamento?
apóstolo Paulo ao descrever alguns dos diversos dons dados pelo Espírito Santo,
ele cita o dom de exortação ou de encorajamento. Vejamos: “O que exorta, use esse
dom em exortar”. (Romanos 12:8 – Versão Revista e Corrigida), “se é dar ânimo, que assim faça” (Rm
12:8 – NVI), “se é o dom de animar os outros, então animemos” (Rm 12:8 – NTLH).
No Dicionário Priberam da Língua Portuguesa online, a palavra ânimo significa “dar vida,
dar alento, força, coragem”. De acordo com o Dicionário do Aurélio online, exortar significa “animar,
aconselhar”. Segundo Lida E. Knight, a palavra “exortação” no grego é “paraklesis” que significa
“chamar um aliado ao lado da gente”.
Diante desses diversos significados, pode-se afirmar que o cristão que tem este dom é
chamado por Deus com o propósito de chegar ao lado ou de se aproximar daquela pessoa que esteja
precisando de ajuda, encorajamento, conforto, ânimo e conselho.
A Bíblia traz diversas passagens que nos aponta o exercício do dom de exortação e
notemos que são usadas diferentes palavras em português para traduzi-la, em várias versões bíblicas.
Vejamos:
a) Atos 14:21-22
“E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram
para Listra, e Icônio e Antioquia; Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os
a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de
Deus.” – Versão Revista e Corrigida
“...Então voltaram...fortalecendo os discípulos e encorajando-os a permanecer na fé...” –
NVI
“Eles animavam os cristãos e lhes davam coragem para ficarem firmes na fé”. – NTLH
“...Paulo e Barnabé... fortaleciam o ânimo dos discípulos, exortando-os a perseverarem
na fé...” – Versão Paulus
b) Atos 20:1-2
O
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“E, depois que cessou o alvoroço, Paulo chamou a si os discípulos e, abraçando-os, saiu
para a Macedônia. E, havendo andado por aquelas terras, exortando-os com muitas
palavras, veio à Grécia.” – Versão Revista e Corrigida
“...depois de encorajá-los, despediu-se e... viajou por aquela região, encorajando os
irmãos com muitas palavras” – NVI
“...Paulo mandou chamar os irmãos e falou com eles para animá-los...animando muito
com suas mensagens os cristãos” – NTLH
“...depois de encorajá-los, despediu-se e... percorreu essas regiões, falando com
freqüência aos fieis para encorajá-los”. – Versão Paulus
c) I Tessalonicenses 3:2
“...e enviamos Timóteo, nosso irmão, e ministro de Deus no evangelho de Cristo, para
vos confortar e vos exortar acerca da vossa fé” – Versão Revista e Corrigida
“...e, assim, enviamos Timóteo, nosso irmão e cooperador de Deus no evangelho de
Cristo, para fortalecê-los e dar-lhes ânimo na fé” – NVI
“Nós o enviamos para animar e ajudar vocês na fé” – NTLH
“Nós o enviamos para fortalecê-los e encorajá-los na fé” – Versão Paulus
d) I Timóteo 5:1
“Não repreendas asperamente os anciãos, mas admoesta-os” – Versão Revista e
Corrigida
“Não repreenda asperamente o homem idoso, mas exorte-o” – NVI
“Não repreenda um homem mais velho, mas o aconselhe” – NTLH
“Não repreenda duramente um ancião, mas exorte-o” – Versão Paulus
e) Tito 1:9
“retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto
para exortar [admoestar] na sã doutrina” – Versão Revista e Corrigida
“...e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que
seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina” – NVI
“Assim ele poderá animar os outros com o verdadeiro ensinamento” – NTLH
“e de tal modo fiel à fé verdadeira, conforme o ensinamento transmitido, que seja capaz
de aconselhar segundo a sã doutrina” – Versão Paulus
f) Hebreus 3:13
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“Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje,
para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” – Versão Revista e
Corrigida
“Ao contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias...” – NVI
“Pelo contrário... animem uns aos outros...” – NTLH
“Animem-se uns aos outros a cada dia...” – Versão Paulus
Diante do exposto, pode-se perceber que muitas palavras que se encontram na Bíblia
chegam até nós de forma variada, porém tem a mesma semântica. Assim, não há um termo específico
definindo este dom, mas há sinônimos.
Portanto, conclui-se que se pode falar em dom de exortação, dom de encorajamento ou
dom de aconselhamento, pois todas as referências bíblicas das diversas versões bíblicas que foram aqui
expostas indicam ações próprias de aconselhamento, tais como consolar, apoiar, animar e encorajar as
pessoas, levando-nos a inferir que se trata do dom de aconselhamento.
Capítulo 2
Aconselhamento Cristão de Crianças
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Alguns sinais encontrados nos cristãos que têm o dom espiritual de aconselhamento
pós uma revisão da literatura disponível acerca do dom espiritual de aconselhamento
e das características do possuidor deste dom, podemos destacas as seguintes,
embora, não se resumam apenas a essas:
1) Procura sempre dizer palavras de ânimo, encorajamento, consolo e conforto aos que
estão vivenciando algum tipo de problema emocional, espiritual, dentre outros (I Ts 2:12 e 5:11);
2) É sempre chamado por pessoas, as quais o procuram espontaneamente e se sentem à
vontade para desabafar com ele ou pedir-lhe conselhos;
3) Quando sabe que alguém está passando por uma situação problemática, procura
fortalecê-la e animá-la;
4) Procura estar ao lado, acompanhando aquele que está sendo aconselhado ou ajudado;
5) Coloca-se sempre em disponibilidade em prol do outro, sacrificando seus próprios
interesses particulares;
6) Geralmente tem um comportamento dedicado ao outro que se expressa em suas
palavras, do tipo: “fique calmo que tudo vai dar certo”, “posso orar com você?”, “pode contar comigo
sempre”, “eu te amo e Deus te ama também”, etc.
7) Identifica os pontos positivos das pessoas que estão em pecado e enfatiza isso e leva o
indivíduo a refletir sobre o seu pecado diante da Palavra de Deus.
As características listadas acima são alguns sinais comumente encontrados no possuidor do
dom espiritual de aconselhamento. Porém, isso não implica que aquele que não se identifica com essas
características está excluído da responsabilidade cristã de aconselhar as pessoas que estão vivenciando
alguma dificuldade, crise ou desespero.
Não obstante, reconhecer através dessas características que você provavelmente possua o
dom espiritual de aconselhamento não é o suficiente. É preciso que você se disponha a ação do
Espírito Santo na sua vida, a fim de que você seja um instrumento de Deus para servir ao próximo.
Capítulo 3
A
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Para aconselhar é preciso ter o dom de aconselhamento?
iariamente estamos envolvidos em situações de aconselhamento. Às vezes somos
chamados por algum amigo para dar-lhe conselho, orientamos adolescentes nas
suas escolhas, escutamos pais falando sobre as desobediências dos seus filhos, aconselhamos um jovem
em uma situação de dúvida, conversamos com uma criança acerca do seu comportamento, etc. Enfim,
todos nós um dia já nos envolvemos em circunstâncias que precisam de aconselhamento.
Então, o aconselhamento cristão é um dom que certas pessoas possuem ou é alguma coisa
aprendida que qualquer pessoa possa adquirir?
Segundo a Palavra de Deus, todo cristão recebeu ordens no sentido de se alegrar com os
que se alegram e de chorar com os que choram (Rm 12:15); para exortar e edificar uns aos outros,
confortar os desanimados, ajudar os fracos e ser paciente com todos (I Ts 5:11,14); restaurar aqueles
que caíram em pecado e a suportar os fardos pesados uns dos outros (Gl 6:1-2).
Diante dessas referências bíblicas, pode-se inferir que aconselhar é uma ferramenta que
cada cristão tem para conduzir em amor as pessoas a um relacionamento autêntico com Jesus Cristo.
No entanto, apesar de todo cristão ter a responsabilidade de encorajar e aconselhar os
outros, é provável que o aconselhamento cristão seja um dos dons espirituais dado pelo Espírito Santo
a uma parte do corpo de Cristo, de acordo com a graça que nos foi dada, conforme o apóstolo Paulo
fala aos romanos: “Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada” (Rm 12:6).
Assim, todo cristão é um instrumento do Espírito Santo para fortalecer a igreja através do
aconselhamento. Porém, aqueles que são agraciados pelo dom espiritual de aconselhamento estão
capacitados pelo Espírito Santo para auxiliar as pessoas com maior afinco em prol do outro em tempo
de tribulações, principalmente aos irmãos da fé.
Capítulo 4
D
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O conselheiro cristão de crianças
cristão que tem o dom espiritual de aconselhamento e que é chamado por Deus
para ministrar à criança é extremamente sensível à necessidade emocional e
espiritual da criança, cuja motivação estar em ser um canal de Deus para suprir a necessidade dela. O
conselheiro cristão de crianças busca sempre elevar a auto-estima delas, levando-as a terem atitudes
alicerçadas na Palavra de Deus.
O conselheiro cristão de crianças para exercer seu ministério com excelência deve possuir,
essencialmente, as seguintes qualidades: (1) amor pela criança, (2) empatia, (3) conhecimentos básicos
do comportamento infantil, (4) conhecimentos bíblicos, (5) dependência do Espírito Santo e (6) ética.
Vejamos, detalhadamente, a seguir cada uma dessas qualidades:
1) Amor pela criança
O apóstolo João nos diz que “aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem
não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (I Jo 4:7-8).
Wayne Grudem afirma que o amor é um atributo moral de Deus e isto quer dizer que “Ele
se doa eternamente aos outros”, ou seja, o “amor como uma doação de si mesmo em benefício dos
outros”. Ainda, segundo este escritor, “esse atributo de Deus mostra que faz parte da natureza divina
doar-se a fim de distribuir bênçãos ou o bem aos outros”.
Assim, o amor de Deus implica em doar-se ao outro. Por isso, nós também podemos nos
doar em favor das nossas crianças e proporcionar alegria ao coração delas. Vejamos o que está escrito
em I João 4:11: “Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos
outros”. Pois, Ele nos deu este mandamento: “quem ama a Deus, ame também seu irmão” (I Jo 4:21).
O conselheiro cristão de crianças precisa ser um imitador do amor divino para que elas nos
reconheçam como cristãos verdadeiramente autênticos, conforme diz a Palavra de Deus: “Nisto
conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13:35; ler I Co 13:4-7;
Hb 10:24).
Além disso, Deus já nos amou e nos deu seu amor, possibilitando assim que amemos uns
aos outros. (Jo 17:26, Rm 5:4, I Jo 4:19-21).
Portanto, o conselheiro cristão deve ter amor pela criança, porque isso alegra o Senhor,
O
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pois, até mesmo, Jesus Cristo nos adverte “Cuidado para não desprezarem nem um só destes
pequeninos!” (Mt 18:10)
2) Empatia
Empatia é um termo bastante utilizado no âmbito da psicologia clínica. De acordo com o
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (online) a palavra empatia deriva da palavra grega “empátheia”
que quer dizer uma “forma de identificação intelectual e afetiva de um sujeito com uma pessoa”. Em
outras palavras, empatia significa “sentir em” ou “sentir com”, ou seja, é a capacidade que um indivíduo
tem para compreender os sentimentos do outro, sentindo-se na própria situação do outro.
No aconselhamento cristão de crianças, o conselheiro procura ver e entender o problema
da criança do ponto de vista dela. No processo de relacionamento empático poderíamos perguntar a
criança: “Por que você está tão calada hoje?” e poderíamos pensar: “Se eu fosse ela como me sentiria?”.
A criança precisa saber que entendemos como ela se sente e como vê a situação dela. Ela
precisa reconhecer que alguém está interessado com o problema dela, procurando entendê-la e se
importando com a situação dela.
Jesus Cristo com seu próprio exemplo nos ensina a ter empatia. Vejamos o que está escrito
em João 11:33-35: “Jesus viu Maria chorando e viu as pessoas que estavam com ela chorando também.
Então ficou muito comovido e aflito e perguntou: - onde foi que vocês o sepultaram? – venha ver,
Senhor! – responderam. Jesus chorou.”
Precisamos nos colocar no lugar da criança e considerar como nós nos sentiríamos se
estivéssemos no lugar dela vivenciando determinado problema. Agir dessa forma será de grande
importância para um aconselhamento eficaz.
3) Conhecimentos básicos do comportamento infantil
De acordo com Gary Collins, Jesus sabia lidar com a diversidade de personalidades de cada
indivíduo, bem como de necessidades e de nível de entendimento e buscava tratar as pessoas levando
em consideração todas essas particularidades de cada uma delas.
Jesus ama a todos igualitariamente, não fazia acepções de pessoas, mas em certas ocasiões
ele abordava as pessoas de forma especial. Por exemplo: com Nicodemos Ele dialogou de forma
intelectual, com Marta e Maria conversou informalmente e com as crianças Ele era carinhoso, atencioso
e amoroso.
Quando os conselheiros tentam aconselhar as crianças da mesma maneira, provavelmente,
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perdem a oportunidade de estabelecer uma boa comunicação com elas, porque cometem o equívoco de
pensar que todas as crianças são iguais.
Todas as crianças não são iguais, vale salientar. Cada uma delas apresenta suas
particularidades que a torna especial e única no mundo. Portanto, isto deve ser um bom motivo para
buscarmos conhecimento acerca do comportamento infantil, mesmo sendo de forma básica.
O salmista Davi nos diz em Salmo 103:14: “Pois Ele conhece a nossa estrutura; lembra-se
de que somos pó”.
Este versículo demonstra que Deus conhece o comportamento humano. A nossa estrutura.
Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa online, estrutura significa força física ou
psicológica, ou seja, os aspectos corporais (orgânicos) e psíquicos.
O salmista enfatizou o conhecimento do Senhor em relação aos aspectos físicos e
psicológicos do ser humano. Isto implica dizer que, nós, como imitadores do Senhor precisamos
conhecer acerca da estrutura do ser humano.
No que se diz respeito ao conselheiro cristão de crianças, é imprescindível conhecermos
um pouco sobre a estrutura da criança, principalmente, os aspectos psicológicos da criança, para que
possamos estar bem informados sobre o funcionamento adequado do comportamento emocional de
uma criança.
Pois, o modo como uma criança se comporta mostra quem ela é, como está escrito no livro
de Provérbios 20:11: “Até a criança mostra o que é por suas ações; o seu procedimento revelará se ela
pura e justa”.
Assim, o conselheiro infantil para avaliar o comportamento ou procedimento da criança, é
importante ter um conhecimento prévio acerca do comportamento infantil, a fim de estar mais bem
preparado para ajudá-la e aconselhá-la adequadamente, desempenhando, dessa forma, o nosso papel
com excelência para a honra e glória do Senhor.
4) Conhecimentos bíblicos
O padrão de Deus para cada pessoa, inclusive às crianças, está revelado na Bíblia. A Bíblia
deve ser o referencial de vida e fé de um verdadeiro discípulo de Jesus.
Devemos estar bem preparados para explicarmos a razão da nossa fé para aqueles que não
estão basicamente instruídos no conhecimento da Palavra de Deus, conforme está escrito na primeira
carta de Pedro, no capítulo 3, verso 15, que diz: “Estejam sempre preparados para responder a qualquer
pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês”.
A Bíblia também diz que um bom obreiro para ser aprovado deve manejar bem as
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Escrituras Sagradas, isto é, conhecê-la, estudá-la, meditá-la e compartilhá-la. Vejamos o que está escrito
em II Timóteo 2:15: “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se
envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade”.
Na medida em que nos envolvemos com a Palavra do Senhor, damos a oportunidade para
o Espírito Santo agir na nossa vida. As Escrituras Sagradas moldam as nossas palavras, nossos
pensamentos e nosso comportamento, de tal modo que, passamos a refletir o caráter de Deus em nossa
maneira de viver.
A criança é naturalmente observadora e atenta a tudo que está em sua volta, principalmente
com aquele que a lidera, observando o seu comportamento e a sua maneira de falar, agir e de expressar,
se são exemplos próprios daquilo que ele ensina para ela. Daí, a nossa responsabilidade de lembrarmos
que as nossas atitudes falam mais alto que as palavras.
Não podemos ter uma mensagem dúbia diante da criança. O ditado popular “faça o que eu
digo, mas não faça o que eu faço” não funciona para o cristão. A criança está todo o tempo avaliando a
nossa conduta, por isso, devemos sempre evitar emitir uma mensagem contraditória porque trás
confusão ao entendimento da criança.
Queridos, precisamos estar continuamente buscando conhecer mais e mais a Palavra do
Senhor, meditando nela dia e noite (Js 1:8), para que possamos estar aptos para aconselhar uma criança
sobre seus probleminhas de acordo a Bíblia, pois ela é suficientemente pronta para nos equipar para
viver a vida cristã e nos habilitar para todo bom ministério, conforme o apóstolo Paulo escreve a
Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção
e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para
toda boa obra” (2 Tm 3:16-17).
Charles H. Spurgeon diz que “a Bíblia pode ser aprendida por crianças logo que sejam
capazes de entender qualquer coisa. Mestres sábios saberão conduzir seus pequeninos aos pastos verdes
junto às águas de descanso”.
Mais adiante trataremos sobre alguns direcionamentos que podem orientar o cristão no
estudo da Bíblia.
5) Dependência do Espírito Santo
Todo e qualquer cristão depende do Espírito Santo para desempenhar qualquer ministério
no Reino de Deus, pois a obra do Senhor acontece “não por força nem por violência, mas pelo meu
Espírito” (Zc 4:6 NVI)
É o Espírito Santo quem nos confia dons (I Co 12:11) e ministérios, por isso é
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indispensável a atuação do Espírito Santo na execução do nosso ministério em qualquer área.
Por essa razão, precisamos estar sensíveis a voz do Espírito Santo e viver (agir) segundo a
direção dEle (Rm 8:12-16, Gl 5:16-26), porque todo o nosso ministério deve ser desenvolvido
conforme a ação do Espírito Santo, pois é Ele quem nos capacita e nos orienta para a obra que o
Senhor nos chamou (Is 61:1-3).
6) Ética
De acordo com Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (online) ética significa um
“conjunto de regras de conduta”.
O conselheiro cristão de crianças, principalmente, pelo fato de lidar com crianças, precisa
manter uma conduta que, primeiramente, honre ao Senhor e, segundo, proteja a integridade da criança.
Vejamos alguns princípios éticos que o conselheiro cristão de crianças deve observar
atentamente:
a) Mantenha sigilo:
Deve-se manter em sigilo aquilo que a criança compartilha e não repassar para outras
pessoas sem a autorização da mesma. Nem contar o problema de outra criança para a criança que você
está aconselhando. Mantenha as confidências guardadas, a não ser que haja risco para a criança
aconselhada ou para outras pessoas.
b) Evite o contato físico:
Principalmente por lidar com criança, a qual esteja passando por um momento delicado,
devemos evitar tudo o que possa conduzir a uma situação de tentação ou de oportunidade para o
inimigo nos colocar em circunstâncias malignas.
c) Foque na Bíblia seus conselhos:
Deve-se aconselhar a criança segundo a Palavra de Deus, que é perfeita, e não com as
nossas próprias convicções. Temos a responsabilidade de apresentar os princípios bíblicos para a
criança.
d) Reconhecer suas limitações:
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Não sabemos como resolver todos os problemas das crianças. Haverá casos que,
possivelmente, não saberemos como ajudá-la e por mais que nos esforcemos para resolver a situação,
talvez não tenha resultados positivos. Devemos, então, reconhecer nossas limitações. Você pode
informar à criança que não sabe como ajudá-la e perguntar a ela se quer que você procure uma pessoa
que tenha condições de ajudá-la.
Capítulo 5
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Direcionamentos para o estudo eficaz da bíblia
uando pensamos em estudar as Escrituras, às vezes, nos vem um pensamento de
incapacidade, achamos que é muito complicado compreendê-la e acabamos
desistindo. De fato, a Bíblia contém alguns ensinamentos complexos que requerem mais tempo e
dedicação para entender, como diz Pedro referindo-se as cartas de Paulo: “Suas cartas contêm algumas
coisas difíceis de entender” (2 Pe 3:16).
Todavia, não podemos dizer que toda a Escritura é de difícil compreensão, pois a própria
Palavra garante que até mesmo os simples podem entendê-la, tornando-se sábios. Vejamos o que está
escrito em Salmo 19:7: “Os seus conselhos merecem confiança e dão sabedoria às pessoas simples” e
Salmo 119:130: “A explicação da tua palavra traz luz e dá sabedoria às pessoas simples”.
O termo “simples” nesses versos descritos acima não quer dizer que são aquelas pessoas
que não possui uma capacidade intelectual, mas trata-se daquelas pessoas que tendem a cometer erros e
que carecem dos conselhos do Senhor. Logo, esses versículos devem servir de encorajamento a todos
nós (que se acham carentes da sabedoria de Deus) para buscarmos conhecer a Bíblia.
De acordo com Wayne Grudem, a Bíblia fornece alguns direcionamentos que preparam o
cristão para estudar as Escrituras Sagradas com eficiência. Então, baseado nos escritos de Wayne
Grudem, podemos sugerir as seguintes orientações, tais como: (1) estudar com oração, (2) estudar com
humildade, (3) estudar com ajuda de outros, (4) estudar fazendo correlações, (5) estudar fazendo
anotações e (6) estudar com alegria e adoração.
Vejamos a seguir cada um desses direcionamentos:
1) Estudar com oração
Devemos orar e buscar a ajuda de Deus para entender Sua Palavra. O salmista faz uma
oração que está registrada em Salmo 119:18: “Abre os meus olhos para que eu possa ver as verdades
maravilhosas da tua lei”. Inclusive, o apóstolo Paulo nos informa em I Coríntios 2:14 que o estudo
bíblico é uma atividade espiritual em que precisamos da ajuda do Espírito Santo, vejamos: “Quem não
tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de
entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente”.
É imprescindível orar a Deus pedindo sua ajuda para o entendimento dos ensinamentos
Q
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bíblicos, com disse Paulo aos Efésios: “Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai,
lhes dê espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento dele” (Ef 1:17 NVI).
2) Estudar com humildade
Em I Pedro 5:5 diz: “...cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos,
contudo aos humildes concede a sua graça”.
À medida que estudamos a Bíblia acumulamos conhecimentos sobre ela que talvez muitos
daqueles que convivem conosco não tenham essa bagagem de informações. Essa é uma situação muito
fácil para assumir uma postura de orgulho e de superioridade em relação ao outro que não obtém o
mesmo nível de instrução. Porém, o estudo de modo correto nos conduzirá a humildade e ao amor
pelos outro, como disse Paulo aos Coríntios: “O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica. A
pessoa que pensa que sabe alguma coisa ainda não tem a sabedoria que precisa” (I Co 2:1-2).
3) Estudar com a ajuda de outros
Para que haja uma aprendizagem eficaz é preciso ter a interação com outras pessoas afins.
Portanto, o estudo bíblico deve incluir conversas com outros cristãos sobre coisas que estudamos, pois,
possivelmente, entre as pessoas com quem conversamos haverá alguém que tenha o dom de ensino
para explicar os ensinamentos bíblicos com mais clareza e entendê-los com mais facilidade.
4) Estudar fazendo correlações
Ao estudar a Bíblia é interessante procurar palavras-chave e encontrar os versículos em que
o assunto é tratado. Os versículos podem ser encontrados pensando em toda a história da Bíblia e então
se voltando para textos onde há informações sobre tema em estudo. Por exemplo, caso esteja
pesquisando sobre o tema oração, então poderá ler passagens bíblicas como a oração de Ana (1 Sm 1),
a oração de Jesus no Getsêmani (Mt 26), e assim sucessivamente.
5) Estudar fazendo anotações
Fazer anotações é muito importante no processo de aprendizagem. As anotações
funcionam como dicas daquilo que você considera relevantes. Então escreva o que foi lido com suas
próprias palavras, marque aquilo que achar interessante, faça resumos dos textos bíblicos e mantenha-os
Aconselhamento Cristão de Crianças
17
organizados para facilitar quando for buscar a informação.
6) Estudar com alegria e adoração
O estudo das Escrituras Sagradas não é uma atividade meramente intelectual. Trata-se de
um processo do conhecimento do Deus vivo e de todas as suas maravilhas, das suas obras na criação e
no plano de salvação para a humanidade. Portanto, nossa atitude diante do estudo bíblico deve ser a
mesma do salmista, conforme está escrito em Salmo 139:17: “Como são preciosos para mim os teus
pensamentos, ó Deus!”; Salmo 19:8: “Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração”;
Salmo 119:103: “Como são doces para o meu paladar as tuas palavras! Mais que o mel para a minha
boca!”; e a nossa reação deve ser semelhante como a do apóstolo Paulo, como descrito em Romanos
11:33-36:
“Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do
conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus
juízos e inescrutáveis os seus caminhos! Quem
conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu
conselheiro? Quem primeiro lhe deu, para que ele o
recompense? Pois dele, por ele e para ele são todas as
coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém.”
Capítulo 6
Aconselhamento Cristão de Crianças
18
Conduzindo uma criança a Cristo
ara muitos cristãos a conversão de crianças não é esperada. Porém é necessário
evangelizar a criança e levá-la a conscientizar-se dos seus erros, isto é, dos seus
pecados e instruí-la ao arrependimento.
Charles Spurgeon escreveu: “Se uma criança pode estar perdida, ela pode ser salva. Se uma
criança pode pecar, ela pode, assistida pela graça de Deus, crer e receber a Palavra de Deus. Se as
crianças aprendem a fazer o mal, esteja certo que são capazes, sob o ensino do Espírito Santo, de
aprender a fazer o bem. Eu defendo a idéia de que as crianças podem ser salvas. Aquele que, na
soberania divina, recuperou um pecador de cabelos grisalhos do erro de seus caminhos pode trazer de
volta uma criança das tolices de sua juventude.”
Precisamos estar atentos, durante o aconselhamento de uma criança, para verificar se ela já
tomou a decisão de aceitar a Cristo como seu único Salvador. A Bíblia nos deixa claro que todas as
pessoas que nascem neste mundo são pecadoras e por causa disso, encontram-se afastadas da glória de
Deus (Rm 3:23), ou seja, estão espiritualmente mortas e necessitam ser regeneradas pelo Espírito Santo
para entrar no Reino de Deus (Jo 3:5).
Cremos que na Bíblia encontramos as respostas para as necessidades espirituais e emocionais
que as crianças estão vivenciando.
No entanto, sabemos que o Espírito Santo é quem pode agir na vida da criança moldando-a
ao caráter de Cristo, trazendo mudanças significativas no seu modo de agir e pensar, à medida que
Deus, o Espírito Santo, estiver operando nela.
Atualmente, as crianças estão cada vez mais expostas a drogas, crimes, violência, ocultismo, e a
inversão de valores éticos cristãos. E a única solução e defesa é Jesus Cristo e Sua salvação. Jesus Cristo
é o Único que pode proteger, fortalecer as crianças e capacitá-las a viver para Ele e por Ele, resistindo a
tentação e as investidas do inimigo. Mas, as crianças precisam confiar nEle como seu Salvador.
Para isso, de acordo com Charles Spurgeon: “Será necessário que você ensine a criança acerca
de sua necessidade de um Salvador. Você não deve negligenciar essa tarefa necessária... Diga que ela
precisa nascer de novo. Essas crianças necessitam de perdão por meio do precioso sangue, assim como
todos nós... Fale também acerca da punição do pecado e advirta-os de seu terror. Seja gentil, mas
verdadeiro. Não esconda a verdade das crianças pecadoras, por mais terrível que ela possa ser. Sua
P
Aconselhamento Cristão de Crianças
19
criança precisa de ensino. Ela nasceu em iniqüidade. Em pecado sua mãe a concebeu. Ela possui um
coração mal. Não conhece a Deus e nunca irá conhecer o Senhor, a menos que seja ensinada. Irmãos,
creiam em mim, suas crianças precisam que o Espírito de Deus lhes dê um novo coração e um espírito
reto, ou então se desviarão assim como outras crianças.”
Daí a necessidade e importância de conduzir a criança ao encontro com Cristo. E uma grande
oportunidade para que isso ocorra é através do aconselhamento. Por isso, é muito importante que o
conselheiro durante o processo de aconselhamento possa investigar se a criança reconhece que Jesus
Cristo é o seu Salvador e que Ele quer mudar a vida dela para melhor.
Portanto, as crianças precisam saber que a resposta para as necessidades e a cura para os
problemas delas está na Palavra de Deus, de nosso Senhor Jesus Cristo e em sua atitude com Ele. Elas
devem estar cientes que não existe nada melhor na face da terra para ajudar a solucionar os seus
problemas do que a Palavra de Deus, à medida que, deixe o Espírito Santo habitar em seu coração para
fazer grandes maravilhas para honra e glória do Senhor.
Querido conselheiro cristão de crianças, você pode desenvolver um diálogo com a criança no
processo de condução a Cristo da seguinte maneira, com perguntas tais como:
- Você crê que Deus existe? Às Vezes. Se você olhar tudo em nossa volta
como as árvores e o céu, percebemos que existe alguém que criou tudo
isso e esse Alguém se chama Deus.
- Você sabe dizer como Deus é? Não. A Bíblia nos diz como Deus é. Ela
diz que Deus é santo, bom, justo, amoroso e puro porque não tem
pecado.
- Você sabe o que é pecado? Hum...acho que sim. Pecado é tudo aquilo que
fazemos, dizemos ou pensamos que não agradam a Deus. Por exemplo:
desobedecer ao pai, brigar com o irmão, pensar mal de um colega, etc.
Tudo isso é pecado e pecado não agrada a Deus.
- A Bíblia, que é Palavra de Deus, nos diz que todos nós somos
pecadores. Olha só - Leia Romanos 3:23.
- Então? Você reconhece que é pecador? Sim. E que por causa dos
nossos pecados estamos afastados de Deus? Sim.
- Você sabe que Deus teve uma grande solução para a gente se aproximar
dEle? Não.
- Você sabe qual foi a solução de Deus por amor a nós, para nos livrar da
punição do pecado? Não.
- Deus enviou o seu único Filho para morrer numa cruz por nós e por
Aconselhamento Cristão de Crianças
20
nossos pecados. Não por causa do pecado de Cristo, porque Ele não teve
pecado, mas por causa do nosso pecado. Leia para a criança Romanos
5:8: “Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.”
- Você sabe que Jesus morreu por você na cruz para te salvar? Para que
você não seja punido pelos seus pecados? Para que você seja
transformado e comece uma nova vida? Agora eu sei.
- Você realmente quer ser salvo? Você quer que seus pecados sejam
perdoados para sempre? Você quer começar a viver uma vida que
realmente agrade a Deus? Sim, quero!
- Então, fale com o Senhor Jesus em seu coração, mesmo assentado onde
está. Você não precisa falar em voz alta. Apenas peça a Ele para salvá-lo
e Ele o fará. Ele prometeu que “todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo” (Rm 10:13) e Jesus sempre cumpre as suas promessas!
- Quando uma pessoa aceita Jesus como seu Salvador, Deus olha para ela
como tão limpo e puro quanto o próprio Senhor Jesus.
- Saiba agora que todos os seus pecados serão perdoados para sempre
em nome de Jesus, e que você irá começar uma nova vida com Cristo e
terá a certeza de ir para o céu quando morrer.
- Deus abençoe a sua vida! Amém!
Vamos em frente querido conselheiro! Não deixemos passar a oportunidade de sermos
cooperadores junto com o Espírito Santo na condução de uma criança a Cristo.
Capítulo 7
Aconselhamento Cristão de Crianças
21
Comentários sobre alguns aspectos sócio-emocionais do comportamento infantil
criança é, geralmente, o reflexo dos seus pais. As situações que ela experimenta vão
imprimindo nela as alegrias, tristezas, conflitos e problemas deixando marcas
positivas e negativas por toda a sua vida.
Na infância, a família constitui o principal elemento responsável pelo sentimento de
segurança do ser humano. Na ótica da criança, a família ideal é representada por uma relação
significativa e de amor recíproco com os pais, cujo lar sempre será seu porto seguro. Além disso, é
fundamental que a criança se veja como parte integrante de um grupo, seja na escola, na igreja ou na
vizinhança.
Quando ocorre a separação dos pais, a criança se vê privada do convívio permanente do
pai ou da mãe. Isso para ela é como um dos pilares do seu porto seguro que começa a se desestruturar.
Seu lar antes seguro deixa de ser confiável. Sente-se traída pelos pais. O mundo em que ela vivia se
desestrutura. Não sabe lidar com a dor e com a perda resultantes do divórcio dos pais, sentindo-se
culpada pela separação. Pesquisas demonstram que tais situações podem desencadear na criança alguns
transtornos psicológicos, como, por exemplo, o Transtorno de Ansiedade de Separação.
As crianças que vivem em um lar com pais divorciados tendem a apresentarem dificuldades
no rendimento escolar, ficam facilmente dependentes emocionalmente e quando chegam na
adolescência a probabilidade de consumir substâncias químicas aumentam.
O abandono e a rejeição são outros fatores desencadeadores de problemas no
comportamento da criança. Por causa da crescente instabilidade que existe nas famílias, muitas crianças
são abandonadas ou rejeitadas pelo pai, pela mãe ou por ambos. Esses são alguns dos fatores que,
segundo os psicólogos, podem desencadear o Transtorno de Conduta Infantil que é um padrão
repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou
transgridem aas normas ou regras sociais importantes apropriadas a sua idade.
O sentimento de rejeição e solidão que a criança desenvolve em certas circunstâncias, pode
provocar nelas alguns comportamentos negativos indesejáveis, como:
raiva, ódio;
baixa tolerância a frustração
tristeza
A
Aconselhamento Cristão de Crianças
22
culpa, vergonha
isolamento
fracasso nas relações interpessoais
baixa auto-estima
baixo rendimento escolar
falta de confiança no Senhor
John M. Drescher diz que a criança tem sete necessidades básicas, tais como: “um
significado para a vida, segurança em sua caminhada, um sentimento de aceitação, a experiência do
amor, o estímulo dos elogios, o imperativo da disciplina e, principalmente, o conhecimento da
dimensão espiritual e do Deus amoroso que os criou”. Quando algumas dessas necessidades não são
atendidas na vida da criança, facilmente surgem as carências, os traumas, os fobias e os maus tratos que
abalam as crianças em seus aspectos emocional, físico e espiritual.
Por isso, a importância do conselheiro cristão de crianças em estar atento para suas crianças
observando se alguma delas está vivenciando uma situação dolorosa, a fim de que ela seja cuidada, pois
ela precisa de alguém que a acompanhe em sua dor, que lhe permita abrir-se e compartilhe suas
inquietações e sofrimentos.
Vale salientar que, os vínculos sociais também afetam o comportamento social da criança.
Segundo Linda Davidoff quando as crianças não formam vinculo algum, como ocorre nos
orfanatos, observam-se dois problemas sociais: “desinteresse em formar vínculos sociais significativos e
o padrão inverso, uma necessidade aparentemente insaciável de atenção e afeto”.
Ainda, de acordo com Davidoff, crianças que possuem o padrão de “vinculo-seguro
pai/mãe e filho”, em geral demonstram habilidades sociais durante toda a infância, e mais propensa do
que as outras a ser simpática e socialmente ativa, bem como a interagir saudavelmente com os colegas.
– O papel da família na vida da criança
A palavra família, atualmente, significa o conjunto formado pelo pai, mãe e filho; pessoas
de mesmo sangue; também se aceita como parte da família os filhos por adoção.
É no contexto familiar que se desenvolvem os primeiros traços de caráter, bem como os
valores éticos e morais da criança.
A família foi instituída por Deus (Gn 2:24) com o propósito de multiplicar a espécie e
transmitir os valores morais e espirituais (Gn 1:28. Dt 4:6-7. Pv 22:6), colocando sobre a figura paterna
não apenas a responsabilidade de suprir as necessidades econômicas do lar, mas principalmente em
suprir as necessidades dos filhos no aspecto espiritual.
Aconselhamento Cristão de Crianças
23
É no ambiente familiar que a criança vai impregnando em seu caráter diversos fatores que a
influenciará por toda a sua vida.
Assim, o principal papel que a família cristã deve desempenhar na vida da criança é de
formar pessoas eticamente responsáveis no mundo e bem estruturadas física, emocional e
espiritualmente.
– A importância da figura paterna na vida da criança
Na sociedade contemporânea a dinâmica familiar tem se modificado. Muitos homens estão
assumindo a responsabilidade pela criação do filho quando a mulher sai de casa para trabalhar.
Psicólogos afirmam que os pais dão importante contribuição para as habilidades sociais do
filho. Eles salientam, ainda, que, quando os pais envolvem-se ativamente e são sensíveis para com os
filhos, estes, geralmente, exibem mais habilidades sociais, maiores capacitação para resolução de
problemas e menos medo diante de estranhos e de situações novas.
Além disso, afirmam os psicólogos, que a presença da figura do pai tem um papel
fundamental no desenvolvimento sexual dos filhos, inclusive bem maior do que as mães. Os pais
estereotipam os filhos e as filhas tratando-os de forma convencional, modelando-os a identidade
masculina e feminina, respectivamente.
O pai também desempenha papel importantíssimo no desenvolvimento intelectual dos
filhos, à medida que o mesmo interage com o filho ou com a filha por meio de conversas e brincadeiras
aguçando o intelecto deles.
A Bíblia relata dois casos distintos da influência do pai sobre os filhos. O primeiro caso a
ser descrito aqui se trata de um filho chamado Isaque, cujo pai chamava-se Abraão. E o segundo caso
trata-se dos filhos de Eli chamados de Ofni e Finéias.
Isaque havia recebido do seu pai (Abraão) orientação para obedecer e temer a Deus. No
momento do sacrifício que Deus havia ordenado a Abraão, ele levou o seu filho colocando-o sobre o
altar e Isaque ao perceber o que estava por acontecer não desobedeceu ao seu pai e confiou na
providência de Deus (Gn 22).
Os filhos de Eli, Ofni e Finéias, tiveram uma educação diferente. Segundo as Escrituras, Eli
era um pai extremamente permissivo e não exigia de seus filhos obediência. Pode-se perceber a
fragilidade de Eli em suas palavras dirigidas aos seus filhos: “Por que vocês fazem estas coisas? De todo
povo ouço a respeito do mal que vocês fazem” (I Sm 2:23). O resultado desta fraca repreensão sobre
seus filhos é a falta de atenção ao seu pai, imoralidade sexual e falta de temor a Deus (I Sm 2:12,22,25).
Portanto, por mais difícil que seja, o pai deve dedicar aos filhos tempo e atenção,
Aconselhamento Cristão de Crianças
24
propiciando a disciplina e ensinando-os no caminho que deve andar e a obedecer a vontade de Deus,
como está escrito em Provérbios 22:6: “Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e
mesmo com o passar dos anos não se desviará deles”.
– A influência das amizades na vida da criança
Pudemos perceber que a família é um fator muito importante para o desenvolvimento das
habilidades social e intelectual, porém os amigos exercem um impacto na vida social da criança.
Conforme a criança cresce e participa de grupos sociais, como na escola e na igreja, por
exemplo, cada vez mais os amigos se tornam mais influentes em suas vidas.
Psicólogos pesquisadores sugerem que as ideias da criança sobre amizade passam por duas
fases:
As crianças pequenas, de 3 a 5 anos de idade em diante, percebem os amigos
principalmente como “parceiros físicos momentâneos”. Como as atividades em comum tendem a
serem importantes, as crianças são atraídas para formarem grupos que se comportam de maneira
semelhante, embora a personalidade delas seja muito diferente.
Quando as crianças chegam aos 11 ou 12 anos de idade, elas têm as amizades da mesma
forma que adultos, ou seja, como relacionamentos entre pessoas com valores e atitudes semelhantes,
que podem ter intimidade e compartilhamento de seus sentimentos pessoais.
As interações com amigos ensinam também as crianças a capacidade de desenvolver a
empatia, elas aprendem a serem sensíveis com as necessidades dos outros e ajudam a perceber as
próprias forças e fraquezas.
Enfim, quando as amizades influenciam de forma saudável na vida da criança, elas
aperfeiçoam as habilidades e os papeis sociais que serão necessários no futuro. Porém, é importante
lembrar que a família exerce uma influência maior na vida da criança, a qual deve estar atenta com os
tipos de amizades estabelecidos nos relacionamentos dos seus filhos com outras crianças.
– O divórcio dos pais
Pesquisas no âmbito da psicologia social demonstram que os divorciados não só são
infelizes, mas pais menos capazes. Os pais divorciados tendem a se comunicar menos com os filhos e
expressam menos afeto com os filhos.
Psicólogos afirmam que logo depois do divórcio, as crianças experimentam perturbações
emocionais e comportamentais. Não obstante, pais que vivem insatisfeitos no casamento, há também
Aconselhamento Cristão de Crianças
25
evidências de crianças com comportamento desajustado.
Independentemente da idade, os filhos de pais divorciados, geralmente, apresentam
sentimentos instáveis sobre si, estresse, raiva, preocupação com o futuro dos pais e com o próprio
futuro, sintomas de depressão, sentimento de abandono e rejeição, tendem a cometer mais atos ilegais e
entram em mais situações problemáticas na escola e em casa, como fugir e consumir substâncias
químicas.
Porém, de acordo com Linda Davidoff, várias condições estão ligadas ao bom ajustamento
da criança após o divórcio, tais como: afastar-se de uma mãe perturbada ou de um pai violento,
construir um novo vínculo com um padrasto amoroso ou madrasta carinhosa e ser exposta a um
mínimo de atritos entre os adultos. Mas, de toda forma, podemos dizer que o divórcio dos pais tem
efeitos negativos na vida das crianças, pois vai de encontro à vontade de Deus.
Capítulo 8
Aconselhamento Cristão de Crianças
26
Técnicas de aconselhamento cristão de crianças
ualquer ser humano está vulnerável a vivenciar uma crise emocional e/ou espiritual.
A criança, por sua vez, também está sujeita a vivenciar crises de ordem
emocional e/ou espiritual.
Geralmente, a crise da criança quando é externada, ela apresenta condutas atípicas de sua
faixa etária e são acompanhadas de atitudes difíceis de serem toleradas por aqueles que a rodeiam. Daí,
o desafio do conselheiro cristão de crianças em alcançar o interior dos corações delas.
A criança passando por uma crise, ela tende a não se comunicar espontaneamente. Por isso,
é imprescindível que o conselheiro desenvolva estratégias que o auxiliem a estabelecer uma base de
confiança com a criança.
Através de uma revisão bibliográfica disponível, podemos sugerir algumas estratégias que
poderão facilitar a comunicação com uma criança. São as seguintes:
1) Estabeleça um diálogo com a criança
1.1) Promova uma conversa informal com a criança: Inicie uma conversa com a criança sobre a
escola dela, sua família, amigos preferidos, programas favoritos de televisão, filmes e
esportes que mais gostam ou outro tema qualquer que você julgue importante para
ajudá-lo a descobrir um meio de uma boa comunicação com a criança.
1.2) Utilize um vocabulário adequado ao entendimento da criança: Utilização de uma linguagem
adequada à idade da criança é muito importante quando for dialogar com elas. As
crianças não são pessoas adultas em miniaturas, por isso não podemos utilizar de um
vocabulário rebuscado, pois além de não compreender, possivelmente, podem ficar
ainda mais confusas.
1.3) Proporcione atividades lúdicas com a criança: A brincadeira é a maneira mais natural e
espontânea da criança para se comunicar com o meio. O conselheiro cristão de
crianças pode se aproximar da criança e ministrar-lhe ajuda por meio de atividades
lúdicas, pois a criança uma vez envolvida em certas atividades, poderá se sentir à
Q
Aconselhamento Cristão de Crianças
27
vontade para expressar espontaneamente o que está sentindo.
1.4) Proceda com sabedoria: Se o conselheiro percebe que a criança exibe um comportamento
atípico, como chegando a sala muito agitado ou violento ou querendo brigar com os
demais, ou talvez ela chegue na sala muito quieta e calada, você poderá ir até ela e pedi-
la que fique um pouco mais após a aula para conversar.
1.5) Não seja muito diretivo com a criança: A conversa não poderá ser com perguntas muito
diretas, porém depende da faixa etária da criança. Perguntas do tipo: “O que está
acontecendo com você?” não funciona, pois provavelmente ela responda: “Nada.”
Podemos perguntar a uma criança que está triste da seguinte forma: “Fulana, sabia que
às vezes eu fico também muito triste? E você?”, “Fulano você é uma criança muito
legal! Sabia que Deus tem algo maravilhoso para você?”, “Fulano, eu me importo com
você! Eu estou aqui para te ajudar, então como eu posso te ajudar?”. Portanto, tenha
sempre cuidado para não fazer perguntas tão diretas, pois acabar bloqueando o
diálogo.
ATENÇÃO: Se a criança rejeitar as atividades propostas pelo conselheiro, ore com ela e tente
novamente em outra oportunidade, mas jamais force a participação da criança, pois ela deve querer, se
não o diálogo não acontecerá.
2) Escute a criança
Os psicólogos em sua prática clínica dão muita ênfase nesse aspecto. Trata-se de dar a
nossa atenção total à criança, pacientemente, e de demonstrar esta atenção mediante o contato através
dos olhos, da postura e o uso de declarações, como: “Entendo o que você está dizendo”, “pode falar
mais, estou te ouvindo”, etc.
Jesus escutava as pessoas com paciência (Lc 24:15), porém quantos de nós temos reservado
um momento para ouvir a criança com atenção? A indisposição para escutar atenciosamente a criança
pode ser um grande obstáculo para o aconselhamento infantil eficaz.
Gary R. Collins apresenta algumas sugestões para escutar bem durante o processo de
aconselhamento, que podemos adaptá-las para o contexto do aconselhamento infantil. São as seguintes:
a) Prepare-se: Antes de iniciar qualquer diálogo com uma criança que esteja
Aconselhamento Cristão de Crianças
28
vivenciando uma crise, peça orientação e sabedoria ao Espírito Santo, pois Ele é
o nosso Auxiliador.
b) Controle suas emoções: Às vezes uma determinada criança nos causa antipatia por
ela, por qualquer motivo, porém devemos ter maturidade o suficiente para
deixar de lado esse sentimento e não parar de ouvir a criança.
c) Concentre-se: Mantenha-se focado na fala da criança, pois tendemos a nos distrair
com os nossos próprios pensamentos, bem como com o que vemos ao redor.
d) Direcione-se à criança: Olhe nos olhos da criança que está falando com você.
Posicione-se de maneira que a criança veja interesse e disposição para escutá-la.
Por exemplo: Abaixar-se até a altura da criança.
e) Seja um facilitador: Procure não interromper a fala da criança. Permita que a
conversa flua. Evite fazer perguntas excessivamente à criança, pois pode inibir a
fala dela e também evite conversas muito complicadas com ela.
f) Cuidado com a curiosidade: Evite procurar por fatos adicionais para satisfazer sua
própria curiosidade, pois a criança poderá achar que você está invadindo demais
a vida dela e com isso bloquear o diálogo.
g) Aconselhe: A criança que está passando por uma situação dolorosa, não está
disposta a ouvir sermões, mas está primeiramente precisando de alguém que a
escute, apóie e a console.
Capítulo 9
Aconselhamento Cristão de Crianças
29
Estratégias lúdicas para desenvolver o diálogo com a criança
partir de diversas literaturas disponíveis que tratam de atividades lúdicas com a
criança, podemos selecionar algumas e adaptá-las ao contexto do aconselhamento
cristão de crianças. Porém, o conselheiro poderá aproveitar sua criatividade e desenvolver métodos
adequados para o bom exercício de seu ministério.
Seguem algumas ideias que podem ser aplicadas para desenvolver o diálogo com a criança,
como:
1) Desenho:
Essa estratégia facilita bastante o diálogo com a criança, porque não requer dela nenhuma
capacidade verbal. Pode ser feito desenho livre ou dirigido, utilizando os diversos materiais disponíveis
como lápis de cor, giz de cera, tinha guache, etc.
O desenho, geralmente, mostra o que a criança está vivenciando. O desenho é capaz de
mostrar os problemas e as lembranças que as crianças guardam consigo.
O desenhar da criança quando combinado com o diálogo, oferece ao conselheiro a
oportunidade de observar como a criança percebe a situação que ela está experimentando e como
responde a esta situação. É nesse diálogo que o conselheiro poderá intervir e ministrar a criança,
oferecendo-a consolo, amor e orientação diante daquilo que ela está enfrentando.
Estudiosos da área dizem que os desenhos são considerados símbolos. Acreditam que o
trabalho artístico oferece “insights” sobre aspectos da personalidade, como atitudes, auto-imagem e
humor, e revela como as crianças entendem o que está se passando ao seu redor e consigo mesma. Por
exemplo: Desenhar figuras pequenas é atribuído a sentir-se pequeno e inadequado. Desenhos com
distorções e omissões são considerados expressões de conflito. Desenhos com linhas fortes refletem
energia; linhas fracas representam falta de vitalidade.
2) Dinâmicas:
As dinâmicas são estratégias que possibilitam quebrar barreiras entre indivíduos no mesmo
grupo. A criança quando participa dessa atividade, o conselheiro tem oportunidade de promover
A
Aconselhamento Cristão de Crianças
30
reflexões que estimulam na criança o auto-conhecimento, exercício da escuta, senso crítico, socialização,
expressão de sentimentos e compartilhamento de experiências. Sugiro acessar o seguinte link que
contém cerca de 1000 dinâmicas disponíveis para download:
www.4shared.com/almanaque_de_brincadeiras_e_dinamicas.html
3) Dialogar usando Fantoche:
O conselheiro infantil pode utilizar fantoches para criar estórias em que os personagens
vivem situações de crise, semelhantes ao que a criança possa estar vivenciando. A criança,
provavelmente, se identificará com a situação ou com a personagem e acabará compartilhando sua
história.
4) Arte de criar histórias:
O conselheiro infantil pode utilizar cenas recortadas de revistas a partir de situações do dia-
a-dia da criança em crise, por exemplo: figuras de casais brigando, pais alcoólatras, crianças em situação
de fome, luto, briga com colega, alguém roubando, alguém doente, etc. O conselheiro mostra à criança
a figura e pede a ela para que crie uma história sobre a cena selecionada. Provavelmente, a criança criará
uma história a partir da sua própria experiência.
5) Pense e responda:
O conselheiro infantil pode utilizar essa estratégia principalmente com crianças maiores.
Devem-se preparar as frases para que a criança as complete (verbalmente ou por escrito) do seu jeito.
Por exemplo: “Eu gostaria de ser mais....”, “Sou diferente dos outros porque...”, “Meus amigos pensam
que eu...”, “Não gosto de chorar porque...”, “Senti muita vergonha quando...”, “Meu pai é...”, “Na
escola eu...”, “Minha mãe é...”, “Quando eu volto para casa eu fico...”, entre outras.
6) Caixinha de mensagens secretas:
O conselheiro infantil providencia uma caixinha bem ornamentada e silhuetas de papel.
Essa é uma estratégia interessante para identificar se tem alguma criança do seu grupo passando por um
momento de dificuldade. Pede-se às crianças para que escrevam mensagens para serem colocadas na
caixinha. Elas devem ser orientadas sobre o conteúdo, que pode ser um pedido de oração, um problema
Aconselhamento Cristão de Crianças
31
sobre o qual elas precisam de ajuda, alguma dúvida, alguma coisa que ela deseja falar mais tem vergonha
ou outro assunto que ela queira compartilhar como alguma alegria, tristeza, preocupação ou medo de
algo. Garanta para as crianças que ninguém além de você irá ler as mensagens delas e que cada
mensagem você irá responder à determinada criança por escrito também.
7) Baralho das emoções:
Trata-se de um jogo de cartas que trazem impressas carinhas que expressam diferentes
emoções, tais como, raiva, tristeza, medo, alegria, preocupação, etc. O conselheiro poderá dizer a
criança:
- Conselheiro: Eu trouxe um jogo novo de cartas. Você gostaria de conhecer?
- Criança: Sim.
Coloque as cartas sobre a mesa enquanto você pergunta. Depois de colocar na mesa
poderá dizer:
- Conselheiro: Estas carinhas nos ajudam a dar nome ao que sentimos lá dentro do
coração. Elas representam o que chamamos de emoções e nos ajudam a entender nós
mesmos. Ninguém sabe o que realmente sentimos. Só Deus e nós mesmos. Às vezes, o
nosso rosto diz uma coisa, mas lá dentro o que sentimos é bem diferente.
- Conselheiro: Já aconteceu isso com você?
- Criança: Já.
- Conselheiro: Vamos jogar um pouco? Vou escolher uma carinha e dizer o que ela me
faz sentir. Depois é a sua vez, ok?
- Criança: ok.
Escolha uma cartinha e compartilhe algo com a criança que possa ter acontecido com você.
Por exemplo: Vou escolher esta carinha de medo, porque esta semana fiquei assustado com o assalto
que aconteceu numa casa lá na minha rua a noite. Fiquei com muito medo que ele entrasse na minha
casa também. Mas, eu fui orar a Deus e como eu sei que Jesus protege a minha família e a mim, então
fui dormir tranqüilo.
Só depois de você ter demonstrado a atividade com seu exemplo, você poderá perguntar a
criança: Você quer escolher uma carinha também?
A criança, provavelmente, escolherá uma carinha que expresse a emoção que ela está
vivenciando no momento, como, o medo, a raiva, a tristeza, a vergonha, etc.
É importante que o conselheiro infantil saiba identificar e interpretar a emoção, pois a
criança nem sempre é capaz de identificá-la, nomeá-la e descrevê-la.
Aconselhamento Cristão de Crianças
32
Emoção “são estados interiores caracterizados por pensamentos, sensações, reações
fisiológicas e comportamento expressivo específico”. (Linda L. Davidoff)
Aconselhamento Cristão de Crianças
33
Considerações finais
uerido Conselheiro Cristão de Crianças, não há receitas infalíveis ou completas que
digam como ministrar à criança. Estes são apenas conjuntos de instruções para
sermos mais eficazes em nossas abordagens. Pois sabemos que Deus é quem o capacitará na medida em
que você buscar o Senhor “de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de
todas as suas forças” (Mc 12:30).
E então você está disposto a ser mais que um professor ou mero líder de crianças
dominicalmente?
Espero que você queira ser mais do que um professor, pois se lembre de que “Deus não
nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (2 Tm 1:7).
O Senhor quer te usar para ser um ministro de Deus na vida das crianças. “Cuide dos meus
cordeiros”, disse o Maravilhoso Conselheiro (Mc 21:15).
Muitas crianças passam por nós aos domingos e talvez algumas delas estejam vivenciando
alguma situação dolorosa e sequer nos atentamos para isso.
As crianças devem ser o nosso alvo de amor, atenção e cuidado. Preocupamos-nos em
cumprir o currículo das lições bíblicas e deixamos de lado a oportunidade de sermos instrumentos nas
mãos do Senhor para a cura, restauração e libertação desses pequeninos.
É bem verdade que quando nos omitimos e deixamos de ministrar a Palavra de Deus na
vida da criança, o inimigo aproveita para lançar suas setas malignas opressoras, porém quando tomamos
a nossa posição, como “bom soldado de Cristo Jesus” (2 Tm 2:3), as trevas são dissipadas pelo poder de
Deus. Aleluia!
Que eu e você possamos estar sensíveis a voz do Espírito Santo e às diretrizes de Deus por
meio de sua Palavra e da oração, “pois o Senhor é quem dá sabedoria; de sua boca procedem o
conhecimento e o discernimento” (Pv 2:6)
Aconselhar crianças vale a pena!
Deus abençoe a sua vida mais e mais!
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Bibliografia consultada:
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