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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF – 16, 17 e 18 de abril de 2013
ACORDO DE NÍVEL DE SERVIÇO E EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA
Gustavo Henrique Campos dos Santos
Josiane Vidal Vimieiro Maria Isabel Araújo Rodrigues
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Painel 48/184 Experiências inovadoras na gestão de compras e contratos
ACORDO DE NÍVEL DE SERVIÇO E EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA
Gustavo Henrique Campos dos Santos
Josiane Vidal Vimieiro Maria Isabel Araújo Rodrigues
RESUMO A Administração Pública tem buscado a terceirização de algumas atividades para se centrar nas atividades fim. Para garantir que os serviços terceirizados sejam executados com a necessária qualidade, foi publicada a IN MOPG n.02/08 que possibilita a pactuação de Acordos de Níveis de Serviço – ANS –, ajustes entre contratante e prestador de serviço que definem, objetivamente, parâmetros de qualidade dos serviços, possibilitando adequação ao pagamento sem prévio processo administrativo, caso esses não sejam cumpridos. Nesse trabalho, foi feita uma análise para verificar se as diretrizes da IN proporcionam mais eficiência às contratações públicas, a partir de uma revisão bibliográfica do entendimento de Batista Junior, que define eficiência por seis facetas: produtividade, economicidade, celeridade e presteza, qualidade, continuidade e desburocratização. Ainda para avaliar se tais determinações são aplicáveis na prática, foi analisado o ANS dos contratos de reprografia e impressão da Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais. Findas as análises, concluiu-se que, de fato, os ANS trazem eficiência às contratações. Palavras-chave: Prestação de Serviços., Acordo de Nível de Serviço. Eficiência.
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1 INTRODUÇÃO
A Administração Pública tem como principal propósito a promoção do
bem comum, do interesse coletivo, que representa a concretização, numa síntese,
de um emaranhado de anseios, interesses e necessidades contraditórios de uma
sociedade complexa. Assim, essa tem buscado focar seus esforços nas atividades
atinentes ao planejamento, coordenação e controle.
Entretanto, a Administração não pode se isentar do acompanhamento das
atividades necessárias ao seu funcionamento, nem de garantir que essas sejam
realizadas com a qualidade. Surge, então, o desafio à Administração Pública que
carecia de instrumentos legais que possibilitassem sair de um modelo rígido de
contratação para um mais maleável, que permitisse a essa gerar incentivos diretos
aos prestadores para a manutenção dos níveis de serviço contratados.
Nesse contexto, em 30 de abril de 2008, o Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão publicou a Instrução Normativa n. 02, com regras e diretrizes
para a contratação de serviços, continuados ou não, instituindo a contratualização
de Acordo de Níveis de Serviço na esfera pública possibilitando a pactuação dos
níveis esperados de qualidade e a realização de ajustes proporcionais aos
pagamentos em caso de descumprimento.
Pretende-se, neste trabalho, realizar uma análise das diretrizes da
IN/MPOG n.02/2008 quanto aos Acordos de Níveis de Serviço (ANS), verificando se
essas trazem maior eficiência às contratações públicas. Para tanto, foi feita uma
pesquisa bibliográfica considerando, em especial, o entendimento de Batista Junior
quanto a eficiência administrativa, que é desmembrada, pelo autor, em seis facetas,
produtividade, economicidade, celeridade e presteza, qualidade, continuidade e
desburocratização.
A título de ilustração, fez-se ainda uma análise do acordo de níveis de
serviço dos contratos de reprografia e impressão da Intendência da Cidade
Administrativa, a fim de verificar se cumpriu as determinações da IN e, com isso,
verificar se tais diretrizes são aplicáveis na prática.
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2 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
A Lei Federal n. 8.666/93 que institui normas para licitações e contratos
da Administração Pública, regulamentando o art. 37, inciso XXI, da Constituição
estabelece, em seu art. 2º, parágrafo único que, contrato é todo e qualquer ajuste
entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um
acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações
recíprocas, seja qual for a denominação utilizada. (BRASIL, 1993).
Conforme Di Pietro (2011, p.271), nos contratos administrativos a
Administração possui prerrogativas para assegurar sua condição de supremacia
sobre o particular, as cláusulas exorbitantes, e com isso, garantir o interesse público.
É possível citar aqui algumas das principais cláusulas exorbitantes
previstas na Lei Federal n.8.666/93: faculdade de exigir garantia financeira nos
contratos (art. 56); alteração unilateral do contrato para adequação ao interesse
público (art. 58, I e 65, I); rescisão unilateral do contrato por não cumprimento ou
cumprimento irregular de cláusulas contratuais, (art.78, I a XII e XVII e art. 79, I);
necessidade de acompanhamento e fiscalização da execução dos contratos por
representante da Administração (art. 67); prerrogativa de aplicar sanções por
descumprimento parcial ou total do contrato (art. 87); dentre outras.
No caso dos contratos da Administração Pública (AP) em regime de
direito privado, estas cláusulas não são uma premissa, mas ainda assim podem ser
pactuadas entre a Administração e o contratado a partir do princípio da autonomia
da vontade (DI PIETRO, 2011, p.271).
Tratar-se-á, agora, sobre duas prerrogativas importantes ao estudo aqui
proposto: a fiscalização e a gestão de contratos e a possibilidade de aplicação de
sanções contratuais.
2.1 Fiscalização e gestão dos contratos administrativos
A Lei Federal n.8.666/93, em seu art. 67, determina que a execução do
contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da
Administração especialmente designado.
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A Instrução Normativa MPOG n.02/2008, em seu artigo 31, dispõe que o
acompanhamento e fiscalização da execução contratual visam a verificação da
conformidade da prestação dos serviços e da alocação dos recursos necessários, de
forma a assegurar o perfeito cumprimento do contrato (BRASIL,2008).
Apesar de a instrução considerar estas funções atribuíveis a um único
representante da Administração, a quem denomina, gestor ou fiscal, pode-se dizer
que as palavras “acompanhar” e “fiscalizar” remetem a duas figuras distintas no
processo de execução contratual. Acompanhar significa tomar as decisões sobre
gestão do contrato, do negócio, atividade que caberia ao gestor do contrato. Já
fiscalizar traduz uma idéia de atuação mais focada, de gerar informações relativas à
execução contratual, o que ficaria a cargo do fiscal.
Alves (2008, p.3) aponta que
Não se confunda GESTÃO com FISCALIZAÇÃO de contrato. A gestão é o serviço geral de gerenciamento de todos os contratos; a fiscalização é pontual. Na gestão, cuida-se, por exemplo, do reequilíbrio econômico-financeiro, dos incidentes relativos a pagamentos, de questões ligadas à documentação, ao controle de prazos de vencimento, prorrogação etc. É um serviço administrativo propriamente dito, que pode ser exercido por uma pessoa ou por um setor.
Já a fiscalização é exercida necessariamente por um representante da Administração, especialmente designado, como preceitua a lei, que cuidará pontualmente de cada contrato.
A gestão de contratos é geral, estando voltada a um serviço
administrativo com questões mais amplas, como conveniência da realização,
prorrogação ou encerramento de acordos. Remete ao controle de documentos,
arquivo, controle de prazos, enfim, atividades administrativas de rotina e
semelhantes para todos os contratos firmados. Pelo seu acompanhamento mais
amplo e sistêmico, representa o interesse da Administração quanto a aspectos como
eficiência, eficácia e economicidade das contratações.
O fiscal, por sua vez, tem um papel especifico, de caráter técnico
especialista, correlacionado ao objeto do contrato, para avaliar a atuação do
contratado na execução do serviço, focando-se na aferição da qualidade na
prestação, nos interesses da Administração quanto a um contrato específico. É
quem verifica o cumprimento das disposições contratuais, técnicas e administrativas,
zelando pela qualidade da prestação contratual, recebendo e resolvendo
reclamações dos setores atingidos pela prestação, orientando a contratada sobre a
correta execução do contrato, notificando-a sobre situações temerárias,
etc.(PACHECO, 2009, p.38).
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Na próxima seção, serão trazidos os aspectos relativos à aplicação de
sanções em contratos administrativos.
2.2 Aplicação de sanções e a necessidade de prévio processo administrativo
A Lei Federal n.8.666/93 dispõe em seus arts. 58, IV, e 87 que é possível
a AP, garantida a prévia defesa, aplicar sanções por inexecução total ou parcial do
contrato.
O Decreto Estadual n.45.902, de 27 de janeiro de 2012 que regulamenta
a aplicação destas sanções no âmbito do Estado de Minas Gerais, dispõe em seu
art. 34 que
Aos fornecedores que descumprirem total ou parcialmente os contratos celebrados com a Administração Pública Estadual serão aplicadas as sanções previstas no art. 87 da Lei Federal n. 8.666, de 1993, com observância do devido processo administrativo, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa, observado o disposto neste Decreto (MINAS GERAIS, 2012).
Assim, no descumprimento de qualquer obrigação contratual, a aplicação
de sanções prescinde de processo administrativo, que conforme art.40 e seguintes
desse Decreto possui rito próprio. Considerando os prazos legais e os trâmites
operacionais necessários à sua execução, acredita-se perdurar, no mínimo, 25 (vinte
e cinco) dias úteis, exigindo, ainda, a juntada de uma série de documentações
específicas.
Deste modo, é possível apreender que a aplicação de sanções
contratuais precedida de processo administrativo é uma medida eficaz para
incentivar os contratados a perfeita execução do contrato, mas não necessariamente
é alternativa eficiente, como se acredita ser o acordo de nível de serviço, tema da
sessão a seguir.
3 ACORDO DE NÍVEL DE SERVIÇO
A Administração Pública tem recorrido à contratação de prestadores de
serviço para a execução das tarefas meramente executivas. Entretanto, é
imprescindível que esses serviços sejam executados nos níveis de qualidade
desejados.
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Neste sentido, a Instrução Normativa MPOG n.02/08, traz a possibilidade
de pactuação de Acordo de Nível de Serviço (ANS), mecanismo muito utilizado nas
contratações de serviços de tecnologia da informação.
De forma técnica e operacionalizável, a IN/MPOG n.02/2008 traz a
definição de ANS enquanto ajuste escrito, anexo ao contrato, entre o prestador de
serviços e o órgão contratante, que define, em bases compreensíveis, tangíveis,
objetivamente observáveis e comprováveis, os níveis esperados de qualidade da
prestação do serviço e respectivas adequações de pagamento (BRASIL, 2008).
De acordo com a IN, os ANS devem constar do Termo de Referência e do
instrumento convocatório, garantindo que a cotação do preço no mercado tenha
considerado os padrões de qualidade da prestação e que o licitante tenha
conhecimento destes quando da elaboração de sua proposta.
Segundo o art. 17, os resultados esperados com a contratação, bem
como as atividades críticas deverão estar claramente definidos e identificados antes
da construção dos indicadores1, de modo que esses possam representar o real
objetivo a ser alcançado com a contratação. Esse define, ainda, que indicadores e
metas sejam objetivamente mensuráveis, compreensíveis, facilmente coletáveis,
relevantes e adequados à natureza e características do serviço, devendo ser
construídos de forma sistemática, contribuindo cumulativamente para o resultado
global do serviço, sem interferir negativamente uns nos outros. Devem, ainda, ser
simples, realistas, exequíveis, refletindo fatores que estão sob controle do prestador
do serviço. (BRASIL, 2008)
Apesar da possibilidade de adequação ao pagamento, a contratualização
dos ANS não exclui a possibilidade de aplicação das sanções legais (art. 17, VIII, “a”),,
preservado o direito a contraditório e ampla defesa (§ 1º do art. 33) do contratado.
Conforme a IN/MPOG n.02/2008, um ANS deve ser composto pelo o
indicador; finalidade; meta; mecanismo e periodicidade de medição; cálculo para
mensurar as faixas de pagamento e a respectiva remuneração; sanções aplicáveis
no caso de descumprimento; início da vigência e o modo como se fará o
acompanhamento.
1 De acordo com Ferreira, Cassiolato e Gonzales (2009), indicador é uma medida, de ordem
quantitativa ou qualitativa, dotada de significado particular e utilizada para organizar e apreender as
informações relevantes dos elementos que compõem o objeto da observação. Trata-se de um
recurso metodológico que informa empiricamente sobre a evolução do aspecto observado.
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A IN/MPOG n.02/20088 ressalta as figuras do fiscal e do gestor de
contrato para garantir o alcance da qualidade na prestação de serviço. Assim,
orienta a apuração dos resultados alcançados pela mensuração e controle dos
prazos de execução e da qualidade demandada; dos recursos humanos
empregados, da qualidade e quantidade dos recursos materiais utilizados; da
adequação dos serviços prestados à rotina de execução estabelecida; do
cumprimento das demais obrigações decorrentes do contrato e da satisfação do
público usuário (art.34).
Acredita-se, que a pactuação de ANS está em consonância com a idéia
de eficiência administrativa, que será tratada na seção a seguir.
4 O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA
Em 1998, foi publicada a Emenda Constitucional n 19, que trouxe à AP a
tônica da administração gerencial. Essa introduziu no texto constitucional o Princípio
da Eficiência (PE), que norteou a reforma do aparelhamento do Estado.
Conforme Mello (2005, p.97) princípio é mandamento nuclear de um
sistema, seu alicerce, disposição fundamental que atinge sobre diferentes normas,
servindo-lhe de critério para exata compreensão dessas, porque define a
racionalidade do sistema normativo.
Quanto ao Princípio da Eficiência, Moraes (1999, p.30) afirma que esse
(...) é o que impõe à administração pública direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, rimando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para melhor utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios e garantir-se maior rentabilidade social.
Assim, entende-se que a inclusão do Princípio da Eficiência no texto
constitucional trouxe à AP um critério diretivo a sua atuação, pautado no dever de
boa administração, para gerar resultados quantitativa e qualitativamente de
excelência para a satisfação das necessidades da coletividade.
Pretende-se verificar se ANS pode trazer eficiência à contratação pública.
Para tanto, será utilizado o entendimento de Batista Júnior sobre o conceito de
eficiência na Administração Pública.
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4.1 As facetas da Eficiência
Batista Júnior (2004, p. 662) aponta que o princípio da eficiência refere-se
a um mandamento constitucional imperativo de eficácia e eficiência, ou seja, que
impõem a AP o alcance dos resultados diante dos recursos disponíveis, bem como a
utilização destes de forma otimizada para garantir a satisfação do bem comum.
Nota-se, que na esfera pública, a lucratividade não serve de respaldo a
sua atuação. A eficiência administrativa possui um caráter mais complexo, pois
precisa alinhar numa síntese ponderada, os interesses diversificados e até
contraditórios da coletividade, na busca do bem comum. Assim, a eficiência pública
não se restringe a um aspecto meramente econômico, mas é multifacetada e
cambiante.
Apesar disto, Batista Júnior (2004, p. 669) afirma que a eficiência
administrativa possui uma idéia central com aspectos que devem ser perseguidos
pelo PE, os quais pode-se destacar a eficácia e a eficiência strito sensu.
A eficácia relaciona-se aos fins maiores do Estado Social, aos seus
resultados globais, focados na consecução do bem comum, como a erradicação da
pobreza e a redução das desigualdades sociais (BATISTA JUNIOR, 2004, p. 669).
Já a eficiência stricto sensu está voltada a melhor maneira pela qual as
coisas devem ser executadas. A eficiência
Traduz a articulação coordenada e finalisticamente orientada dos meios, necessária para possibilitar o alcance do melhor resultado possível; (...) Uma atuação será eficiente se os resultados são atingidos de forma otimizada com os meios disponibilizados, ou se é minimizado o dispêndio de recursos para a consecução de determinado fim (BATISTA JÚNIOR, 2004, p.670).
Batista Júnior (2004, p. 224) aponta que a eficiência stricto sensu pode
ser descrita como a articulação entre suas seis principais facetas, produtividade,
economicidade, celeridade e presteza, qualidade, continuidade e desburocratização,
as quais serão tratadas a seguir.
4.1.1 Produtividade
Quando se fala em produtividade, trata-se da otimização da relação entre
o alcance dos fins e emprego dos meios, ou seja, requer que os recursos escassos,
sejam utilizados minimamente de modo a obter o melhor resultado possível num
objetivo a que se propõe.
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Neste sentido, Batista Junior aponta que:
Trata-se da otimização da relação entre o alcance dos fins e emprego dos meios, o que dá se por dois caminhos: pela minimização do emprego de recursos escassos para determinados benefícios preestabelecidos; pela maximização dos resultados, cuja meta está tendencialmente fixada, mediante a utilização de determinado dado (BATISTA JUNIR, 2004, p.225)
Portanto, a produtividade em nada tem a ver com a mera economia de
recursos ou com o alcance de resultados a todo custo, uma vez que essa deriva da
relação ótima entre os dois aspectos.
4.1.2 Economicidade
Relaciona-se ao aspecto econômico da eficiência stricto sensu. A
economicidade diz respeito à otimização na articulação dos meios financeiros e, nas
palavras de Batista Junior,
Se associa mesmo à ideia fundamental de obtenção do melhor resultado estratégico possível a partir de uma determinada alocação de recursos econômicos-financeiros, em dado cenário socioeconômico. (...) traduz, sob o ponto de vista econômico financeiro, a necessidade, em cada atuação da AP, de adequação da „relação custo X benefício‟; de modicidade e simplicidade nas despesas; de minimização dos custos financeiros para determinado resultado almejado, de combate ao desperdício (BATISTA JÚNIOR, 2004, p. 230).
Entende-se que a economicidade não se restringe à simples economia
dos recursos, mas à busca da melhor alternativa para a execução da despesa
pública pela otimização da relação custo X benefício.
Na Administração Pública Brasileira, parte da doutrina dá à
economicidade status de principio, uma vez que a Constituição Federal de 1988
aponta, em seu art.70, a economicidade com um fator determinante para a
verificação da regular gestão dos recursos e bens públicos.
Apesar de importante, a eficiência pública não se reduz à economicidade,
já que deve considerar outros aspectos basilares da AP, como a satisfação dos
interesses coletivos, diminuição das injustiças sociais, etc.
4.1.3 Qualidade
Em seu aspecto de qualidade, a eficiência está ligada diretamente a
prestação de serviços por parte da AP aos seus potenciais usuários.
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Em citação a Moura (1999), Garcia (2001) define qualidade como a
conformidade entre o que se produz com aquilo que o cliente quer, de modo que
suas expectativas sejam superadas e sua satisfação alcançada, ou seja, trata-se
daquilo que atende às necessidades dos clientes internos e externos e os tornam
satisfeitos.
Batista Júnior amplia este conceito, afirmando que a eficiência
administrativa, em sua faceta da qualidade, deve se centrar na figura de seus
potenciais usuários, extrapolando o conceito de cidadãos e incluindo as gerações
futuras (2004, p. 238).
Assim, na AP deve sempre potencializar seus resultados à satisfação da
pessoa humana, que anseia por melhores produtos, melhores serviços públicos e
pelo atendimento satisfatório de suas necessidades.
4.1.4 Celeridade e Presteza
Batista Júnior (2004, p.241) o avanço tecnológico alterou o conceito de
tempo, sendo, a celeridade, um critério de êxito na avaliação da atuação da AP pela
otimização da relação custo X benefício X tempo.
Em citação à Moncada, o autor afirma ainda que a eficiência impõe à
atividade administrativa a mínima formalização possível, como regras de celeridade,
informalismo, simplicidade, economia processual, etc (2004, p. 242).
Ao se tratar de eficiência na AP, não se pode deixar de lado a
necessidade de celeridade, sob o risco de que seus resultados se tornem inócuos
aos objetivos esperados.
4.1.5 Continuidade
Mello (2010, p.80) afirma que “os serviços públicos não podem parar,
porque não param os anseios da coletividade. Os desejos dos administrados são
contínuos. Daí dizer-se que a atividade da Administração Pública é ininterrupta”.
Batista Júnior (2004, p. 243) traduz de forma clara a importância da faceta
da continuidade para o princípio eficiência:
O PE determina que a atuação administrativa deve ser eficiente e, portanto, deve ser de qualidade, devendo os resultados serem atingidos da forma mais global possível. Além disso, os resultados devem ser atingidos continuamente, sem interrupções. Não basta um bom resultado isolado, esporádico; a eficiência exige que o bem comum seja buscado de forma permanente e contínua (BATISTA JÚNIOR, 2004, p. 230).
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O dever de continuidade na atividade pública é tão importante que parte
da doutrina dá a essa status de princípio constitucional da Administração Pública.
4.1.6 Desburocratização
Conforme Batista Júnior (2004, p. 245), a desburocratização se manifesta
em dois aspectos, na estrutura organizacional da AP e em relação aos
procedimentos administrativos.
Quanto à estrutura, a desburocratização exige sua simplificação, o
abandono da duplicidade de atribuições e competências, numa organização menos
complexa e mais maleável, que melhor se adeque para atender as necessidades
coletivas diversificadas e cambiantes, se aproximando dos administrados.
Quanto aos procedimentos, essa faceta impõe o abandono de
procedimentos administrativos demasiadamente longos, lentos e desnecessários
que não possibilitam a obtenção de decisões céleres.
Após a tratativa das seis facetas da eficiência na AP, passar-se-á à
análise da relação entre o princípio da eficiência e o ANS.
5 O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA E O ACORDO DE NÍVEIS DE SERVIÇO
É evidente a necessidade de utilização de novos mecanismos que
possam garantir o alcance dos resultados desejados na prestação de serviços pela
Administração Pública, principalmente em relação àqueles que são executados por
terceiros, o que ocorre com o ANS.
A seguir, serão analisadas as determinações da IN/MPOG n.02/2008 em
relação à definição de ANS em contratos de prestação de serviço a partir das seis
facetas tratadas por Batista Júnior, buscando verificar se a pactuação de ANS é
capaz de trazer maior eficiência às contratações públicas.
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5.1 Produtividade
Entendendo a produtividade enquanto relação ótima entre o alcance dos
fins e o emprego dos meios, pode-se verificar que a IN/MPOG n.02/2008, abre
caminhos a uma contratação produtiva, pois determina em seu art. 17, I a
necessidade de definição prévia e clara do escopo do serviço a ser contratado e
dos resultados esperados (alcance dos fins) e no inciso VIII do mesmo artigo que o
pagamento seja proporcional ao atendimento das metas do ANS (emprego
dos meios).
Esses mecanismos possibilitam a otimização da relação entre meios e
fins, já que a Administração só faz o pagamento na justa medida em que o serviço
foi executado e o resultado pactuado alcançado.
Quando trata sobre a produtividade, Batista Junior aponta, ainda, sobre a
realocação de recursos:
O que queremos dizer é que a própria necessidade de utilização minimizada dos recursos escassos para o cumprimento de determinada finalidade se dá para que, à luz dos objetivos maiores postos constitucionalmente à observância da AP, isso possa redundar em uma nova aplicação destes em novas atuações em prol do bem comum. (BATISTA JUNIOR, 2004, p.227).
É o que ocorre na pactuação de ANS. Nos contratos em que esses são
definidos, os recursos provenientes dos ajustes feitos aos pagamentos podem ser
realocados.
Nos contratos em que os ANS não são pactuados, quando um resultado
definido não é alcançado, à AP cabe abertura de processo administrativo para a
aplicação de sanção por descumprimento contratual. Nas hipóteses de aplicação de
multa, os valores estão pré-definidos pelo Decreto Estadual n. 45.902/12, de modo
que, ainda que seja aplicada multa ao contratado, não há correlação direta entre o
dano causado pelo resultado não atingido e o valor pago como sanção, havendo,
portanto, um claro desarranjo entre o alcance dos fins e o emprego dos meios.
5.2 Economicidade
A economicidade busca minimizar o dispêndio de recursos financeiros
para determinado resultado. Assim, a relação direta entre o não cumprimento da
meta e o ajuste feito no pagamento, pode ser analisada como um aspecto de
economicidade nos contratos com ANS.
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Ao tratar sobre economicidade, Batista Junior afirma que essa
(...) diz respeito à necessidade de busca da melhor alternativa para se efetuação da despesa pública, ou seja, verificar se o caminho perseguido foi o melhor para se chegar com os recursos econômicos despendidos a determinado resultado, otimizando-se a equação custo X benefício.” (BATISTA JUNIOR, 2004, p. 232).
Entende-se que ao realizar um pagamento proporcional aos resultados
alcançados, está se adequando, de forma direta, a relação custo X benefício.
Ao determinar que devem ser definidas unidades de medidas que
permitam mensurar os resultados, excluindo a remuneração por hora de serviço ou
posto de trabalho ocupado2, e que os pagamentos devem ser proporcionais ao
atendimento das metas do ANS3 resta demonstrado a busca da melhor alocação dos
recursos financeiros, uma vez que a AP pagará apenas pelo que foi executado na
prestação do serviço, excluindo a remuneração pelo esforço que não agrega aos
resultados esperados. Faz, ainda, com que a AP não dependa da aplicação de
multas pré-definidas para reparação dos valores investidos num serviço com
qualidade inadequada.
A orientação de que as atividades críticas do serviço sejam pré-definidas4
também são medidas de economicidade, pois determinadas as atividades essenciais
ao alcance dos resultados, a Administração canaliza seus recursos e esforços ao
acompanhamento dessas, evitando dispêndio naquelas que não impactam na
qualidade dos resultados.
Busca-se, ainda, a economicidade na determinação de que os
indicadores sejam objetivamente mensuráveis e facilmente coletáveis5, para que não
seja necessário grandes investimentos de recursos na mensuração de indicadores
muito complexos e que acabam por tornar sua fiscalização num fim em si mesmo.
5.3 Qualidade
A IN/MPOG n.02/2008 determina que seja feita uma definição prévia e
clara dos serviços a serem contratados e dos resultados esperados com esses6
garantindo, que a contratação atenda às necessidades dos potenciais usuários.
2 Art. 11, caput, da IN n. 02/2008
3 Art. 17, VIII da IN n. 02/2008.
4 Art. 17, I, da IN n. 02/2008.
5 Art. 17, V, da IN n. 02/2008.
6 Art. 17, I, da Instrução Normativa MPOG n. 02/2008.
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A preocupação com a qualidade demonstra-se evidente na determinação
de faixas de tolerância para a adequação do pagamento. Assim, entende-se
tolerável o não atendimento das metas de qualidade no serviço até um determinado
limite a partir do qual são imputáveis as sanções legais.
Acredita-se ainda que a possibilidade de adequação do pagamento é
capaz de gerar incentivos7 imediatos e constantes ao fornecedor para a manutenção
dos níveis de qualidade.
A preocupação com a qualidade, bem como com seu monitoramento e
avaliação constantes é evidente na instrução. A própria definição de ANS demonstra
que este nada mais é do que o ajuste firmado entre as partes para definir os níveis
de qualidade esperados nos serviços em parâmetros objetivos.
5.4 Celeridade e Presteza
O principal aspecto de celeridade trazido pela IN/MPOG n.02/2008 é a
adequação imediata do pagamento quando do não atingimento das metas definidas,
trazendo o nítido ajuste da relação custo X benefício X tempo.
Ainda que a aplicação de multa pudesse readequar a relação custo X
benefício quanto aos recursos alocados e os resultados não alcançados,
provavelmente os prazos exigidos para o processo administrativo trariam prejuízo
quanto ao aspecto “tempo”.
A IN/MPOG n.02/2008 indica, ainda, a utilização de ferramentas
informatizadas para aferição dos resultados do prestador (§3º do art. 11), sugerindo
a busca por um processo mais rápido de aferição.
7 Conforme a Teoria Econômica “pessoas respondem a incentivos”, ou seja, tomam decisões
comparando os custos e os benefícios da sua escolha. Desta feita, seu comportamento pode mudar na medida em que os custos e os benefícios se alteram. Conforme Stiglitz e Walsh (2003, p.9), incentivos são benefícios que motivam o tomador de decisão a fazer determinada opção, sendo o preço um fator determinante nas escolhas, No caso em questão, o não cumprimento dos níveis de qualidade diminui o benefício do prestador na execução do serviço, pois diminui o preço a ser pago pela contratante. Desta feita, ele tem incentivo a atender os níveis de qualidade e não ter seu pagamento descontado.
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5.5 Continuidade
Ao possibilitar que o ajuste do pagamento seja feito sempre que os níveis
de serviço não sejam atingidos, acredita-se que o ANS traz eficiência em seu
aspecto da continuidade, pois gera incentivos constantes ao prestador de serviço
para que ele mantenha os níveis de qualidade de acordo com o pactuado.
No art. 33, § 2º, a IN/MPOG n.02/2008 determina ainda que o órgão
contratante deve monitorar constantemente o nível de qualidade dos serviços
evitando sua degeneração, trazendo a preocupação com a continuidade dos
parâmetros de qualidade traçados.
5.6 Desburocratização
A possibilidade de pagamento proporcional aos níveis de serviço
atingidos é o ponto central da desburocratização trazida pela IN/MPOG n.02/2008,
simplificando os trâmites.
A desburocratização também se demonstra nas orientações de que os
indicadores sejam objetivamente mensuráveis, facilmente coletáveis, não complexos
e nem sobrepostos8.
Ao final desta análise nota-se claramente que a IN/MPOG n.02/2008 trata
dos seis aspectos trazidos por Batista Junior, não restando dúvidas quanto ao
caráter de eficiência presente nas contratações por níveis de serviço.
Feita a explanação da IN/MPOG n.02/2008 quanto à eficiência, tratar-se-á
da análise dos ANS do contrato de reprografia e impressão da Cidade
Administrativa.
6 A CIDADE ADMINISTRATIVA E SEU MODELO DE OPERAÇÃO
Inaugurada em 2010, a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves
(CA) foi construída para ser a nova sede do Governo Estadual de Minas Gerais,
alinhando-se com o modelo de gestão pública implantado em Minas Gerais a partir
de 2003, o Choque de Gestão.
8 Art. 17, V e VI da IN 02/2008.
17
Dentre os principais objetivos de sua criação está o aumento da eficiência
na prestação dos serviços públicos e, neste contexto institucional do Choque de
Gestão, era imprescindível a utilização de modelos de contratação de serviços na
CA que fossem compatíveis com sua proposta de eficiência.
Assim, a Intendência, responsável pela gestão da CA, definiu sua
estrutura operacional a partir da gestão e fiscalização de serviços, cujos resultados,
em sua grande maioria, são mensurados e avaliados por ANS.
A estrutura orgânica da Intendência da CA possui um modelo matricial em
que a gestão e a fiscalização dos contratos são feitas por equipes compostas por
representante do Núcleo de Operação e Logística (NOLOG), por representante da
Diretoria de Contratos e Convênios e um fiscal de empresa especializada contratada
especificamente para esse fim.
O representante do NOLog atua na coordenação do acompanhamento e
fiscalização dos contratos, desempenhando as atividades de gestor e de fiscal do
contrato, com o auxílio do agente contratado para a fiscalização específica dos ANS
e do gestor adjunto nas demais atividades burocráticas.
Feitas as explanações a respeito do modelo de gestão e fiscalização dos
contratos da Intendência da CA, um dos primeiros órgãos do Governo do Estado de
Minas Gerais a se utilizarem o ANS, passar-se-á, a análise do ANS de seus
contratos de reprografia e impressão, que possuem o maior número de indicadores
pactuados.
7 ANÁLISE DO ANS DOS CONTRATOS DE REPROGRAFIA E IMPRESSÃO DA CIDADE ADMINISTRATIVA
Pretende-se, agora averiguar se as determinações da IN/MPOG
n.02/2008 foram aplicadas aos indicadores dos contratos de reprografia e impressão
da Intendência da Ca.
7.1 Os indicadores dos contratos de reprografia e impressão da Cidade Administrativa
Para garantir a devida prestação do serviço, os contratos definem seis
níveis de serviço conforme tabelas abaixo:
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Tabela 1: Indicadores 1 e 2
Indicador 01: Obstrução de papel 02: Troca de itens de consumo
Descrição do indicador
Em casos de obstrução de papel o equipamento deverá ser desobstruído em até 30 (trinta) minutos, a contar da abertura da ordem de serviço.
Em casos de troca de itens de consumo o equipamento deverá estar disponível para uso normal em até 60 (sessenta) minutos, a contar da abertura da ordem de serviço;
Finalidade Avaliar o cumprimento dos níveis de serviços para a desobstrução do equipamento.
Avaliar o cumprimento dos níveis de serviços para a troca de itens de consumo.
Meta a cumprir
90% das OS corretivas fechadas em até 30 (trinta) minutos contatos a partir da abertura de ordem de serviço
90% das OS corretivas fechadas no prazo de 60 (sessenta) minutos a contar da abertura da ordem de serviço.
Instrumento de medição
Software de abertura / fechamento de chamados
Software de abertura / fechamento de chamados
Forma de acompanhamento
Através do relatório mensal emitido pela CONTRATADA e validado pela empresa de fiscalização.
Através do relatório mensal emitido pela CONTRATADA e validado pela empresa de fiscalização.
Periodicidade Aferição diária e consolidação mensal (somatório dos resultados das aferições diárias)
Aferição diária e consolidação mensal (somatório dos resultados das aferições diárias)
Mecanismo de Cálculo
Total de chamados de obstrução de papel no período fechados no prazo / Total de chamados de obstrução de papel do período = X1
Total de chamados de troca de itens de consumo no período fechados no prazo / Total de chamados de troca de consumíveis do período = X2
Início de Vigência Após 30 dias da data de início da prestação dos serviços
Após 30 dias da data de início da prestação dos serviços
Faixas de ajuste no pagamento (M)
Se X1 entre:
0,90 e 1, M1 = 1
Se X2 entre:
0,90 e 1, M2 = 1
0,85 e 0,89, M1 = 0,9 0,85 e 0,89, M2 = 0,9
0,80 e 0,84, M1 = 0,8 0,80 e 0,84, M2 = 0,8
0,75 e 0,79, M1 = 0,7 0,75 e 0,79, M2 = 0,7
0,70 e 0,74, M1 = 0,6 0,70 e 0,74, M2 = 0,6
Se X1 abaixo de 0,70, M1 = 0,5 Se X2 abaixo de 0,70, M2 = 0,5
Sanções
Se X1 abaixo de 0,70 por 3 (três) meses consecutivos, será considerada inexecução parcial do ajuste e a CONTRATANTE poderá rescindir o contrato.
Se X2 abaixo de 0,70 por 3 (três) meses consecutivos, será considerada inexecução parcial do ajuste e a CONTRATANTE poderá rescindir o contrato.
Observações Cumulativo com os indicadores 2, 3, 4 e 5.
Cumulativo com os indicadores 1, 3, 4 e 5.
Fonte: Edital de Licitação n. 1501122000266/99
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Tabela 2: Indicadores 3 e 4
Indicador 03: Consertos e/ou substituição de equipamentos
04: Indisponibilidade dos sistemas
Descrição do indicador
Deverá ser disponibilizado equipamento de características compatíveis com o original em até 4 horas, a contar da abertura da ordem de serviço
Em casos de indisponibilidade dos sistemas esse deverá ser restaurado para uso normal em até 4 horas, a contar da abertura da ordem de serviço;
Finalidade Avaliar o cumprimento dos níveis de serviços estabelecidos para as manutenções corretivas.
Avaliar o cumprimento dos níveis de serviços para a disponibilidade dos sistemas.
Meta a cumprir 90% das OS corretivas fechadas no prazo
90% das OS corretivas fechadas no prazo
Instrumento de medição
Software de abertura / fechamento de chamados
Software de abertura / fechamento de chamados
Forma de acompanhamento
Através do relatório mensal emitido pela CONTRATADA e validado pela empresa de fiscalização.
Através do relatório mensal emitido pela CONTRATADA e validado pela empresa de fiscalização.
Periodicidade Aferição diária e consolidação mensal (somatório dos resultados das aferições diárias)
Aferição diária e consolidação mensal (somatório dos resultados das aferições diárias)
Mecanismo de Cálculo
Total de OS corretivas executadas / Total de OS preventivas executadas no período = X3
Somatório de disponibilidade dos sistemas críticos / 7 (Número de sistemas críticos) = X4
Início de Vigência Após 30 dias da data de início da prestação dos serviços
Após 30 dias da data de início da prestação dos serviços
Faixas de ajuste no pagamento (M)
Se X3 entre:
0,90 e 1, M3 = 1
Se X4 entre:
0,90 e 1, M4 = 1
0,85 e 0,89, M3 = 0,9 0,85 e 0,89, M4 = 0,9
0,80 e 0,84, M3 = 0,8 0,80 e 0,84, M4 = 0,8
0,75 e 0,79, M3 = 0,7 0,75 e 0,79, M4 = 0,7
0,70 e 0,74, M3 = 0,6 0,70 e 0,74, M4 = 0,6
Se X3 abaixo de 0,70, M3 = 0,5 de 0,70, M4 = 0,5
Sanções
Se X3 acima de 0,45 por 3 (três) meses consecutivos, será considerada inexecução parcial do ajuste e a CONTRATANTE poderá rescindir o contrato.
Se X4 abaixo de 0,75 por 3 (três) meses consecutivos, será considerada inexecução parcial do ajuste e a CONTRATANTE poderá rescindir o contrato.
Observações Cumulativo com os indicadores 1, 2, 4 e 5.
Cumulativo com os indicadores 1, 2, 3 e 5.
Fonte: Edital de Licitação n. 1501122000266/99
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Tabela 3: Indicadores 5 e 6
Indicador 05: Atendimento às ordens de serviço pelas centrais de reprografia
06: Indisponibilidade dos servidores de impressão
Descrição do indicador
Os serviços enviados para a central de reprografia e impressão, quando forem inferiores a 20.000 (vinte mil) cópias ou impressões, deverão ser realizados em até 1 dia útil, a contar da abertura da ordem de serviço.
Os servidores de impressão deverão estar disponíveis 99% do tempo, equivalente a 8 horas de parada ao ano, desconsiderando as paradas programadas.
Finalidade
Avaliar o cumprimento dos níveis de serviços estabelecidos para atendimento às ordens de serviços pelas centrais de reprografia.
Avaliar o cumprimento dos níveis de serviços estabelecidos para a disponibilidade dos servidores de impressão.
Meta a cumprir 90% das ordens de serviço atendidas no prazo.
99% de disponibilidade dos servidores de impressão (oito horas de parada ao ano)
Instrumento de medição
Sistema de gestão de ordens de serviço
Relatórios emitidos pela CONTRATADA.
Forma de acompanhamento
Através do relatório mensal emitido pela CONTRATADA e validado pela empresa de fiscalização.
Através do relatório mensal emitido pela CONTRATADA ou solicitado a qualquer momento pela CONTRATANTE.
Periodicidade Aferição diária e consolidação mensal (somatório dos resultados das aferições diárias)
Aferição diária e consolidação mensal (somatório dos resultados das aferições diárias)
Mecanismo de Cálculo
Total de ordens de serviço do período fechadas no prazo / Total de ordens de serviço do período = X1
Total de horas dos servidores de impressão indisponíveis / total de horas = X6
Início de Vigência Após 30 dias da data de início da prestação dos serviços
Após 30 dias da data de início da prestação dos serviços
Faixas de ajuste no pagamento (M)
Se X5 entre:
0,90 e 1, M5 = 1
Se X6 entre:
0,90 e 1, M6 = 1
0,85 e 0,89, M5 = 0,9 0,85 e 0,89, M6 = 0,9
0,80 e 0,84, M5 = 0,8 0,80 e 0,84, M6 = 0,8
0,75 e 0,79, M5 = 0,7 0,75 e 0,79, M6 = 0,7
0,70 e 0,74, M5 = 0,6 0,70 e 0,74, M6 = 0,6
Se X5 abaixo de 0,70, M5 = 0,5 Se X6 abaixo de 0,70, M6 = 0,5
Sanções
Se X5 abaixo de 0,70 por 3 (três) meses consecutivos, será considerada inexecução parcial do ajuste e a CONTRATANTE poderá rescindir o contrato.
Se X6 abaixo de 0,70 por 3 (três) meses consecutivos, será considerada inexecução parcial do ajuste e a CONTRATANTE poderá rescindir o contrato.
Observações Cumulativo com os indicadores 1, 2, 3 e 4.
Cumulativo com os indicadores 1, 2, 3 ,4 e 5.
Fonte: Edital de Licitação n. 1501122000266/99
21
Na próxima seção, os indicadores supracitados serão analisados à luz da
IN/MPOG n.02/2008.
7.2 A análise do contrato de reprografia e impressão
Realizou-se uma análise dos contratos de reprografia e impressão da Ca
a fim de verificar se esses cumprem as orientações da referida IN/MPOG n.02/2008
as quais serão tratadas a seguir:
a) Unidade de medida para o pagamento que não seja remuneração por
horas de serviço e por posto de trabalho (art. 11, caput):
Conforme Cláusula Quinta do contrato
(...) A remuneração é variável, e compatível com o serviço prestado e com sua qualidade, sendo calculada por meio da seguinte fórmula (VPM):
VPM = VRM x [(M1 + M2 + M3 + M4 + M5 + M6)/6]
Onde:
VPM = Valor de Pagamento Mensal
VRM = Valor Regular Mensal (equivalente ao preço fixo mensal estabelecido na Cláusula Terceira por equipamento ativado [+] a totalidade de impressões e cópias feitas por equipamento ativado, no período considerado, multiplicado pelo preço variável por impressão ou cópia estabelecido na Cláusula Terceira)
M1, M2, M3, M4, M5 e M6 são as faixas de ajustes no pagamento, calculadas na forma da Cláusula Oitava (grifo nosso).
Apesar da fórmula de cálculo do pagamento considerar um valor fixo
relativo à locação dos equipamentos, este acaba por se tornar varíavel
conforme os resultados do serviço quando se inclui como variável a
média dos percentuais de cumprimento dos níveis pactuados.
b) Critérios objetivos de mensuração de resultados, que utilize,
preferencialmente, ferramentas informatizadas para verificação do
resultado quanto à quantidade e à qualidade pactuada (art. 11, § 4º).
Quanto aos critérios objetivos de mensuração do resultado, os
indicadores 1, 2 e 5 atendem a tais definições, conforme previsto em
seus mecanismos de cálculo. De mesmo modo, estes indicadores
utilizam ferramentas informatizadas para aferição dos resultados,
sendo mensurados por sistema de abertura de chamados (helpdesk)
ou pelo sistema de gerenciamento de ordens de serviço.
22
Já em relação aos demais indicadores, pode-se tecer algumas
considerações. O indicador 3 avalia o prazo de atendimento das
substituições de equipamentos com defeito. Entretanto, a descrição da
finalidade do indicador, “avaliar o cumprimento dos níveis de serviços
estabelecidos para as manutenções corretivas”, aponta um objetivo
mais amplo que o inicialmente proposto, já que outros problemas com
o equipamento ensejam ordens de serviço corretivas, sem necessidade
de substituição do equipamento.
O mecanismo de cálculo desse indicador também engloba variáveis
mais amplas, sem haver vinculação nem ao objeto do indicador
(equipamentos com defeitos que precisam ser substituídos), nem
mesmo ao prazo estipulado (quatro horas).
Além disso, as faixas de ajuste no pagamento apresentam distorção,
pois, numa razão entre total de ordens de serviço corretivas por total de
preventivas, o indicador deveria ser do tipo “menor melhor”, ou seja,
quanto menos ordens de serviço corretivas tem-se em relação ao
número de preventivas, melhor. Entretanto, as faixas de ajuste
apontam para um indicador do tipo “maior melhor”.
Também o indicador 4 possui uma inconsistência, pois seu mecanismo
de cálculo não possui previsão da unidade de mensuração. Além disso,
há uma menção em relação ao número de sistemas críticos enquanto
“sete”, sem se discriminar quais são esses sistemas.
Quando ao indicador 6, sua descrição leva a entender que 8 (oito)
horas de parada ao ano corresponde a 1% de indisponibilidade do
servidor, entretanto, ao realizarmos um cálculo considerando 8 (oito)
horas trabalhadas numa média de 20 (vinte) dias úteis por mês, em 12
(doze) meses, tem-se 1.920 (mil novecentas e vinte) horas trabalhadas,
sendo que 1% corresponderia a 19,2 (dezenove virgula duas).
No mais, seu mecanismo de cálculo não considera o limite máximo de
horas que o sistema poderia ficar indisponível para fins de apuração.
As faixas de ajustes desse indicador também deveriam ser do tipo
“menor melhor”, mas apresentam percentuais do tipo “maior melhor”,
além de não consideram o percentual de 99% de disponibilidade
previsto pelo indicador, prevendo uma variação no ajuste do
pagamento apenas com percentuais abaixo de 90%.
23
Verifica-se, portanto, que tal orientação foi parcialmente atendida pelos
indicadores deste contrato.
c) Definição prévia e clara dos serviços e resultados esperados com a
contratação, bem como das atividades consideradas criticas e aquelas
secundárias (art. 17, I)
Apesar de não restar explicitado pela definição dos indicadores e as
metas para eles fixadas, ficam claros os resultados esperados com
esta contratação.
A distinção de criticidade das atividades pode ser identificada pela
diferenciação das metas a serem cumpridas em cada indicador, de
modo que o indicador 6, disponibilidade dos servidores de impressão,
que impacta o maior número de usuários, seria a mais críticas das
atividade, ficando as demais equiparadas enquanto secundárias.
d) Indicadores e metas que contribuam cumulativamente para o resultado
global e não interfiram negativamente uns nos outros (art. 17, II);
Os indicadores abarcarm pontos relevantes da prestação de serviço,
sendo considerados para fins de pagamento enquanto média, numa
ponderação de todos, entendendo-se que foram construídos para
contribuírem para o resultado global do contrato, em atendimento à
instrução.
e) Indicadores que reflitam fatores sob controle do prestador de serviço
(art. 17, III) e previsão dos fatores que estão fora do controle do
fornecedor que possam interferir no alcance das metas (art. 17, IV);
Entende-se que todos fatores mensurados pelo ANS são de total
controle do fornecedor, não foram previstos aqueles que não estão sob
o controle desse e que possam interferir no cumprimento das metas.
f) Indicadores objetivamente mensuráveis, relevantes, compreensíveis,
facilmente coletáveis e adequados à natureza e as características do
serviço; (art. 17, V).
Entende-se que todos os itens mensurados pelo ANS são adequados a
natureza e as características do serviço, bem como são relevantes, pois impactam
na satisfação dos usuários do serviço.
24
No entanto, entende-se que apenas os indicadores 1, 2 e 5 atendem
aos demais aspectos, conforme já mencionados anteriormente no item “b”,
supracitado. De modo que tal determinação foi parcialmente atendida pelos
indicadores.
g) Evitar indicadores complexos e sobrepostos (art. 17, VI)
Nenhum dos indicadores foi considerado complexo, nem mesmo foi
identificada sobreposição na mensuração dos resultados, mas sim uma
ponderação dos resultados para fins de pagamento.
h) Metas realistas (art. 17, VII):
Não foram identificados, no processo licitatório ou no contrato
quaisquer questionamentos sobre os níveis de serviços pactuados,
motivo pelo qual, entende-se que essas seguem padrões realistas.
i) Adequação dos pagamentos à proporcionalidade ao atendimento das
metas na execução dos serviços (art. 17, VIII e XII)
Conforme já mencionado no item “a”, os contratos preveem uma
remuneração variável conforme o atendimento às metas pactuadas,
conforme a IN MPOG n.02/2008.
j) Faixa de tolerância mínima para o atendimento das metas,
considerando a criticidade (art. 17, VIII, a e b).
Os indicadores preveem as faixas de tolerância mínima no atendimento
das metas. Verifica-se, ainda, uma diferenciação das metas dos
indicadores conforme a criticidade, de modo que, o resultado que
impacta o maior número de usuários, a disponibilidade dos servidores
de impressão, possui a maior meta.
k) Possibilidade de aceitar justificativa do fornecedor para o não
atendimento das metas (art. 33, § 1º).
Apesar de simples, não há previsão expressa sobre tal possibilidade.
l) Existência de monitoramento constante do nível de qualidade dos
serviços a fim de evitar sua degeneração (art. 33, § 2º)
A fiscalização e avaliação da execução do contrato estão previstas
enquanto obrigações da contratante, que no caso específico, é exercida
por uma estrutura direcionada a esse fim na Intendência da Ca.
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m) Construção de indicadores que descrevam sua finalidade, a meta a
cumprir; forma de acompanhamento, a peridiocidade, o início da sua
vigência, as faixas de ajuste no pagamento, as sanções, além de
outras informações importantes (anexo II).
Os indicadores foram construídos aos moldes do modelo apresentado
no anexo II da instrução normativa.
Ao final desta análise, verifica-se que as diretrizes da IN/MPOG n.02/2008
foram, em sua grande maioria, atendidas pelo ANS dos contratos de reprografia e
impressão da Ca.
Findadas as análises, passar-se-á a apresentação das conclusões deste
trabalho.
8 CONCLUSÃO
Com o presente trabalho, pretendeu-se investigar se as diretrizes da
IN/MPOG n.02/2008 quanto aos Acordos de Níveis de Serviço são capazes de
trazer maior eficiência às contratações públicas. Além disso, foi feita a título de
ilustração, uma análise, nos contratos de Reprografia e Impressão da CA, para
verificar se essas determinações foram seguidas por esse e, com isso, avaliar se
são aplicáveis na pratica.
Ao final deste trabalho, foi possível perceber que de fato a pactuação
de níveis de serviços é capaz de trazer eficiência as contratações da Administração
Pública, considerando-a enquanto suas seis facetas tratadas por Batista Junior.
De mesmo modo, foi possível perceber que, apesar de não terem sido
cumpridas na íntegra pelo ANS estudado, não foram identificados fatores que
pudessem tornar complexo ou inviável a aplicação das diretrizes da IN/MPOG
n.02/2008 na construção dos Acordos de Níveis de Serviço.
Foi possível perceber que dois fatores, apesar de não estarem
diretamente relacionados às facetas da eficiência, são pressupostos essenciais à
concretização dessa última na pactuação dos níveis de serviço: a necessidade de
planejamento das contratações pela Administração e a importância da fiscalização
dos contratos para a mensuração dos resultados. Apesar da grande importância de
26
ambos os aspectos, percebe-se que a Instrução Normativa traz maiores orientações
a respeito dos processos de fiscalização, sem, no entanto, tratar de forma mais
detalhada o planejamento.
Ao final deste estudo, verificou-se que a hipótese inicialmente apontada
de que o Acordo de Nível de Serviço é capaz de conferir maior eficiência às
contratações públicas foi, de fato, confirmada. Entretanto, esse é apenas um
mecanismo para fazer com que a Administração Pública possa ser mais eficiente em
sua atuação. Muito ainda pode-se evoluir a fim de que essa possa cada vez mais e
melhor atender ao bem comum.
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27
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28
___________________________________________________________________
AUTORIA
Gustavo Henrique Campos dos Santos – Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais.
Endereço eletrônico: gustavo.santos@planejamento Josiane Vidal Vimieiro – Escola de Saúde Pública de Minas Gerais.
Endereço eletrônico: [email protected] Maria Isabel Araújo Rodrigues – Fundação João Pinheiro
Endereço eletrônico: [email protected],