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Este documento é cópia do original assinado digitalmente por ALVARO PEREIRA OLIVEIRA MELO. Para conferir o original, acesse o site http://www.mp.sc.gov.br, informe o processo 08.2016.00135872-0 e o código 910333. fls. 59 ______________________________________________________________________________ Promotoria Regional do Meio Ambiente - RH7 Defesa da Ordem Urbanística e Moralidade Administrativa 1 _________________________________________________________________________________________ Rua Uruguai, 222, Centro, Itajaí/SC - (47) 3341-9420 — [email protected] EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ITAJAÍ – SC O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por seu Promotor de Justiça signatário, no uso de suas atribuições institucionais e legais, com fundamento nos artigos 127 e 129, III, da Constituição da República Federativa do Brasil; no artigo 25, IV, da Lei n. 8.625/93; no artigo 82, VI, "b", da Lei Complementar Estadual n. 197/2000; no artigo 1º, I e VI da Lei n. 7.347/85, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, promover a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR contra MUNICÍPIO DE ITAJAÍ, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no CNPJ sob o n. 83.102.277/0001-52, com sede na Rua Alberto Werner, 100, Vila Operária, CEP n. 88.304-053, Itajaí/SC, representado pelo Excelentíssimo Prefeito, Sr. Jandir Bellini, que

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Defesa da Ordem Urbanística e Moralidade Administrativa

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_________________________________________________________________________________________Rua Uruguai, 222, Centro, Itajaí/SC - (47) 3341-9420 — [email protected]

EXCELENTÍSSIMA  SENHORA  DOUTORA  JUÍZA  DE  DIREITO  DA  VARA  DA 

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ITAJAÍ – SC

O  MINISTÉRIO  PÚBLICO  DO  ESTADO  DE  SANTA  CATARINA,  por 

seu  Promotor  de  Justiça  signatário,  no  uso  de  suas  atribuições  institucionais  e 

legais,  com  fundamento  nos  artigos  127  e  129,  III,  da  Constituição  da  República 

Federativa do Brasil; no artigo 25, IV, da Lei n. 8.625/93; no artigo 82, VI, "b", da Lei 

Complementar  Estadual  n.  197/2000;  no  artigo 1º,  I  e VI da Lei  n.  7.347/85,  vem, 

respeitosamente, perante Vossa Excelência, promover a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

 COM PEDIDO LIMINAR 

contra

MUNICÍPIO  DE  ITAJAÍ,  pessoa  jurídica  de  direito  público  interno, 

inscrito  no  CNPJ  sob  o  n.  83.102.277/0001-52,  com  sede  na  Rua 

Alberto  Werner,  100,  Vila  Operária,  CEP  n.  88.304-053,  Itajaí/SC, 

representado  pelo  Excelentíssimo  Prefeito,  Sr.  Jandir  Bellini,  que 

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recebe citações e intimações no endereço acima;

CARELLI PROPRIEDADES LTDA., pessoa jurídica de direito privado, 

inscrita no CNPJ sob o n. 17.008.758/0001-79, com sede na Rua 1822, 

n. 364, Sala 01, Edifício Nefertari, Balneário Camboriú/SC, que recebe 

citações e intimações no endereço acima, pelos fatos e fundamentos 

que seguem:

A presente ação civil pública tem por objetivo impedir a construção do

empreendimento Porsche Design Towers Brava por parte da demandada CARELLI

PROPRIEDADES LTDA., bem como a concessão, por parte do demandado

MUNICÍPIO DE ITAJAÍ, de alvarás construtivos, licenças e permissões de qualquer

natureza que estejam em confronto com as expressas limitações da Zona de

Proteção Ambiental 1, em que efetivamente localizado o empreendimento.

Funda-se a causa de pedir na impossibilidade de, casuisticamente,

estender-se os parâmetros construtivos de uma zona urbana, como aplicado pelo

MUNICÍPIO DE ITAJAÍ, no caso em concreto, para levar a absoluta degradação de

uma área que o próprio legislador municipal, entendeu como de relevância

ambiental, fulminando a razão de existir de uma Zona de Proteção Ambiental que

alberga Mata Atlântica em estágio avançado de regeneração, também passível de

tutela específica em âmbito federal (Lei n. 11.428/06).

Finalmente, destaque-se também que a presente ação é interposta

com o objetivo específico de tratar o evidente conflito entre a questão urbanística do

empreendimento e os seus reflexos ambientais já que, ao contrário da FAMAI que

indeferiu o licenciamento ambiental, repousa a informação de que o Município foi

favorável em consulta prévia emitida pela Secretaria Municipal de Urbanismo que

posteriormente também aprovou o projeto da Porsche Design Towers Brava, não se

revelando prudente e mesmo adequado que este órgão de execução aguarde

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complacentemente um evidente risco ao patrimônio urbanístico-ambiental, objeto de

controvérsia, em detrimento dos princípios da prevenção e precaução.

I – Fundamentação fática e jurídica

O Ministério Público  instaurou o Inquérito Civil n. 06.2016.00001098-2 

para  apurar  a  regularidade  ambiental  decorrente  da  pretensa  constituição  do 

empreendimento Porsche Design Towers Brava  da  demandada  CARELLI 

PROPRIEDADES LTDA. a se localizar em meio a Mata Atlântica em local conhecido 

como  "Morro  Cortado",  bairro  Praia  Brava,  Itajaí,  diante  do  recebimento  de  

representações  noticiando  tais  fatos  bem  como  da  constatação  de  ampla 

publicidade  divulgando  o  lançamento  do  empreendimento  em  diversos  canais  de 

comunicação.

O  que  se  denota  é  que  o  empreendimento  Porsche Design Towers

Brava vale-se de dois pilares básicos para o sucesso do empreendimento sendo o 

primeiro  a  vinculação  com  a  marca  alemã,  sinônimo  de  eficiência,  e  o  segundo  a 

vinculação com a localização na Mata Atlântica, onde “a arquitetura  surge em meio 

a floresta”. (http://www.porsche-design-towers-brava.com/pt/index.html).

  Porém,  fácil  perceber,  como  se  verá  em  seguida,  que  esses  dois 

supostos pilares se encontram derruídos desde a concepção do projeto.

 A uma porque  foi  iniciado de  forma mais brasileira  impossível com o 

seu  amplo  lançamento  publicitário  desde  São  Paulo  para  todo  o  país,  através  de 

inúmeros meios de comunicação para, depois, analisar a (in)adequação ambiental e, 

a duas, porque o seu projeto executivo é condicionado ao corte e à degradação de 

significativa  parcela  da  própria  Mata  Atlântica  donde  se  pretende  instalar  4  torres 

com vários andares e apartamentos “em meio a floresta”.

A  impressão  que  se  tem,  diante  dos  amplos  festejos  noticiados  pela 

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mídia em geral, é que apenas a existência da marca Porsche  leva a uma hipnose 

coletiva dos mais incautos que acreditam que a edificação de 4 gigantes torres com 

740 apartamentos e ampla área comercial pode ser realizada efetivamente em meio 

a  Mata  Atlântica,  em  local  que  o  Município  entende  como  Zona  de  Proteção 

Ambiental.

Aliás,  tanto  é  verdade  que,  curiosamente,  os  empreendimentos  já 

executado e em execução do projeto Porsche Design Towers, de Miami e Frankfurt, 

nos  Estados  Unidos  da  América  e  Alemanha,  aparentemente  não  ultrapassam  o 

número  de  150  apartamentos  e  1  torre  enquanto  o  de  Itajaí,  no  Brasil,  busca  a 

edificação de 4 torres e 740 apartamentos em Zona de Proteção Ambiental, no meio 

da Mata Atlântica. (http://www.porsche-design.com/en/pw/Towers/)

Portanto, mais do que substanciosos substratos fáticos e jurídicos que 

sustentam  a  presente  ação,  tem-se  que  o  empreendimento  em  questão  foge  ao 

próprio  bom  senso,  conforme  se  vislumbra  nas  duas  figuras  a  seguir,  sendo  a 

primeira o total com a área degradada e a segunda a localização:

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Nesse  passo,  durante  a  instrução  do  Inquérito  Civil  requisitou-se 

informações à FAMAI sobre as características da área e a regularidade ambiental do 

empreendimento  –  fls.  10  –  e  à  Secretaria  Municipal  de  Urbanismo  quanto  a 

existência de projeto aprovado ou em análise em relação a qual, contudo, não houve 

resposta até o presente momento – fl. 11.

Não  obstante  a  ausência  de  resposta  do  MUNICÍPIO  DE  ITAJAÍ,  a 

instrução  do  indiciário  revelou  uma  clara  e  evidente  inclinação  de  acolhimento 

urbanístico  do  empreendimento  em  área  caracterizada  pela  Lei  Complementar 

Municipal  n.  215/12  –  Lei  de  Zoneamento  e  Uso  do  Solo  de  Itajaí  –  como  de 

proteção  ambiental  e  que  o  MUNICÍPIO  DE  ITAJAÍ,  em  interpretação  do  mesmo 

diploma legal, entende viável, ao menos até o presente momento, quando já emitiu 

consulta prévia favorável e aprovou o projeto construtivo.

O que o MUNICÍPIO DE  ITAJAÍ  fez ao  responder a consulta prévia e 

aprovar  o  projeto  urbanístico  da  empresa  CARELLI  PROPRIEDADES  LTDA  foi 

estender  a  Avenida  Osvaldo  Reis  para  acima  do  morro  em  distância  bastante 

significativa  da  referida  via  pública  o  que  foi  corretamente  repelido  pela  FAMAI 

quanto  ao  reflexo  ambiental  e  que  se  busca,  nessa  ação,  inviabilizar  pela 

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inconveniência urbanística.

Explique-se,  neste  contexto,  que  a  controvérsia  cinge-se  a 

interpretação  em  especifico  do  artigo  80  da  Lei  Complementar  n.  215/12  que 

estabelece que o  trecho entre a Avenida Osvaldo Reis e o "Morro Cortado", acima 

da cota 20, constitui-se em Zona Urbana, especificamente caracterizada como Zona 

Urbana 2 – ZU2 –, ao passo que a mesma Lei, em seu Anexo I, dispõe claramente 

que  o  imóvel  que  dará  lugar  ao  pretendido  empreendimento  está  completamente 

inserido em Zona de Proteção Ambiental – ZPA1, senão vejamos:

Art.  80 Na  Avenida  Osvaldo  Reis  no  trecho  compreendido  do  Morro Cortado, acima da cota 20 o coeficiente de aproveitamento será de 0,75 e os demais parâmetros da Zona Urbana 2, conforme a tabela do anexo II.

Ilustrativa,  no  ponto,  a  imagem  produzida  pela  FAMAI  no  parecer 

técnico  n.  177/2016,  a  partir  do  referido  Anexo,  sobre  a  localização  do  imóvel  na 

Zona de Proteção Ambiental 1, senão vejamos:

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O fato que se coloca impeditivo da possibilidade de edificar nos moldes 

do  Porsche Design Towers Brava  é  que  o  próprio  parâmetro  construtivo  na  ZPA1 

limita-se  a  empreendimentos  unifamiliares,  de  no  máximo  2  pavimentos,  e 

coeficiente  de  aproveitamento  reduzido,  como  estabelece  a  Lei  de  Zoneamento  e 

Uso do Solo de Itajaí em seu Anexo II, diferenciando a possibilidade de edificação, 

por Zona, de empreendimentos unifamiliares pelo índice H1 e de empreendimentos 

unifamiliares e multifamiliares pelo índice H1 e H2 como inclusive trata o artigo 60 da 

citada Lei.

Nesse sentido:

Art. 60 Os usos do solo, segundo suas categorias classificam-se em:I - habitação: a)  habitação  unifamiliar  (H1):  Edificação  destinada  exclusivamente  ao uso residencial, com apenas uma unidade de habitação por lote; b)  habitação  multifamiliar  (H2):  Edificação  usada  para  moradia  em unidades  residenciais  autônomas,  correspondendo  a  mais  de  uma unidade residencial por lote, agrupadas vertical ou horizontalmente.

Já o referido Anexo II igualmente não deixa dúvida de que na ZPA1 só 

é permitido residências unifamiliares:

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O referido parecer da FAMAI que analisou a viabilidade locacional para 

implantação  do  empreendimento  Porsche Design Towers Brava  estabeleceu 

detalhadamente  as  questões  relativas  ao  zoneamento  e  a  manifestação  da 

Secretaria Municipal de Urbanismo, em Consulta Prévia, enquadrando o local como 

inserido em Zona Urbana destacando, ainda, a necessidade de corte de 2,3 Ha de 

floresta do bioma Mata Atlântica em estágios médio e avançado de regeneração, e 

tratar-se  o  local  de  Zona  de  Amortecimento  da  Unidade  de  Conservação  de 

Proteção  Integral  do  Parque  Municipal  da  Ressacada,  cujos  limites  ainda  não 

definidos  serão  ampliados,  se  manifestando,  em  conclusão,  pelo  indeferimento  da 

Licença Ambiental Prévia solicitada:

O  local  projetado  para  receber  o  empreendimento  está  localizado  em  área urbana, no bairro Praia Brava, no lugar conhecido como "Morro Cortado" [...] com  acesso  pela  Rodovia  Osvaldo  Reis  (Figura  1).  O  local  pretendido para implantação  do  empreendimento  é  composto  do  imóvel  de  matrícula  nº 42.161 com área total de 271.722,33m².O terreno está acima da cota 20 (NM), variando entre a cota 30 e 80 na sua área de  intervenção, segundo o EAS apresentado. Deste modo, conforme a Lei Complementar nº 215/12, que rege as normas de Zoneamento e Uso do Solo  do  município,  a  área  caracteriza-se  como  ZPA1  (Zona  de  Proteção Ambiental  1),  como  pode  ser  visto  na  Figura  2.  Porém,  conforme  Consulta Prévia emitida pela Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU) em 17/02/2014, a área é enquadrada como ZU2 (Zona Urbana 2).[...]No  dia  7  de  março  de  2016  realizou-se  vistoria  in loco  para  verificar  as condições do imóvel e do local onde se pretende instalar o empreendimento. Parte  da  área  já  se  encontra  alterada,  sem  vegetação  nativa,  mas  apenas paisagística/ornamental,  com  declividade  suavemente  ondulada  devido  às intervenções de corte e aterro, e com uma edificação em alvenaria.Esta  porção  forma  uma  espécie  de  platô,  sendo  que  as  áreas  adjacentes possuem cotas crescentes em alguns locais formando relevos mais suaves e em  outros  pontos  mais  íngremes.  Estas  encostas  estão  recobertas  por vegetação  nativa,  onde  nota-se  diferentes  graus  de  intervenção  antrópica  e estágios sucessionais da vegetação. [...]2. DO PARECER2.1 Descrição do Empreendimento[...]O projeto prevê a implantação de Condomínio Vertical com torres comerciais e residenciais, além de áreas de lazer e entretenimento diversos. Trata-se de um  projeto  diferenciado,  voltado  ao  público  de  alto  poder  aquisitivo.  Estão previstos 04 blocos, com 741 unidades habitacionais (NH) e 2.398 vagas de 

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garagem, com 03 níveis de subsolo e 32 pavimentos tipo, dividas em 03 fases de  implantação. O projeto prevê um  total  edificado de 250.484,06m², sendo necessária  a  supressão  de  vegetação  em  2,3  ha,  conforme  informado  no EAS.2.2 Descrição e Caracterização da ÁreaMeio físico[...]Em relação ao  terreno e geomorfologia, o mesmo está  inserido em Unidade Geomorfológica denominada "Morrarias Costeiras", pertencentes ao domínio morfoestrutural de Rochas Metavulcano Sedimentares, compostas por rochas do Complexo Metamórfico Brusque.[...]FLORAA  área  em  questão  está  inserida  na  morraria  da  Ressacada  sendo  parte integrante de um grande  remanescente  florestal  que abrange o conjunto de morros.  A  cobertura  ali  existente  é  típica  da  Floresta  Ombrófila  Densa Submontana, que compreende as formações florestais que ocupam a planície litorânea  com  sedimentos  quaternários  continentais,  situados  entre aproximadamente 20 a 600 metros (NM). Entre as formações que abrangem a Floresta Ombrófila Densa é a que possui maior diversidade vegetal.A  área  prevista  para  receber  as  intervenções  está  localizada  em  um  platô, acima  da  cota  20m,  formando  um  pequeno  vale.  No  entorno,  as  encostas estão  recobertas  por  vegetação  nativa,  porém  com  diferentes  composições vegetais.[...]Na  parte  mais  ao  fundo  de  intervenção,  a  vegetação  possui  formação  em estágio  avançado  de  regeneração,  com  maior  diversidade  de  espécies, dossel fechado e serrapilheira densa, com a presença de talvegues.[...]Esta porção é limítrofe a área de estudo para implantação do Parque Natural Municipal da Ressacada [...] Durante a vistoria na área, encontraram-se dois marcos  topográficos  (Figuras 12 e 13)  indicando que a área de  intervenção encontra-se  no  limite  da  área  proposta  para  compor  a  unidade  de conservação de proteção integral.[...]Conforme  já mencionado a delimitação dos limites do Parque da Ressacada ainda  estão  em  estudo.  No  entanto,  mesmo  não  estando  completamento inserido  dentro  da  área  de  estudo  para  implementação  da  unidade  de conservação, a área de abrangência do projeto está nas adjacências sendo este local uma zona de amortecimento (ZA).[...]A  ZA  é  também  conhecida  como  Zona  Tampão  e  como  a  própria definição legal  esclarece  tem  como  principal  objetivo  minimizar  o  efeito  de  borda,  ou seja,  conter  os  efeitos  externos  que  de  alguma  maneira  possam  influenciar negativamente na conservação da unidade. Assim, estas áreas estabelecem um gradiente entre as áreas protegidas e a sua  região de entorno, além de impedir  que  atuações  antrópicas  interfiram  prejudicialmente  na  manutenção da diversidade biológica.

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[...]FAUNA[...]Foi  realizado  levantamento  faunístico  da  área,  onde  os  grupos  Peixes, Anfíbios,  Répteis,  Aves  e  Mamíferos  (Macrofauna)  foram  estudados.  O período de amostragem ocorreu durante o mês de Maio/2015.Conforme  os  resultados  apresentados,  a  composição  faunística  da  área corrobora  os  estudos  já  realizados  em  áreas  próximas  ou  adjacentes,  bem como  reflete  o  grau  de  conservação  do  local  em  análise.  Destaca-se  a grande variedade de Avifauna registrada no local, incluindo uma espécie ameaçada  de  extinção  (Triclaria malachitacea,  Sabiá-cica),  além  de Tucano-do-bico-verde, Sanhaçu, Colhereiro, entre outros exemplos, conforme listados no EAS.Ainda que o estudo faunístico tenha ocorrido em pequeno espaço de tempo, é possível  inferir  que  o  local  analisado  abriga  uma  grande  diversidade  de espécies da fauna, sendo este um resultado direto da qualidade ambiental da área. Áreas com forte pressão antrópica ou modificadas apresentam índices muito baixos ou até inexistentes de exemplares da fauna.[...]2.4 Descrição dos Principais Impactos e Medidas MitigatóriasOs  maiores  impactos  estão  no  comprometimento  da  estabilidade  das encostas,  motivado  pela  supressão  de  vegetação  e  eventuais  cortes  e formação  de  taludes;  comprometimento  da  qualidade  da  água  dos  cursos naturais;  perda  de  habitats  e  modificação  das  paisagem;  aumento  do escoamento  das  águas  superficiais;  sombreamento  da  vegetação;  fuga  de animais;  alteração  do  padrão  de  ventos  e  incidência  solar;  geração  de resíduos  sólidos;  aumento  da  impermeabilização  do  solo;  aumento  do  fluxo de  veículos  entre  outros  de  grande  magnitude  e  de  caráter  negativo,  por período de tempo prolongado.[...]3. ANÁLISE TÉCNICA[...]Com  relação  à  supressão  de  vegetação,  o  Bioma  Mata  Atlântica  está  sob regime  jurídico  próprio,  a  Lei  nº  11.428/06.  Para  a  área  em  análise,  a caracterização  do  EAS  e  vistoria  in  loco  apontam  para  um  predomínio  dos estágios médio e avançado de  regeneração natural, com alguns  trechos em estágio inicial de regeneração.[...]No  que  concerne  à  Lei  nº  9.985/00,  que  trata  do  Sistema  Nacional  de Unidades de Conservação (SNUC), é preciso citar que, oficialmente o Parque da  Ressacada,  criado  pelo  Decreto  Municipal  nº  2.824/1982  não  possui delimitação definida. Porém, os estudos e trâmites para ampliação do Parque e revisão do Decreto já se encontram em andamento, com o objetivo de criar o Parque Natural Municipal da Ressacada (PNMR) a partir da cota 70m, com área total de mais de 935 ha, tornando a área em análise pertencente à Zona de Amortecimento deste UC.Na  figura  20  nota-se  que  porções  da  área  onde  haverá  supressão  de vegetação  encontram-se  acima  da  cota  70.  Assim,  a  conclui-se  que  a 

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instalação do empreendimento não apenas atingirá a zona de amortecimento da  UC  proposta,  como  atingirá  diretamente  a  área  destinada  a  proteção integral do ecossistema.Com relação à LC nº 215/12, o mapa de Zoneamento do município aponta a área prevista pelo empreendimento  como ZPA1, pois a mesma encontra-se muito  acima  da  Cota  20m.  Porém,  o  Art.  80  atribui  a  esta  área,  conhecida como "Morro Cortado", os mesmo índices de aproveitamento do solo da Zona Urbana  2  (ZU2). No entanto,  foi  apresentado uma Consulta Prévia da SMU emitida em 17/02/2014, ou seja, já com seu prazo legal de 180 dias expirado.4. CONCLUSÃOAnalisando  os  aspectos  legais  e  técnicos  envolvidos  neste  processo, pautamos  nossas  considerações  finais  tanto  no  aspecto  do  uso  do  solo quanto  ambiental.  Primeiramente,  conforme  a  LC  nº  215/12,  a  área  está localizada  em  ZPA1,  onde  edificações  multifamiliares  e  comerciais  são proibidas. No entanto, como já comentado anteriormente, o Art. 80 desta LC transfere  para  a  área  do  "Morro  do  Cortado"  os  índices  da  ZU2, transformando a então ZPA1 em ZU2.Entendemos que mesmo pautado por um diploma legal válido, tal critério não leva em consideração os aspectos ambientais das áreas envolvidas, focando apenas no viés urbanístico. Ou seja, ocorre uma inversão de prioridade, onde os  critérios  ambientais  são  sobrepostos  pelos  critérios  urbanísticos  e  de maximização  do  uso  do  solo,  sem  embasamento  ou  estudos  técnicos-científicos.No caso em análise, entende-se que os parâmetros mais permissíveis da ZU2 não  podem  ser  empregados  nesta  área,  devido  as  suas  características ambientais descritas anteriormente, e  também por ser uma região onde não existem  edificações  ou  intervenções  deste  tipo  e  porte,  podendo  abrir precedentes para ocupações em uma área quase intocada. Ou seja, entende-se  que  o  empreendimento  apresentado  não  se  coaduna  com  a  área analisada e prevista para receber o projeto, pois não está respeitando-se a  premissa  básica  de  que  é  o  empreendimento  ou  projeto  que  precisa estar  adequado  ao  ambiente  natural.  E  não  projetar  intervenções  e modificações  no  meio  para  que  este  se  molde  às  necessidades  do empreendimento pretendido. O  local  pretendido  para  o  empreendimento,  na  sua  maior  parte  não  possui cobertura  vegetal,  devido  a  intervenções  pretéritas,  conforme  imagens  já apresentadas.  Porém,  nos  trechos  onde  se  pretende  retirar  a  vegetação,  a mesma encontra-se em estágio médio e avançado de regeneração, havendo, portanto, as  implicações previstas na Lei nº 11.428/06, nos seus artigos 11, 12, 17, 30 e 31.[...]Com base em dados de fotointerpretação foi possível constatar que porções da área onde haverá supressão da vegetação encontram-se acima da cota 70 e,  que  a  instalação  do  empreendimento  não  apenas  atingirá  a  zona  de amortecimento da UC proposta, como atingiria diretamente a área destinada à proteção integral do ecossistema.[...]Considerando  as  informações  declaradas  neste  parecer  e  os  documentos 

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apresentados  por  parte  do  requerente,  sugere-se  o  indeferimento  da solicitação  da  Licença  Ambiental  de  Prévia  por  parte  desta  Fundação  (fls. 15/29 verso).

Oportunizou-se,  no  Inquérito  Civil,  manifestação  pela  demandada 

CARELLI PROPRIEDADES LTDA. quanto aos fatos e estudo da FAMAI a qual, por 

seu turno, prestou destaque, em síntese, à concepção do empreendimento quanto à 

geração  de  empregos  e  recursos,  contribuições  sociais,  inclusive  no  plano  da 

cultura, e à proposta de integração ambiental.

Não  obstante,  a  par  da  referida  concepção  do  empreendimento 

voltada, em tese, para uma integração ambiental e sustentável, embora "no meio da 

floresta",  além  dos  objetivos  sociais  que  descreve  a  demandada  CARELLI 

PROPRIEDADES  LTDA.,  tem-se  que  as  implicações  urbanístico-ambientais  não 

permitem, por certo, a edificação no local pretendido.

A questão que sobressai quanto a  isso  refere-se,  induvidosamente, a 

interpretação da lei em atenção aos seus fins, a conhecida interpretação teleológica, 

de  forma  a  buscar  o  real  objetivo  da  Lei  Complementar  n.  215/12  que  em 

disposições diversas, em uma interpretação menos acurada, conflitariam quanto ao 

zoneamento  em  relação  ao  empreendimento  aqui  referido  e  a  partir  do  que  o 

MUNICÍPIO  DE  ITAJAÍ,  por  sua  Secretaria  Municipal  de  Urbanismo,  conferiu 

interpretação  dissonante  ao  que  se  entende  ser  a  intenção  da  caraterização  de 

zonas ambientais no exercício da incumbência de ordenamento do território urbano  

e de preservação ambiental.

Essa  interpretação  citada  diz  respeito,  como  visto,  ao  conteúdo  da 

Consulta  Prévia  referida  no  parecer  da  FAMAI,  em  destaque  nesta  peça,  que 

conferiu interpretação ao artigo 80 da Lei n. 215/12 de modo a viabilizar, inicialmente 

com  a  Consulta  Prévia  e  após  com  a  efetiva  aprovação  do  projeto,  edificação  de 

empreendimento  de  expressivo  porte  e  de  impactos  ambientais  em  área  de  Mata 

Atlântica, caracterizada pela  regeneração em estágios médio e avançados e como 

Zona  de  Amortecimento  da  Unidade  de  Conservação  de  Proteção  Integral  do 

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Parque Municipal da Ressacada.

Tem-se  como  certo  que  a  interpretação  do  artigo  para  enquadrar  e 

caracterizar a  localização do imóvel,  local a ser erigido o empreendimento Porsche

Design Towers Brava,  como  Zona  Urbana  embora  esteja  claramente  fora  dos 

contornos de  tal Zona, em específico a ZU2, e  inserido, em verdade, em Zona de 

Proteção Ambiental, como deixa claro o Anexo I da LC n. 215/121, não se coadunam 

com  os  objetivos  constitucionais  da  política  do  desenvolvimento  urbano,  que 

motivam inclusive a referida Lei, e com as regras relativas ao direito fundamental ao 

meio ambiente ecologicamente equilibrado e sadio.

Veja-se  que  a  Lei  Complementar  n.  215/12  visando,  claramente, 

menores  impactos  nas  Zonas  de  Proteção  Ambiental  embora  permitindo  a 

possibilidade  de  construções,  limita  de  modo  severo  as  edificações  a  residências 

unifamiliares,  de  no  máximo  2  dois  pavimentos,  dado  o  propósito  de  preservação 

ambiental onde também o percentual de aproveitamento da propriedade é reduzido.

Eventual  interpretação  que  não  considere  tais disposições  legais,  por 

óbvio,  foge da ratio legis  da Lei Complementar n. 215/12 que é medida de ordem 

pública destinada a definir usos permitidos e permissíveis do solo urbano com vista, 

também, a prevenção de danos ambientais.

Bem explica a questão Paulo de Bessa Antunes ao se referir a irrestrita 

observância  das  atividades  a  serem  desenvolvidas conforme as áreas destinadas, 

pelo  zoneamento,  e  ao  fato  de  que  eventual  alteração  preste  observância  ao 

paralelismo de formas: 

Os  critérios  a  serem  utilizados  para  o  zoneamento  são  fixados unilateralmente  pela  Administração  Pública,  através  de  ato  próprio,  ou mediante  obrigatória  consulta  à  população  interessada.  O estabelecimento  de  zonas  especiais  destinadas  a  fins  específicos integra  o  poder  discricionário  da  Administração  Pública,  conforme desde  há  muito  vem  sendo  reconhecido  pelo  STF.  Quando  o 

1 Disponível em: https://leismunicipais.com.br/plano-de-zoneamento-uso-e-ocupacao-do-solo-itajai-sc. Acessado em 29/04/16.

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zoneamento  se  impuser  sobre  propriedade  privada,  não  poderá  vedar usos preexistentes, sob pena de violação de direitos adquiridos. Merece ser observado que, uma vez ele tenha sido estabelecido, toda e qualquer atividade  a  ser  exercida  na  região  submetida  a  uma  norma  de zoneamento  passa  a  ser  vinculada,  isto  é,  não  poderão  ser  admitidas pela  Administração  Pública  atividades  que  contrariem  as  normas estabelecidas  para  o  zoneamento.  Os  particulares  têm,  portanto,  o direito  de  exigir  que  se  faça  cumprir  o  zoneamento.  Por  exemplo,  se residimos em uma região classificada como exclusivamente residencial, temos  o  direito  de  exigir  judicialmente  que  a  prefeitura  não  conceda alvará  para  localização  de  uma  boate,  ou  outra  atividade  que  possa implicar incômodo para a vizinhança. Somente por mecanismo legal de hierarquia  superior  ou  igual  àquele  que  tenha  estabelecido  o zoneamento é que se poderá alterá-lo.  (In, Direito Ambiental. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 471). 

A  referida  interpretação  teleológica  da  Lei  diz  respeito  a  busca,  pelo 

intérprete, do seu motivo de ser que se mostra, na hipótese, sem qualquer esforço 

demasiado de raciocínio, na divisão do território municipal para ordenar a expansão 

urbana e privilegiar a proteção ambiental em prol de todos, de forma a justamente a 

impedir o incremento de ocupação de áreas destinadas à preservação ambiental.

Aliás, não teria o menor sentido, revelando-se mesmo absurdo, criar-se 

uma  "Zona  de  Proteção  Ambiental"  para,  conjuntamente,  criar  uma  exceção  que 

leva a indubitável degradação ambiental desta mesma porção de terras as quais, no 

caso, tem ainda mais relevo por fazerem parte do Bioma Mata Atlântica. 

É  nesse  contexto  que  prevalece  a  precisa  lição  de  Silvio  Rodrigues 

quanto a procura do sentido da norma:

A lei disciplina relações que se estendem no tempo e que florescerão em  condições  necessariamente  desconhecidas  do  legislador.  Daí  a idéia de se procurar interpretar a lei de acordo com o fim a que ela se destina,  isto  é,  procurar  dar-lhe  uma  interpretação teleológica.  O intérprete, na procura do sentido da norma, deve inquirir qual o efeito que  ela  busca,  qual  o  problema  que  ela  almeja  resolver.  Com  tal preocupação em vista é que se deve proceder à exegese de um texto. (Direito Civil, volume 1, parte geral, editora Saraiva, edição 1996)

No mesmo plano de importância também a lição de Carlos Maximiliano 

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que  descreve  a  necessidade  de  interpretação  inteligente  do  Direito  de  forma  a 

impedir,  como  se  afigura  nos  autos,  que  a  interpretação  enseje  absurdos  ou 

inconveniências:

Deve  o  Direito  ser  interpretado  inteligentemente:  não  de  modo  que  a ordem  legal  envolva  um  absurdo,  prescreva  inconveniências,  vá  ter conclusões  inconsistentes  ou  impossíveis.  Também  se  prefere  a exegese de que resulte eficiente a providência legal ou válido o ato, à que torne aquela sem efeito, inócua, ou este, juridicamente nulo.[...]Desde  que  a  interpretação  pelos  processos  tradicionais  conduz  a injustiça  flagrante,  incoerências  do  legislador,  contradição  consigo mesmo,  impossibilidades  ou  absurdos,  deve-se  presumir  que  foram usadas  expressões  impróprias,  inadequadas,  e  buscar  um  sentido eqüitativo, lógico e acorde com o sentir geral e o bem presente e futuro da comunidade. (Hermenêutica e aplicação do direito, Editora Forense, 19ª Edição).

Evidentemente a  intenção de  integração entre o homem e a natureza 

da demandada CARELLI PROPRIEDADES LTDA., mesmo no plano particular, dado 

o  fato  de  que  a  preservação  do  meio  ambiente  é  dever  de  todos  –  artigo  225  da 

Constituição  Federal  –  não  pode  conflitar  com  os  objetivos  de  preservação 

ambiental.

Mesmo  a  mais  firme  proposta  integracionista  do  projeto  com  a 

aventada preservação ambiental, projeção de empregos e cultura, como descreve a 

demandada,  não  é  suficiente  a  afastar  os  impactos  urbanísticos  e  ambientais  na 

medida em que por uma evidente questão de isonomia, que não pode ser derrogada 

por  interesse particular,  haverá  inegável abertura de novos campos de construção 

porquanto a  interpretação de alteração do zoneamento não trará, por óbvio, direito 

singular  e  de  fruição  egoística,  individual,  mas,  ao  contrário,  a  possibilidade  de 

edificação  de  diversos  empreendimentos  por  vezes,  talvez,  de  menor 

comprometimento ambiental e sustentável na  forma como se vende a proposta do 

Porsche Design Towers Brava.

É  justamente  nesta  perspectiva,  entende-se,  que  se  justificam  as 

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disposições da Lei Complementar n. 215/12 e a interpretação sistêmica e teleológica 

de modo a compatibilizar desenvolvimento e preservação ambiental.

Neste contexto a advertência do e. Superior Tribunal de Justiça sobre a 

concessão  de  licenças  suplantando  a  legislação  urbanística  protecionista  e  a 

necessária correção de desvios pelo Poder Judiciário:

PROCESSUAL  CIVIL,  ADMINISTRATIVO,  AMBIENTAL  E  URBANÍSTICO. LOTEAMENTO CITY LAPA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE  OBRA  NOVA.  RESTRIÇÕES  URBANÍSTICO-AMBIENTAIS CONVENCIONAIS  ESTABELECIDAS  PELO  LOTEADOR.  ESTIPULAÇÃO CONTRATUAL  EM  FAVOR  DE  TERCEIRO,  DE  NATUREZA  PROPTER REM.  DESCUMPRIMENTO.  PRÉDIO  DE  NOVE  ANDARES,  EM  ÁREA ONDE  SÓ  SE  ADMITEM  RESIDÊNCIAS  UNIFAMILIARES.  PEDIDO  DE DEMOLIÇÃO. VÍCIO DE LEGALIDADE E DE LEGITIMIDADE DO ALVARÁ. IUS VARIANDI  ATRIBUÍDO  AO  MUNICÍPIO.  INCIDÊNCIA  DO  PRINCÍPIO DA  NÃO-REGRESSÃO  (OU  DA  PROIBIÇÃO  DE  RETROCESSO) URBANÍSTICO-AMBIENTAL. VIOLAÇÃO AO ART. 26, VII, DA LEI 6.766/79 (LEI LEHMANN), AO ART. 572 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 (ART. 1.299 DO CÓDIGO  CIVIL  DE  2002)  E  À  LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. ART. 334,  I, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. VOTO-MÉRITO. 1.  As  restrições  urbanístico-ambientais  convencionais,  historicamente  de pouco uso ou  respeito no caos das cidades brasileiras, estão em ascensão, entre  nós  e  no  Direito  Comparado,  como  veículo  de  estímulo  a  um  novo consensualismo  solidarista,  coletivo  e  intergeracional,  tendo  por  objetivo primário  garantir  às  gerações  presentes  e  futuras  espaços  de  convivência urbana  marcados  pela  qualidade  de  vida,  valor  estético,  áreas  verdes  e proteção contra desastres naturais[...]10.  O  relaxamento,  pela  via  legislativa,  das  restrições  urbanístico-ambientais convencionais, permitido na esteira do ius variandi de que é titular o Poder Público, demanda, por ser absolutamente fora do comum, ampla  e  forte  motivação  lastreada  em  clamoroso  interesse  público, postura  incompatível  com  a  submissão  do  Administrador  a necessidades  casuísticas  de  momento,  interesses  especulativos  ou vantagens comerciais dos agentes econômicos.[...]13.  O  ato  do  servidor  responsável  pela  concessão  de  licenças  de construção  não  pode,  a  toda  evidência,  suplantar  a  legislação urbanística que prestigia a regra da maior restrição. À luz dos princípios e  rédeas  prevalentes  no  Estado  Democrático  de  Direito,  impossível admitir que funcionário, ao arrepio da legislação federal (Lei Lehmann), possa  revogar,  pela  porta  dos  fundos  e  casuisticamente,  conforme  a cara  do  freguês,  as  convenções  particulares  firmadas  nos  registros imobiliários. 

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[...]17. Condenará a ordem jurídica à desmoralização e ao descrédito o juiz que  legitimar  o  rompimento  odioso  e  desarrazoado  do  princípio  da isonomia,  ao  admitir  que  restrições  urbanístico-ambientais,  legais  ou convencionais,  valham  para  todos,  à  exceção  de  uns  poucos privilegiados ou mais espertos. O descompasso entre o comportamento de  milhares  de  pessoas  cumpridoras  de  seus  deveres  e responsabilidades sociais e a astúcia especulativa de alguns basta para afastar qualquer pretensão de boa-fé objetiva ou de ação inocente.18. O Judiciário não desenha, constrói ou administra cidades, o que não quer dizer que nada possa  fazer em seu  favor. Nenhum  juiz,  por maior que seja seu interesse, conhecimento ou habilidade nas artes do planejamento urbano, da arquitetura e do paisagismo, reservará para si algo além do que o simples papel  de  engenheiro  do  discurso  jurídico.  E,  sabemos,  cidades  não  se erguem,  nem  evoluem,  à  custa  de  palavras.  Mas  palavras  ditas  por  juízes podem, sim, estimular a destruição ou  legitimar a conservação,  referendar a especulação  ou  garantir  a  qualidade  urbanístico-ambiental,  consolidar  erros do passado, repeti-los no presente, ou viabilizar um futuro sustentável. 19.  Recurso  Especial  não  provido.  (REsp.  n.  302906/SP.  Relator  Ministro Herman Benjamin. J. 26/08/2010, sem grifo no original).

A limitação ao direito de construir na forma pretendida se dá também 

por ordem da inafastável observância da função social da propriedade de modo a 

contribuir para o bem estar da coletividade em detrimento de interesses unicamente 

individuais.

Ainda,  como  já  dissemos,  o  caso  em  concreto  guarda  evidente 

peculiaridade dado que a área em questão pertence ao Bioma Mata Atlântica cujas 

limitações  ao  direito  de  propriedade encontram  restrições não só na Constituição 

Federal como na Lei n. 11.428/06. 

Aliás,  de  modo  a  harmonizar  as  disposições  municipais  com  a 

legislação de âmbito federal, denota-se que a própria Lei Complementar Municipal 

n. 215/08 prescreve expressamente no seu art. 5º o seguinte:

Aplicam-se,  também,  à  matéria,  as  legislações  federais  e  estaduais relativas  às  áreas  não  -  edificáveis  (non  aedificandi),  de  proteção paisagística,  áreas  verdes  e  de  preservação  permanente  e  do  acervo cultural e histórico.

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Nesse  norte,  ao  mesmo  tempo  que  a  Constituição  Federal  de  1988 

erigiu  o  meio  ambiente  equilibrado  a  categoria  de  direito  fundamental,  como 

pressuposto  inafastável  para  a  vida  humana  com  dignidade,  determinou,  por 

consequência, ao Poder Público, as seguinte obrigações, esculpidas no art. 225, da 

Constituição Federal, e que tem interesse ao presente feito: 

[...] III  -  definir,  em  todas  as  unidades  da  Federação,  espaços  territoriais  e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e  a  supressão  permitidas  somente  através  de  lei,  vedada  qualquer utilização que comprometa a  integridade dos atributos que  justifiquem sua proteção[...]

Quanto  a  previsão  expressa  da  Mata  Atlântica  prescreve  o  mesmo 

artigo da Constituição Federal:

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua  utilização  far-se-á,  na  forma  da  lei,  dentro  de  condições  que assegurem  a  preservação  do  meio  ambiente,  inclusive  quanto  ao  uso dos recursos naturais.

No ponto, a limitação à possibilidade de construção no local pretendido 

por questões ambientais cinge-se, fundamentalmente, aos danos à área de proteção 

ambiental do bioma Mata Atlântica e as  influências à Unidade de Conservação de 

Proteção Integral da categoria de Parque Municipal, na forma do artigo 8º, inciso III, 

da Lei n. 9.985/00.

Isto porque, consoante exposto pela FAMAI no estudo transcrito acima, 

o  empreendimento  Porsche Design Towers Brava  projeta-se  sobre  2,3  ha  de 

Floresta  Ombrófila  Densa  Submontada,  tida  entre  as  formações  que  compõe  a 

Floresta Ombrófila Densa como a que abriga a maior biodiversidade vegetal (fl. 19 

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verso), em estágios médio e avançado de regeneração, que deverão ser cortados, 

abrigando, inclusive, espécie ameaçada de extinção (fl. 22 verso).

Há,  neste  contexto,  imposições  expressas  da  Lei  n.  11.428/06  de 

proteção  do  Bioma  Mata  Atlântica  quanto  a  supressão  da  vegetação  com  tais 

características,  relativas  aos  estágios  de  regeneração  e  de  abrigar  espécie 

ameaçada  de  extinção,  porquanto  a  proteção  e  utilização  do  referido  Bioma 

determina a observância de, entre outros princípios, o da função socioambiental da 

propriedade  –  artigo  6º,  p.  ú.  –,  proibindo  a  supressão  de  vegetação  que  abrigue 

espécies  da  flora  e  da  fauna  silvestres  ameaçadas  de  extinção  e  que  proteja  o 

entorno  das  unidades  de  conservação,  além  de  limitar  as  possibilidades  de 

supressão da vegetação à situações de utilidade pública e interesse social.

A  realidade  dos  fatos  demonstra,  por  esses  vários  aspectos,  a 

impossibilidade  de  edificação  do  gigantesco  empreendimento,  senão  vejamos  os 

dispositivos da Lei n. 11.428/06:

Art.  11.   O  corte e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado  e  médio  de  regeneração  do  Bioma  Mata  Atlântica  ficam vedados quando:  I - a vegetação: a)  abrigar  espécies  da  flora  e  da  fauna  silvestres  ameaçadas  de extinção,  em  território  nacional  ou  em  âmbito  estadual,  assim declaradas  pela  União  ou  pelos  Estados,  e  a  intervenção  ou  o parcelamento puserem em risco a sobrevivência dessas espécies; [...]d) proteger o entorno das unidades de conservação;

Art.  14.   A  supressão  de  vegetação  primária  e  secundária  no  estágio avançado  de  regeneração  somente  poderá  ser  autorizada  em  caso  de utilidade pública, sendo que a vegetação secundária em estágio médio de  regeneração poderá ser suprimida nos casos de utilidade pública e interesse  social,  em  todos  os  casos  devidamente  caracterizados  e motivados  em  procedimento  administrativo  próprio,  quando  inexistir alternativa  técnica  e  locacional  ao  empreendimento  proposto, ressalvado o disposto no  inciso  I do art.  30 e nos §§ 1o e 2o do art. 31 desta Lei.  

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Art.  21.   O  corte,  a  supressão  e a exploração da vegetação secundária em estágio avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica somente serão autorizados: I  -  em  caráter  excepcional,  quando  necessários  à  execução  de  obras, atividades ou projetos de utilidade pública, pesquisa científica e práticas preservacionistas; [...]III - nos casos previstos no inciso I do art. 30 desta Lei.  

Art. 23.  O corte, a supressão e a exploração da vegetação secundária  em  estágio  médio  de  regeneração  do  Bioma  Mata  Atlântica  somente serão autorizados: I  -  em  caráter  excepcional,  quando  necessários  à  execução  de  obras, atividades  ou  projetos  de  utilidade  pública  ou  de  interesse  social, pesquisa científica e práticas preservacionistas; [...]III  -  quando  necessários  ao  pequeno  produtor  rural  e  populações tradicionais para o exercício de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou  silviculturais  imprescindíveis  à  sua  subsistência  e  de  sua  família, ressalvadas as áreas de preservação permanente e, quando for o caso, após  averbação  da  reserva  legal,  nos  termos da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965; IV - nos casos previstos nos §§ 1o e 2o do art. 31 desta Lei. 

Merece destaque, por  fim, o  fato de que o pretenso empreendimento, 

além de  tudo, estaria  inserido em Zona de Amortecimento do Parque Municipal da 

Ressacada, cujos limites, segundo exposto pela FAMAI, serão ampliados.

A  Zona  de  Amortecimento  é  entendida  como  "o  entorno  de  uma 

unidade  de  conservação,  onde  as  atividades  humanas  estão  sujeitas  a  normas  e 

restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a 

unidade" – artigo 2º, XVIII da Lei n. 9.985/00.

Dessarte,  é  certo que os  fatos narrados desafiam  intervenção  judicial 

para que seja obstado o propósito construtivo.

II – Da necessária concessão de medida liminar

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Os fatos articulados e todo o direito substantivo invocado, bem como o 

disposto  no  art.  12  da  Lei  n.  7.347/85  (Lei  da  Ação  Civil  Pública),  indicam  a 

possibilidade  de  concessão  liminar  de  tutela  de  natureza  cautelar,  a  fim  de  evitar 

prejuízos à ordem urbanística e ao meio ambiente.

A possibilidade de concessão de tutela de urgência é tratada também 

no  Código  de  Processo  Civil  que  estabelece,  em  termos  gerais,  que  a  " tutela  de 

urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade 

do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo" – artigo 300, 

caput – e permite, pelo poder geral de cautela, ao magistrado, a efetivação da tutela 

de urgência por "qualquer [...] medida  idônea para asseguração do direito" – artigo 

301 do Código de Processo Civil.

E assim a relevância do fundamento da demanda, consubstanciada, na 

vertente do direito urbanístico invocado, na necessidade inafastável de que não seja 

produzido precedente perigoso e apto a desvirtuar os  fins da Lei Complementar n. 

215/12,  direcionando  o  adensamento  urbano  a  uma  área  destinada  a  proteção 

ambiental, e nesse ponto, do direito ambiental, sobretudo, no princípio da precaução 

tendo  objeto,  portanto,  ainda  que  não  se  tenha  dano  ambiental  concretamente 

aferível, permite um juízo de probabilidade que demonstra, mesmo em uma análise 

superficial, a imperiosa necessidade da concessão de medida liminar.

Em relação a tutela de urgência que se pretende deferida, consistente 

em obstar a edificação do empreendimento Porsche Design Towers Brava no imóvel 

registrado sob a matrícula n. 42.161 do 1º  Ofício de Registro de Imóveis de Itajaí, 

localizado  na  Rodovia  Osvaldo  Reis,  s/n.,  bairro  Praia  Brava,  Itajaí/SC,  com  a 

averbação  de  tal  medida  em  sua  matrícula,  e  impedimento  do  MUNICÍPIO  DE 

ITAJAÍ,  de  conceder  licenças,  alvarás  ou  permissões  urbanísticas,  que  imponham 

qualquer  alteração  no  imóvel  com  vista  ao  empreendimento,  observando  que  o

fumus boni iuris  emerge,  com  inquestionável  clareza,  dos  próprios  termos  da 

narrativa  já  apresentada,  que denota a possibilidade de afronta às disposições da 

Lei  Complementar  n.  215/12  e  a  possibilidade  concreta  de  danos  ambientais  em 

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área de densa Mata Atlântica.

De seu turno, o periculum in mora provém das características do bem 

jurídico urbano-ambiental e da natureza das atividades empreendidas.

É  necessário  destacar  que  a  demandada CARELLI PROPRIEDADES 

LTDA.  já  obteve  Consulta  Prévia  favorável  bem  como  aprovação  do  projeto 

urbanístico  pelo  demandado  MUNICÍPIO  DE  ITAJAÍ  havendo  a  fundada  suspeita, 

divulgada em entrevista pelo responsável pelas vendas do empreendimento, de que 

já  tenham  iniciado  "reservas" de unidades desde o seu  lançamento em São Paulo 

de  modo  que  resta  evidente  os  riscos  ao  patrimônio  urbanístico-ambiental  dessa 

comarca. (https://www.youtube.com/watch?v=T7keCbJOoDc).

Os  impactos  urbano-ambientais  foram  amplamente  tratados  no 

relatório da FAMAI e se referem ao "comprometimento da estabilidade das encostas, 

motivado  pela  supressão  de  vegetação e eventuais  cortes e  formação de  taludes; 

comprometimento  da  qualidade  da  água  dos  cursos  naturais;  perda  de  habitats  e 

modificação  das  paisagem;  aumento  do  escoamento  das  águas  superficiais; 

sombreamento  da  vegetação;  fuga  de  animais;  alteração  do  padrão  de  ventos  e 

incidência  solar;  geração  de  resíduos  sólidos;  aumento  da  impermeabilização  do 

solo; aumento do  fluxo de veículos entre outros de grande magnitude e de caráter 

negativo, por período de  tempo prolongado"  (fl. 23 verso) sem se olvidar, ainda, a 

possibilidade  de  reconhecimento  do  direito  de  construir,  por  isonomia,  a  tantos 

quantos preencherem os requisitos para exercício do direito revelando-se, portanto, 

o perigo na espera do provimento final.

Com  efeito,  uma  vez  negada  a  tutela  de  urgência,  estar-se-á 

permitindo, caso concedidas as licenças e autorizações em âmbito administrativo, o 

início  de  obra  em  afronta  às  garantias  de  preservação  da  ordem  urbanística  e 

ambiental vigente. 

Nessa linha de raciocínio, deve-se ressaltar que a não concessão das 

medidas requeridas, em prol do meio ambiente e da ordem urbanística que afetada 

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toda  uma  coletividade,  durante  o  curso  da  demanda  que  se  sabe  é  longo  e 

demorado, poderá contribuir para a consolidação dos danos e riscos que igualmente 

devem ser evitados, restando patente, portanto, o periculum in mora e o justificado 

receio  da  ineficácia  provimento  final  de  modo  a  obstar  o  próprio  crescimento 

desordenado na medida em que em desacordo com a Lei.

III – Dos pedidos

Ante o exposto, o Ministério Público requer:

a) o recebimento da presente ação civil pública e o seu processamento 

dentro do rito estabelecido pela Lei 7.347/85 com a citação dos demandados para, 

querendo, apresentarem defesas; 

b) a concessão de medida liminar, sem justificação prévia, consistente 

em obstar a emissão, por parte do MUNICÍPIO DE ITAJAÍ, e a obtenção por parte 

da demandada CARELLI PROPRIEDADES LTDA, de alvarás construtivos, licenças 

e  permissões  de  ordem  urbanística  do  empreendimento  Porsche Design Towers

Brava no  imóvel  registrado sob a matrícula n. 42.161 do 1º   Ofício de Registro de 

Imóveis  de  Itajaí,  com  a  averbação  de  tal  medida  em  sua  matrícula,  impedindo 

qualquer alteração no imóvel em relação ao empreendimento que confrontem com a 

zona de proteção ambiental e os dispositivos de tutela da mata atlântica; 

c)  a  condenação  do  MUNICÍPIO  DE  ITAJAÍ  e  CARELLI 

PROPRIEDADES LTDA. em obrigação de não fazer consistente em proibir qualquer 

edificação no imóvel registrado sob a matrícula n. 42.161 do 1º  Ofício de Registro 

de  Imóveis de  Itajaí,  localizado na Rodovia Osvaldo Reis, s/n., bairro Praia Brava, 

Itajaí/SC, que afrontem não só as disposições da Lei Complementar n. 215/12 em 

relação ao zoneamento e padrões construtivos bem como a Constituição Federal e a 

Lei n. 11.428/06;

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d) a produção de todas as provas em direito admitidas. 

Dá-se à causa o valor de R$10.000,00 (dez mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Itajaí, 04 de maio de 2016.

ALVARO PEREIRA OLIVEIRA MELO

Promotor de Justiça

Rol de documentos:

Cópia integral do Inquérito Civil n. 06.2016.00001098-2.